BHSabor - Edição 1

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Revista para belo-horizontinos amantes da boa comida • Ano 1 • Ed. 1 • jun/jul-17 • Distribuição gratuita.

Um pausa na rotina Refrescante ou quentinho, o chá nos convida a achar uma brecha na correria do dia a dia para relaxar e desanuviar a mente. Delicie-se com as histórias e sabores dessa bebida milenar

Chef de Família

Espaço Veggie

Dica do Expert

Receita de um prato vietnamita com uma história incrível!

Surpreenda-se com essa receita perfeita de lasanha de abobrinha

Saiba como harmonizar vinhos com quem melhor entende do assunto

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• Editorial •

BHSABOR

Pode vir que tá na mesa!

BHSabor é uma publicação da

Eu não sabia cozinhar. Não gostava, não me interessava pelo assunto. Minha mãe, engenheira raladora, me ensinou muito, mas não a curtir casa e cozinha quando ainda morava com ela. Não cabia, não havia tempo. Está com fome? Vai na cozinha e come. Minha referência de cozinha em casa era mais ou menos essa. Interessante pensar que, ainda assim, ao lembrar dos fins de semana na casa da minha bisavó (única de cuja companhia pude desfrutar por mais de uma década), a memória afetiva me leva diretamente para a copa da casa, com mesa posta com empadinhas e arroz doce, todo santo dia de visita nossa. O breve pensamento pelas casas dos meus dois avôs que me deixaram cedo, antes dos meus cinco anos, me traz sabores de novo: vaca preta na sorveteria de Campos Altos, gelatina (que não me deram!) na casa da Rua do Ouro de um avô e as balinhas que apareciam magicamente (sempre!) nos bolsos da camisa do outro. A fase adulta me levou (de leve) para a cozinha com a chegada dos filhos. Mas foi o fato de meu marido ter optado por se tornar vegetariano há anos atrás que me despertou para algumas aventuras culinárias. As idas para a cozinha acabaram me envolvendo e dessa combinação de culinária, design e o trabalho com os produtos editoriais nesceu a BHSabor. A ideia da nossa revista é levar a você, a cada edição, um conteúdo editorial leve e prazeroso, remetendo às boas conversas, histórias e lembranças proporcionadas em torno da mesa e de boas refeições. Tudo isso feito com uma abordagem aconchegante e clara, de um jeito bem mineiro, como todo belo-horizontino gosta. Receitas de família, conversas com produtores locais, sugestões e novidades envolvendo o universo da boa mesa são alguns dos conteúdos que serão tratados por aqui. E sempre assim: com carinho, capricho, sem frescura e com muito sabor. Sintam-se servidos e em casa! Um abraço carinhoso,

Gíria Design e Comunicação Rua Francisco Deslandes, 869/1.103 CEP: 30.310-530 | (31) 3222-1829 Diretora geral / editora Carolina Lentz Projeto gráfico, design e redação: Carolina Lentz / Equipe Gíria Jornalista responsável: Nathalia Ilovatte - MTE: 0069528/SP Tiragem: 8.000 exemplares Distribuição: Gratuita, em blitz dirigidas pela região centro-sul de Belo Horizonte e nas lojas Pão e Companhia, do Cruzeiro e Anchieta. Foto da Capa: Banco de imagens Cartas à redação e sugestões: bhsabor@giria.com.br Para anunciar, ligue: (31) 3222-1829 fb/revistabhsabor parceiro de distribuição:

Carolina Lentz

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• Petiscos • Natural e com amor Comida saborosa e preparada com o maior carinho, um ambiente aconchegante e donos encantadores fazem do Grãos de Amor um destino perfeito para todo bom de garfo, mesmo aqueles que não são adeptos de uma alimentação natural. A casa localizada no Vale do Sol, em Nova Lima, tem a cada dia um prato diferente, com ingredientes frescos, orgânicos e artesanais. Industrializados passam longe da cozinha, e quem prepara as delícias é Alex Machado, que sempre cozinhava para os amigos e recebeu de um deles a sugestão de abrir um restaurante. O empresário começou vendendo congelados na Pampulha. Depois, foi para o Vale do Sol, ajudou a fundar uma escola antroposófica na região e alugou a cozinha para preparar marmitex. “Em seis meses precisei procurar um restaurante porque a escola estava com muito movimento de clientes procurando a comida que eu fazia”, conta. Há 7 meses abriu o Grãos de Amor, e recebe clientes de Belo Horizonte e também da vizinhança, com quem costuma fazer permutas. “Se a pessoa tem uma horta e está com um excedente que não vai conseguir consumir, ela oferece alface, por exemplo, em troca de almoço, de sanduíche. Acontece muito e para nós é bom porque sabemos que é um alimento orgânico, produzido no quintal da pessoa”, explica. Entre os pratos da casa estão a berinjela à parmegiana coberta com castanhas do Pará e o mexidão. Para acompanhar, sucos naturais de frutas da época, cerveja artesanal e Kombuchá, um refrigerante natural feito a partir de chá verde ou chá preto, açúcar e uma colônia de bactérias. Grãos de Amor Cozinha Natural Aberto de segunda a sábado, das 11h40 às 14h30. Aceita cartões de crédito e débito, Visa e Master. Preços: R$ 20 o prato grande, R$ 17 o médio e R$ 10 o infantil. Avenida Marte, 611, Vale do Sol. Nova Lima (MG). Contato: (31) 99864-9880.

