Revista gula4

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GULA O doce sabor do pecado


Gula

s.f. Vício ou defeito de comer e beber em demasia; glutonaria. Fig. Desejo ardente, sofreguidão

Sumário

Crônica: Na segunda eu começo Clientes de carteirinha Propaganda de comida: onde a gula não é pecado Plus Size: uma moda que cresce na região Preciso realmente disso??? Comida como rota de fuga Cirúrgia bariátrica: última opção para a busca do emagrcimento Pessoas sofrem com problemas de saúde devido à alimentação em excesso

Expediente Circula semestralmente. Revista produzida pelos alunos do 3º ano de Jornalismo da Universidade Santa Cecília. Editora:Carolina Kobayashi; Repórteres: Carolina Kobayashi, Jackeline Sá, Mayara Sampaio, Murilo César, Raphael Rinaldi e Vinícius Anselmo; Diagramação: Carolina Kobayashi, Jackeline Sá, Mayara Sampaio, Murilo César, Raphael Rinaldi e Vinícius Anselmo; Fotografia: Murilo César (capa e reportagens), Reprodução Internet, Arquivos pessoais, Raphael Rinaldi, J. A. Sarquis, Carlos Cavalheiro, Amigos de Santos; Professores orientadores: Helder Marques e Fernando De Maria.


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Na segunda eu começo Por Carolina Kobayashi

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segunda de manhã. Hoje eu começo o regime. Depois de tantas tentativas frustradas, a partir de hoje será diferente. Aproveitei o final de semana para me despedir das tentações da comida, no churrasco com a família. Foi o meu bota-fora de comidas gordurosas. Agora serão somente 2000 calorias diárias que poderei consumir.

Sento-me na cozinha, e, na minha frente, o café da manhã. Começa a lei de Murphy. Parecendo pirraça, minha mãe prepara panquecas com queijo. O cheiro está irresistível. A fumaça me guia até elas, como nos desenhos animados. Porém, lembro-me do prometido e breco na frente do prato. Pego uma maçã e saio para trabalhar. Minha mãe questiona por que rejeitei as panquecas feitas com sua pitada de carinho. Falo da minha promessa. Começa a gargalhada. Ignoro sua reação para não desanimar logo cedo. No caminho para o trabalho, termino meu café da manhã. Minha maçã, grande e vermelha. Poucas calorias e saudável. Devo aguentar até a hora do almoço. “Foco, foco, foco”, penso. Menos de duas horas depois, minha barriga ronca com força total. Espero que ninguém tenha escutado. Ela ronca novamente, com mais potência. Meus colegas de trabalho começam a rir. Conto que estou de dieta e eles falam para eu não ser tão radical. Oferecem então, um biscoito. Não aceito de primeiro momento. Meu interior me diz: “seja forte, não aceite”. No começo é difícil, mas é falta de hábito”. Mas meus amigos insistem. Acabo pegando uma, só para calar minha barriga que está a prantos guturais. Converso, trabalho e quando volto a mim, num instante, comi o pacote todo! Respiro fundo. Ainda há o dia inteiro para descontar e me policiar nas calorias que posso comer até o fim do dia. No meu íntimo, fiquei chateada. Aproxima-se a hora do almoço e a barriga ronca mais uma vez. Lembro-me que tenho que ir ao banco e não dará tempo de almoçar. É meio dia e saio correndo para enfrentar a fila quilométrica antes que meu horário de almoço termine. Saio do banco faltando apenas quinze minutos e com a fome maior que a fila do banco. Preciso comer algo, mas rápido, para não me atrasar. No caminho de volta para o serviço, só encontro uma lanchonete. Não teve jeito. Aqueles salgados expostos na estufa me chamam para devorá-los. Compro duas enormes coxinhas de frango com catupiry. Compro e saio às pressas, devorando as coxinhas pelo caminho. Volto pontualmente ao trabalho e com a sensação de ter comido o jantar dos deuses. Ao mesmo tempo, frustrada pela opção que escolhi. Ao passar da tarde, fico firme no meu propósito. Não como mais nada. Nem café eu tomo. Evitei comprar as trufas que uma senhora vende todos os dias no meu setor. É chegada a hora de ir para faculdade. Terminada a primeira aula, meus amigos combinam de comer uma porção de batata frita. Pegaram no meu calcanhar de Aquiles. Não resisto à “crocância” das batatas. E, no vai e vem da conversa, comi a porção acompanhada de refrigerante. Vou para casa, ainda esquecida da promessa que fiz da dieta. Ao chegar, sento-me no sofá, cansada pelo dia corrido. Minha mãe aparece e me pergunta: “Como foi seu primeiro dia de dieta?”. Cabisbaixa, respondo secamente em baixo tom: “não consegui.” “Eu sabia! Sabia que você...”, minha mãe sai, retrucando em direção ao quarto. Sozinha, me pego pensando sobre o dia em que fracassei em minha missão outra vez. Fico muito chateada, pois poderia ter tido mais força de vontade. Após uns instantes, ali sentada, imóvel, levanto e vou para cozinha. Preparo uma panela de brigadeiro e volto para a sala. Sento-me no sofá outra vez. Enquanto devoro minha panela de consolo do fracasso, penso em novas estratégias mais eficazes. Segunda eu começo.

