mundoz
E NTUD JUVE A UR CULT R E Z LA LA O C S E ! MAIS E BEM
Não recomendada para maiores de 18 anos. Belo Horizonte . n.2 . jul/ago . 2019
o mundo
na mochila Se joga que o mundo é seu! Nessa edição trazemos tudo sobre o maravilhoso mundo do intercâmbio pra você!
fa l a , m o ç a da !
f u t u r o h oj e
ta m oj u n to
Sua obra pode aparecer por aqui e ser vista por muita gente
A Importância da programação para as profissões do futuro
A gente precisa falar sobre automutilação na adolescência
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e d i to r i a l
Mas se ainda não nos conhecemos, o prazer é todo meu! Se a gente já se viu antes, é sinal que está rolando uma continuidade...
Me guarda, vai? Não precisamos saber tudo um do outro assim, de uma vez. Me deixa num cantinho e vai me lendo aos pouquinhos...
E continue vindo. E participando, e se sentindo bem-vindo. Porque, sem você, não tenho razão de existir!
A gente é offline mas tem Instagram! Segue aí: @revistamundoz A Mundo Z é uma publicação bimestral desenvolvida pela Gíria Design e Comunicação, de Belo Horizonte, Minas Gerais. Editora responsável: Carolina Lentz. Foto da capa: banco de imagens. Distribuição gratuita para alunos (9º ano EF a 3º ano EM) e educadores das melhores escolas de BH. Para anunciar, opinar, apoiar ou contribuir, entre em contato com a gente: mundoz@giria.com.br • (31) 3222-1829. © Gíria Design e Comunicação 2019. Todos os direitos reservados.
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o q u e te m aq u i fa l a , m o ç a da ! Você também pode ter seu texto autoral ou arte publicados por aqui!
5 ta m oj u n to A gente precisa falar sobre automutilação na adolescência
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co n c u r s o o o ! ! ! Vem vem o vencedor do último e participar desse aqui!
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f u t u r o h oj e Programação e as profissões do futuro
n e ssa c a pa De malas prontas! Um tanto sobre intercâmbio pra você!
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fa l a , m e s t r e Uso de “o” e “lhe” Ler filmes e assistir a livros?
b at e - pa p o Universidade fora do Brasil?
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é fera no desenho? Sua arte na Mundo Z
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fa l a , m o ç a d a !
Desenhos incríveis que recebemos de meninas certamente incríveis também!
a Campos, s o b r a B s i r t a io Esse é da oBeMaris ta Dom Silvér do Colégi
Esse é da Isad
ora Aleixo, d a
Escola da Ser
ra
que não o ip t o , d Você é ma tinta u , is p á l um em pode ver ranco? v b m e l e um pap aqui! sua arte r a r t s o m
m.br o c . a i r i g mundoz@ ada! fala, moç : o t n u s s a
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fa l a , m o ç a d a !
Esse texto é de autoria da Mariana Rigueira, aluna do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Dorotéia
CORE S
A criança não via nada, não sentia nada, ela estava sozinha no meio daquele local sem vida, sem escuro e sem cheiro. Um local que nem mesmo o mais corajoso adulto tem coragem de entrar, um local onde os sonhos não existem e a única coisa possível de enxergar é o vazio. O choro não demorou para começar e se prolongou por horas e horas, permitindo ouvir o ecoar dos soluços da criança por todo aquele local sem vida. O desespero era nitidamente visível, a respiração ofegante, o choro constante e a sensação de que não conseguiria dar mais nenhum passo adiante naquela escuridão sem fim. O pequeno ser humano se sentia preso, impotente e com medo. – Não chore pequena criança - uma voz suave ecoa pelo local, fazendo a criança arregalar os olhos ao ouvir. As lágrimas cessaram um pouco quando a criança começou a procurar, com curiosidade, a dona da voz. Uma voz relativamente suave e macia, que a fez se sentir em total conforto, mesmo que estivesse em um local totalmente sombrio. Com dificuldade e as pernas tremendo, a criança tenta enfrentar o medo que se encontra no local em que estava, começando a andar com passos retos à frente escura. Ela procurava a voz que ouvira, a voz que trouxe paz ao seu coração por alguns instantes e que poderia ser a guia que mostraria o caminho para sair daquele lugar. Sentiu o desespero novamente durante a trajetória, ao ouvir gritos ecoarem pelo local, mas ela não sabia se os gritos vinham do vazio ou se vinham de sua mente. Mesmo assim continuou: a vontade de poder ouvir a voz doce mais uma vez for maior. A criança continuou, andando e andando, sem rumo e sem caminho para seguir. Até que encontrou algo brilhante à frente e correu para agarrar. Um fio dourado, do tamanho de uma linha de tear, uma fonte de luz em meio à escuridão. Seguiu o fio por longas horas, sempre que andava o recolhia e o guardava no palmo esquerdo de sua mão. Seus passos estavam começando a ser ouvidos, o som parecia estar voltando e, quando a criança achou que havia chegado no local de saída, o fio havia acabado.