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Sem desculpas para sair da dieta A falta de tempo para cozinhar e as opções calóricas dos restaurantes próximos do trabalho não são mais motivo para sair da linha durante a semana. Como o nome já diz, o Marmita Fitness entrega à domicílio opções para quem quer só quer uma alimentação saudável ou para quem tem planos de virar muso fitness do Instagram. No cardápio, opções como filé de frango grelhado com arroz integral e mix de legumes, omelete de espinafre com queijo branco light, escondidinho de batata doce e carne de soja. Em julho, novas opções serão incorporadas ao cardápio. A ideia de entregar marmitas light veio quando o empresário e idealizador do delivery, Ewerton Pereira, começou a preparar a própria comida para não precisar comer em restaurantes. “Como trabalhava fora o dia todo, sempre almoçava fora. Geralmente a comida é pesada, muito óleo, muito sal, muito produto industrializado e quando vamos a um restaurante com boas opções, o preço é altíssimo”, explica. O Marmita Fitness atende toda a cidade de Belo Horizonte e região metropolitana. As entregas são feitas de segunda a sexta e o cardápio de 15 opções de pratos congelados, além de sucos naturais. “Nosso desafio é oferecer aos nossos clientes uma experiência mágica, com excelência no atendimento e comida saudável, gostosa e prática a preços acessíveis”, ressalta Ewerton. Os preços variam entre R$ 14 e R$ 18, e há opções médias, de 300g, e grandes, de 450g. A entrega mínima é de cinco unidades. Marmita Fitness Aceita cartões de crédito, débito e tickets. Contatos: (31) 3394-4256; (31) 99111-1041. No Facebook, fb.me/marmitafitnessbh.


Dicas e sugestões saborosas para abrir seu apetite no cenário gastronômico de Belo Horizonte! O melhor da França Em um ambiente clássico e elegante, o restaurante L’Entrecôte Bistrô reúne no menu excelentes opções da gastronomia francesa. O cardápio foi atualizado no ano passado, depois que a casa passou a ter nova direção, e com a ajuda dos clientes, que opinaram sobre os pratos e o atendimento. Agora, além do tradicional Entrecôte com Fritas, um suculento e macio corte de carne que é o carrochefe da casa, o menu tem novidades como o Duo de Gravilax: salmão curado com especiarias, endro dill e creme azedo. De sobremesa, Poires Belle Hélène, pera cozida em açúcar de baunilha, servida fria com calda de chocolate quente e sorvete, que faz com que o chocolate se solidifique e forme uma deliciosa casquinha. A carta de vinhos oferece opções de qualidade para acompanhar. das 19 às 0h para jantar à la carte, aos sábados das 12h às 17h e das 19h à 0h, e aos domingos, almoço L’Entrecôte Bistrô à la carte das 12 às 17h. Rua Marília de Dirceu, 116. Aberto às segundas, das 12 às 15h, para almoço exe- Em frente à praça Marília de Dirceu. Lourdes, Belo cutivo e à la carte, de terça a sexta das 12 às 15h e Horizonte (MG).

Para deixar o coração quentinho Quem para no trânsito da rua Barão de Coromandel, no Caiçara, logo sente o carro ser invadido por um cheirinho que remete à infância. E não é raro ver motoristas deixando a pressa para lá e cedendo aos apelos dos aromas que saem do forno da Bolo Doce Bolo. Preparados pelas mãos da jornalista e confeiteira Nalu Saad, os quitutes têm um quê de casa de vó, com família reunida na mesa e café quentinho. Os sabores são simples. Limão, laranja, milho, cenoura com gotas de chocolate são algumas das opções. A massa é fofinha, o cliente pode escolher a cobertura, e se a pressa persistir, ainda há a opção de saborear só uma fatia, ali mesmo, no balcão. A Bolo Doce Bolo também entrega em casa, e na dúvida do que escolher, vale dar uma espiada nas

postagens mais recentes da página da loja no Facebook. Além de dar água na boca, as fotos e textos são pura poesia. Bolo Doce Bolo Aberto de segunda a sábado, das 7h30 às 19h. Rua Barão de Coromandel, 41, Caiçara. Tel. (31) 2520 0697. No Facebook, fb.me/bolodocebolobh

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• Petiscos • Happy Hour com sabores da Itália Conhecido pelos deliciosos pratos típicos da gastronomia italiana, o restaurante Est! Est!! Est!!! é boa pedida também para petiscar e tomar alguns drinks com amigos. Às terças, das 18 às 20h30, o happy hour é à moda italiana. Quem consumir bebidas alcoólicas recebe alguns agradinhos do chef como cortesia. O dia seguinte é a Mercoledi delle Donne, ou quarta-feira das mulheres: as mesas com quatro mulheres ganham um espumante se consumirem algum antepasto ou prato principal. Já às quintasfeiras os clientes têm rodada dupla de drinks entre as 18 e as 21h, e o favorito é o Spritz Aperol, feito com prosecco, Aperol e laranja. O preço é R$ 25. Entre as cervejas, as sugestões são a Corleone (R$ 26), uma imperial red ale com cinco maltes nobres, cujo sabor é ora amargo e cítrico, ora doce e caramelado, e seco no final, e também a Leopoldina (R$ 34), uma India pale ale com aroma de notas cítricas e florais.

O Est! Est!! Est!!! também tem uma extensa carta de grappas nacionais e italianas, com preços entre R$ 14 e R$ 48, e bons vinhos. Est! Est!! Est!!! Autentica Cucina Italiana Aberto de terça a quinta, das 12 às 15h, e das 18 às 23h30. Às sextas-feiras, das 12 às 15h e das 18 a 0h. Aos sábados, das 12 às 16h e das 19 às 0h. Aos domingos, fica aberto das 12 às 16h. Avenida Getulio Vargas, 107, Funcionários, Belo Horizonte (MG).

Do namoro ao casamento Romantismo é mesmo a marca registrada do Ephigênia Bistrô. O ambiente intimista e aconchegante, aliado aos saborosos pratos autorais que misturam influências europeias à culinária brasileira, é o lugar perfeito para um jantar a dois. E o romance que começa entre os vinhos selecionados do menu do Ephigenia Bistrô pode ser oficializado ali também. A casa charmosa situada no bairro Santa Efigênia é muito procurada para doces e encantadores mini weddings, que além do cenário apaixonante contam também com um cardápio delicioso. O chef, Robson Viana, é especialista em culinárias francesa, italiana e contemporânea, e um dos pratos de maior destaque é o tornedor de filet mignon ao molho de jabuticaba com risoto de brie. Vale a pena experimentar. Ephigênia Bistrô Rua Grão Pará, 20, Santa Efigênia. Aberto para almoço de terça a domingo, das 11h30 às 16h, e para jantar, de terça a sábado das 18h a 0h. Aceita cartões.

