Berço das águas | TFG FAU UnB

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BERÇO DAS ÁGUAS Parque Ecológico Ezechias Heringer

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‘‘...Quem me dera ser das suas águas Meu Cerrado esquecido Por onde correntezas deixam saudades Nesse país corrompido Que te flagela por fingir que não te vê Mas nós sabemos que todo ano você nasce [e renasce do seu quinhão Jogando seus frutos nas águas nesse oceano de chão.’’ Paula de Moraes Gaudard

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BERÇO DAS ÁGUAS Parque Ecológico Ezechias Heringer

Caroline Ferreira Fernandes Brasília, Agosto 2020 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Brasília - UnB Trabalho final de conclusão de curso Orientadores: Luiz Pedro de Melo César Camila Gomes Sant’Anna

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Agradeço

À minha família, em especial minha irmã Giovanna, o meu pai Paulo e minha mãe Alícia, por todo o suporte que me deram ao longo desses anos, para que eu pudesse correr atrás dos meus objetivos, vocês são a minha base, à minha orientadora e amiga pra vida, Camila, se não fosse por você, a paisagem não teria entrado dessa forma em minha vida, sou muito grata por isso, ao meu orientador Luiz Pedro, pelo carinho, ensinamentos e apoio incondicional, mesmo quando eu já não estava mais por perto, à professora Natalia Lemos e à professora Patrícia Gomes, pelas contribuições e compreensão durante todo o desenvolvimento deste trabalho, à professora Cecília Herzog, por aceitar o convite em participar da banca final, ao Gustavo, por embarcar nessa e em tantas outras jornadas comigo, me apoiando e incentivando, aos amigos que a FAU-UnB me trouxe, em especial ao Henrique, ao Samuel, a Babi e a Sofia, levo vocês no coração, ao bigudo, por vocês estarem sempre presente, à todos os colegas de trabalho que conheci nos últimos anos, cujos ensinamentos diários foram base essencial para a minha formação como arquiteta paisagista.

MUITO OBRIGADA!

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SUMÁRIO Apresentação

pg.10

Introdução

pg.12

Resiliência ecológica

pg.14

Genius Loci

pg.16

O caminhar

pg.18

Distrito Federal e sua trama verde e azul Distrito Federal e sua paisagem

pg.20

Distrito Federal e seu sistema verde e azul

pg.24

Diretrizes para a escala macro

pg.28

Fundamentação e Diagnóstico Aproximação com o lugar

pg.32

Linha do tempo

pg.34

O pouso

pg.40

A Fundamentação

pg.46

O Diagnóstico

pg.80

Inspirações

pg.86

Síntese: Um novo olhar para área, a partir de uma abordagem multiescalar Diretrizes

pg.94

Uma visão do todo: O parque como figura viva e resiliente

pg.96

Partes do todo: Programa de necessidades do parque

pg.112

Projeto piloto

pg.123

Considerações finais

pg.130

Referências bibliográficas

pg.132


Apresentação

Nas áreas de Cerrado, principal bioma do Distrito Federal,

Elaborado em quatro fases, o trabalho partiu de uma

dois diferentes cenários chamam a atenção, ao analisar a

escala macro, através da análise dos sistemas verdes e azuis

sua paisagem. Em um primeiro plano, temos a malha urbana

do DF, passando por uma leitura mais aproximada da área de

planejada da capital, onde se percebe a presença marcante

intervenção até a concepção de uma proposta para diferentes

da natureza no espaço. Sua arquitetura enquadra e desperta

segmentos do parque. Tais etapas foram divididas em:

o olhar para uma natureza rica e diversa. Nela, a fitofisionomia

1. Introdução;

cerratense chama atenção por suas cores e texturas e se torna

O primeiro capítulo reúne toda a base conceitual que

paisagem corriqueira na cidade. Porém, essa relação com o

fundamenta o trabalho. Analisa-se abordagens para a prática

meio ambiente não se desenvolve da mesma forma, nas outras

de um paisagismo ecológico e define-se três conceitos

regiões do DF, as áreas verdes ocupam uma posição marginal

norteadores para o desenvolvimento em fases do projeto.

na dinâmica urbana. À medida que nos afastamos do conhecido

2. Distrito Federal e sua trama verde e azul;

Plano Piloto, torna-se cada vez mais difícil experienciar a

O trabalho, neste segundo capítulo, através de uma

cidade idealizada por Lúcio Costa, uma cidade que se funde

análise socioambiental do Distrito Federal e de sua relação

à paisagem natural, como resultado de um entendimento do

com o Cerrado, traz uma proposta de conexão de suas áreas

genius loci.

verdes, com a intenção de potencializar os processos naturais

Na região administrativa do Guará, o projeto redesenha a paisagem do Parque Ecológico Ezechias Heringuer de forma

e socioculturais e desencadear um olhar sistêmico sobre a região.

a conectá-lo com a cidade e demais áreas verdes. A proposta

3. Fundamentação e Diagnóstico;

busca preservar a fauna e flora local, reestabelecer interações

No terceiro capítulo, a escala projetual se reduz ao

perdidas e criar novas, trazendo assim uma reflexão sobre a

parque e seu entorno imediato. O objetivo é apresentar

necessidade de um novo olhar sistêmico do homem sobre o

uma fundamentação e um diagnóstico sobre o objeto de

meio.

intervenção, partindo de uma leitura em camadas do lugar. O trabalho se fundamenta em princípios importantes

dentro da Ecologia da Paisagem - EP (com suas adaptações ao

4. Síntese: Um novo olhar para área, a partir de uma abordagem multiescalar;

âmbito urbano e periurbano) e traz como referência projetos

Por último, no quarto capítulo, introduz-se uma proposta

e paisagistas pioneiros no desenvolvimento de um paisagismo

para o parque que o conecta com o seu entorno imediato

ecológico, como Frederick Law Olmsted e Fernando Chacel.

e contribui para o corredor ecológico o qual faz parte. Em

Como espécie, nós nos desenvolvemos e evoluímos

A escolha do tema e da área de estudo foi originária de

construindo paisagens não apenas como uma forma de

um interesse pessoal em me aprofundar na pesquisa sobre

sobreviver e reproduzir da espécie humana, mas também para

a paisagem cerratense, a importância de seu ecossistema e

seguida, propõe um projeto piloto, a partir do um recorte de

expressar nossas ambições. A natureza é compreendida como

a relação que nós, seres humanos, estabelecemos com esse

uma área central, que tem como objetivo servir como base para

algo externo ao homem e não como parte dele.

bioma.

o desenvolvimento gradual dos demais trechos do Parque.

Essa forma de nos relacionar com a natureza, tem

Em relação a sua importância ambiental, o Cerrado

ocasionado uma série de impactos socioambientais e agravado

representa cerca de um quarto do território brasileiro e é

a capacidade de resiliência urbana e ecológica frente às

reconhecido como a savana mais rica do mundo, do ponto

mudanças climáticas. O Antropoceno nos pede uma mudança

de vista da biodiversidade. Sua vegetação exerce funções

de paradigma, por meio da promoção do entendimento de que

ecológicas vitais para o ecossistema inserido.

somos parte de um sistema integrado e que devemos interagir de forma mútua.

O título deste trabalho é uma homenagem a esse bioma tão importante que é considerado o berço das águas do Brasil

Este trabalho final de graduação, Berço das águas –

por possuir uma forte relação com a água, pois é onde nascem

Parque Ecológico Ezechias Heringer, ensaia um projeto de

a maioria das águas do País. Por conta de sua geografia de

requalificação urbana e ecológica para o Parque Ecológico

Planalto e outros fatores como o relevo e cobertura vegetal da

Ezechias Heringer – PEEH em conjunto com a Reserva

região, ele funciona como uma espécie de caixa d’água, capaz

Biológica do Guará - Rebio, localizados na região administrativa

de armazenar e distribuir as águas para 6 das 8 principais

do Guará, no Distrito Federal - DF. O parque, exerce papel

bacias hidrográficas nacionais.

fundamental no corredor ecológico da região pois, ao abrigar

É difícil entender como um sistema tão importante como

parte do córrego do guará, a mata de galeria que o cerca,

esse, está hoje na lista de “hotspot” mundiais e sofre com grande

funciona como um trampolim de fauna, conectando as duas

perda do seu habitat, correndo um sério risco. A devastação de

Unidades de Conservação – UCs vizinhas: Reserva Biológica

seu território é reflexo de um crescimento desordenado e de

do Guará e o Santuário de Vida Silvestre do Riacho Fundo.

uma cadeia de produção alimentícia dissociada dos interesses

Além disso, o parque traz à tona grandes discussões a respeito

socioambientais.

da relação de integração entre a natureza e o homem.

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Fonte: Câmara dos Deputados

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PENSAMENTO SISTÊMICO FAZEMOS PARTE DE UM ECOSSISTEMA ÚNICO E INTEGRADO (COOPERAÇÃO)

O QUE A POPULAÇÃO PRECISA?

Introdução

COMO DESPERTAR PARA A

X

NECESSIDADE DE PRESERVAR?

O QUE O MEIO AMBIENTE PRECISA? COMO COLOCAR PESSOAS EM CONTATO COM A NATUREZA?

QUESTÃO SOCIAL RELAÇÕES RESOLVER CONFLITOS

de

do contexto espacial sobre os processos ecológicos, e a

PLANEJAMENTO

requalificação urbana e ecológica em um parque de cerrado, é

importância destas relações em termos de conservação

DA PAISAGEM

necessário entender o que significa o paisagismo ecológico e

biológica.

Antes

de

começar

a

desenhar

um

projeto

qual seu papel no redesenho das cidades.

Assim, a ligação entre a prática projetual da arquitetura

O termo, surge frente aos problemas socioambientais

da paisagem e o estudo das relações ecológicas, resulta no

causados pelo desenvolvimento unilateral e a ocupação

que chamamos de paisagismo ecológico, que tem como

desordenada do território, culminando na união entre o

objetivo, restabelecer o equilíbrio ecossistêmico e promover

paisagismo e a ecologia, como resposta a tais perturbações.

a resiliência ecológica, restaurando e conectando as áreas

O planejamento da paisagem vem buscando resolver conflitos de interesse entre a população e o meio ambiente,

Essa recuperação das áreas degradadas passa por uma consideração de sua trama verde e azul, sua relação com o

ou não, de modo a criar micro e macro paisagens que

ecossistema e se fundamenta em importantes conceitos e

incentivam o contato e o olhar cuidadoso para a natureza.

diretrizes da ecologia da paisagem como o restauro ecológico,

ECOLOGIA

PROMOVER LAR COMUM

QUESTÃO AMBIENTAL

RESILIÊNCIA ECOLÓGICA PRESERVAR

RESTAURO ECOLÓGICO

CURSOS D’ÁGUA VEGETAÇÃO NATIVA

degradadas de interesse ambiental.

projetando, gerindo e preservando, espaços abertos, urbanos

Já a Ecologia, derivada da palavra “Ökologie”, é

PAISAGISMO ECOLÓGICO

RESTAURAR

CONECTAR

REVEGETAR

PESSOAS

REQUALIFICAR

FAUNA FLORA

INFRAESTRUTURA VERDE CORREDOR VERDE

AMPLIAR EXPANDIR - ESPAÇOS VERDES

infraestrutura e corredores verdes.

construída pelo prefixo eco-, procedente do grego oiko-, que

Além de considerar a ecologia da paisagem e suas

significa lar ou casa e pelo sufixo grego -logía (“logos”) que

diretrizes, o trabalho se apoiou em três conceitos importantes à

significa ciência/estudo. De forma simplificada, pode-se dizer

prática do paisagismo ecológico. Tais conceitos, acompanham

que se trata do estudo das relações entre os seres vivos e seus

todo o desenvolvimento do projeto, cada um deles, influencia

ambientes.

de maneira mais ou menos concisa, uma determinada fase do

A Ecologia da Paisagem - EP, considerada ainda uma área

processo. São eles: A Resiliência ecológica – peça fundamental

de conhecimento emergente dentro dos estudos ecológicos

na formação de novas relações ecossistêmicas – o Genius

é, segundo Metzger (2001), marcada pela existência de duas

Loci – necessário a análise e aproximação com o lugar – e, por

principais abordagens: uma geográfica, que privilegia o

último, a prática do caminhar – ferramenta de conexão entre o

estudo da influência do homem sobre a paisagem e a gestão

homem e o espaço.

do território; e outra ecológica, que enfatiza a importância

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Resiliência ecológica

“A resiliência natural ou ecológica é a capacidade que um ecossistema tem de absorver distúrbios, readaptar-se e persistir funcionando dentro de determinado domínio de estabilidade.” Brian Walker at resilience

Os ecossistemas funcionam oscilando entre estados de estabilidade e resiliência. Em seu estado de estabilidade, ocorre um aumento de organizações e conexões entre elementos bióticos de um ecossistema que, após sofrer perturbação, inicia a fase de inovação (resiliência), onde há uma reorganização de seus elementos bióticos e uma formação de novas conexões. A manutenção do funcionamento de um ecossistema, mesmo sob pressão de distúrbios, deve-se principalmente à continuidade do provimento das funções ecológicas e à possibilidade de serem estabelecidas novas relações entre os indivíduos das diversas espécies.1 De acordo com os argumentos expostos por HERZOG et al. (2013), Para que haja resiliência, “é necessário que um sistema tenha diversas alternativas ou redundâncias, isto é, que possa sofrer uma grande perturbação e tenha como restaurar suas funções ou propósitos, passando pelos ciclos adaptativos, sem mudar de patamar. A resiliência é difícil de ser aferida antes que os limites já tenham sido ultrapassados, ou seja, quando a mudança de patamar se torna inevitável, levando à ruptura do sistema, que passa para outra dinâmica de funcionamento”.2 O paisagismo ecológico muitas vezes está associado à uma tentativa de promover o fortalecimento da resiliência do ecossistema, através da restauração ecológica e outras práticas. Compreender que o ser humano faz parte de um ecossistema único e integrado, colabora para a formação de um pensamento sistêmico e com isso, fomenta projetos e iniciativas que permitam à continuidade do provimento das funções ecológicas e à possibilidade de serem estabelecidas

Figura: Plataforma urbana/Archdaily

novas relações entre indivíduos das diversas espécies dentro de um mesmo ecossistema.

NOTAS 1

DEMANGE, L. H. Resiliência ecológica: o papel do indivíduo, da empresa e do Estado. RDA, vol. 82. Teoria Geral e Proteção

ao Meio Ambiente, (2016). 2

HERZOG, C. P. Cidades para todos: (re)aprendendo a conviver com a natureza. Editora: MAUAD X. Inverde. Rio de Janeiro,

2013. WALKER, Brian et al. Resilience, Adaptability and Transformability in Social-Ecological Systems, vol. 9, n. 2, Ecology & Society, (2004). Disponível em: <www.ecologyandsociety.org/vol9/iss2/art5/>. Acesso em: 05.06.2020.

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Genius Loci

“Genius Loci, the Spirit of Place, is a similarly ephemeral,

unfocused,

non-material

experiential

character that is closely related with atmosphere; we can, indeed, speak of the atmosphere of a place, which gives it is unique perceptual character an identity.” Juhani Pallasmaa, Space, Place and Atmosphere.

O homem sempre teve uma relação complexa com a paisagem. Sua visão muitas vezes aérea e superiorizada, impede que se estabeleça um conhecimento íntimo e profundo com o espírito do lugar. É importante perceber que todo lugar carrega consigo vestígios daquilo que foi ou quer ser. Uma paisagem de infinitas possibilidades. O arquiteto deve abandonar a crença de intervir em uma realidade que parece ser um organismo burro quando, na verdade, se confronta com um sistema potencialmente ilimitado em sua forma e vida. 3 No campo da arquitetura paisagística, Fernando Chacel (1931-2011)4 e Gilles Clément5 (1946 -)5 são grandes exemplos de paisagistas que conseguiram ler e intervir no espaço, de forma a contemplar as múltiplas identidades do lugar, proporcionando uma intervenção sensível com a forma que se insere no lugar e que o transforma. Através do princípio da ecogênese6, Chacel busca em seus projetos a criação de faixas de transição que integrem o homem a natureza, ao mesmo tempo que tenta recuperar características perdidas daquele lugar. Nesta mesma linha, Gilles Clément contribui com importantes discussões sobre a paisagem, como seu conceito de “jardim em movimento” onde o projeto se desenvolve de maneira a permitir que a paisagem esteja em constante transformação, a medida em que ocorre interação espontânea entre o jardim e outras espécies da fauna e flora. Ou seja, o lugar em completa harmonia entre o

Figura: Le tiers paysage/CNAP

ambiente e seus elementos.