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Lágrimas voltaram aos olhos do pequeno ser, mas o desespero não teve tempo de chegar, pois a criança ouviu uma gota bater contra o chão, que antes era duro e agora se tornou líquido. A cor azul foi predominante sob os pés dela, que sentiu seus dedos úmidos. Em seguida, a criança ouve outra gota e, quando percebe, a cor verde toma conta de sua visão. Várias tonalidades diferentes de verde, desde o verde mais musgo até o verde mais claro, refletidas apenas nos cristais mais raros do mundo. Após isso, foi-se ouvindo mais e mais gotas, junto com uma chuva de cores que em seguida, deram lugar a uma linda paisagem presenciada pelos olhos da criança. Árvores, rios, lagos e animais estavam em sua visão, junto com o grande céu azul e o grande sol amarelo, preenchendo agora o teto que antes era preto. – Vá pequena criança – a voz ecoou novamente, fazendo um sorriso surgir nos lábios do pequeno ser, que logo saiu correndo. Agora brincava nas águas e entre as árvores, olhando os animais que a encaravam com curiosidade, mas ao mesmo tempo com alegria. A criança havia conseguido escapar daquela solidão. O que ela não sabia era que, de longe, alguém a observava. Uma mulher, com longas vestes pretas da mesma cor de seus cabelos, ao contrário de sua pele que é da cor da Lua. Esbelta como descrita nas lendas, a mulher encara a criança brincando uma última vez, antes de se virar e começar a adentrar as árvores. Ela sabia que ainda não era a hora de a criança conhecê-la, mas que em alguns anos eles finalmente iriam se encontrar.
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n e ss a c a pa
Facilidades de comunicação com a família e cursos com preços e durações diferentes são alguns dos fatores que têm facilitado o acesso a intercâmbios para a juventude de hoje. Saiba mais sobre tudo o que envolve essa possibilidade incrível de experiência de vida aqui com a gente! Já pensou em como seria viver e estudar em outro país? Explorar diferentes culturas, aprender uma língua nova, conhecer outra escola e, de quebra, ainda matar aquela curiosidade sobre como seria viver com outra família, mesmo que só por algumas semanas? Para experimentar tudo isso é que muita gente sonha em realizar um intercâmbio fora do Brasil. Muito mais do que aperfeiçoar o vocabulário em uma segunda língua, quem viaja de intercâmbio tem a possibilidade de viver uma experiência repleta de situações instigantes, que ajudam o estudante a amadurecer muito. É, fundamentalmente, um momento de troca, no qual o intercambista poderá desenvolver melhor o seu senso de empatia por pessoas
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com costumes diferentes, além de escancarar o seu leque cultural pelo mundo. Mas, como fazer isso? Existem vários estilos de intercâmbios que hoje possuem, não apenas durações e destinos distintos, mas também objetivos e formas de hospedagem variados. Um dos mais comuns é o high school, em que o aluno cursa um período do Ensino Médio em outro país, mas também existem opções para quem quer aprender um idioma, ou fazer um curso de férias, por exemplo. preparação é fundamental Todo o processo que vem antes da tão aguardada viagem também é muito importante, já que é a etapa de preparação que vai garantir
que o futuro intercambista esteja pronto para aproveitar essa oportunidade com maturidade e tranquilidade. “Quanto maior a preparação, melhor será o resultado da sua viagem. A agência dará suporte, mas o interessado também tem que fazer a sua lição de casa. Ou seja, pesquisar, pesquisar e pesquisar” aconselha Paulo Silva, diretor da empresa de intercâmbio World Study. Para a proprietária da Green Intercâmbio, Ana Maria Fulgêncio, estudar bastante antes de viajar é um grande diferencial para que a experiência seja ainda mais prazerosa e significativa: “É muito importante que o adolescente procure informações sobre o país onde pretende fazer seu intercâmbio. Saber como é a cultura, o clima, valores financeiros e acadêmicos e também a estrutura do programa são detalhes essenciais para se construir esse sonho”, aconselha. O pré-intercâmbio é um momento que deve ser construído em conjunto: pais, filhos, agentes conselheiros e, em alguns casos, até mesmo a família estrangeira. Paulo destaca, ainda, que não são apenas os filhos que precisam se preparar emocionalmente para a separação internacional. “Não é só quem vai viajar que deve estar preparado, mas quem fica também tem que saber como agir. Por exemplo, quando o aluno liga para a família no Bra-
