Rompe mato -revista virtual de arte contemporanêa

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9 - Da curadoria e seleção 11 - Editorial 12 - Marcelo Kammer, São Paulo - SP 18 - Caru Leão, São Paulo - SP 20 - Augusto Silvas, Rio de Janeiro - RJ 24 - Ana Klaus, Rio de Janeiro - RJ

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28 - Lucia Marques, Porto Alegre - RS 32 - Carol Paulovski, Curitiba - PR 36 - Heloisa Silva, Porto Alegre - RS 40 - Tati S. Stitch, Paris - França 44

- Camila Fontenelle, Sorocaba - SP

48 - Kiyomi Hayashi, São Paulo - SP fb.com/CasaRosaEditora | Janeiro 2018


51 - Sheyna Queiros, Lille - França 54 - Thiago Sobral, Maceió AL 58 - Beatriz Lemos, São Paulo - SP 62 - Coletivo S.T.A.R 68 - Fabiana Gomes, Belo Horizonte - MG 70 - Everton Leite, Curitiba - PR 71- Flávio Carvalho 74 - Ingrid Bittar, Rio de Janeiro - RJ 78 - Ingrid Mabelle, São Paulo - SP 82 - Maria Amelia Vianna, Rio de Janeiro - RJ 84 - Hannah Oliveira, Ferraz de Vasconcelos - SP 86 - Marta de La Parra, Madri - Espanha


92 - Manu Lima, Belo Horizonte - MG 96 - Mayara Ferrão, Salvador - BA 98 - Paulo Ricardo, São Paulo - SP 102 - Rafaela Micheloni, Novo Horizonte - SP 106 - Yasmin Alves, Marília - SP

110 - Renata Carvalho, Jundiaí - SP 114 - Sara Alves, Belo Horizonte - MG 118 - Carla Diacov, Itanhaém - SP 122 - Diego Marcell, Curitiba - PR 124 - Leonora Rosado 126 - Mauricio

Vieira, Santo André - SP

135- Isabela Alvez

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DA CURADORIA E SELEÇÃO

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revista digital ROMPE-MATO é um projeto colaborativo, com atuação no espaço virtual e que deseja incentivar a pluralidade e a diversidade da produção de arte contemporânea em seus diversos contextos. Concebida como projeto apoiado pela Casa Rosa Editora, através de uma equipe formada três artistas visuais, Camila Morotti, Mariana Galli e Michelle Mendonça com a orientação conceitual da curadora Beatriz Lemos, ROMPE-MATO pretende a abertura de um novo campo de atuação e reflexão de arte. Considerando corpo, arte e memória como conceitos chaves para a compreensão da arte contemporânea, entendemos-os como constituição de espaços para enfrentamentos, nos quais operam vetores culturais, sociais e políticos e os quais estão inundados de imagens veiculadas, alteradas, manipuladas e produzidas pelos meios de comunicação ou imersos na cultura visual. Desse modo, enquanto artistas conscientes, produtores e consumidores de imagens, estamos a todo momento olhando e sendo vistos, agenciando campos distintos da cultura e da arte, para assim enfatizar, selecionar, destacar ações e intencionalidades, além de sobrepor realidades que ajudam a formar percepções coletiva, territórios nos quais não há neutralidades. O corpo como o lugar de embate desses diferentes poderes

e seus discursos é o ponto de mediação entre interior e exterior, entre público e privado, é o subjetivo e o objetivo, é a ponte. Em algumas produções contemporâneas o corpo é assumido como carne e crítica. Nesta primeira edição, a revista ROMPE-MATO selecionou 15 trabalhos entre 85 artistas inscritos. Obras em colagem, fotografia, desenho e poesia. cujo conceito de corpo age como um desestabilizador de certezas, um corpo que manifesta a solidão do cotidiano, o abandono e o esquecimento nas grandes cidades, mas também um corpo vibrátil e criativo que muda de estado a cada vez que percebe o mundo e é percebido por ele. Diante do risco inevitável do agora, a vida moderna se impõe sobre nós, nossos corpos em relação tão íntimas com as máquinas, compondo “redes entrelaçadas, formando complexos híbridos de carne e metal, que jogam conceitos como natural e artificial para a lata do lixo”, conforme Dora Haraway (2009) se trata de uma nova carne que compõe novas formas de subjetividade, construções ciborguianas de pessoas e máquinas. Nesses espaços onde se compõe novas formas de subjetividade procuramos agir e interagir articulando memórias e narrativas romper barreiras cruzar fronteiras , permitindo o fluxo e a troca através dessas experiências. 9 Equipe Casa Rosa Editora