NOTAS 3

COUTSOUCOS, S; MILANI, A. Questo non è un parco: infiniti paesaggi per lo scalo di San Cristoforo. Master Thesis. Politecnico

di Milano, Milão, 2019. 4

Prestigiado paisagista brasileiro do Séc XX.

5

Paisagista, jardineiro, botânico e escritor francês com grandes contribuições acadêmicas e projetuais.

6

Ação antrópica e parte integrante de uma paisagem cultural que utiliza, para recuperação dos seus componentes bióticos,

associações e indivíduos próprios que compunham os ecossistemas originais. (CHACEL,2001,pg.23)

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O caminhar

“paisagens urbanas suburbanas superurbanas me constroem o tempo todo em que eu ando e paro paro e ando reparando do que é feito o conteúdo da caixa preta do planeta” Charcal, Belvedere.

A percepção da paisagem começa principalmente a partir da prática do caminhar, o mapeamento do lugar através do nosso corpo, descrevendo e modificando o espaço. O caminhar, segundo abordagem de Francesco Careri, é uma forma de intervenção urbana, prática estética. “O caminhar revela-se um instrumento que, precisamente pela sua intrínseca característica de simultânea leitura e escrita do espaço, se presta a escutar e interagir na variabilidade desses espaços...” (CARERI, 2013, p. 32-33) Dentro dessa prática, temos também o ato de se perder no espaço e tempo, estar a deriva. Este requer a reeducação do caminhar, enquanto condição necessária para contemplar o espaço. “...Escolha gradualmente o caminho, não com base no que você sabe, mas com base no que você vê ao redor...Você deve perceber o espaço como um todo e deixar-se atrair pelos detalhes.”

Richard Long

(DEBORD, 1958.)

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Burle Marx (tal intenção não ocorreu na prática em sua plenitude), e que confere a Brasília o caráter de cidadeparque7 . Porém, a medida que o Distrito Federal ia se expandindo para além da Região Administrativa de Brasília – RAI, a ocupação urbana irregular e o crescimento desordenado das demais regiões fez com que se tornarse o território dos contrastes, onde a desigualdade se reflete, não somente na distribuição de renda e acesso à infraestrutura básica, como também no acesso da população à natureza e à cultura.

Distrito Federal e sua paisagem

A evolução da paisagem tanto pode acontecer

de

forma

natural,

demorada,

A paisagem natural a que se refere, é a paisagem

ou acelerada, pela atuação do homem. O

do Cerrado, bioma característico do Planalto Central,

homem acelera o processo evolutivo através

composto por um mosaico de fisionomias vegetacionais

de modificações e adaptações do ambiente

formadas por campos, cerrado, cerradão e matas de

às suas conveniências. A esse ambiente

galeria. Sua fauna é variada e sua flora cerratense, com

modificado, e não mais apenas ao cenário, é

11.627 espécies de planta, se adapta ao clima seco e aos

dado o nome de paisagem (MAGNOLI, 1987).

terrenos com pouca água e baixo nível de nutrientes,

Segundo o trecho acima, extraído do livro Ambiente, Espaço, Paisagem de Miranda Magnoli, o ambiente antropizado se define como uma tipologia da paisagem, podemos

de um magnífico entendimento do genius loci.

interpretá-lo

como

sendo

caules e galhos tortuosos, com cascas e folhas grossas. O Distrito Federal, abriga grande variedade de

paisagem

vegetação, sendo a maioria nativa do cerrado, com árvores

cultural ou urbana, por exemplo. A verdade é que o termo

de porte médio, entre 15 – 25 m, arbustos e herbáceas,

paisagem é extremamente polissêmico, cabendo diversos

caracterizados pelas cores harmônicas de suas florações

significados e derivações de acordo com a disciplina que

e pelo dourado de seus capins. Em complemento, o solo

o utiliza.

avermelhado e o pôr do sol alaranjado, resultado do clima

Para o campo disciplinar da

uma

condições características da região, como as árvores de

Arquitetura da

Paisagem, a paisagem de Brasília se manifesta nas mais

da região, conformam uma típica paisagem do cerrado brasiliense.

variadas formas e enquadramentos dependendo das

A ideia de fusão entre paisagens, sinalizada no

características objetivas (meio abiótico e biótico) e

projeto da capital, também se manifestou nos edifícios

subjetivas (sociocultural). Segundo Lauande (2007),

projetados por Oscar Niemeyer, onde a natureza, vista

Lucio Costa propunha que a nova capital deveria, em sua

através da arquitetura de Brasília percorre todas as escalas

morfologia, conformar-se à paisagem – a horizontalidade

da cidade, chegando por fim, na escala bucólica, formada

e a topografia deveriam ser seus elementos compositivos –

pelas áreas livres e arborizadas, que em sua maioria

cidade e a paisagem natural fundiriam-se como resultado

deveria ser assinada pelo consagrado paisagista Roberto

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Apesar

de

totalizar

aproximadamente

10

mil

hectares das áreas verdes destinadas ao uso sustentável (onde a interação entre população e meio ambiente é permitido) no DF, como áreas de proteção permanente, interesse ecológico e etc., estima-se que 41% destas áreas estão degradados ou perturbados, ou seja, tiveram suas características alteradas. Este percentual está diretamente relacionado à aplicação efetiva de políticas públicas previstas em cada região administrativa. Cria-se assim, um ciclo vicioso à medida que a população passa a demonstrar menos interesse nas áreas públicas de lazer pela falta de investimento e infraestrutura e o Estado passa a não os aplicar, pela falta de interesse do cidadão. NOTAS 7

Termo usado por Lúcio Costa para caracterizar o projeto de Brasília.

Uma cidade-parque é constituída pelos seguintes aspectos: definição em escalas, abertura da cidade, propriedade pública do solo, parcelamento, hierarquização viária e harmonia do conjunto volumétrico de sua fisionomia, integrado ao terreno.

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Foto: Joana França

Foto: Kelly Almeida/Metrópoles

Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

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A trama hidrográfica local, assim como a verde, não deixa de apresentar sinais de desgaste e perigo evidente. A crise hídrica enfrentada pelo Distrito Federal, no ano de 2017, devido ao reduzido volume de chuvas nos últimos meses e à escassez hídrica nos reservatórios, que resultou em uma política de racionamento de água pelo período de um ano, é um exemplo disso. Dentre as ações prioritárias para a conservação e manutenção das áreas protegidas e dos corpos hídricos do DF, está o estabelecimento de conectores ambientais, conceito que está sendo introduzido no plano de Estratégia de Integração Ambiental do Território, reconhecida pelo Plano Diretor de Ordenamento Territorial - PDOT (Lei Complementar nº 803/2009) tem a finalidade de resgatar a vocação socioambiental de certos espaços de ligação entre ecossistemas. Segundo o plano, os principais agentes conectores são os corpos hídricos do Distrito Federal.

Distrito Federal e seu sistema verde e azul

Para entender melhor essa proposta de conexão e como ela se relaciona com a área de estudo do projeto, a próxima etapa passa por uma análise do recorte da Bacia do Lago Paranoá, bacia onde se localiza a Reserva Biológica do Guará e o Parque Ezechias Heringer. O objetivo deste recorte é entender suas possibilidades de integração ambiental, através dos cursos d’água captados pela bacia.

A criação e a manutenção de áreas protegidas ou que estejam sob regimes especiais de proteção tem sido uma

Particular do Patrimônio Natural, Reserva de Fauna, Área de Relevante Interesse Ecológico.

prática bastante utilizada nas sociedades humanas. Várias

A fim de estabelecer critérios e normas para a criação,

justificativas motivam a manutenção de áreas silvestres,

implantação, alteração e gestão das Unidades de Conservação

especialmente focando a conservação de recursos de fauna,

no território do Distrito Federal, criou-se a partir da Lei

de flora e hídricos.

Complementar 827, de 22 de julho de 2010 o Sistema Distrital

Com o objetivo de integrar, em um único sistema, a

de Unidades de Conservação da Natureza - SDUC. Apesar

diversidade de categorias de manejo e, ao mesmo tempo,

de os parques ecológicos não se enquadrarem em nenhuma

dar um caráter multifuncional às unidades, considerando

categoria de unidade de conservação prevista no SNUC, o

a diversidade ecossistêmica, cultural e histórica do Brasil,

mesmo foi considerado como uma UC pelo sistema distrital,

foi instituído, em 2000, o Sistema Nacional de Unidades de

assim como os parques distritais.

Conservação da Natureza - SNUC, por meio da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000.

Segundo o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), o Distrito Federal possui hoje 84 Unidades de Conservação (a informação

De acordo com a Lei, as Unidades de Conservação –

varia entre 84-106 UC dependendo fonte), o que representa

UC são “espaços territoriais e seus ambientes, incluindo as

8,4% do total de UCs espalhadas pelo território nacional que

águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,

de acordo com Ministério do Meio Ambiente somam mais de

legalmente instituídas pelo Poder Público, com objetivos

2400 unidades.

de conservação e limites definidos, sob regime especial de

Apesar de o DF possuir aproximadamente 90% de seu

administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de

território sob proteção ambiental, essa alta proporção de

proteção” (Lei nº 9.985/00).

áreas protegidas não significa que as áreas silvestres existentes

Segundo o SNUC, as UC são divididas em duas categorias

no DF estão livres de pressão e que estas estão totalmente

principais: as de Uso Sustentável e as de Proteção Integral

implantadas, uma vez que a maior parte das UC apresenta

e subdivididas em 12 grupos, sendo a primeira categoria

muitas pendências, destacando: situação fundiária irregular,

composta por - Parque Nacional, Monumento Nacional,

falta de planejamento, recursos humanos e financeiros

Estação Ecológica, Reserva Biológica e Refúgio de Vida

deficientes, inexistência de delimitação, invasão e ocupação

Silvestre- e a segunda categoria contemplando as sete

irregular, dentre outros.

categorias restantes - Área de Proteção Ambiental, Floresta Nacional, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Reserva

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conector ambiental ribeirão Bananal conector ambiental ribeirão do Torto

Lago Paranoá

Bacia do Lago Paranoá O lago Paranoá tem sua bacia hidrográfica delimitada pela Estrada Parque Contorno, e está localizada integralmente no território do Distrito Federal. A área da bacia corresponde a 18% do território do Distrito Federal e divide-se em cinco unidades hidrográficas de gerenciamento e seus principais afluentes são o Riacho Fundo e os ribeirões Torto, Bananal,

conector ambiental ribeirão do Gama

Gama e Cabeça de Veado. É possível observar que o grau de antropismo no Distrito Federal como um todo, aumentou significativamente tornando esta bacia hidrográfica, isolada em um adensamento urbano com áreas verdes mantidas em Unidades de Conservação – UC que não conectam entre si de forma suficiente para permitir as interações ecossistêmicas. Visando tratamento integrado e articulado aos espaços vocacionados para a função sócioambiental de conexão de ecossistemas, a proposta de conectores ambientais, elaborada pelo Plano Diretor de Ordenamento Territorial – PDOT, foi traçada sobre os principais corpos hídricos que compõem as unidades hidrográficas da bacia. A maioria dessas conexões interliga os braços norte e sul do Lago Paranoá às Unidades de Conservação de Proteção Integral, como o Parque Nacional de Brasília (principal núcleo de proteção do Cerrado na região), passando por parques ecológicos e outras unidades de conservação.

conector ambiental Reserva do Guará/ Riacho Fundo

Diante disso, pode-se observar que o Lago Paranoá tem potencial para servir como núcleo irradiador de conexões funcionais entre as áreas verdes do DF, através de um sistema de corredores ripários.

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Diretrizes para a escala macro A partir da análise sobre a dinâmica das áreas verdes e

Em conformidade com o princípio, um sistema de hubs,

azuis inseridas no Distrito Federal e posteriormente pelo recorte

links e sites foi proposto para a interligação de ecossistemas

sobre a bacia do Lago Paranoá, foi feito um levantamento

e paisagens, dentro do recorte da bacia, favorecendo uma

sobre as unidades conservacionais localizadas dentro desse

maior resiliência ecológica e proporcionando, ainda, benefícios

recorte, dos corpos hídricos presentes e das demais área

sociais e econômicos para a região. O desenvolvimento deste

verdes livres que tem potencial para se transformar em zonas

sistema resultou na elaboração de princípios e diretrizes

verdes provedoras de serviços ecossistêmicos, recreativo e

para o uma infraestrutura verde urbana no Distrito Federal,

paisagístico, como praças, parques e vias.

fechando assim o primeiro ciclo deste trabalho, que teve como

O resultado desse levantamento favoreceu uma proposta guiada pelo princípio da conectividade da infraestrutura verde, o qual consiste em um sistema de corredores verdes, corpos

objetivo potencializar os processos naturais e socioculturais e desencadear um olhar sistêmico sobre a região.

HUB

d’água e passeios verdejados (links), que se conectam a áreas verdes, como praças, parques e bosques (sites), e a áreas de refúgio e habitat para a vida silvestre como áreas de proteção integral (hubs). Os sites funcionam muitas vezes como trampolins ecológicos (step stones) para as espécies, uma vez

HUB

que não conseguiriam sozinho ser habitat para elas.

SITE

SITE

K

N

LI

K

LIN

NK

Fonte: Firehock, 2012, p. 13.

LI

HUB

HUB SITE

Levantamento das áreas verdes segundo o princípio da conectividade.

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Infraestrutura verde urbana do Distrito Federal A proposta para a escala distrital propõe através de

Unidades de Conservação e novas áreas verdes: às

uma rede de espaços verdes, a concepção de um Sistema de

Unidades de Conservação de Uso Sustentável e às de Proteção

Infraestrutura Verde Urbana que aumente a oferta de serviços

integral que se inserem na malha urbana densa do DF, foram

ecossistêmicos prestados pela natureza e pelos processos

adicionadas novas áreas verdes distribuídas pela região que

naturais, dentro do Distrito Federal.

demonstraram grande potencial ecossistêmico. Esse conjunto

Esse novo tipo de infraestrutura urbana busca a melhoria

de áreas formado por parques ecológicos, praças, parques

e o aprimoramento desses serviços, inclui ao sistema os

urbanos, áreas verdes residuais e etc... servirá como ponto

espaços verdes urbanos (vias arborizadas, parque, jardins,

de parada na transição entre as espécies e integração entre o

hortas comunitárias...), outros elementos semi naturais ou

homem e o meio ambiente. (sites)

artificiais (tetos verdes, fachadas verdes, jardins de chuva...)

Zonas núcleo da Reserva de biosfera do cerrado: com o

e incorpora novas formas e designs que emulam processos

objetivo de preservar os ecossistemas representados, e servir

naturais, buscando melhorar a capacidade biológica urbana.

como habitat para as espécies, o Governo do Distrito Federal

Para cada espaço ou elemento conectado pela rede, é

estabelece duas zonas, localizadas nas extremidades norte e

atribuída uma funcionalidade ecossistêmica própria dentro do

sul do recorte. A essas zonas foram incorporadas mais duas

conjunto. Essa funcionalidade foi determinada pelo conceito

áreas (pontas leste e oeste) com o intuito de estabelecer um

de conectividade mencionado anteriormente neste trabalho,

cinturão verde ao redor da região. (Hubs)

dividida em três categorias, a rede de sistemas pode ser explicada da seguinte forma:

Dessa forma, o Sistema de Infraestrutura verde proposto para o DF tem como principais objetivos:

Corredores verdes e ripários: a partir do estudo do

1.

