albergaria urbana Caroline Albergaria Orientador: Bruno Capanema
Albergaria Urbana - Albergue na W3 Autora: Caroline Silva de Albergaria Orientador: Bruno Capanema Banca Examiandora: Cláudia Garcia Ricardo Trevisan Professora convidada: Maribel Aliaga Brasília, 2016 Caderno de projeto final para conclusão do curso da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília no primeiro semestre de 2016. 1.Albergue 2.W3 3.Troca 4.Boate 5. Backpacker
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Para vรณ Cocota, matriarca dos Albergaria 4
Agradecimentos Estou há seis anos nessa Universidade. Não posso deixar de agradecê-la. A Universidade de Brasília, em especial a querida Faculdade de Arquitetura e Urbanismo me ensinou a compreender o outro com todas as suas diferenças, a trabalhar em grupo, a ouvir e conviver com grandes mestres, a agradecer aos funcionários pelos seus serviços, a me adaptar a qualquer ambiente. Ainda não consigo me imaginar fora deste lugar, não posso dizer “adeus!”, então digo um saudoso “até logo!”. Obrigada, UnB! Ao meu querido orientador Bruno Capanema muito obrigada! Todas as minhas crises foram sanadas por seus conselhos e animadas com as nossas orientações. Junto com as meninas da Diplô, Lara Boretes, Anna Angélica Bento e Isabella Dias, tenho muitas recordações boas das quintas pela manhã, parece até que todos esses dias foram pares. Meu enorme obrigada a minha família, que me apoiou em toda a minha vida. Obrigada pai! De você, eu herdei a persistência para nunca desistir dos meus sonhos e um deles acaba de se realizar, me tornar Arquiteta. Obrigada, mãe! Meu gosto pela arte e estudos vem de você. Clarisse e Cecília, irmãs maravilhosas que sempre cuidaram de mim como toda irmã mais velha. Obrigada, família! Vocês sempre me inspiraram. Agradeço especialmente a vó Cocota (in memoriam) que sempre torceu e rezou pelo meu sucesso. Vozinha, tenho certeza que você estaria muito feliz pela minha formatura e que está ao lado de Santa Rita se gabando de todos seus netos. Muito obrigada por tudo! Obrigada, Tchuco! Obrigada por todo o apoio, puxões de orelha e amor nesses oito anos juntos. Obrigada por tentar entender sobre Arquitetura para me fazer mais feliz, por ficar do meu lado quando eu estava com sono fazendo maquete, por compreender quando eu precisava ficar fazendo trabalhos aos finais de semana. Obrigada mais ainda quando você me acalmou dizendo “Calma! O semestre já vai acabar e a gente vai ficar juntinho.” Cami e Bruneca, conhecer vocês foi uma das melhores coisas que aconteceu na Faculdade. Passamos muito tempo juntas e agradeço muito pelo suporte, saídas e trabalhos que dividimos. Ainda vou começar muitas histórias dizendo “A Cami, a Bruneca e eu...”. Minha querida Diretoria, obrigada pelo tempo, sushis e por toda a Arquitetura que vivenciamos juntos. Agradeço também a Laura Camargo, chefe e amiga (não sei o que veio primeiro) por todas as co-orientações, ensinamentos, conversas e croquis. Me espelhar em você foi uma grande aventura e tenho certeza que me tornei uma arquiteta melhor por sua causa. Obrigada! Obrigada aos outros amigos que ajudaram diretamente na Albergaria Urbana: Marcelo Braga, Gabriella Chiarelli e Jean Santos. Obrigada pelas acessorias, histórias de seus TCC’s e Diplôs que me deixaram mais tranquila e por tudo o que vocês fizeram pra deixar o projeto mais completo. Obrigada a toda equipe Esquadra. Trabalhar com vocês sempre foi prazeroso e fazer parte dessa equipe me deixa muito orgulhosa. Enfim, tive muita ajuda e agradeço a Deus por colocar as pessoas certas no meu caminho para que ele fosse mais divertido. Obrigada a todos!
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Para viajar basta existir Fernando Pessoa
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O objetivo deste Caderno é reunir as informações e análises necessárias para o Projeto de Conclusão do Curso em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília em que será projetado um albergue na Avenida W3 de Brasília. O caderno está estruturado em seis partes denominadas com o intuito de que o leitor viaje entre elas. No Planejamento, serão apresentados os conceitos teóricos que justificam e apresentam a escolha do tema, ou seja, o contexto histórico dos albergues, os principais usuários e a necessidade desse tipo de hospedagem na cidade. Nas Rotas, o terreno e entorno será analisado a fim de determinar os condiconantes de projeto. Em seguida, são apresentadas as Referências com o estudo de dois albergues, além de diversos outros projetos que direcionaram as diretrizes de projeto. O projeto arquitetônico é apresentado na Estada e explicado desde sua evolução até o partido final. Na parte de Detalhes, alguns elementos de projeto serão melhor especificados. Por último, a Bibliografia que foi estudada no auxílio de todas as partes do Caderno de Projeto.
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planejamento 12 rotas 18 referências 32 estada 40 detalhes 66 bibliografia 76
sumário 10
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planejamento 12
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APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA
Por que? Quando eu era criança, lembro da minha mãe atendendo o telefone de casa, tarde da noite e dizendo à pessoa que ligou: “Aqui não tem quarto pra ninguém, não! Esse é meu sobrenome!”. Muito tempo depois fui entender que o meu sobrenome também é usado para um tipo de hospedagem e alguém achou o nome na lista telefônica e resolveu ligar a procura de um lugar barato para passar a noite. Piadas a parte, comecei a entender um pouco mais sobre os albergues em viagens e várias histórias de amigos. O homem atual vê a real necessidade de viajar. Porém, a capital possui um custo de vida alto1 e parte dos viajantes, com interesse em acomodações e serviços mais baratos, possuem maior dificuldade para aproveitar a cidade. Segundo dados do Ministério do Turismo sobre o Estudo da demanda turística internacional em Brasília2, apenas 1,8% das pessoas entrevistadas em 2013 se hospedaram em albergues ou campings na capital. Talvez pela falta de oferta desses tipos de hospedagem. Em Brasília, existem apenas seis hostels e alguns se localizam em áreas de difícil acesso, como o Albergue da Juventude de Brasília, próximo ao Autódromo da cidade. Daí partiu a ideia de projetar um albergue em Brasília. Antes de apresentar o projeto é necessário conhecer mais sobre a tipologia dos albergues, sua história e evolução, além do perfil de seus usuários principais, os hóspedes. Albergues não pretendem ser hotéis ou pousadas. A ideia principal é oferecer acomodações econômicas e de boa qualidade. Além disso, deve contar com uma boa localização, segurança e limpeza.
1 De acordo com a materia publicada no Correio Braziliense em 20014, Brasília possui o custo de vida mais caro do país. Disponível em: <http:// www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2014/04/22/interna_ cidadesdf,424141/brasilia-e-a-cidade-com-maior-custo-de-vida-do-pais-segundobanco-central.shtml> Acesso em: 14 de setembro de 2015. 2 Ministério do Turismo - MTur e Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas FIPE, Estudo da Demanda Turística Internacional - 2007-2013.
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Para que os preços fiquem mais baixos, os albergues dispensam boa parte dos funcionários e dos serviços de quarto, comumente encontrados nos hotéis. Porém, alguns albergues dispõem de serviços, como lavanderia e cozinha, para que os hóspedes possam lavar suas roupas e fazer sua própria comida, e assim economizar ainda mais. Um dos principais recursos dos albergues é a área comum entre os hóspedes. Sala de TV, informática, leitura, refeitório, entre outros espaços que possam contribuir para o convívio entre os usuários, mantendo a privacidade e o sossego nos quartos. Além disso, os albergues costumam ter algum outro tipo de serviço que garanta uma outra fonte de renda aos proprietários, comumente um bar. No projeto em questão, será implantado também uma boate e um café aberto a todos. A boate, que terá seu funcionamento sobretudo no turno noturno, dinamiza o entorno, e oferece aos hóspedes outras formas de lazer. Além disso, esse tipo de serviço é capaz de gerar uma associação com parceiros do setor privado para patrocinar diversos eventos, além da obra. O mochileiro, chamado de backpacker costuma ser o principal hóspede de um albergue. Em sua maioria, são jovens em busca da troca cultural e vivência prática dela a partir do convivío com a cidade, seus moradores e frequentadores.
