Revista Amipão n. 134

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revista

edição 134 • setembro/outubro • 2018

Todo o charme da capital mineira

Belo Horizonte recebe de braços abertos os panificadores que visitam a Superminas e os convida a desfrutar de suas belezas, delícias e tradições

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ingrediente cervejas mineiras

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marketing público infantil

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economia sustentabilidade

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editorial Fala dos presidentes Outubro é um mês especial para nós. Em parceria com a Associação Mineira de Supermercados, a AMIS, nós realizamos a 32ª edição da feira Superminas, um evento muito importante, que vai gerar oportunidades para os empresários da panificação conhecerem o que há de mais moderno em tecnologia, produtos, serviços e matéria-prima. Com a chegada desse evento, que temos certeza que será um sucesso, a sensação que nós, do SIP, temos é a de missão cumprida. Estamos cumprindo nosso propósito proporcionando ao empresário uma oportunidade ímpar de conhecer o que há de mais novo e atual no setor, em uma feira que se consagrou a segunda maior do país, e que é planejada, durante um ano, em cada detalhe. Quando a feira de 2017 terminou, antes das luzes apagarem, nós já começamos a cuidar da 32ª edição. Reunimos as respostas dadas ao questionário de satisfação, observamos as tendências de mercado e mobilizamos esforços para reunir os maiores e melhores fornecedores de padarias e supermercados. O conteúdo está imperdível. Que essa experiência seja tão gratificante para o panificador quanto é para nós!

José Batista de Oliveira Presidente do SIP-Amipão

É chegada a época de encontrarmos amigos de todo o Brasil e nos reunirmos para conhecer o que há de melhor e mais atual na panificação. A Superminas é um grande evento de tecnologias inovadoras, produtos diferenciados e fornecedores de todo o país, que traz mudanças, aponta tendências do mercado e revela o que há de novo no ramo da alimentação. Minha dica aos empresários do setor é que vão ao evento com olhos atentos às tendências. Elas estão subjetivas na feira, mas são o maior destaque. Precisamos prestar atenção ao que está mudando: estamos fazendo pães artesanais de fermentação natural, o grande destaque da panificação atual. E temos à nossa disposição novos equipamentos, que facilitam a produção e viabilizam menores preços. Por isso, convido todos os panificadores associados a reservarem um tempo, entre tantos compromissos da atribulada rotina que é marca da nossa profissão, a visitarem os diferentes setores do evento no Expominas. Cervejas artesanais, vinhos, queijos, orgânicos e máquinas são alguns dos temas das áreas em que os dois pavilhões estão divididos. A experiência será enriquecedora e proporcionará renovação a cada participante e a todo o setor. Nos vemos lá!

Vinícius Dantas Presidente da AMIP-Amipão

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Índice

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nutrição - Comida afetiva

26 tendência- Cafés especiais

5 Fique por dentro 8 ingrediente - Cerveja artesanal 10 marketing - Público infantil 16 capa - Belo Horizonte e Superminas 24 saúde - Pão e dieta 29 Prata da casa - João Carlos Pereira 34 Formação - Olimpíada do Conhecimento 36 entrevista - Bruna Vieira 40 eventos - Encontro de Panificadores e CEDE 43 economia - Sustentabilidade

30 POP - Pão de café com chocolate

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receitas - Para fazer com crianças

46 RH - Geracão Z 48 congrepan 2018

EXPEDIENTE: Presidente da Amipão | SIP: José Batista de Oliveira • Presidente da Amipão | AMIP: Vinícius Dantas • Diretor-geral: José Batista de Oliveira • Conselho Editorial: Juliana Maria Durães da Cunha Pereira • Comercialização: Marketing e Comercial da Amipão (31) 3282-7559 • Edição: Ariani Pavan • Projeto gráfico, diagramação e arte-final: Carolina Lentz / Gíria Design e Comunicação • Reportagens: Nathalia Ilovatte / Gíria Design e Comunicação • Fotos: Carina Castro, Banco de imagens e Amipão • Revisão: Guilherme Lentz da Silveira Monteiro. • Impressão e acabamento: EGL Editores. Revista Amipão é uma publicação bimestral da Amipão - Sindicato e Associação Mineira da Indústria de Panificação • Avenida do Contorno, 4.610, 2º andar Bairro Funcionários | CEP 30110-028 - Belo Horizonte - MG - (31) 3282-7559 • E-mail: amipao@amipao.com.br • Site: www.amipao.com.br.

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fique por dentro Padaria Seleve comemora 4 anos e abre as portas de sua fábrica para clientes e amigos O cuidado e carinho com que as irmãs Fernanda Porto e Ana Tereza Teixeira cuidam das delícias que oferecem aos clientes se tornou ainda mais evidente durante as visitas guiadas que fizeram à fábrica da padaria Seleve. Os eventos aconteceram nos dias 24, 25 e 26 de julho. Para celebrar os 4 anos que passaram desde que as duas começaram a produzir bolos sem leite e sem glúten na cozinha de casa, Fernanda e Ana Tereza convidaram clientes, nutricionistas e panificadores para conhecer o trabalho minucioso desenvolvido na fábrica da Seleve, que hoje funciona em um galpão no bairro Califórnia, em Belo Horizonte. No local, são produzidos os pães, bolos, salgados e outras delícias vendidas na padaria e em alguns pontos de revenda. Tudo feito com o maior cuidado para evitar a contaminação dos produtos, que são consumidos principalmente por pessoas com alergia a leite e glúten. Para manter os pães e bolos seguros, elas investigam cada fornecedor para garantir que nenhuma matéria-prima tenha contato com produtos lácteos ou com glúten. Além disso, a fábrica tem uma área de descontaminação, e os funcionários consomem o que é produzido lá, para evitar que tragam de casa biscoitos e outros alimentos

que não seguem os critérios da Seleve. Manter o padrão de qualidade e segurança não é fácil, mas Fernanda garante que é um trabalho muito gratificante. “Tem adultos que entram na padaria e choram porque há 30 anos têm vontade de comer um pão francês”, conta, referindo-se a clientes com alergias severas a componentes dos pães tradicionais. O pão francês, aliás, é o carro-chefe tanto da padaria quanto da fábrica, que atualmente faz duas toneladas de produtos por mês, e 90% deles é destinado à padaria da marca.

A padaria Seleve oferece produtos sem glúten, sem leite, e preparados com cuidado especial para os clientes com alergias alimentares

Padaria Boníssima realiza a 2ª edição da Boníssima Run A padaria Boníssima realizou, no dia 19 de agosto, a etapa inverno da Boníssima Run. O evento teve as modalidades Caminhada 2km, Corrida 5 km e Corrida 10 km, e aconteceu na Lagoa Seca, no bairro Belvedere.

A ideia de realizar um evento esportivo começou com uma conversa despretensiosa entre a diretora comercial e administrativa da Boníssima Vila da Serra, Luiza Carneiro, e a triatleta Lah Fabrini, hoje atleta da Boníssima. Para suprir a deman-

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fique por dentro da dos clientes adeptos de uma alimentação mais natural e focada na saúde, a padaria passou a oferecer opções mais saudáveis, como poke, hortifruti e produtos orgânicos. Depois, foi criado o Espaço Saúde, com suplementos, pré-treinos e superalimentos. “Também criamos a sala saudável, para produzir alimentos funcionais, sem glúten, lactose, açúcar e nenhuma chance de contaminação cruzada. Disponibilizamos uma nutricionista na loja para tirar dúvidas dos clientes, sem agendamento prévio e gratuitamente, e adaptamos o cardápio do restaurante”, conta Luiza.

A corrida foi mais uma das iniciativas pensadas para agradar os clientes, e tem dado certo. A primeira edição aconteceu em janeiro e teve 1.300 participantes. A segunda, em agosto, teve 2.200 atletas inscritos. O primeiro colocado na categoria 10 km Masculino Geral foi Fabio Cardoso Pereira, da equipe Pace, e a vencedora na categoria 10 km Feminino Geral foi Ana Cecília Xavier Nascimento, do Grupo Mais. A lista completa de atletas está no site: www.tbhesportes.com.br.

Equipe da Boníssima Run reunida para a corrida

Evento esportivo reuniu 2.200 atletas no Belvedere

Amipão celebra o Dia Mundial do Pão com campanha de doação de sangue Para celebrar o Dia Mundial do Pão, em 16 de outubro, a Amipão vai promover no mês de outubro uma campanha de sensibilização pela doação de sangue. A iniciativa é uma parceria com o Hemocentro de Belo Horizonte e as padarias associadas. O Dia Mundial do Pão foi instituído em 2000, pela União Internacional de Padeiros e Afins, e homenageia o alimento mais popular e versátil do mundo.

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O primeiro pão fermentado da história da humanidade foi feito no ano 4.000 a.C., pelos egípcios. O pão logo se tornou o alimento do povo, e era amassado com os pés e feito com farinhas mais baratas. As padarias associadas podem fazer contato com a equipe de relacionamento da Amipão para participar da ação.


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ingrediente

de Minas Gerais Criatividade e pioneirismo dos produtores mineiros transformam o estado em referência no Brasil e no mundo em cerveja artesanal Com café, jabuticaba, pequi, e até pé de moleque dando um sabor especial, as cervejas artesanais mineiras têm ganhado atenção no Brasil e respeito em todo o mundo. Só em agosto, cervejarias de Minas Gerais como Wäls, Backer e Verace faturaram medalhas de ouro, prata e bronze em diversas categorias da premiação inglesa World Beer Awards. O motivo de as cervejas artesanais do estado movimentarem o turismo nas regiões de produção e serem reconhecidas entre as melhores do mundo é a criatividade dos cervejeiros mineiros. De acordo com o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (SindBebidas), Marco Falcone, da Falkebier, Minas é o quarto maior produtor de cerveja artesanal do Brasil, mas se tornou o estado de maior destaque quando o assunto é diversidade. “A nossa maior expressividade está na criatividade e variedade de estilos. Por causa disso, Minas é considerada hoje o estado mais empolgante em termos de produção de cervejas artesanais. Nós produzimos cervejas de variações de estilos consagrados e que utilizam, muitas vezes, receitas diferenciadas com ingredientes locais, como frutos do cerrado e outras coisas peculiares de Minas Gerais”, conta. De acordo com o SindBebidas, o estado já soma 65 cervejarias artesanais, e uma produção de 1.550.000 litros por mês. “A onda da cerveja artesanal pegou no Brasil inteiro, mas Minas tem esse aspecto pioneiro. Em 2006, fi-