Colagem digital - Camila Morotti (Mandinga, 2017)

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EDITORIAL ROMPE-MATO é uma revista digital colaborativa, criada pelas atuais administradoras da Casa Rosa Editora. A ideia do projeto nasce do desejo e da emergência de se discutir arte contemporânea, mas também do intuito de promover e dar visibilidade à trabalhos de artistas de diversos contextos. A revista têm como objetivo criar novas estratégias para divulgação e circulação da produção de artistas convidados e selecionados, para além das estruturas institucionais vigentes, através das redes e das possibilidades de trocas por elas acionadas. Assim, a revista Rompe-Mato desenvolve suas ações através das redes e seus dispositivos de comunicação compreendidos por nós como potência desbravadora, promovendo novos esquemas para a circulação de trabalhos diferentes artistas. Em parceria com a Casa Rosa editora a publicação da revista conta com a participação de artistas e curadores convidados, e artistas selecionados pela convocatória, com o objetivo de discutir, divulgar e publicar suas produções. Agenciando práticas desviantes, experimentais e críticas, procuramos criar através da revista um espaço expositivo e experimental para circulação e debate da produção de arte através das redes.

Equipe Casa Rosa Editora

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Marcelo Kammer Marcelo Kammmer (São Paulo-SP) é bacharel em Desenho Industriapela Faculdade de Belas Artes-SP, especialista em Design de Produto pelo Centro Universitário de Belas Artes de SP e atualmente é mestrando em Educação, Arte e História da Cultura pela U.P. Mackenzie. Têm experiência na área de design com ênfase em desenvolvimento de protótipos, atuando principalmente em ensino superior (orientações de TCC), design industrial, produtos para área médica (ortopedia), inovação e gestão de design.

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Pernas(fotografia digital, 2017)

Se cada sociedade tem seus tipos de máquinas, é porque elas são o correlato de expressões sociais capazes de lhes fazer nascer e delas se servir como verdadeiros órgãos da realidade nascente. Cada tecnologia suscita questões relativas à sua consciência enunciativa específica que, em última instância, se articula com a produção discursiva de uma sociedade num determinado momento”. Parente, 1993, Pag. 15 “O corpo protético, o corpo com função de sujeito técnico (ou melhor, que se tornou técnico) não tem apenas importância operativa, não se coloca somente a serviço da necessidade de nos

tornarmos mais eficazes em relação ao nosso desempenho no ambiente. Hoje em dia, o corpo protético tornou-se um formidável instrumento de conhecimento da realidade em todas as suas articulações, sem excluir sua própria realidade”. MALDONADO, 2012, Pag. 123 A série “Pernas” emerge da possibilidade de expansão do meu corpo a partir da técnica, me conectando a uma nova possibilidade de observar a realidade que participo, seja como ator ou observador. Existe quase que um consenso quando se classificam os artefatos, metaforicamente como próteses, extensões sensoriais

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e extra-sensoriais de nosso organismo. Estas extensões, de fato, ampliam e nos conectam. Desenvolvi, a partir de uma nova lente, um modo de observação espontânea de pessoas em diversos contextos, incorporando ao meu corpo o meu primeiro Smartfone. Antes da tecnologia possibilitar o registro de momentos cotidianos, não seria possível este tipo de registro de olhar, talvez o olhar captasse a imagem, porém a memória editava e descartava a própria imagem, deixando a lembrança evanescer. As imagens desta série, foram capturadas sempre num ponto de vista distante do ponto de vista mais comum, na altura dos olhos. Observar e registrar fora de meu campo natural de olhar, me fez desenvolver este exercício de composição visual, carrega-

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do de significados. Os elementos compositivos se constituem a partir do chão e se encerram sempre na linha de cintura, limitando um campo regular. Lugares que frequento, como museus, galerias, transporte público, a rua, passam a despertar novos interesses e conectam novas ferramentas de memorização. O dinamismo das linhas dos pisos, as texturas e as diferentes posições das pernas se constituem como elementos compositivos. O olho captura e o cérebro codifica imagens em tamanhos mínimos que quando se ampliam, evidenciam detalhes que não foram percebidos inicialmente. Corpos sem rosto. Fragmentos de estilo, tamanhos, profissões, cotidianos registrados e desconectados de sua origem podem construir novos personagens em meu imaginário.