sil chorando, dizendo que está com saudade e que quer voltar, os pais devem dar força para que o mesmo continue no programa e não desista”, explica o diretor. en tours parceria da Gre Por causa da nidade de o tive a oportu gi lé co eu m o es. O com âmbios diferent rc te in ês tr de participar a. Foi uma 2016 na Espanh em i fo ro ei im pr imeira nte ,pois foi a pr ca ar m to ui m viagem o, durante s pais. Além diss que fiz sem meu ato com a eu primeiro cont m e tiv em ag vi a nei. a e eu me apaixo cultura espanhol um sumra Boston fazer Em 2017 fui pa o e negópreendedorism em de t ec oj pr mer ferente riência mais di pe ex a i fo sa cios. Es de ficar 15 A oportunidade que eu já tive. ana tendo ersidade americ iv un a um em idias instituição e conv da s re so es of pr aula com i única. unos do local fo al os m co o nd ve 2018, rcâmbio foi em te in o tim úl eu M las com pro. Lá eu tive au para o Canadá gas pessoas e tive como cole is ca lo es or ss fe ade um idades: fiz amiz al on ci na as s de toda trigada com Arábia e fiquei in uma garota da is do país dela. os costumes e le tercâmque tive com in s ia nc riê pe ex As am minha oráveis e abrir bios foram mem lturas. s realidades e cu ria vá ra pa te men
os. Vitoria Assis, 17 an o Fez intercâmbi pela Green . continua >>>
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n e ss a c a pa Vitor Henrique Coelho 17 anos. Fez intercâmbio pela World Study. Eu fiz um intercâmbio de 10 meses para Seibert, Colorado, EUA. Uma cidade de 200 habitantes. Sim, você leu certo mesmo, 200 habitantes. Mesmo sendo uma comunidade tão pequena, eu nunca ficava em casa entediado, todos os dias eu fazia algo novo. Ajudava na fazenda, andava a cavalo, treinava futebol americano, brincava na neve, ia ao parque, piscina, cinema. Experiências incríveis de que, para sempre, irei lembrar. O que eu admirava muito na minha cidade era a simpatia e acolhimento que todos me deram. Sempre queriam saber se eu estava me adaptando bem, como era meu país, quais festas, costumes e comidas eu tinha no Brasil. Esse cuidado e preocupação foi o que me fez amar minha pequena Seibert. Nesse um ano ganhei inúmeras avós, tias, primos, mães, pais, irmãos. Todos são como família para mim. Um conselho que dou para os futuros intercambistas é que sejam pessoas de cabeça aberta e prontas para novas experiências. Lembrem-se sempre de que vocês representam o nosso país, então mostre o melhor que nós temos. Uma última coisa: aproveite muito pois o tempo será fulgaz, quando menos esperar já vai ser a hora de voltar. Intercâmbio não é um ano na sua vida, é uma vida em um ano.
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Sobre meu intercâmbio, não tenho palavras suficientes para descrever o quão maravilhoso e incrível essa experiência foi para mim. Parece clichê, eu sei, mas como alguém que morou 10 meses fora e mergulhou de ponta cabeça, te garanto que se você for com a mente aberta para novas oportunidades você jamais irá se arrepender. Intercâmbio é uma experiência que vai te dar frio na barriga, vontade de desistir, saudades de casa, insegurança, mas isso é, sim, o de menos. Você vai estar simplesmente em um mundo novo, planejando uma vida do zero, na qual você pode ser quem você quiser e irá vivenciar uma realidade muito diferente. No final, você terá amizades para o resto da vida, irá se descobrir, amadurecer. O que mais me marcou durante todo meu processo foi descobrir uma capacidade muito grande em mim mesma. O intercâmbio mudou minha vida e minha percepção de mundo. Se você me perguntasse o que eu acho, a única coisa que posso dizer é que todos que têm a chance deveriam ir. Mergulhe de cabeça e faça história, pois quem faz o intercâmbio é você!
Gabriela Costa Mendonça, 17 anos. Fez intercâmbio pela Central do Estudante. mbios intercâ ão e s o s s ur o, pois os de c Os preç r oscilam muit e acordo rio Mas, d no exte riáveis. ue fizemos, é a v s a diversas vantamento q de cursos le es com um contrar opçõ R$ 6.000,00. n e de possível artir de cerca eciso p pr a urso, é também c curtos o d r valo ns e Fora o passage s a r a ais. liz s pesso a s contabi e p s e com d custos
O país escolhido deve ser adequado ao perfil do aluno Decidir o país de destino pode ser um momento de bastante ansiedade para os futuros intercambistas, já que existe uma grande pressão em escolher o lugar ideal. No entanto, para proprietária da Intervip, Paula Starling, não existe isso de “intercâmbio certo”, já que cada caso depende de todos os envolvidos naquele processo. “O mais importante é o perfil do cliente, suas expectativas, objetivos com o intercâmbio e não somente “vender” um produto. Acreditamos que não existe o ‘melhor intercâmbio’ e sim o melhor intercâmbio para cada perfil de cliente e até mesmo de cada família”, tranquiliza Paula. Ela também explica um pouco sobre os diversos fatores devem ser levados em consi-
deração na hora de escolher o destino. Entre os exemplos mais relevantes, Paula destaca o idioma que se quer aprender ou aprimorar, o clima daquele lugar durante o período da viagem, quais são as experiências anteriores que o intercambista têm no exterior e os objetivos de aprendizagem. O estilo de hospedagem é outro ponto que costuma trazer dúvidas para pais e alunos. Basicamente, existem duas formas mais comuns: em casa de família ou nos alojamentos das escolas. Para os jovens mais novos que farão um intercâmbio longo (de seis meses a um ano) o mais recomendável é a acomodação com famílias, enquanto os dormitórios das próprias escolas podem ser uma boa alternativa para intercambistas mais maduros, ou para cursos de férias ou de curta duração.