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zemos a primeira cerveja no estilo belga, quando ninguém pensava nisso. Também fomos os primeiros a engarrafar cerveja em garrafa de espumante. Por isso, começamos a ser chamados de Bélgica brasileira”, afirma Falcone. Minas tem quem produza boas cervejas, e também quem as aprecie. Antes de ganhar o mundo, as bebidas locais precisaram conquistar o coração e o paladar do consumidor mineiro, que tem fama de exigente. Para o cervejeiro Jonas Ferraz, vice-presidente da Associação dos Cervejeiros Artesanais de Minas Gerais - Acerva Mineira, o gosto do mineiro pelo que é artesanal foi o que ajudou a disseminar o consumo das cervejas feitas aqui. “Tem uma coisa cultural do mineiro, de gostar do que é caseiro, artesanal e aliado à culinária. E as cervejas artesanais têm muito sabor, muito aroma. Isso atrai o público de Minas Gerais. Todo mundo que começa a degustar uma de nossas cervejas fica apaixonado e não quer parar de experimentar. Uma cerveja leva a outra”, comenta. A quem está começando a desbravar esse universo, Jonas recomenda pedir indicação a quem entende do assunto, se possível um profissional, como um mestre cervejeiro. E essa dica vale, também, ao panificador que já vende ou pretende acrescentar as cervejas artesanais às suas opções de produtos: ter um especialista para ajudar os clientes a fazerem boas escolhas pode trazer retornos muito positivos. Isso porque, são tantas boas opções, que encarar uma prateleira cheia delas sozinho pode deixar os apreciadores novatos perdidos. “Com poucos minutos de conversa, um profissional consegue identificar o seu gosto e indicar uma cerveja que não agrida o paladar”,

explica o cervejeiro. “Tem cervejas de diversos tipos, e se a pessoa que está começando já vai em uma muito amarga e alcoólica, pode não gostar e não procurar mais”, complementa. Se der vontade de começar aos poucos, apreciando uma cerveja leve, a dica de Jonas é o estilo Witbier, feito com trigo belga. “Ela tem casca de laranja na receita, é bem leve, saborosa, refrescante, tem aroma e sabor. Considero uma boa porta de entrada”, indica. •

Sugestões de harmonização Está difícil escolher o prato que vai acompanhar aquela cerveja especial que você escolheu para degustar no fim de semana? O chef Daniel Magri, do site Chef com Cerveja, é autor de um guia de harmonização. Nele, o especialista ensina os preceitos que devem guiar as combinações, e dá algumas sugestões interessantes e bem diversificadas. Veja abaixo: • Arroz, feijão e bife com Vienna Lager • Pizza de marguerita com Pilsen • Sobrecoxa de frango grelhada com Irish Red Ale • Pão com ovo com Weiss • Hambúrguer bovino com Pale Ale • Churrasco com Brown Ale Para saber mais, visite a página de Daniel Magri: chefcomcerveja.com.br/harmonizacao

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marketing De olho nos pequeninos Para conquistar o público infantil é preciso se comunicar com eles. Especialista dá algumas dicas para cativá-los Elas podem até não consumir por conta própria, mas quando a família vai com as crianças à padaria, esses clientes pequeninos podem influenciar consideravelmente a quantidade de produtos consumidos. Isso porque, mesmo não tendo a palavra final, os clientes mirins opinam, fazem pedidos, e participam de algumas decisões dos pais, avós e outros adultos que os levam às compras. Entretanto, para que os pequenos sejam integrados ao momento da compra, é preciso que a oferta de produtos esteja, literalmente, à altura. De acordo com o consultor de varejo Gustavo Ayala, o mais importante na hora de disponibilizar opções para as crianças é garantir que elas vejam os pãezinhos, biscoitos e outros itens que têm tudo a ver com elas. “Se estiver lá em cima, a criança não vai pegar. Mas se a padaria vender, por exemplo, biscoito recheado, em prateleiras baixas, vai aumentar enormemente as vendas”, afirma. Gustavo explica que um dos erros da maioria das padarias é colocar produtos infantis no caixa, que geralmente tem um balcão alto e de difícil acesso até para as pessoas baixas. “Ou, se o único jeito for colocar no balcão, então que façam degraus para que os clientes pequenos vejam tudo”, sugere Gustavo. O consultor lembra que, na maioria dos casos, as pessoas não vão à padaria para se divertir no espaço físico do local, mas para encontrar produtos que que-

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rem e precisam. E, por isso, torná-los acessíveis é o passo mais importante. Só depois dessa medida é que vem a possibilidade de criar um espaço para as crianças se distraírem, caso a padaria tenha mesas e sirva lanches e refeições. No caso dos estabelecimentos que funcionam também como restaurantes, as possibilidades aumentam. Opções menores no cardápio, giz de cera nas mesas e trocador nos banheiros são ítens que podem fazer a diferença na hora das famílias decidirem onde vão almoçar. “Se tiver espaço, pode colocar um cantinho com mesinhas coloridas para os menores comerem, e nas mesas, cadeirões para os bebês”, diz Gustavo. •


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receita

Muita gente cresceu ouvindo dos mais velhos que lugar de criança não é na cozinha. Mas, para a professora de culinária Juliana Becker, essa ideia está equivocada. Os pequenos não só são bem vindos ao lugar da casa onde a mágica acontece, como podem também participar do preparo dos alimentos. Juliana trabalha com crianças a partir de 1 ano e meio, em escolas e associações de bairro. “Para os bem pequenininhos a aula é bem lúdica e sensorial. Eles têm contato com os ingredientes, podem experimentar cada um, misturamos juntos e eles observam a transformação em panquecas e bolinhos, por exemplo”, conta a professora, que ensina também onde estão os perigos da cozinha e o que os pequenos podem e não podem fazer lá. O método rende bons resultados: além de proporcionar aos pequenos o contato com diferentes frutas e legumes, eles passam a aceitar alguns ingredientes que antes rejeitavam. Para as crianças mais velhas, Juliana ensina a preparar pratos mais elaborados. “Fazemos bolo, hambúrguer, pão de queijo, pizza, pão…”, enumera. Em comemoração ao Dia das Crianças, a professora compartilha três receitas perfeitas para preparar junto com os filhos, sobrinhos, primos e toda a criançada, e também saborear com eles.

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Cocadinha de Forno Ingredientes

• 1 pacote de coco ralado sem açúcar • 1 clara • ½ xícara de açúcar demerara

Modo de preparo

Misturar todos os ingredientes. Modelar com ajuda de 2 colheres. Colocar em forma untada e assar em forno médio pré aquecido até dourar.

Quibe Colorido de Frango Ingredientes

• 200 g. de peito de frango moído • 100 g. de trigo para kibe hidratado • 1 cenoura pequena ralada • 6 tomates cereja picados em rodelas • 2 colheres (sopa) de salsinha, cebolinha e hortelã picadinhos • Suco de ½ limão • Sal e pimenta do reino a gosto

Modo de preparo

Temperar o frango com sal, pimenta do reino e suco de limão. Acrescentar a salsinha, cebolinha e hortelã picadinhos. Acrescentar o trigo hi-

dratado e misturar bem. Acrescentar a cenoura e tomate e misturar tudo. Modelar como desejar ou colocar num pirex e levar para assar.

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receita

Pão de Queijo Super Fácil Ingredientes

• 1 xícara de polvilho doce • 1 xícara de queijo minas ralado • 1 caixinha de creme de leite • 1 xícara de polvilho azedo • 1 colher (chá) de sal

Modo de preparo

Misturar o polvilho doce e o queijo ralado. Acrescentar o creme de leite e o sal e misturar bem. Acrescentar aos poucos o polvilho azedo até a massa desgrudar das mãos. Fazer bolinhas e levar para assar. Se desejar, pode congelar! Contato: Juliana Becker - (31) 98887-6348

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capa

bem-vindo a

belo horizonte Capital mineira, que recebe em outubro a Superminas, encanta visitantes com atrações culturais e gastronômicas, história e belezas naturais Acolhedora e agitada, histórica e contemporânea, diversa e repleta de tradições. É impossível descrever Belo Horizonte sem se perder entre as nuances da metrópole que tem as características de várias cidades em uma e, também por isso, encanta visitantes dos mais variados estilos e preferências. Da tranquilidade das ladeiras arborizadas ao colorido de um dos carnavais de rua mais concorridos do Brasil, da riqueza de detalhes dos prédios históricos à descontração dos botecos, das belezas naturais dos parques e serras que a rodeiam ao aconchegante sabor da comida mineira. Tudo em Belo Horizonte parece feito para conquistar, e o charme da cidade rende bons frutos ao turismo da região. De acordo com a Belotur, em 2017, mais de 2,3 milhões pessoas vieram se render aos encantos da capital mineira. Já neste ano, só o Carnaval foi responsável por arrastar uma multidão de 3,6 milhões foliões pelo sobe e desce das ruas da cidade, e o esperado é que a quantidade de turistas que vieram conhecer Belo Horizonte seja ainda maior em 2018. Na feira Superminas, que acontece de 16 a 18 de outubro, é aguardado um público de cerca de 54,7 mil pessoas. Entre elas, visitantes dos 650 municípios de Minas Gerais e dos 27 estados do Brasil. Gente que já fez do evento uma tradicional oportunidade de curtir BH, e também gente que desembarca na cidade pela primeira vez, trazendo a curiosidade na mala. Especialmente a eles, aconselhamos: conhecer Belo Horizonte é tarefa para ser desfrutada com tempo e calma. Não basta correr de um ponto turístico a outro, batendo fotos. Beagá precisa ser sentida com caminhadas, prosas e pausas para uma cerveja artesanal, um pão de queijo ou uma porção do famoso fígado com jiló.

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Mas não é por isso que quem veio à cidade com compromissos na agenda e o tempo contado vai perder a chance de desbravar alguns cantinhos. Com a ajuda da turismóloga Fabrícia Melillo, da Ideal Viagens, e de alguns apaixonados pela capital de Minas Gerais, elaboramos um roteiro do que é imperdível, com algumas dicas de lugares interessantes e pouco óbvios a quem acaba de chegar a Belo Horizonte. Caso não caibam todos os destinos no tempo livre do visitante, fica o nosso convite, feito com a certeza de que a saudade vai bater, para retornar à cidade muitas vezes mais. Mercado Central É fácil se perder entre os queijos, doces de leite, goiabadas, cachaças, pimentas, artesanatos em chita e pedra sabão, pães de queijo recheados com linguiça, flores, namoradeiras e toda a vasta gama de ítens que têm a cara e a alma de Minas Gerais, e que o Mercado Central de Belo Horizonte consegue compilar com tanto charme. Para quem não é daqui, o local é basicamente um curso intensivo de mineirices. “É um reduto que pode ser intitulado de guardião das tradições mineiras”, comenta a turismóloga e mineira Fabricia Melillo. O Mercado Central foi inaugurado na rua Augusto de Lima em 1929. Até então, o terreno em que está situado sediava o estádio do time de futebol América. Hoje, o espaço é ocupado por mais de 400 lojas e frequentado por um público que ultrapassa a marca de 1,3 milhão por mês. Por lá, é possível tomar um cafezinho com broa de queijo, experimentar frutas do cerrado como o pequi, almoçar um prato típico e ainda voltar para casa cheio de lembranças e presentes regionais, como temperos, guloseimas e muitos artesanatos. Endereço: Avenida Augusto de Lima, 744, Centro.

Mercado Central de Belo Horizonte, o paraíso dos apaixonados por comida, artesanato e tradições mineiras

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capa Praça da Liberdade, cercada de museus e belos prédios, e localizada em uma das regiões mais animadas da cidade

Circuito Liberdade Localizada em uma região da cidade que concentra belos edifícios históricos, a Praça da Liberdade era rodeada pelas secretarias do governo do estado. Quando a Cidade Administrativa foi inaugurada, em 2010, todas elas foram transferidas para os prédios projetados por Oscar Niemeyer e situados à beira da rodovia Papa João Paulo II. As construções do século XIX e início do século XX do entorno da praça, então, foram transformadas em museus e centros culturais, dando origem ao Circuito Liberdade. A praça que os reúne e empresta o nome ao circuito está temporariamente fechada para reforma, e só deve reabrir em novembro. Mas, graças a uma iniciativa da prefeitura, os tapumes que cercam a Praça da Liberdade ganharam cores e viraram uma extensa exposição de arte urbana. Para dar mais poesia à reforma, foram convidados os principais artistas do grafite mineiro para ilustrar os tapumes. O resultado de um domingo de trabalho conjunto são 54 paineis de diferentes estilos e inspirações que ajudam a fazer valer a volta na praça.