Pernas( fotografia digital 2017)

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Pernas(fotografia digital 2017)

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Pernas (fotografia digital 2017)

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Caru Leão Artista visual(1982,São Paulo-SP) interessada em dança,fotografia e performance, corpo e gênero são conceitos explorados em seus ensaios e projetos fotográficos. https://www.facebook.com/caruleao/

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Sem tĂ­tulo( fotografia digital 2017)

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Augusto Silvas Rio de Janeiro - RJ

Augustos Silvas é artista visual e estudante da UFRJ, tem interesse na produção de imagens que abordam questões referentes a nudez, gênero e negritude. Tal como um voyer o leitor é convidado a refletir sobre a eroticidade de corpos marginalizados, gordos, negros e trans. Vêm desenvolvendo seus projetos de ilustrações através do site Atro Visual criado em novembro de 2015, para refletir, debater e dar visibilidades as questões de (re)existência e empoderamento feminino e LGBTQ+. https://atrovisual.wordpress.com/ 20 fb.com/CasaRosaEditora | Janeiro 2018


Sem título(ilustração digital, 2017) 21


Sem título (ilustração digital 2017) 22

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Sem título(ilustração digital, 2017) 23


Ana Klaus

Rio de Janeiro - RJ Ana Klaus é arte educadora formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, performer e arte terapeuta, Utiliza a performance como lingaugem em seus processos de criação que tem como principal eixo as experimentações que do corpo e seu diálogo com o espaço-tempo, destacando questões existenciais e autobiográficas.

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Corpo-flor(fotografia digital 2017) 25


Corpo-folha (fotografia digital 2017)

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Corpo-terra( fotografia digital2017)

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Lucia Marques Lucia Marques(1993,Porto Alegre-RS) bacharel em História da Arte pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pesquisadora independente, trabalha com a pesquisa e experimentação com fotografia analógica, escrita e colagem.

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Sem tĂ­tulo(fotografia analĂłgica 2017)

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Sem tĂ­tulo( fotografia analĂłgica, 2017)

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Sem tĂ­tulo (fotografia analĂłgica, 2017)

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Carol Paulovski Carolina Paulovski (1987,Curitiba-PR),é artista e curadora da Riviso Gelria de Arte em Curitba, com experiência no mercado de arte local desde 2016, estudante de Licenciatura em Artes Visuais na Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR. Em 2013 participou como artista universitária da primeira edição do CUBIC – Circuito Universitário da Bienal Internacional de Curitiba, onde expôs um de seus trabalhos.

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Fotografia cedida pela artista

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O CONSTRUTIVISMO DE CHROMIEC á um silêncio que habita a obra de Osmar Chromiec que remete a um momento congelado no tempo. Uma arte executada de forma sensível e intuitiva, assim como a personalidade do artista que não se baseou em teorias artísticas para desenvolver suas obras. Utilizando-se da abstração, o trabalho de Chromiec propõe muitas vezes experiências visuais que provocam a ilusão de tridimensionalidade. A técnica sistematizada de sua pintura, executada com precisão, evoca a matemática trazendo diversas possibilidades de combinações entre seus elementos geométricos. A partir de esboços minuciosos o artista explorou diversos materiais e estudou as relações entre formas e cores sem se preocupar com a linguagem narrativa na imagem. Sua pintura é limpa, clara e universal, constituída com elementos puramente plásticos. A racionalidade está presente em suas obras onde linha, cor e plano não pretendem figurar nada, mas sim revelar o que há de mais concreto em uma pintura, os seus elementos formais. As obras apresentadas na exposição pertencem ao acervo da família e se referem ao período de produção

de Chromiec entre 1974 e 1982 onde é possível analisar sua trajetória no desenvolvimento de trabalhos com a abstração geométrica. Osmar Chromiec (1948-1993) nasceu em Curitiba –PR. No Museu Alfredo Andersen iniciou sua trajetória artística sendo orientado por Janete Fernandes. Apresentou uma conceituada trajetória artística participando de várias exposições em salões de arte, bienais, museus e galerias onde recebeu inúmeras premiações. Foi uma figura engajada na cena artística curitibana, sendo um dos sócios da Associação dos Artistas Plásticos do Paraná - APAP-PR. Chromiec negou o modelo da Academia presente na produção artística da capital paranaense em 1970, trabalhando com a abstração geométrica e trazendo novos elementos para a pintura na capital. Foi um artista puramente instintivo que se utilizou da percepção e das experiências pessoais para desenvolver seu trabalho. Possui obras em diversos acervos de instituições culturais como MON – Museu Oscar Niemeyer, Museu de Arte Contemporânea – MAC-PR e Fundação Cultural de Curitiba. 33


Foto cedida pela artista.

