SESC CAIS Ã margem
do
SESC CAIS à margem
do
TRABALHO DE CURSO UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO CAROLINA DA CONCEIÇÃO ALFREDO RIJO Orientador | JOSÉ MARIA MACEDO FILHO SANTOS | 2016
FIG. 01
Figura 01: Vista do cais no porto de Santos. Foto: Marcos Piffer, 2007.
AGRADECIMENTOS
À minha família, em especial ao meu pai Alexander, grande homem que me apoiou em todas as minhas decisões e fez com que esse sonho pudesse ser realizado; a minha mãe Célia Regina (in memoriam), que me deixou grandes ensinamentos e a minha irmã Glória, que sempre esteve presente nessa longa jornada. Ao Caio meu grande amor, por todo incentivo, companheirismo e apoio incondicional em todos os momentos que passamos juntos; aos amigos da faculdade que estiveram ao meu lado nessa etapa final e nos últimos cinco anos compartilhando ideias e conhecimentos, momentos que ficarão guardados para sempre em minha memória. Ao meu orientador José Maria, principalmente por acreditar no meu trabalho, pela paciência e confiança. Por fim, agradeço a todos que, de alguma forma, colaboraram para que esse trabalho pudesse ser realizado.
SUMÁRIO
01
Introdução 9 Considerações finais 63 Referências bibliográficas64
02
Limites
Transposições
1.1 1.2 1.3 1.4
2.1 2.2 2.3 2.4
| | | |
Porto | Cidade Lugar Terreno Vago Sobre Conectar
| | | |
03 Projeto
Transformações portuárias 3.1 | Proposta Frentes de água 3.2 | Sesc à margem do cais Inspirações Serviço Social do Comércio
FIG. 02
FIG. 03
FIG. 04
Figura 02: Vista do cais de Santos. Autor desconhecido. Figura 03: Vista do antigo moinho santista. Autor desconhecido. Figura 04: Vista do cais Valongo. Autor desconhecido.
9
INTRODUÇÃO A inquietação pelo tema abordado surgiu ainda no segundo ano de curso, quando o centro da cidade de Santos tornou-se percurso do meu trajeto por meio da travessia de Santos - Vicente de Carvalho. Ao passar por este lugar, ainda que de passagem, fui aos poucos observando os armazéns que hoje pertencem à CODESP e gradualmente fui me interessando por uma área bem peculiar, tanto ao seu posicionamento geográfico quanto a sua proximidade com a frente de água. O presente estudo tem como propósito devolver à margem do cais a cidade, rompendo as barreiras e os limites que se impuseram com o avanço do porto de Santos. Dessa forma, o primeiro capítulo se aproxima da dinâmica territorial, desenvolvimento urbano e relação entre o bairro Paquetá e a cidade de Santos, identificando as barreiras, bem como elas se estabeleceram entre o porto e a cidade. Em seguida é apresentado um estudo sobre conexões aéreas, visto que, tal elemento seria indispensável para conectar e promover o acesso do pedestre a todo o conjunto edificado. O segundo capítulo investiga os principais modelos de intervenção em frentes de água, que foram desenvolvidos entre as décadas de 60 e 90. Posteriormente serão apresentadas seis referências que se relacionam e, de certo modo contribuíram para a elaboração deste trabalho. Logo depois o Serviço Social do Comércio é abordado com o intuito de expor um breve contexto histórico e três estudos de caso, que viabilizam a compreensão da base conceitual e dinâmica do programa recomendado pela instituição. Por fim, o terceiro capítulo apresentará a proposta para o bairro Paquetá, que consiste na inserção de um equipamento de uso coletivo com a finalidade de promover a ocupação e integração entre a cidade e à margem do cais.
FIG. 05
Figura 05: Rua General Câmara. Acervo pessoal - 2016.
11
CAPÍTULO I Limites Neste capítulo será apresentado um breve contexto histórico da cidade de Santos, com o objetivo de identificar como iniciou o processo de ocupação do núcleo central, em especial no Bairro Paquetá e, como tais aspectos influenciaram na expulsão da população para os bairros próximos à orla da praia. A intenção é apresentar a formação e ocupação do seu território, para compreender como se impuseram os limites 1entre a cidade e o porto e assim apontar os problemas encontrados na atual malha urbana.
1. Segundo o dicionário: s.m. (lat. limite) 1 Fronteira; linha que, real ou imaginária, delimita e separa um território de outro. 2 Prazo; espaço no tempo determinado: data limite. 3 Término; o mais alto grau ou final de alguma coisa: sua maldade não tem limite. 4 Confim; área que marca o fim de um território: vivia nos limites do bairro.
A cidade de Santos situa-se a sudoeste do Estado de São Paulo e é caracterizada por canais, morros e planície sedimentar, tais aspectos fizeram com que o uso por2 tuário aqui se estabelecesse. A inauguração dos primeiros 260 metros de cais contou com aterros e muralhas de pedra, substituindo os antigos trapiches e pontes de madeira, tais obras ficavam nas proximidades da estação ferroviária no bairro Valongo e, posteriormente as mesmas continuaram até o bairro Paquetá. Com as reformas no centro urbano, as famílias tradicionais que antes moravam lá, logo se mudaram para os bairros Paquetá e Vila Nova. Devido ao grande número de epidemias entre 1820 a 1880, a região central tornou-se deficiente à demanda populacional, com isso foi necessário um conjunto de reformas para sanar esses problemas que influenciavam na evolução da cidade. Esse período também é marcado pelas transformações no tecido urbano, onde habitações foram demolidas para ceder seus espaços aos armazéns que seriam utilizados como apoio às atividades portuárias e as novas habitações nos bairros Paquetá e Vila Nova.
Segundo SOUZA, a ilha que até então era limitada pelo núcleo central, no início do século XX após a implantação da rede de canais, a cidade passa a ter outros vetores de crescimento, como por exemplo, a avenida Conselheiro Nébias e a avenida Ana Costa, as duas construções resultaram na locomoção em direção à orla da praia e também para o lado leste, com isso os moradores com maior poder aquisitivo se afastaram da região portuária, tornando os bairros antes habitados, hoje com um grande índice de cortiços e pensionatos. 3
2. SOUZA, Clarissa Duarte de Castro. Santos e o processo de requalificação de áreas portuárias sobre a perspectiva do planejamento urbano. 2012 202f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006, p. 30. 3. Ibidem, p. 32.
13
1.1 | Cidade | Porto Portanto, com o afastamento dos moradores em direção aos bairros próximo à orla da praia, durantes as décadas de 1920/1930 o bairro Gonzaga já se consolidava como uma nova centralidade. Com essa nova realidade urbana, o bairro Paquetá transformou-se em um território degradado e pouco ocupado, sobretudo, com o alargamento da atual avenida Xavier da Silveira e rua João Pessoa, onde casarões remanescentes foram desapropriados para apropriação de grandes áreas. 4
4. Mondin, Leda. Do Paquetá, só restou o passado. Artigo online. Publicado em 16/12/1982 no jornal A Tribuna de Santos. Disponível em: <http://www.novomilenio.inf. br/santos/h0100b26.htm> Acesso em:01/07/2016. 5. IBGE, censo 2010. Disponível em: < http://cidades.ibge.gov.br/ xtras/perfil.php?codmun=354850>. Acesso em: 25/02/2016.
Atualmente a cidade de Santos ocupa a quinta colocação entre as não capitais mais importantes para a economia brasileira. Distante 70 km da capital, possui uma extensão territorial de 280,674km², sendo o território corresponde a 231,6km² ocupada pela área continental, restando apenas 39,4km² para a área insular densamente urbanizada. Em 2010 o Município de Santos contava com uma população residente de 419.400 habitantes e em 2015 chegou a uma estimativa de 433.966 habitantes. A Taxa geométrica de crescimento em 2010 chegou a 0.04% a.a. 5
Nas próximas páginas serão apresentadas duas linhas do tempo, a primeira apontará os acontecimentos mais relevantes que ocorreram na cidade de Santos, e a segunda indicará como iniciou o processo de expansão do porto de Santos. Nos dois casos são relatados os fatos que, de certa forma, são mais relevantes em relação ao processo evolutivo e como os tais limites se impuseram, resultando em um intenso conflito porto/ cidade.
Braz Cubas funda a Vila de Santos.
Figura 06: Pintura de Benedito Calixto representando Braz Cubas lendo o foral da Vila de Santos. Disponível em:<www.memoriasantista.com. br/?p=1438>. Acesso em:03/05/2016.
1545
1839 Santos passa de Vila à Cidade.
Figura 07: Pintura de Benedito Calixto representando a vila de Santos em 1822. Disponível em:<www. novomilenio.inf.br/santos/calixt15.htm>. Acesso em:05/05/2016.
Inauguração da estrada de ferro com ligação à São Paulo, conhecida como SPR-São Paulo Railway, essa obra destaca-se como uma das maiores do século XIX.
Figura 08: Acervo do professor e pesquisador santista Francisco Carballa. Disponível em: <www.novomilenio.inf.br/santos/h0102n.htm>. Acesso em:05/05/2016.
1867
1878
Mapa com a identificação de expansão da cidade sentido leste.(bairro Paquetá) e sul (direção Monte Serrat).