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Do outro lado da rua, em uma das mais movimentadas esquinas do local, está o edifício Niemeyer, um prédio residencial que ostenta as linhas curvas características do arquiteto que o projetou, e que neste prédio remetem às serras mineiras. Logo ao lado dele está um dos museus mais gostosos da cidade. O Centro Cultural Banco do Brasil, abrigado em um prédio amarelo construído em 1926, tem uma livraria, um café, um restaurante, e exposições itinerantes de grandes nomes da arte, como Kandinsky e Basquiat. Em sua programação também há opções de filmes, peças de teatro e debates. Do lado de lá da praça, duas boas opções para visitar e curtir: o Museu das Minas e do Metal, cujo acervo interativo conta a história e a importância da mineração, e o Memorial Minas Gerais, localizado em um imponente edifício amarelo na esquina com a rua Gonçalves Dias. O acervo mistura a história e as tradições mineiras à tecnologia e interatividade, proporcionando ao visitante uma experiência única. Na cabeceira da Praça da Liberdade está o Palácio da Liberdade, que ainda funciona como sede do governo do estado. Ao caminhar pela calçada lateral


do palácio, ao longo da arborizada ruela que o separa da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, o visitante chega à Casa Fiat de Cultura, situada no antigo Palácio dos Despachos, construído em 1967. No acervo permanente da casa está um quadro de Candido Portinari de mais de oito metros de largura, intitulado Civilização Mineira. E, na programação do espaço, apresentações musicais, cursos de arte e exposições de artistas locais, nacionais e mundialmente conhecidos. Lagoa da Pampulha Projetada por Oscar Niemeyer durante a gestão do então prefeito Juscelino Kubitschek, e com a assinatura de Roberto Burle Marx no paisagismo, a Lagoa da Pampulha e seu Conjunto Arquitetônico foram inaugurados em 1943. No entorno dela estão a Igreja de São Francisco de Assis, a Casa do Baile, o Cassino Pampulha, que hoje é o Museu de Arte, e o Iate Tênis Clube. Um pouco acima, compondo a vista de quem observa a paisagem principalmente a partir da igreja, ou do deck localizado em frente à Casa Kubitschek, estão os estádios Mineirão e Mineirinho. Embora atualmente a água seja considerada imprópria para a prática de esportes náuticos, a Lagoa da Pampulha ainda preserva um quê do clima praiano que tomou conta da região quando foi inaugurada.

Sua orla é utilizada por corredores, ciclistas e patinadores, e para caminhadas tranquilas, regadas a água de coco, para contemplar a paisagem. No Museu de Arte e na Casa do Baile é possível visitar exposições e tomar um café, e no Portal de Iemanjá acontecem festas e cerimônias religiosas. Na Igreja de São Francisco de Assis, visitas guiadas contavam a história de sua construção e explicavam os impressionantes murais de Candido Portinari que a decoram. Além disso, não era raro encontrar noivas chegando para a cerimônia de casamento e ainda ter a oportunidade de espiar a beleza do interior da igreja em dias festivos. O local, entretanto, foi fechado em junho para reforma e só deve reabrir em 2019.

O Complexo Arquitetônico da Pampulha foi projetado por Oscar Niemeyer e tem cenários de tirar o fôlego

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capa

A vista privilegiada atraiu a atenção de João Paulo II e rendeu ao local o apelido de Praça do Papa

Santa Tereza Misturando o novo e o antigo, a boemia dos bares e a calmaria das casinhas de portão baixo, o bairro Santa Tereza tem clima de cidadezinha e o carinho dos moradores da cidade. Berço do Clube da Esquina, do Skank e da banda de rock Sepultura, a região é conhecida por ser ponto de encontro de quem aprecia música e cultura. Caminhando pela vizinhança é possível encontrar bares com mesas nas calçadas, rodas de samba, bandas de garagem e ensaios de blocos de Carnaval, e ainda parar para tomar um sorvete e descansar sob a sombra das árvores na Praça Duque de Caxias, a principal do Santa Tereza. Praça do Papa Embora o nome verdadeiro seja Praça Israel Pinheiro, virou Praça do Papa depois que João Paulo II, em 1980, esteve ali e, dizem, exclamou “Que belo horizonte!” diante da vista de tirar o fôlego que só ela tem. Em alguns fins de semana, ela vira palco de shows e festivais. Em outros, é só ponto de encontro de amigos que querem passear com a criançada, brincar com os cachorros e curtir um piquenique. Graças à localização elevada, a Praça do Papa é o lugar certo para sentar e bater papo curtindo a vista da cidade, e o local tem escadas e bancos estrategicamente posicionados para isso.

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Topo do Mundo Por falar em vista, o Topo do Mundo tem que constar na lista de quem quer conhecer lugares lindos e que rendem fotografias dignas de moldura na parede. No alto de uma cadeia de montanhas, a Serra da Moeda, ele é o lugar certo para curtir o pôr-do-sol, e ainda se aventurar em um vôo de parapente. Embora esteja localizado no município de Brumadinho, fica a 30 quilômetros do centro de Belo Horizonte, na Estrada da Serra. Para fazer um bate e volta Quem conseguir reservar um dia inteiro livre para conhecer os arredores de Belo Horizonte deve considerar seriamente colocar no radar pelo menos um desses lugares: Inhotim Não há nada parecido com o Inhotim em outro lugar, e só isso já é motivo bom o bastante para visitá-lo. Mas, além do conceito inovador, o museu a céu aberto surpreende pela beleza e pelas boas experiências que proporciona ao visitante. Logo na entrada, atrás da bilheteria, um lago com alguns animais convida a sentar no gramado e observar a paisagem. No entorno dele estão obras e instalações de Yayoi Kusama, Hélio Oiticica e Cildo Meireles, além de um café e um restaurante.


Foto: Arquivo pessoal

De lá, o mapa distribuído na entrada mostra as possibilidades de roteiros, e os deslocamentos podem ser feitos a pé ou em um carrinho conduzido por funcionários. Instalações ao ar livre e galerias mostram trabalhos de artistas contemporâneos de todas as partes do mundo. Muitos são interativos, e todos foram feitos para provocar sensações. Das mais incômodas às encantadoras, todas as obras parecem reverberar na mente, nos dias conseguintes à visita ao Inhotim. Devido ao tamanho do lugar e à grande quantidade de obras, é impossível conhecer todo o Inhotim em um só dia. Na dúvida de quais trabalhos priorizar, vale pedir indicação aos guias ou visitar o site do museu antes de ir. E se, entre tantas caminhadas, o sol e o calor estiverem começando a castigar, vale correr para a obra Piscina, de Jorge Macchi, identificada no mapa como A15. Como o nome diz, trata-se de uma convidativa piscina, no centro de um gramado. Nos dias quentes ela refresca os visitantes, que não hesitam em pular na água de roupa mesmo. Quem chega cedo consegue até uma toalha para se secar no final do mergulho. O Inhotim fica na Rua B, 20, na Fazenda Inhotim, em Brumadinho (MG).

Fabricia Melillo é turismóloga e ajuda a indicar os melhores lugares para conhecer Belo Horizonte

Ouro Preto A visita a Ouro Preto pede sapatos confortáveis, pois a graça da cidade está em subir e descer ladeiras por calçadas estreitas, desviando de turistas e parando para espiar as lojinhas de joias feitas com pedras mineiras e saborear os chocolates artesanais.

Logo na entrada do Inhotim, um lago convida os visitantes a sentar no gramado e apreciar a vista

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As principais igrejas de Ouro Preto, como as de São Francisco de Assis, Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora do Carmo, são parada obrigatória. A maioria foi construída nos séculos XV e XVI, e nelas é possível conhecer trabalhos de Aleijadinho, Mestre Ataíde e Manuel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho. Para conhecer a história de Minas Gerais e de personagens importantes como Tiradentes, além de entender o ciclo do ouro, vale a pena visitar o Museu da Inconfidência, localizado na Praça Tiradentes, e a Casa dos Contos, na rua São José. Mariana Para quem está de carro, é possível visitar Ouro Preto e Mariana no mesmo dia, já que as duas cidades históricas ficam próximas. Mas, enquanto o centro histórico de Ouro Preto é agitado pelo vai e vem de turistas, estudantes da UFOP e moradores da cidade, o de Mariana preserva o clima de cidadezinha do interior, com ruas mais calmas e gente se encontrando nos bancos da praça. Além das construções históricas da Praça Minas Gerais, outro lugar que merece a visita é a Mina de Ouro da Passagem, a maior mina de ouro aberta a visitação do mundo. Parte do percurso é feito de trolley, e o trajeto tem 315 metros de extensão e 120 metros de profundidade. No final dele, um lago de águas cristalinas formado pela inundação dos aquíferos da região encanta os visitantes.

Em Ouro Preto, cada ladeira tem suas surpresas. Paisagens lindas, igrejas históricas e lojinhas de chocolates artesanais são algumas delas

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Fotos: Nathalia Ilovatte

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Sugestões de bares e restaurantes para conhecer em BH Para descobrir se a cidade faz jus à fama de boa de boteco, e desbravar a famosa gastronomia mineira, aqui vão boas dicas de guias de bares e restaurantes da cidade.

Um Bar Por Semana

Como o nome diz, a cada semana as autoras visitam um bar diferente, indicado pelos leitores, e contam o que acharam, com direito a dicas dos melhores petiscos e bebidas, e informações sobre preços. As avaliações são divertidas e sinceras: se o UBS recomenda, pode confiar! Segue lá no Instagram: @umbarporsemanabh.

Coisas de Mineiro

Idealizado pela advogada Isabela Lapa, o Coisas de Mineiro surgiu da vontade de mostrar aos amigos que Belo Horizonte tem lugares interessantes em tudo quanto é canto, inclusive em bairros distantes da região Centro-Sul, a mais concorrida quando o assunto é bar e restaurante. Como Isabela adora comer bem, o Coisas de Mineiro é uma fonte rica e certeira de bons restaurantes. Alguns dão uma cara mais contemporânea às tradições mineiras, outros são achados da autora pela cidade. Vale a pena espiar as postagens antes de escolher onde comer. No Instagram, @coisasdemineiro.