O setor de turismo no Brasil vem crescendo e a necessidade de especializar os serviços a fim de direcioná-los a um determinado público-alvo, o qualifica. Entender o perfil de seus usuários facilita no estudo do programa, além de direcionar melhor as diretrizes de projeto. O turismo jovem é um desses segmentos que ganha importância ao longo do tempo. Afunilando ainda mais a questão do público-alvo temos os viajantes mochileiros, mais conhecidos como backpackers. O nome já explica esse tipo de viajante: realizam sua joranda com apenas o essencial para sua sobrevivência e cabendo tudo em uma mochila. Segundo Aoqui (2005, p.82), o perfil backpacker remonta desde a Antiguidade, quando os jovens viajavam por um autodescobrimento. Ao longo do tempo, essas viagens se tornaram tradicionais nas famílias ricas da Inglaterra do século XVII e XVIII, em que jovens faziam o Grand Tour, viagens por toda a Europa por um ou dois anos a fim de completar sua educação. De acordo com Aoqui (2005, p.82), os objetivos do Grand Tour eram: “encontrar as pessoas eminentes e influentes da época; aprender moda, artes, balé e as etiquetas sociais em relação a festas e outras habilidades de um nobre; frequentar as melhores universidades e adquirir as habilidades sociais necessárias para o futuro.” Suas famílias diziam que era essencial os jovens serem educados em outras línguas e culturas de países “sofisticados”. Como se pode perceber, o intuito do backpacker mudou. Tornou-se mais aventureiro, independente e autônomo. E foi com a criação dos albergues no século XX que proporcionou o aumento dessa forma de viagem. Os usuários do albergue foram inferidos a partir do programa de necessidades e divididos em dois grupos (ver organograma 01), os fixos, aqueles cujo suas funções e serviços são necessários diariamente, ou seja, os funcionários. E os provisórios, aqueles que utilizam de algum serviço prestado pelo estabelecimento, mas por um curto período de tempo. Os usuários provisórios são os hóspedes, que tem acesso a maioria do programa de necessidades (exceto a área de funcionários); e os clientes da boate e café, que tem acesso apenas a esses ambientes. Os funcionários constituem a menor parte dos usuários. O albergue tem capacidade de abrigar 66 hóspedes. Eles serão os principais usuários que irão usufruir a maior quantidade do programa. A boate terá capacidade para 500 pessoas. Os hóspedes são essencialmente jovens, entre 18 e 31 anos. Chegou-se a essa conclusão por meio de dados do Ministério do Turismo, os quais revelaram que 29,6% das pessoas entrevistadas no ano de 2013 que visitaram Brasília tinham essa faixa etária.
Hóspedes e clientes da boate e café
Funcionários Recepcionista Cozinheiro Gerente Faxineiro
OS
Os albergues surgiram por volta de 1920, na Alemanha, com o professor Richard Schirrmann, que ocasionalmente viajava com seus alunos para o campo. As viagens eram usadas como um diferencial, pois os alunos experimentavam novas culturas de maneira prática, além de se distanciarem do caos urbano. O grupo de estudantes e o professor se acomodavam durante a noite em escolas ou fazendas, improvisando espaços para estudar e para dormir. Ali, a primeira ideia de um hostel foi criada. Richard Schirrmann abriu o primeiro hostel em um castelo em Altena, na Alemanha, em 1921. Os quartos eram ocupados com triliches, cozinha e banheiros. O castelo até hoje funciona como um hostel. Após duas décadas, milhares de hostels foram abertos na Europa, confirmando o sucesso da ideia. Em 1932, foi realizada a primeira conferência internacional de Hostels em Amsterdã, chamada de Youth Hostel Federation, a fim de reunir os representantes de hostels por toda a Europa. Em 1934, foi aberto o primeiro Hostel americano em Northfield, Massachusetts. Mais tarde, a Youth Hostel Federation se uniu à Hostelling International, uma famosa organização que possui cerca de 4000 hostels espalhados por 80 países. Durante a Segunda Guerra Mundial, houve uma queda da hospedagem, que só foi crescer novamente nas décadas de 1960, com a popularização das passagens aéreas. O design dos hostels não sofreu muitas alterações ao longo tempo. Uma das modificações foi o tipo de localização. Os primeiros localizavam-se em áreas mais afastadas do centro das cidades, a fim de “fugir” do urbano. Atualmente, os hostels possuem boa localização e proximidade com o centro para facilitar a viagem. Outra diferença são as tarefas realizadas pelos hóspedes. Originalmente, a hospedagem era paga por meio de tarefas, como limpeza, manutenção e outros serviços. Atualmente, não há essa troca tarefas/hospedagem, porém, todos tem que manter o espaço limpo e organizado.
FIX
E pra quem é tudo isso?
S RIO IS Ó PROV
Contexto histórico dos albergues
55Organograma 01- usuários Autoria: Caroline Albergaria
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Troca Brasília, sua arquitetura e seu urbanismo influenciam fortemente o conceito do albergue. A escolha do nome do local, Albergaria Urbana, representa esse vínculo que pode ser interpretado pela analogia da definição de cidade. Segundo Kotkin, a cidade possui três pilares fundamentais. O primeiro é o espaço sagrado, ou seja um espaço de convivência, podendo ser um espaço público e/ou de coletividade. O segundo pilar diz respeito à segurança básica, em que os limites (muros e barreiras) asseguram seus moradores. O último pilar é a própria troca, no qual o comércio possui grande importância, pois é ali onde sempre houve o maior intercâmbio de informações, produtos e bens. Além disso, as pessoas criam relações de interdependência entre si e com a cidade. Para complementar a interpretação das cidades, Mônica Gondim e Valério Medeiros (GONDIM;MEDEIROS, 2013, p.2) afirmam que a cidade é um lugar de movimento e repouso. O albergue é organizado da mesma forma. Seu espaço sagrado é representado pelos espaços comuns que auxiliam no principal objetivo dos hóspedes: a busca da troca cultural e sua vivência prática a partir do convivío com a cidade, seus moradores e frequentadores. A segurança é um dos elementos fundamentais, pois fornece abrigo aos usuários e garante o conforto, premissa básica para um estabelecimento como um albergue. E a troca valoriza a convivência entre as pessoas em diferentes espaços e com a população local. Os espaços de movimento estão representados nas áreas comuns e na boate. Já o respouso, nos ambientes mais privados: os quartos. Dessa forma, o albergue desempenha um papel de troca entre os usuários e a cidade. Por isso, Albergaria Urbana.
O conceito central e norteador do projeto, a troca, está interligando elementos macros e micros. Dessa forma, percebese as seguintes relações: A cidade influencia o edifício por meio de sua arquitetura: a adoção de revestimentos como o concreto e o branco, de elementos como cobogós, brises e espelho d’água e com o uso de formas ortogonais que contrapõem a leveza do pilotis. Além disso, o edifício possui contínua conexão com a cidade mediante rasgos, onde os hóspedes podem ter visuais de todo o entorno. O uso do terraço como espaço de permanência e lazer permite aos usuários sempre observar o céu, elemento constante na paisagem de Brasília e um dos pontos mais fortes da construção da imagem da cidade. Como disse Lucio Costa “O céu é o mar de Brasília”. O edifício se eleva criando um térreo livre para a passagem dos pedestres. Além disso, com a criação da Pocket Park o espaço se torna um local de permenência. E com o auxílio do comércio (café e boate) os brasilienses possuem mais opções de lazer durante o dia, a tarde e noite. Essa passagem e permanência contínua de pessoas assegura o local e melhora os espaços públicos que a comunidade frequenta. A Pocket Park também tem a função da troca entre a população local e os hóspedes do albergue. O mobiliário urbano presente na praça, permite que esses dois grupos de pessoas possam interagir num ambiente agradável. As diversas áreas comuns do albergue permite que os hóspedes tenham diferentes tipos de programas. Os quartos, em sua maioria compartilhados, são também locais de troca, onde os usuários convivem com pessoas de diversos outros lugares e culturas.