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Clientes de

carteirinha

Fregueses de restaurantes gastam muito com comida e ficam no vermelho Por Raphael Rinaldi

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gula atinge principalmente aqueles que estão acima do peso. Gastam grande parte do dinheiro que recebem com comida, indo a restaurantes, supermercados, e outros estabelecimentos que comercializam produtos alimentícios.

Lúcio da Silva, garçom de restaurante há quase 20 anos, diz que tem vários clientes fiéis. “Eles vêm aqui pelo menos umas três vezes por semana. Pedem sempre bastante comida, sem contar a cerveja, dezenas em uma noite

Fregueses assíduos de restaurantes exageram na comida ao verem uma mesa farta

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só. Isso para nós é bom, até porque a conta no final da noite é bem grande”. O garçom afirma que não são poucos esses ‘clientes de carteirinha’. Muitas pessoas vão lá e ele nem precisa anotar o pedido, sempre pedem a mesma coisa. “Geralmente esses clientes são bem acima do peso. Eles me disseram que sentem vontade de emagrecer, mas não fazem nenhum esforço para isso e eu não posso fazer nada, até porque meu trabalho é servi-los”, explica Lúcio. O estudante Robert Costa é uma dessas pessoas que vão fielmente a um estabelecimento. “Costumo ir a um (restaurante) que é perto da minha faculdade. Lá é muito bom, e o melhor de tudo é que ele é barato e tem um >>


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Apesar de se achar acima do peso, Robert não faz nenhum esforço para que isso mude. “Primeiro porque não tenho tempo, depois acho que não é minha vocação fazer exercícios”.

Ele não quis revelar seu peso, mas deixou clara sua vontade de emagrecer. O jovem já chegou a gastar mais da metade do salário em comida. “Sou muito compulsivo, se vejo algo na rua que me dê vontade de comer, eu compro. Isso já me fez ficar bastante endividado, pois não tinha mais dinheiro para pagar as contas do cartão. Se não fosse a ajuda de meus pais, estaria numa situação com-

Superação Há pessoas que venceram esse tipo de trauma. Bruna Souza, que também é estudante, estava indo para o mesmo caminho de Robert. “Estava indo a restaurantes todos os dias. Era japonês, fast food, sempre diversificando. Além disso, vi que no final do mês estava sempre sem dinheiro, não tinha como continuar naquela vida”, conta ela. Percebendo que estava engordando e com muitas despesas, a jovem acordou

Sinto-me bem agora, tenho prazer de me olhar no espelho novamente

RAPHAEL RINALDI

Despreparo

plicada”, confessa.

cardápio diversificado. Nunca repito o que comi no dia anterior. Se ontem comi lasanha, hoje já escolho um churrasco ou uma feijoada”, comenta.

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tinha um problema e, além de engordar, gastava bastante dinheiro. Sem medo, tomou a iniciativa de parar de comer excessivamente, começou a fazer exercícios regularmente e hoje é uma pessoa que vive com a autoestima Bruna Souza elevada. “Sinto-me bem agora, tenho prazer de me olhar no espelho antes que sua situação novamente”, finaliza a garota. tomasse proporções mais sérias. “Não cheguei a engordar tanto. Sempre fuii magra, mas comecei a reparar que estava com uma barriguinha. Quase entrei em pânico. Parei na hora com essa rotina de restaurantes, entrei na academia e voltei a ficar satisfeita com o meu corpo”, explica com um sorriso no rosto. Bruna é um exemplo a ser seguido. Ela viu que

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Propaganda de comida: onde a gula não é pecado

J. A. SARQUIS

No agressivo mercado da publicidade, quais são os desafios e táticas usados pelas empresas para atrair a atenção dos consumidores?

Por Mayara Sampaio

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difícil não sentir água na boca em algumas situações do dia a dia. Afinal, os estímulos estão em todas as partes. Seja aquele comercial de TV do mais novo sanduíche com nome impronunciável, composto de ingredientes que você talvez nunca tenha pensado em combinar – mas que parece apetitoso - ou quando se depara com um outdoor do prato-sensação daquele restaurante caro,

mas que está ‘na moda’. A propaganda de comida utiliza técnicas próprias do setor de marketing na criação e divulgação de marcas, incentivando o consumo de alimentos que nem sempre são essenciais ao ser humano ou fazem bem para a saúde. “A rapidez com que novos produtos são criados e colocados à disposição no mercado aumentou a pressão e a concorrência entre as empresas. Por isso, a propaganda de alimentos ganhou maior

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atenção dos profissionais nos últimos anos”, salienta a publicitária Drika Lucena. E os investimentos não são somente em relação à mídia convencional, como televisão, rádio e plataformas impressas. As novas estratégias fazem parte do conceito de ‘marketing de guerrilha’, que tem como objetivo se aproximar dos clientes por meio de propagandas e anúncios mais interativos e impactantes. “Atualmente, o consumidor precisa ser atraído – além do paladar – por todos >>