Figura 09: Mapa disponível na cartilha da Historia de Santos, de Olao Rodrigues, Santos/SP, 1980. Disponível em: <www.novomilenio.inf.br/santos/mapa08.htm>. Acesso em: 05/05/2016.
Década marcada pelo crescente número de epidemias na região central da Cidade de Santos.
Figura 10: Autor desconhecido. Disponível em: <www.novomilenio.inf.br/santos/lendas/h0353g.jpg>. Acesso em: 05/05/2016.
1889
1900
Nesse período os imigrantes já somavam 42%, quase a metade da população de Santos.
Figura 11: Autor desconhecido. Disponível em:<http://www.colegioweb.com.br/historia/imigracao-italiana-brasil.html>.Acesso em: 06/05/2016.
Início da campanha a fim de sanear a cidade.
Figura 12: Autor desconhecido. Disponível em:<www.memoriadesantos.com.br/post/conheca-a-historia-do-moinho-santos-a-primeira-empresa-da-bunge-no-brasil-496>. Acesso em: 06/05/2016.
Figura 14: Autor desconhecido. Disponível em:<www. novomilenio.inf.br/santos/h0076f4.htm>. Acesso em: 04/05/2016.
1907
1909
1914
1918
Construção da atual Avenida Conselheiro Nébias.
15
Datada a construção do antigo Moinho Santista em frente ao armazém 9.
Figura 16: Reprodução de jornal, no acervo do internauta Emilio Sérgio Pechini. Disponível em: <www. novomilenio.inf.br/santos/fotos307.htm>. Acesso em: 04/05/2016.
1953
1990
Início do Bonde Eletrificado com duas linhas, ambas com destino à São Vicente, uma pela orla e outra pela atual Zona Noroeste.
Inaugurado o serviço de balsa entre Santos e Guarujá, inicialmente o trajeto contava com uma balsa, com capacidade para seis carros.
Década marcada pelo afastamento de familias da área portuária em direção à orla da praia.
Figura 13: Autor desconhecido. Disponível em:<www.memoriasantista.com.br/?p=87>. Acesso em: 06/05/2016.
Figura 15: Autor desconhecido. Disponível em: <www. memoriadesantos.com.br/post/barcas-catraias-e-balsas-83>. Acesso em: 04/05/2016.
Figura 17: Acervo Companhia Docas de Santos. Disponível em:<www.novomilenio.inf.br/santos/h0111. htm>. Acesso em: 07/05/2016.
Construção dos primeiros 100 metros de cais.
A intensa produção cafeeira resultou no grande crescimento do porto.
Foi implatado uma área para produtos inflamáveis na ilha Barnabé, aumentando a extensão de cais.
Figura 18: Autor desconhecido. Disponível em: <http://www.novomilenio.inf.br/porto/portoh06.htm>. Acesso em: 03/05/2016.
Figura 18: Autor desconhecido. Disponível em: <http://ecoshipping.blogspot.com.br/2010/03/presenca-do-cafe-no-porto-de-santos.htm>. Acesso em: 03/05/2016.
Figura 22: Autor desconhecido. Disponível em:<www.novomilenio.inf.br/porto/porto11.jpg>. Acesso em:04/05/2016.
1891
1892
Com a extensão de 260 metros de cais inaugura-se o tráfego no porto de Santos.
Figura 19: Autor desconhecido. Disponível em: <www.logisticaaplicada.files.wordpress.com/2012/06/ untitled2.png>.Acesso em:03/05/2016.
1909
1910
Com a Primeira Guerra Mundial, o reflexo afetou a economia sendo esse período caracterizada como “Época de depressão econômica”. (1914-1919)
Figura 21: Acervo Museu do Porto de Santos, arquivo Novo Milênio. Disponível em:<www.novomilenio.inf.br/ santos/fotos074.htm>.Acesso em: 03/05/2016.
1929
1938
O porto santista atingiu um movimento superior a quatro milhões de toneladas levando-o a primeira classe.
Figura 23: Publicação do jornal santista A Tribuna em 2006. Disponível em:<www.novomilenio.inf.br/ santos/h0320e.htm>.Acesso em:04/05/2016.
Inicia-se o movimento de derivados de petróleo com a implantação da refinaria Presidente Bernardes em Cubatão.
Década marcada pela inauguração do terminal de contêineres, e consequentemente, processo de conteinerização.
Figura 24: Autor desconhecido. Disponível em: <www.novomilenio.inf.br/santos/fotos/fotos089v. jpg>. Acesso em:04/05/2016.
Figura 26: Acervo Enio Prado. Disponível em: <http:// www.panoramio.com/photo/105654348>. Acesso em: 04/05/2016.
Figura 28: Autor desconhecido. Disponível em: <http:// www.novomilenio.inf.br/santos/h0160g.htm>. Acesso em: 06/05/2016.
1944
1945
1955
1980
17
Após anos marcados com a crise, nesse período o movimento portuário começa a ressurgir.
1981
1990
O porto consolidava-se com sua estrutura subsidiado por recursos da Companhia das Docas Santista.
Transição da Companhia das Docas de Santos à Companhia das Docas do Estado de São Paulo-Codesp.
Transformações físicas e propostas de expansão portuária marcaram essa década.
Figura 25: Autor desconhecido. Disponível em:<http://www.novomilenio.inf.br/porto/portoh06.htm>. Acesso em:05/05/2016.
Figura 27: Foto cedida pelo Museu do Porto de Santos, arquivo Novo Milênio. Disponível em:<www.novomilenio.inf.br/santos/fotos/fotos074g.jpg>. Acesso em: 05/05/2016.
Figura 29: Autor desconhecido. Disponível em:<www. novomilenio.inf.br/porto/portoh06.htm>. Acesso em: 07/05/2016.
“O prolongamento do cais do porto, construído pela Cia das docas, até o Paquetá, transformou, para pior, o bairro que era área residencial mais aprazível da cidade, desvalorizando-a”. (ANDRADE, 1992, p.169 apud SOUZA, 2012, p. 53.) 6 A bairro Paquetá relatado por Andrade, antes era tomado pelo mangue e atualmente conta com uma área de 350 mil m² (menos de 1% do território da área insular de Santos.) 7 totalmente habitável, situa-se junto a região mais antiga da cidade de Santos. Dentre os bairros da região central, o bairro Paquetá se diferencia por ter a maior concentração de uso residencial com 363 domicílios 8 em sua maior parte formado por cortiços, seu entorno possui lotes maiores e as vias são mais estreitas comparado aos demais bairros. A leste do bairro, próximo do Outeirinhos, estão presentes novos armazéns que substituíram os antigos, alguns imóveis remanescentes ainda permanecem, porém em estado precário.
6. ANDRADE, 1992, p. 169 apud SOUZA, 2012, p. 53. 7. Dados coletados no jornal eletrônico Novo Milênio, publicado em 11 de agosto de 2014. Disponível em: <http://www. novomilenio.inf.br/santos/bairro47.htm>. Acesso em: 05/04/16. 8. IBGE, censo 2010. Disponível em: <http://populacao.net.br/populacao-paqueta_santos_sp.html>. Acesso em: 07/04/2016.
19
1.2 | O lugar
Os levantamentos a seguir apresentam uma leitura da dinâmica atual do bairro. No mapeamento de vazios, observa-se que há quadras muito pouco consolidadas, com grande parte de seus terrenos vazios ou subutilizados, esse mapeamento em especial, foi fundamental para definição do local para intervenção, pois notou-se a necessidade de intervir em um lote e não apenas em um terreno. Também foram mapeadas as unidades de educação, patrimônio histórico, zona de interesse especial, cortiços, níveis de proteção e gabarito do entorno.
A partir desta análise foi escolhida uma quadra ao lado da recém construção do edifício Armazém 11 cultural, em frente ao armazém 11 da antiga Companhia das Docas de Santos, atualmente encontra-se em estado precário. A proposta consiste em ocupar o lote vazio e proporcionar aos moradores da região central um equipamento capaz de promover uma requalificação urbana.
Sobrepondo os dados que serão apresentados, observa-se que o bairro carece em equipamentos culturais e educacionais, o mesmo não possui muitos imóveis tombados, porém é relevante enfatizar que, o armazém 11 que fará parte dessa intervenção, possui nível de proteção 2, onde deve-se preservar toda a fachada e cobertura, apenas o interno pode ser alterado.
FIG. 30
Figura 30: Rua dos Estivadores. Acervo pessoal, 2016.
mapa | unidades de educação
mapa | vazios
FIG. 31
LEGENDA: Perímetro do projeto Imóvel fechado Lotes vazio
FIG. 32
mapa | ZEIS e cortiços
LEGENDA: FIG. 33 Perímetro do projeto UME – Prof. Avelino da Paz Vieira Colégio Santista e Centro de Santos Creche UME Prof. Maria Helena Roxo Escola Portuguesa
LEGENDA: Perímetro do projeto Delimitações ZEIS Cortiços
Figura 31: Base disponível no site da Prefeitura Municipal de Santos. Levantamento criado pela autora. Figura 32: Base disponível no site da Prefeitura Municipal de Santos. Imagem: TEXEIRA, 2015 p. 42. Figura 33: Base disponível no site da Prefeitura Municipal de Santos. Imagem: TEXEIRA, 2015 p.31.