EDIFÍCIO
USUÁRIOS
POPULAÇÃO
CIDADE
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rotas 18
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W3 | JUSTIFICATIVA E CONTEXTO HISTÓRICO
Para a escolha do terreno, algumas diretrizes foram adotadas a fim de atender aos turistas, comodidades em relação à cidade. Admitindo que as atividades, passeios, pontos turísticos da cidade estão, em sua maioria, na área central de Brasília, facilitaria que o local de pouso dos visitantes estivesse nessa área, simplificando os trajetos e possibilitando o maior vivenciamento da cidade. Além disso, o centro da cidade possui facilidades de acessos e consequentemente tornando-o mais acessível e com maior fluxo de pessoas. Assim, foi escolhido um terreno na W3 Sul de Brasília, via com diversidade de usos e que passa por transformações pela necessidade de revitalização. Segundo Lucio Costa, no Relatório do Plano Piloto (1957 apud LEITÃO (Org.), 2009), a ideia inicial para a Avenida W3 do Plano Piloto é que ela fosse uma via secundária que separasse os comércios das 500 e uma grande faixa destinada à agricultura e floricultura. As quadras 500 seriam destinadas ao comércio mais pesado como garagens, oficinas e depósitos, assim, a W3 serviria para o tráfego de caminhões, reafirmando o caráter de via de serviço. Porém, de acordo com Maria Elisa Costa e Adeildo Viegas de Lima (1985 apud LEITÃO (Org.), 2009) a faixa destinada à agricultura e floricultura foi utilizada para a construção de casas geminadas para os primeiros técnicos vindos à capital. Assim, surgia as quadras 700 da Asa Sul. As quadras 700 da Asa Sul foram parceladas originalmente para a construção de casas geminadas, porém em 1962, o Conjunto Paroquial Santuário Dom Bosco foi construído na quadra 702. As edificações mais consolidadas entre 1958 e 1960 às margens da W3 eram as casas geminadas das 700. Apenas em 1961, a Novacap definiu o parcelamento para as quadras 500. Com a presença das quadras residenciais contíguas a W3 e a falta de equipamentos urbanos próximos, percebeu-se a necessidade de implantar um comércio de pequeno porte. Assim, os usos das quadras 500 foi alterado, antes mesmo de sua real implantação. Como os setores centrais de diversão e os comércios locais ainda não construídos nos primeiros anos de Brasília, a W3 tornou-se o principal ponto de encontro, comércio e lazer da cidade, principalmente nos anos 70. Foi a partir desse período que o transporte público ganhou grandes proporções nessa área. Em meados dos anos 70, iniciou-se a construção de um grande trevo no Eixo Monumental que liga a W3 Sul e Norte. Com esses empreendimentos - trevo de ligação e transporte público na área - a Avenida tornou-se um uma via movimentada, desfavorecendo o seu antigo caráter de permanência.
Área destinada a hortas e pomares
Avenida W3 como via secundária de serviço W3
Quadras 500 destinadas ao comércio pesado Edifícios residenciais das superquadras
revitalização das Avenidas. Alguns pontos importantes são: Comércio local
55Croqui com planta das quadras próximas a W3 segundo concepção original Autoria: Caroline Albergaria
Quadras 700 destinadas às casas geminadas
Avenida W3 como uma das principais vias da cidade W3
Quadras 500 destinadas ao comércio e serviços variados Edifícios residenciais das superquadras
Comércio local
55Croqui com planta das quadras próximas a W3 segundo a implantação real Autoria: Caroline Albergaria
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A W3 é ao mesmo tempo uma via de intenso fluxo, gerando forte movimento, e uma via de atividades. Ao longo do tempo houve inúmeras alterações quanto às normas de uso e gabaritos. Essa combinação de fatores, junto a valorização dos comércios locais da superquadra causou, ao longo do tempo, a degradação e o declínio da Avenida W3. O cenário atual da Avenida é constituído pela falta de acessibilidade aos pedestres, descontinuidade entre os espaços públicos e privados, áreas coletivas e de uso público sem cuidados, além do favorecimento do transporte de veículos em prol dos pedestres. Em 2002, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEDUH) propôs um concurso de ideias e estudos preliminares de arquitetura e urbanismo para a revitalização das Avenidas W3 Norte e Sul. Em 2009, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Governo do Distrito Federal apresentou diretrizes e estratégicas para a
Intervenção no espaço público 5 Requalificação nas calçadas; 5 Novo desenho urbano para a W2; 5 Estacionamento e tratamento das entrequadras; 5 Tratamento dos entreblocos e becos. Revisão das normas de uso do solo 5 Revisão dos usos na área, ampliando a gama de usos com relação aos atualmente permitidos pela legislação. Requalificação das edificações 5 Projeto de requalificação das fachadas; 5 Incentivos fiscais para investimentos em melhorias urbanas.
Implantação do sistema de tranporte VLT (Veículo Leve sobre Trilhos)
O TERRENO
Santuário Dom Bosco
SHIG 703
W3 Sul
SHCS 503
Lote 2 EQS 302/303
SHCS 502
Fashion Mall
SQS 303
SQS 302
CLS 303
O terreno escolhido é o lote 2 da Entrequadra 302/303 Sul, em frente a Avenida W3 Sul. Atualmente, o lote encontra-se desocupado, servindo como estacionamento. O lote 1 é ocupado por um edifício comercial, o Fashion Mall. As dimensões do lote foram extraídas a partir do dimensionamento de edifícios construídos com mesmo tipo de loteamento nas Entrequadras da W3 Sul, já que a NGB que define as normas para esse lote, não dispõe de suas dimensões. Além disso, os afastamentos e locação do terreno foram inferidos a partir dos alinhamentos das edificações do entorno. A NGB 52/89 define as normas apenas para o lote 1 da Entrequadra 302/303 Sul, dessa forma, foram aplicadas as mesmas normas para o lote 2 dessa Entrequadra: 1. Usos permitidos: 5 Comércio de bens - Abastecimento alimentar, artigos pessoais e de saúde, artigos eventuais, artigos excepcionais. 5 Prestação de serviços - Bares, restaurantes, serviços financeiros, serviços pessoais e domiciliares, serviços de conservação e reparos, serviços profissionais e de negócios e serviços de comunicação. 5 Educação de ensino não seriado 5 Cultura O Documento Técnico de Revitalização da Avenida W3, confecionado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente em 2010, ainda prevê a Revisão das normas de uso e ocupação do solo. Segundo o documento, os seguintes usos também são permitidos: 5 Comércio de bens e Serviços (incluindo serviços de alojamento) 5 Coletivo ou institucional 5 Industrial 2. Taxa máxima de ocupação - 100% 3. Taxa máxima de construção - 200% 4. Altura máxima - a altura máxima especificada na NGB 52/89 é de 7 metros a partir da cota de soleira, porém como Documento Técnico de Revitalização da Avenida W3 revê o gabarito das edificações, a cota máxima será de 10 metros a fim de garantir o alinhamento vertical com as edificações da SHCS.