Promover a sensibilização sobre a relação natureza-

sistema hídrico e da análise das principais vias que cortam a

biodiversidade e sociedade, principalmente sobre

região demarcada, propõe-se a criação de corredores verdes

os bens e serviços ecossistêmicos;

associados a malha viária do DF e corredores ripários a partir

2.

da indicação de conectores ambientais na região, pelo PDOT. Esses corredores funcionarão como ponte de conexão entre

Criar ambientes que favoreçam a saúde, o bem estar coletivo e a habitabilidade geral da cidade;

3.

Potencializar

a

biodiversidade

na

cidade,

as demais áreas verdes incorporadas, costurando toda a trama

implementando a conectividade espacial e funcional

proposta. (links)

entre os espaços verdes urbanos e periféricos.

estrada parque do contorno

eixo monumental eixo rodoviário córrego vicente pires

córrego do guará lago paranoá

córrego riacho fundo

Representação de conectividade através dos corredores verdes e ripários.

LEGENDA Reservas e núcleos de proteção do cerrado

Proposta de corredores verdes

Unidades de conservação existentes

Proposta corredores ripários

Proposta de novas áreas verdes

31


Região Administrativa do Guará - RAX

REBIO

pa

ranoá

Aproximação e escolha do lugar lago

PEEH

Córrego do Guará

A próxima etapa se caracteriza pela aproximação e

em consideração a análise do lugar seguindo os princípios

definição da área de intervenção. Essa escolha levou em

de Christophe Girot (1957)8, tendo como base seu livro “Four

consideração a importância da área em relação ao sistema

Trace Concepts in Landscape Architecture” onde o paisagista

de infraestrutura verde urbana preestabelecido, a relação

propõe que o processo de projeto seja desenvolvido em quatro

da região com o Bioma de Cerrado e sua inserção na malha

fases, sendo elas: o pouso, a fundamentação, descoberta/

urbana da cidade. Dessa forma, foram escolhidas as áreas da

diagnóstico e síntese.

Reserva Biológica do Guará – REBIO e o Parque Ecológico do

Além disso, o desenvolvimento do projeto passa por uma

Guará – PEEH, territórios vizinhos que se localizam na região

leitura do terreno através da sobreposição de suas camadas

administrativa do Guará.

analíticas, o que possibilitou a compreensão multifacetada

A Rebio, juntamente com o Parque, compõem parte de

de sua natureza. Com isso, o trabalho buscou elaborar um

um importante corredor ecológico, que se estende até o Lago

diagnóstico da região e a partir dele trabalhar uma proposta

Paranoá do qual o córrego do Guará é um dos principais

de projeto mais adequada à realidade na qual se insere.

contribuintes. O córrego é o único corpo hídrico localizado no interior do Parque e suas nascentes encontram-se dentro da Reserva Biológica do Guará. Entendendo essas duas regiões como parte de um sistema integrado, a área de intervenção será tratada a partir daqui como uma poligonal única do Parque Ecológico Ezechias Heringer, propondo que a Reserva Biológica seja incorporada a ela. Essa

área

de

intervenção

também

exerce

grande

importância no que se refere a preservação e integração da paisagem de cerrado, com uma área total aproximada de 430 hectares, possui de relevante interesse ecológico como espaço

NOTAS

verde de uso público, localizado em meio a uma malha urbana em desenvolvimento. A seguir serão apresentados os estudos e análises sobre a

8

Professor do Departamento de Arquitetura e Arquitetura da Paisagem

(DARCH) do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça (ETH) em Zurique.

região e o meio no qual ela se insere. Essa primeira parte levou

32

33


A Região Administrativa do Guará – RAX, localiza-se na

trecho, denominado Guará II, inaugurado em 2 de março de

porção central do DF e situa-se a 11km do Plano Piloto. Suas

1972, com o objetivo de atender aos funcionários públicos de

primeiras propostas de ocupação foram elaboradas em 1966,

menor renda transferidos para Brasília, além dos trabalhadores

pela Sociedade de Habitação de Interesse Social – SHIS,

do setor de indústria e comércio.

tendo como referência a “Vila Guará”, pequeno assentamento

A Região Administrativa X, de fato foi criada apenas no

levantado na região durante os primeiros anos da capital e

ano de 1989, com a denominação oficial de Guará, por meio

que chamavam atenção por sua construção em sistema de

da Lei nº 49 e seu Decreto nº 11.921, no mesmo dia em que

mutirão. A pequena vila foi batizada com o mesmo nome do

se estabelecia a divisão do Distrito Federal em 12 regiões

córrego que a ladeava, um dos formadores do lago Paranoá, o

administrativas, entre elas o Guará, desvinculando-o da RA I

córrego do Guará.

(Brasília).

Em 1967, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital –

A ocupação territorial da região vem crescendo ao

NOVACAP iniciou o projeto “Mutirão da Casa Própria”, com

longo do anos e hoje, é caracterizada por uma malha urbana

a construção de 800 moradias na região que passou a ser

densa, interceptada pelas principais artérias e rodovias que

denominada Setor Residencial de Indústria e Abastecimento

conectam os mais importantes centros urbanos do Distrito

(SRIA) com a finalidade de abrigar trabalhadores do Setor de

Federal, sendo favorecida, também, pela sua proximidade ao

Indústria e Abastecimento (SIA)

aeroporto. Isso faz dela um importante ponto estratégico que

Em abril de 1969 foi inaugurado o primeiro trecho,

estimulou, ao longo do tempo, sua consolidação como um dos

chamado SRIA I, atual Guará I. Ainda no mesmo ano, a Novacap

mais dinâmicos pólos de comércio, lazer e serviços do DF, o

e o Shis ampliaram a área de ocupação, surgindo o segundo

que faz do Guará uma das cidades mais autônomas em relação ao Plano Piloto.

64

34

75

91

05

15

20

35


O parque A demarcação total da área de parque proposta neste trabalho é composta por duas Unidades de Conservação: o Parque Ecológico Ezechias Heringer (Área de Uso Sustentável) e a Reserva Biológica do Guará (Área de Proteção Integral) O Parque Ecológico Ezechias Heringer foi idealizado em 1960, com o objetivo de preservar as margens do Córrego do Guará que abastece o Lago Paranoá. Criado inicialmente com a denominação de “Parque do Guará”, teve a primeira regulamentação em 1977, mas apenas em 1998 foi editada a Lei nº 1.826 que o criou efetivamente. Seu nome é uma homenagem ao agrônomo pioneiro Ezechias Heringer, que dedicou sua vida a estudar a flora do Cerrado, em especial, as orquídeas. A área onde está localizada a unidade foi um dos locais do DF em que o ambientalista mais atuou, tendo observado variedades raras de orquídeas típicas nativas desta região. São cerca de 72 espécies identificadas. Por possuir Cerrado típico, campos de murundus e densa mata de galeria, a unidade é dotada de grande biodiversidade. Já a Rebio do Guará foi criada inicialmente como Reserva Ecológica, em Setembro de 1988, abrangendo parte das cabeceiras do córrego de mesmo nome. Para se adequar ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC e ao Sistema Distrital de Unidades de Conservação da Natureza – SDUC, posteriormente à sua criação, a área protegida foi recategorizada como Rebio. A Rebio é uma das categorias mais restritivas pertencente ao grupo de unidade de conservação de proteção integral e tem como objetivo a preservação integral da biota e dos demais atributos naturais existentes em seus limites. “Os principais impactos ambientais ocorrentes na Rebio do Guará estão relacionados ao processo de insularização desse remanescente de vegetação decorrente da expansão urbana, em especial, as ocupações irregulares lindeiras e no interior da Reserva.’’ (LIMA, 2014, p. 26) O Ibram disponibiliza, para cada uma das unidades em estudo, um diagnóstico ambiental e um plano de manejo. Os planos consideram a riqueza ambiental das regiões e apontam para a necessidade de assegurar a proteção dos recursos hídricos do DF e promover a conexão ecológica entre suas áreas verdes.

36

37


Porém, até o presente momento somente

Projeto existente - Revitalização do PEEH

foram divulgadas a revitalização do parquinho Localização: Parque Ecológico Ezechias Heringer, Brasília - DF

infantil, a recuperação do Ponto de Encontro

Projeto: Instituto Brasília Ambiental - Ibram Ano: início 2018

Comunitário

(PEC),

conserto

das

duchas,

Área: 306,44 Hectares

pintura das vagas de estacionamento e meio fio, instalação de placas de sinalização, pinturas

No início do ano de 2018 foi divulgado no site do Instituto

as duas áreas são cortadas pela Estrada Parque Guará (EPGU),

e reformas na sede administrativa, quadras

Brasília Ambiental (Ibram) , um estudo realizado pela Empresa

foi proposta uma grande ponte de concreto, para pedestres,

poliesportivas,

Geo Lógica Consultoria Ambiental Ltda. para a produção de um

ciclistas e animais, que será erguida sobre a via.

convencionais por lâmpadas LEDs, construção

substituição

das

lâmpadas

diagnóstico ambiental do PEEH, no qual foi relatado que mais

A intenção é criar em cada uma das áreas grandes

de calçada e acesso da faixa de pedestre e

de 80% da área do parque estava degradada, pois os objetivos

pistas de caminhada e de ciclismo, separadas, além de trilhas

outras ações que de fato não correspondem às

de preservação e proteção do parque não estavam sendo

e áreas para apreciar a natureza. Em cada uma das duas

recomendações apresentadas aos gestores do

alcançados, principalmente em virtude do uso e ocupação do

áreas, interligadas pela ponte sobre a EPGU, estão previstos,

solo no entorno e dentro do Parque.

banheiros,

Esse documento serviu como base para a elaboração

parquinhos,

academias

ao

ar

livre,

Figura: Jornal do Guará

Parque, como prioritárias e imprescindíveis para a

quadras

manutenção do status de “área protegida”

conforme definição legal.

poliesportivas, skate park e centros de convivência.

Parque,

A versão mais atual do projeto foi apresentada pelo

Assim sendo, o projeto levanta muitos

apresentando fatos e fotos demonstrativas da precariedade do

arquiteto responsável Eduardo Grigol, no mês de agosto de

questionamentos em relação a sua proposta e as

estado de preservação do Parque e apontando a necessidade

2019, para a comunidade. O projeto foi avaliado em 20 milhões

necessidades reais do parque. Muitas lideranças

de ações imediatas para sua proteção.

de reais e o início da obra está previsto para começo de 2020.

na apresentação do projeto questionaram os

em sequência de um Plano de Manejo para o

No mesmo ano, o

Ibram apresenta um projeto de

autores.

Desde então estão sendo estudados alguns meios para arrecadação de verba visando a implementação do projeto.

“Não precisamos aqui de megaprojetos e

Segundo o Jornal do Guará, o projeto prevê a ocupação

Em entrevista o ex-presidente do Ibram, Àldo Cesar Vieira

sim, ações de preservação, como cercamento

em duas áreas – uma atrás do Batalhão de Polícia Militar, do

menciona o recebimento de medidas compensatórias de

de toda a área” disse um dos defensores do

terminal rodoviário e da faculdade Projeção; e outra na área

obras como a do Aeroporto de Brasília e a construção da via

Meio Ambiente no Guará, prof. Klecius Oliveira.

28, onde atualmente toda a estrutura está concentrada. Como

Interbairros.

revitalização para o Parque Ezechias Heringer - PEEH.

Figura: Jornal do Guará

Figura: Jornal do Guará

38

Figura: Jornal do Guará

39


O pouso

O pouso (Landing) é o primeiro contato com o lugar, o olhar desavisado em sem estudos prévios. Nessa primeira etapa de análise, as impressões do parque foram levadas em consideração e de imediato, percebe-se que se trata de um lugar sensível, onde a natureza toma a cena através de sua paisagem com uma linha do horizonte bem demarcada, vegetação exuberante e característica, caminhos em terra vermelha que adentram na mata e o clima seco com alta temperatura, típico da região.

A primeira aproximação ocorre mesmo antes de entrar no parque, ao chegar no guará (se você está vindo do lado norte da cidade) você já se depara com uma grande área verde, que por um tempo te acompanha da janela do carro. Esse primeiro contato é um contato distante, onde você se sente pequeno em relação ao tamanho e importância do parque.

40

41


42

43


No segundo momento, caminhando pelo parque, você entra em contato com diferentes paisagens e pode contemplar a linha do horizonte em alguns momentos. Os caminhos de terra são utilizados por alguns ciclistas e pessoas que vão para o parque correr em um ambiente mais agradável e tranquilo.

Por fim, o detalhe e delicadeza chamam a atenção para as texturas dos troncos retorcidos, a cores verdes e douradas das da vegetação presente no parque. A riqueza do bioma do cerrado pode ser vista no local.

44

45


Poligonal da área de intervenção do Parque, abrangendo as regiões da Reserva Biológica do Guará e do Parque Ezechias Heringer, considerando a demarcação de seu território apresentada no Mapa Ambiental de 2006 (SEMARH, 2006), e suprimindo a região 28-A (localizada próximo ao Parkshopping), por se tratar de uma área de interesse e especulação imobiliária que não acarreta em grandes perdas do ponto de vista ecológico e ambiental tendo em vista que é uma área degradada, desprovida de vegetação nativa e desmembrada do restante do Parque.

RESERVA ECOLÓGICA DO GUARÁ 147ha

A fundamentação

GUARÁ I

Análise do lugar

SOF SUL

O processo de fundamentação (Grounding) é menos relacionado com a percepção e imaginação individual e mais com uma cuidadosa pesquisa e observação sobre o espaço.

PARQUE ECOLÓGICO - PEEH

Trata-se de uma compilação de dados a respeito dos sistemas

280ha

urbanos, aspectos físicos e socioambientais, que compõem o sítio. A leitura do lugar em camadas, possibilita enxergar a paisagem com mais de um olhar e assim, maiores são as

28-A GUARÁ II

chances de captar sua essência.

PÓLO DE MODAS

46

47


TOPOGRAFIA

Corte AA’ esc 1:7500

DECLIVIDADE DO TERRENO

H

PEDOLOGIA A’

Corte BB’

I

esc 1:7500

H’

HIDROGRAFIA A

B’ G’

B

FORMAÇÕES VEGETAIS Corte CC’

C

esc 1:7500

C’ I’

J

D

COBERTURA VEGETAL

PRINCIPAIS VISUAIS

Corte DD’

D

esc 1:7500

E

SISTEMAS DE TRANSPORTES

E’ G

K J’

EQUIPAMENTOS URBANOS F

F’

Corte EE’ esc 1:7500

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO K’

DIRETRIZES URBANÍSTICAS EXISTENTES 48

Corte FF’ esc 1:7500

49


Corte GG’ esc 1:7500

Corte HH’

Corte II’

esc 1:7500

esc 1:7500

Corte JJ’

Corte KK’

esc 1:7500

esc 1:7500

50

51


TOPOGRAFIA

Declividade do terreno

A declividade é um fator a ser considerado na análise erosiva, pois quanto mais íngreme for a

DECLIVIDADE DO TERRENO

encosta, mais sujeita será ao desenvolvimento de processos erosivos lineares do tipo sulcos e ravinas (BERTONI & LOMBARDI NETO, 1999). O Parque de maneira geral apresenta baixa declividade. Aproximadamente 70% da poligonal

PEDOLOGIA

do Parque possui declividade entre 5 e 20 %, sendo observados trechos restritos ao longo do córrego Guará superiores a 20%. Neste caso, a susceptibilidade à erosão está atrelada principalmente às informações dos tipos de

HIDROGRAFIA

solo e da interpretação do uso do solo.

FORMAÇÕES VEGETAIS

COBERTURA VEGETAL

PRINCIPAIS VISUAIS

SISTEMAS DE TRANSPORTES

EQUIPAMENTOS URBANOS

LEGENDA USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

0 - 5%

20 - 30%

5 - 10%

> 45%

10 - 20%

DIRETRIZES URBANÍSTICAS EXISTENTES 52

53


TOPOGRAFIA

Pedologia As informações do mapa de Pedologia foram extraídas dos relatórios de análise ambiental da região.