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Pintura (acrĂ­lica sobre tela)-

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Heloisa Silva Porto Alegre - RS

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onheci a poesia, muito nova, na escola, e em alguns livros em casa, e ela fez-se presente desde sempre, como uma amiga imaginária cheia de vida. Foi quando li um poema, um lambe-lambe no poste, é que uma enxurrada de memórias veio à tona. Leia logo, é como drop’s prazeroso dentro de um amortecido cotidiano, um presente para uma cidade com seu pulsante criativo transbordando, mas com quase nenhuma via de expressão, e por isso que ver estes poemas na rua, é intervenção, é ocupação, é navegar pela terceira margem simbólica da imaginação, da poesia. O projeto Leia logo é um projeto independente que dá voz a vários poetas locais ou de outras cidades. Procuramos causar um ruído no cotidiano das pessoas de uma forma positiva... Por exemplo: uma senhora que está indo ao trabalho sem muitas motivações, ler poesia na parada do ônibus pode despertá-la um sorriso. Fazemos intervenções em espaços urbanos a fim de atingirmos todas as pessoas. Além

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do projeto de poesia que circula nas ruas e no facebook, promovemos Ocupações Poéticas em praças e tornar o espaço de forma democrática e onde juntamos várias forças culturais em nossa cidade: rola troca de livros, exposições fotográfica, música, sarau de poesia, artesanato e economia solidária. Além dessas atividades, atuamos em oficinas de poesias em escolas e já participamos de ocupações nas escolas e semana dos direitos humanos. Tivemos um grande visibilidade da mídia, saímos na Zero Hora, como um dos 10 melhores projetos de lambe lambe do Brasil, Diário Gaúcho, Radar, OctoTV, rádio unisinos, jornais locais, blogs e achamos incrível pois isso desperta outras pessoas a se mobilizarem. Acreditamos que não podemos mudar o mundo, mas as pessoas ao nosso redor, somar positivamente é maravilhoso! Pretendemos ano que vem lançar livro com as poesias compartilhadas na nossa página no Facebook e continuar com as atividades!


Fotografia digital (Sem tĂ­tulo, 2017)


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Fotografia digital (Sem tĂ­tulo, 2017) 39


Tati S. Stitch Paris - França

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ati nasceu em 1986 no Cazaquistão, ex-URSS. Desde 2005o foco dela é sobre fotografia e cine-

ma. As obras fotográficas da Tatiana foram exibidas na Galeria Mar, no Centro Winzavod de Arte Contemporânea, Centro de Design de Artplay (Moscou), Casa de las Artes de La Ronda (Quito, Equador). Ela também colaborou com a Fujifilm Rússia no seu projeto fotográfico instantâneo “Staritsa”, que documenta a vida de uma pequena cidade fundada em 1297 e mostra a maioria dos marcos históricos da Rússia. Em outubro de 2012, Tatiana visi-

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tou Pripyat, uma cidade do norte da Ucrânia abandonada após o desastre da planta nuclear de Chernobyl em 1986 para explorar fotograficamente a região impactada. Em 2013, começou uma jornada pelas Américas para o seu projeto de arte “QUERIDO DIOS”. Inspirado em criar enquanto viaja, ela se considera um fotógrafo nómada, cumprindo seus projetos na América do Norte, Central e do Sul, na Ásia ocidental e central, no norte da África. Hoje a Tatiana tem sede em Paris, explorando a Europa Oriental e ocidental. (texto cedido pela Artista e adaptado por Michelle Mendonça)


Sem tĂ­tulo(colagem, 2017) 41


Colagem (Sem tĂ­tulo, 2017)

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Colagem (Sem tĂ­tulo, 2017)

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Camila Fontenelle C

amila Fontenele (São Palo-SP) formada em Comunicação Social , com especialização em Cinema, Tv e Vídeo, seus projetos fotográfico tratam questões referentes ao corpo feminino e sua história de empoderamento, premiada na categoria de fotografia de tema “diversidade sexual pela Universidade de Guanajuato (México).Atualmente participa da exposição “Macs Fora de Casa: Poéticas do Feminino” no SESC- Sorocaba.