CLS 302
N N 55Mapa de localização. Autoria: Caroline Albergaria
55Mapa do terreno e entorno Autoria: Caroline Albergaria
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VISUAIS DO TERRENO
Vista 1
Vista 4
Vista 2
Vista 5
Vista 3
Vista 6
Dom Bosco SHIG 703
6 3 1 2
SHCS 503
4
SHCS 502
5
Fashion Mall
N
CLS 303
55Mapa da localização do observador Autoria: Caroline Albergaria
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CLS 302
VISUAIS DO ENTORNO
Vista 1
Vista 4
Dom Bosco SHIG 703
5
Vista 2
Vista 5
4 SHCS 502
SHCS 503 1 2
3
Fashion Mall
6
N Vista 3
Vista 6
CLS 303
CLS 302
55Mapa da localização do observador Autoria: Caroline Albergaria
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HIERARQUIA VIÁRIA
W3 66m W2
310m
W1
310m
Via expressa Via arterial Via coletora
Eixo W
Via local
70m N
Eixão 55Mapa Hierarquia viária Autoria: Caroline Albergaria
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A partir do mapa de hierarquia viária é possível entender como o entorno se configura e a partir daí, compreender suas características e funções. O Eixo Rodoviário, mais conhecido como Eixão, devido suas grandes dimensões, é classificada como expressa. Nele, trafega veículos motorizados com velocidade máxima de 80km/h, sem controle de semáforos. Aos domingos e feriados nacionais, o Eixão é fechado para os veículos motorizados, a fim de que a população tenha um espaço livre de lazer. O Eixo W e a via W3 são classificadas como arteriais. A velocidade máxima dessas vias é de 60km/h e servem de trajetos para longas e médias distâncias. Em 2012, foi implantada na W3 uma faixa exclusiva para ônibus, táxis e vans escolares, aumentando o fluxo e acessebilidade na avenida e, como consequência, um nível de poluição atmosférica e sonora maior que as demais vias do entorno. Além disso, a grande quantidade de placas e letreiros sem um padrão para indicar os comércio na avenida W3 causa poluição visual. As vias W1 e W2 são classificadas como coletoras, pois interligam as vias arterias aos bairros locais. A via W2 é muito utilizada como acesso de carga e descarga e portanto, fluxo de automóveis pesados. Para controlar a velocidade dessas vias, são utilizados semáforos e rotátorias, viabilizando maior segurança nos bairros locais. As vias locais dão acesso às Superquadras, edifícios institucionais e às casas geminadas das quadras 700. A velocidade máxima permitida é de 30km/h nessas vias.
FLUXOS E ACESSIBILIDADE
P
T
Principais trajetos de pedestres observado Trajeto de ônibus Trajeto do VLT - previsão para 2018 Trajeto de caminhões Trajeto do metrô Trajetos de bicicleta (não encontrado)
M
P
P
Parada de ônibus
M
Estação de metrô 102 Sul
T
Ponto de táxi
N
55Mapa Fluxos e acessibilidade Autoria: Caroline Albergaria
Durante as visitas e conhecimento da área, foi possível analisar como é o acesso ao terreno e os diversos fluxos existentes. A via W3 possui faixa exclusiva de ônibus e paradas de ônibus por toda sua extensão, incluindo uma parada em frente ao terreno. No Eixo W trafegam ônibus e abaixo do Eixão, o metrô. A Via W2 é utilizada para a carga e descarga e por isso possui tráfego de caminhões. Os trajetos de pedestres marcados são os principais feitos na área e possuem grande convergência para a parada de ônibus em frente ao terreno. Perto do terreno também há um ponto de táxi, contribuindo para o transporte dos usuários. É prevista a implantação de um VLT no canteiro central da W3, que será inaugurado em 2018. Durante as visitas não foi observado nenhum fluxo de ciclitas e infraestrutura cicloviária. Para estimular o uso da bicicleta, será implantado um biciletário no terreno.
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ESTACIONAMENTOS
ALBEERGARIA URBANA
W2
W2
FASHION MALL
Estacionamentos
CLS 303
CLS 302 N
55Mapa de estacionamentos próximos Autoria: Caroline Albergaria
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O uso do transporte público na Avenida W3 será incentivado a fim de que os usuários principais do albergue, os hóspedes, possam usufruir do futuro VLT implantado no canteiro central e dos ônibus que passam pelo corredor exclusivo nessa Avenida, assim, não foi projetado um estacionamento. Contudo, durante à noite, os usuários da boate podem utilizar as vagas próximas ao terreno, localizadas na W2, em frente ao Fashion Mall e nas comerciais 302/303 Sul. Durante esse período, esses estacionamentos não são muito ocupados devido ao caráter diurno do entorno.
USO DO SOLO
A partir do mapa de uso do solo é possível perceber que predominam os usos residencial e comercial. No mapa, foram marcados alguns comércios e serviços que possivelmente seriam frequentados pelos hóspedes do albergue: bancos, restaurantes, lanchonetes, padarias, lojas de roupas e calçados, salões de beleza, mercado, academia, bancos e postos de gasolina. Além disso, o Santuário Dom Bosco, ponto turístico da cidade encontra-se próximo ao terreno. Esses comércios e serviços supririam algumas das necessidade dos usuários, auxiliando em sua estadia.
Santuário Dom Bosco
Lotérica e bancos
Banco
Salão de beleza Restaurante
Academia
Restaurante Salão de beleza Lanchonete Agência de turismo Padaria
Bar 55Comércio Local Fonte: Arquivo pessoal
Salão de beleza Restaurante Salão de beleza
Mercado Restaurante Salão de beleza Posto de gasolina
Lanchonete Calçados Padaria e restaurantes
Posto de gasolina
Residencial Misto Comercial Institucional
N
55Mapa de uso do solo Autoria: Caroline Albergaria
55Santuário Dom Bosco Fonte: Arquivo pessoal
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GABARITOS E TOPOGRAFIA
7m 16m 7m
7m
10m
10m
10m terreno
7m
25m
25m
25m Residencial Misto Comercial Institucional
6m
6m
6m
55Perspectiva do Gabaritos do entorno Autoria: Caroline Albergaria
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O entorno possui edificações com gabarito modesto variando entre 6m e 10m nos edifícios comerciais, 7m para as habitações geminadas localizadas nas quadras 700, e aproximadamente 25m para os edifícios da Superquadra. A Superquadra é rodeada por um cinturão verde, fazendo com que sua altura, maior que as outras edificações, não seja tão perceptível ao pedestre. Outro edifício que se destaca é o Santuário Dom Bosco, com 16m de altura e arquitetura diferenciada das demais. Segundo o Sistema Cartográfico e Cadastral – SICAD do Distrito Federal, o lote situa-se entre as curvas de nível 1114m e 1111m, com declividade do terreno de aproximadamente 1.8m em direção ao fundo dele.
CONDICIONANTES CLIMÁTICOS
A análise dos condicionamentos climáticos foi feita a partir do Programa SOL-AR desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Analisando as condições climáticas, percebe-se que: Fachada
Incidência solar direta
Temperaturas elevadas
11:30h - 18:30h
11:30h - 18:30h (todo o período de incidência solar direta)
12:30h - 18:30h
12:30h - 18:30h (todo o período de incidência solar direta)
05:30h - 11:30h
10:00h - 11:30h
05:30h - 13:30h
10:00h - 13:30h
Sudoeste
Noroeste
Nordeste Nascer do sol Pôr do sol
Sudeste Ventos oriundos de leste
N
55Mapa condicionantes climáticos Autoria: Caroline Albergaria
Com base na análise, as fachadas sudoeste e noroeste são as mais prejudicadas pelas temperaturas elevados no período da tarde, prejudicando o conforto térmico no interior do edifício.
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DISTÂNCIAS AOS PONTOS DE INTERESSE
A pé
Carro
Transpote público
Local
A tabela a seguir mostra as distâncias entre o terreno e diversos pontos de interesse da capital, pontos turísticos, principais shoppings, comércios e serviços. Na tabela, cada ponto de interesse possui a distância e o tempo de percursso de trajetos feitos a pé, por carro e por transporte público, a partir de dados extraídos a partir do site Google Maps. É importante ressaltar que o site em questão não informa a distância total feita por transporte público, e por isso, não é indicada na tabela. Para os percursos feitos por carro e transporte público determinouse a partida por volta das 9h em um sábado. Além disso, os percussos feitos por transporte público referem-se aos trajetos com menor caminhada.