21 mapa | patrimônio histórico
FIG. 34
mapa | níveis de proteção
LEGENDA:FIG. 35
Perímetro do projeto Alfândega do Porto de Santos Casa do Trem Bélico Catedral Outeiro de Santa Catarina Teatro Coliseu Cemitério Paquetá
LEGENDA: Perímetro do projeto Nível de proteção 1 Nível de proteção 2 Nível de proteção 3
mapa | gabarito
FIG. 36
LEGENDA: Perímetro do projeto Térreo s/ construção Térreo+01 pavimento Térreo+02 pavimentos Térreo+03 pavimentos Acima de 05 pavimentos
Figura 34: Base disponível no site da Prefeitura Municipal de Santos. Levantamento criado pela autora. Figura 35: Base disponível no site da Prefeitura Municipal de Santos. Imagem: TEXEIRA, 2015 p. 29. Figura 36: Base disponível no site da Prefeitura Municipal de Santos. Imagem: TEXEIRA, 2015 p.27.
Nos levantamentos ao lado, percebe-se quais são os níveis do fluxo viário e a circulação de pedestres, tais informações foram importantes para definir como seria a proposta de acesso dos usuários entre as instalações do novo equipamento, uma vez que, o fluxo intenso de caminhões na Av. Xavier da Silveira forma uma grande barreira entre o lote e o armazém 9 situado em frente ao cais. No entanto, esses obstáculos permitiram discussões pontuais, onde as passagens aéreas se transformaram um elemento significativo desse projeto.9 O levantamento de mobilidade local, tem como principal finalidade identificar o acesso aos diferentes modais de transporte e as vias de acesso ao bairro, com isso constatou-se que, sua infraestrutura intra e intermunicipal é consolidada.
9. Tema será abordado na página 29 com o objetivo de justificar a utilização de conexões aéreas. Figura 37: Base disponível no site da Prefeitura Municipal de Santos. Imagem: TEXEIRA, 2015 p.32. Figura 38: Base disponível no site da Prefeitura Municipal de Santos. Levantamento criado pela autora. Figura 39: Base disponível no site da Prefeitura Municipal de Santos. Levantamento criado pela autora.
23 mapa | fluxo de pedestres
mapa | fluxo viário
FIG. 37
LEGENDA: Perímetro do projeto Fluxo leve Fluxo moderado Fluxo intenso Fluxo de caminhões
FIG. 38
LEGENDA: Perímetro do projeto Fluxo baixo Fluxo moderado
mapa | mobilidade
FIG. 39
LEGENDA: Perímetro do projeto Ciclovia Corredor de ônibus Estação Bike Santos Ponto de ônibus Travessia Santos/ Guarujá
FIG. 40
Figura 40: Rua dos Estivadores. Acervo pessoal - 2016.
25 438 domicílios total.
150 imóveis 1008 pessoas subutilizados| vagos|fechados.
288 famílias
266 famílias rece- 29 hab/ha bem bolsa família.
6.1km do centro
Travessia Ilha Diana Bunge Alimentos
antigo Moinho Santista
Armazém 11 cultural TC Diana| Complexo Cultural Poupatempo
Cemitério Paquetá Bacia do Mercado Municipal Área do bairro. Perímetro do projeto. FIG. 41
Rua General Câmara.
Rua Dr. Cochrane
Rua Xavier da Silveira. Figura 41: Base Google Earth. Diagrama criado pela autora com referência TEIXEIRA, 2015, p. 22. Figura 42: Identificação das ruas do entorno. Base Google Earth. Elaborado pela autora.
Rua Aguiar de Andrade
FIG. 42
Ao passar pelo Bairro Paquetá percebe-se que os frutos da obsolescência de um modelo industrial deixado para trás, resultou na deterioração da maior parte dos imóveis e antigos armazéns em frente ao cais. O enclave formado pela cidade e o porto atinge uma condição de fronteira e o crescimento das atividades portuárias potencializam cada vez mais os conflitos na malha urbana. Para SOLÁ-MORALES “a noção de terrain como a de vague, contém uma ambiguidade e uma multiplicidade de significados que fazem desta expressão um termo especialmente útil para designar a categoria urbana e arquitetônica com a qual nos aproximamos dos lugares, territórios ou edifícios que participam de uma dupla condição. Por uma parte vague no sentido de vacância, vazio, livre de atividade, improdutivo, em muitos casos, obsoleto. Por outra parte vague no sentido de impreciso, indefinido, vago sem limites determinados, sem um horizonte de futuro. ” 10 Com essa definição de SOLÁ-MORALES fez-se importante o estudo do termo terrain vague empregado por ele, pois no bairro estudado é evidente a ruptura entre o porto e a cidade, o que antes era considerado uma transição entre a cidade e água, hoje tornou-se uma barreira, tal aspecto é acentuado pelos usos existentes ou abandono nos bairros centrais, onde se priorizam as
atividades portuárias resultando na exclusão do habitante local. “[...] nossa cultura pós industrial reclama de espaços de liberdade, de indefinição e de improdutividade, desta vez não mais ligados a noção mítica da natureza, mas a experiência da memória, da fascinação romântica pelo passado ausente como arma crítica frente ao presente banal e produtivista. ” 11 Como vimos, os imóveis fechados ou sem uso no bairro Paquetá nem sempre foram assim, essa região antes densamente ocupada foi sendo esvaziada aos poucos e atualmente o vazio é quase predominante neste bairro. “[...] é estas que tem que se adaptar às exigências daquele e muitas vezes essa adaptação se faz às custas de grandes sacrifícios, que para os cofres municipais, quer para quem custeia as obras do porto, sem falar na série enorme de prejuízos, pequenos, mas em grande número, que sofrem os particulares estabelecidos e que, por sua vez, são incomodados e têm que mudar procurando, eles também, a adaptação necessária à situação, que o desenvolvimento do porto lhes cria”12
FIG. 43
10. SOLÀ-MORALES, I. Territórios. Barcelona: Gustavo Gilli, 2002. 11. SOLÁ-MORALES, Ignasi: A forma da Ausência: Terrain Vague, 1996. 12. GUINLE, GUILHERME: Memória descritiva das obras necessárias ao Porto.
27
1.3 | Terreno vago
Nota-se que os motivos que levaram ao esvaziamento da região central, em especial do Bairro Paquetá, são relacionados as atividades portuárias, a escritora Jane Jacobs afirma que, usos únicos de grandes proporções criam fronteiras e zonas de fronteiras resultando em bairros decadentes. 13 Contudo, compreende-se até esse momento que, a expansão do porto sempre esteve associada ao processo evolutivo da cidade, sendo decorrente os conflitos gerados por ele.
13. JACOBS, Jane: Morte e Vida de Grandes Cidades, 2000, São Paulo/SP. P.285. Figura 43: Rua General Câmara. Acervo pessoal - 2016.
FIG. 44
Figura 44: Avenida Xavier da Silveira - antigo moinho santista, atual Bunge Alimentos. Acervo pessoal - 2016.
29
1.4 | Sobre conectar Após o desenvolvimento da pesquisa histórica do lugar, pode-se relatar que o caminho do pedestre em direção aos armazéns é inteiramente limitado pela Av. Xavier da Silveira e linha férrea. Neste contexto, pensou-se em criar conexões entre as instalações do novo equipamento, e como elas poderiam influenciar na paisagem portuária existente. Na região da Baixada Santista esse assunto possui muitas discussões, pois alguns edifícios agregaram aos seus empreendimentos passarelas com o objetivo de criar conexões particulares e utilizar esse argumento para vender imóveis. Segundo o Diário Oficial, em 2012 esse assunto foi retomado, a Câmara de Santos aprovou o projeto de lei complementar permitindo a instalação de passarelas aéreas para pedestres em empreendimentos imobiliários, cargas na zona portuária e principais corredores em desenvolvimento urbano de Santos. 14
14. AGEM - Agência Metropolitana da Baixada Santista. Disponível em: <http://www.agem.sp.gov.br/ midia/cidades-11.jpg>. Acesso em: 15/03/2016. 15. HOLL, Steven, 1996 apud HAZAN, 2009.
Com o alargamento da Av. Xavier da Silveira, formou-se uma barreira entre o bairro Paquetá e a frente de água, devido o grande fluxo de caminhões que passam por ela, a linha férrea também instigou essas novas questões, porque muitas vezes o trajeto não pode ser concluído por consequência da passagem do trem, com esses desafios os acessos que poderiam ser incorporados apenas como um elemento estético isolado, se tornaram fundamentais, no que diz respeito a funcionalidade do projeto como um todo.
Assim como afirma o arquiteto Steven Holl: ”[...] a apropriação dos vazios urbanos, sejam eles terrenos, ruínas ou espaços sobre a linha férrea, rios ou vias expressas traz perspectivas incríveis e intrigantes, que devem ser exploradas de forma coerente com a espacialidade em questão”(HOLL, Steven, 1996 apud HAZAN, 2009.) 15 No entanto, essa conexão não se resume apenas em ligar duas margens, mas sim promover o uso do espaço urbano, a integração e relação entre pessoas, e acima de tudo, a ocupação dos vazios a beira do cais.