Belo Horizonte recebe segunda maior feira de negócios da panificação 32ª edição da Superminas reúne grandes fornecedores de padarias e supermercados, e promete superar recordes de 2017 Um encontro de profissionais do setor de todo o país para conhecer as tendências em serviços e produtos, e aproveitar as oficinas, workshops e diversas oportunidades de desenvolvimento profissional. Assim será a 32ª edição da Superminas, feira que acontece de 16 a 18 de outubro, em Belo Horizonte. Segundo maior evento brasileiro do setor, a Superminas terá dois pavillhões. O primeiro deles, por onde o público deverá chegar, é o Pavilhão Minas, que terá áreas de expositores de Tecnologia, Orgânicos, Cervejas Artesanais, Raízes de Minas, e também o setor Funcionais e Naturais. O pavilhão abaixo será o Gerais, que contará com espaços dedicados a Cachaça, Vinhos e Queijos, Máquinas e Equipamentos, Internacional e Frutas, Legumes e Verduras. A feira também vai abrigar o Circuito Mineiro de Compras Sociais, um espaço que dará visibilidade a pequenos produtores rurais e pequenas indústrias. Além deste, haverá um espaço destinado a cachaça, café e queijos com certificado de origem. Trata-se do programa Origem de Minas, do SEBRAE, que proporcionará aos empresários do setor que vêm de fora do esta-

do conhecer e comprar produtos tipicamente mineiros. Para incentivar o público a negociar dentro da feira, a promoção Negócios e Relacionamentos dará prêmios, entre eles um automóvel, aos participantes. Para concorrer, será preciso realizar compras dentro da Superminas e comprová-las. Outro incentivo é a Rodada Internacional de Negócios, promovida durante a feira. Além de todas essas oportunidades, a feira contará também com 70 apresentações, como palestras, workshops, visitas técnicas e fóruns, para aperfeiçoamento profissional. Realizada pela Amipão em parceria com a Associação Mineira de Supermercados - AMIS, a Superminas espera um público superior ao de 2017, que bateu o recorde com 54,7 mil visitantes. A edição deste ano da feira também deverá superar a anterior em número de expositores. A Superminas 2017 teve 480 estantes, e movimentou R$ 1,85 bilhão em negócios. A programação completa, lista de expositores, hoteis conveniados, caravanas e informações sobre inscrições podem ser encontradas no site oficial: www.superminas.org.br

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saúde Numa boa com o pãozinho Embora muita gente comece a dieta cortando o pão do café da manhã, é possível emagrecer sem romper laços com o alimento sagrado Em sua forma tradicional ele contém glúten, lactose e carboidratos. Só essa tríade já é capaz de deixar adeptos de dietas da moda de cabelo em pé. Mas o pão francês, o primeiro a ser derrubado, logo pela manhã, nas dietas que começam às segundas-feiras, não é um inimigo declarado da boa forma. Quem quer se livrar de uns quilinhos não precisa se sentir obrigado a abrir mão dessa delícia, garante a nutricionista clínica Liliane Lentz. Tampouco é preciso substituir o pão tradicional, feito com farinha branca, pelo integral. “O integral normalmente é mais recomendado por ter mais fibras e nutrientes. Mas, se você recheia o pão com opções protéicas, como carne, queijo e tofu, e opções nutritivas e ricas em fibras como alface, cenoura ralada e tomate, é possível diminuir o índice glicêmico desta refeição e aumentar seu valor nutricional”, afirma a especialista. Vale lembrar que qualquer dieta que seja permeada por privações e sofrimento tem poucas chances de prosperar. Comemos para nutrir o corpo e sentir prazer, e o equilíbrio está em combinar ambos, não em sacrificar o prazer em benefício da nutrição. Liliane garante, até, que mesmo a quem está de mal da balança, o pão francês faz bem. “É um alimento rico em carboidratos, o que é importante para gerar

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É um alimento rico em carboidratos, o que é importante para gerar energia. Os que são enriquecidos com grãos ou legumes são mais nutritivos.

energia. Os que são enriquecidos com grãos ou legumes são mais nutritivos”, conta. Além disso, é inegável o benefício de um pão quentinho ao humor de qualquer um. “Em tempos tão difíceis, como falar para uma pessoa que, em um dia triste, estressante, um pão quentinho com um café fará mal? Se essa for a opção que mais a aconchega e nutre seu eu naquele momento, então é a melhor opção”, tranquiliza a nutricionista. •


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tendência

Muito mais que um

cafezinho Grãos especiais tornam a experiência de saborear um café ainda mais prazerosa e conquistam adeptos de todas as idades

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Sempre atento às novidades, o panificador Thiago Silva Cassiano, da Marte Pães, de Contagem, ampliou a padaria em dezembro do ano passado para atender uma demanda crescente: a dos cafés diferenciados. Montou um espaço para o cliente permanecer com tranquilidade, sem a agitação dos balcões da padaria, e, no cardápio, colocou opções como capuccino, macchiato, mocaccino e capuccino shake. “Na cafeteria, os cafés representam 45% das vendas”, conta. Agora, com a procura crescente pelas bebidas, além de renovar o cardápio da cafeteria, Thiago quer agregar mais um diferencial. “Há algum tempo estivemos na Casa Santa Luzia, em São Paulo, e reparamos que todo mês eles utilizam um grão de café diferente no café tradicional. São grãos selecionados, e a casa conta a história deles para os clientes. Achamos isso muito interessante e queremos implementar”, afirma. A próxima aposta de Thiago é uma tendência. De acordo com uma pesquisa feita pela Euromonitor International e encomendada pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), a média de crescimento no consumo de cafés especiais é de 20,6% ao ano, e até 2020, o varejo de cafés especiais dobrará de tamanho e passará a movimentar R$ 3,9 bilhões. De acordo com Silvio Leite, conselheiro da BSCA, as padarias brasileiras estão começando a entrar em um segmento que até então pertencia somente a lojas especializadas. E o motivo dessa expansão é o aumento na procura pelos cafés especiais. “Nosso café mais comercial é muito torrado. E um café muito torrado não apresenta atributos e acaba escondendo defeitos”, explica o especialista. “Nos últimos anos, alguns produtores estão apresentando cafés de altíssima qualidade e com torras mais claras, cor de chocolate. Quando o café está nesse ponto, os atributos sensoriais são mais agradáveis, então o jovem acaba apreciando mais porque não pega só aquele amargor”. Silvio explica que um café especial e com torra mais clara é cheio de atributos positivos. “Quando torra menos é possível sentir muitos sabores, fica muito mais prazeroso e a pessoa curte mais. Então, o público brasileiro está aprendendo a apreciar cafés. E agora vejo gente de 25, 28 anos, pedindo cafés diferentes para testar em rodas de amigos. Isso é novidade, até então nunca existiu, e tudo que fazíamos era para o mercado externo”, conta. Para que um café seja considerado especial, não basta a palavra vir estampada na embalagem. Julia Fortini Souza, barista e sócia da Academia do Café, é Q Grader, ou seja, uma profissional habilitada a avaliar e atestar se um café é mesmo especial. Ela explica que os cafés recebem notas que variam de 0 a 100. “Tecnicamente falando, de acordo com a Associação de Cafés Especiais, o café especial é aquele com pontuação acima

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tendência de 80. O profissional que pontua o cafe é o Q Grader, juiz de qualidade certificado pela Coffee Quality Institute, e ele avalia 10 atributos: aroma, sabor, retrogosto, corpo, acidez, balanço, uniformidade, xícara limpa, doçura e nota geral”, explica a especialista. “Um café especial não possui defeitos, tem um cuidado desde o plantio até a xícara final”. Julia conta que Minas Gerais é o maior estado produtor de café do Brasil e oferece excelentes opções de grãos. Os cafés mineiros são do tipo arábica, e cada

região tem um sabor particular. “Os do sul de Minas têm sabor de caramelo e abacaxi. No cerrado, sabor de chocolate e mais amendoado. O café do norte de Minas tem sabor de baunilha e nozes, e o das matas de Minas, rapadura e chá preto”, afirma. Para ter certeza de que um café é especial, basta procurar a certificação, ou buscar informações em entidades como a BSCA, que atesta não só a qualidade do grão, como a responsabilidade socioambiental de toda a cadeia produtiva. •

Aceita um café? O café pode ser filtrado de três maneiras diferentes, ou pode ser espresso, ou feito na prensa francesa, assim como o grão pode ser moído na hora. As maneiras de preparar o café são várias, e alguns fornecedores disponibilizam também as máquinas adequadas para isso. Para o panificador que deseja oferecer aos clientes a possibilidade de degustar cafés especiais, Silvio dá algumas dicas. “Eu escolheria marcas artesanais nacionais, e em Minas Gerais há várias muito boas, e disponibilizaria tanto para o cliente ter a experiência na padaria quanto para levar para casa”, sugere. “E, nesse universo, quando as pessoas começam a experimentar, querem tomar um café de uma região como o Caparaó num dia, um café do sul de Minas no outro… Então, eu teria algumas opções principais fixas, e também ofereceria a oportunidade de o consumidor viajar um pouquinho”, diz Silvio, sugerindo o que Thiago já pretende fazer, a alternância entre algumas marcas de cafés especiais, para manter o cliente sempre presente, na expectativa das próximas opções.

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prata da casa “Eu me considero o melhor padeiro do Brasil”, diz profissional que trouxe o pão artesanal para Belo Horizonte Após viagens à Europa para aprender técnicas, João Carlos deu aulas para padeiros mineiros quando a fermentação natural ainda não era difundida na cidade

Tem padeiro mais antigo que acha que sabe muito e muda a receita, faz o pão parecido, mas não fica bom. Tem que fazer direito e, principalmente, dar o tempo certo. A primeira viagem para aprender técnicas de panificação foi em 1986, para a Alemanha. Na lista de cidades por onde passou, e das quais voltou carregando mais conhecimento na bagagem, estão Dusseldorf, Berlim e Munique. Foi por volta de 2000 que João compartilhou com os profissionais mineiros aquilo que tinha aprendido. “Eu trouxe a novidade para BH”, conta, “dei curso no SENAI, ensinei os padeiros de padarias como a Boníssima”.

Fotos: Carolina Lentz

Quando questionado sobre sua trajetória como padeiro artesanal, João não tem falsa modéstia. “Eu me considero o melhor do Brasil”, solta, com a tranquilidade de quem reconhece o quanto contribuiu para o desenvolvimento da panificação mineira. João Carlos dos Santos Pereira já foi professor de panificação, consultor das maiores padarias da cidade, teve a própria padaria, e viajou sete vezes para a Europa para estudar e conseguir seu maior feito profissional: introduzir, em Belo Horizonte, a cultura do pão artesanal de fermentação natural.

João Carlos ensina que, na panificação, assim como na vida, a pressa é inimiga da perfeição

Um dos conselhos mais importantes que dá aos profissionais é que usem as farinhas certas. “Essas farinhas que se usa para massa rápida não são boas para fermentação longa”, ensina. E pede que não tenham pressa. “Tem padeiro mais antigo que acha que sabe muito e muda a receita, faz o pão parecido, mas não fica bom. Tem que fazer direito e, principalmente, dar o tempo certo. Eles gostam de fazer rápido, improvisam, põem fermento. Aí fica parecendo pão natural, mas não é”. Depois de uma trajetória profissional rica em realizações e contribuições à panificação. João hoje está aposentado, mas aberto a propostas. “Quando me solicitam, eu faço pães”, conta, frisando que não está parado. Aliás, longe disso. “Eu sou atleta. Corro 10 quilômetros todos os dias”, diz o padeiro, aos 76 anos. •

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POP Procedimentos Operacionais Padrão

Pão de café com gotas de chocolate Rendimento: 9 unidades. Custo aproximado da unidade: R$ 1,88. INGREDIENTES

QUANTIDADE (gramas)

Preço

Preço (porção)

Farinha de trigo especial

1000

R$ 2,80/kg

R$ 2,80

Água gelada

700

-

-

Pré-fermentação (Levedura dura)

300

R$ 5,00/kg

R$ 1,50

Sal refinado

25

R$ 3,99/kg

R$ 0,09

Café solúvel

100

R$ 3,64/50g

R$ 7,28

Açúcar refinado

100

R$ 3,00/kg

R$ 0,30

Gotas de chocolate

400

R$ 12,00/kg

R$ 4,80

Fermento biológico instantâneo

10

R$ 15,00/kg

R$ 0,15

Custo total aproximado da porção

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R$ 16,92


PROCESSO DE FABRICAÇÃO Amassamento Masseira em 1ª velocidade (lenta) • Colocar todos os ingredientes secos com exceção do chocolate em gotas e misturar por 1 minuto. • Dissolver o café solúvel em 150g de água da receita. • Adicionar a água e o café dissolvido aos ingredientes secos e misturar até que esteja totalmente incorporado, misturar por aproximadamente 4 minutos. Masseira em 2ª velocidade • Bater a massa até atingir o ponto de véu. • Acrescentar o chocolate em gotas e misturar em primeira velocidade até homogeneização da massa, retirar da masseira com o auxílio de uma espátula (raspador). • Temperatura ideal no fim do amassamento: 25ºC. Primeira fermentação • Acondicionar a massa que foi retirada da masseira em uma bacia e deixar fermentar por 1 hora em temperatura ambiente. Divisão/modelagem/descanso • Pesar em pedaços de 290 gramas e bolear levemente. • Deixar por 20 minutos e logo após bolear novamente. Colocar em lonas próprias para fermentação (americano cru). Segunda fermentação • Colocar para fermentar em local protegido (armário de fermentação) por aproximadamente 1 hora e 30 minutos. Forneamento • Fazer 3 cortes no sentido da diagonal em cada unidade, com auxílio do bisturi. • Em forno de lastro, fornear à temperatura de 215ºC no lastro e 215ºC no teto com vapor por aproximadamente 30 minutos.