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Distância (Km)
Tempo (h:min)
Distância (Km)
Tempo (h:min)
Tempo (h:min)
Pátio Brasil Shopping
0,7
00:09
1,6
00:04
00:03
3,8
00:46
4,2
00:09
00:35
Parque da Cidade Sarah Kubitschek
Palácio da Justiça de Brasília
1,2
00:15
1,6
00:04
00:13
Congresso Nacional
3,9
00:47
4
00:07
00:23
Torre de TV
1,6
00:21
2,1
00:04
00:24
Espaço Lúcio Costa
4,2
00:49
4,2
00:07
00:19
Brasília Shopping
1,8
00:23
1,8
00:04
00:08
Palácio do Planalto
4,2
00:50
4,4
00:12
00:30
Rodoviária
2
00:25
2,5
00:04
00:06
4,5
00:53
4,8
00:10
00:23
Funarte
2,1
00:26
2,4
00:04
00:26
Templo da Boa Vontade
Museu Nacional
2,2
00:27
2,7
00:06
00:21
Pontão do Lago Sul
4,8
00:55
5,9
00:12
00:38
Conjunto Nacional
2,2
00:27
2,5
00:04
00:08
Quartel General Exército
5,5
01:09
6,2
00:10
00:35
Centro de Convenções Ulisses Guimarães
2,3
00:29
3,1
00:06
00:23
Rodoferroviária
7,3
01:30
8
00:10
00:40
Estádio Nacional de Brasília
Parque Olhos D’água
7,5
01:29
8,4
00:09
00:47
2,4
00:30
2,6
00:05
00:28
7,7
01:33
12,2
00:16
00:44
Planetário
2,5
00:31
2,8
00:05
00:11
Rodoviária interestadual
Teatro Nacional Cláudio Santoro
Shopping Boulevard
7,9
01:35
8
00:12
00:27
2,5
00:31
2,7
00:04
00:11
Park Shopping
8,2
01:38
13,6
00:14
00:57
Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida
Palácio da Alvorada
8,3
01:37
8,6
00:10
00:44
2,7
00:32
2,9
00:05
00:15
Ponte JK
8,6
01:41
8,7
00:10
01:22
Palácio do Buriti
3,1
00:40
3,7
00:06
00:23
Centro Cultural Banco do Brasil
9,1
01:48
8
00:10
01:17
Câmara Legislativa do DF
3,2
00:42
4,6
00:09
00:34
Zoológico
9,4
01:51
13,2
00:14
01:14
Memorial dos Povos Indígenas
3,2
00:42
4,4
00:07
00:32
Água Mineral – Parque Nacional de Brasília
10,2
02:02
12,2
00:16
00:52
Ginásio Nilson Nelson
3,2
00:40
3,6
00:06
00:29
Iguatemi Shopping
13,3
02:44
11,7
00:12
00:49
Memorial TJDFT
3,3
00:42
3,9
00:08
00:15
Jardim Botânico
16,2
03:20
17
00:22
01:16
Palácio do Itamaraty
3,5
00:42
3,8
00:06
00:19
Torre de TV Digital
19,9
04:12
20,4
00:22
01:36
Memorial JK
3,7
00:48
4,6
00:08
00:27
Catetinho
24,5
05:05
26,2
00:25
01:54
O Santuário Dom Bosco, projeto de Alvimar Moreira, é um dos pontos turísticos de Brasília e localiza-se próximo à Albergaria Urbana. O santuário possui colunas de concreto interompidas por vitrais azuis de autoria de Cláudio Naves. Em seu interior, os vitrais fazem um jogo de luz e cores destacando ainda mais o ambiente.
31
referĂŞncias 32
33
HOSTEL LA BUENA VIDA
O Hostel localiza-se numa zona residencial da Cidade do México, que atualmente está na mira de todos que visitam a cidade devido ao seu crescimento econômico. A equipe da Arco Arquitectura Contemporânea buscou que o edifício se sobressaisse dos demais da região, assim, sua fachada principal possui destaque e chama atenção de quem passa. A fachada principal possui uma pele dupla com formas geométricas de cor magenta, conhecido como rosa mexicano, e ripas de madeira de ipê, a fim de minimizar o ruído externo. São elementos contrastantes que dão movimento à composição.
55Foto da fachada - Hostel la Buena Vida Fonte: ArchDaily
34
55Croqui da fachada - Hostel la Buena Vida Autoria: Caroline Albergaria a partir de desenho fornecido pelo ArchDaily
O hostel possui recepção e um lobby no primeiro pavimento. Nos demais, possui quartos femininos, masculinos e mistos de diferentes layouts e quantidade de camas, lavanderia, além de cozinha, sala de informática, lounge e um terraço para tomar sol. No total, são oito quartos com capacidade para 48 beliches. Cada quarto tem seu banheiro integrado, com cabines privativas para o box e bacias sanitárias. Além disso, o hostel conta com um pequeno bar/restaurante chamado La Gula de La Condesa, que ocupa parte do térreo, com entrada apenas pela rua.
55Corte esquemático - Hostel la Buena Vida Autoria: Caroline Albergaria a partir de desenho fornecido pelo ArchDaily
55Terraço - Hostel la Buena Vida. Fonte: ArchDaily
55Planta de zonemento do segundo pavimento - Hostel la Buena Vida Autoria: Caroline Albergaria a partir de desenho fornecido pelo ArchDaily
55Cozinha - Hostel la Buena Vida. Fonte: ArchDaily
55Planta de zonemento do quarto pavimento - Hostel la Buena Vida Autoria: Caroline Albergaria a partir de desenho fornecido pelo ArchDaily
55Quarto feminino - Hostel la Buena Vida. 55Fonte: ArchDaily
Este projeto foi selecionado como estudo de caso devido seu aspecto urbano que se destaca no contexto da cidade. Suas cores fortes e vibrantes transmitem alegria, além de conseguir diferentes layouts para todos os tipos de quartos, fazendo com que os hóspedes não se sintam em um ambiente monótono e cansativo. Além disso, o Hostel La Buena Vida possui um mesmo problema descrito na análise do terreno do albergue em Brasília, os ruídos provenientes da rua. A equipe da Arco conseguiu amenizar o problema por meio de uma pele dupla que caracteriza e destaca o edifício. Outro motivo é pelos serviços adicionais que o hostel oferece, de um bar e restaurante que ajudam economicamente os proprietários, além de oferecer maiores serviços aos usuários, com o mesmo intuito que será projetado a boate no albergue em Brasília.
35
HOSTEL YIM HUAI KHWANG
55Foto do Hostel Yim Huai Khwang Fonte: ArchDaily
36
Esse hostel sempre foi o sonho do jovem casal Peung e Tem. Eles largaram seus empregos para administrar o hostel projetado pelo Supermachine Studio em 2014. Localiza-se em Bancoque, na Tailândia, e o nome “yim” significa “sorrir” em tailandês, um dos conceitos do edifício. O principal desafio da equipe de arquitetos foi de transformar o antigo edifício de mais de 20 anos, ocupados anteriormente com salas empresariais, em um hostel. A equipe queria que a maioria dos elementos, tanto do exterior quanto no interior, continuassem intactos, porém o edifício teria que parecer renovado e diferente. Por isso, o hostel possui o apelido de “Batman hostel”, pois é uma versão de um super herói que mostra muito de Bruce Wayne sob uma capa preta. No exterior, o principal foi a revitalização das fachadas modernas, que possuem uma forte expressão. As grandes molduras da fachada, formadas por caixas com a função de terraços no segundo e terceiro pavimentos foram revestidos com painéis de bambu, tipicamente usados em casas pequenas de áreas rurais na Tailândia. Isso provoca aconchego para os quartos, além de separá-los para maior privacidade.