FIG. 45
Figura 45: Rua General Câmara. Acervo pessoal - 2016.
31
CAPÍTULO II Transposições Nesse capítulo pretende estudar a dualidade da palavra transposição16, que pode ser compreendida como transformação de algo, neste sentido nota-se que os limites foram formados à medida que o desenvolvimento do porto foi se expandido na malha urbana, as atividades de apoio ao porto no bairro Paquetá também foram impulsionadas por ter pouca diversidade de uso e baixa densidade demográfica. A partir daqui serão abordadas as razões que levaram as transformações portuárias, desde seu auge do café até o abandono das instalações industriais, e como surgiram as novas possibilidades de ocupar as frentes de águas.
FIG. 46
16. Segundo o dicionário: s.f. (lat. transposição) 1 Ato ou efeito de transpor. 2 Alteração na ordem das palavras de uma oração. 3 Música; Mudança de tom em um trecho de música. 4 Matemática; Operação pela qual se transpõe um termo de um membro de uma equação para outro. 17. QUINAS, David Dias. Cidade, Espaço público e frente de água. Projecto de regeneração em Ribeira de Santarém. Dissertação do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Covilhã, 2013.
FIG. 47
FIG. 48
Figura 46, 47 e 48: Representam três fases do desenvolvimento do porto. (MEYER 1999)17 1° fase: Há uma conexão próxima entre a cidade e o porto, onde a mão de obra é proveniente da cidade e a cidade está próxima dos locais de transportes e produção. | 2° fase: Inicia o deslocamento do porto e suas instalações para novos espaços, deixando as frentes de água obsoletas. | 3° fase: Surgiu uma reaproximação onde se tenta revitalizar os espaços obsoletos, uma forma de devolver a água à cidade.
Para compreender o processo que contribuiu para existência de áreas obsoletas próximo ao cais santista e no Bairro Paquetá , foram estudados alguns autores e como iniciaram as propostas de requalificação urbana. Peter Hall destaca que a utilização de contêineres impulsionou um processo inverso, anteriormente o barco seguia a mercadoria e hoje a mercadoria segue o barco, pois as primeiras ocupações tornaram-se incompatíveis onde o calado e a retroárea não atende mais as necessidades, iniciando o deslocamento dessas atividades para novas localizações.
As transformações do porto de Santos resultaram no afastamento da população do bairros centrais em direção à orla da praia, essas mutações deu-se em três grandes ciclos econômicos do porto, os quais são: café, granéis/derivados do petróleo e a conteinerização.20
Posteriormente ao esvaziamento do bairro Paquetá, os avanços tecnológicos foram fundamentais para o abandono das antigas implantações centrais portuárias, surgindo espaços vagos e imóveis fechados e em sua maior parte em estado de degradação. Vale lembrar que, tais transformações ocorreram em diversas ci“[...] novos terminais necessitando de 10 a 15 dades portuárias do mundo e através dessas hectares de áreas desobstruídas, não encon- consequências iniciam as propostas sobre o futrando espaço nos antigos waterfront urbanos, turo dessas áreas ociosas.21 sendo impossível imaginar centenas de milhares de contêineres manobrando através das Sobre as áreas portuárias obsoletas, Del Rio congestionadas áreas centrais[...] levaram os afirma que nas últimas décadas com a moderniportos ao deslocamento de suas instalações zação e a desindustrialização dos portos, houpara novas localizações[...] não só pela dispo- ve uma iniciativa do poder público em parceria nibilidade de superfície de retro terra e profun- com as instituições privadas, com o objetivo de didade das águas, mas tão importante quanto, ocupar os espaços vazios. Segundo ele, a reupela necessidade de conexão direta às novas tilização das áreas portuárias centrais tornou-se rodovias, ferrovias e hidrovias.” 19 fundamental para a recuperação e implantação de novos usos, afim de recuperar a área central e proporcionar o uso do espaço público. 22
18. HALL, 1995 apud SOUZA, 2006, p.41. 19. HAYUTH, 1988, p. 56 apud SOUZA, 2006, p. 42. 20. SOUZA, Clarissa Duarte de Castro. Santos e o processo de requalificação de áreas portuárias sobre a perspectiva do planejamento urbano. 2012 202f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006, p. 42-46. 21. Idem. 22. DEL RIO, Vicente. Voltando às origens. A revitalização de áreas portuárias nos centros urbanoos. Arquitextos, São Paulo, ano 02, n. 015.06, Vitruvius, ago. 2001.
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2.1 | Transformações portuárias
[...]“A liberação destas enormes áreas [centrais e portuárias] e estruturas, e a transposição dos impedimentos, geram importantes oportunidades para o desenvolvimento urbano, para novas funções e inversões imobiliárias, indo ao encontro do novo planejamento estratégico, dos modelos de oportunidade e das operações de revitalização urbana”23
o primeiro e principal objetivo do planejamento devia ser o de azeitar a máquina. O planejador foi-se confundindo cada vez mais com o seu tradicional adversário, o empreendedor (manager); o guarda-caça transformava-se em caçador furtivo”.25
A partir deste estudo, percebe-se o surgimento do planejamento estratégico e as “revitalizações urbanas”, termo adotado como palavra-isca, pois promove a parceria das instituições públicas e privadas, o objetivo é implantar o conceito cidade-empresa. 24 “Houve um momento [diz ele] na década de 70, em que [o planejamento urbano] começou a plantar bananeira e a virar do avesso(...) O planejamento convencional, a utilização de planos e regulamentos para guiar o uso do solo pareciam cada vez mais desacreditados. Em vez disso o planejamento deixou de controlar o crescimento urbano e passou a encorajá-lo por todos os meios possíveis e imagináveis. Cidades, a nova mensagem soou alto e bom som, eram máquinas de produzir riquezas;
23. DEL RIO, Vicente. Op. cit., p. 3. 24. ARANTES, Otília Beatriz Fiori. VAINER, Carlos; MARICATO, Ermínia (Orgs.). A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 20. 25. HALL, 1995 apud ARANTES, 2000, p. 20.
FIG. 49
Figura 49: Rua Aguiar de Andrade Acervo pessoal - 2016.
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2.2 | Frentes de água As frentes de água em muitas vezes são consideradas como um obstáculo, porém esses espaços podem funcionar como um elemento integrador, onde a água pode estabelecer uma continuidade da cidade. “Uma área sem limites claros, sem uso atual, vaga, de difícil compreensão na percepção coletiva dos cidadãos, constituindo normalmente um rompimento no tecido urbano. Mas é também uma área disponível, cheia de expectativas, de forte memória urbana, com potencial original: o espaço do possível, do futuro.”26 Através dessa definição do catalão Solà-Morales, nota-se que os vazios em frentes de água possuem um grande desafio para intervenção, contudo, são áreas com grandes potencialidades, principalmente quando são bem aproveitadas pois são capazes de devolver a margem marítima às cidades. Neste sentido, serão apresentadas três experiências de requalificações em frentes de água que se destacaram entre as décadas de 1960 e 1990.
26. Solà-Morales, Ignasi. Vazios urbanos: Trienal de Arquitectura de Lisboa, p. 13. apud ALFARO, 2009, p. 34.
Baltimore, Estados Unidos. Após a requalificação, a imagem de Baltimore foi alterada, a cidade que antes era vista como decadente, após a transformação tornou-se uma das cidades mais conceituadas, essa imagem prevaleceu até o final dos anos 1980. Nessa intervenção destacou-se como principal objetivo a diminuição dos problemas sociais através da promoção urbana, promovendo o conceito da cidade-empresa.27 Pode-se concluir que, o modelo cidade-empresa aplicado em Baltimore tornou-se uma referência, sendo desenvolvido em outras cidades como: Boston, São Francisco e Nova Iorque. A replicação desse protótipo foi denominado pelo HALL como “Rousseficação da América", pois o empresário James Rousse se tornou um elemento chave dessa proposta, onde os ideais continuam sendo divulgados como receita mágica para a revitalização urbana. Entretanto, após décadas das transformações implantadas em Baltimore, percebe-se um enorme regresso com um grande índice de criminalidade e sua economia encontra-se em decadência.28
FIG. 50
27. DEL RIO, Vicente. Op. cit., p. 03. 28. HALL, 2002 apud SOUZA, 2006, p.412. Figura 50: Aquário Nacional de Baltimore, Estados Unidos. Acervo Vicente Del Rio.
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Barcelona, Espanha. Otília Arantes afirma que, Barcelona possui diversas experiências urbanas desde o Plan Cerdá29 ao Planejamento Estratégico. Através da ausência de algo novo nos planos urbanos, foi implantado o planejamento estratégico adaptado a cultura do pais, por meio da assessoria do criador James Rouse. Em diversas cidades europeias ocorreram o desenvolvimento urbano a fim de sediar eventos esportivos ou culturais, nesse contexto a partir de 1980 Barcelona iniciou uma sucessão de revitalizações criando novas centralidades, porem todas essas renovações resultou na gentrificação e permanência do déficit habitacional. Nesse contexto, Arantes afirma: “Na receita, um pouco de tudo: das gentrificações de praxe as exportações cívicas, endereçadas, aos chamados atores urbanos, que de recalcitrantes se tornariam cada vez mais cooperativos em torno dos objetos comuns de city marketing”.30 Embora todas as deficiências do planejamento implantado em Barcelona, as Olimpíadas de 1992 foi considerada um sucesso e com isso, o modelo tornou-se um exemplo a ser aplicado nos países da América Latina, assim como no Rio de Janeiro que sediará as Olímpiadas de 2016.
