O POETA DO TUK-TUK
CASA DA JUVENTUDE DE OLHÃO
MUNICÍPIO DE OLHÃO
MUNICÍPIO DE OLHÃO | CASA DA JUVENTUDE DE OLHÃO
O POETA DO TUK-TUK MAIO 2021
O POETA DO TUK-TUK
Texto Workshop Intensivo de Escrita Criativa | 2019 Amanda de Oliveira Diana Pereira Mariana Serôdio
Ilustração 2021 João Peleira
Coordenação / Edição / Paginação Município de Olhão - Casa da Juventude de Olhão
O POETA DO TUK-TUK
André acordou, vestiu-se, pôs tudo na mochila, apertou o casaco, ajustou o capacete e calçou as luvas. Despediu-se dos seus pais e irmã, e foi. Saiu da pequena Vila de São Brás, onde havia vivido toda a sua vida, para juntar dinheiro e comprar a mota dos seus sonhos. A que tinha já era velha e antiga. Tinha sido do seu avô e já lhe dava muitos problemas. Seguiu em direção a Lisboa. Não sabia por quanto tempo ia lá ficar. Não sabia se tinha tudo o que ia precisar, mas queria ir na mesma, estava determinado.
E lá estava ela, a arrumar o amontoado de roupas na mala, para a viagem, marcada para o dia seguinte com destino a Lisboa. Phyllis ia começar a fazer um estágio em Lisboa, para melhorar o seu português e conhecer um pouco mais da cultura portuguesa. Adorava ter novas experiências, adquirir novos conhecimentos, e estava muito entusiasmada com esta viagem. Já tinha ouvido muitas histórias sobre a cidade e estava muito ansiosa. Depois de ter terminado, deixou-se cair na cama, exausta mas com um sorriso no rosto. Quando o alarme tocou eram cinco da manhã, hora de acordar. Despachou-se, mal tomou
o pequeno almoço, pegou na mala, desceu pelo elevador para apanhar um Uber até ao aeroporto de Madrid. De vestido preto com girassóis, casual e simples, sapatilhas converse a condizer, cabelo atado numa trança, como era hábito, levava ao peito aquele colar tão importante para ela. Chegou ao aeroporto e, depois de uma fila serpenteada de dezenas de metros, finalmente viu-se sentada no seu lugar, junto à janela do avião, com destino a Lisboa.
Era mais um dia de sol na capital. Patrícia saiu de casa para ir às últimas aulas do semestre. Como tantos outros jovens, tinha alugado uma casa em Lisboa onde vivia com mais duas estudantes. O sol quente banhava-lhe a pele e os manjericos, que enfeitavam as varandas, perfumavam as ruas, anunciando o aproximar das festas de S. António. Do outro lado do passeio, uma avó orgulhosa mostrava o neto às amigas, enquanto que, na varanda de cima, uma mulher reclamava com o vizinho debaixo para parar de fumar, pois estava a deixar o cheiro a tabaco nos seus lençóis, acabados de estender.
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Mais adiante, um grupo de homens discutia no café os resultados do jogo de futebol do dia
anterior, insultando os jogadores e os treinadores, enquanto um grupo de crianças rebeldes passava de bicicleta, a alta velocidade. Ouvia-se fado de uma das janelas. Eram aquelas pequenas coisas que faziam Patrícia não sentir saudades de Nova Iorque, nem daquilo que deixava para trás. Ainda no dia anterior, o pai lhe tinha ligado a pedir que fosse passar o verão a casa. - O verão é muito melhor por aqui!- respondeu Patrícia. - Sim, mas se viesses podias ver aquela licenciatura em Harvard que te falei no Natal. - Su-
geriu o pai. - Ai, desculpa, estou a ficar sem rede… Patrícia desligou o telemóvel. Há meses que a família a chateava com aquele assunto, mas não estava disposta a ceder. Era a Arte, que tanto desprezavam, que a fazia vibrar. Era a Arte que lhe iria abrir as portas da vida que ambicionava: liberdade e trabalho. Não queria ir acabar os seus dias atrás de uma secretária. Imersa nestes pensamentos, Patrícia sentou-se na sala de aula. O último dia de aulas ia começar.
Mal sabiam, estes três jovens que as suas histórias estavam prestes a entrelaçar-se.