O zoneamento interno é uma das principais características observadas. O hostel possui três pavimentos. O térreo é onde se concentra a parte administrativa e social, com um lobby, salão de jogos, refeitório e jardim nos fundos. Além disso, nesse pavimento há três quartos de casal com acesso direto ao jardim. Os outros dois pavimentos possuem uma área comum central que interliga os quartos com as escadas e o elevador, além de quartos com capacidade para duas, quatro ou seis pessoas. Os quartos possuem diferentes tipos de móveis e layout, além de banheiro em cada quarto. O hostel possui um total de 16 quartos com capacidade para 46 pessoas. O quarto com 6 camas é um dos mais interessantes. O mobiliário é composto por três bicamas combinadas formando uma espécie de cápsula, cada um com sua privacidade.
55Foto mostrando o detalhe do revestimento interno dos brises em bambu Hostel Yim Huai Khwang Fonte: ArchDaily
55Mobiliário planejado - Hostel Yim Huai Khwang Fonte: tripadvisor.com
As cores possuem papel fundamental no projeto. As áreas comuns e de circulação possuem cores fortes pintadas em diferentes padronagens, círculos, triângulos e retângulos. Porém, nos quartos predominm as cores claras e calmas. Diferentes espaços, com funções distintas são separadas pelas cores provocando diversas sensações nos usuários.
55Planta de zoneamento do térreo - Hostel Yim Huai Khwang Autoria: Caroline Albergaria a partir de desenho fornecido pelo ArchDaily
55Quartos com cores claras e calmas - Hostel Yim Huai Khwang Fonte: ArchDaily
55Planta de zoneamento do 1º pavimento - Hostel Yim Huai Khwang Autoria: Caroline Albergaria a partir de desenho fornecido pelo ArchDaily
Os números indicados nos quartos se referem a quantidade de leitos disponíveis.
55Planta de zoneamento do 2º pavimento - Hostel Yim Huai Khwang Autoria: Caroline Albergaria a partir de desenho fornecido pelo ArchDaily
55Áreas de circulação com cores vivas e fortes - Hostel Yim Huai Khwang Fonte: ArchDaily
O motivo de escolha do Hostel Yim Huai Khwang como referência se deve pelos diferentes tipos de quartos, mobiliário e layout. Além disso, o zoneamento interno possui clara separação entre área administrativa, comum e íntima. As cores e formas foram muito bem trabalhadas conforme a função do local. E por último, a materialidade é um elemento importante pois, utiliza de recursos da região para a inserção do edifício.
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APARTAMENTOS UNO | Julio Amezcua e Francisco Pardo
COBOGÓ | Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góes
Edifícios de apartamentos na Cidade do México, construído em 2012. Os apartamentos possuem vista para o poente, assim, para amenizar a sensação térmica do edifício, é utilizada uma fachada com material perfurado dobrável que permite controlar as vistas, proporcionando privacidade e um efeito diferenciado por meio de um único elemento.
Cobogó são blocos vazados inspirados nos muxarabis da arquitetura árabe. Foi batizado pelos seus criadores, a partir das iniciais de seus sobrenomes: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góes, CO-BO-GÓ. Originalmente em concreto, o cobogó foi criado e patenteado em 1929 e adotado posteriormente pela arquitetura modernista. Foi muito usado na construção de Brasília, sendo facilmente encontrado em casas e prédios públicos do Plano Piloto.
55Fachada com brises abertos - Apartamentos UNO Fonte: Revista Summa+
55Varanda com efeitos de luz e sombra feitos pelos brises - Apartamentos UNO Fonte: Revista Summa+
55Cobogós na fachada de um edifício Fonte: http://entrequadras.blogspot.com.br/2010/05/pilotis-iii.html
PRAÇA DO CENTRO GEORGES POMPIDOU | Renzo Piano e Richard Rogers
YAP | Eduardo Castillo
O projeto foi concebido em 1969 a partir de um concurso lançado pelo Ministério da Cultura francês. O terreno possui dois hectares na velha Paris e foi a única proposta que ocupou apenas metade do lote. A outra metade dar lugar a uma praça pública que desce suavemente para o hall de entrada do edifício. Com isso, o projeto soluciona o desnível natural do terreno, além de propiciar uma praça pública no local.
O projeto vencedor da primeira edição do YAPConstructo foi desenvolvido pelo arquiteto Eduardo Castillo, em 2010 em Santiago, Chile. A proposta pedia uma construção temporária para celebrar as festas de primavera no vale central do Chile. A tenda é composta por uma estrutura elástica que molda a topografia da cobertura. Acima dela pousa um manto colorido com espaços permeáveis que permite a passagem de luz, formando desenhos por todo o chão.
55Centro Georges Pompidou Fonte: http://www.intrinseca.com.br/blog/2015/08/os-lugares-de-isla/
38
Diretriz
55Controle da passagem de sol por meio de elementos perfurados ; 55Luz e sombra como elementos de composição arquitetônica.
Diretriz
55Resolver inclinação do terreno por meio de térreo livre e praças em níveis diferentes; 55Fornecer espaços de passagem livre aos pedestre e espaços de permanência.
55Apresentação de música e dança na praça do Pompidou Fonte: http://antoniasantamaria.blogspot.com.br/2010_12_01_archive.html
55Interior da tenda do YAP - Chile Fonte: Revista Summa+
Diretriz
55Utilização de cobogós como referência à arquitetura de Brasília; 55Soluções naturais para ventilação e iluminação, além de dar privacidade aos ambientes.
55Malha de cobogós Fonte: http://www.amenidadesdodesign.com.br/2013_08_01_archive.html
Diretriz
55Espaços externos diferentes, que mudem a paisagem urbana; 55Áreas de convívio com diferentes usos e funções, para os hóspedes e pessoas da cidade.
55Piscina externa à tenda do YAP - Chile Fonte: Revista Summa+
POCKET PARK | Instituto Mobilidade Verde
PH GARRAPATA | Ramiro Gallardo
As Pocket Parks sugiram na década de 60 nos Estados Unidos e são caracterizados por um pequeno espaço público entre edifícios. Podem conter elementos naturais, de estar e até pequenos comércios itinerantes. Em São Paulo, parte de uma rampa de acesso a um estacionamento foi transformada temporariamente em um espaço de lazer. A Pracinha Oscar Freire foi criada pelo Instituto Mobilidade Verde e fornece comidas, bebidas, shows, oficinas, workshops entre outras atividades.
Programa de reforma para uma residência localizada na Argentina, onde um dos objetivos principais é a utilização do espaço aéreo, em que as pessoas pudessem usufruir do terraço, além de ver o céu de dentro da edificação. As formas projetadas são diferentes e procuram se adaptar às questões técnicas e estéticas. A materialidade se confunde na conexão entre a madeira, o vidro colorido e incolor e pefis metálicos.
55Pocket Park em São Paulo Fonte: Veja
55Criar um Pocket Park entre o albergue e o Fashion Mall; 55Intervir na fachada dos fundos do Fashion Mall. Diretriz
55Pocket Park em São Paulo Fonte: Veja
55Terraço PH Garrapata Fonte: Revista Summa+
PARADA DE ÔNIBUS DA UBC | PUBLIC Architecture + Communication
SLEEPBOX | Arch Group Architectural Bureau
As paradas de ônibus projetadas para a University of British Columbia, no Canadá, fazem parte de um projeto maior de reurbanização do bulevar situado na entrada principal do Campus. Colunas de aço delgados estão dispostas em uma linha escalonada e suportam uma estrutura celular em madeira de grandes dimensões revestida em vidro. Ao ser percebido de longe, o que se vê é o reflexo das árvores no vidro da cobertura, porém, ao chegar mais perto, a madeira e suas lacunas se mostram, dando o efeito de se estar andando debaixo dos ramos das árvores.
Sleepbox é uma cápsula modular que oferece muitos recursos, como num quarto de hotel, porém em um espaço bem mais compacto. Criada para ser usada em aeroportos, estações de trem, e albergues, a cápsula possui wifi, tomadas, luzes e ar condicionado.
