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A INVISIBILIDADE DAS PESSOAS

A INVISIBILIDADE DAS PESSOAS

Vou falar aqui de um assunto estranho: A invisibilidade das pessoas.

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Como? Invisibilidade? Sim, é exatamente a esta conclusão que eu cheguei, depois de analisar algumas situações estranhas que aconteceram comigo. Algumas pessoas que hoje vejo na rua, simplesmente já passaram por mim nas mesmas ruas, certamente durante muitos anos e eu não as via. Como eu podia ter convivido com estas pessoas durante mais de 20 anos numa cidade relativamente pequena e não conhecê-las? Como podia nunca tê-las visto em alguma rua?

Aí me perguntei o porquê disto. Simplesmente porque eu não as conhecia, não sabia quem eram, não sabia como elas eram. Então percebo que nosso cérebro é, de certa forma, muito estranho e bem parecido com um computador. Como não havia nenhum arquivo de dados gravado sobre a tal pessoa estranha, ele simplesmente não a via, ou melhor, não a reconhecia, não a destacava entre os milhares de transeuntes. Ou seja, nosso cérebro precisa de dados específicos, de detalhes que tornem uma pessoa especial entre muitas. Precisa de dados comparativos, para localizar especificamente esta pessoa no tempo e no espaço e torná-la especial, para que a grave em seus arquivos, lhe dê um nome, atribua a ela características físicas, qualidades específicas. E então compare-a com dados agradáveis ou desagradáveis, atitudes que classifique como qualidades ou defeitos, emoções boas ou ruins que lhe tenham provocado e definir então se gosta ou não daquela pessoa.

Será que seguindo por este caminho, chegaríamos ao que definimos por ”Amar” uma pessoa? Mas, em se tratando de uma área tão delicada como o amor, eu prefiro parar por aqui. Parece complexo, mas acho que isto tudo, abordado aqui de maneira bastante tecnológica, já foi dito de uma maneira bem mais simples e poética (ou não foi simples para quem não o compreendeu) por Antoine de Saint Exupéry em sua obra O Pequeno Príncipe. Especialmente quando o Pequeno Príncipe conversa com a raposa sobre cativá-la, e afirmava que a partir daquele dia ela já não seria uma raposa comum, mas uma raposa única no mundo.

Com certeza, depois desta conclusão, tentarei ser sempre, de alguma forma, muito especial para qualquer pessoa que eu encontrar numa rua qualquer da cidade.

Quem sabe eu cative as pessoas e assim elas me vejam, seus cérebros me destaquem entre muitos.

E para elas eu passe a ser especial e única.

Então, para estas pessoas, eu deixarei de ser Invisível, pois elas já me conhecerão.

E para elas eu passe a ser especial e única.

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