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Para gente grande e pequena Criado por Camila Verdeja, o site Pequeno Gourmet é um prato cheio para quem tem criança em casa e deseja introduzir bons hábitos alimentares na família. Adepta de um estilo de vida saudável e fã de gastronomia, Camila descobriu na maternidade o prazer de preparar papinhas e de acompanhar de perto um mundo sendo descoberto através dos sabores, das cores e das texturas. Economista de formação, a autora reúne no site diversas receitas, sugestões de leitura, experimentos gastronômicos e muitas dicas de alimentação saudável e colorida para despertar nas crianças as maravilhas do mundo da boa comida. Vale o acesso: www.pequenogourmet.com.br


Entre amigos e em família Não há nada mais mineiro e com gostinho de tradição familiar do que o queijo. Mesmo assim, alguns têm histórias especiais. É o caso dos queijos curados da Queijenharia, que leva esse nome porque o dono, Fernando Guimarães Rodrigues, trocou o trabalho como engenheiro civil pela maturação. “Desde menino tenho os queijos como hobby. Meu avô tinha um depósito em Araxá, comprava o que era produzido na região, esperava curar e transportava para São Paulo. E assim fomos criados, brincando atrás das pilhas de queijo”, recorda. Nas festas entre amigos, ele sempre levava os queijos. Até que, no reveillon de 2014, a turma avisou que não ia mais comprar em lojas, só comeria os fornecidos por Fernando. “Eu falei que então eles teriam que pagar, e assim nasceu a Queijenharia. Deixei um trabalho como engenheiro, que me obrigava a viajar o Brasil todo, e finquei pé aqui para fazer queijos”. “Aqui” é Canto das Águas, localizado em Rio Acima, onde Fernando acaba de dar a cura nos queijos produzidos em uma fazenda em Araxá. As opções da Queijenharia são várias: trufado com goiabada (foto), amêndoas defumado, ervas finas, azeite, entre outros. Mas Fernando tem um favorito. “Eu sou suspeito porque cada novo queijo leva de 6 meses a um ano para desenvolver o sabor, mas o de café é o nosso xodó porque exige acompanhamento e uma dedicação maior”. As delícias da Queijenharia podem ser encomendadas e recebidas a domicílio, ou compradas em algum dos pontos de venda, como o Empório dos Queijos, no Mercado Central, o Empório Nacional, no Gutierrez e o Pedal e Prosa Café, no Santa Efigênia. Queijenharia www.queijenharia.com.br contato@queijenharia.com.br Wtsp: (31) 99981-5210

Vegetariano made in Taiwan Quem passa pela Avenida Getúlio Vargas, próximo à Praça da Savassi, não imagina que aos fundos de uma discreta galeria existe o Yan Shan Zay, restaurante vegetariano com temperos asiáticos em um self-service com pratos simplesmente deliciosos. Em geral, são servidos 13 opções de pratos quentes, 8 saladas, 2 tipos de sobremesa e frutas. Vale a pena experimentar! Yan Shan Zay Aberto de segunda a sábado, das 11h30 às 15h. Av. Getúlio Vargas, 1220, Funcionários. Tel. (31) 3261-9826. Aceita cartões de crédito, débito e tickets.

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• Chef de Família •

Pho,

um carrossel de sabores dentro da sua cozinha

Em Minas Gerais, culturalmente, a cozinha é a principal parte da casa. É ali onde acontecem as principais reuniões, as festas e os grandes encontros familiares. Seguindo esta tradição, eu comecei a cozinhar com o intuito de criar momentos para que minha família pudesse aproveitar da sua própria companhia. O que começou como evento isolado acabou tornando-se uma nova tradição. Para incrementar estes encontros, a busca por novos pratos passou a fazer parte de meu cotidiano. O que começou, timidamente, com pratos italianos e da cozinha mediterrânea (massas, frutos mar e saladas refrescantes), continuou com visitas obrigatórias pela gastronomia brasileira (carne de lata, feijoada, barrigada...) para, finalmente, chegar nos sabores exóticos da cozinha oriental. Para esta investigação, comecei a descobrir inúmeros conteúdos disponíveis na internet (canais de vídeo, reportagens, receitas, artigos e técnicas) e na televisão (programas de gastronomia e culinária). Foi um destes programas, o Anthony Bourdain Sem Reservas, que me fascinou com uma de suas viagens pelo inusitado Vietnã e com o prazer com que comia o prato máximo nacional: o PHO. O PHO é um caldo com macarrão de arroz com o complemento de carne ou frango e com guarnição de ervas frescas, cebola e muita pimenta. O que esta verdadeira iguaria tem de fenomenal é a sua capacidade de despertar todas as possibilidades do paladar em uma verdadeira explosão de sabores e texturas a cada nova colherada. O primeiro desafio foi a dificuldade de escolher uma receita confiável, entre tantas disponibilizadas na blogosfera. Acreditei no meu instinto e fui ná fé, para começar a experimentar a confecção do prato. A primeira tentativa não empolgou muito, somente eu e minha esposa atravessamos o jantar até o fim. Mas enxerguei potencial ali, para continuar tentando. Da segunda vez em diante, a

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Por Heleno Polisseni* adesão foi crescendo e, hoje em dia, o PHO é o mais requisitado para chefiar o cardápio dos encontros familiares em minha cozinha. Porém, sem possuir nenhuma referência gustativa sobre aquela comida, como saber se eu esta mesmo produzindo um legítimo PHO? Podia estar servindo, sem saber, uma sopa do Sião ou um caldo verde da Tanzânia. Para minha alegria, um primo, que morou algum tempo no Vietnã, provou e aprovou a minha versão. Passei na prova de fogo e hoje em dia sei que consegui trazer os sabores da Ásia para dentro de casa.