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os cinco sentidos. Isso é o que chamamos de experiência multissensorial, em que cada detalhe tem uma intenção e alvo”, comenta. Desde o formato, cores e textura da embalagem, até a forma como o cliente adquire o alimento são planejadas para cativar o impulso e a razão de cada pessoa. “Aquelas fotos em que cada ingrediente da comida ganha um destaque visual não é mais garantia de sucesso. O consumidor não é mais tão ingênuo ao ponto de comprar só pela imagem. É preciso pensar em ações de interatividade com redes sociais, brindes e outros recursos que conquistem o público-alvo de cada marca”, destaca Drika. Um caso de destaque é a campanha “Descubra a sua Coca-Cola Zero”, lançada em agosto de 2012. A empresa de bebidas criou uma edição de embalagens customizadas com os 150 nomes mais comuns entre jovens adultos no Brasil. A jogada fortaleceu a conexão entre produto e consumidor, e as latas e garrafinhas personalizadas se tornaram sensação no país - uma espécie de souvenir que abrangeu bem mais que o público-alvo inicial. “Temos que ultrapassar os limites do vender pela apa-

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rência. Só sobrevive a empresa que estiver atualizada sobre o modo de vida das pessoas”, comenta a publicitária. O uso do marketing na venda de alimentos é atuante na vida das pessoas desde a infância. Crianças com menos de 12 anos, por ainda estarem em desenvolvimento biopsicológi-

A publicidade que provoca emoções no cliente é a mais eficaz. Drika Lucena co, são consideradas mais vulneráveis aos estímulos externos. Ciente de que os hábitos alimentares se formam na infância, o mercado publicitário estimula cada vez mais o consumo de produtos palatáveis e saborosos, não sendo necessariamente saudáveis. “Além do uso chamativo de cores, singles e personagens do próprio univer-

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so infantil, os publicitários buscam estabelecer uma relação afetiva do público-alvo com a marca. Quando uma criança vai ao Mc Donalds com os pais, por exemplo, come um alimento apetitoso e ainda adquire um brinquedo, fixa a experiência como um momento feliz. Ou seja, a publicidade que provoca emoções no cliente é a mais eficaz”, salienta Drika. Este é o motivo de sucesso entre o público infanto-juvenil de brindes em caixas de cereal, salgadinhos e outros produtos que utilizam esta estratégia.

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Quando as lentes se voltam para a comida Quando nos deparamos com aquela imagem convidativa de um prato de comida, com a luz ressaltando os melhores ângulos e ingredientes milimetricamente trabalhados para provocar a gula, não pensamos no trabalho exigido no momento do clique. O fotógrafo argentino José Alberto Sarquis, que atua como profissional há mais de 30 anos, possui diversos trabalhos no ramo do registro de alimentos. Para ele, a grande pretensão da fotografia de comida é fazer com o que consumidor queira saborear o que está >>


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sendo retratado na imagem. “Para isso, aplicamos uma série de elementos da própria fotografia básica para valorizar determinados aspectos e pontos de um prato.” E cada detalhe demanda muito trabalho e preparação. É preciso equipamentos e conhecimentos fotográficos específicos para conseguir idealizar uma foto de qualidade. “Dependendo do tipo do alimento ou da bebida, o processo de produção é essencial para um resultado satisfatório. Geralmente trabalhamos em equipe, pois é preciso pensar na luz, na disposição da louça, no melhor modo em que o alimento pareça fresco e, além disso,

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na ambientação e tradição que envolvem o consumo daquele prato. Tudo isso interfere diretamente na nossa vontade de ‘abocanhar’ uma foto”, explica Sarquis. Bons profissionais nunca revelam seus principais segredos. Mas, segundo Sarquis, existem alguns truques que fazem grande diferença no visual final. “Para enfatizar a suculência das carnes, colocamos um pouco de gel comestível na superfície. Também acrescentamos um vapor quente de ar por dentro dos alimentos para capturarmos aquela ‘fumacinha’, parecendo que acabou de sair do forno. Eu mesmo só fotogra-

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fo comida que acabou de ser cozinhada, mas essas técnicas ressaltam a beleza do prato”, conta. Por se preocupar tanto com esses detalhes, o fotógrafo acredita que o ideal é fazer todos os ajustes necessários e aplicar os ‘truques’ no momento do clique. “O resultado fica bem mais natural, bonito e honesto para com o público. A pós-produção é necessária, mas para fazer ajustes de corte ou de design do anúncio, e não para alterar o que foi fotografado.” >>


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Quando a culinária é a vítima do Photoshop A sessão fotográfica acabou. E agora, qual o próximo passo? “Fazemos uma seleção das melhores imagens e as enviamos para o tratamento. Lá, um profissional vai iniciar os trabalhos em programas espe-

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cializados, como o famoso e polêmico Photoshop”, conta o publicitário e professor universitário André Reis. Primeiramente, a foto passa por um processo de ajustes básicos para melhorar a nitidez, o contraste e a resolução do arquivo. Em seguida, são definidos o recorte e o foco da imagem. A partir daí, começa o dilema. “O tratamento é fundamental na realização de qualquer imagem profissional. A grande questão é o quanto podemos interferir na estética da foto.” Em se tratando de um assunto bastante questionado e debatido pela mídia, Reis ressalta que o bom senso deve ser o guia para quem