Este POP foi aprovado e selecionado pelo Núcleo de Excelência em Treinamento da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado de Minas Gerais “Marta Salej”, localizado no SENAI CFP/ARG. Execução: Larissa Laura Gonçalves Fernandes de Souza

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nutrição

Em paz e

sem culpa Comida afetiva pode não ser rica em nutrientes, mas remete a boas lembranças, tem sabor de aconchego e conta com a benção dos nutricionistas comportamentais Sabe aquele pudim de leite de casa de avó, que pintava na mesa depois de um almoço de domingo, com aroma e sabor de carinho de família? Ou então aquela lasanha bem recheada que, de tão gostosa, merecia só mais um pedaço, no finalzinho do jantar com a mãe e os irmãos? Quando os anos passam e as preocupações com calorias e quilos se tornam prioridade, muita gente risca essas delícias do cardápio, se privando do prazer de saborear boas recordações. Os carboidratos, as gorduras, o glúten, a falta de fibras se tornam um empecilho tão grande que exercem poder de veto sobre os alimentos que aquecem o coração e adoçam o humor. Mas, se consumidos sem grandes exageros, essas gostosuras têm o aval e o incentivo dos especialistas em boa alimentação. A nutricionista e nutricoach Juliana Nakabayashi é especializada em nutrição comportamental, um ramo que, em vez de prescrever dietas, propõe um diálogo com os pacientes para investigar a relação que têm com a comida e como ela pode ser mais equilibrada. E, sobre esses alimentos que não figuram no topo das listas de mais saudáveis e ricos em nutrientes, mas que trazem boas sensações emocionais, a profissional é categórica: pode-se comê-los sem culpa. O incentivo da profissional tem boa justificativa. Juliana explica que o ser humano é um ser social e cultural, e é preciso levar isso em consideração quando fala-se em alimentação saudável. A profissional diz também que o afeto é parte da nutrição, e é por isso que esses alimentos que remetem a bons momentos e deixam o coração quentinho são chamados de comfort food. Ou, em português, comida afetiva. “Com-

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fort food é uma comida para o corpo e para a alma, e comê-la é normal. Para quem está inserido no mundo fitness, isso é uma bomba. Mas, para o comer normal, está tudo bem você saborear uma broa tomando um capuccino”, afirma. De acordo com a especialista, não há regras sobre a quantidade de comida afetiva que pode ser consumida em um dia ou ao longo da semana. É preciso, sim, manter uma alimentação saudável. Mas doces e frituras não são proibidos, e o equilíbrio no consumo das guloseimas vai depender da relação que cada um tem com a comida. “Algumas pessoas oscilam entre o 8 e o 80. Ou comem tudo, ou fazem uma dieta e restringem tudo. O caminho do meio varia de acordo com cada um. Mas, se a pessoa vive de efeito sanfona, já tentou várias dietas, provavelmente vive em uma situação de desequilíbrio com a comida e, nesse caso, o indicado é fazer um acompanhamento para restabelecer a relação de normalidade”, explica Juliana Nakabayashi. Segundo a especialista, o ideal é comer como comiam os avós, que não contavam calorias nem sabiam o que era colesterol, mas consumiam alimentos frescos e na quantidade adequada para saciar a fome. “Se a pessoa sempre comeu normalmente, nunca foi antenada em fitness, tem um peso legal, vive para outras coisas e encara o hábito de comer da mesma maneira que escovar os dentes, tomar banho e dormir, então já tem uma relação equilibrada com a comida. Essa pessoa pode comer as guloseimas quando quiser, porque não vai ter fome emocional, não vai comer por gula e compensação, nem descontar as frustrações e a ansiedade na comida”, explica. Quando se fala em relação de desequilíbrio com a comida, muita gente já pensa em uma pessoa que luta contra a balança e devora doces e frituras, consumindo-se pela culpa logo em seguida. De fato, esse é um exemplo do comer desajustado. Mas não é o único. Embora pessoas que comem além do que o corpo necessita sejam socialmente julgadas, a alimentação cheia de restrições é um outro extremo igualmente problemático. As proibições e a demonização de alguns alimentos também são faces de uma relação conturbada com a comida, e Juliana afirma que essa dificuldade de comer com equilíbrio já tem afetado até mesmo as crianças. “Hoje vemos crianças recebendo essa bomba de terrorismo nutricional, e que são tão privadas de alguns alimentos, que quando comem, o fazem rápido e em muita quantidade. Comer vira um

terror, e elas já entram na adolescência se sentindo gordas e feias. Isso é um perigo, porque pode se tornar um transtorno alimentar”, alerta a especialista. Juliana atribui principalmente ao culto à magreza a origem da distorção da maneira como comemos. “O que eu mais faço, hoje, é ensinar as pessoas a fazerem as pazes com a comida e também com o corpo, porque a observação que elas têm do próprio corpo é muito negativa”, conta.

(...) o ser humano é um ser social e cultural, e é preciso levar isso em consideração quando fala-se em alimentação saudável.

Para restabelecer a harmonia e o equilíbrio na maneira de lidar com a comida, a regra é não se impor regras. Por mais difícil que possa parecer desapegar de todas as listas de alimentos “proibidos” e dos conselhos de substituir a macarronada por jiló, a normalidade está em comer, na maior parte do tempo, apenas para saciar a fome. Isso significa deixar de lado a ideia de que comida é medicamento, e também que funciona como meio de tapar buracos emocionais. Nem sempre essa ruptura com velhas maneiras de pensar é conseguida sozinho. Por isso, bons profissionais estão à disposição para ajudar a entender quando a relação conturbada com a alimentação teve início, e como é possível torná-la equilibrada. Lidando com a alimentação com leveza e simplicidade, a comida afetiva está liberada. “A pessoa se sente culpada por comer uma torta na casa da vó, porque tem açúcar e gordura, mas a torta lembra a infância e deixa a pessoa feliz. Então tudo bem comer. Uma pessoa que come normalmente vai ver essa comida, vai comer sem ficar questionando nada, sem regras. Depois, vai voltar para outras atividades e esquecer o assunto”, conclui a nutricionista comportamental. •

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formação Olimpíada do Conhecimento revela talentos promissores da panificação Com provas práticas que exigem habilidade e organização, competição de 2018 foi vencida por jovem estudante de Belo Horizonte Em tempos em que competições culinárias mobilizam torcidas e ganham destaque na televisão - vide o sucesso de A Batalha dos Confeiteiros e Masterchef - Belo Horizonte lança ao mundo uma campeã de peso. No dia 3 de agosto, a estudante Bruna Alessandra Pinto Vieira, de 20 anos, venceu a última etapa da Olimpíada do Conhecimento na categoria panificação, e consagrou-se a campeã brasileira de 2018. Promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI e pelo Serviço Social da Indústria - SESI, a Olimpíada do Conhecimento seleciona, em diversas modalidades, um competidor que representará o Brasil na WorldSkills, a maior competição de educação profissional do mundo. A panificação é uma das 45 ocupações, e além dela há design gráfico, pintura automotiva, logística, soldagem, joalheria e muitas outras. “Na modalidade panificação, a etapa nacional teve um dia de ambientação e quatro de prova. No primeiro dia receberam uma prova surpresa: tiveram meia hora para planejar todas as tarefas da semana. Ao longo das provas, fizeram escultura de pão, brioche, baguete, sanduíche, massa folhada, entre outros, e venceu quem teve o melhor desempenho, na somatória de pontos da semana”, explica Jéssica Nascimento Batista, instrutora do SENAI. Por isso, não basta só ter talento. Para se dar bem na competição, é preciso saber organizar o trabalho e executar as tarefas com desenvoltura. “Não foi avaliado só produto, mas também a postura do competidor, a maneira como pesava o produto, manuseava a massa, trabalhava no forno”, relata a profissional. Mas, antes de chegar à competição nacional, é preciso muita dedicação. Os competidores são selecionados entre os estudantes do SENAI para disputar etapas regionais, entre cidades e entre estados. Só um de cada estado vai para a competição nacional de sua ocupação. E, para cada representante estadual, os instrutores do SENAI oferecem aulas preparatórias, com orientações e atividades práticas.

Na panificação, a representante de Minas Gerais passou um ano se dedicando oito horas por dia aos estudos teóricos e práticos, mesmo depois de concluir o curso técnico na área. Agora, Bruna aguarda uma nova competição, com o segundo colocado nacional, para decidir quem representará o Brasil na Rússia em 2019. Além do reconhecimento, a maior vantagem de participar da Olimpíada do Conhecimento é a bagagem profissional que o evento proporciona aos competidores. “Acho que o que a competição ensina de melhor é o planejamento e organização. Para conseguir fazer todas as entregas é fundamental ter muita

Bruna Alessandra, de 20 anos, venceu a etapa nacional e poderá representar o Brasil na Rússia

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organização no processo e um planejamento muito esperto. E, independentemente do local de trabalho, eles vão levar esse conhecimento para a vida”, afirma Jéssica. A instrutora frisa que esse aperfeiçoamento ajuda o profissional de panificação a se destacar no mercado de trabalho, já que o aperfeiçoamento tem se tornado cada vez mais importante para o profissional de panificação crescer e se destacar na profissão, tanto

em relação ao reconhecimento, quanto aos salários. “A profissão de padeiro é cada dia mais valorizada no Brasil. Os pães de fermentação natural voltaram, e por mais que as fábricas tenham muitas máquinas, o padeiro tem mais conhecimento do processo”, afirma, “se antes tudo era mais mecanizado, hoje o cliente quer saber como o pão é feito, e o padeiro estuda mais, se qualifica, desenvolve receitas, se torna um profissional diferenciado”. •

O SENAI conta com um time de instrutores capacitados para ajudar os estudantes nos preparativos para a competição, e também para o mercado de trabalho

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entrevista

“Quero entrar no mercado de trabalho, adquirir experiência e ensinar panificação”

Mineira de Belo Horizonte, a estudante Bruna Alessandra Pinto Vieira, de 20 anos, passou um ano se dedicando diariamente, durante 8 horas, a praticar tudo que aprendeu no curso de panificação do SENAI. Ao lado dos instrutores da instituição, ralou bastante para conciliar as aulas práticas com a faculdade de gastronomia, que cursava à noite. A dedicação valeu a pena: em 3 de agosto, Bruna venceu a Olimpíada do Conhecimento 2018 na categoria Panificação, consagrando-se a melhor do Brasil. Agora, a jovem padeira se prepara para disputar com o segundo colocado a única vaga brasileira na competição mundial, que acontecerá em 2019, na Rússia. À revista, a campeã e promissora profissional falou sobre a experiência e os planos para a carreira na área da panificação.