Receita do PHO Tempo de Preparo: 4 horas Rendimento: 8 Porções Ingredientes do caldo: - 1,5 kg de costela bovina (com muita carne) - 1 kg osso bovino (cortado) - 2 cebolas grandes - 1 pedaço de gengibre (10 cm) - 20 g de tempero de peixe bonito - 2 colheres de sopa de açúcar - 1 colher de sopa de sal - 5 unidades de anis-estrelado - 1 colher de chá de pimenta do reino em grãos - 2 pedaços de canela em pau (5 cm) - 1 colher de sopa cheia de cardamomo - 1 colher de chá de cravo. Ingredientes da macarrão e das guarnições: - 400 g. de macarrão de arroz (prefiro o talharim) - 300 g. de filé mignon congelado - 1 maço de manjericão italiano - 1 maço de coentro - 1 maço de cebolinha - 300 g. de broto de feijão - 1 cebola


- 1 alho poró - 2 pimentas dedo de moça - Molho de pimenta (preferencialmente oriental) - 1 limão tahiti, fatiado em gomos Preparo do caldo: 1 - Em uma panela com água, de no mínimo 8 litros, ferva por 10 minutos as costelas e os ossos e depois lave-os na água fria. Este procedimento é muito importante pois deixarão o caldo o mais transparente possível. 2 - Em uma panela apropriada, ferva em torno de 6 litros de água e adicione a costela e os ossos, devidamente limpos. 3 - Descasque as cebolas e parta o gengibre ao meio. Utilize a chama do fogão para queimar levemente a cebola e o gengibre, para liberar seu óleos e aromas. Adicione-os ao caldo. 4 - Adicione o sal, o açúcar e o tempero de peixe bonito ao caldo. 5 - Deixe cozinhar por 1 hora. 6 - Em uma frigideira quente, coloque o anis-estrelado, a pimenta do reino, o cardamomo, a canela e o cravo e deixe torrar um pouco, até sentir seus aromas. 7 - Usando um saco de infusão ou embrulhados em um tecido apropriado, mergulhe as especiarias no caldo. 8 - Deixe cozinhar por mais 1 hora. 9 - Retire do caldo os ossos e as especiaria e descarte. Retire a costela, desfie e reserve para servir como guarnição. 10 - Coe o caldo. Preparo do macarrão e das guarnições 1 - Corte o filé mignon em fatias finas, quase como um carpaccio. Para facilitar, retire do congelador com 30 minutos de antecedência e utilize uma boa faca. 2 - Desfolhe as ervas, pique a cebolinha e a cebola em meia lua e reserve. 3 - Pique a pimenta dedo de moça sem sementes em fatias finas e reserve. 4 - Cozinhe o macarrão segundo as instruções do fabricante. Montagem do prato 1 - Mantenha o caldo em fervura. 2 - Em uma tigela de sopa, coloque no fundo fatias do filé mignon e acrescente um

pouco de carne de costela desfiada. 3 - Utilizando uma peneira metálica, aqueça uma porção do macarrão e de broto de feijão no caldo fervente (1 minuto). 4 - Acrescente à tigela o macarrão e o broto de feijão e cubra -os com o caldo fervente. 5 - Acrescente à tigela as ervas a cebola e as pimentas a gosto. 6 - Sirva imediatamente. *Heleno é designer e professor.

Você tamb é

chef Se vo na su cê ad a fam o histó r a ília? c oz ria suces legal de inhar e tem uma so en receit uma tre a mand a que su e f public para nós a família e am az que e ada n igos, la po bhsa a nos de bor@ s giria a próxima rá ser .com ediçã .br o!


• Matéria de Capa •

Mais chá, por favor!

Suave ou intenso, refrescante ou bem quentinho, o chá é uma bebida que tem história, tradições e o poder de resgatar a calma no dia a dia

Por Nathalia Ilovatte* Preparar com a merecida delicadeza, aguardar, inspirar sentindo o aroma e, então, saborear. Com calma, um gole de cada vez, aproveitando a pausa na rotina para descansar a mente das preocupações. Em algumas religiões, o chá é uma maneira de encontrar a paz. Não à toa, pois para ser aproveitado plenamente, ele pede atenção de todos os sentidos e convida a esse ritual meditativo. Com ou sem companhia, a hora de saborear um chá só fica completa se vier acompanhada de suavidade. Deve ser por isso que, no país do café, ele vem conquistando cada vez mais xícaras.

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Uma pesquisa realizada pela E.life, consultoria que analisa o comportamento do consumidor a partir do monitoramento de redes sociais, mostrou que o consumo de chá cresceu mais aqui do que no resto do mundo. Entre 2011 e 2016, o aumento nas buscas pelo termo foi de 168%, e quem mais se interessou pela bebida foi o público jovem e feminino. A empresária e sommelier de chá Andrea Oliveira construiu uma relação afetiva com ele na década de 80, quando morou na Europa e precisou encontrar algo para se aquecer. “Eu não tomo café, e mudei para lá no inverno, quando é inconcebível não tomar alguma coisa quente. Aí, fui tomar chá e me apaixonei”, conta. Por lá, Andrea conheceu os chás “de verdade”. É que os nossos mais tradicionais são chamados de infusões, pois para uma bebida ser considerada chá ela precisa ter a erva Camellia sinensis, uma planta que não é comum no Brasil. “Os chás de lá eram totalmente diferentes do que eu conhecia. Eles têm outros sabores e texturas”, recorda a sommelier, que se apaixonou também pelos rituais. “Fiquei encantada pela questão da cerimônia, por ser um momento de relaxar, de curtir fazer. O chá remete a tempo para degustar, para curtir, e foi justamente isso que me agradou”.