FIG. 51
29. Plan Cerdá ocorreu aproximadamente em 1860 e consistia em um plano cartesiano e um sistema hierárquico de vias. O principal objetivo era a expansão da cidade além das Muralhas Medievais. 30. ARANTES, Otília Beatriz Fiori. VAINER, Carlos; MARICATO, Ermínia.Op. cit., p. 54. Figura 51: Vista do Moll de la fusta. Autor desconhecido.
Rotterdam, Holanda. Kop Van Zuid é uma península situada na margem Sul do rio Maas, a região era conhecida pela sua área de 125 ha que compunham um conjunto de equipamentos destinados a atender uma intensa atividade portuária. Entretanto, a região foi legada ao abandono, pelos mesmos motivos dos demais casos expostos anteriormente, com isso o novo modelo portuário se expandiu à oeste. “Até 1968, a municipalidade buscou preservar a função portuária das velhas bacias de Kop Van Zuid. No entanto, refletindo as mudanças políticas dos anos 70 e a participação direta das organizações de moradores neste quadro político, seu incontestável estado de abandono acabou estimulando uma sucessão de planos de ocupação, em sua grande maioria, de caráter habitacional. ” 31 Os planos propostos pela municipalidade acabaram por não serem realizados. “Somente como resultado de uma nova visão sobre os problemas da cidade que vinha ao longo dos anos 80 tomando corpo pelo aprofundamento dos trabalhos desenvolvidos pelo departamento de Urbanismo (Stadsontwikkelung), a área de Kop Van Zuid, interpretada na perspectiva mais globalizante e integradora da “carta
dos 30 pontos”, revelar-se ia de fato como oportunidade única de Roterdã “realizar suas ambições” 32 Com o objetivo de conectar as duas margens, diversas medidas infra estruturais foram propostas, dentre elas, a reconversão desse lugar em uma nova centralidade com soluções em relação a acessibilidade ao outro centro que foi possível através da ponte Erasmus Bridge e de um metrô nas proximidades. Podemos destacar duas estratégias adotadas no plano urbanístico de Kop Van Zuid, a primeira foi a ação conjunta com a combinação de moradia-emprego-educação, com o objetivo de proporcionar uso misto. E a segunda foi a participação de grandes nomes da arquitetura contemporânea na construção das torres de escritório como Rem Koolhaas, Norma Foster e Renzo Piano, essa por sua vez, pretendia atrair visitantes. Segundo Marco Van Hoek, dentre todas as medidas adotadas o que realmente se destacou foi a implantação de habitações nessa região, pois, atrai investidores interessados na compra de imóveis para alugar à jovens e casais sem filhos.33
FIG. 52
31. RIVABEN DE SALES, Pedro M., Santos: A relação entre o porto e sua (re) valorização no território macro metropolitano de São Paulo, 1999, São Paulo/ SP. p. 247 e 248. 32. Idem. 33. Van Hoek, 2008, p. 9 Figura 52: Kop Van Zuid após as transformações. Autor desconhecido.
39 Através do capítulo anterior, foi possível compreender a relação singular que o bairro Paquetá possui com a margem do cais, onde as principais barreiras são formadas pelas Avenida Portuária, Linha férrea e os Armazéns da antiga Companhia das Docas de Santos. A partir disso, foram estudados alguns projetos que conseguiram trabalhar a relação com a água e obtiveram resultados positivos.
Figura 53: Rua Aguiar de Andrade Acervo pessoal - 2016.
FIG. 53
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Silodam North Wharf Promenade. Amsterdam - Holanda Auckland - Nova Zelândia Taylor Cullity Lethlean and Wraight + Associates MVRDV FIG. 54
O projeto conhecido como Cais Norte situa-se a margem do rio Freemans na região de Auckland na Nova Zelândia, antes ocupada pelas atividades portuárias, passou por uma grande transformação, com o objetivo de requalificar o lugar. A proposta foi concebida pelos arquitetos Taylor Cullity Lethl ean, Wraight + Associates e o principal propósito foi promover novas experiências e criar um novo espaço público a margem do rio. O programa de necessidades possui o uso misto, com restaurantes, lojas, bares e na temporada de verão a antiga área industrial torna-se palco de diversos eventos culturais e atividades esportivas, com isso atrai um grande número de pessoas. Para amenizar a presença do porto à oeste, foram criados parques, bulevares e playgrounds permitindo o percurso de pedestres e ciclistas a beira mar, também foram preservados os antigos armazéns que abrigavam as mercadorias do porto, sendo dados a eles novos usos.
Kraanspoor Amsterdam - Holanda OTH Architecten FIG. 55
O país que possui grande parte do seu território abaixo da água e durante séculos teve que se proteger, hoje a Holanda possui uma relação singular com a água. Muitos dos seus projetos tornaram-se referência a outros países. Dentre grandes projetos, foram escolhidos dois, o primeiro é o Edifício Silodam, situado na região portuária de Amsterdam, talvez esse seja o único aspecto que se associa com este trabalho, pois seu programa trata-se de uso misto com: espaços públicos, salas comerciais e residências. O edifício foi implantado sobre a água onde seus pilares distribuem o peso até sua fundação. Todos os apartamentos possuem vista para o mar e seus fechamentos remetem aos containers, que por muitos anos foram utilizados nessa região. O segundo projeto, é o Kraanspoor e está localizado também em uma antiga zona industrial a margem do rio IJ. Fullym, nessa área funcionava o estaleiro naval NDSM, suas atividades deixaram diversas instalações industriais.
Relação com a água
FIG. 56
O Kraanspoor é um edifício de escritórios construído sobre uma plataforma de concreto, a qual foi utilizada como suporte para dois guindastes de carga, tal estrutura seria demolida no previsto plano urbanístico, mas a proposta do escritório OTH conseguiu reverter o processo, apropriando-se e valorizando a mesma. Os três projetos possuem semelhanças com este trabalho, visto que de uma maneira geral, todos foram motivados com a finalidade de transformar uma área com uma imagem decadente do antigo modelo industrial, nota-se que não houve uma ruptura com o entorno e sim refletiu positivamente, proporcionando às cidades a reconexão com a margem marítima. 34. Informações retiradas do site oficial. Disponível em: <http://www.silopark.co.nz/silo-park/about/>. Acesso em: 14/05/2016. 35. Informações retiradas do site oficial. Disponível em: <https://www.mvrdv.nl/en/projects/silodam>. Acesso em: 14/05/2016. 36. Informações retiradas do site: <http://www.archdaily.com.br/br/759551/kraanspoor-oth-architecten>. Acesso em: 16/05/2016.
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Bridge City Lausanne - Suiça Bernard Tschumi
Le Fresnoy Estúdio Nacional de Arte Contemporânea Tourcoing - França | Bernard Tschumi FIG. 57
Bernard Tschumi arquiteto franco-suíço, ficou conhecido por seus projetos estabelecer uma relação singular com o usuário, segundo ele não há arquitetura sem programa e sem pessoas. Para Tschumi os espaços conhecidos como “betwen spaces” por não ter um uso definido, oferece a sociabilidade e integração entre pessoas, promovendo a apropriação do espaço. Betwen spaces é exatamente o conceito aplicado nos projetos acima, ou seja, são inseridos elementos que podem criar espaços em movimento, como por exemplo, as rampas, escadas, corredores e passagens.
37. NESBIT apud MONFRE, Thaís Olival. Monografia (Conclusão de Curso de Arquitetura e Urbanismo) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2015, p. 58. 38. Informações retiradas do site: <http://www.tschumi.com/projects/14/>. Acesso em: 16/05/2016. 39. Informações retiradas do site: <http://www.aureliogalfetti.ch/>. Acesso em: 16/05/2016.
2.3 | Inspirações | Conexões
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Piscinas públicas Bellinzona - Suiça Aurelio Galfetti FIG. 58
Assim como no projeto do Centro de Artes na França, é evidente a aplicação deste conceito em diversos projetos, nesse antigo conjunto de galpões, Tschumi optou por manter o conjunto acrescentando apenas uma cobertura, essa definida por ele como espaço intermediário, que permeia todo o centro sendo utilizada como circulação. As passarelas e escadas criam um movimento nesse edifício, tais elementos são suspensos desde a estrutura da cobertura. Pode-se mencionar um segundo projeto muito importante para este estudo, conhecido como a cidade ponte, brigde city, onde Tschumi apropria-se dos pontos mais extremos da topografia do terreno, para inserir os edifícios como passagem, no total somam-se quatro passarelas que proporcionam não apenas habitar a cidade histórica mas concebe um novo uso ao vale, não há um uso pré-definido, porém elas permitem o desenvolvimento de diversas atividades.