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O que contribuiu para que você vencesse a competição? Bruna: Com certeza as pessoas que me ajudaram no processo, os instrutores do Senai. Como eu tinha muitas pessoas comigo, peguei um pouquinho de cada um e tenho certeza de que isso me levou longe. Por que optou pela panificação? Bruna: Eu sempre gostei de cozinhar, desde pequena. Eu fazia outro curso no Senai e vi que aqui tinha um curso de confeitaria. E foi na confeitaria que conheci a panificação. Gostei muito e decidi trabalhar com isso. Surgiu a oportunidade da Olimpíada, conheci mais ainda sobre a área e fui me apaixonando cada vez mais. Fiz o curso, participei da seleção para a Olimpíada, fiz uma entrevista, teste psicológico e prova prática, e fui escolhida para representar o SENAI de Belo Horizonte. Treinei durante um mês para a etapa estadual, disputei com competidores de Uberlândia e de Uberaba e ganhei. E aí, treinei mais um ano para a etapa nacional. Passava 8 horas por dia estudando, me preparando junto com os instrutores do Senai. O que foi mais difícil durante o período em que você estava se preparando? Bruna: O maior desafio era o tempo. Eu fazia faculdade de gastronomia, estou me formando agora, então ficava no SENAI de manhã e à tarde, e à noite ia para a faculdade. O tempo era uma dificuldade para mim, pensei em trancar a faculdade, tinha trabalhos para fazer, tinha que estudar para o SENAI, era muito apertado, mas acabou dando tudo certo. No fim, as coisas se encaixaram. Mas, durante esse período, tive que deixar de sair. Meus amigos eu não via há muito tempo! Agora que passou a prova já fui na casa de alguns, mas passei muito tempo sem sair com eles. Aos finais de semana fazia trabalhos da faculdade, então a vida social ficou mais difícil. Quem te inspira? Bruna: Eu me inspiro em pessoas próximas a mim. Me inspiro muito na Jessica (instrutora do curso de Panificação do SENAI). A gente tem uma história parecida, ela fazia faculdade quando participou da competição, e eu vejo a forma como ela trabalha… Não só profissionalmente, mas como pessoa, ela me inspira muito. O que te encanta no trabalho de padeiro? Bruna: Eu gosto de quando eu deixo o alimento para

outra pessoa comer, quando vejo a sensação de prazer nas outras pessoas, comendo aquilo que preparei. Isso é muito legal.

Eu sempre gostei de cozinhar, desde pequena. Eu fazia outro curso no Senai e vi que aqui tinha um curso de confeitaria. E foi na confeitaria que conheci a panificação.

O gosto pela gastronomia vem de família? Bruna: Não, eu sou a primeira da família a entrar nessa área. Minha mãe é professora infantil, trabalha com alfabetização. Meu pai é vigilante de carro forte, e na minha família ninguém trabalha com cozinha. Mas eu tinha uma tia de consideração que me deixava mexer na cozinha na casa dela, e foi assim que comecei a cozinhar. Quais são seus planos profissionais? Bruna: Agora eu quero continuar nesse processo da Olimpíada. Tem o desempate no final do ano, quero ir para o Mundial, e se Deus quiser, quero entrar no mercado de trabalho, adquirir experiência, e depois trabalhar ensinando panificação. Eu gosto muito dessa parte de educação, de passar para os outros o que aprendi. Você considera a panificação uma boa área para crescer profissionalmente? Bruna: Essa área oferece boas oportunidades. O conhecimento que a gente adquire na Olimpíada é bom para o currículo, a gente absorve muitas coisas em pouco tempo, e o mercado reconhece isso. Modéstia à parte, a gente é muito bom de serviço, porque aprende a pensar rápido. •

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eventos Com palestra e descontos exclusivos, Encontro de Panificadores reúne profissionais em Contagem Durante evento, especialista do Instituto Áquila falou sobre a importância da liderança no futuro da panificação Após a palestra, um coffee break permitiu aos panificadores participantes trocarem experiências e estreitarem o relacionamento com fornecedores. AllQuality Alimentos, Aurora Alimentos, Bunge Alimentos, Casa Sol, Sorvetes Paletitas, Penatec, Moinho Sul Mineiro e Japan Tobacco Internacional - JTI marcaram presença apresentando produtos e descontos exclusivos. “Para o Moinho Sul Mineiro é muito importante participar do Encontro dos Panificadores, pois o evento é muito relevante para o setor e gera informação e conteúdo de qualidade”, comentou Fábio Ferreira, diretor comercial do Moinho Sul Mineiro. “Faz parte dos nossos pilares contribuir com o desenvolvimento dos profissionais e do setor de panificação no Brasil. Estar próximo dos profissionais das padarias nos ajuda a entregar os melhores serviços aos nossos clientes, além de favorecer a geração de novos negócios e oportunidades de parceria”, completou. O evento foi promovido pela Amipão. Fotos: Carina Castro

A segunda edição do Encontro de Panificadores, que aconteceu no dia 2 de agosto, em Contagem, reuniu profissionais da região metropolitana de Belo Horizonte interessados em desenvolvimento profissional e relacionamento com fornecedores. Na primeira parte do evento, a palestra da consultora e sócia do Instituto Áquila Ana Elisa dos Santos esclareceu aos panificadores presentes as principais atitudes de um bom líder. A especialista afirmou que entre as funções do líder está compreender os interesses antagônicos de concorrentes, clientes, colaboradores, fornecedores, governo e acionistas. Ana Elisa explicou também que, para gerar vantagem competitiva, é necessário que exista, na empresa, equilíbrio entre os processos, a tecnologia e as pessoas. O primeiro item diz respeito à maneira como o trabalho é desenvolvido, e está ligado ao planejamento estratégico, que deve ser feito para, no máximo, os três anos seguintes. Já o segundo item, tecnologia, representa a necessidade de as empresas se manterem atualizadas nessa área, tanto em relação a canais de venda como de comunicação, e alinhadas aos desejos dos clientes por rapidez e praticidade. Por fim, a terceira parte do tripé são as pessoas. Ana Elisa ressaltou a relevância do comprometimento da equipe, e embora isso seja muito cobrado por chefes, o verdadeiro líder entende que o comprometimento é desenvolvido a partir dos estímulos que o colaborador recebe da empresa. “Vim ao evento a convite do meu irmão e gostei muito. Vou aplicar, passo a passo, tudo o que aprendi na palestra. Quando estamos no ramo há muito tempo deixamos algumas coisas passarem despercebidas, mas ouvir a Ana Elisa faz a gente acordar”, afirmou o panificador Marco Antônio da Silva, da Padaria e Confeitaria Gabriela, localizada na região do Barreiro, em Belo Horizonte.

Panificadores estreitaram laços com fornecedores no evento

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Além da palestra, um coffee break com empresas do setor e descontos exclusivos foram proporcionados aos participantes

Amipão sedia reunião do Conselho Estratégico de Defesa do Empresário Representantes da AMIS, Abrasel Minas, CDL e Fecomércio se reuniram com a Amipão para discutir soluções para o setor Os presidentes do Sindicato da Indústria de Panificação - SIP e da Associação Mineira da Indústria de Panificação - AMIP, José Batista e Vinicius Dantas, receberam, em 31 de agosto, representantes de entidades ligadas ao comércio, para abordar questões de interesse do setor. A reunião do Conselho Estratégico de Defesa do Empresário - CEDE aconteceu durante um almoço promovido pela Amipão. Estiveram no evento representantes das entidades que, junto com a Amipão, compõem o CEDE: Associação Mineira de Supermercados - AMIS, Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais Abrasel Minas, Federação do Comércio de Minas Gerais - Fecomércio MG e Câmara de Dirigentes Lojistas - CDL/BH.

“Trata-se de um encontro importante porque temos problemas em comum e trocamos ideias de ações. A intenção da reunião é balizarmos aquilo que ocorre e nos atinge”, comenta Vinícius Dantas, presidente da AMIP. Entre os assuntos abordados estava a Convenção Coletiva de Trabalho dos Supermercados, em especial a cláusula sobre a contribuição sindical dos funcionários, que tem gerado dúvidas e divergências de opiniões. Também foram levantadas questões sobre o Plano Diretor Municipal de Belo Horizonte, e como ele poderá impactar o comércio. Foi decidido recorrer à consultoria de um especialista da área para que os integrantes do CEDE façam uma análise minuciosa do

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eventos pública para a privada, e muitas empresas pequenas não têm condições de fazer essa adaptação”. O balanço da reunião foi positivo, e os presentes se despediram prometendo realizar encontros com maior frequência. “Fazer junto é muito melhor do que separado. O CEDE foi uma grande sacada desse segmento, e nossos interesses convergentes, hoje, são tratados por todos. Dessa forma, nosso peso é maior do que se trabalhássemos individualmente”, comenta Ricardo Rodrigues, presidente da Abrasel. José Batista, presidente do SIP, ressalta que a panificação mineira sai ganhando com essa parceria. “A importância do CEDE é unir forças. Para nós, que representamos uma categoria importante de Minas Gerais, é importante ter parcerias desse nível, com outras entidades fortes, para que possamos fazer de melhor forma a defesa dos interesses da panificação”. •

Fotos: Carina Castro

documento e levem à prefeitura suas considerações. Por fim, a coordenação do Conselho foi assumida pela AMIS. Nos últimos dois anos, o CEDE foi coordenado por Bruno Falci, presidente da CDL, e embora ele continue no conselho, no mês de agosto chegou ao fim seu mandato. “Nesse período, nós tivemos várias ações conjuntas de interesse do setor de comércio e serviços extremamente importantes. Fizemos uma vigilância em cima de leis que afetem negativamente o nosso setor, e isso é importante porque os PLs, muitas vezes, podem afetar de forma tão negativa o comércio que pequenos estabelecimentos fecharão as portas”, explica Falci. Para exemplificar, ele cita um projeto de lei do vereador Jair Di Gregorio (PR) que obriga todos os comércios a terem banheiros públicos. “Banheiro público, o nome já diz, cabe à prefeitura. Não está certo a câmara querer transferir mais um ônus da iniciativa

No almoço, representantes de entidades ligadas ao comércio e indústria discutiram leis e projetos que afetarão os setores

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economia “Se você olhar para as tendências, vai ver que a sustentabilidade é um caminho sem volta”, afirma especialista Investir em ações de responsabilidade socioambiental faz bem à imagem, ao bolso e ao planeta. Consultora explica os motivos Diariamente, o panificador Marcelo Pimenta, da padaria Luciana, recebe um senhor que trabalha com reciclagem e entrega a ele latas, papelão e embalagens plásticas. O que fica é, basicamente, o lixo orgânico. A atitude parece simples, mas os benefícios se estendem a todos: o trabalhador que garante o sustento reciclando materiais; o meio ambiente, que já sofre muito com o acúmulo de lixo, especialmente nos oceanos; e o panificador, que vê na iniciativa uma possibilidade de economizar. “Com isso, eu zerei minha taxa de lixo”, afirma Marcelo. Outra medida fácil de adotar e cujos benefícios vão da natureza ao bolso é a venda do óleo usado. Além de evitar o descarte indevido, que é poluente, Marcelo recebe 80 centavos por litro do material, que é usado na fabricação de sabão. Adotar medidas de responsabilidade socioambiental pode parecer mero modismo, ou algo que só pode ser praticado por grandes empresas, mas nenhuma das duas ideias é verdadeira.