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quer produzir um trabalho visual de qualidade. “O fato é que não podemos descaracterizar a foto. Quando lidamos com imagens de pessoas, por exemplo, devemos nos policiar para não tirar a essência, as marcas do indivíduo e nem ‘desconfigurar’ seu corpo. O mesmo princípio vale para os alimentos.” Existem limites éticos para os responsáveis pela edição de imagens? “Acredito que não. O que precisamos é ter conhecimento sobre os programas especializados em tratamento visual– que possuem cada vez mais recursos – e termos noção de que o nosso trabalho é vender um alimento atrativo aos olhos dos consumidores, mas sem ferir o senso crítico das pessoas”, completa. Então, lembre-se: todas as vezes que você se pegar salivando por conta de uma propaganda de ‘encher os olhos’, pense mais com a razão do que com a boca do estômago. A imagem, no fim das contas, pode ser meramente ilustrativa.


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uma moda que cresce na região

O segmento ainda não tem força na Baixada Santista, mas tende a crescer, apesar do preconceito

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CARLOS CAVALHEIRO

Por Raphael Rinaldi excesso de peso é muito comum entre os brasileiros. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 40% das pessoas no país estão acima do peso. E esses números aumentam cada vez mais. O que preocupa é que esse problema pode gerar a obesidade. Isso pode acarretar muitos problemas para uma pessoa, como, por exemplo, a falta de opções de vestimentos devido ao restrito comércio de roupas plus size. Na Baixada Santista ainda não é coAinda rola um premum ter esse tipo de comércio. “Às quero sair pra algum lugar, mas conceito com as gordinhas, vezes não vou porque não tenho uma boa mas quando a gente ama o que roupa para isso”, conta a dona de casa Jussara Santos. faz isso passa longe. Michelle Dellamonica, estudante de Publicidade e Propaganda e modelo plus Michelle Dellamonica size, tem a mesma opinião de Jussara. “Acho que as organizações dos eventos poderiam ser melhores. A maioria das pessoas que trabalha com esse segmento é amadora, e a divulgação é de baixa qualidade, gerando uma visão negativa trabalho como um todo”. Mesmo não tendo um comércio muito forte, ainda, aos poucos esse segmento vem evoluindo. “O mercado está crescendo, e o Facebook é o principal serviço de divulgação das lojas”, explica a modelo.

Auto-confiança

Não dando muita importância a rejeições, a modelo diz que seu trabalho não agrada a todos. “Ainda rola um preconceito com as gordinhas, mas quando a gente ama o que faz , isso passa longe”, confessa. Há também as pessoas que têm dificuldades em comprar roupas de plus size por não aceitarem estar acima do peso. “Aceita que dói menos! Se ame mais, se está feliz gordinha continue assim e não deixe que ninguém te diga que você é feia por não estar dentro dos padrões de moda da sociedade. Abusem do bom gosto e sejam felizes”, aconselha a modelo. Michelle mandou um recado para aqueles que ainda têm medo de admitir que estão acima do peso. “O preconceito está dentro de nós mesmos. Quando estamos bem com o nosso corpo e mente, nada é capaz de nos atingir. Muitas vezes a baixa estima gera a rejeição. Por vezes, achamos que todos que nos olham estão nos criticando e, na verdade, somos nós que não estamos felizes com o nosso corpo”.

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AMIGOS DE SANTOS

Plus Size:


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Preciso realmente disso??? Não é necessário ver uma loja em liquidação para saber que os seus cartões de crédito e cheques são os seus inimigos. E o pior deles é você mesmo!

Por Jackeline Sá

ce muito com Marisa Pedral, 22 anos, auxiliar administrativa. “Tenho cerca de 70 batons e, sempre que sai um novo na loja, eu compro. preço é alto, pois o produto é im- Preciso dele”, confessa. Marisa admite que quaportado. A embalagem graciosa e se todo mês cai no cheque especial devido ao o bom atendimento da vendedo- exagero nas compras e isso não a desmotiva. ra são convincentes. Os produtos As facilidades que estão disponíveis são inúmesão dispostos de forma atrativa ras e apenas contribuem para que as pessoaos olhos e parecem pedir para serem com- as possam consumir além do limite. Diversos prados. A fachada chamativa da loja convida cartões de crédito e débito, talões de cheque muitos a adentrarem. Sem pensar, pestanejar e tokens de banco são os itens necessários da ou hesitar, você compra o último lançamento carteira da auxiliar, que não sai sem eles. Apedaquela marca famosa e, apesar de ter vários sar de já ter tentado sair sem os cartões para itens do mesmo modelo, pensa que precisa não comprar nada, a experiência não surtiu daquele. Afinal, ele não será apenas mais um. efeito algum. “Quando cheguei em casa comEsse é um dos pensamentos de pessoas que prei tudo o que vi pela internet. E, pior, comprei têm compulsão por compras. E isso aconte- coisas além da lista que tinha feito”, lamenta. >>