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FIG. 59
Bellinzona distante de 180km de Zurique, capital da Suíça, é conhecida pelos seus castelos e fortificações do século X, e também por se tratar de uma área pouco edificada e generosamente verde. Com isso, no projeto para as piscinas públicas, o arquiteto suíço Aurélio Galfetti promoveu um plano para conectar a cidade ao rio Ticino, esse percurso se dá através de uma passarela, gerando um caminho mesmo a quem não se dirige ao balneário. Página 40: Figura 54: Vista aérea do antigo Parque Industrial. Foto: Autor desconhecido. |Figura 55: Edifício Silodam. Foto: Mick Palarczyk.|Figura 56: Edifício Kraanspoor. Autor desconhecido. Página 41: Figura 57: Le Fresnoy Art Center. Foto: Autor desconhecido. |Figura 58: Localização do projeto.| Figura 59: Projeto Brigde City em Lausanne.
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2.4 | SESC
Serviço Social do Comércio Ao estudar a região central da cidade de Santos, em especial o bairro Paquetá, percebe-se a imagem negativa de um espaço urbano degradado, apoiada pela migração de atividades e moradores, isso ocorre principalmente pelas precárias condições de Habitabilidade e falta de investimentos por parte do poder público. O objetivo desse trabalho é reocupar o bairro Paquetá, com intuito de promover o lazer, cultura e esporte aos moradores de baixa renda. Para definição do projeto, fez-se necessário o estudo do equipamento para que o mesmo pudesse ser capaz de atrair pessoas às suas instalações. Com isso, chegou-se à conclusão que uma unidade do SESC atenderia, de modo geral, à todos. Pretende-se promover o deslocamento das pessoas até o centro para usufruir das atividades dispostas na unidade. Vale relatar, que a unidade também beneficiará os moradores do Distrito de Vicente de Carvalho através de um atracadouro para embarcações intermunicipais. Serão expostos a seguir dados que possam justificar a implantação da unidade do SESC à margem do cais, com um breve histórico sobre o início do Serviço Social do Comércio e quais são as bases conceituais introduzidos por ele. < Figura 60: Sesc Pinheiros. Acervo Laura Gorski.
A iniciativa de Lideranças empresariais do comércio, indústria e agricultura se organizaram com o propósito de buscar soluções para as questões sociais do País. Desse modo, foi concebido a Carta da Paz Social, argumento que caracterizou a filosofia e conceito de serviço social, custeado pelo empresariado. A aprovação do Governo Nacional para a criação do Serviço Social do Comércio ocorreu em 13 de setembro de1946 por meio do decreto-lei n°9.853 consentido. A concepção consistia em fornecer aos trabalhadores e suas famílias o bem-estar, assistência médica e, sobretudo, o lazer. Ao longo dos anos o SESC aprimorou a abordagem de sua tecnologia social, incorporando durante a década de 1940 e 1950 o atendimento assistencial, e anos mais tarde, implantou princípios de ação comunitária e programas socioeducativos, essas inovações promoveram a educação como pressuposto para a transformação social. As atuações nas manifestações relacionadas a cultura possibilitaram o acesso a todos os públicos,40 em diferentes faixas etárias e extratos sociais. Atualmente presente em todos os estados brasileiros, o Sesc valoriza a diversidade cultural local, suas estratégias viabilizam a atuação no campo social, cultural, educação social e assistencial, com isso busca-se a possibilidade de promover experiências coletivas no espaço público.
Entretanto, todas as unidades do Sesc são abertas ao público, porém é necessário ser associado, não há restrições para associar-se ao Sesc, mas os empregados do comércio de bens, serviço e turismo possui algumas vantagens, como por exemplo, desconto nas mensalidades.41
40. Pesquisa baseada no site da Instituição. Disponivel em:<www.sescsp.org.br/pt/sobre-o-sesc/quem-somos> . Acesso em: 25/05/2016. 41. BICKEL, Marcia Cristina Pinto. Serviço Social do Comércio e a Produção de conhecimentos sobre o Lazer no Brasil. (Década de 1970). Dissertação do curso de Arquitetura e Urbanismo. Belo Horizonte, 2013, p. 141.
45 Linha de ação para o desenvolvimento físico e desportivo: Nessa ação o desenvolvimento físico é realizado em grupos e visam as atividades físicas com 1.Ação sócio cultural, espaços e tempo livre: um auxílio para o bem-estar e a saúde. Os equipamentos do SESC buscam expressar O espaço desportivo do Sesc propõe disponiem sua arquitetura e instalações, a ideia de bilizar as atividades físicas à diferentes faixas ruptura como o mundo do trabalho e das etárias, através de quadras, ginásios, canchas obrigações diárias. Para resumir tais açõe serão de areia, conjuntos aquáticos e áreas livres. apresentadas três linhas adotadas pelo Sesc: Todo o programa baseia-se no tempo de lazer Linha de ação cultural: do usuário, com isso, três princípios são aborNessa linha o programa reúne áreas como mú- dados na implementação de suas unidades: sica, cinema, teatro, dança, artes plásticas, o fruir artístico visuais e a cultura digital. Os espaços para cada a educação não formal atividade podem variar de equipamento para atividades lúdico-desportivas. equipamento, mas são espaços necessários Através de algumas experiências do SESC, alpara o “fazer cultura”. guns princípios regem a interação do público Linha de ação socioeducativa: com os espaços: As atividades que compõem essa segunda ação são as atividades de educação infantil, nu- Soluções criativas | Visibilidade |Transitividade | trição, segurança alimentar, assistência odonto- Estimulo e acolhimento | Reversibilidade | Atralógica e educação ambiental. Para as áreas de tividade | Estética e ética compatíveis | Acessiassistência odontológica e nutrição variam de bilidade e integração. acordo com o planejamento adotado para cada unidade. As atividades destinadas a educação Dessa forma conclui-se que, os conceitos iminfantil, na maior parte das unidades, utilizam de plantados nas unidades do SESC priorizam o salas e espaços de uso múltiplos. Os espaços acesso à cultura e educação sem formalidades, para educação ambiental não são obrigatórios, pois acredita-se que tais valores contribuem nas pois dependendo do local é necessário um pro- mudanças pretendidas através do programa de grama conceitual específico. necessidades estabelecido. Para projetar um equipamento Sesc, fez-se necessário seguir algumas diretrizes estabelecidas pela entidade: 42
42. Informações baseadas através do termo de referência para processo seletivo de proposta arquitetônica para a futura unidade Sesc Guarulhos, Sesc São Paulo, Administração Central, 2009.
LOCALIZAÇÃO DO SESC NA CIDADE DE SANTOS :
SESC DE SANTOS
Botti Rubin Arquitetos Associados, 1986.
Proposta SESC CAIS
FIG. 61
43. Informações retiradas do site oficial SESC SP: Disponível em: <http://www.sescsp.org.br/unidades/20_SANTOS/#/content=tudo-sobre-a-unidade>. Acesso em: 10/05/2016. Figura 61: Base Google Earth. Imagem elaborada pela autora.
Originalmente o SESC Santos foi inaugurado em um imóvel localizado no Bairro Vila Nova, mas a partir dos anos 1980 devido ao conceito de grandes unidades, o SESC foi transferido à um terreno cedido pela Prefeitura Municipal de Santos, com uma área de 35 mil metros quadrados situado no Bairro Aparecida. 43 Embora essa unidade seja uma das maiores que o Serviço Social do Comércio já tenha construído, o posicionamento não favorece a população de renda baixa residente dos bairros centrais da cidade de Santos. Por esse motivo, esse trabalho surge com a proposta de um segundo SESC na cidade de Santos, mas em uma paisagem completamente diferente do existente, a margem do cais, assim será possível não apenas aos moradores de Santos, mas também aos moradores do Distrito de Vicente de Carvalho e aos trabalhadores dos bairros centrais usufruírem do equipamento. Área do terreno: 21.138m² Área construída total : 51.825m² Capacidade:10.000pessoas/dia.
FIG. 62
FIG. 63
FIG. 64
47
Estudo de caso: Serão apresentados quatro estudos de caso sobre as instalações do SESC, dentre os projetos escolhidos para esta análise, vale destacar que o SESC Pompeia e o SESC Vila Mariana possuem uma grande escala de atendimento e foram importantes para esse estudo, devido ao impacto positivo que tais instalações resultaram. Dentre as unidades, o SESC Pompeia possui uma grande semelhança com a proposta deste trabalho, pois transformou um conjunto de galpões em um espaço cultural proporcionando a convivência social.
44. UBINO; GRINOVER, apud MARQUES. Andressa Pinheiro, 2014, p.10. Página 46: Figura 62: SESC Santos. Autor desconhecido. Disponível em:<http://www.mostrasescdeartes.com.br/bienaldanca2011/servicos/locais-das-apresentacoes/>. Acesso em: 15/04/2016. Figura 63: Entrada do SESC Santos. Autor desconhecido. Disponível em: <http://soleassociados. com.br/projetos/teatro-do-sesc-santos/>. Acesso em:14/04/2016. Figura 64: Ginásio do SESC Santos. Autor descxonhecido. Disponível em <http://mirada2014.sescsp. org.br/pt/espaco/ginasio-do-sesc-santos/>. Acesso em: 15/04/2016.