De acordo com Simone Faustini, sócia da Nexus Consultoria em Sustentabilidade, muitos gestores ainda acreditam que ou investem em ações de responsabilidade socioambiental, ou geram lucros. Mas, na verdade, um não exclui o outro. “A lógica comum é que é uma coisa ou outra. Mas, quando o empresário começa a adotar esse tipo de prática, passa a ter benefícios de redução de custo, melhora na reputação, e começa a abrir novas oportunidades de produtos dentro da empresa. No caso do alimento, passa a oferecer orgânicos, sem glúten, alternativas mais saudáveis e com outro padrão de fabricação”, explica. Simone alerta para a importância de considerar as aspirações dos consumidores, que cada vez mais buscam produtos que gerem menor impacto ambiental e provenientes de empresas social e ambientalmente mais responsáveis. “A cada ano há um aumento de consciência do consumidor a respeito de práticas sustentáveis. É claro que ainda temos mais gente que não leva em conta essas questões na hora das compras. Mas, se hoje, 10% dos clientes se pre-

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economia

Simone Faustini é consultora e ajuda empresas a se tornarem mais sustentáveis

ocupam com a responsabilidade socioambiental da empresa, há 5 anos, eram só 5% deles”, explica a especialista. “A tendência é esse percentual aumentar”. De acordo com a pesquisa Panorama do Consumo Consciente no Brasil, apresentada em julho pelo Instituto Akatu, 38% dos consumidores brasileiros é adepto a práticas sustentáveis. Em 2012, esse número era menor: apenas 32% dos entrevistados tinha, incorporados no dia a dia, de 5 a 7 comportamentos sustentáveis. E, hoje, aqueles que ainda não têm muitas atitudes voltadas à sustentabilidade revelaram um desejo de mudar seus padrões de consumo. A pesquisa mostrou também que o brasileiro dá importância a empresas que cuidam das pessoas, ou seja, que têm responsabilidade social. Entre as preocupações sobre a conduta das empresas, na hora de consumir, estão: atuar no combate ao trabalho infantil; tratar funcionários da mesma forma, independentemente de raça, religião, sexo, identidade de gênero ou orientação sexual; investir em programas de contratação de pessoas com deficiência; contribuir para o bem-estar da comunidade onde está localizada; e oferecer boas condições de trabalho. No caso das padarias, que oferecem produtos de fabricação própria e também de outras marcas, uma maneira de se adequar a essa nova demanda do consumidor é disponibilizar opções que sigam os critérios do consumo consciente: pequenos produtores locais, artigos não testados em animais e alimentos orgânicos são alguns deles. Simone Faustini explica que as empresas que olham para esses novos padrões de consumo não substituem todos os seus produtos de uma hora para outra, mas começam aos poucos a introduzir algumas novidades, sem abrir mão das opções mais antigas.“Isso é um

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processo de transição, ninguém consegue sair do antigo para o novo de uma hora para a outra”, afirma. Mas a especialista pondera que, mesmo a mudança sendo gradual, é importante iniciá-la. “As grandes empresas já então fazendo esse movimento, e a minha sugestão é que os pequenos também parem para pensar de que maneira podem fazer essa transição. Porque, se você olhar para as tendências, vai ver que a sustentabilidade é um caminho sem volta. Nós estamos em um país com recursos naturais acabando, processos de regulamentação cada vez maiores, população aumentando cada vez mais, nível de consciência do consumidor crescendo. Então, ou o empreendedor se prepara, ou será pego desprevenido”. •

3 dicas para tornar sua empresa mais sustentável Siga as leis “A primeira prática de sustentabilidade é ter conformidade legal”, afirma Simone. “É muito incoerente fazer trabalho de voluntariado se não consegue ter conformidade legal com as práticas trabalhistas e ambientais”. Cuide bem dos funcionários “Quando o gestor desenvolve programas voltados ao aumento de autoestima, qualidade de vida e inclusão de pessoas com deficiência, por exemplo, gera uma forma de atrair e reter funcionários. Isso dá resultados porque está oferecendo além do mínimo que todos oferecem. Outro ponto positivo é que funcionário bem tratado também cuida bem dos clientes, e isso dá resultados diretos”, afirma Simone. Reduza o consumo de recursos naturais Captar água de chuva e substituir a energia hidrelétrica pela solar são algumas maneiras de reduzir impactos ambientais e, de quebra, diminuir despesas. “A regulamentação e as taxas de água e energia tendem a aumentar, porque são recursos finitos e que estão esgotando. Então, é importante que as pessoas pensem sobre isso agora, para que daqui a pouco esses gastos não inviabilizem os negócios”, alerta Simone.


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RH Jovens da Geração Z desafiam gestores e trazem renovação às empresas Questionadores, inquietos, antenados e pragmáticos, profissionais de 20 e poucos anos estimulam superiores a abrirem a mente Com quatro pessoas em torno dos 20 anos de idade na equipe, Ana Tereza Nogueira, sócia da Seleve, não economiza no diálogo com os funcionários. Além da boa e velha conversa ser o caminho escolhido por Ana Tereza e pela irmã, Fernanda Porto, para orientar e trocar experiências com os colaboradores, também é o instrumento que descobriram ser o mais eficaz para contornar as dificuldades de lidar com quem nasceu no final dos anos 1990 ou início dos anos 2000 e faz parte de uma geração que tem características muito peculiares que, às vezes, tiram os gestores do sério. “Eu acho que elas são pouco estáveis, não têm muita tolerância nem paciência, e mudam muito de emprego. Às vezes, também têm dificuldades com regras. Falta noção sobre algumas coisas, por exemplo, pedem para não trabalhar em um dia e compensar em outro, mas como trabalhamos em um estabelecimento comercial, não há flexibilidade de horários”, relata Ana Tereza. Para lidar com as características que fazem parte do pacote da Geração Z, que ingressou recentemente no mercado de trabalho, as sócias da Seleve reúnem os funcionários e propõem diálogos. “Falamos bastante sobre a legislação, o que pode e o que não pode, como funcionam os estabelecimentos comerciais, e sobre a maturidade necessária para receber um feedback. Explicamos que críticas não são feitas para prejudicar, mas para que cresçam profissionalmente”, diz Ana Tereza. O perfil dos jovens da Geração Z pode criar alguns embates no ambiente de trabalho, mas nem só de dificuldades é feito o relacionamento profissional com pessoas de 20 anos. Ana Elisa Santos, sócia e consultora do Instituto Áquila, explica que funcionários mais jovens têm muito a ensinar e contribuir. “O jovem da Geração Z pode agregar demais. Ele tem uma mente aberta, não tem vícios, e se o gestor estiver aberto a ouvir críticas e sugestões, esse jovem pode trazer muitos pensamentos inovadores. Mesmo que não tenha experiência profissional, ele tem outras bagagens”, afirma.

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Mas, para manter uma relação saudável com os integrantes mais jovens da equipe, e aproveitar o que eles têm de melhor, os donos, gerentes e supervisores precisam, primeiro, compreender que a Geração Z tem um perfil bem destoante das anteriores, pois já nasceram em um mundo conectado e repleto de informações acessíveis. “Se os novos funcionários têm um perfil diferente, o gestor tem que se adaptar. Da mesma maneira que adapta o ponto de vendas para um público diferente, tem que abrir a empresa para lidar com esse novo contexto, para práticas diferentes das tradicionais, porque o perfil do novo colaborador é outro”, recomenda Ana Elisa. Entre as medidas que podem tornar a empresa mais acolhedora para essa e as próximas gerações, Ana Elisa sugere horários mais flexíveis, desafios constantes, metas, transferências entre áreas - para multiplicar conhecimento e revelar novas afinidades e, é claro, o uso da tecnologia. Ana Tereza garante que se tornar mais flexível para contornar as divergências geracionais rende bons resultados, e que as qualidades da Geração Z são enriquecedoras. “Eles são ágeis, são bem espertos, antenados com as novidades, falam muito, questionam bastante, dão muitas dicas e isso é bom”. •

Como são os jovens da Geração Z A empresa de consultoria Box 1824 pesquisou e elencou algumas características dos nascidos no final dos anos 90 e início dos anos 2000: Realistas: Eles são práticos e adeptos do pensamento lógico Indefinidos: Essa geração opta por não se limitar. A identidade é fluida e as definições de gênero, idade e classe não são significativas; Abertos ao diálogo: Eles são contra a polarização de discursos; Transparentes: A Geração Z se expõe de maneira autêntica, espontânea e sem máscaras.


congrepan 31º Congrepan / Receita de sucesso: alimentação saudável, inovação e produtividade Congresso Brasileiro da Indústria de Panificação e Confeitaria é realizado a cada três anos pela ABIP (Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria), em parceria com entidades filiadas, sindicatos, associações e institutos de panificação. O objetivo é reunir empresários do setor e trazer as informações que irão impactar o mercado panificador do país nos próximos anos. A 31ª edição do Congrepan terá como tema: Receita de sucesso: alimentação saudável, inovação e produtividade. Entre os dias 26 e 28 de setembro deste ano, serão apresentadas tendências do setor, inovações de processos e novas tecnologias. Também serão abordados os novos hábitos do consumidor, que estão cada vez mais exigentes por uma demanda de pães artesanais, de fermentação longa, etc. A expectativa da ABIP é preparar, dividir conhecimento com empresários do setor para importantes transformações que ocorrerão nos próximos anos. Palestrantes e participantes do 31º Congrepan Ricardo Boechat Jornalista, já esteve presente nos principais jornais do país, como O Globo, O Dia, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil. Foi também diretor de jornalismo na Band, e atualmente trabalha como âncora de dois jornais: nas redes de rádio da BandNews FM e de televisão, a Band do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Ganhador de três prêmios Esso, tem uma coluna semanal na revista ISTOÉ. No evento, fará a palestra magna sobre “Cenários Políticos: perspectivas para o Brasil pós-eleições 2018”. João Carlos Martins Aos treze anos iniciou a sua carreira no Brasil e aos dezoito no exterior. Abandonou definitivamente os palcos como pianista no ano de 2002 por problemas físicos. Em 2004 iniciou os seus estudos de regência. Apresentou-se com sucesso em Londres, Paris e Bruxelas como regente convidado, imprimindo em suas interpretações a mesma dinâmica que o fez quando pianista. Em 2006 idealizou a Fundação Bachiana, cujo tema é a arte e sustentabilidade. No Congrepan ele será

responsável por uma palestra magna “A música venceu!”, contando sua história de superação. José Batista de Oliveira Presidente da ABIP e SIP (entidade que compõe a Amipão) iniciou sua carreira na área empresarial da panificação em 1981 e ingressou em 1988 nas atividades do Sindicato e Associação Mineira da Indústria de Panificação, tornando-se diretor de divulgação e publicidade. Foi fundador da Revista Pão Etc & Tal. À frente do Congrepan, Batista dará as boas-vindas aos empresários do setor e participará do painel sobre “Processos de Inovação: caminhos para a produtividade”. Günther Koerffer Nascido na Alemanha, Günther Koerffer é um chefconfeiteiro, mais conhecido como o confeiteiro da rainha da Suécia. Ao longo de sua carreira, participou da preparação do jantar de casamento do Rei Carl XVI Gustaf e da Rainha Silvia. Atuou como chef nos hotéis Hilton em Jerusalém, Tel Aviv, Montreal e Quebec. Ele também é vice-presidente da Associação dos Padeiros e Confeiteiros da Suécia. Durante o Congrepan, ministrará a palestra “Confeitaria Fina”. Chef Thierry Meunier Boulanger Thierry Meunier, um dos mais conhecidos e respeitados do mundo, é responsável pela criação da baguete que já foi eleita duas vezes a melhor de Paris. No Congrepan vai ministrar uma oficina sobre “Baguete francesa com farinha orgânica”. Chef James Griffin Boulanger irlandês, conferencista sobre Tecnologia de Panificação, Ingredientes de Panificação, Fabricação de Pão Profissional e Pão Artesanal na Escola de Artes Culinárias, Turismo e Tecnologia do Instituto de Tecnologia de Dubin. Durante o 31º Congrepan ministrará a oficina “Pães de fermentação natural e viennoiserie”. Chef Jacques Paulin Chef padeiro e diretor da France Panificação, o francês nasceu e cresceu na padaria da família, em Cha-