55Ponto de ônibus da UCB - Canadá Fonte: ArchDaily
Diretriz
55Mobiliário urbano que se relacione com o edifício; 55Intervir na parada de ônibus existente perto do terreno, a fim de seguir com a linguagem e referencial de Brasília.
55Detalhes dos materiais do ponto de ônibus- UCB - Canadá Fonte: ArchDaily
55Exterior - Sleepbox Fonte: http://www.sleepbox.co.uk/
55Utilização de terraços como espaço de lazer; 55Iluminação zenital. Diretriz
55Diversidade de materialidade no terraço - PH Garrapata Fonte: Revista Summa+
55Utilização de mobiliário que garanta privacidade e diversos recursos aos hóspedes. Diretriz
55Interior - Sleepbox Fonte: http://www.sleepbox.co.uk/
39
estada 40
41
EVOLUÇÃO DO PARTIDO
1
5 42
O terreno possui 40x40m, está localizado no lote 2 da EQS 302/303.
O acesso ao albergue é feito por um bloco que tem início no térreo e vai até a cobertura, parecendo que corta todo o edifício. Dessa forma, a área técnica é criada acima da edificação. A conexão entre os dois blocos é feita por uma passarela suspesa, onde não configura um obstáculo aos pedestres e ainda garante a troca entre os programas fornecidos nos dois blocos.
2
Para esse terreno, é permitido ocupar todo o lote e construir até 10 metros. Comumente, os edifícios dessa região possuem o potencial construtivo máximo, porém não se leva em consideração a interação do pedestre com o edifício, formas diferentes e as visuais do entorno.
6
A boate, outro programa de necessidades oferecido, situa-se no subsolo, porém como o terreno é desnivelado parte da boate está acima do solo, podendo acessá-la pela praça criada entre o albergue e o lote vizinho.
3
O edifício foi dividido em dois blocos, permitindo mais um fluxo para os pedestres e a divisão do programa de necessidades.
4
Em um dos blocos, o térreo foi desobstruído, criando uma área de pilotis, elemento usado frequentemente em Brasília, garantindo assim a troca entre o edifício e a cidade. No outro bloco, parte de suas laterais e topo foram retirados a fim de proporcionar mais espaço público e manter uma hamonia entre as formas.
7
Para ocupar o espaço público, um mobiliário urbano é criado. Uma fita contínua que percorre por todo o espaço livre com diferentes funções: banco, piso, guarda corpo, mesa, cobertura, bicicletário e um elemento vertical que se destaca para informar o nome do albergue: Albergaria Urbana.
8
A partir do traçado do mobiliário urbano e do ediffício, jardins e um espelho d’água são criados, completando a arquitetura da Albergaria Urbana.
43
PROGRAMA DE NECESSIDADES Boate e café QUADRO DE ÁREAS
Recepção
Lavanderia e DML
Reunião e administração
Área de serviço Térreo
banheiros
e funcioná rios área d a de serviços e r á comum área
Sala dos funcionários
Área comum
Refeitório e cozinha
Área técnica Circulação
TOTAL
Área comum
a ad ér com cio
m ge
Sala de malas
Quartos mistos
Copa funcionários
sala de jogos, academia e piscina de bolinhas
Quartos femininos Quartos masculinos
O programa de necessidades foi traçado com base na análise de albergues e hotéis espalhados pelo mundo e, principalmente, em Brasília. Os programas oferecidos por eles foram listados e alguns selecionados para compor parte do programa de necessidades apresentado. Além disso, os comentários feitos em sites de hospedagens foram vistos e alguns programas sugeridos, elogiados e/ou criticados pelos hóspedes foram levados em consideração. Os serviços mais elogiados foram os espaços comuns, que disponibilizassem lazer e conforto aos usuários. Dessa forma, os espaços privados aos hóspedes seriam mais tranquilos e menos movimentados, solucionando uma das principais reclamações, a “bagunça” nos quartos. Outro aspecto importante foi a inclusão de uma boate com bar que é aberta a todos, não só aos hóspedes. De acordo com o Documento Técnico de Revitalização da Avenida W3 (GDF,2010, p.40), a Avenida fica aparentemente abandonada no
TOTAL
55Organograma 02- programa de necessidade Autoria: Caroline Albergaria
período noturno e fins de semana, devido a falta de serviços que possam ser utilizadas nesse período. Assim, a boate dinamiza a área e gera mais opções de lazer durante todo o dia aos hóspedes e população. A boate também pode ser um serviço prestado com parceiros do setor privado, patrocinando eventos, além da obra. Os ambientes foram agrupados conforme sua função e acesso aos usuários, como pode ser visto no organograma 02: Área dos funcionários: dedicada à administração e ao apoio aos funcionários; Área de serviços: ambientes e dispositivos que dão apoio aos usuários em funções diárias e necessárias; Área comum: parte destinada ao convívio entre os usuários com função de lazer e conforto; Área de hospedagem: são os diversos quartos que compõem o albergue. Comércio: boate e café para os hóspedes e a população.
Área de serviço
Área comum
2º Pavimento
Sala de leitura, redário e cyber
Área de funcionários
Área técnica Circulação
Área de serviços Área de hospedagem
Área técnica Circulação
TOTAL
Área de funcionários Área de serviços
Subsolo
Sala de projeção
44
1º Pavimento
áre
e h os p e d
Quarto funcionários
Comércio
TOTAL
Comércio
Área técnica Circulação
m² Piscina de bolinhas Sala de jogos Academia Depósito Café Banheiro Cozinha Despensa
46,4 90,6 45 13 50 6,6 16 10,5 7,1 66,25 351,45
Lounge entrada Cyber Leitura e redário Lounge circulação Refeiório Sala de projeção Rede tensionada
77 18,6 52 151 162 87 52
Recepção Administração Sala de funcionários Quarto funcionários
4,6 30,7 19 11,6
Sala de malas Banheiros Cozinha Despensa Lavanderia Depósito
7,8 61,25 23 28,5 21,7 28,8 87,3 92,93 1016,78
Lounge Rede tensionada Terraço Piscina
123,6 52 170 12,6
Banheiros Depósito
133,6 28,8
Quartos femininos Quartos masculinos Quartos mistos Quarto deficiente Quarto casal
Administração boate Camarim DJ
60,7 60,7 131 19 14 58,38 114 978,38 28 27
Banheiros Bar Cozinha bar Guarda-volumes Copa administração
55 30,43 15 11 6,6
Café com leitura Pré-lounge Lounge Pista de dança Salas VIP DJ Bilheteria
42 83 100 124 74 24 8,74 61 48,4 738,17
Cobertura
2º Pavimento
1º Pavimento
Terraço
1º Pavimento
Área comum 1139m²
Térreo
Térreo inferior
Comércio 539m²
Área de serviços 465m²
Circulação 322m²
Área de hospedagem 285m²
Subsolo
Área técnica 260m² 55Programa de necessidade Autoria: Laura Camargo e Caroline Albergaria
Área de funcionários 121m²
45
46
47
48
49
50
51
52
Conteúdo Plantas 01. Planta de situação e cobertura esc. 1:500 02. Planta do térreo 03. Planta do 1º pavimento 04. Planta do 2º pavimento 05. Planta do subsolo esc. 1:250 Cortes 06. Corte A 07. Corte B 08. Corte C 09. Corte D esc. 1:250 Fachadas 10. Fachada Noroeste 11. Fachada Nordeste 12. Fachada Sudeste 13. Fachada Sudoeste esc. 1:250
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
detalhes 80
81
SISTEMA ESTRUTURAL
Aberturas na cobertura para lanternins
Laje pré moldada em concreto armado. h=15cm
Laje nervurada caixão perdido de concreto protendido. h=45cm
Viga metálica seção “C”300x150mm
Laje pré moldada em concreto armado. h=30cm
Laje nervurada caixão perdido de concreto protendido. h=45cm
Vigas em concreto armado seção 15x60cm
Escadas em concreto armado
Pilares em concreto armado seção 40x40cm
Pilares em concreto armado seção 40x70cm
Rampado em laje maciça de concreto
Escadas em concreto armado
A estrutura do edifício é feita em concreto. A troca, conceito principal do projeto, está presente na escolha do sistema estrutural, pois o uso do concreto é muito utilizado na arquitetura moderna, inclusive em Brasília.