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n e ss a c a pa Empresa de confiança Enquanto os filhos mal podem esperar para abrir suas asas pelo mundo, é normal que os pais tenham muitas preocupações com a segurança do jovem no exterior. Para amenizar tais apreensões, os especialistas recomendam que a família dê preferência para agências de confiança e, de preferência, com boas referências. “Devem escolher uma agência que faz parte da Belta, associação das agências de intercâmbio do Brasil, e que dê uma assessoria personalizada para a melhor escolha do seu programa e do local”, sugere a fundadora da Central do Estudante, Carla Campos do Amaral. Eu fui de intercâmbio para uma cidade muito pequena que se chama Kokomo, em Indiana (EUA), aos 15 anos. Fui com intenções de ficar e jogar bola, enfrentei dificuldades, como fazer amigos lá, adaptar à comida, e principalmente lidar com meus amigos brasileiros que, querendo ou não, pensavam que eu os abandonara. Em duas semanas comecei a namorar uma menina incrível e estou com ela até hoje. Eu voltei para os Estados Unidos após tudo ter dado certo com um visto diferente, o que até hoje não foi possível por muitos. Lá faço coisas extraordinárias como esquiar, visitar faculdades. A cultura é muito diferente, mais se pudesse deixar algo para os futuros intercambistas como dica eu diria: “Respeite o novo e abra sua mente, mas não se esqueça que o que te torna especial é o quanto você e diferente. Preserve suas raizes e se lembre que não importa quanto tempo você fique fora, sempre terá um brasileiro dentro de você.”
Gabriel Araujo Lage, 17 anos. Fez intercâmbio pela Intervip.
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Eu fui para Vancouver, Canadá. Fiquei lá por 5 semanas. O meu intercâmbio foi, com certeza, a melhor experiência da minha vida. Lá, eu experimentei uma cultura completamente nova e diferente, conheci pessoas incríveis e desenvolvi muito a minha independência. Minha dica pra quem está indo é: não seja tímido! Deixar a vergonha de lado nos permite viver momentos incríveis e fazer amigos que muito provavelmente vamos levar pro resto da vida!
Eduarda Dias Fontes, 19 anos. Fez intercâmbio pela Green. Principais tipos de intercâmbio: • High School - É o mais comum entre os intercambistas adolescentes. Nele, o aluno frequenta as aulas de uma escola estrangeira para aprender as matérias do Ensino Médio daquele país. Tem a duração de seis meses ou um ano. Algumas empresas também oferecem o Boarding School, uma variável do programa, na qual os alunos ficam hospedados na própria escola, um tipo de internato. • Programa de Férias - Muitas agências oferecem programas de intercâmbio durante as férias, geralmente em duas ocasiões ao ano: inverno e verão. Embora o nome sugira que as viagens aconteçam durante o recesso escolar brasileiro, o programa pode durar até três meses. Neste programa, o intercambista tem aulas de idiomas em um turno enquanto o outro fica livre para atividades extracurriculares, culturais ou de lazer. • Cursos de idiomas - Podem ter durações bem variadas, a partir de duas semanas. Neles, os intercambistas têm a possibilidade de escolher um objetivo de desenvolvimento, como o treinamento para um exame de certificado ou o aperfeiçoamento de vocabulário sobre determinado assunto.
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b at e - pa p o
Dá pra fazer e com possibilidades reais de ótimas bolsas de estudo!
Nessa edição, vamos bater um papo com a Bruna Correa, ex-aluna do colégio Santo Agostinho (Nova Lima), que fez um programa de Duplo Diploma nos Estados Unidos pela Emory University e Georgia Institute of Technology. Recém-formada, ela se graduou em Economia e Engenharia Elétrica. Bruna, que contou com o apoio da consultoria educacional Daqui pra Fora para concretizar esse objetivo, conta pra gente como foi a experiência!
Entrevista cedida pela Daqui pra Fora (www.daquiprafora.com.br) Por que você decidiu estudar fora do país? Durante o 2º ano do ensino médio fiz um intercâmbio e morei em Bradenton, na Flórida. Foi quando descobri que nos EUA eu poderia estudar em universidades muito qualificadas. Como você se preparou para esse projeto? Comecei a me preparar no 2º ano do ensino médio, após retornar do intercâmbio. Tive tempo o suficiente para estudar para as pro-
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vas americanas – SAT e TOEFL – e fazer todas as candidaturas, mas tive sorte por já ser uma excelente aluna. Acho que se tivesse começado quando comecei e não tivesse notas ou atividades extracurriculares boas, teria mais dificuldades para competir por vagas em universidades de ponta, mas isso depende da dedicação de cada aluno. A preparação pode começar desde a 9ª série do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio.