DECLIVIDADE DO TERRENO

No caso de Gleissolo Húmico, a existência de

quatro tipos de solo, divididos em Latossolos e

camada orgânica, pode provocar subsidência do

Gleissolos.

material orgânico (afundamento) e perigo de incêndio Latossolos

são

solos

minerais,

não

desse material. A elevada afinidade da matéria orgânica

hidromórficos, em avançado estágio de intemperismo

com o cobre pode induzir a deficiência desse elemento

e muito evoluídos, como resultado de transformações

nas plantas.

energéticas do material de origem e são facilmente

forte

Vermelho-Amarelo e Latossolo Vermelhos.

extrema deficiência ou ausência de oxigênio devido às

muito profundos, de elevada permeabilidade, bem

condições de saturação permanente de água. São solos mal ou muito mal drenados, com horizonte A de cor acinzentada e espessuras entre

Latossolo Vermelhos: Os latossolos vermelhos

10 e 50 cm. Podem apresentar tanto argila de baixa

são caracterizados por uma grande profundidade,

atividade, quanto de alta atividade, podendo ainda ser

geralmente, homogêneos, de boa drenagem e quase

pobres ou ricos em bases ou com teores de alumínio

sempre com baixa fertilidade natural, necessitando de

elevados. Como estão localizados em baixadas, próximas

Os Gleissolos compreendem solos hidromórficos,

às drenagens, suas características são influenciadas

constituídos por material mineral (principalmente

pela contribuição de partículas provenientes dos solos

argila). Os solos desta classe estão associados à

das posições mais altas e da água de drenagem, uma

permanente ou periódica saturação por água. A água

vez que são formados em áreas de recepção ou trânsito

pode estar estagnada ou fluir lateralmente no solo.

de produtos transportados.

superfície por capilaridade.

SISTEMAS DE TRANSPORTES

pela

redutor, que se processa em meio anaeróbico, com

Em ambas as situações, a água pode ascender até a

PRINCIPAIS VISUAIS

caracteriza-se

de Latossolos identificados na área foram: Latossolo

correções químicas para uso agrícola.

COBERTURA VEGETAL

Háplico:

gleização em decorrência do regime de umidade

drenados.

FORMAÇÕES VEGETAIS

Gleissolo

reconhecidos pela cor quase homogênea. Os tipos

Latossolo Vermelho-Amarelo: São solos em geral

HIDROGRAFIA

quantidade de matéria orgânica em outra forma.

Segundo essas análises, a área de estudo apresenta

Os

PEDOLOGIA

espessura, apresenta-se escuro, turfoso ou com grande

Ressalta-se

ainda,

À

medida

que

esses

solos

secam,

ficam

endurecidos, prejudicando o desenvolvimento de que

estes

solos

são

raízes. Ciclos constantes de umedecimento e secagem

identificados como estando diretamente relacionados

podem provocar endurecimento irreversível do solo.

a grande parte das nascentes do Bioma Cerrado, em

Observa-se na poligonal do Parque (margem do

especial a fitofisionomia do campo de murundus. Os

córrego do Guará), a existência de gleissolo com esta

tipos de Gleissolos identificados nas áreas foram:

característica.

Gleissolo Húmico e Gleissolo Háplico. Gleissolo Húmico: ocorrem em locais restritos das margens do córrego Guará, especialmente onde há densa cobertura vegetal. A diferença básica entre o gleissolo háplico está no horizonte A. No Gleissolo

EQUIPAMENTOS URBANOS

Húmico, esse horizonte tem 20 cm ou mais de

LEGENDA USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Latossolo vermelho-amarelo

Gleissolo húmico

Latossolo vermelho

Gleissolo háplico

DIRETRIZES URBANÍSTICAS EXISTENTES 54

55


TOPOGRAFIA

DECLIVIDADE DO TERRENO

PEDOLOGIA

HIDROGRAFIA

FORMAÇÕES VEGETAIS

Hidrografia Como mencionado anteriormente, a principal

Relatório de diagnóstico ambiental do Parque, a área

motivação que levou para a criação do Parque

apresenta risco de erosão do solo em pontos próximo

Ecológico Ezechias Heringer e da Reserva Biológica do

às margens do córrego e áreas degradadas, deixando

Guará, foi a de preservação das margens do córrego do

o curso d’água desprotegido.

Guará e as nascentes que o alimentam.

Apesar de todos os problemas causados pelo uso

O Córrego é um dos principais afluentes da

indevido do solo, o córrego ainda desempenha um

sub-bacia do Riacho Fundo, que apresenta a maior

papel fundamental no estabelecimento de trampolins

densidade e diversidade de ocupação na Bacia do Lago

de fauna (stepping stones) para algumas espécies

Paranoá. Em consequência a essa ocupação intensiva,

desde a sua nascente até a sua foz no lago Paranoá.

da remoção de mata ciliar e da expansão e degradação

O Plano Diretor de Ordenamento Territorial - PDOT

dos solos, observa-se um processo de assoreamento

(Lei Complementar nº 803/2009), define o córrego do

do braço direito do Lago Paranoá, devido ao acúmulo

Guará como “conector ambiental” e apesar de o termo

de sedimentos provenientes do ribeirão Riacho Fundo.

de conectores ambientais estabelecido na referida

Embora o esgoto da região seja tratado, o córrego

Lei não apresentar definições técnicas de como se

também recebe esgoto de ligações clandestinas, bem

dariam essas ferramentas de gestão, os estudos

como detergentes, óleos e graxas que são lançados

de conexão por meio do estabelecimento de um

nas redes de águas pluviais pelos postos de lavagens

corredor ecológico através do córrego do Guará estão

do setor de oficinas sul.

previstas pela proposta de criação de um sistema de

Atualmente o PEEH não está cumprindo com a maioria dos seus objetivos, como por exemplo a de

infraestrutura verde urbana apresentada anteriormente neste trabalho.

preservar e proteger os corpos hídricos. Segundo o

COBERTURA VEGETAL

PRINCIPAIS VISUAIS

SISTEMAS DE TRANSPORTES

EQUIPAMENTOS URBANOS

LEGENDA USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

DIRETRIZES URBANÍSTICAS EXISTENTES 56

Áreas úmidas

57


TOPOGRAFIA

DECLIVIDADE DO TERRENO

Formações vegetais Assim como todo o Distrito Federal, a Região

de cobertura pela proximidade das copas das árvores

Administrativa do Guará tem o Cerrado como seu

(dossel). A Mata Ciliar e a Mata de Galeria são os tipos

bioma característico.

de vegetação florestal associadas a cursos de água,

O Parque Ecológico Ezechias Heringer é uma mancha verde em meio ao crescimento urbano e contempla diversas fitofisionomias do Cerrado.

vegetais básicas, são elas:

por

vegetação

herbácea

(ervas),

gramíneas e arbustos de pequeno porte. Essa formação, pode englobar três tipos diferentes de vegetação - o Campo Sujo, o Campo Limpo e o Campo Rupestre.

HIDROGRAFIA

Florestal:

Segundo

as subdivisões de Cerrado sentido restrito, Parque Cerrado,

Campestre: São paisagens naturais formadas, principalmente,

drenados. Savânica: as formações savânicas compreendem

Na área do PEEH ocorrem três tipos de formações

PEDOLOGIA

que podem ocorrer em terrenos bem drenados ou mal

informação

extraída

regiões,

Palmeiral

e

Vereda.

Predomina

nessas

locais com árvores e arbustos, espalhados

sem formação de dossel contínuo sobre o estrato graminoso. Segundo análise ambiental da área de estudo, dentre as fitofisionomias apontadas, as formações

da

campestres e savânicas foram as mais representativas.

agência de informação da Embrapa, as formações

Em seguida, a formação florestal e por último e menos

florestais do Cerrado englobam os tipos de vegetação

representativa, a Vereda.

com predominância de espécies de árvores e formação

FORMAÇÕES VEGETAIS

COBERTURA VEGETAL

PRINCIPAIS VISUAIS

SISTEMAS DE TRANSPORTES

EQUIPAMENTOS URBANOS

LEGENDA USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

DIRETRIZES URBANÍSTICAS EXISTENTES 58

59


TOPOGRAFIA

Cobertura vegetal Ao analisar o mapa de cobertura vegetal do parque,

DECLIVIDADE DO TERRENO

PEDOLOGIA

HIDROGRAFIA

Os

murundus

são

elevações

convexas

os Campos de Murundus, possuem presença relevante

características, que variam em média de 0,1 m a 1,5 m

no terreno, Segundo Marimon (2007), esses campos

de altura e 0,2 m a mais de 20 m de diâmetro.

possuem grande importância para a conservação da

Observa-se a condição ecológica equilibrada

água de superfície e da biodiversidade. Por estarem

desta fitofisionomia, pois nesta área de Campo de

diretamente ligados aos cursos d‘água formadores

murundus não apresenta infestação de gramíneas

das bacias hidrográficas, podem abrigar numerosas

exóticas e nem foi observada presença de espécies

espécies florísticas e faunísticas do cerrado brasileiro,

lenhosas que não sejam nativas. A preservação desta

as quais muitas vezes são habitat dependentes, ou

área é relevante para a manutenção das pequenas

seja, dependem exclusivamente deste ambiente para

nascentes e mananciais que fazem parte das bacias

algumas funções biológicas.

formadoras do córrego Guará.

O Campo de murundus localizado na área

Além disso, é possível observar no mapa, que

próxima a Mata de galeria do parque, caracteriza-se

existem algumas áreas suscetíveis às queimadas,

por ser uma fitofisionomia que apresenta vegetação

muitas vezes essas áreas estão associadas ao uso

rasteira composta basicamente de gramíneas em solos

irregular do solo, devido às ocupações irregulares que

com elevada saturação hídrica.

se instalaram há muito tempo na região. A seguir, são apresentadas as especificidades de cada fitofisionomia destacada no mapa.

FORMAÇÕES VEGETAIS

COBERTURA VEGETAL

PRINCIPAIS VISUAIS

SISTEMAS DE TRANSPORTES

EQUIPAMENTOS URBANOS

LEGENDA USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

DIRETRIZES URBANÍSTICAS EXISTENTES 60

61


Cerrado Típico ou stricto senso

Cerrado Ralo

Campo Sujo

Esta fitofisionomia tem caráter predominantemente

É um subtipo de vegetação arbóreo-arbustiva, com

arbóreo-arbustivo, com cobertura arbórea de 20% a 50%

cobertura arbórea de 5% a 20% e altura média de 2 m a 3 m

apresentar grande diversidade de espécies de gramíneas e

e altura média de 3 m a 6 m. Possui feição essencialmente

(SEBRAE, 2007; Sano & Almeida, 1998). Representa a forma

estrato arbóreo relativamente baixo. É composto por arbustos

savânica evidenciada pela tortuosidade do fuste de seus

mais baixa e menos densa de Cerrado stricto sensu . Ocorrem

de altura média e baixa que ocorrem nos espigões e nos lados

elementos lenhosos com poucos arbustos da camada lenhosa

principalmente em Latossolos Vermelho-Amarelo,Cambissolos,

dos vales. Podem ocorrer em solos rasos ou em latossolos

ou nenhum. Pode ocorrer em Latossolos Vermelho e Vermelho-

Neossolos e Gleissolos.

profundos, sem pedras e bem drenados, no entanto todos com

Amarelo. Na poligonal do Parque o cerrado típico está restrito a poucos pontos. Nas extremidades dos fragmentos dessa vegetação localiza-se invasão de Brachiaria sp.

As

formações

Mata de Galeria

campestres

são

caracterizadas

por

O Cerrado ralo é uma formação vegetal de transição

baixíssima fertilidade. Neste caso, localizam-se numa posição

entre as fitofisionomias do Cerrado stricto sensu e Campo Sujo.

superior no terreno e quando mal drenado podem constituir

A área de Cerrado Ralo presente no Parque encontra-

em Campo Sujo Úmido ou com Murundus. No Parque são

se bastante alterada e não apresenta mais a fitofisionomia

observados os dois tipos de campo sujo, com solos bem

que o caracteriza. Observa-se a presença de gramíneas

drenados e com presença de murundus.

exóticas (Melinis minutiflora e Brachiaria sp.) em detrimento

Na área de estudo, assim como observado no Cerrado

das espécies nativas. A dispersão de gramíneas africanas no

Ralo, o Campo Sujo apresenta proliferação de gramíneas

ecossistema do Cerrado ocasiona vários distúrbios ecológicos.

exóticas. No entanto, ainda observa-se a presença de

Os principais são: a perda de capacidade produtiva das

diversas herbáceas tais como Mata-pasto (Senna rugosa),

espécies vegetacionais nativas e o aumento vertiginoso da

Buta (Cissampelos ovalifolia) e Samambaia-brava (Pteridium

biomassa, o que facilita a ocorrência de incêndios.

aquilinum). Há descontinuidade da vegetação em vários locais, em consequência da retirada de cascalho. Vale ressaltar, que a exposição do solo acarreta diversos malefícios na constituição ecológica.

Mata de Galeria é uma vegetação florestal que acompanha os rios de pequeno porte e córregos, formando corredores fechados sobre os cursos d’água (galerias). A altura média das árvores varia entre 20 e 30 metros, e a superposição das copas fornece cobertura arbórea de 70% a 95% ao longo de todo o ano. A umidade relativa é alta no seu interior, mesmo na época mais seca do ano. As Matas de galeria são enclaves de vegetação florestal no domínio dos Cerrados. Ocorrem formando rede florestal perenifólia ao longo dos cursos de água, disponibilizando plantas verdes durante todo o ano fornecendo alimentos (frutos, flores, folhas e ramos) e proteção à fauna local (grande número de aves e pequenos animais vivem e se reproduzem nesse ambiente). São geralmente margeadas por Campos, depois por Cerrado stricto sensu (Eiten, 1994). A Mata de galeria presente junto ao córrego Guará encontra-se em trechos pontos em bom estado de conservação, tendo sub-bosque preservado e cobertura arbórea elevada. Entretanto, assim como nas demais formações vegetais do Parque, a região de mata sofre distúrbios causados por atividades antrópicas.

62

63


TOPOGRAFIA

DECLIVIDADE DO TERRENO

01. Rododvia EPIA

02. EPGU acesso Guará II

03. Acesso Parkshopping

04. Av. Contorno

05. Acesso lado sul do parque

06. Entrada principal do parque

07. Caminhos interditados parque

08. Pista paralela ao metrô

09. Habitações no limite do parque

10. Av. Contorno

11. Limite Sof Sul e o parque

12. Limite parque e edifício resildencial

13. Rodovia ETPG e Reserva do Guará

14. Reserva do Guará e EPTG

15. Pista paralela ao Jockey

PEDOLOGIA

15

13

HIDROGRAFIA

14 FORMAÇÕES VEGETAIS

11

12 COBERTURA VEGETAL

8

9 PRINCIPAIS VISUAIS

7 SISTEMAS DE TRANSPORTES

1

10 6

3 2

EQUIPAMENTOS URBANOS

4 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

5

DIRETRIZES URBANÍSTICAS EXISTENTES 65

64


Sistemas de transporte

TOPOGRAFIA

DECLIVIDADE DO TERRENO

PEDOLOGIA

TG

EP

A partir da análise deste mapa de sistemas

Essas “barreiras” assim chamadas, se apresentam

de transportes é possível observar que o parque

como um desafio a ser trabalhado em projeto, na busca

encontra-se cercado por uma malha viária consolidada.

pela conexão das áreas e usos do parque.

Essa malha tem como seus principais delimitadores,

Além disso, o mapa permite entender como

rodovias que conectam os centros urbanos do Distrito

se estabelecem as conexões existentes e pontos de

Federal. Apesar de esse sistema ter favorecido a região

chegada do parque. Apesar da linha do metrô cortar

administrativo do Guará, no que tange a consolidação

o parque ao meio, ela também facilita o acesso ao

da região em um pólo de comércios e serviços, o

parque por visitantes de outras regiões administrativas.

parque encontram-se insulado por conta dessa malha

A estrutura cicloviária já existente que percorre

viária que não o conecta de maneira eficiente e ainda

o Guará I e II, também abre a possibilidade para se

cria barreiras físicas e visuais, com o atravessamento

pensar uma conexão do parque com o bairro por meio

da linha de metrô que corta o parque ao meio, e as

deste modal.

estradas parque EPIA E EPTG, que seccionam suas

HIDROGRAFIA

extremidades.