As aulas acabaram. Uma funcionária abordou-a à saída do anfiteatro. - Você é a menina Patrícia do curso de História da Arte? - Sim, sou! - Chamam-na à secretaria. Patrícia foi disparada. A última vez que a chamaram à secretaria foi porque o pai não tinha pago as propinas, numa tentativa de a fazer deixar o curso. Chegou e dirigiu-se à funcionária mais próxima: - Sou a Patrícia. Chamaram-me? - perguntou nervosa. 8
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- Ah, sim, sim. - disse a funcionária, a meio de um café e de uma conversa com a colega que envolvia quantos quilos de sardinhas seriam necessários para 25 pessoas. - Sempre quer cancelar a matrícula? - O quê? - disse Patrícia, confusa, embora já soubesse quem estava por detrás daquilo. - Mudou de ideias? Excelente! Oh Filomena, 20 kg será muito? - perguntou a mulher mudando rapidamente de assunto. - Quem deu início ao processo de cancelamento? - perguntou fervendo de raiva. - Uma pessoa chamada Miguel Andrade. Olha, se calhar encomendo 30 kg que o Vítor e o Zé comem logo 5 kg cada um. - disse a funcionária acabando o café. “O Miguel!”, pensou Patrícia. O marido da irmã mais velha, que lhe infernizava a vida desde que entrara para a família, conseguia ser mais controlador do que todos os outros. O pior é que os pais de Patrícia davam-lhe sempre ouvidos. Só ele é que era capaz de fazer aquilo e tinha sido o cérebro por detrás do episódio do corte das propinas. Se o confrontasse com os factos, arranjaria uma história toda bonita sobre como tudo aquilo seria o melhor para ela, levando o resto da família na cantiga. - Não me cancele a matrícula, por favor. E se esse senhor ou outra pessoa voltar a iniciar um processo de cancelamento, chame-me imediatamente aqui! - disse Patrícia revoltada. - A menina é que manda. Avisá-la-ei logo. Boas férias. Oh Filomena, liga lá à Gracinda a perguntar se ela acha que 30 kg de sardinha e 10 de carapaus chegam para dia 12... - Iniciava a frase com um ar de competência que transmitiu uma onda de confiança a Patrícia,
perdendo-se de seguida na odisseia das sardinhas.
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“Porque é que eles não me deixam em paz?”, pensava Patrícia com lágrimas de raiva escor-
rendo-lhe cara abaixo. As ruas enchiam-se com a azáfama dos arraiais, enquanto a jovem se dirigia ao Castelo de S. Jorge. Era o seu sítio favorito. A vista sobre Lisboa e o Tejo dava-lhe paz e a sensação de ser dona do mundo. Era disso que precisava agora. Já que não podia ser dona do seu próprio destino, ao menos durante umas horas, podia ser dona do mundo na sua mente. Entrou no castelo e dirigiu-se às ameias. Sabia que era das últimas vezes que veria aquela paisagem. Os avanços da família tornavam-se mais alarmantes. Mais dia, menos dia, iriam cortar-lhe a mesada para obriga-la a regressar a Nova Iorque. Cada vez mais, as forças para lutar contra eles se esgotavam. Se ao menos pudesse acabar com aquilo… os seus pensamentos foram interrompidos pela imagem de um rapaz a tentar entrar numa zona interdita onde decorriam escavações arqueológicas. “Mas o que é que aquela criatura vai fazer?”, pensou. Cheia de curiosidade, Patrícia seguiu-o.
Antes de sair, André ainda olhou para trás. Não por estar receoso, mas para ver a sua família, mais uma vez. Passou por vários locais e tirou muitas fotografias antes de chegar a Lisboa e, quando finalmente chegou, quis explorar a cidade, os seus costumes, monumentos, locais turísticos. Esteve no Padrão dos Descobrimentos, no Mosteiro dos Jerónimos, comeu um Pastel de Belém! Ao final do dia, encontrava-se no Castelo de São Jorge. Já estava a ficar escuro, e ele prestes a ir para a casa que tinha alugado, quando viu umas fitas vermelhas a delimitarem
uma zona interdita. Não resistiu a entrar, tinha que ver o que era. Passou e deparou-se com umas escadas. Desceu-as e pensando que não estava ninguém ali em baixo, assustou-se quando ouviu um barulho.