Você se inscreveu simultaneamente para universidades no Brasil e no exterior? Eu fiz ENEM e me inscrevi para universidades nos EUA ao mesmo tempo. Fiz isso porque achava, na época, que só valeria a pena estudar fora se eu fosse admitida em universidades americanas com rankings mais altos do que as universidades brasileiras nas quais eu passasse. Atualmente não concordo com esse pensamento, acho que existem inúmeros benefícios em estudar fora, independente de rankings, mas na época foi isso que me passou pela cabeça. Foi um processo difícil, com bastante carga de estudos. Mas sempre me mantive calma e tentei pôr o mínimo de pressão em mim mesma, acreditando que o que fosse para acontecer, aconteceria. Você sonhava com alguma universidade específica? Qual? Sim! Assim que descobri o duplo diploma entre Emory University e Georgia Institute of Technology, através do trabalho com a consultoria Daqui pra Fora, essas universidades passaram a ser as universidades dos meus sonhos. E foi onde consegui ser admitida!
Como é o método de ensino no exterior? Pouco tempo em sala de aula e muito tempo fora. Foco na prática e não na teoria. Diferentemente do Brasil, deveres de casa e projetos têm extrema importância, às vezes até a mesma importância das provas. Você participava de alguma organização estudantil na universidade? Sim! Eu fundei a BRASA na Emory University (Brazilian Student Association), e assim que me transferi para a Georgia Tech, fundei a Junior Enterprise USA, uma ONG completamente formada por alunos. Essa ONG foi a melhor experiência que tive fora. Com ela, aprendi a liderar e a pôr a mão na massa, além de ela ter me proporcionado criar novos laços profissionais com inúmeras pessoas, de diferentes áreas e universidades. Você fez algum estágio durante a graduação? Quais são as suas perspectivas de carreira daqui para frente? Sim, fiz vários, alguns foram na Ambev, na Eureca e na Ernst & Young. Acabei de aceitar uma proposta de efetiva na Ernst em Los Angeles, trabalharei como consultora em projetos de análise de dados. Estou super animada!
Parte do campus Que dicas você daria para quem também onde a Bruna pensa em fazer universidade no exterior? estudou
Comece a pesquisar cedo sobre o processo seletivo e busque mentoria! Apenas notas boas não vão te levar muito longe e você precisa de ajuda para saber onde direcionar seu tempo e focar esforços dentro e fora da sala de aula. A Daqui pra Fora foi essencial na minha preparação, acredito que sem a empresa eu não teria sido admita nessas universidades.
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futu r o h oj e
As rápidas mudanças provocadas pela tecnologia da informação levaram a novas formas de se comunicar e de produzir. Com larga aplicação de tecnologia em diversos segmentos, qualquer profissão do futuro terá uma forte simbiose com softwares e dispositivos eletrônicos que darão ao profissional um ganho de produtividade e eficiência.
senvolvidas e d s e d a id il b As ha rogramação p r e d n e r p a ao eis para são muito út ador de qualquer tom decisão (...)
Aplicação de tecnologias emergentes A indústria vem investindo muito em tecnologias para ganhar em produtividade, além de criar um novo conceito em termos de produção em escala denominado manufatura 4.0. As tecnologias mais importantes para esse processo são o Big Bata e Anallytics, Machine Learning, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. De modo geral, elas se baseiam em:
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Conteúdo oferecido pela Ctrl Play. Mais conteúdo sobre tecnologia? Acessa lá: www.ctrlplay.com.br/blog
• imensa quantidade de dados coletados por sensores ou gerados por meio de softwares; • modelos estatísticos e matemáticos para analise de histórico de dados; • algorítimos para o aprendizado de máquinas, os quais levam-nas a aprender e a reproduzir as ações consideradas mais eficientes; • algorítimos que fazem com que máquinas possam tomar decisões. Assim, a demanda por profissionais, não apenas para desenvolver os sistemas que serão utilizados, mas, também, para trabalhar com as tecnologias aplicadas em vários segmentos tende a crescer mediante sua implementação. A importância de aprender programação Ao aprender a programar, o estudante desenvolve o pensamento computacional. Tratase de habilidades cognitivas que são necessárias para resolver problemas usando ferramentas da computação, como criar um algoritmo, por exemplo. São elas: • Raciocínio lógico: Para desenvolver um sistema, é necessário criar um algoritmo, usando uma linguagem de programação, que fará com que uma máquina execute uma sequência de ações. Ele deve ser estruturado de forma lógica para resolver problemas do mundo real. • Abstração: Em ciência da computação, abstração é a criação de objetos que sumarizam as características de outros pertencentes a um mesmo conjunto. Esse se processo inicia