FORMAÇÕES VEGETAIS

COBERTURA VEGETAL

SISTEMAS DE TRANSPORTES

EQUIPAMENTOS URBANOS

EPIA

PRINCIPAIS VISUAIS

EPG

U

LEGENDA USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

DIRETRIZES URBANÍSTICAS EXISTENTES 66

67


TOPOGRAFIA

Equipamentos urbanos A diferença de usos entre os dois lados vizinhos

DECLIVIDADE DO TERRENO

ao parque, se faz marcante ao analisar a distribuição

de novos empreendimentos imobiliários

dos equipamentos urbanos. Essa distribuição é uma

residencial, próximos ao Parkshopping, aos poucos, vai

consequência na organização territorial do Guará

aumentando a demanda por equipamentos urbanos

desde o início de sua implementação, quando a região

nessa região.

administrativa já era dividida em áreas de oficinas e indústria e áreas residenciais.

aparados de escolas, com 60 unidades

de uso

Conectar os equipamentos de lazer no Guará I e II com o parque e complementar as quadras e campos

O Guará I e II, de certa forma, mostram-se bem

PEDOLOGIA

de ressignificação de sua função. A construção

ao total e

equipamentos de lazer e cultura, além de apontar uma

existentes na Zona industrial com novos equipamentos, pode ser o pontapé inicial de reestruturação desses sistemas no Guará.

lógica de conexão entre os pontos de segurança. Do outro lado, as quadras e campos predominam na zona industrial, em comparação com a parte residencial da

HIDROGRAFIA

RA, que demonstra carência deste equipamento. Para uma leitura mais assertiva sobre esse sistema, deve-se levar em consideração que a região que se mostra carente de equipamento de saúde,

FORMAÇÕES VEGETAIS

lazer e segurança, passa hoje por um processo

COBERTURA VEGETAL

PRINCIPAIS VISUAIS

SISTEMAS DE TRANSPORTES

EQUIPAMENTOS URBANOS

LEGENDA USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

DIRETRIZES URBANÍSTICAS EXISTENTES 68

69


Uso e ocupação do solo

TOPOGRAFIA

Assim como no mapa anterior, o mapa de uso e ocupação do solo apresenta duas ocupações distintas no entorno do parque. De um lado temos o Guará

DECLIVIDADE DO TERRENO

I e II, com carácter predominantemente de bairro residencial, com pequenos comércios distribuídos entre as quadras, do outro temos uma zona industrial e de serviços, com o Setor de Oficinas Sul (SOF SUL) ,Setor de Múltiplas Atividades Sul (SMAS) e Setor de Garagens e Concessionárias de Veículos (SGVC).

PEDOLOGIA

Esses

dois

usos

marcantes

exercem

forte

pressão sobre o PEEH. A medida que a primeira, exige do parque um carácter mais bairrista, intimista e conservador, a segunda, voltada para o uma região em desenvolvimento, com as novas construções

HIDROGRAFIA

SMAS -

imobiliárias que estão sendo realizadas, resulta em um

TRECHO 2

adensamento urbano da área, exercendo uma pressão urbana, que busca conectar as outras áreas do DF ao parque. Essa mudança reforça a necessidade de se

FORMAÇÕES VEGETAIS

trabalhar o parque no sentido de atender às novas demandas por espaços verdes e de acompanhar o crescimento urbano.

SOF SUL

GUARÁ I

COBERTURA VEGETAL

SGVC

PRINCIPAIS VISUAIS SMAS TRECHO 1

SISTEMAS DE TRANSPORTES GUARÁ II

EQUIPAMENTOS URBANOS

LEGENDA USO E OCUPAÇÃO DO SOLO POLO DE MODAS

DIRETRIZES URBANÍSTICAS EXISTENTES 70

71


TOPOGRAFIA

Diretrizes urbanísticas existentes Por fim, o mapa de diretrizes urbanísticas existentes aponta as estratégias em curso para as áreas próximas ao parque, influenciando diretamente ou não,

DECLIVIDADE DO TERRENO

Piloto e Guará, influenciando diretamente na área do recorte projetual. Considerando os estudos já avançados e o comprometimento do governo em implementar esse

na sua relação com o entorno. O objetivo através desse mapa é imaginar como

projeto, incorporou-se a Avenida das Cidades para a

estará o entorno da área de intervenção em um futuro distante, quais transformações irão ocorrer nessa região.

PEDOLOGIA

Esse exercício auxilia nas tomadas de decisão projetuais, uma vez que se antecipa para algumas mudanças,

possibilitando

a

implementação

de

estratégias que possam ser eficazes a curto e longo prazo.

HIDROGRAFIA

Dentre

as

diretrizes

apontadas

no

mapa,

Visual do projeto da Transbrasília. Imagem retirada da apresentação da DIUR 01/17.

temos as zonas de desenvolvimento e ocupação de determinadas áreas, assim como a implementação de diretrizes viárias que influenciam diretamente na

FORMAÇÕES VEGETAIS

relação do parque com seu entorno. A principal diretriz viária que chama a atenção é a criação de um

Eixo de Dinamização da Via

Transbrasília (Interbairros), também conhecida no atual governo como Avenida das Cidades.

COBERTURA VEGETAL

Essa Avenida que interliga Samambaia ao Plano Piloto, prevista desde o Plano Diretor de Ordenamento Territorial de 1997 está em pauta no atual governo com a retomada de seus estudos para sua implementação. Este projeto, prevê ciclovias, comércios, parques e praças ao longo de toda sua extensão.

PRINCIPAIS VISUAIS

Segundo as Diretrizes Urbanísticas - DIUR 01/2017, onde foi apresentado o desenvolvimento

Imagem ilustrativa de um trecho do projeto da Transbrasília. Retirada da apresentação da DIUR 01/17.

elaboração das próximas etapas de desenvolvimento do trabalho. A seguir serão apresentadas as definições das demais zonas que caracterizam as diretrizes urbanísticas para a região.

deste projeto, a Avenida das cidades não se trata de uma via expressa, favorecendo assim a ocupação destes espaços.

SISTEMAS DE TRANSPORTES

A via tem como objetivo a articulação dos núcleos urbanos das Regiões Administrativas de Samambaia, Taguatinga, Águas Claras, Park Way, Plano

EQUIPAMENTOS URBANOS

LEGENDA

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

DIRETRIZES URBANÍSTICAS EXISTENTES 72

73


Zona A

Zona E

Seguindo princípios do Desenvolvimento Orientado

A Zona E, situada entre o Guará I e o Guará II, tem como

ao Transporte (DOT), a Zona A corresponde a trechos mais

princípio a criação de uma centralidade. Dessa forma, deve

acessíveis por transporte público de massa, configurando

proporcionar maior oferta de moradia e emprego. Devem

áreas de uso mais intenso. Sua localização estratégica

ser permitidos os usos residencial multifamiliar, comercial,

propicia a implantação de empreendimentos multifamiliares

prestação de serviço, institucional e misto.

e atividades econômicas, proporcionando maior oferta de

Essa Zona se encontra próxima ao Conjunto Urbanístico

moradia e emprego. Devem ser permitidos os usos residencial

de Brasília e sujeita-se, portanto, a restrições específicas do

multifamiliar, comercial, prestação de serviço, institucional e

IPHAN. Também se encontra próximo ao Parque Ecológico

misto.

Ezechias Heringer, devendo o uso e a ocupação do solo ser

Zona B

compatíveis com a proteção do meio ambiente e, em especial,

Caracteriza-se pela oferta habitacional e por ser uma

do solo e dos recursos hídricos, observadas as recomendações

zona complementar à Zona A. A Zona B deve ser destinada,

e restrições provenientes do licenciamento ambiental.

predominantemente, aos usos misto e residencial multifamiliar,

Zona G

permitindo também os usos institucional, comercial, prestação

A Zona G, localizada nos limites do Parque Ecológico

de serviço e residencial unifamiliar.

Ezechias Heringer e da área tombada, deve ser destinada à

Zona D

implantação de empreendimentos multifamiliares e atividades

A Zona D caracteriza-se como um dos trechos de maior

econômicas, proporcionando maior oferta de moradia e de

sensibilidade ambiental ao parcelamento do solo, exercendo

emprego. Devem ser admitidos os usos residencial multifamiliar,

a função de amortecimento das Unidades de Conservação

comercial, prestação de serviços, institucional e misto. Deve

e das APPs dos córregos, e de grande importância para a

ser facultada a existência de galerias de acesso ao público no

implantação da estratégia do PDOT de Conectores Ambientais.

pavimento térreo das edificações.

Nessa Zona o uso e a ocupação do solo devem ser compatíveis com a proteção do meio ambiente e, em especial, do solo e dos recursos hídricos, observadas as recomendações e restrições provenientes do licenciamento ambiental. Nessa

Zona

não

devem

ser

permitidos

os

usos

residencial, comercial, prestação de serviço ou industrial. O projeto de parcelamento localizado na Zona D deve priorizar a manutenção e a criação de ELUPs, visando a preservação da vegetação nativa existente e a recomposição da vegetação natural.

74

75


Pesquisas socioeconômicas

Figura: Posse de veículos no domicílio

O trabalho também se baseou na coleta de dados de

“As principais aspirações indicadas pelos entrevistados

duas pesquisas, o Diagnóstico Ambiental do Parque Ecológico

são: a implantação de um espaço cultura (para atividades de

Ezechias Heringer, realizada por uma empresa de diagnóstico

dança, música, teatro, mirante para contemplação) com 27%

ambiental para auxiliar no desenvolvimento do Plano de Manejo

das indicações, área de churrasqueira e piscina (25,5%) e locais

do parque e na Pesquisa Distrital por amostra de domicílio -

com pista de atletismo e quadras poliesportivas, bem como

PDAD 2018, realizada pelo governo do Distrito Federal.

trilhas (21%).

A Geo Lógica - Consultoria Ambiental, empresa contratada

Apenas 11,5% apontaram que se interessariam em visitar

para elaborar o diagnóstico ambiental sobre o PEEH no ano

orquidários e bosques. Estes resultados mostram o pouco

de 2009, e posteriormente, o Plano de Manejo, realizou uma

discernimento da população sobre o papel e ações que

entrevista com pessoas que estavam passando na região do

devem ser desenvolvidas num Parque Ecológico, confundindo

entorno do parque e locais próximos, entre março e agosto

o espaço com clubes de lazer, ao sugerir a implantação de

do mesmo ano, com o intuito de obter subsídios para propor

piscina e área de churrasqueira. Alguns equipamentos de

ações no Programa de Uso Público do PEEH.

lazer podem ser oferecidos à população, porém estes deverão estar inseridos num contexto de interpretação da natureza

Deste relatório, os principais resultados coletadas foram:

O pouco conhecimento sobre o Parque, cerca de metade dos entrevistados desconhece a existência desta área protegida;

e atividades de educação ambiental.” Trecho retirado do Diagnóstico ambiental. Além deste documento, foi analisado o PDAD-2018, que apontou que população urbana da RA Guará, região onde se

A carência de espaços públicos no Guará para a realização de atividades de lazer, com conforto e segurança, onde 46% dos

Figura: Distribuição do rendimento bruto do trabalho principal por faixas de salário mínimo

insere o Parque e Reserva Ecológica do Guará, era de 134.002 pessoas, sendo 53,8% do sexo feminino. Outros dados podem ser comparados com os gráficos a seguir:

entrevistados desenvolvem suas atividades de lazer

na calçada do Guará e o restante em outros parques

Figura: Percentual da população com cinco anos ou mais de

do DF ou em locais privativos (academias, etc.);

idade que declararam saber ler e escrever:

O interesse da comunidade e lideranças que já estão mobilizadas para a conservação

e

implantação efetiva do parque; •

Os anseios da comunidade do Guará em proteger o Parque e a necessidade

de manutenção

dessa área natural para uso público (com 59% dos entrevistados respondendo pela importância de áreas verdes em meio a áreas urbanas). •

A visão da comunidade sobre o parque, cuja grande maioria (98%) declarou que o frequentaria, se tivesse estrutura

adequada;

A relação acima foi retirada do próprio Plano de Manejo

Figura: Distribuição da população por faixa de idade e sexo

do PEEH e apesar de se basear em uma pesquisa de dez anos atrás, pode-se considerar ainda de muita relevância, visto que durante esse tempo a situação do Parque pouco mudou e foi apenas a partir de 2016 que observa-se movimentação significativa para requalificação, proteção do parque e engajamento da população do Guará como um todo, no uso do espaço.

76

77


Fauna e Flora local Segundo o Diagnóstico ambiental do PEEH, a flora

Em geral, a fauna de vertebrados do Parque Ecológico

presente no Parque apresenta alta diversidade de espécies.

Ezechias Heringer apresenta-se bastante alterada do ponto

Segundo estudo do Plano Diretor do Parque (Hidrogeo,1993),

de vista de riqueza e diversidade de espécies. Para os

foram registradas espécies arbóreas e 59 espécies do estrato

grupos observados e àqueles que foram inventariados em

arbustivo/herbáceo.

trabalhos pretéritos, bem como em relatos de observações

Destaca-se a presença na região de inserção do Parque de uma espécie rara e que apresenta preocupação para sua conservação: a Podocarpus sellowii.

empíricas, foi verificado um predomínio de espécies generalistas e comumente encontradas em ambientes alterados. Espécies generalistas são consideradas com alta plasticidade ecológica, ou seja, ocupam diversos

A maior parte da área do Parque Ecológico Ezechias

tipos de ambientes e formações vegetais, pois têm menos

Heringer possui vegetação nativa descaracterizada devido ao

exigência de estrutura de habitat e de alimentação. Isto é

uso e ocupação inadequada do solo, sendo que 13% da área

uma consequência direta do alto grau de destruição em

do Parque corresponde a Mata de Galeria, cerca de 7% com

que se encontram os habitats naturais da área.” (Saracura,

vegetação do Cerrado e 80% classificado como área degradada

2009, p 67.)

(incluindo-se a lagoa de oxidação desativada, brejo, áreas com espécies invasoras e outras áreas degradadas). A fauna silvestre presente em um determinado local sempre está associada às características dos habitats disponíveis. O mosaico ambiental observado no PEEH é utilizado por espécies da mastofauna, avifauna, herpetofauna e de outros grupos, que estão relacionadas com diferentes tipos de habitat.

Entretanto, os pesquisadores afirmam que apesar das ações antrópicas influenciarem negativamente a dinâmica ecológica da formação florestal, a área ainda é passível de um programa de recuperação ambiental. Apontam para uma área onde localiza-se uma Lagoa de Estabilização, que por se tratar de uma área que inunda periodicamente, constitui ambiente interessante para espécies da avifauna aquática, mesmo que temporário. Ações de

“Em função da intensa ocupação do entorno do PEEH

recuperação da lagoa e seu entorno, despoluição dos corpos

e do elevado estado de degradação dos ecossistemas

hídricos são de extrema importância de modo que a região

naturais existentes dentro da área, o que se pôde observar

forneça habitats para a avifauna nativa e permita o reequilíbrio

é o empobrecimento da fauna silvestre, em especial as

ecossistêmico.

espécies mais sensíveis às alterações antrópicas, como grandes mamíferos, por exemplo.

78

79


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

LI

EC

D

A

E

D

FI

A

A ID

V

R

G O

A R TU AL ER T B E O G C VE

R

ID H

O diagnóstico

A descoberta (Finding) neste trabalho, se dá através da

O diagnóstico urbano apontou para um cenário que já

elaboração de um diagnóstico da área projetual, através da

havia sido, de certa forma, identificado pela análise isolada dos

leitura e compilação de informações coletadas até aqui. Essa

sistemas urbanos, destacam-se duas leituras principais para

leitura foi feita através de uma sobreposição de camadas

esse diagnóstico: a presença de duas faces vizinhas ao parque,

analíticas, dividida em duas frentes: as análises ambientais que

com características distintas entre si e a presença de barreiras

culminaram no desenvolvimento de um diagnóstico ambiental

físicas e visuais que segmentam trechos do parque.

sobre a área e as análises dos sistemas urbanos da região, que resultaram na elaboração de um diagnóstico urbano do

O resultado desses diagnósticos é apresentado através dos mapas localizados nas páginas seguintes.

entorno do parque. De maneira geral, o diagnóstico ambiental possibilitou a identificação de áreas de grande sensibilidade hídrica e ambiental, que requerem um tratamento especial com o objetivo de proteger e preservar essas regiões.