(...) os nossos (chás) mais tradicionais são chamados de infusões, pois para uma bebida ser considerada chá ela precisa ter a erva Camellia sinensis, uma planta que não é comum no Brasil. Formada em administração e professora universitária há 22 anos, ela decidiu, depois de tanto frequentar as poucas casas de chá que existem por aqui, abrir a própria. Foi estudar a bebida em Buenos Aires, tornou-se sommelier de chá pelo El Club del Té. E assim nasceu a Santo Chá, uma casa no bairro Santa Tereza dedicada às bebidas mais tradicionais, aos blends, às infusões e até aos drinks alcoólicos com sabor de ervas. “Recebo

Para prepara r

um

bom chá Andrea recom enda comprar bons forneced ervas de ores de chá, e evitar aque conhecidas op las ções de saquin ho que são ve didas nos supe nrmercados. “N ão estou desmerecendo, m as se a gente nã o vê a erva, nã tem como sabe o r a qualidade dela. O ideal é que seja a gran el para perceb ermos como el está funcionand a o”, orienta. A erva pode se r co lo ca da na água de de um infusor, ntro um coador ou uma peneirinh Mas cuidado co a. m a quantidad e! Cada 200 m de água precisa l de apenas 2 gr amas de chá. “Se colocar m uita erva acab a amargando chá”, explica. Ou o tra coisa que tem esse mes mo efeito nega tivo é deixar a erva por muito tem po. O ideal é qu em infusão e ela fique em contato com a água quente por no máxim três minutos. o Por falar em ág ua quente, na bulhas na cane da de borca. Ao esquenta r a água miner al (a ideal para chás, depois da água de mina) não deixe que , ferva. Tampouc o coloque a in fusão na água fria para depo is aquecê-la.

muitas pessoas curiosas, mas também muitas que já conhecem os chás e esperavam por um lugar para degustá-los. Vem gente de todas as idades e principalmente um pessoal jovem, descolado, que procura levar uma vida mais orgânica”, afirma. Com uma vasta opção de ervas que vêm da China, da Índia e da África do Sul, Andrea prepara chás de sabores intensos e também mais delicados, alguns quentes e outros bem refrescantes, e consegue conquistar o paladar até de quem entra na casa e recusa uma xícara do carro-chefe, jurando que não troca o café por nada. Basta oferecer um bom chá gelado para um cliente desavisado experimentar, e está feito mais um apreciador dessa bebida milenar. “Quando a pessoa pergunta o que é, e eu conto que é chá, fica surpresa”, diverte-se Andrea, que atribui a reação dos novos clientes à grande variedade de sabores pouco conhecidos por aqui. Coincidência ou não, o chá surgiu assim mesmo, como quem não quer nada. Foi em 2737 a.C, quando algumas folhinhas despretensiosas de Camellia sinensis acidentalmente caíram dentro da xícara de água quente do imperador chinês Shen Nung. Ele bebericou daquela mistura, gostou do resultado, e estava criado o chá. Foi só no ano 805 d.C, no entanto, que o Japão passou a cultivar o chá, depois que alguns mon-

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Santo Chá - divulgação

• Matéria de Capa •

No Santo Chá, até quem entra recusando uma xícara do carro-chefe da casa vai embora encantado pela bebida milenar ges budistas voltaram da China com a novidade. O país incorporou a bebida a rituais religiosos e a transformou, oficialmente, em uma forma de encontrar a paz. Mas ainda levou muito tempo até o chá ganhar o mundo. Foi Portugal, em 1560, que fez a erva chinesa viajar continentes e começar a se popularizar na Europa. A princesa portuguesa Catarina de Bragança apresentou à família do marido, o rei inglês Carlos II, aquela que viria a se tornar a bebida favorita da realeza britânica. Já por aqui, a Camellia sinensis desembarcou só em 1812. As primeiras mudas foram plantadas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

á cosverno recia um bom ch cer: o in o d p it e a Oh se aqu , quem

para m s frios Nos dia aposta certeira ra chá preto co u 2 t a r is m ta u m n r e e tuma te la, indiano qu , basta acresc ite e a lo s le a e rá d m a l i cha ra prep e água, 100 m rias. Pa ld a mistura especia a 100 m e mel. Quando á h c o d d s a a s a gram bore r. pa ra er de so r, é só coar e sa lh o c a m a u ulh r a borb começa

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O chai masala, que leva leite e mel no preparo, é uma delícia de opção para os dias mais frios De lá para cá, muito se descobriu sobre o chá. Inclusive que ele tem mesmo propriedades medicinais cientificamente comprovadas. Chás podem ser antioxidantes, digestivos e até anticancerígenos. “De uma forma geral todos os chás ajudam a baixar colesterol e pressão alta, e contribuem com uma boa digestão”, conta Andrea. Por isso, embora os chás sejam bem vindos a qualquer hora, os verdes vão bem principalmente após as refeições. Inclusive depois do jantar, já


Para acompa n

har seu chá

Pão de ló Band Cakes 5 ovos 350 gr de açúc ar 270 gr de farin ha de trigo espe cial 200 ml de leite quente 1 colher de café baunilha 1 colher de sopa de fermento em pó Modo de prep aro Bata as claras em neve e rese rve. Na batede ra bata o açúc iar e farinha e aos po as gemas e acrescente a ucos o leite fe rvendo. Por fim o fermento e as claras em neve . Unte a forma e asse por apro ximadamente 35 min a 190º .

no momento. Por ser digestivo, o chá verde vai bem com alimentos mais gordurosos, doces com muito creme e leite condensado. Já o chá branco, que é delicado, fica melhor sozinho. “Qualquer coisa que você comer vai sobressair ao sabor dele, que é muito suave”, aconselha. *Nathalia é jornalista formada na Universidade Santa Cecília, em Santos, mas escolheu Belo Horizonte para morar. Já cobriu Moda, Beleza, Comportamento e Mulher nos portais iG e R7.