com a busca de padrões em um grupo estudado como as características do trabalho de um profissional, modo de funcionamento de um automóvel ou o comportamento de um cachorro, por exemplo. Pensamento computacional aplicado em outras áreas As habilidades desenvolvidas ao aprender programação são muito úteis para qualquer tomador de decisão ao planejar o uso de sistemas computacionais em sua área de atuação. Tecnologias disruptivas costumam ser complexas e exigem que se saiba pensar fora da caixa para serem compreendidas. Veja alguns exemplos de inovação que impactaram profundamente áreas do conhecimento e segmentos de mercado: • biologia: especialmente após o sequenciamento de DNA ser realizado por um softwa-
re e usar modelos computacionais para estudar o comportamento de seres vivos; • industria de entretenimento: com o uso das plataformas de streaming onde se pode assistir a séries, filmes, ainda, receber sugestões adequadas ao gosto do usuário; • varejo: primeiro com as lojas virtuais, depois com os softwares para identificar as preferências de grupos de consumidores e, futuramente, como a Internet das Coisas, integrando prateleiras de supermercado a redes de distribuição. O profissional do futuro deverá saber lidar com naturalidade com as novas tecnologias que surgirem. Quando ele entende como são geradas, pode extrair seu potencial máximo e até mesmo influenciar no projeto de novas ferramentas. Assim, irá se destacar em sua área de atuação, podendo ocupar posições com maior poder de decisão.
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ta m o j u n to Anna Cláudia Eutrópio é psicóloga e doutora em educação.
Descobri que uma amiga minha está se cortando com uma lâmina. Por quê ela faz isso? Como posso ajudá-la? Pergunta enviada por A. C. S.*, de 15 anos. É comum fazermos marcas no corpo como forma de dizer o que estamos sentindo. Observe, por exemplo, que uma pessoa faz uma tatuagem para marcar uma determinada fase da vida, há mães que tatuam os nomes de seus filhos, pessoas que fazem tatuagens coletivas para simbolizar a amizade ou o vínculo vivido. A nossa pele, que é a nossa “fronteira” com o mundo externo, muitas vezes é marcada para comunicar algo que estamos sentindo no mundo interno. Boa parte dessas marcas no corpo indicam um movimento vital, de pensar no futuro, celebrar o presente ou honrar o passado. Entretanto, existem outras marcas no corpo que revelam dor e sofrimento. Os cortes, frequentemente, comunicam uma dificuldade em viver na própria pele. Estar na própria história, viver o próprio cotidiano, lidar com as dificuldades de crescer e, em alguns casos, lidar com dores do passado: tudo isso pode conduzir a um sofrimento que nem sempre consegue ser comunicado por palavras. Os cortes acabam se tornando um “ato mensa-
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geiro” para que essa dor que está no mundo interno passe, pela pele, nossa fronteira, para o mundo externo. Os relatos que escutamos dizem de uma sensação de alívio com o corte, como se, ao sangrar ou ao doer, saísse o sofrimento que a pessoa está sentindo ao viver em sua própria pele. É um jeito um pouco paradoxal de buscar alívio, gerando uma dor no corpo para suportar a dor da alma. Encontrar outras formas de “passar a dor para o mundo externo”, sem ser através dos cortes é o melhor caminho. Conversar, escrever, desenhar, contar histórias ou criar quadrinhos são formas de comunicar o que se passa no mundo interno e aprender a viver na própria pele, encontrando talentos, potências e possibilidades até então desconhecidas. O melhor jeito de ajudar sua amiga é reconhecendo que há ali um sofrimento que pre-
guardar o ã n e t an É import como um o ã ç a m r essa info ra algum a p r a t n e co ar: seja d segredo u j a a s a ue pos alguém d adulto q , i a p , e ã ra, m professo bairro... o d , e b u o cl confie. igreja, d ê c o v m m que alguém e
cisa ser acolhido. Mais que julgar, ou dizer que aquilo é errado, é preciso escutar o que está tão difícil de suportar que está sendo preciso “sangrar” para que o sofrimento saia. É importante não guardar essa informação como um segredo e contar para algum adulto que possa ajudar: seja professora, mãe, pai, alguém da igreja, do clube, do bairro... alguém em quem você confie. Esse adulto deve informar a família de sua amiga para que ela possa ser ajudada também por profissionais da psicologia, que poderão apoiá-la na busca de outras formas de expressão da dor que não pelos cortes no corpo. *Identidade preservada a pedido da adolescente.
Queremos te ouvir! >>>
E te ajudar no que a gente puder. Mande sua pergunta para mundoz@giria.com.br. Se quiser, a gente preserva sua identidade ;)
O segredo de progredir
é começar!
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co n cu rso o o!!!
Parabén s, Dani!