DIAGNÓSTICO URBANO

E U C

O PA O

Ã

Ç

E D ES A RT EM OS ST P SI NS A TR

SO

U

ES IZ S R TE ET EN IR T D XIS E

S TO EN S M O A N IP A U RB EQ U

80

81


HIDROGRAFIA

MAPA - DIAGNÓSTICO AMBIENTAL VEGETAÇÃO

LEGENDA

DECLIVIDADE

82

83


MAPA - DIAGNÓSTICO URBANO LEGENDA

84

85


Emerald Necklace Localização: Boston, EUA Projeto: Frederick Law Olmsted Ano: 1882 Área: 10.000 m

O projeto do Emerald Necklace é considerado um dos

O projeto teve como ponto de partida a área pantanosa

mais importantes da história, com uma iniciativa inovadora

de Back Bay, a chamada Back Bay Fens. O objetivo de

que buscou reverter as condições de degradação da cidade,

Olmsted era redesenhar de uma forma menos impactante

conectando 10km de parque por meio de cursos d’água que

visualmente e economicamente mais viável que a obra da

recuperam e renaturalizam as margens de um rio.

bacia, construída anteriormente. Uma tentativa do arquiteto

As duas primeiras propostas a serem implementadas, Fens

e

Riverway,

em

diversas

escalas

introduzem

o

pensamento ambientalista de um planejamento ecológico da

de melhorar o saneamento da região e torná-la receptível aos transbordamentos do rio que ali margeava. Spirn (1995) analisa o projeto de Olmsted para aquela área da seguinte forma:

paisagem. Olmsted, baseado em uma composição paisagística

“Olmsted projetou o Fens como uma depressão de

inspirada no naturalismo inglês, incorpora o entendimento da

formato irregular, moldada a partir dos baixos da maré. A

funcionalidade ecológica como parâmetro de projeto, em suas

configuração e o tamanho da bacia de 12 ha permitiam que

propostas. O arquiteto da paisagem, desenvolve então, um

a quantidade de água dobrasse, com a elevação do nível de

projeto pioneiro utilizando-se da ideia de reconstruir espaços

água de apenas poucos centímetros; durante enchentes 8

degradados pela urbanização com a integração de paisagens

ha adicionais poderiam ser cobertos pela água. Taludes com

por meio de um corredor verde ecológico e a recuperação de

declives suaves e margens com contornos irregulares reduziam

um rio, além de outras intenções projetuais na qual torna esse

as ondas. Uma comporta na entrada do rio Charles controlava

sistema de parques, um importante norteador para se traçar

o fluxo das marés para prevenir as enchentes e melhorar o

o início de uma linha de pensamento voltada aos impactos da

fluxo das águas da bacia” (SPIRN,1995, pg, 163-165).

sociedade na natureza.

Inspirações projetuais Os projetos que serviram como base para a elaboração deste trabalho, tem como ponto comum a intenção de melhoria e requalificação dos espaços verdes inseridos em áreas urbanas, através da conexão desses fragmentos. Nos três trabalhos analisados, a elaboração de um corredor verde como premissa de conectividade esteve presente, sempre atrelada a uma preocupação em integrar a área de intervenção com a malha urbana na qual se insere.

Foto: Vista do parque com Boylston Street Bridge ao fundo.

86

Foto: Fens após implantação do parque.

87


Corredor Verde Recreio

Segundo o próprio Olmsted, a área se tornava inadequada a qualquer uso recreativo que não fosse a caminhada, isso devido às suas condições físicas e geográficas que criavam

Localização: Recreio, RJ

um cenário propício ao descanso das águas. Com isso, veio o

Projeto: Embyá - Paisagens e Ecossistemas e Def Projetos

desafio de se implementar uma infraestrutura que solucionasse

Ano: 2015

os problemas de proliferação de doenças associada às águas e

Área: 2.750.000 m2

de abarcar o fluxo de água salgada vindo das marés. Segundo Schenk (2008), o grande desafio vinha da forma em que essa solução tomaria no desenho do parque e na qualidade dessa

Por iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro, através da

infraestrutura.

Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, no ano de 2015, foi lançado um programa de criação de corredores verdes com o intuito de restabelecer conexões entre as áreas verdes da cidade e torná-las mais permeáveis ao fluxo da fauna e flora, melhorando o acesso ao patrimônio cultural e ambiental e criando oferta de lazer e esporte em contato com a natureza. O programa recebeu o nome de Mosaico Carioca e definiu onze áreas prioritárias para a criação de Corredores Verdes no Rio de Janeiro. O projeto do Corredor Verde do Recreio foi o pioneiro neste programa. As propostas de intervenção para esse corredor foram desenvolvidas em parceria com os escritórios cariocas Embyá e Def projetos.

Figura: Mapa atual do Emerald Necklace.

Para Walter Creese, escritor, arquiteto e urbanista: “Quando Olmsted defende seu plano junto ao Conselho da cidade na primavera de 1880, ele pretende deixar claro que as condições de subida e descida das marés e sua entrada no território, que as pessoas comumente denominavam com desprezo pântanos e mangues, tem uma característica e apelo

A conclusão do parque foi realizada no ano de 1895, porém, com funcionamento pleno por pouco tempo. Após 15 anos de inauguração do Back Bay, o Rio Charles foi represado, impedindo a entrada da maré alta no parque, o que causou um desequilíbrio com excesso de água doce, matando a vegetação de água salgada que havia sido plantada às margens da bacia.

O corredor verde Recreio conecta, através do canal das taxas, fragmentos de áreas preservadas, dentre as quais estão presentes os Parques Naturais municipais de Marapendi, Chico Mendes, o Morro do Rangel e outras áreas de interesse ecológico. Essa área é composta por remanescentes do Bioma de Mata Atlântica, como áreas brejosas e de restinga.

muito diferentes em sua imaginação. Aos olhos daqueles que acreditavam no princípio orgânico sua lógica referendava os pulsos da Natureza e suscitava não só sua manutenção, mas um projeto que fosse capaz de provocar essa percepção, de sorte que a visão do mangue submetido à melhoria do artifício o transformava numa faixa de água esmeralda tão bela como o venerado mármore. “(CREESE, 1985, pg 175).

Figura: Mapa atual do Emerald Necklace.

88

89


Três diretrizes principais nortearam o projeto e a partir

“O projeto articula questões territoriais ligadas ao meio

delas, foram estabelecidas diversas ações em múltiplas

físico, biológico e social, dando continuidade às intervenções

escalas, são elas:

já em andamento no local. Do desenho urbano à gestão de

Preservar os núcleos de biodiversidades (Matrizes);

2.

Conectar as diferentes matrizes através de corredores

permitindo um maior contato dos moradores com a natureza.’’

e via verdes;

(EMBYÁ,2015)

3.

90

fauna e flora no local, o projeto trabalha para recuperar e

1.

incrementar a ecologia urbana do local e, ao mesmo tempo,

Ampliar os bairros verdes da região.

91


Infraestrutura verde urbana de Vitoria-Gasteiz Localização: Vitoria-Gasteiz, Espanha Projeto: Centro de estudos ambientais de Vitoria-Gasteiz Ano: 2014 Área: 276.1 km2

O sistema de infraestrutura verde urbana analisado, se

Visando

concretizar

o

correto

funcionamento

da

trata de um projeto destinado a cidade Vitoria-Gasteiz, uma

Infraestrutura Verde seria importante favorecer a conectividade

cidade Espanhola que teve sua fundação considerada no

ecológica entre as áreas de valor natural melhorando a

século XII. Em 1980 se converteu oficialmente na Capital da

permeabilidade da paisagem com a criação de redes ecológicas

Comunidade Basca, o que propiciou seu desenvolvimento

de diferentes escalas e a utilização destas zonas verdes como

econômico e contribuiu para que a província de Álava, onde

provedoras de funções e serviços socioecossistêmicos que

Vitoria-Gasteiz é situada, detivesse o maior PIB per capita de

iriam muito além das funções recreativas e paisagísticas.

todo País Basco.

A Infraestrutura Verde Urbana da cidade, busca a

Apesar de ser uma cidade antiga, sua arquitetura reveza

melhora e potencialização dos serviços ecossistêmicos, inclui

entre as construções medievais e um serviço de mobilidade e

aos espaços verdes urbanos (árvores de estrada, parques e

acessibilidade completo.

jardins, zonas verdes desportivas, pomares urbanos…), outros

Vitoria-Gasteiz a vencedora do título “Capital Verde Europeia” em 2012. A nomeação foi feita na primeira Conferência da Capital Verde Europeia em Estocolmo, cidade vencedora em 2010. A cidade adotou uma série de ações concretas em prol da sustentabilidade, para alçar esse posto, dentre elas, podese destacar a ampliação da cobertura vegetal na área urbana, adoção de medidas para aumentar a biodiversidade da região, como o monitoramento de fauna e flora e a Valorização das áreas verdes, com o incentivo à produção e estudo de hortas

elementos semi-naturais ou artificiais(fachadas e telhados verdes, jardins de chuva, calçadas permeáveis…) e incorpora novos desenhos e formas de gestão mais eficientes que imitam os processos naturais e melhoram a biocapacidade urbana. Vitoria-Gasteiz se concebe como uma rede interconectada de espaços verdes e outros elementos naturais ou seminaturais, urbanos e periféricos que, integrados num mesmo

cidade,

Desde a concepção deste projeto vencedor uma das

sistema, tornam-se essenciais para o bom funcionamento do

implementando a conectividade espacial e funcional

bases de partida para elaboração de estratégias, foi que para

ecossistema urbano, onde o Sistema de Infraestrutura Verde

entre os espaços verdes urbanos e periféricos;

que a sociedade aproveitasse os múltiplos benefícios que a

Urbana persegue os seguintes objetivos gerais:

1.

2.

comunitárias, jardinagem, produção orgânica, entre outros.

Potencializar

a

biodiversidade

na

Incrementar os serviços ecossistêmicos na cidade, favorecendo

processos

de

metabolismo

mais

próximos dos processos naturais e diminuindo o consumo de recursos naturais; 3.

Integrar

no

lote

urbanizado

os recursos naturais. Em consequência, dentre seus objetivos, foi proposto reduzir a menos de 15% os ecossistemas degradados até o

os

processos

e

fluxos ecológicos e hidrológicos por meio de um planejamento adequado; 4.

natureza lhe fornece, seria necessário proteger e potencializar

ano de 2020, juntamente com a manutenção e aprimoramento dos serviços de proteção dos ecossistemas existentes , com o compromisso de se desenvolver uma Estratégia de Infraestrutura Verde, considerando-se a conservação da

Mitigar as ilhas de calor urbanas, frear as mudanças

biodiversidade como uma questão prioritária e imprescindível

climáticas e melhorar as condições e processos de

ao sucesso alcançado.

adaptação ao mesmo. Incrementar a resiliência do território e reduzir sua vulnerabilidade; 5.

Promover o uso público compatível dos espaços verdes, aumentando as oportunidades de lazer e recreação e incrementando a acessibilidade e as conexões campo-cidade, mantendo conservadas herança cultural e as paisagens tradicionais;

6.

Criar ambientes que favoreçam a saúde, o bem estar coletivo e a habitabilidade geral da cidade;

7.

Promover a sensibilização sobre a relação naturezabiodiversidade e sociedade, em particular sobre os bens e serviços dos ecossistemas, incluindo sua valorização econômica;

8.

Contribuir para o desenvolvimento econômico por meio do trabalho verde.

92

93


ENRIQUECIMENTO VEGETAL

Síntese: Um novo olhar para área, a partir de uma abordagem multiescalar

CORPOS HÍDRICOS

VEGETAÇÃO NATIVA

PRESERVAR

FAIXAS DE TRANSIÇÃO

FAUNA NATIVA VALORES SOCIOCULTURAIS

CORREDORES VERDES RIPÁRIOS

Diretrizes PESSOAS O trabalho agora, chega em sua última fase de desenvolvimento. Nesta etapa, a introdução conceitual,

CONECTAR

MALHA URBANA

SISTEMA CICLOVIÁRIO

o desenvolvimento de uma análise integrada da escala ÁREAS VERDES

distrital, a fundamentação e consequente diagnóstico do recorte projetual, servirão como base para uma abordagem

AÇÕES EDUCATIVAS

multiescalar da área de intervenção. Essa abordagem se inicia pela definição de três diretrizes

AMPLIAR

principais que irão guiar o projeto, são elas: Preservar, Conectar POTENCIALIZAÇÃO DOS USOS

e Ampliar. Através

dessas

palavras-chave

e

recuperando

os

conceitos abordados no início deste trabalho como Resiliência Ecológica, Genius Loci e o caminhar - como prática estética -

busca-se propor um projeto que valorize a área e sua

PROGRAMAS CULTURAIS E DE LAZER

paisagem, de forma a integrá-la com o homem e a natureza ao seu redor, propiciando, dessa forma, benefícios ecossistêmicos e socioculturais para o recorte no qual o parque se insere.

94

95


Uma visão do todo: O parque como figura viva e resiliente Ainda sobre a análise dos diagnósticos ambientais

A criação de zonas de proteção com controle de acesso

e urbanos da etapa anterior, foi elaborada, através da visão

e interferência do homem sobre áreas de grande interesse

macro do parque e suas relações, duas propostas que seguem

ambiental, princípio muito utilizado por Fernando Chacel em

na linha do desenvolvimento ambiental e urbano. O objetivo é

seus projetos, foi incorporada também como premissa do

contribuir para o corredor ecológico no qual o parque se insere

desenvolvimento dessa proposta ambiental.

e conectá-lo com seu entorno imediato, por meio de ações

Já a intervenção urbana, tem como principal premissa,

ambientais visando restabelecer o equilíbrio ecossistêmico e

dinamizar as faces do parque e atrair o interesse da população,

promover a resiliência ecológica, como também, através da

favorecendo sua conectividade com a malha urbana.

reestruturação da malha viária às suas margens. Dessa forma, o primeiro desenho passa por uma

A seguir, apresenta-se a proposta ambiental do parque como um todo e, em seguida, sua proposta urbana.

sobreposição de diretrizes e critérios, para a restauração ecológica, sobre áreas degradadas do parque. Essas diretrizes consideram as especificidades de cada fitofisionomia da paisagem.

96

97


98

Áreas úmidas e brejadas

Campos de Murundus

Recuperação de beira de córrego

Bacias de detenção

Implementação de SAF e hortas urbanas

Enriquecimento e manutenção

Campos sujos

Cerrado típico

Mata de galeria

Proteção de áreas úmidas e nascentes

Proteção de borda

Recuperação de área de vereda

Enriquecimento e manutenção

Recuperação de área degradada

Zona de proteção (buffer)

99


CONCETAR

AMPLIAR

Pontes verdes: criação de passarelas verdes que conectam os trechos do parque e tem como objetivo proporcionar uma travessia segura para a fauna silvestre, incentivando dessa forma o retorno desses animais que já não eram mais vistos nas áreas do parque devido ao crescimento e expansão da malha urbana que circunda. Além disso, as pontes também permitem a passagem dos visitantes ao parque que queiram percorrer todo o seu percurso.

Proteção das bordas: proteção verdejada dos limites do parque.

Arborização das vias: proposta de arborização completa de vias expressas e coletoras com o objetivo de criar corredores de ligação entre o ecossistema do parque e demais áreas verdes do DF.

Passarelas: criação de pontes e passarelas que conectam as áreas do parque e permitem o contato mais aproximado do visitante com o córrego do Guará.

aumento de interações ecossistêmicas através de corredores de passagem criados pelos bulevares

PONTE VERDE

VIAS ARBORIZADAS - CORREDORES ECOLÓGICOS

sombreamento de calçadas e ciclovias proporcionando maior conforto ambiental ao pedestre.