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A viagem foi surpreendentemente rápida e, depois de algumas dificuldades com o transporte, Phyllis instalou-se no hostel. Depois de arrumar tudo, saiu para tomar um café e enquanto o bebia, lia a sua agenda com o itinerário de “coisas para fazer”. No dia a seguir, tinha marcado explorar a cidade por si própria e estava ansiosa pelo momento. Enquanto fazia esboços no caderno, conseguia ouvir as conversas e os barulhos da rua. Os carros a passarem, uma senhora de sotaque brasileiro a falar ao telemóvel. Noutra mesa 4 jovens a rirem-se de um homem embriagado que gritava sobre a política do país… Um dia normal num café português. Era isso que ela gostava. Os sítios vulgares e comuns da cidade, ou zonas residenciais. Ali é
que se conhecia a verdadeira cultura. Para Phyllis, não fazia muito sentido aquelas visitas com um guia que explicava as coisas como se fosse uma apresentação oral de um robô. Perdia a emoção e o interesse. Ao fim de duas horas, um café e um pastel de nata, Phyllis estava de volta ao hostel. Sexta-feira, depois de ter tomado o pequeno-almoço e com uma mochila com água e vários lanches, Phyllis estava pronta para a exploração citadina. No decorrer do percurso, sempre que via algo que lhe despertasse curiosidade, ela parava,
tirava da sua mochila a máquina fotográfica! Não tinha que ser algo lindo, algo fantástico, bastava ser algo que lhe chama-se a atenção, cativasse, que a fascinasse. Tirava fotos a paisagens, animais, mas o que gostava mais era das casas e dos locais abandonados e restritos ao público. Ao fim do dia, entrou no seu último destino, o Castelo de São Jorge. Tirava fotografias com a sua câmara, quando se deparou com umas fitas vermelhas que indicavam proibição de entrar naquela área. O seu espírito aventureiro impediram-na de dar meia volta e ir embora. Notando que as fitas estavam um pouco esticadas e fora do sítio, olhou para os dois lados do corredor e confirmou que não havia ninguém. Também se assegurou da inexistência de câmaras de segurança a apontar para ela… Rapidamente, a última coisa que se viu foi o seu cabelo vermelho alaranjado, como fogo, se adentrar escadas abaixo.
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André olhou por cima do ombro, lentamente, rezando para não ter sido apanhado, a última coisa que precisava era ir parar à cadeia, outra vez. A última aventura de tentar atropelar um vizinho por chateá-lo por causa da mota, já lhe tinha mostrado vida prisional que chegasse. A última coisa que viu quando se virou para trás foi um vulto que se tentava esconder, atrapalhadamente, atrás de uma parede. “Pronto, ao menos um segurança não se tentava esconder”, pensou aliviado. Avançando bruscamente, dirigiu-se até ao sítio onde viu o vulto e pu-
xou-o para ver quem tinha tido coragem para transpor as mesmas fitas que ele. - Quem és tu? O que estás aqui a fazer? Seguiste-me? - Primeiro, eu poderia perguntar-te a mesma coisa. E se te segui, não posso? Ou és dono do castelo? - perguntou-lhe a jovem de olhos azuis.
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- Ainda não respondeste às minhas perguntas e não vais sair daqui enquanto não responde-
res! - disse André a ficar impaciente. - Olha-me outro, a querer controlar-me. Sim, porque és tu mesmo que me vais impedir, seu… - Diz lá! O que é que me vais chamar? Estás com medo, é? Entretanto, Phyllis descia as escadas. Sentia-se a humidade no ar e havia musgo a surgir entre as rochas. Phyllis tirou uma lanterna da mochila e acendeu-a para assim poder ver melhor e não tropeçar ou escorregar nalguma pedra. No fim das escadas já dava para ouvir os dois jovens, André e Patrícia, discutirem e Phyllis não esperou nem um segundo para apontar a luz em direção a eles, pelo que, ambos cessaram de imediato a conversa e olharam diretamente para a fonte de luz, encontrando-se com aquela rapariga de cabelo de fogo.
- Ahm… Olá! - Soltou ela, um bocado constrangida pelos olhares fixos.