Band Cakes - divulgação

que a bebida tem pouca quantidade de cafeína e não chega a interferir no sono. Pela manhã ou durante a tarde, a hora do chá fica ainda melhor se acompanhada de um bom bolo. A empresária Kátia Carabolante aproveita a primeira refeição do dia para se reunir com a família, conversar e comer bolo sobre o perfumado calor das xícaras de chá. “Bolo e família é sempre uma boa combinação. Temos que preservar ou resgatar essa conversa olho no olho, com boas risadas, boa prova, bons conselhos. Isso me recarrega as baterias e me deixa pronta para o dia a dia”, diz. Confeiteira e dona da Band Cakes, ela conta que a maioria dos clientes que vai à loja busca justamente isso: uma pausa para relaxar a mente. “Muitos vão à Band Cakes no meio da manhã ou da tarde e tomam um cafezinho ou chá com bolo. Às vezes sozinhos, mas no mais das vezes acompanhados. É um tempo que dedicam a si, suas famílias e seus amigos”, afirma. Quem é adepto dessa saborosa dupla já deve ter percebido que alguns chás ficam mais gostosos com bolos cítricos, outros com bolo de chocolate. Andrea explica que é possível harmonizar chás com bolos, pães e outros alimentos, mas não existe uma regra para cada erva. “O segredo da harmonização é a comida não sobressair ao chá e vice versa. Temos que nos perguntar o que realça o sabor do outro”, orienta. Segundo a sommelier, o chá preto inglês vai bem tanto com um sanduíche de pepino quanto com uma cheesecake de frutas vermelhas, e a escolha só depende do que você está a fim de comer

O segredo da harmonização de chás com bolos e outras guloseimas é o sabor de um não sobressair ao do outro

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• Espaço Veggie •

lasanha de abobrinha Essa receita é tão, mas tão, mas tão boa que, com todo respeito ao seu ingrediente principal, a abobrinha, é bem melhor do o nome apresenta. O prato fica perfeito com uma salada caprichada e completa um almoço vegetariano muito saboroso.

modo de preparo: Lave bem as abobrinhas. Rale todas e reserve. Em uma frigideira grande ou panela wok, aqueça o azeite, refogue o alho e despeje a abobrinha. Sobre ela, coloque o curry, o sal, a pimenta e acerte o tempero. Deixe cozinhar por aproximadamente 10 minutos, até que ela solte toda a água. Retire o excesso de água e reserve. Em um refratário grande, comece a montagem da lasanha: após a primeira camada de molho de tomate (preferencialmente caseiro, claro), coloque a massa e depois intercale: uma camada de massa, uma de abrobrinha bem espalhada, molho de tomate, molho branco, queijo minas ralado, mussarela, orégano e tomilho. A última camada deve ser de massa e, sobre ela, cubra com um pouco de molho vermelho e um pouco de branco, cobrindo com mussarela e parmesão toda a superfície. Leve ao forno pré-aquecido por aproximadamente 40 minutos e pronto.

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Ingredientes: • 500g. de massa para lasanha • 4 abobrinhas italianas raladas • 300 ml de molho branco • 300 ml de molho de tomate • 200 g. de queijo parmesão ralado • 250 g. de queijo minas ralado • 250 g. de mussarela ralada • 1 colher de sopa de curry • azeite extravirgem • sal e pimenta do reino a gosto • 2 dentes de alho picados • orégano e tomilho

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• Doçuras •

Yes, nós temos

bananas! Cheesecake de banana e doce de leite Ingredientes: • 4 bananas caturras bem maduras • 1 ½ xícara de bolacha maisena triturada • 6 colheres (sopa) de manteiga sem sal derretida • 800 g. de cream cheese em temperatura ambiente • 1/3 de xícara de açúcar • 1 colher (sopa) de essência de baunilha • 1 xícara de leite • 1 colher (sopa) de gelatina incolor sem sabor • 1 xícara de doce de leite pastoso modo de preparo: Triture os biscoitos, misture bem com a manteiga derretida e forre o fundo de uma assadeira (de fundo removível, com, aproximadamente, 25 cm de diâmetro). Corte as bananas em rodelas e as acomode sobre esta base, forrando todo o fundo. Leve à geladeira essa mistura por 1 hora. Em uma panela, em fogo baixo, misture o cream cheese com o açúcar e a baunilha. Mexa até formar uma mistura homogênea. Aqueça o leite e, em um recipiente, dissolva a gelatina no leite quente. Em seguida, misture ao recheio no fogo e mexa até uniformizar a mistura. Depois, cubra a base de biscoitos com a banana com o creme e leve à geladeira por 4 horas. Após este tempo, cubra o cheesecake com o doce de leite de sua preferência e leve novamente à geladeira por mais 2 horas. Depois desse tempo, desenforme com cuidado para servir e se deliciar.

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A rainha das frutas da nossa terra combina bem com tantos ingredientes que fica difícil até mesmo de selecionar as receitas. Separamos aqui algumas sobremesas incríveis, práticas e deliciosas para você fazer em casa e agradar em cheio.


Pudim de banana Ingredientes: • 6 bananas caturras bem maduras • 3 latas de leite condensado • 1 lata de leite integral • 4 ovos inteiros • 1 xícara de açúcar • 1/2 xícara de água modo de preparo: Primeiro, faça o caramelo: Em uma forma de alumínio com buraco no meio, de aproximadamente 25 cm de diâmetro, coloque 1 xícara de açúcar, misture com 1/2 xícara de água e deixe cozinhar, sem mexer para não açúcarar, em fogo baixo, até que forme um caramelo. Reserve. Corte 4 das bananas em fatias finas, no sentido do comprimento. Em um liquidificador, bata 2 das bananas, os ovos inteiros e o leite condensado. Acrescente o leite integral. Para obter um pudim mais lisinho, sem furos, bata o mínimo possível para homogeneizar a mistura. Com auxílio de uma peneira de malha fina, coe a mistura do pudim dentro da forma já caramelada. Disponha dentro as fatias de 4 bananas cortadas no sentido do comprimento. Ligue o forno na temperatura de 190º e, em banho maria, coloque o pudim no forno ainda frio. Cubra o pudim com papel alumínio e deixe assar por, aproximadamente, 1h30 minutos. Espere esfriar, desenforme e leve a geladeira até gelar. Delicioso!