PASSARELAS •

100

PROTEÇÃO DE BORDA DO PARQUE

101


BUFFER (TRANSIÇÃO)

MATA DE GALERIA (REFÚGIO)

Bombus morio (abelha-mamangava)

Ramphocelus carbo (tiê-brasa)

Hydrochaeris hydrochaeris (capivara)

Ramphastos toco (tucano)

Rhinella schneideri (sapo-cururu)

Colibri serrirostris (beija-flor-de-canto)

Mimus saturninus (sabiá-do-campo)

Chrysocyon brachyurus (lobo-guará)

Phimosus infuscatus (Tapicuru-de-cara-pelada)

Carollia perspicillata (morcego)

Apis mellifera (abelha-europeia)

Pitangus sulphuratus (bem-te-vi)

Leptodacrylus labirinticus (rã-pimenta)

Amazona aestiva (papagaio verdadeiro)

Glossophaga soricina (morcego-nectarívoro)

Anodorhynchus hyacinthinus (arara-azul-grande)

Simpsonichthys boitonei (pirá-brasília)

Phrynops sp. (cágado)

Xiphophorus hellerii (espada)

Xilocopa suspecta (abelha)

O diagrama acima apresenta a relação entre espécies

BUFFER (TRANSIÇÃO)

vegetais selecionadas para o enriquecimento vegetal das áreas degradadas de mata de galeria e seus agentes polinizadores e •

dispersores de sementes.

RECUPERAÇAO DE ÁREA DEGRADADA

A maioria das fauna e flora identificadas neste esquema já contempla a composição vegetal do parque. A escolha da vegetação levou em consideração características importantes para atrair a fauna local, como a produção de frutos e flores. O objetivo dessa seleção é enriquecer a área de mata através da técnica de nucleação. A nucleação consiste na capacidade de uma espécie ou de um elemento em atrair animais que vêm se alimentar de seus frutos ou obter outros benefícios. De forma natural, os próprios animais nativos auxiliam na restauração dessa área degradada. DIAGNÓSTICO

DIRETRIZES

Solo exposto

Risco de erosão

nas áreas mais suscetíveis à erosão,

Perda de cobertura vegetal

com vegetação arbustiva e herbácea

na beira do córrego

Proteção das margens do córrego,

Enriquecimento arbóreo de áreas degradadas

RESULTADOS ESPERADOS •

Recuperação do estado de estabilidade de seu ecossistema

Retorno de visitação dos animais silvestres ao parque.

No início do processo de restauração, quando a região ainda não possui atrativos suficientes para se iniciar o processo de recuperação de forma natural, propõe-se o plantio das mudas das espécies selecionadas em ilhas, onde são plantadas de forma adensada as mudas dentro dessas ilhas/núcleos.

103

Cariniana rubra (jequitibá-vermelho)

Bauhinia rufa (pata-de-vaca)

Tibouchina stenocarpa (quaresmeira)

Vochysia tucanorum (fruta-de-tucano)

Licania apetala (oiti)

Acrocomia aculeata (macaúba)

Erythrina mulungu (mulungu)

Guettarda viburnoides (araçá-branco)

Copaifera langsdorffii (copaíba)

Solanum lycocarpum (lobeira)

Hymenaea courbaril (jatobá)

Setaria parviflora (rabo-de-raposa)

Casearia sylvestris (guaçatonga)

Callisthene major (tapicuru)

Guarea spp (ataúba)

Xylopia sericea (pindaíba)

Genipa americana (jenipapeiro)

Inga laurina (ingá-branco)

Apuleia leiocarpa (garapa)

ZONA DE PROTEÇÃO (BUFFER)

Gochnatia polymorpha (cambará)

Hortas comunitárias e SAF: área destinada a ao uso comunitário de hortas e sistemas agroflorestais, com objetivo de favorecer a recuperação de os solos degradados devido a ocupações irregulares que haviam na região

Dipteryx alata (baru)

Buffer: Criação de uma zona de proteção entre as áreas de lazer do parque e a mata de galeria, com o intuito de proteger a área de mata, o córrego do guará e criar um refúgio para a vida silvestre no parque.

Seleção da fauna localizada no PEEH - Polinizadores e dispersores de sementes

Enriquecimento de área degradada utilizando a técnica de restauração por nucleação

Seleção de espécies para reflorestamento de mata ciliar Técnica de nucleação

Mata de galeria existente

Hypostomus plecostomus (cascudo)

PRESERVAR


PRESERVAR

RECONSTITUIÇÃO DE VEREDAS

Reconstituição de veredas Proteção de áreas úmidas e nascentes: áreas destinadas à proteção vegetal de borda e cobertura de seu solo, utilizando vegetação que apresenta condições favoráveis a esse ambiente. Criação de bacias de detenção em áreas úmidas e em bacia de oxidação desativada: Com o objetivo de reter águas provenientes das chuvas e de outros sistemas de captação alternativos, como biovaletas, ao redor do parque, armazenar por um curto período de tempo e distribuir essas águas para as nascentes e trechos do córrego, estão sendo proposta a criação de bacias em pontos estratégicos como a bacia de oxidação desativada na área do parque e áreas úmidas.

Buritis (Mauritia flexuosa L.f.)

Capins nativos (Arthropogon villosus Nees, Echinolaena inflexa (Poir.) Chase., Paspalum erianthum Nees ex Trin, Axonopus aureus P. Beauv.)

Áreas destinadas à recuperação de área degradada na beira de córrego do Guará Borda de proteção dos Campos de Murundus : por se tratar de uma fitofisionomia sensível a perturbações e estar localizada em pontos estratégicos de circulação do parque, propõe-se a proteção de toda a borda dos campos de murundus através da formação de um buritizal, acompanhado de vegetação arbustivoherbácea característica dessa fitofisionomia

CRIAÇÃO DE BACIAS DE DETENÇÃO PROTEÇÃO DE BORDA DOS CAMPOS DE MURUNDUS

Plantio de vegetação característica nas bordas e no interior dos campos

Criação uma área de refúgio com a intenção de favorecer interações ecológicas

A proposta de criação das bacias de detenção visa também a utilização deste espaço pela população, como espaço de convívio e lazer para o visitante

CORTE ESQUEMÁTICO : CAMPOS DE MURUNDUS E PROTEÇÃO DE SUA BORDA

104

105


PRESERVAR

CALENDÁRIO DE FLORAÇÃO

Enriquecimento e manutenção de campos úmidos

Enriquecimento e manutenção de campos sujos

Solanum lycocarpum Lobeira hábito: arbustiva/arbórea carac. : protagonista •

TRATAMENTO DO CAMPOS

• •

Manutenção do solo degradado pela

Enriquecimento vegetal

ocupação irregular e uso indevido.

Seleção de espécies com

Retirada de capim invasor

características de atrativo de fauna e

(Brachiaria sp.)

também com potencial ornamental

Vernonanthura polyanthes Assa-peixe hábito: arbustiva carac. : protagonista

Senna alata Fedegosão hábito: arbustiva carac. : matriz

Anacardium humile Cazujinho-do-cerrado hábito: sub-arbustiva carac. : matriz

Calea fruticosa

Trichogonia prancei

Gymneia interrupta

Rhynchospora barbata

hábito: sub-arbustiva carac. : matriz

hábito: sub-arbustiva carac. : dispersa

Aristida riparia Rabo-de-raposa hábito: herbácea (gramínea) carac. : dispersa

hábito: arbustiva carac. : matriz

relevante •

Criação de composições vegetais

O tratamento paisagístico das áreas de campos de

distribuída em massa, formando a base para as protagonistas

cerrado se dará de forma mais ornamental e compositiva. A

e dispersas, apresentando boa aparência durante todo o

intenção é criar composições vegetais que valorizem suas

ano. As dispersas costumam ser distribuídas aleatoriamente

características como florações, cores, frutos e texturas.

pelo jardim, imprimindo uma sensação de jardim natural e

A partir dos princípios de criação de jardins naturalistas,

espontâneo. As plantas dispersas geralmente possuem uma

propõe-se que as composições sejam arranjadas seguindo uma

fase de interesse visual curta e com isso reforçam o sentido de

distribuição dos tipos vegetais divididos entre protagonistas,

sazonalidade desejado.

matriz e dispersas. Como o próprio nome sugere, as protagonistas são

Levando em consideração a formação de composições vegetais

seguindo

esses

princípios,

foi

realizado

um

grupos de espécies ou espécies individuais que possuem

levantamento e seleção de espécies nativas de cerrado

destaque entre as demais e tem prolongado interesse ao longo

segundo suas características de cor de flores e folhas ao longo

do ano.

do ano. Essa seleção busca auxiliar no desenho de áreas de

A matriz é formada por um conjunto de poucas espécies

hábito: herbácea carac. : dispersa

interesse paisagístico dentro do parque.

ou uma espécie isolada, que possui menor destaque e é

106

107


Proposta urbana Em conjunto com a proposta ambiental apresentada

Da maneira que se estabelecem essas conexões entre o

para o parque, a proposta urbana busca conectar, através da

área de estudo e sua a malha viária, hoje, pode-se dizer que o

implementação de vias paisagísticas, o PEEH com a cidade.

parque é caracterizado como fundo de lote. Isso enfraquece

A etapa de fundamentação e diagnóstico da área possibilitou compreender a relação que o parque estabelece

tentativas de se estabelecer conexões entre o parque e os moradores da região.

com a Região Administrativa do Guará e as demais centralidades do DF. O sistema viário da região, apesar de interceptar o

Além disso, o isolamento do perímetro do parque, ainda que inserido dentro de uma rede urbana consolidada, contribui para sua negligenciação.

O esquema do levantamento viário proposto, permite

propostas buscam reduzir a escala do parque a uma escala

observar como a demarcação das conexões viárias altera a

intimista e acolhedora.

relação do parque com o meio urbano.

As vias propostas são compostas por calçadas, canteiro

A seguir, são apresentados cortes esquemáticos que

arborizado, pista de rolamento (sempre em sentido duplo mas

apontam as propostas apresentadas até agora, assim como

variando quanto ao número de faixas), biovaleta e ciclovia de

um recorte de parte da via paisagística, mostrando como

duplo sentido.

se conforma o sistema de captação das águas pluviais

A biovaleta e os pavimentos drenantes das calçadas e

mencionado.

pistas de rolamento, compõem um sistema de captação das águas pluviais que é direcionado para as bacias de detenção

parque nas extremidades norte, sul e no centro, não estabelece

Com o objetivo de mudar o cenário atual e transformar o

uma conexão direta entre o parque e a cidade. A avenida do

parque em uma figura viva e não mais em fundo, são propostas

contorno, principal avenida que percorre o Guará II, e as demais

vias paisagísticas que percorrem e conectam todo o perímetro

vias da região, tocam somente os terrenos vizinhos a ele.

do parque ao seu entorno.

A partir do esquema apresentado abaixo, é possível

Com exceção desta Avenida, as demais vias paisagística

propostas no planejamento ambiental. Além disso, o sistema cicloviário acompanha todo o perímetro do parque, desempenhando papel fundamental na integração do morador com a área.

A demarcação dessas vias levou em consideração

identificar essa relação. O caminho das vias, representado

as

pelas setas contínuas pretas, segue o fluxo em direção oposta

incorporando a proposta, o projeto da Avenida das Cidades

ao perímetro do parque.

(Transbrasília).

diretrizes

urbanísticas

estabelecidas

pelo

Governo,

LEGENDA - VÁRIO PROPOSTO LEGENDA - VIÁRIO EXISTENTE

Principais rodovias existentes Principais vias existentes

108

Principais rodovias

Avenida das cidades (Transbrasília) - proposto GDF

Principais vias

Vias paisagísticas - proposta

109


Recorte malha viária existente Proposta - vias paisagísticas

Conjuntos habitacionais

Via do Contorno

Conjuntos habitacionais

Via do Contorno

Terreno vizinho

Terreno vizinho

Parque

Via Paisagística

Parque

Vizinhança

Via paisagística

Vizinhança

DETALHE 01

pavimento drenante para pista de rolamento e calçada

1.50

2.50

2.00-2.50

biovaleta

ciclovia duplo sentido

calçada

Sistema de captação das águas pluviais através de biovaletas e pavimentação drenante direcionamento das água para o parque (bacias de detenção)

Det. 01 - Isométrica trecho principal da via paisagística

110

111


Partes do todo: Programa de necessidades do parque O programa foi concebido a partir de uma análise holística do parque e se baseou nos preceitos urbanísticos e ambientais expostos anteriormente para integrar a Reserva do Guará, o parque ecológico e a população. A conexão entre os trechos do parque e o entorno norteou a elaboração do programa, o qual foi segmentado em quatro partes e detalhado para cada uma das seguintes áreas: a Reserva do Guará, o Parque do Bairro, o Projeto Piloto e o Parque Sul. O desenho projetual do parque é composto por caminhos que conectam todas as suas áreas e permitem diferentes níveis de interação do visitante com o parque. Nos trechos de maior proteção da paisagem, os caminhos se localizam às margens da vegetação, propondo, assim, uma experiência contemplativa. À medida em que o visitante se aproxima das áreas de maior interação com o parque, os caminhos passam a permear a mata, proporcionando, de forma gradual, um contato mais próximo com o córrego e a vegetação do Cerrado.

112


EDIFICAÇÕES ADMINISTRAÇÃO BANHEIROS E BEBEDOUROS CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DO CERRADO EDIFICIO DE APOIO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

RESERVA DO GUARÁ

LAZER E ESPORTE

A proposta do programa para a Reserva do Guará é

e animais, aumentando a segurança de ambos. Além disso, irá

aumentar o engajamento da população com a área a fim de

permitir o trânsito dos visitantes de uma área para a outra,

endossar a sua relevância para a comunidade e, conjuntamente,

integrando os caminhos em um circuito que conecta a reserva

garantir a preservação da paisagem. Para tanto, foram

e o parque. O viaduto ecológico será coberto por vegetação

projetados caminhos de material natural que ora adentram a

nativa do Cerrado, propondo uma paisagem harmônica com

vegetação para proporcionar uma experiência contemplativa

o parque.

para o visitante, ora circundam com o intuito de preservar. Além dessa faceta de contemplação da paisagem, a reserva é destinada ao estudo do bioma e, portanto, foi sugerida a criação de um Centro de Interpretação do Cerrado,

PLAYGROUND

associadas ao Centro, destaca-se o mirante projetado na área, que por ingressar a mata, proporcionará uma vista privilegiada e uma maior proximidade com a reserva. Outro sítio relevante para a área são os campos de Murundus, uma fitofisionomia valiosa para a manutenção dos corpos hídricos da região, que também propicia uma maior biodiversidade no parque. Por fim, a integração da Reserva do Guará com o Parque

CONVIVÊNCIA E ESPORTE

MOBILIÁRIO URBANO

MOBILIÁRIO URBANO

EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA

EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA

PERCURSO PRINCIPAL DO PARQUE PISTA DE CORRIDA E CAMINHADA CICLOVIA

o qual contará com instrumentos de análise e administração que servirão para apoio e pesquisa. Dentre as propostas

MIRANTE

TRILHAS E CAMINHOS SECUNDÁRIOS

PASSARELA VERDE

VIAS PAISAGÍSTICAS CICLOVIA DUPLA PASSEIO PÚBLICO BIOVALETA E CANTEIRO PISTA DE ROLAMENTO DUPLO SENTIDO

DECKS E PÍERS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

do Bairro se dará através de uma ponte verde, visto que a via expressa EPTG transpassa o parque separando essas áreas.