Vigas recuadas em concreto armado seção 30x90cm
O Bloco 1, onde se concentra a maior parte do programa de necessidades, necessita de grandes vãos para que os pilares não constituissem obstáculos, principalmente nos quartos. Para isso, foram utilizadas lajes nervuradas caixão perdido de concreto protendido. As lajes possuem 45cm de altura, capazes que vencer vãos de 17 metros e dispensam o uso de vigas. A sustentação das lajes é feita por meio de pilares de concreto armado com seção de 40x70cm. No térreo, o rampado curvo é em concreto armado feito “in loco”. No Bloco 2, a estrutura é constituída por lajes pré moldadas em concreto armado, vigas seção 15x60cm e pilares seção 40x40cm de concreto armado. A base do bloco possui as vigas recuadas das bordas para que pareça que bloco esteja solto do chão.
Laje pré moldada em concreto armado. h=30cm
Cortina de contenção em concreto armado
BLOCO 1
BLOCO 2 55Perspectiva explodida do sistema estrutural Autoria: Caroline Albergaria
82
A passarela que conecta os dois blocos possui vigas metálicas engastadas nas lajes laterais. As vigas sustentam as lajes maciças com altura de 15cm.
COBOGÓ
55Fachada Nordeste com cobogó Autoria: Caroline Albergaria
MÓDULO
As fachadas Nordeste e Sudeste são as melhores quanto a incidência solar e ventos, além de proporcionar visuais agradáveis do entorno. Pela fachada Nordeste é possível observar o Santuário Dom Bosco, e pela fachada Sudeste, a Pocket Park. Assim, foi aplicado um cobogó que pudesse manter a permeabilidade. O cobogó é um elemento muito utilizado na arquitetura moderna e está presente em vários edifícios da cidade, inclusive nas Superquadras. Utilizando-o na Albergaria é possível mais uma vez relembrar a arquitetura de Brasília e enfatizar a troca entre o edifício e a capital. O cobogó possui largura única de 30cm, mas varia na altura. Os diferentes meios de agrupá-los dá ritmo e leveza à fachada.
83
BRISE CAMARÃO
A fachada Noroeste possui incidência solar direta durante o período da tarde, assim para controlar as temperaturas elevadas no interior do albergue foram inseridos brises com abertura tipo camarão com controle manual. Ao longo do dia, os brises podem ser abertos de diferentes maneiras dinamizando a fachada e controlando o visual para a W3. Segundo a carta solar para essa fachada, a melhor orientação das ripas é a horizontal com espaçamento entre as ripas que garante uma abertura de 40º. A esquadria com perfis de alumínio possui peitoril de 1m e abertura guilhotina no primeiro pavimento, que permite a ventilação no interior do edifício. No segundo pavimento, o vidro é fixo para assegurar as pessoas que estão na rede tensionada.
84
85
QUARTOS
Legenda Quartos mistos Quartos femininos Quartos masculinos Suíte casal Suíte deficiente Banheiros
55Planta dos tipos de quartos Autoria: Caroline Albergaria
86
55Vista dos quartos pelo corredor Autoria: Caroline Albergaria
Os quartos são revestidos externamente com compensado de madeira e para parecer que são módulos independentes, foi criado um friso na alvenaria que separa um quarto do outro.
Para dar continuidade à ilusão dos módulos, um recuo entre o forro e a laje faz parecer que os quartos não chegam ao teto e são independentes da laje de cobertura. Esse vão ainda permite a passagem de fios e tubulação e é protegido por uma chapa metálica que contorna a parte superior dos quartos.
A identificação dos quartos é feita por uma placa semelhante as utilizadas no Plano Piloto. As placas da cidade são de autoria do arquiteto Danilo Barbosa e aprovadas por Lucio Costa em 1976. O design faz parte da linguagem visual da cidade e da memória dos brasilienses. Os quartos são identificados com a cor verde, e os banheiros com a cor azul. Ambas as cores iguais as empregadas nas placas de Brasília.
A
A rte Co
55Perspectiva das beliches em mdf cinza Autoria: Caroline Albergaria
87
ESPAÇO PÚBLICO
55Fita que percorre todo o espaço livre do térreo com diferentes funções Autoria: Caroline Albergaria
A parada de ônibus será preservada por seu valor histórico, porém com algumas intervenções. O banco de concreto armado será substituído pelo banco da fita para integração com o projeto. Essa pode também ter a função de mesa, cobertura com balanços, bicicletário, piso e guarda corpo. Um letreiro que informa o nome do albergue finaliza a fita e forma um elemento vertical de destaque. O mobiliário se estrutura por meio de perfis de alumínio soldados e revestidos por uma chapa de alumínio com pintura térmica preta. O alumínio, material utilizado nas cadeiras de praia, é um metal com alta condutibilidade, por isso não retém calor e pode ser usado em áreas ao sol sem causar um desconforto nas pessoas.
fechamento em chapa de alumínio dobrada com pintura térmica preta e aparafusada nos perfis de alumínio
Legenda Piso Banco Mesa
perfis de alumínio quadrado 100x100mm perfis de alumínio quadrado 100x100mm com pintura térmica preta
Cobertura Bicicletário Guarda corpo Letreiro 55Planta com todas as funções da fita Autoria: Caroline Albergaria
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55Esquema dos elementos de composição da fita Autoria: Caroline Albergaria
albergaria urbana
O edifício se eleva para que o térreo seja ocupado pelos usuários do albergue e comunidade local, proporcionando dessa forma, a troca. Para compor o espaço um mobiliário urbano foi criado, uma única fita que percorre todo o espaço livre e muda sua função ao longo de sua trajetória. A fita tem início na parada de ônibus perto da W3, elemento essencial para o projeto, pois há um grande fluxo de pessoas em sua direção, além de permitir aos usuários do albergue acesso ao transporte público. A parada é um projeto de Sabino Barroso de 1961, um dos arquitetos convidados de Oscar Niemeyer para trabalhar na Novacap na construção de Brasília. Esses abrigos foram os primeiros a serem instalados no Plano Piloto e estão distribuídos pela W3 e L2.
A fachada dos fundos do Fashion Mall não apresenta valor estético atualmente. É constituída por uma parede de alvenaria com janela horizontais gradeadas, condesadoras aparentes e pichações. Para melhorar a qualidade do espaço, em especial da pocket park, um jardim vertical foi criado. Esse é estruturado por treliças metálicas, possui sistema de irrigação por gotejamento e reaproveitamento de água por meio de uma cisterna enterrada. O jardim vertical não altera a fachada do Fashion Mall por sua total independência, porém melhora as visuais da quadra. plantas fibra de coco manta de drenagem substrato (terra+adubo) manta de drenagem malha metálica sistema de irrigação por gotejamento painel de pvc
treliça metálica
55Fachada dos fundos do Fashion Mall Fonte: arquivo pessoal
55Esquema dos elementos de composição do jardim vertical Autoria: Caroline Albergaria
Foram escolhidas plantas que sobrevivem a locais semi sombreados, pois a Albergaria Urbana pode ser uma barreira aos raios solares por algum período do dia. Além disso, as plantas são perenes, com raízes pequenas e folhagens densas.
Legenda A - Entrada de água pelo ralo B - Saída para a rede de água pluvial
C - Ligação de água potável D - Retorno da água para o sistema Nome popular: Singônio Nome científico: Syngonium angustatum
de irrigação do jardim vertical
1 - Filtro 2 - Cisterna enterrável 3 - Sifão ladrão 4 - Freio d’água 5 - Bomba de recalque submersível 6 - Sistema automático de realimentação
7 - Pressostato Nome popular: Bromélia Nome científico: Guzmania sp
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO