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INIMIGA OCULTA

INIMIGA OCULTA

Chegou sem mostrar o rosto, carregando em sua escura mala uma variedade de pesados sintomas como: dores de cabeça, dores pelo corpo inteiro e desânimo. Arranhou minha garganta e sem título de propriedade nem contrato de aluguel, instalou-se em mim como um caminhante se instala numa tapera a beira da estrada... E, o pior, fechou as duas janelas do meu nariz, deixando apenas uma pequena fresta para que o ar entrasse com uma dificuldade danada.

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Já faz um mês e essa macabra figura nada de fazer retirada! É tanto medicamento, chá disso ou chá daquilo e não consigo combatê-la. As vezes penso que ela tomou vergonha, recolheu suas tralhas... resolveu desaparecer, procurar outro abrigo, mas qual a minha surpresa? No meio da noite, ela se manifesta, me desperta causando aquele desagradável “cof cof” e um chiado que mais parece uma sirene de ambulância, que me traz um desespero, um ódio que nunca pensei capaz de sentir.

Não gosto de violência, porém, eu juro que se esse ser horroroso tivesse corpo, tivesse rosto e se apresentasse na minha frente, seja a paulada, facada ou revólver, eu a mataria sem dó e sem piedade. Alegaria legítima defesa, iria para o banco dos réus e acho que o júri me daria absolvição, pois era a minha vida ou a dela.

Agora está esbravejando, me obrigando a parar com o meu desabafo, me torturando, colocando em meu peito aquele incomodo “rim rim”... Sinal que o “cof cof” começará novamente. Socorro, socorro! Sai de mim, GRIPE MALDITA

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