- Olha-me outra. O que se passa aqui? - disse André com os nervos em franja. - Mas este gajo tem a mania da perseguição ou quê?- disse Patrícia cada vez mais confusa e irritada. - Hey, hey, hey! - Repetiu Phyllis, agitando as mãos para baixo em sinal de calma - O que é que se passa? O que é que estão a fazer aqui?... - Eu não tenho nada a ver com ele nem com a sua mania da perseguição. - finalizou apontando para o André. O sotaque da Patrícia não era nem inglês, nem espanhol, era simplesmente… es-
tranho. De repente, sem qualquer aviso prévio, o chão começou a tremer. Bocadinhos do teto caiam por todo o lado. O pó enchia a pequena divisão mal iluminada. Apesar da curta duração, o terramoto foi suficiente para causar o pânico entre os três jovens. - Só me faltava isto, um terramoto! - disse André, encostando-se à parede e pondo o capacete. Patrícia estava colada à parede. O pânico a transparecer na sua cara, as mãos a proteger a cabeça, tossindo violentamente o pó. “Não posso ficar aqui soterrada! Não posso ficar aqui!”, pensava a jovem. - Têm de ficar longe das paredes! Podem desmoronar! - exclamou Phyllis tentando manter a calma. Ouviu-se um forte estrondo e o tremor acabou. - Excelente…- comentou ironicamente o André. - Não, não, não, não, isto não pode estar a acontecer! - gritou Patrícia, hiperventilando em pâni-
co, apontando para a abertura em forma de porta, completamente tapada pelos escombros, que minutos antes fora a única saída visível daquele lugar. - Não acredito, a minha mota está lá fora! - André, agora, estava em pânico. - ESTAMOS PRESOS AQUI DENTRO E A TUA PREOCUPAÇÃO É O RAIO DE UMA MOTA?! gritou Patrícia. Aquilo não lhe podia estar a acontecer.
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- Calem-se! - gritou Phyllis - Meu Deus, vocês parecem duas crianças, vamos conseguir sair
daqui de alguma forma. - Olhou em seu redor e disse: - Este lugar é grande, vamos explorá-lo. - Sentenciou. E com a lanterna do telemóvel ligada começou a caminhar. - Ok, ok! Jesus, sim, vamos explorar! - disse André. Patrícia ficou a olhar para aqueles dois estranhos que a observavam, expectantes. Eram a sua melhor esperança.
- Não vou ficar aqui sozinha, não é? - disse num fio de voz, tentando controlar a ansiedade. Tendo cuidado para não pisar os escombros, Patrícia seguiu-os. Phyllis caminhava com passos longos e seguros. Chegaram ao fim de uma clareira, uma enorme parede apareceu diante deles, ela apontou com a lanterna ao redor e só viu umas grades de ferro oxidadas. - Estamos nas masmorras do castelo! - disse Phyllis. André olhou para os lados e, dentro de uma das celas, estava algo no chão. Todas as pedras eram arredondadas, mas uma delas era diferente. Ele tentou abrir o gradeamento com as mãos, mas sem sucesso, então deu-lhe um pontapé que fez com que toda a grade caísse. - Isso é património histórico! - exclamou Patrícia indignada. Estavam numa zona de escavações inacabadas. Aquela área devia ter um valor incalculável, para não falar dos perigos ainda não detetados, das passagens enfraquecidas pelo tempo. - Está aqui qualquer coisa, queres sair daqui ou não? - perguntou André, enquanto levantava a pedra. - Não é preciso ser bruto! - disse Patrícia. André viu o que havia debaixo da pedra e retorquiu: - Oh, vocês! Cota, Pindérica! Esperem, não sei os vossos nomes!... - Sou a Patrícia, oh Castelo-Branco! - Retorquiu - E tu?- perguntou tentando simular indiferença. 20
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- André! - Eu sou Eliz… Phyllis, chamam-me Phyllis. Ela não gostava do seu primeiro nome. - E não me chames “Cota”, puto estúpido. - Puto estúpido?! Ok, ok, calma, eu mereci isto. - disse André. - Parem com isso! Temos de sair daqui. Portanto, mais vale unirmo-nos e bazarmos mais depressa. - De repente, foi assaltada pela lembrança de que não tinha rede naquele local e que a senhora da secretaria poderia ter ligado a dizer que o Miguel tinha tentado cancelar a matrícula novamente. Ou pior, tinha falado com outro funcionário e conseguido cancelar a matrícula com sucesso. - Ok, temos que sair daqui depressa. - Agora é que vais colaborar? Medricas…- Disse Phyllis achando um bocado de graça! - Vá! 22
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- Medricas?! Desculpa lá, Oh miss destemida. Se estou com medo por ter acabado de haver um
terramoto e podermos ficar aqui presos para sempre! - Ripostou Patrícia. - Pronto, pronto! Vamos descer a porcaria das escadas e ver se saímos daqui. Desceram todos. As escadas iam dar a um túnel com largura suficiente para saírem dali. Seguiram em frente, quase de gatas, uns atrás dos outros. Patrícia sentia os joelhos e as mãos a esfolarem-se ao roçarem na pedra afiada. De repente estacou: - Esperem, não vos cheira a nada? Tipo,… a mar?
- Ya, continua, vamos sair! - exclamou André. Lá seguiram, os três jovens pelo túnel que se ia tornando cada vez maior: - Já vejo uma luz, estamos quase! - incentivou Phyllis.
Apressados e incentivados pela perspetiva de ar puro, foram sair numa das margens do Tejo,
no meio do lamaçal. - Onde raio é que estamos? - disse André, a pensar na sua mota. - Está muito escuro! - É de noite, criatura! Estamos nas margens do Tejo. Deve estar maré vazia. Bora, vamos lá para cima. - Informou Patrícia, apontando para uma subida. Treparam até ao passeio, perto de onde se situava o MAAT: Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia. Estranharam. Aparentemente o sismo não se tinha sentido à superfície. A cidade continuava na sua azáfama normal. - Olhem o Castelo! Temos que arranjar maneira de ir para lá! - desesperou André. - Tenho de ir buscar a minha mota. - Sim. Depois podemos ir comer qualquer coisa. Estou cheia de fome! - disse a Phyllis. - Boa ideia! – concordou a Patrícia. Entretanto, surge um tuk- tuk. - Ah, salvação! Senhor, senhor! - chamou o André. - Para onde querem ir? - perguntou o rapaz do tuk-tuk. - Para o Castelo! – respondeu o André decidido. - Então, bora! - disse o rapaz. Pelo caminho, até ao castelo o rapaz foi alegrando-lhe o caminho dissertando algumas quadras populares. A treze temos Santo António A vinte e quatro São João A vinte e nove São Pedro Tudo com animação.
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As autoras
“Foi uma experiência interessante e divertida.” Amanda de Oliveira
“Fazer parte da criação do Poeta do Tuk-tuk foi uma experiência inesquecível, onde as palavras ganharam vida e descobri o meu gosto pela escrita. Permitiu-me conhecer pessoas fantásticas, estimular a criatividade e deu-me memórias incríveis, que trarei para sempre comigo.” Diana Pereira
“A experiência do workshop de escrita criativa foi espetacular, conheci pessoas novas e desenvolvi a minha criatividade com elas. Foi muito enriquecedor.” Mariana Serôdio
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O Poeta do Tuk-tuk foi o resultado final do workshop de escrita criativa “Da palavra ao texto, do poema à canção”, que decorreu na Casa da Juventude em agosto de 2019. Partindo da escolha de uma imagem, as participantes escreveram uma palavra, a qual deu origem a uma frase, um acróstico, caligramas, tautogramas, poemas fenda, cadavre exquis gigantes e posteriormente à construção de uma personagem. O desenvolvimento das personagens proporcionou um encontro entre as mesmas e a produção do texto escrito a três mãos, com sugestões de percurso e de resolução, tiradas de dentro de uma bolsa com várias possibilidades, sempre que a história se encontrava num impasse. Foram produzidos livros artesanais individuais com os trabalhos realizados e um coletivo para memória futura que ficou na Casa. No final houve um acantonamento na Casa da Juventude onde se partilharam poemas, canções, pizzas e muitas gargalhadas. Em 2020, no âmbito do Clube de Desenho, surgiu a ideia de ilustrar a narrativa criada para a dar a conhecer ao público em geral.