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congrepan rolles, na região da Borgonha. Esteve no Brasil pela primeira vez em 2000, quando veio com seu time disputar um campeonato de rugby e, apaixonado pelo que vira em nossa terra, decidiu que se mudaria para o país. Fundou sua escola panificação, com cursos para todos os níveis de padeiros e vagas para receber jovens aprendizes. No Congrepan , ministrará uma oficina sobre “Pães Europeus”. Chef Rogério Shimura Dedicado ao ensino de pães, bolos e doces, é proprietário da Shimura Pães e Doces e da Levain Escola de Panificação. Considerado um dos melhores padeiros do Brasil, é consultor técnico em panificação e gestão, treinamento e capacitação de pessoal. No congresso ele vai participar do fórum sobre “A importância da fermentação naturalnos pães especiais”. Chef Luiz Farias Com mais de 40 anos de experiência profissional em grandes empresas, foi eleito o melhor confeiteiro do mundo pela International Union of Bakers and Confectioners (UIBC), entidade que reúne associações do segmento da panificação de todo o mundo. Farias estará à frente de uma das oficinas do evento, sobre “Metodologias e Processos para a Produtividade na Confeitaria”. Peter Stolz Graduado em Ciências da Nutrição, o alemão Peter Stolz atuou como cientista no Instituto Fraunhofer. De janeiro de 1991 até setembro de 1994, ele trabalhou em sua tese de doutorado “Metabolismo da maltose de bactérias do ácido láctico de Sourdough” no Instituto de Tecnologia de Alimentos e Microbiologia de Alimentos em Stuttgart-Hohenheim. Em 2006, voltou à Ernst Böcker GmbH & Co.KG. e atua como diretor de desenvolvimento de negócios, aplicação de produtos e vendas técnicas, mas também trabalha no departamento de desenvolvimento de produtos. Sua participação no Congrepan será no fórum sobre a “Importância da fermentação natural nos pães especiais”. Dra. Olga Amâncio Graduada em Nutrição e doutora em Ciências – área Professora Associada Livre-Docente do Departamento Pediatria, na Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo, é também asses-

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sora ANVISA, na área de Alimentos, Codex Alimentarius. Além disso, preside a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. Durante o Congrepan, participará do painel “Alimentos Saudáveis na Nutrição”. Emerson Amaral Formado em Administração com MBA em Gestão Empresarial, Amaral é diretor do Instituto de Desenvolvimento das Empresas de Alimentação – IDEAL, consultor estratégico do Programa de Apoio a Panificação – PROPAN, instrutor e consultor nas áreas Administrativo-Financeira, Planejamento Estratégico, estruturação de processos e Marketing. É cogestor de 3 convênios de atuação nacional realizados entre ABIP (Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria), ITPC (Instituto Tecnológico de Panificação e Confeitaria) e Sebrae Nacional nos últimos 10 anos. No Congrepan, sua contribuição será em palestra “Ações que impactam em lucro”. Márcio Rodrigues Administrador de empresas, pós-graduado em Gestão Empresarial, é sócio proprietário da rede de padarias Pão da Serra, localizadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte/MG. Atua como consultor no mercado de panificação, alimentação e confeitaria, sendo CEO da Márcio Rodrigues & Associados, presidente do Instituto Tecnológico - ITPC, Diretor da Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria – ABIP, Coordenador Nacional do Programa de Desenvolvimento à Alimentação, Confeitaria e Panificação – PROPAN. No evento estará presente no painel “Processos e Inovação: caminhos para a produtividade”. Além disso, ainda participará de uma discussão sobre “Construindo metas e resultados: A eficácia da metodologia PROPAN”. Jefferson de Oliveira Gomes Doutor em Engenharia Mecânica, atua como professor da Divisão de Engenharia Mecânica-Aeronáutica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA. É também Coordenador do Centro de Competência em Manufatura (CCM-ITA). Tem experiência industrial e acadêmica na área de Engenharia Mecânica e Produção, atuando em temas como análise de desempenho de processos de fabricação, análise de desempenho organizacional e tecnológico de plantas industriais, sustentabilidade em processos de fabricação e ges-


tão da inovação, dentre outros. Sua participação se dará em um painel sobre “Processos de Inovação: caminhos para a produtividade”. Mateus Simões de Freitas Diretor de Inovação, Tecnologia, e Produtividade do Sistema Findes. Mestre em Engenharia Mecânica e Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica - ITA (2015), é graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Espírito Santo (2004), e possui MBA em Gestão Empresarial pela FGV e Consultoria Empresarial pelo SENAI/SC. No congresso, participará do painel sobre “Processos e Inovação”. Pedro Henrique Oliveira Marketólogo, especialista em marketing estratégico e comunicação empresarial, possui experiência em empresas do setor varejista, industrial e setor de serviços. Professor na Pós-Graduação do Senac-MG, é membro do CONSUL/Senac, diretor do CDL Jovem, em Belo Horizonte, e palestrante nas áreas de marketing gastronômico. Sócio diretor da PH Gestão para Resultados, atua na gestão estratégica de mercado em mais de 143 restaurantes pelo Brasil. Sua presença no congresso será de grande importância, Oliveira vai ministrar um workshop no Congrejovem, sobre “Marketing digital para alavancar as vendas: metodologia e aplicação”. Marcelino Rodrigues Administrador e pós-graduado em gestão empresarial, possui 34 anos de experiência no setor em diversos perfis de negócios da indústria como padarias tradicionais, fábrica de pães embalados e hipermercados. Atua como consultor credenciado ao Instituto Tecnológico da Alimentação, Panificação e Confeitaria (ITPC). Será responsável por uma discussão rica a respeito de “PROPAN Tecnologias e Processos que aumentam a produtividade / Processos decisórios e a formação de líderes na panificação”. Gilda Lima Consultora de desenvolvimento humano do Instituto Tecnológico da Alimentação Panificação e Confeitaria (ITPC), especialista em consultorias e intervenções em empresas familiares. Trabalhando com as lideranças e no tocante ao desenvolvimento de ambientes mais produtivos e de alta performance,

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congrepan

possui vasta experiência e realiza trabalhos em todo país. Juntamente com Marcelino Rodrigues, Gilda participará de uma discussão sobre “PROPAN Tecnologias e Processos que aumentam a produtividade / Processos decisórios e a formação de líderes na panificação”. Lino Bianchini Economista, pós-graduado em economia e gestão da pequena empresa, é empresário do segmento de panificação e consultor administrativo e estratégico no Instituto Tecnológico da Alimentação Panificação e Confeitaria (ITPC). Possui mais de 5.000 horas de treinamento e mais de 10.500 horas de consultorias em pequenas e microempresas de 13 estados do país, através do Propan. Bianchini falará sobre “PROPAN Gestão de custos para eficiência operacional / Modelos de negócios que sobrevivem à crise”. Carolina Câmara Empresária e administradora de empresas, especialista em gestão de resultados no segmento de alimentação e comportamento empresarial. Atua há 18 anos em consultorias e mentorias em padarias. Durante o Congrepan, participará da sala PROPAN Gestão de custos para eficiência operacional/ Modelos de negócios que sobrevivem à crise. Carolina estará ao lado de Lino Bianchini, falando sobre “PROPAN Gestão de custos para eficiência operacional / Modelos de negócios que sobrevivem à crise”. Rafael Brito Pereira e Ludmila Espíndola Fundadores da The Slow Bakery, uma padaria carioca que respeita o tempo e os processos artesanais de produção. Tem o fermento natural e a longa fermentação como a essência do seu trabalho. Fundada em 2014, a SLOW produz hoje 4 toneladas de pães por mês, todos feitos da mesma forma de quando era ainda um pequeno ateliê. Ambos participarão do fórum “Importância da fermentação natural nos pães especiais”. Ângelo Souza Diretor da Prática divisão Technipan, que desenvolve, fabrica e comercializa fornos profissionais, ultracongeladores e máquinas de panificação para oferecer o que a de mais moderno ao mercado. Detentora

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das marcas Technicook, Technipan e Klimaquip, a Prática é referência no segmento de equipamentos para o preparo de alimentos no Brasil. No encontro ele participará do painel sobre “Processos e Inovação”. Mariana Cenci Weckerle Arquitetura de formação, a gaúcha é editora do perfil Guia Natureba, com dicas de alimentação terapêutica e nutrição esportiva. Somando mais de 63 mil seguidores, ela já é referência no Brasil. Ela estará presente no Congrejoven, no painel “Tendências de saudabilidade na padaria” e no painel “Alimentos saudáveis na nutrição”. Leandro Harter Proprietário da Levain Padaria Artesanal, Harter é padeiro por paixão e profissão, cervejeiro e amante da fermentação natural. Estudou panificação avançada na Levain Escola de Panificação, cursou ainda Marketing e fundou seu próprio negócio: a Levain Padaria Artesanal, em Porto Alegre, que oferece muito mais que um pão aos clientes: o local é uma oportunidade única para degustar pães produzidos artesanalmente e com fermentação natural. No Congrepan dará uma rica contribuição, no fórum “Importância da fermentação natural dos pães especiais”. Caroline Kurzweil Analista de pesquisa da Euromonitor International (soluções de pesquisa de mercado que conectam as metas das organizações às oportunidades globais). Caroline voltou para São Paulo após cinco anos de universidade e estágios nos Estados Unidos. Se formou na universidade Boston Questrom School of Business, em marketing. No Congrejovem participará do painel “Tendências e saudabilidade na padaria” e no painel “Alimentos saudáveis na nutrição”. Tiago Abravanel Ator e cantor, conquistou sucesso de crítica e público quando interpretou Tim Maia no musical “Tim Maia: Vale Tudo”. Iniciou a carreira aos 17 anos na peça TeenBroadway. Além do teatro, possui atuações na tv e cinema, como na novela Salve Jorge e o filme Amor em Sampa. Fará um show para fechar o evento com chave de ouro. •


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