MEDIDAS DE PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO

Esta alternativa tem como objetivo viabilizar uma travessia para a fauna local e evitar acidentes comuns entre motoristas

114

BACIAS DE DETENÇÃO

115


PLAYGROUND

CONVIVÊNCIA E ESPORTE

MOBILIÁRIO URBANO

MOBILIÁRIO URBANO

EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA

EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA

PERCURSO PRINCIPAL DO PARQUE PISTA DE CORRIDA E CAMINHADA CICLOVIA

TRILHAS E CAMINHOS SECUNDÁRIOS

PASSARELA VERDE

VIAS PAISAGÍSTICAS

EDIFICAÇÕES BANHEIROS E BEBEDOUROS

CICLOVIA DUPLA HORTA E VIVEIRO PASSEIO PÚBLICO BIOVALETA E CANTEIRO PERCURSO PRINCIPAL DO PARQUE PISTA DE ROLAMENTO DUPLO SENTIDO

DECKS E PÍERS

PISTA DE CORRIDA E CAMINHADA

PLAYGROUND

CICLOVIA

MOBILIÁRIO URBANO

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

LAZER E ESPORTE

EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA TRILHAS E CAMINHOS SECUNDÁRIOS

QUADRAS POLIESPORTIVAS

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS PASSARELA VERDE

CONVIVÊNCIA E ESPORTE

MEDIDAS DE PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO MOBILIÁRIO URBANO VIAS PAISAGÍSTICAS BACIAS DE DETENÇÃO

EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA CICLOVIA DUPLA PASSEIO PÚBLICO

BACIAS DE DETENÇÃO

BIOVALETA E CANTEIRO

DECKS E PÍERS

PISTA DE ROLAMENTO DUPLO SENTIDO

ESTACIONAMENTO

PARQUE DO BAIRRO Esta área foi projetada especialmente para proporcionar uma opção de lazer para os moradores da região. Neste trecho foram idealizadas quadras poliesportivas e caminhos conformando um circuito, incluindo um traçado de ciclovia e pistas de caminhada e corrida, que possibilitam diversas práticas esportivas. Em alguns pontos, os caminhos atravessam o córrego para permitir um contato mais próximo do visitante com o parque. EDIFICAÇÕES Como o próprio nome do parque sugere, o programa

ADMINISTRAÇÃO de necessidades para esta área visa conferir ao local um perfil bairrista e estimular os moradores dos arredores a BANHEIROS E BEBEDOUROS usufruir do parque cotidianamente. Por esse motivo, utilizou-

HORTA E VIVEIRO se o Parque Olhos D’água da Asa Norte, um projeto com essas características, como referência para a elaboração do EDIFICIO DE APOIO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL programa.

ESTAÇÃO DE METRÔ

117

116 LAZER E ESPORTE CONVIVÊNCIA E ESPORTE


Murundus, possibilitando, assim, a contemplação da paisagem característica. Outra proposta do programa para esta área é

EDIFICAÇÕES

a implementação de sistemas agroflorestais nas regiões onde

ADMINISTRAÇÃO

haviam ocupações irregulares, que além de oportunizar um espaço de horta urbana, irá favorecer a recuperação dos solos.

BANHEIROS E BEBEDOUROS

Neste trecho encontra-se uma bacia de oxidação

HORTA E VIVEIRO

desativada, a qual foi projetada para atuar como mais uma bacia de detenção do Projeto Piloto, que conta com outras

EDIFICIO DE APOIO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

estruturas dessa natureza nos campos brejosos. A finalidade

ESTAÇÃO DE METRÔ

destas bacias é captar água da chuva e das áreas úmidas para distribuir para as nascentes e córregos do parque.

LAZER E ESPORTE CONVIVÊNCIA E ESPORTE PLAYGROUND MOBILIÁRIO URBANO MOBILIÁRIO URBANO EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA QUADRAS POLIESPORTIVAS

EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA PRAÇA DE ENTRADA MOBILIÁRIO URBANO

PERCURSO PRINCIPAL DO PARQUE PISTA DE CORRIDA E CAMINHADA CICLOVIA

TRILHAS E CAMINHOS SECUNDÁRIOS

PROJETO PILOTO A região do Projeto Piloto é bem central, tanto

do perfil urbano desta região, cuja expansão exerce uma

sob a ótica do parque, quanto do Guará. Devido a essa

pressão externa sobre o parque que poderá ser atenuada por

característica, dispõe de uma estrutura urbana multifacetada,

essas instalações. Em contrapartida, o lado oeste do parque

o que confere uma maior complexidade no que diz respeito

possui um caráter bairrista, que se associa às intervenções

ao desenvolvimento do projeto desta área e, portanto, será

mais delicadas e intimistas propostas para este trecho.

melhor detalhado na próxima etapa do trabalho.

Ademais, faz parte do plano de ações do governo

A malha viária está entre as problemáticas que envolvem

do Distrito Federal para a área a ampliação das atividades

o Projeto Piloto. A presença de vias expressas e ferrovia nesta

esportivas e culturais. Tais projetos, como o CAVE, foram

área do parque sugere, então, um programa de necessidades

incorporados ao programa de necessidades e, por se tratarem

que abranja este aspecto. Dentre as propostas está a criação

de estruturas destinadas ao uso da população, estão dispostas

de uma nova estação de metrô, a qual fará parte de uma linha

nesta região central. A fim de integrar estes Centros com o

de conexão entre o Distrito Federal e o parque. Outro ponto

parque, foram desenhados caminhos de conexão, que também

abordado é adequação do projeto para a implementação

se ligam aos demais do perímetro do parque. Ressalta-se que

da Transbrasília, que deve ser executada nos próximos

em toda a extensão do percurso principal há ciclovia.

anos e também passará pelo lado leste do Projeto Piloto. A

Para o Projeto Piloto também foram propostos piers

localização destes empreendimentos foi definida em virtude

e decks que se aproximam do córrego e dos campos de

PARCÃO

CENTRO ESPORTIVO - CAVE

PASSARELA VERDE

PISTA DE SKATE

CENTRO CULTURAL

GINÁSIO

TEATRO

PISTA DE KART

CINEMA

QUADRAS ESPORTIVAS

RESTAURANTE E CAFETEIRAS

SALAS DE AULA

SALAS DE AULA

ESPAÇO PARA EVENTOS

AUDITÓRIO

PAREDE DE ESCALADA

INSTALAÇÕES SANITÁRIAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO SALAS DE EXPOSIÇÃO AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL VIAS PAISAGÍSTICAS CICLOVIA DUPLA

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO

PASSEIO PÚBLICO BACIAS DE DETENÇÃO BIOVALETA E CANTEIRO PISTA DE ROLAMENTO DUPLO SENTIDO

DECKS E PÍERS ESTACIONAMENTO

ÁREA DE RECUPERAÇÃO DE SOLO IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS - SAF’s IMPLEMENTAÇÃO DE HORTAS URBANAS

118

PISTA DE SKATE

119


AÇÃO

E BEBEDOUROS

VEIRO APOIO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

E METRÔ

RTE CONVIVÊNCIA E ESPORTE

D MOBILIÁRIO URBANO

URBANO EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA

OS DE GINÁSTICA

PRAÇA DE ENTRADA

OLIESPORTIVAS

PERCURSO PRINCIPAL DO PARQUE MOBILIÁRIO URBANO

NCIPAL DO PARQUE

RRIDA E CAMINHADA

PARQUE SUL

PISTA DE SKATE

RDE

PISTA DE SKATE mais restrita comparada ao trecho anterior. Por esta razão,

RAL

os caminhos foram projetados para circundar a vegetação, GINÁSIO atravessando o córrego em apenas dois pontos. Similar às

LA

S SANITÁRIAS

POSIÇÃO

BANHEIROS E BEBEDOUROS

PASSARELA VERDE

um circuito e, através da passarela verde projetada entre o

QUADRAS ESPORTIVAS Parque Sul e o Projeto Piloto, integram todos os trechos. Dentro do Parque Sul há uma área úmida que exercerá a SALAS DE AULA função de uma bacia de detenção e, devido a sua sensibilidade

HORTA E VIVEIRO EDIFICIO DE APOIO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

VIAS PAISAGÍSTICAS LAZER E ESPORTE CICLOVIA DUPLA

demais áreas do parque,PISTA os caminhos se conectam formando DE KART

PLAYGROUND PASSEIO PÚBLICO MOBILIÁRIO URBANO BIOVALETA E CANTEIRO PISTA DE ROLAMENTO DUPLO SENTIDO

EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA QUADRAS POLIESPORTIVAS

ESPAÇO PARA EVENTOS hídrica, não haverá acesso ao seu interior. Outra vertente do programa de necessidades prevê quadras poliesportivas e PAREDE DE ESCALADA outras instalações de lazer nas proximidades das residências.

BACIAS DE DETENÇÃO

Ainda, reiterando o aspecto educacional do parque, foram ÁREAS DE PRESERVAÇÃO projetados edifícios de cunho pedagógico, além dos

DECKS E PÍERS

MOBILIÁRIO URBANO

administrativos.

ESTACIONAMENTO

EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA

AS

A

ADMINISTRAÇÃO

TRILHAS E CAMINHOS SECUNDÁRIOS

Esta área possui um caráter mais protecionista da CENTRO ESPORTIVO - CAVE paisagem, onde a interação do visitante com o parque é

EDIFICAÇÕES

CICLOVIA

PARCÃO

INHOS SECUNDÁRIOS

TE E CAFETEIRAS

PISTA DE CORRIDA E CAMINHADA

120

AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO

CONVIVÊNCIA E ESPORTE

121


Projeto Piloto O projeto Piloto corresponde a última escala projetual deste trabalho e tem como objetivo determinar uma área que sirva como base para o desenvolvimento gradual dos demais trechos do parque. Essa região foi escolhida como o Projeto Piloto, por estar localizada em uma área central do parque e do Guará, além de apresentar grandes desafios de conexão, devido à barreira física da linha do metrô, que corta esse trecho ao meio, além de estar inserido em uma região de desenvolvimento e expansão territorial.

Masterplan

O desenvolvimento desta etapa chega até a apresentação de três recortes da área projetada, demonstrando as relações entre os caminhos demarcados, as áreas de permanência e a paisagem do cerrado.

122

123


PLANO DE MASSAS Este arranjo sintetiza a categoria de cada proposta de intervenção e a região para onde foi projetada. O posicionamento das áreas voltadas ao fomento das atividades esportivas e culturais na região central do parque corrobora com a intenção de oportunizar o acesso à população, tanto do Distrito Federal, quanto do Guará e ainda propicia a conformação da tríade esporte, lazer e cultura. Por sua vez, o trecho relacionado à saúde e ao bem estar, onde serão implementados os sistemas agroflorestais e a horta urbana,

Vegetação se expandido para a área urbana

está próximo à antiga 28A do parque por ser uma região de especulação imobiliária para a criação de um polo de clínica médica. Outro setor de análise pertinente é a área de lazer projetada próxima ao SOF Sul, pois, tendo em vista a incorporação

dos

novos

empreendimentos

residenciais,

objetiva-se facilitar o acesso ao lazer a essa população local.

Preservação/ Educação ambiental

Conexão com a fauna e flora

Recreação e lazer

Conexão com as pessoas

Lazer Esporte Saúde e bem estar Cultura

Conexão verde

O esquema das áreas verdes apresenta como a vegetação se interliga e como se comunica com o arredor. O tom de verde mais escuro representa a conexão entre as áreas do parque que se dão através dos caminhos projetados e dos viadutos ecológicos, conformando um corredor verde. Essa interligação, como já mencionado, permite o trânsito da fauna local. O tom de verde claro retrata a vegetação do Cerrado adentrando no espaço urbano. O intuito dessa proposta é formar um grande sistema verde por meio da projeção das árvores e arbustos do parque para os arredores.

O esquema de conexão e acessos apresenta os dois principais eixos que interligam o Projeto Piloto. O eixo vertical representa o corredor ecológico, responsável por conectar tanto as áreas verdes do Distrito Federal, quanto a Reserva do Guará e o Parque Sul com o centro do parque. Este elo é feito por passarelas verdes, permitindo o trânsito do público e da fauna por todo o território. Já o eixo horizontal conecta o parque com as regiões do Guará 1 e 2 pela ala oeste e pela ala leste o interliga com o Distrito Federal devido a malha viária deste trecho. Os acessos apontados revelam a comunicação

124

Eixos de conexão

do Projeto Piloto com a área urbana do entorno, dispondo o

Acessos desejados

parque como figura principal dessa centralidade do Guará.

125


Na estrutura dos caminhos se estabelece um percurso principal, que conforma um grande circuito e margeia toda a área do Projeto Piloto. Associado a este caminho, foi incorporado um sistema de ciclovia. Por outro lado, propondo uma interação mais próxima do visitante com a natureza preservada, foram projetadas núcleos menores no interior do percurso principal. Esses caminhos secundários tem aspecto de trilhas naturais para que interfiram o mínimo possível na desenvolvimento de idéias para a administração e ponto de apoio

paisagem em que se inserem.

Por fim, o último esquema apresenta a demarcação dos caminhos e das principais intervenções propostas. Esse arranjo representa um compilado das intenções expostas anteriormente e exibe caminhos sinuosos que adentram a vegetação de forma sutil. Integrado a esses trajetos, encontram-se núcleos de área de permanência compostos por equipamentos de lazer e mobiliário urbano. O esquema Áreas de permanência

Percurso principal Ciclovia

Caminhos Estação de metrô - proposta Viveiro de mudas do cerrado Administração e ponto de apoio

Trilhas e caminhos secundários

contempla também o viveiro de mudas do Cerrado projetado para dar suporte às práticas de educação ambiental. Os edifícios de apoio e administração do parque são propostos para proporcionar um espaço público destinado a diversos usos, como cursos, palestras, encontros e atendimentos. Por esse motivo, deve possuir um caráter dinâmico e de livre acesso. Outra intervenção importante é a criação de uma estação de metrô, que além de conectar o parque ao Distrito

Atravessar

Federal através da linha metroviária, também foi projetada para integrar o braço do parque que se insere no SOF Sul com o Projeto Piloto por meio da passarela suspensa desenhada neste empreendimento.

Observar

Reter Armazenar e distribuir

O arranjo das áreas azuis sugerem as intenções de

croqui mostrando a relação da passarela e nova estação de metrô proposta com o parque

contato com os corpos hídricos no Projeto Piloto. Conforme descrito no programa de necessidades, essa interação se dá de forma gradual ao longo do parque e nesta área o visitante goza de uma maior conexão com o córrego do Guará. Este contato é proporcionado através de três pontos de travessia, Observar

que também conectam as alas leste e oeste do Projeto Piloto.

Atravessar

Além disso, são propostos decks e piers de observação das áreas úmidas e do córrego. Outra estrutura importante das

Reter Armazenar e distribuir

áreas azuis são as bacias de detenção, cujo objetivo é reter e armazenar as águas da chuva para, então, distribuí-las para os corpos hídricos.

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Recortes projetuais O trabalho se encerra, através de uma demonstração de como as diretrizes e propostas apontadas para a área, se conformam na paisagem do PEEH, por meio de três recortes do Projeto Piloto, cada um demonstrando uma experiência campos de murundus

diferente proposta para o parque.

decks - contato com o córrego decks - área de observação e educação ambiental

Recorte A - campos de murundus campo limpo

campo limpo

caminhos

buffer

mata de galeria

Recorte B - campos e mata de galeria

campos úmidos

bacias de detenção Recorte C - bacia de detenção

Figura: Exemplo de uma zona de retenção de águas pluviais (FEAM, Belo Horizonte, 2006)

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Obrigada!


Considerações finais

Ao longo do processo de pesquisa, foi possível compreender a importância e o potencial que as áreas verdes do Distrito Federal possuem. O desenvolvimento do trabalho em diferentes escalas, mostrou o quão rico pode ser o planejamento da paisagem quando se busca compreender todo o sistema que está por trás de um lugar. O trabalho, dessa forma, buscou desenvolver uma proposta que dialogasse com os planos existentes no Distrito Federal mas que também inovasse, trazendo os princípios norteadores da Ecologia da Paisagem. A infraestrutura verde projetada, ambiciona potencializar o diálogo do parque com o corredor verde existente na área e seu entorno imediato. Futuramente, seria interessante dar continuidade ao projeto, partindo para o desenho aprofundado de cada um dos trechos que compõem a área de estudo, alcançando a escala do detalhe.

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Registros do processo...

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Universidade de Brasília, 2020 138


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