Bananas assadas ao vinho Ingredientes: • 6 bananas caturras maduras • Suco de 1 limão • 1 colher (sopa) de amido de milho • 1 xícara (chá) de suco de laranja • 4 colheres (sopa) de vinho tinto • 2 colheres (sopa) de açúcar • 2 colheres (sopa) de uvas-passas escuras • 1 pau de canela modo de preparo: Corte as bananas ao meio no sentido do comprimento e distribua-as em um refratário levemente untado com manteiga. Regue com o suco do limão. Em uma panela, misture o amido de milho dissolvido no suco de laranja, o vinho, o açúcar, as uvas-passas e a canela em pau. Leve ao fogo baixo e deixe engrossar. Regue as bananas e leve ao forno durante 25 minutos. Sirva quente. Fica perfeito com sorvete de creme!

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• Dica do Expert •

COMER, BEBER, AMAR

E HARMONIZAR... é só começar! Por Míriam Aguiar* O inverno anuncia seus ares frios e a gente quer logo aproveitar aquilo que ele tem de melhor a oferecer...a parte que nos esquenta: casacos e botas guardados, vinhos, chocolate e comidas quentes e, com sorte, uma boa companhia! Bom momento então para exercitar a arte de harmonizar vinhos e pratos e tornar a companhia desses elementos por si só reveladora e memorável. Não vou dizer que a prática da harmonização seja algo difícil, algumas regras básicas já ajudam bastante e não são complexas: pelo contrário, basta um pouco de sensatez para entendê-las e aplicá-las regularmente. No entanto, harmonizar com maestria, tornando o encontro entre prato e vinho algo provocador de sensações deliciosas, já não é algo tão fácil e que acontece a todo momento. Normalmente, irá exigir, além de experiência na arte de harmonizar, um conhecimento mais minucioso dos vinhos e pratos disponíveis para serem compatibilizados.

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Penso que é preciso trabalhar duas dimensões importantes: equivalência e equilíbrio. Ser equivalente significa corresponder, ser proporcional ao outro em valores e, no caso do vinho e do alimento, presume-se que haja correspondência entre alguns aspectos, como estrutura, aromaticidade e temperamentos. Equilíbrio, segundo uma das definições do Aurélio, quer dizer “igualdade das forças de dois corpos que obram um contra o outro” e nos fala mais de uma oposição entres valores, visando o balanceamento de certas características. Esse ajuste, no caso da gastronomia, irá atenuar uma característica muito relevante de um alimento ou de um vinho, equilibrando os sabores e fazendo com que a percepção do conjunto seja mais interessante do que isoladamente. Afinal, o objetivo maior da prática da harmonização é fazer com que a ingestão combinada seja melhor do que separada: o vinho tornando a comida melhor e vice-versa. Se o principal objetivo de uma harmonização é tornar a experiência de comer e beber mais rica, eu não posso ofuscar nem a presença da comida nem a da bebida e para isso eu tenho que tentar colocar em sintonia alguns elementos de um e de outro, de modo que ambos tenham relevância no ato gastronômico. Se eu tiver um mais evidente, eu diminuo o outro. Assim, a primeira regra é considerar o corpo ou o peso do vinho e o da comida. Se eu beber um vinho muito forte com um prato muito leve, eu não vou perceber a comida, bem como se eu comer um prato muito forte com um vinho levinho, ele passará imperceptível. E o que dá peso ao vinho e à comida? No primeiro caso, é a própria cor do vinho – vinhos tintos tendem a ser mais fortes do que vinhos rosados, que tendem a ser mais fortes do que vinhos brancos, seguidos de espumantes. Mas não é só este aspecto – a graduação alcoólica, o tipo de uva, a tanicidade do vinho são elementos que dão mais estrutura ao vinho.

E no caso da comida? São os ingredientes do prato que determinam seu corpo, mais a forma de preparação do prato, mais condimentos e elementos agregados. Assim, quando eu falo em carne de porco, pode me vir algo pesado à cabeça, como um leitão à pururuca, mas come-se também bifes de lombo grelhado, que podem ser muito semelhantes à carne branca magra, como um filé de peito de frango. É o caso também das massas, que dependem dos molhos para dar a direção do prato.

Afinal, o objetivo maior da prática da harmonização é fazer com que a ingestão combinada seja melhor do que separada: o vinho tornando a comida melhor e vice-versa. Daí temos a afirmação corriqueira de que “vinho branco se acompanha com peixe” – o que faz todo sentido, já que apresentam em boa parte das vezes pesos mais semelhantes. Mas ATENÇÃO: não se pode generalizar! Temos que um sashimi, iguaria japonesa à base de peixes crus, fica muito bom com um espumante branco, bebida que também é leve e fresca. No entanto, se o objetivo é harmonizar um prato de peixe, como uma moqueca baiana, com molho rico e acrescido de outros ingredientes fortes e gordurosos, como leite de coco e azeite de dendê – podemos até acompanhá -la de vinho branco, mas certamente este precisará de mais estrutura, a serem conferidos pelo tipo de uva, pela passagem em madeira, pela potência

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• Dica do expert • alcoólica e, neste caso, há possibilidades também de harmonização com vinhos rosados e até tintos. Da mesma forma, é mais usual se harmonizar vinho tinto com carnes vermelhas, mas podem haver exceções e, certamente, há uma variação entre estruturas de vinhos tintos distintos e carnes vermelhas. Assim, o vinho que poderia te acompanhar num filezinho a palito não deve ser o mesmo do leitão à pururuca. Outra sintonia interessante, advinda da tentativa de gerar equivalências é buscar alinhar a característica aromática do vinho à dos temperos e molhos do prato, como harmonizar pratos levemente picantes e vinhos ricos em especiarias. Se você for beber um vinho com alimentos mais doces, pensar na equivalência também é fundamental – para tal, temos até vinhos que são chamados vinhos de sobremesa, que são vinhos bem doces para acompanharem as sobremesas. Por mais que isso possa parecer bizarro: colocar um vinho doce para acompanhar um prato que já é bastante doce – o fato é que a sobremesa tende a “aguar” o vinho e para que ele mantenha seu sabor vivo, presente, deverá acompanhar a concentração de açúcar da sobremesa. Falei de exemplos da harmonização por equivalência, mas nem sempre essa é a regra soberana: às vezes o equilíbrio se faz mais necessário ou a conjugação de ambos, pois além de pensar no peso equivalente, eu posso usar de certas características dos vinhos que vão tornar a percepção da comida mais agradável, atuando no ajuste dos elementos