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Universo masculino adere ao consumismo Quem pensa que o prazer de comprar fica apenas para as mulheres, está muito enganado. Os homens estão cada vez mais obtendo este hábito e colecionando aquisições caras e, muitas vezes, desnecessárias. Este é o caso do advogado Piero Siqueira, 28 anos, que se rendeu aos sites de compras, os chamados outlets online. “Não resisto às promoções da Internet. Consigo comprar tudo pela metade do preço”, confessa ele. O advogado declara que, em um dos momentos de descontrole, gastou cerca de R$2.200 em um relógio e, após a compra, se sentiu feliz. “Penso que trabalho tanto, portanto mereço gastar”, justifica. Se para Piero o consumismo é voltado para objetos, para o estudante de Engenharia de Petróleo, Paulo Ranazzi, 22 anos, a comida é a grande inimiga do seu salário. Sem dó ou piedade, o estudante não resiste gastar em um bom restaurante. “Sozinho em um almoço, já gastei cerca de R$100. Poderia ter gasto R$10 em um restaurante qualquer, mas quando se trata de comida, creio tem que ser o bom e melhor”, explica. Sem arrependimentos, Paulo afirma que sente que aquilo valeu a pena. Porém, quando questionado se o exagero em gastar iria para aquisições de objetos, ele nega. “Tenho dó de gastar em outras coisas”, completa.

O quanto isto é necessário? O consumismo não distingue gênero e faz com que o indivíduo confunda o que é real com uma falsa necessidade de possuir algo. O cenário atual é favorável para este mal, onde a sociedade capitalista estabelece padrões e cria a ilusão de que a felicidade está em gastar o que não se tem. Algumas questões que levam ao consumismo são puramente emocionais e psicológicas. Segundo a psicóloga Adriana Ramos, o consumista quer ter e sentir o poder. “Ele quer sentir-se por cima, nem que isso lhe custe um emaranhado de dívidas”, explica. Ansiedade, baixa autoestima, carência e vontade de ser aceito em um grupo também podem ser as causas desta compulsão. “É adequado sempre perguntar-se se há necessidade em comprar determinado objeto ou serviço e se a pessoa pode pagar aquilo”, recomenda Adriana. Com isto, já é possível ter um prognóstico do paciente e descobrir o que falta na vida dele, diz a psicóloga.

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Co Por Carolina Kobayashi

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uem nunca comeu um pouco a mais do que de costume em um final de semana em churrasco com os amigos ou em uma feijoada com a família? Ou quando está ansioso ou se sentindo “para baixo” e come muito mais que uma barra de chocolate? Atualmente, comer está muito mais associado ao prazer do que sua principal função: fornecer recursos essenciais para manter o nosso corpo. Entretanto, algumas pessoas começam a comer e não conseguem interromper sua refeição. Elas possuem Compulsão Alimentar Periódica, transtorno que é caracterizado pela ingestão exagerada de alimentos, seguida da sensação de arrependimento e/ou culpa. Segundo a psicóloga Daila Dualattka Fernandes, os motivos


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omida PECADOS

como rota de fuga

Conheça a Compulsão Alimentar Periódica e o grupo que auxiliana recuperação dos comedores compulsivos podem estar relacionados ao ambiente familiar, social, genético ou de trabalho. A depressão e a ansiedade, por exemplo, podem contribuir para o transtorno. “Os comedores compulsivos têm alta prevalência de apresentar esses sintomas, fazendo com que ‘saciem’ suas angústias através do ato de comer. É como se a mente buscasse uma compensação para algo que se sente como privação e/ou insatisfação”, explica a psicóloga. O médico nutrólogo e endocrinologista Fauzi Geraix Neto explica que as pessoas que têm o transtorno buscam um prazer momentâneo pela alimentação. “Geralmente elas buscam alimentos que tenham digestão um pouco mais lenta e que causam uma saciedade mais prolongada. Esses alimentos são ricos em gorduras. O paladar puxa para o doce também.”

Fazer o bem sem olhar a quem

Procurando ajudar quem passa por essa doença, o grupo dos Comedores Compulsivos Anônimos (CCA) realiza reuniões para que pessoas com o transtorno possam contar e ouvir como cada um lida com a compulsão, auxiliando-os na recuperação. Inspirado no programa dos Alcoólicos Anônimos, o Overeaters Anonymous foi criado em 1960, em Los Angeles, Estados Unidos. Hoje, há grupos em diversos países, como Canadá, França, Inglaterra e em vários estados do Brasil. Silvana (nome fictício, pois o anonimato é fundamental para esse grupo), começou a frequentar as reuniões há nove anos. Só se deu conta que tinha o transtorno a partir do CCA. Pesava 140 quilos. “Eu estava depressiva

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e sentia dores até quando virava na cama.” Ela contou que achou o grupo por acaso, enquanto procurava uma clínica de recuperação para um familiar. “Me senti bem na primeira reunião, mas fiquei quatro meses sem falar.” Atualmente, Silvana é uma das coordenadoras do encontro. “As reuniões não têm um coordenador fixo. Qualquer um pode prestar esse serviço, desde que tenha frequentado o CCA por cerca de três meses.” Tentou frequentar outros lugares, porém não funcionou. “Participei de um grupo de dieta uns cinco anos, mas só engordei e ainda me senti culpada por isso.” Ela se recorda que começou a comer compulsivamente quando queria o divórcio de seu terceiro casamento. . Engordou 30 quilos em um ano. Após três anos, conseguiu se separar e engordou >>