“A respeito do Centro da Pompeia, o Centro Esportivo é o Centro Esportivo, físico, dedicado especialmente aos jovens das padarias, açougues, quitandas, supermercados, lojas e lojinhas que o frequentavam antigamente como eu os vi em 1976 e 77, e que hoje se sentem defraudados. Para homens e mulheres, o domínio físico tem limites de idade. Para as crianças também, que poderão ocupar o espaço desde o começo definido (...). Os espaços de um projeto de arquitetura condicionam o homem, não sendo verdadeiro o contrário, e um grave erro nas determinações e uso desses espaços pode levar à falência toda uma estrutura. ”44 Contudo, será perceptível compreender através dos diagramas das instalações do SESC, que todas as unidades possuem uma setorização e organização em seu programa de necessidade estabelecido, tornando-o diferente de outros equipamentos culturais e desportivos.
SESC POMPEIA |
45
SESC BIRIGUI |
46
Lina Bo Bardi, 1982-1986.
Christina de Castro Mello e Rita Vaz. (em construção)
FIG. 65
FIG. 67
Área do terreno: 16.573,00 m² Área construída total: 21.996,00 m² Capacidade: 5000 pessoas/dia.
Área do terreno: 9.525 m² Área construída total: 7.586 m² Capacidade: não divulgado
45: Dados coletados do site oficial. Disponível em: <http:// www2.sescsp.org.br/sesc/ hotsites/arquitetura/site/ unidade.asp?cd=87748&cd_planta=90623>. Acesso em: 10/06/2016.
FIG. 66 Figura 65: SESC Pompeia. Autor desconhecido. Disponível em: <http:// saopaulosao.com.br/nossos-encontros/556-sesc-pompeia-re%C3%BAne-hist%C3%B3ria-e-cultura-em-um-s%C3%B3-lugar.html>. Acesso em: 15/06/2016. | Figura 66: Planta geral. Editada pela autora. Disponível em: <http://www2.sescsp.org.br/sesc/hotsites/arquitetura/site/unidade.asp?cd=87748&cd_planta=90623>. Acesso em: 10/06/2016.
FIG. 68 Figura 67: Maquete do SESC. Autor desconhecido. Disponível em: <https:// www.sescsp.org.br/unidades/642_BIRIGUI+EM+OBRA#/content=tudo-sobre-a-unidade>. Acesso em: 10/06/2016. Figura 68: Planta geral. Editada pela autora. Disponível em: <http://www2. sescsp.org.br/sesc/hotsites/arquitetura/site/unidade.asp?cd=87748&cd_planta=90623>. Acesso em: 10/06/2016.
46: Dados coletados do site oficial. Disponível em: <http://www2.sescsp.org.br/ sesc/hotsites/arquitetura/site/ unidade.asp?cd=87748&cd_planta=90623>. Acesso em: 10/06/2016.
LEGENDA: Setor Cultura e Lazer Setor Administrativo Setor de Serviços Setor Esportivo
49
SESC VILA MARIANA |47 Jerônimo Bonilha Esteves, 1997. Área do terreno: 5.218,00 m² Área construída total: 25.277,00 m² Capacidade: 6000 pessoas/dia.
FIG. 71
FIG. 69
FIG. 72
FIG. 73
FIG. 70 Figura 69: SESC Vila Mariana. Autor desconhecido. Disponível em:<http://vejasp.abril.com.br/estabelecimento/sesc-vila-mariana>. Acesso em 12/06/2016. | Figura 70: SESC Vila Mariana. Acervo Daniel Ducci. Disponível em: <http://vejasp.abril.com.br/estabelecimento/sesc-vila-mariana>. Acesso em 13/06/2016. | Figura 71: Planta térreo. Editado pela autora. Disponível em:<http://www2.sescsp.org.br/sesc/hotsites/ arquitetura/site/unidade.asp?cd=87678&cd_planta=90764>. Acesso em 13/06/2016. | Figura 72: Planta primeiro pavimento. Editado pela autora. Disponível em:<http://www2.sescsp.org.br/sesc/hotsites/arquitetura/ site/unidade.asp?cd=87678&cd_planta=90764>. Acesso em 13/06/2016. | Figura 73: Planta segundo pavimento. Editado pela autora. Disponível em:<http://www2.sescsp.org.br/sesc/hotsites/arquitetura/site/unidade.asp?cd=87678&cd_planta=90764>. Acesso em 13/06/2016.
40. Dados coletados do site oficial. Disponível em: <http://www2.sescsp.org.br/ sesc/hotsites/arquitetura/site/unidade.asp?cd=87748&cd_planta=90623>. Acesso em: 13/06/2016.
LEGENDA: Setor Cultura e Lazer Setor Administrativo Setor de Serviços Setor Esportivo
Centro Cultural SESC Tatuapé | 48 Paulo Mendes da Rocha, 1996. PROJETO.
FIG. 76
FIG. 79
FIG. 77
FIG. 80
FIG. 74
LEGENDA: Setor Cultura e Lazer Setor Administrativo Setor de Serviços Setor Esportivo
FIG. 75
FIGURA 74 e 75: Modelo da proposta disponível em Rocha, Paulo Mendes da; ARTIGAS, Rosa. Paulo Mendes da Rocha: projetos 1957-1999. 3 ed. São Paulo (SP): Cosac Naify, 2006. p. 52 a 5. | FIGURA 76: Planta térreo inferior. Editado pela autora. | FIGURA 77: Planta térreo superior. Editado pela autora.| FIGURA 78: Planta segundo pavimento. Editado pela autora. | FIGURA 79: Planta terceiro pavimento. Editado pela autora. | FIGURA 80: Planta terceiro pavimento. Editado pela autora.
FIG. 78
48: Dados coletados do site oficial. Disponível em: <http://www. mmbb.com.br/projects/fullscreens/50/2/10325>. Acesso em: 09/08/2016.
51 Figura 81: Rua Aguiar de Andrade Acervo pessoal - 2016.
FIG. 81
FIG. 82
Figura 82: Vista das esteiras que perfuram os armazĂŠns 10 e 11. Avenida Xavier da Silveira. Acervo pessoal - 2016.
53
CAPÍTULO III 3.1 | Proposta Visando uma área com grande potencial, tal intervenção tem como principal objetivo promover a requalificação do bairro como um todo, o projeto iniciou através da concepção de aproveitar os armazéns sem uso na frente de água para o desenvolvimento cultural. Mas foi perceptível constatar os problemas que a região central apresenta em relação as questões urbanísticas, sobretudo, sociais. Dessa forma, foi indispensável determinar uma solução mais abrangente que pudesse diminuir os impactos negativos motivados pelas atividades portuárias. Conforme visto anteriormente, este trabalho pretende propor um SESC- SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO, viabilizando o uso coletivo e ocupação da frente marinha.
55
3.2 | SESC à margem do cais
<Figura 83: Modelo eletrôncio: Vista do armazém. Sesc à margem do cais.
O projeto apropria-se de uma quadra e o armazém 11, atualmente ambos são subutilizados com serviços de apoio ao porto. O que se propõem é vincular a capacidade da unidade do SESC no âmbito cultural, esportivo e recreativo com a finalidade de estimular a permanência da população no local. Dentre os aspectos que conduziram o partido arquitetônico, o mais importante foi a preservação do patrimônio edificado, considerando a ausência da apropriação desse espaço e como os novos usos poderiam se tornar convidativos à população santista.
Na quadra as duas lâminas foram posicionadas com a fachada voltada longitudinalmente para a Rua Aguiar de Andrade, buscou-se privilegiar o acesso aos pedestres com o mesmo nível do percurso da cidade. O acesso principal se faz por uma grande praça central generosa que encaminha os fluxos para o interior dos edifícios. Agregando uma dimensão pública, a praça conduz o usuário as circulações verticais e a torre de acesso que articula a conexão entre o terreno, armazém 11 e edifício flutuante.
Dessa forma, incorporam-se ao projeto três edifícios sendo dois posicionados no terreno em frente ao armazém e um edifício flutuante, a conexão entre eles é conduzida por uma passarela que possui dois níveis para acesso a diferentes pavimentos do edifício flutuante, sua estrutura é um sistema de treliça revestida por uma chapa metálica para fechamento lateral, a mesma é apoiada em pilares fixados no solo e construídos na água.
Foi necessário categorizar os demais acessos à quadra com objetivo de evitar o conflito com o intenso tráfego de caminhões na Av. Xavier da Silveira, dessa forma o acesso de veículos públicos é feito através da Rua Aguiar de Andrade; o acesso de carga e descarga, serviços e setor operacional pode ser acessado por meio da Av. General Câmara na lateral do bloco cultural. O principal acesso ao armazém 11 é através da torre conforme mencionado acima, porém optou-se por criar uma entrada secundária na lateral do mesmo, voltada para a Av. Xavier da Silveira, com a finalidade de facilitar a entrada de funcionários, carga e descarga de mantimentos.