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organolépticos. Na verdade, fazemos isso o tempo todo na cozinha para gerar um prato a partir de certos ingredientes, eu vou temperando – ajustando sabores e texturas para tornar a comida mais saborosa. De um limão, se faz uma limonada, não? Como? Equilibrando a acidez com o dulçor. Assim, que tal projetar isso para o caso do vinho e pensar que se um prato é muito ácido ou salgado, eu posso ajustar essa acidez com um vinho mais frutado? Daí decorrem célebres casamentos gastronômicos regionais, como o Lambrusco com Presunto Parma ou o Queijo Roquefort com o Vinho licoroso Sauternes. Quando eu tenho um prato muito gordo, de untuosidade mais líquida (molhos cremosos, por exemplo) ou sólida (gordura intrínseca), fica mais agradável ter um elemento de ajuste e isso pode contar com a ajuda da acidez do vinho, dos taninos (vinhos tintos) e do fator desidratante do álcool. Se você abrir um vinho de guarda ainda tânico, não hesite em acompanhá-lo com uma carne com gordurinhas a mais, que ele logo ficará aveludado. Bem, isso é só o começo. Bora praticar? Saúde! *Míriam é Doutora em Comunicação e Cultura (USP) e Pós-doutora em Sociologia Rural (UFRRJ). É autora e apresentadora da série UVA & VINHO, da Web TV UVA e presta consultoria para o mercado de vinhos.


Para saber mais sobre vinhos Para amantes de vinho que estiverem na cidade maravilhosa em agosto, um programa imperdível. A renomada Escola de Sommellerie CAFA de Bordeaux, que encontra-se em momento de internacionalização, terá sua primeira versão latino-americana no Rio de Janeiro, representada pela especialista Míriam Aguiar, pesquisadora e professora, com doutorado e pós-doutorado na área de vinhos, dois livros e vários artigos publicados sobre o assunto. Nos dias 5, 12 e 26 de agosto, acontecerão as aulas da primeira turma, de 9h às 17h. Foram criados os Passaportes 1, 2, 3 e 4 – que são cursos intensivos, que introduzirão o tema do vinho de forma sequencial complementar e evolutiva – isto é, vários aspectos da produção, envelhecimento, serviço, degustação e acompanhamentos de vinhos de várias regiões do mundo serão abordados ao longo dos quatro passaportes. Ao final, o aluno terá um domínio amplo do universo do vinho e, caso queira se especializar com mais profundidade, segue para as formações mais extensas. Mais informações pelo site: bilaaguiar.wixsite.com/vinhocafabrasil

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• Boas Compras • Delícias são só os apelidos dos queijos tipo Minas curados artesanalmente da Queijenharia. Disponíveis nos sabores azeite, café, cardamomo, chimichurri, curry, ervas finas, goiabada, meia cura, mostarda preta, páprica picante, pimenta caiena e semente de mostarda ao malte. Onde encontrar: Cafeteria da Fazenda​, ​Rua Montes Claros​,​752​. Consulte outros pontos de venda em: www.queijenharia.com.br Preço: peças a partir de R$ 50,00.

A versão light do strogonoff de frango da Marmita Fitness acompanha arroz integral 7 grãos e batata souté. Delícia clássica sem culpa e com muito sabor. Onde encontrar: www.marmitafitness.com Preço: R$ 14,00 (330g.) e R$ 17,00 (500 g.)

Os vegetarianos podem ser deliciar com o feijão tropeiro do Grãos de Amor. Prato típico mineiro, este é feito com cogumelos defumados no forno à lenha e lascas de coco. Acompanha arroz integral, vinagrete e couve refogada. Onde encontrar: Grãos de Amor, Av. Marte, 611, Vale do Sol, Nova Lima. Preço: R$ 20 (grande), R$ 17 (médio) e R$ 10 (infantil). Aos sábados os pratos têm preço único de R$ 20.

Para os amantes de frutos do mar, a Insalata di Polipo do Est! Est!! Est!!! é uma excelente pedida. O prato é uma salada fria de polvo marinado com tomates confit, azeitonas pretas e picles de cebola roxa. Onde encontrar: Est! Est!! Est!!!, Av. Getúlio Vargas, 107, Funcionários. Preço: R$ 38,00.


O Entrecôte Alfredo do L’Entrecôte Bistrô é suculento e delicioso. É composto por entrecôte grelhado com fettuccine ao molho Alfredo e, tanto no almoço quanto no jantar, acompanha uma Salade de Saison pequena como entrada. Divino! Onde encontrar: L’entrecôte Bistrô, R. Marília de Dirceu, 116 A, (31) 2515-2811. Preço: R$ 36,90 (almoço executivo, 150g. de entrecôte) e R$ 58,00 (jantar, 200g. de entrecôte). Os salgados funcionais e integrais do espaço gourmet da Life Style, além de bem gostosos, são saudáveis e têm alto teor proteico. Dentre as opções há a torta de frango com alho poró e a coxinha de batata doce com frango. Delícias! Onde encontrar: Life Style, Rua Rio Grande do Sul, 1280, Santo Agostinho. Tel: (31) 2531-4108. Preço: Torta de alho poró a R$ 7,90 e demais salgados a R$ 6,90, cada.

O corneto ao creme de mascarpone com frutas vermelhas e sorvete de baunilha do Ephigênia Bistrô é daquelas sobremesas que nos enche de vontade de comer só de pronunciarmos o nome. Ao vermos a foto, então, salivamos! Vale demais experimentar. Onde encontrar: Ephigênia Bistrô, Rua Grão Pará, 20, Santa Efigênia. Tel: (31) 2535-3065. Preço: R$ 24,00.

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