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QUANDO VOLTARES
QUANDO VOLTARES
Quando voltares não sei se encontrarás alguém à espera, ou então, se me encontrares, seja noite ou seja dia, seja Outono ou Primavera, olha bem meus olhos, olhos tristes, de cego profundo sem cão guia, que já nem sabe bem se tu existes. Quando voltares, não tragas desculpas em farrapos urdidas no desespero da solidão, lança fora andrajos, rasga os trapos que se enrolam no novelo que cobre esse teu coração feito de pedras de gelo. Quando voltares não rastejes, não supliques para regressares ungida dum falso arrependimento. Eu nunca pedirei para que fiques porque o amor que tinha, em demasia, perdeu-se num minuto, num momento, certo dia. Quando voltares não contes tua vida em tom de mágoa, nem deixes cair a gota de água dos teus olhos de mentira. Se tiveres coragem, se ousares, é uma página da vida que se vira nesse preciso momento, nessa hora. Se voltares, vai-te embora.
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