A Daniela foi a vencedora do concurso da edição passada.. Sobre “Futuro” elas nos mandou a selfie acima e o texto: “Sempre tive uma admiração imensa pelos meus educadores. Pelas minhas professoras, especialmente, porque é preciso coragem. Coragem para, num mundo onde as mulheres sempre foram caladas, ser a voz que guiará o futuro. Gosto de pensar que são como velas: se consomem para iluminar o caminho dos estudantes. Porque são mais do que profissionais; são mães, são amigas, são mentoras. São exemplos. Um exemplo que eu sempre sonhei em seguir. Por isso, para representar o futuro, eu escolhi tirar uma selfie com minhas professoras. Porque o futuro é tecido pelas educadoras que fazem do mundo um lugar melhor!” Por Daniela Nepomuceno Albuquerque, 1º ano do EM, Colégio Santa Dorotéia
Amizade é das coisas mais importantes da vida. Concorda? Estão envie pra gente aqueeela foto com um amigo ou amiga super especial! Junto com a foto, escreva um parágrafo nos dizendo porque a amizade dele ou dela é ímpar! Vem homenagear seu amigo do coração e ainda ganhar um prêmio mara pra celebrar a amizade em alto estilo! Além disso, a foto do ganhador vai ser publicada aqui, na próxima edição da MundoZ. Se liga nos dados:
rceiroa a p é ie ig O Edda edição! S gers r s s ne iefinebu @edd
Email para envio: mundoz@giria.com.br. Assunto: Concurso Mundo Z. Data limite para envio: 18/8/2019. Prêmio: 4 (quatro) vouchers no valor de R$ 50,00 cada um no Eddie Fine Burgers. Regras gerais: O vencedor será notificado por email, com instruções para a retirada do prêmio. Os vouchers deverão ser usados integralmente, para consumo no local e não há troco. Consumos acima do valor dos vouchers deverão ser pagos pelos usuários. Os vouchers têm validade de até 30 dias para uso, após a retirada pelo vencedor. Ao enviar a foto para o concurso, o participante concorda automaticamente em ter sua foto publicada na revista com os devidos créditos.
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Participou e não ganhou? Não desanime e continue participando! Vem!
Você escreveu uma coisa legal? Vem mostrar pra gente! Tem alguma dica boa? Vem dividir com a gente! Desenha bem? Vem divulgar com a gente!
A MundoZ quer ser um espaço de divulgação de talentos juvenis e o veículo para mostrar o que a galera entre 14 e 18 anos aqui de BH tem de melhor! Professores e educadores, vocês também são muito bem-vindos: escrevam, sugiram, comentem! Suas contribuições são fundamentais para a construção da MundoZ.
mundoz@giria.com.br - @revistamundoz
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fa l a , m e s t r e !
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#2 • jul/ago • 19
Ei, professor! Que enviar seu texto pra gente? Adoraríamos receber! Mande para mundoz@giria.com.br, com o assunto “Fala, Mestre”
Mas aí quer dizer que a gente tem que ficar passivo diante da nova leitura? De jeito nenhum! Eu mesma estou escrevendo esse texto aqui com um misto de ansiedade e nostalgia, pois ainda não fui ver Laços, de Daniel Rezende, que estreou nos cinemas agora. O longa é uma adaptação do livro homônimo dos irmãos Vítor e Lu Cafaggi, que tive o prazer de ler ano passado; e que já é uma releitura da Turma da Mônica. Tanto os traços de desenho quanto a história do livro são de autoria dos irmãos. Ou seja, os personagens já são desenhados diferentes dos personagens do Maurício de Sousa. E os quadrinhos, não sei como! Apesar de ser uma HQ, eu li o livro parecendo que eu já estava no cinema! O jeito de contar é muito diferente das historinhas da turma do limoeiro que eu cresci lendo! A primeira sensação que tive ao ler Laços foi de que ele deveria virar filme. A sequência que mostra Cebolinha, ainda bebê, ganhando Floquinho é uma das coisas mais fofas do mundo! E ela é toda cinematográfica. E eu achei sensacional! Mas isso se deve ao fato de eu ter aprendido a ler a adaptação de um livro como uma nova obra, e não, comparando as duas. E é isso que eu gostaria de propor para vocês! Justamente por eu ter estudado literatura e cinema na faculdade, quando vou assistir ao filme adaptado, não crio muitas expectativas. Hoje entendo que são obras distintas e que, por isso, nem sempre serão iguais e nem devem ser comparadas. E então eu proponho um novo olhar: ver a adaptação não como o livro que ficou bom ou ruim, mas como uma nova leitura da obra original. Como mais uma obra. Como um novo livro! O filme, assim como o livro, tem uma linha narrativa, ele tem um conflito que se desenvolve num determinado tempo e num determinado espaço, ele tem personagens e uma sequência de ações. Sendo assim,
ele pode ser usado paralelamente à leitura do livro, e não como um rival, numa competição de qual é o melhor. Sou professora de português e meus estudos e trabalhos sempre foram voltados para a relação entre a literatura e o cinema. Quando um livro que gosto muito ganha as telas, é sempre motivo de empolgação, é como se eu fosse ler um livro novo. No caso de Laços, por ter um carinho especial pela Turma da Mônica, e por ter me apaixonado pela obra dos irmãos mineiros, estou duplamente animada! Não quero ver se ficou igual ao livro, mas pensar que é a oportunidade de ver a Turma da Mônica numa forma que nunca vi, uma nova possibilidade de ler a obra!