mais 10 quilos. “Cheguei no CCA no fundo do poço. Quando entrei, só pensava em morrer. Só estava esperando meu pai morrer (na época ele estava doente) para me matar. Meu alívio era entrar em sites para escolher como ia me matar”. Morando sozinha, nos episódios de compulsão, ela comia de duas a três pizzas inteiras. “Destruía as caixas de pizza para ninguém ver que eu comia tanto”. Fazia até três panelas de brigadeiro para comer de uma só vez. Já chegou a sair às três horas da manhã em busca de sorvete Cornetto. “Varava em lojas de conveniência e supermercados 24 horas atrás do que eu queria”. Silvana já chegou a comer isopor. “Comer já era um sofrimento. Não tinha mais prazer. Era uma punição. Um sofrimento mesmo”. Comia compulsivamente tudo o que tinha em casa. A comedora pensou até em vomitar para poder comer mais. “Comer era a única coisa que me dava alívio. Era uma fissura igual à droga.” Ao participar das reuniões,

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Os comedores compulsivos escolhem um tipo de alimento específico, ingerindo porções exageradas

Silvana começou a listar o que comia e o que acontecia antes de começar a compulsão para sentir o que a levava para o comer compulsivo. Houve uma época em que frequentava as reuniões todos os dias em locais diferentes. Foi o período em que começou a emagrecer. “No primeiro mês emagreci 200 gramas. No segundo mês, 250”. Porém, ao se pesar e constatar que havia emagrecido, voltava a comer, pois achava que já se sentia melhor. Ao se pesar novamente, via que tinha engordado e voltava a comer por frustração. Silvana, membro do CCA As reuniões do grupo

Cheguei no CCA no fundo do poço. Quando entrei, só pensava em morrer.

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que ela frequenta (favor não colocar o nome do grupo que freqüento pra não quebrar meu anonimato!!!) ocorrem aos domingos, mas é restrito aos frequentadores assíduos, exceto todo primeiro domingo de cada mês, quando a reunião é aberta para que qualquer pessoa possa participar. O grupo segue os 12 passos e as 12 tradições adaptadas dos Alcoólicos Anônimos, que os membros devem tentar seguir. Além das reuniões, os membros utilizam outros instrumentos de recuperação, como a literatura. Em cada reunião, escolhe-se um ou mais temas (dependendo da disponibilidade de tempo) do livro de meditação, para que os participantes possam >>


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dos Comedores Compulsivos é um suporte eficaz quando o individuo tem a motivação de seguir os passos. Para o endocrinologista Geraix Neto, quanto mais informações,

resultado para esse problema no CCA. Após nove anos com os Comedores Compulsivos Anônimos, seus hábitos mudaram. “Agora eu tenho prazer de andar. Antes era muito ruim caminhar, era um andar pesado e tinha muitas dores”. Praticava yoga havia 20 anos, mas parou devido à doença. Recomeçou após seis meses de participação nas reuniões. Este ano também começou a fazer deep running, espécie de corrida na piscina, e voltou a pilotar moto. “Estipulei quatro minutos para fazer atividade física. Se conseguir, eu faço mais”. A vaidade, que a doença tinha sufocado, Fauzi Geraix Neto, nutrólogo também foi reavivada. Atualmente, mora sozinha com suas duas gatas. quanto mais acolhimento é Hoje diz que consegue cuidar melhor para a recuperação do de animais. “Não bato, não paciente. “É necessário que brigo, eu converso e elas esses grupos troquem expe- obedecem.” Ela acredita que riências pessoais. Os seres tenha emagrecido por volta humanos são diferentes. Nós de 40 quilos, mas isso não é aprendemos muito com os nada perto do que mais ela erros e acertos dos outros.” considera importante: “O Silvana faz terapia desde CCA me devolveu a vontade os 28 anos, mas só encontrou de viver.”

comentá-los. Qualquer depoimento ou comentário tem um limite de tempo estipulado, que deve ser respeitado por quem tem direito à palavra e por quem ouve, sem interrupções. “O CCA é ajuda mútua na troca de experiências. As pessoas podem se identificar umas com as outras na reunião, numa terapia de espelho”, diz Silvana. As tradições regem os princípios para o grupo funcionar e progredir. O principal: o anonimato. Sua sétima tradição diz que o grupo deve ser autossustentável e não aceitar doações de fora. Os participantes assíduos contribuem com o que podem e os visitantes são proibidos de doarem. Na própria reunião é contabilizado o dinheiro arrecadado, e anotado no livro, onde os participantes assinam sua presença. Despesas como aluguel, por exemplo, são pagos com esse dinheiro, além da compra dos livros e folhetos de estudo do CCA. A psicóloga Daila Fernandes acredita que o grupo

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Nós aprendemos muito com os erros e acertos dos outros.

Endereço CCA em São Paulo Itaim Bibi: Domingo -18:00 Rua Oliveira Dias, Nº 301 - Itaim Bibi (Rua de trás da Igreja São Gabriel) Obs: Reunião aberta no primeiro domingo do mês. Jabaquara: Quarta-feira - 14:30 Igreja São Judas Tadeu Alameda dos Guaiós, 149 sala 9 - Jabaquara OBS: Não há reunião quando o dia 28 de cada mês cai numa quarta-feira. Jardins: Sábados - 16:00 Igreja N. S. do Perpétuo Socorro Rua Sampaio Vidal, 1055/ 1º andar - Jardins Vila Mariana: Quinta-feira - 20:00 Rua Dona Inácia Uchôa, 106

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Cirurgia bariátrica: a última opção para a busca do emagrecimento Número de operações aumentou quase 90% nos últimos cinco anos no Brasil. Antes, porém, o paciente deve perder peso com mudança de hábitos Por Murilo César

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conhecida como obesidade a doença provocada pelo acúmulo de gordura no corpo. A partir do momento em que a obesidade torna-se capaz de acentuar o risco de doenças relacio-

nadas ao excesso de peso, ela passa a ser chamada de obesidade mórbida. Um dos meios utilizados para avaliar o nível de obesidade é o Índice de Massa Corporal (IMC). Esse índice é obtido dividindo o peso pelo quadrado da altura da pessoa. A obesidade mórbida é uma doença grave e está relacionada a vários fatores.

Para a fisioterapeuta Aline Costa, do Hospital Nossa Senhora de Lourdes, isso pode variar entre genética, psicologia e até mesmo ao período pós-parto das mulheres. “A doença pode ocorrer como predisposição genética, desordens glandulares ou gastrointestinais, alterações nervosas e psicológicas, erros alimentares e falta de exercí>>

Número IMC menor que 18,5

abaixo do peso

18,5 a 24,5

24,5 a 29,9

30,0 a 34,9

peso normal

sobrepeso

obesidade grau I

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35,0 a 39,9

40 ou amior

obesidade grau II

obesidade mórbida


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cios físicos. Em mulheres, o período pós-parto e a menopausa contribuem para a retenção de gordura”. Muitos problemas são enfrentados pelas pessoas que vivem com essa doença. Fernanda Zovico Oliveira Henrique, 25 anos, viveu boa parte da vida sofrendo o famoso “bullying”. “Na escola sempre fui tachada como gordinha. Quando comecei a namorar meu atual marido, também sofri com os amigos dele, que viviam tirando sarro por ele namorar uma gordinha. Era humilhante”. Fernanda teve sua infância prejudicada por estar acima do peso “Sempre fui diferente dos padrões para minha idade, e isso sempre me incomodou muito”. Na adolescência não foi diferente. “Foi ficando cada vez mais difícil, afinal é a fase onde a vaidade vem com tudo, e eu me sentia horrível. Comecei a engordar mais e aos 19 anos me casei e engordei 30 quilos DIVULGAÇÃO

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em três meses”. Para algumas pessoas, os quilos a mais se resumem a uma “gorduri nha” saliente em cima da calça. Para outras, a briga com a balança envolve

Fernanda minutos antes de realizar sua cirurgia bariatrica

baixa autoestima e o exagero de consumo de inibidores de apetite. Em alguns casos, a solução encontrada é a cirurgia bariátrica, popularmente conhecida como “redução de estômago”. A busca pelo peso ideal fez Fernanda tentar diversos meios para emagrecer. “Havia tentado todos os métodos possíveis, desde uma simples dieta até remédios injetáveis, nada deu certo”. Então tomou a decisão de fazer a cirurgia. “Fiquei assustada com a radicalidade da cirurgia, mas quando via fotos do antes e depois das pessoas, eu praticamente conseguia me enxergar nelas”. >>


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Mas nem sempre as coisas acontecem como é esperado, Fernanda até hoje sofre com algumas sequelas pós-cirurgia. “Houve um período em que eu vomitava todos os dias. Procurei ajuda médica e me receitaram uma dieta pastosa. Sofri demais e por isso digo que essa é a forma mais rápida, mas está longe de ser a mais fácil”. A fisioterapeuta Aline afirma que isso pode ocorrer sim. “Depende muito do organismo da pessoa e de como ele irá aceitar as mudanças. Alguns podem aceitar e não sentir nenhum efeito, enquanto outros podem sofrer duras consequências”. A professora Ingrid Caratine Pires também sofria com sua obesidade. Realizou a cirurgia bariátrica em 18 de março deste ano e hoje se sente bem com o resultado. “Me sinto feliz e liberta. Feliz em conseguir usar salto, conseguir dormir sem roncar, livre de ir apenas onde sei que as cadeiras vão me aguentar”. E manda o recado. “O primeiro conselho que dou às pessoas que sofrem de obesidade é a aceitação. Todo obeso sabe que é obeso, porém não aceita dicas e conselhos e acaba adquirindo certa agressividade”. >>


ARQUIVO PESSOAL

Ingrid emagreceu 54 quilos com a cirurgia bariátrica

Tratar a obesidade não é fácil. Todos sofrem preconceitos e têm suas limitações, mas engana-se quem pensa que a cirurgia bariátrica é a primeira alternativa para solucionar o problema. O ser “gordo” nem sempre está no que se come, mas principalmente na cabeça. Pessoas julgam e atribuem a obesidade à preguiça, mas não sabem o quanto perder quilos é dificil. “Eu aconselho a todos que sofrem desse mal a buscar ajuda, seja ela psicológica, médica, ou até cirurgica, pois a obesidade mata aos poucos, não só pelas doenças que pode causar, mas porque ela vai nos matando psicologicamente um pouco a cada dia” afirma a professora.

Me sinto feliz e liberta. Feliz em conseguir usar salto, conseguir dormir sem roncar, livre de ir apenas aonde sei que as cadeiras vão me aguentar.

Ingrid


gula

SE7E PECADOS

Pessoas sofrem com

saúde devido ARQUIVO PESSOAL

Por Vinicius Anselmo

A

má alimentação ou excesso dela pode resultar em consequências sérias a nosso corpo. Muitas pessoas que não se consideram no peso ideal começam uma dieta de forma errada. O maior erro cometido é iniciar um processo de emagrecimento usando remédios sem orientação médica. Além de acarretar danos à saúde os riscos de vida são evidentes. E uma das opções para quem quer vencer os resultados que a gula proporciona é a redução de estômago. Jessica Taluana Campos, 25 anos, fez a cirurgia de redução estomacal há dois anos e conta que fez por opção, mas não descarta que sofria de problemas de saúde. “Fiz por opção, pois resolvi que não queria mais fazer dieta tomando remédios a procurar um endocrinologista do meu plano de saúde, fui encaminhada para um especialista, em São Paulo, no Hospital Igesp.” >>

Jéssica emagreceu 92 quilos e pretente perde mais dez

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SE7E PECADOS

gula

m problemas de

o à alimentação em excesso

A jovem relata que a cirurgia durou cerca de cinco horas e que a parte mais delicada foi a queda de cabelo. No entanto, foi só pós-cirurgia e se regularizou com o passar do tempo. A cirurgia bariátrica não é tão simples, como explica a nutricionista Carla Rodrigues. “A recidiva de ganho de peso ainda é muito elevada, e um dos fatores causais é a falta do acompanhamento pré e pós-operatório adequados. Há necessidade da conscientização destes pacientes sobre a necessidade de mudar seus hábitos alimentares e psicológicos, para que o objetivo de redução de peso corporal seja alcançado e mantido. Para tanto, os pacientes devem ser acompanhados por médicos e nutricionistas para garantia de um emagrecimento saudável e sem complicações.” Mas Jessica diz que sua recuperação foi tranquila. “ Sempre segui as orientações

dos médicos à risca, então não tive muitas dificuldades, nem com a alimentação e nem com a recuperação. Não tive dores nem vômitos e não rejeitei

A orientação que recebemos nas reuniões é que o exercício físico é “eterno”, ou seja, deve fazer parte da rotina...

Jessica Taluana Campos

nenhum tipo de alimento, mas conheço pessoas que tiveram muitas dores pós-operatórias

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e vômitos constantes quando começaram a iniciar a alimentação normal.” Hoje em dia sua alimentação é normal, tanto na escolha do alimento quanto na quantidade. A grande diferença é que a jovem prioriza os alimentos mais saudáveis. Outro fator de extrema importância no processo de recuperação são os exercícios físicos. Um paciente que passa por esse tipo de cirurgia tem que repousar por seis meses antes de fazer qualquer atividade física. No começo, de forma leve, carregando poucos pesos. Porém com o passar do tempo, as atividades podem ser feitas normalmente. Tudo isso sempre seguido de orientação médica. “A orientação que recebemos nas reuniões é que o exercício físico é “eterno”, ou seja, deve fazer parte da rotina do operado e que depois do primeiro ano deve-se fazer exercício com intensidade normal”, conta Jessica. Jessica pesava anteriormente 180 quilos, depois da cirurgia ela passou a pesar 88, e pretende emagrecer ainda mais até chegar aos 78 quilos.


gula

SE7E PECADOS

Fatores importantes na educação alimentar após a cirurgia: • Incorporar novos hábitos alimentares;

• Mastigar lentamente, com intervalo entre as porções ingeridas; • Não ingerir líquidos durante as refeições;

Alimentos que devem ser evitados no pós operatório: • • • • • • •

Cafeína, bebidas gaseificados (água com gás, refrigerantes), bebidas alcoólicas, açúcar, doces em geral, alimentos com alto teor de gordura, frituras, alimentos industrializados (balas, salgadinhos,bolachas recheadas).

Alimentos que devem ser estimulados no pós operatório: Ferro – Carnes em geral, miúdos, gema de ovo, leguminosas (feijão, lentilha, ervilha), vegetais de cor verde escura, beterraba, moranga, pimentão, ameixa seca, cereais integrais, alimentos fortificados com ferro. Ácido fólico -Fígado, peixes, feijão branco, soja e derivados, brócolis, couve, espinafre, couve-flor, repolho, beterraba crua, aspargos, ovo, laranja, melão, maçã, pães integrais. Vitamina C – Moranga, beterraba, brócolis, couve-flor, ervilha, repolho, tomate, alho, pimentão, rabanete, salsa, abacaxi, acerola, caju, goiaba, kiwi, laranja, limão, maracujá, morango e uva. Vitamina B1 (Tiamina) – Carnes vermelhas, fígado, atum, feijão, ervilha, cereais integrais, leite, gema de ovo, abobrinha, berinjela, batata doce, beterraba, cenoura, couve-flor, pimentão, goiaba.

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