O conjunto edificado acresce uma área de 6.750m², totalizando em um Centro de cultura, esportes e lazer com 8.890m². Os edifícios que abrigam as atividades culturais e socioeducativas, bem como os setores administrativos e odontológico, foram implantados na quadra, o conjunto de atividades físico-desportivas aquáticas foi concentrado no edifício flutuante, e o armazém 11 acomoda o setor de comedoria do programa.
Assim a margem do cais ganha novos usos e percursos, promovendo a aproximação do usuário com a frente marinha, sobretudo, integrando o bairro com o novo equipamento.
SITUAÇÃO
CONJUNTO DE ATIVIDADES CULTURAIS CONJUNTO DE ATIVIDADES SOCIOEDUCATIVAS, ADMINISTRATIVAS E ODONTOLOGIA CONJUNTO DE ATIVIDADES FÍSICO-DESPORTIVAS AQUÁTICAS COMEDORIA
1:1125 0
10
15
30
50m
1 2 3 4
57
1
4
2
3
PLANTA SUBSOLO PLANTA SUBSOLO NIVEIS -4.00 -4.00 | -6.00| -6.00 NÍVEIS NIVEIS
1
2
1
1 ÁREA 1 TÉCNICA ÁREA TÉCNICA 2 SETOR DE APOIO OPERACIONAL + SERVIÇOS 2 SETOR DE APOIO OPERACIONAL + SERVIÇO AUXILIARES AUXILIARES 3 CONJUNTO DE CAMARINS INDIVIDUAIS 3 CONJUNTO DE CAMARINS INDIVIDUAIS E COLETIVOS E COLETIVOS 4 SANITÁRIOS 4 SANITÁRIOS 5 SALA5 DE USO SALA DECOLETIVO USO COLETIVO 6 ALMOXARIFADO 6 ALMOXARIFADO 7 ESTACIONAMENTO DE CARROS E MOTOS 7 ESTACIONAMENTO DE CARROS E MOTOS
2 3
3
3
3 3
3
3
3
5 4
7
4
65
6
7
1:500 1:500
0
10 0
10
30
30
50m
5
TÉRREO PLANTA TÉRREO NÍVEL 0.00
8 34
32 15
34
33
31
15 12
16
13
14
17
30
9
10
11
29
19
29
18
29
28
20
35
27
21
26
37
26 24
25
22
36 25 23
38 38
39
40
42
41
8 ACESSO CARGA | DESCARGA 9 ACESSO PEDESTRES 10 BICICLETÁRIO 11 PRAÇA DE CONVIVÊNCIA 12 CENTRAL DE ANTENDIMENTO - BLOCO CULTURA 13 LOJA SESC 14 TURISMO SOCIAL 15 SANITÁRIOS 16 SALA DE INTERNET E TÉCNOLOGIA 17 VIVÊNCIA | VARANDA EXTERNA 18 CENTRAL DE ATENDIMENTO - BLOCO SOCIOEDUCACIONAL 19 BIBLIOTECA 20 SALA DE USO PROGRAMÁTICO FLEXÍVEL 21 ACESSO DE VEÍCULOS AO SUBSOLO 22 SANITÁRIO | VESTIÁRIO FUNCIONÁRIOS 23 ACESSO CARGA E DESCARGA - LADO MAR 24 ACESSO CARGA E DESCARGA - LADO AV. XAVIER DA SILVEIRA 25 DEPÓSITO PARA LIXO 26 MESA BRASIL | SEGURANÇA ALIMENTAR 27 SALA NUTRICIONISTA 28 ALMOXARIFADO 29 COZINHA 30 SALÃO DE REFEIÇÕES 31 ACESSO AO RESTAURANTE 32 CAFÉ 33 CAIXA 34 SANITÁRIOS 35 PASSEIO PÚBLICO 36 ACESSO - ESCADA ROLANTE | PASSARELA 37 ATRACADOURO FLUTUANTE 38 SANITÁRIOS E VESTIÁRIOS 39 DEPÓSITO 40 SALA PARA ATENDIMENTO DE URGÊNCIA 41 SALA PARA EXAMES MÉDICOS 42 PISCINA INFANTIL 43 PISCINA RECREATIVA 44 PISCINA SEMIOLIMPICA
42
43
44
1:500
0
10
30
50m
PLANTA MEZANINO NIVEIS 3.63 | 3.90 | 3.15
49 50 51 52
49
ÁREA DE CONVIVÊNCIA ACESSO AO TEATRO - PASSARELA ESPAÇO PARA LEITURA - DESCANSO CAFÉ
50
51
52
1:500
0
10
30
50m
PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO NÍVEIS 7.25 | 7.30 53 FOYER 54 TEATRO 55 SANITÁRIOS 56 CAFÉ 57 ESPAÇO DE LEITURA 58 SETOR ODONTOLÓGICO - RECEPÇÃO 59 SETOR ODONTOLÓGICO - SALA DE ESPERA 60 SETOR ODONTOLÓGICO - SALA DE PROCEDIMENTO 61 SETOR ODONTOLÓGICO - SALA DE RAIO X 62 SETOR ODONTOLÓGICO - SALA DE COORDENAÇÃO 63 SETOR ADMINISTRATIVO - ATENDIMENTO 64 SETOR ADMINISTRATIVO - SANITÁRIOS 65 SETOR ADMINISTRATIVO - SALA GERENTE E TESOURARIA 66 SETOR ADMINISTRATIVO - SALA MÉDICA 67 SETOR ADMINISTRATIVO - SALA PARA REUNIÕES E INFORMÁTICA 68 SANITÁRIOS E VESTIÁRIOS 69 DEPÓSITO PARA EQUIPAMENTOS 70 SETOR ESPORTIVO 71 SALA DE APOIO 72 SALAS PARA ATIVIDADES FÍSICAS 73 SALA PARA ATIVIDADE INFANTIL 74 SALA PARA ATIVIDADE MULTIFUNCIONAL
54 55
55
56
53
61 61 59 60 6 0 62 6 0 60
58
57
67 63
66
65
64
68
68
68
69
72
70
71
73
72 72 72
74
1:500
0
10
30
50m
PLANTA SEGUNDO PAVIMENTO NÍVEIS 11.05 | 11.50 75 76 77 78 79 80 81 82
76
CABINE DE LUZ E SOM SANITÁRIOS ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA ESPAÇO PARA LEITURA | VARANDA EXTERNA SALAS PARA OFICINAS CULTURAIS SALA INFANTIL | CURUMIM CONJUNTO DE SANITÁRIO E VESTIÁRIOS GINÁSIO POLIESPORTIVO
76
77 75
79
79
78 75
79 80
81
82
1:500
0
10
30
50m
PLANTA TERCEIRO PAVIMENTO NÍVEL 14.85 83 ACESSO AO MEZANINO 84 CENTRO DE FORMAÇÃO MUSICAL ELEMENTAR SALAS COLETIVAS 85 CENTRO DE FORMAÇÃO MUSICAL ELEMENTAR SALA COORDENADOR 86 CENTRO DE FORMAÇÃO MUSICAL ELEMENTAR SALA PARA REUNIÕES 87 SANITÁRIOS 88 CENTRO DE FORMAÇÃO MUSICAL ELEMENTAR SALA PARA EQUIPAMENTOS 89 CENTRO DE FORMAÇÃO MUSICAL ELEMENTAR SALAS INDIVIDUAIS 90 PASSARELA DE ACESSO À ARQUIBANCADA 91 ARQUIBANCADA SUSPENSA
87
87 88 89 89 89 89 89
84
84
84 85
86
83
90
91
1:500
0
10
30
50m
PLANTA QUARTO PAVIMENTO NÍVEL 20.25
94
92 ESPAÇO PARA APRESENTAÇÕES MUSICAIS 93 SALAS DE APOIO ÀS APRESENTAÇÕES 94 SANITÁRIOS 95 CONVIVÊNCIA 96 PASSARELA DE ACESSO AO SOLÁRIO 97 MIRANTE 98 DEPÓSITO | ALMOXARIFADO 99 SALA DE EMERGÊNCIA E EXAME MÉDICO 100 SALA DE COORDENAÇÃO 101 SANITÁRIOS E VESTIÁRIOS 102 PISCINAS DESCOBERTAS - SOLÁRIO 103 PISCINA INFANTIL 104 PISCINA ADULTO
94 93
92
93 9 3
95
96 97
98
99 100
101
101
102
103
104
1:500
0
10
30
50m
CORTE AA
CORTE BB
CORTE CC
CORTE DD
CORTE EE
CORTE FF
CORTE GG
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Considerações finais:
A área central da cidade de Santos, em particular no bairro Paquetá, é a consequência da expansão e especialização portuária, seja do ponto de vista territorial ou social. O estudo apresentado consistiu em utilizar uma quadra para inserção de um centro de cultura, esporte e lazer, coma premissa de requalificar o bairro como um todo. Através desse trabalho foi fundamental considerar questões de acesso, uso e como tornar uma área degradada em um espaço convidativo, promovendo a vivência, encontros e relações entre pessoas. Desse modo, a proposta buscou intervir no local de forma com que o limite entre a cidade e o mar pudessem ser rompidos, promovendo o uso da margem do cais, que até então, encontra-se em contínua degradação.
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