(...) eu pro pon novo olhar ho um : ver a adaptação nã o livro qu o como ef ou ruim, ma icou bom s nova leitur como uma a da obra or iginal. As férias estão aí, os cinemas estão cheios de literatura, e a literatura está passeando pelo cinema. Aproveite esse período para ler filmes, assistir a livros, e pensar sobre o que eu propus. Não veja literatura e o cinema como rivais, mas como novas possibilidades de leitura. Gostando de um, você pode gostar de outro. E quem sabe, não gostando, você escreve a sua própria história? Há possibilidades de leitura e de interpretação, o campo da imaginação é grande demais! Leia telas e leia textos! Faça uso sem moderação!
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fa l a , m e s t r e !
O “o” e o “lhe”: quando usar “Agradecê-lo” ou “agradecer-lhe”? “Levá-lo” ou “levar-lhe”? “Presenteá-lo” ou “presentearlhe”? Você sabe quando usar o “o” ou o “lhe”? Eis outra daquelas duvidazinhas que tiram o sono de quem tem a preocupação em usar de forma clara a língua portuguesa. “O” (e sua forma feminina, “a”) e “lhe” são pronomes oblíquos átonos de terceira pessoa. Isso significa que podem substituir nomes de terceira pessoa, ou o pronome de tratamento “você”, desde que tenham a função de objeto, ou seja, de complemento verbal. A diferença entre “o” (ou a forma feminina, “a”) e “lhe” é simples: “o” funciona como objeto direto; “lhe”, como objeto indireto. Fica claro que um pouco de conhecimento gramatical resolve o problema. Objeto direto é o complemento verbal não precedido de preposição, como “o produto”, na frase “Levei o produto.”. O objeto indireto, por sua vez, é precedido de preposição, como o “para Carolina”, em “Levei doces para Carolina.”. No primeiro caso, portanto, usaríamos o “o”: “Levei-o”. No segundo, usaríamos o “lhe”: “Levei-lhe doces”. Muita gramática? Experimente ver o “o” como “ele”, e o “lhe”, como “para ele”. Por exemplo, na frase “Ajudei João.”, “João” é equivalente a “ele”. Trata-se, portanto, de um objeto direto: “Ajudei-o”. Diferentemente, na frase “Forneci informações ao policial.”, a expressão “ao policial” é equivalente a “para ele”, sendo, portanto, um objeto indireto: “Forneci-lhe informações”. Repare que não se trata de mero preciosismo linguístico. Em uma situação em que haja objeto direto e objeto indireto, a opção pelo “o” ou pelo “lhe” interfere diretamente no sentido da frase. Por exemplo, a frase “A justiça con-
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cedeu perdão ao criminoso.” tem dois complementos: um direto (“perdão”) e um indireto (“ao criminoso”). Em caso de substituição desses complementos, o pronome teria que ser usado com base nesse critério: A justiça o concedeu ao criminoso. (“Perdão”, objeto direto, equivalente a “ele”, foi substituído por “o”). A justiça lhe concedeu perdão. (“ao criminoso”, objeto indireto, equivalente a “para ele”, foi substituído por “lhe”) O uso incorreto do pronome geraria uma frase sem sentido e de compreensão impossível, exceto no caso de leitores que, já treinados para detectar falhas por parte de autores pouco versados no uso da língua, pudessem inferir o significado pretendido, mesmo em uma frase problemática. Diante de tantos conhecimentos envolvidos no uso do pronome oblíquo, talvez não seja de se estranhar que a língua manifesta uma tendência à eliminação desse tipo da palavra. Na coloquialidade, o pronome oblíquo é cada vez menos usado: em vez de “Eu a vi ontem”, o falante opta pela forma “Eu vi ela ontem”, conferindo ao pronome reto “ela” um função de objeto direto, que a gramática normativa ainda não aceita. De qualquer forma, entender a diferença entre pronomes retos e oblíquos e, dentre estes, entre pronomes oblíquos átonos e tônicos abre muitas possibilidades de manejo do idioma e de entendimento aprofundado. Diante disso, com certeza vale a pena investir um pouco de tempo no domínio desse recurso linguístico.
Guilherme Lentz é professor de Língua Portuguesa e Literatura
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Essa arte lindona é da Fernanda Monteiro Vasconcellos, aluna do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Bernoulli. Quer ver sua obra aqui? Manda pro nosso email (mundoz@giria.com.br) com nome, foto, idade e escola!