Portfólio: www.camilafontenele.com | www.todospodemserfrida.com

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Sem tĂ­tulo(fotografia digital 2017)

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Sem tĂ­tulo(fotografia digital 2017)

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Sem tĂ­tulo(fotografia digital 2017)

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Kiyomi Hayashi Kiyomi Hayashi (1996,São Paulo-SP) Artista visual, com formação em Belas Artes e Design, trabalha como designer mas também é maquiadora e performer na cidade de São Paulo. Seus trabalhos abordam questões relativas a identidade e construção de si, seus trabalhos utilizam elementos autobiográficos, memória e afetos construindo novas narrativas de um corpo que dança entre o real e o ficcional.

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Sem tĂ­tulo(fotografia digital 2017)

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Sem tĂ­tulo (Ffotografia digital,2017) 50 fb.com/CasaRosaEditora | Janeiro 2018


Sheyna Queiroz Sheyna Queiroz (Lille-França), artista multidisciplinar, pesquisadora e administradora de projetos culturais pela Cia of Integrated Arts Architecture of the Ephemeral- VIVRE LA DANSE. O projeto “Escombros de uma casa barco” é interdisciplinar e constrúido sob o conceito de ‘site specific’contou com a participação 4 bailarinas, 3 músicos, um poeta (que escreveu e publicou um livro com as poesias feitas durante o processo de criação), uma artista plástica (que fez uma exposição com as obras realizadas durante esse processo), um criador-vídeo (produziu um videodança com imagens dos ensaios), uma coordenadora geral e eu (diretora artística do projeto). Tal projeto éuma realização compartilhada entre Brasil e Paraguay com apoio da Associação CREAR EN LIBERTAD(Asunción, PY) em 2014. 51


Fotografia de performance co�,

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“Escombro de uma casa bar,2014)

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Thiago Sobral Thiago Ribeiro Sobral ( Maceió- AL), especializado em fotografia de arquitetura,têm interesse especial pela fotografia documental vêm participando de editais e exposições de arte contemporânea, em exposições coletivas no Brasil e na cidade de Porto em Portugal. Seus projetos fotográficos retratam pessoas e suas moradias, expandido e fundindo o conceito de corpo e lugar , joga com cores e geometrias da cidade, lugares históricos e seus embates, sua composição expõe sentidos de pertencimento, identidade e nacionalidade.

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Fotografia digital (Brasilidades 1, 2017)

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Fotografia digital (Brasilidades 1, 2017)

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Fotografia digital (Brasilidades 2, 2017)

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Beatriz Lemos Beatriz Lemos (1981, Rio de Janeiro) Curadora e Mestre em História Social da Cultura pela PUC-RJ, membro do comitê de indicação do Prêmio Pipa 2016, administra a plataforma Lastro Intercâmbios Livres em Arte através da qual articula projetos e promove o intercâmbio entre artistas de diferentes países da América Latina. Ministrou oficina para o Núcleo de Artes Visuais do Sesi- Pr em 2017 em parceria com os curadores e pesquisadores Ricardo Basbaum e Ana Rocha, atualmente participa do Centro Cultural Oswald de Andrade (SP), ministrando oficinas e projetos curatoriais.

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Fotografia disponível em http://eavparquelage.rj.gov. br/curador-visitante-2016/

residência artística Travessias Ocultas – Lastro Bolívia aconteceu entre os meses de dezembro de 2016 e janeiro de 2017 e se configurou em uma viagem pelo território boliviano. A partir de Santa Cruz de La Sierra, passando por Samaipata, por La Paz e por um período no Lago Titicaca, mais precisamente na Isla del Sol, a residência coletiva e autônoma contou com a participação das artistas brasileiras Denise Alves-Rodrigues, Fernanda Porto, Isadora Brant, Jonas Van Holanda, Júlia Franco Braga, Laura Berbert e Patrícia Araujo, da artista suíça Valentina D’Avenia e das curadoras Beatriz Lemos e Catarina Duncan. Com o objetivo de cruzar fronteiras e, assim, diminuí-las, as artistas e curadoras se encontraram pelo interesse comum por construções de narrativas não ocidentais, pela busca das ancestralidades e dos

conhecimentos provindos do oculto e pela necessidade de praticar e spiritualidade e política no cotidiano. Percebe-se uma presença, ainda tímida, mas crescente, de práticas ancestrais nas sociedades urbanas contemporâneas. Nesse contexto, a Bolívia apresenta a multiplicidade dos pensamentos dos povos originários por meio de ensinamentos diários, atiçando questionamentos sobre formas de resistência e atuação micropolítica. A residência se firmou na urgência de uma total abertura de caminhos, uma ode para que os corpos de mulheres cis, corpos de pessoas trans, corpos lésbicos e corpos heterossexuais tenham livre trânsito no mundo e na América Latina. À experiência de viagem somou-se a continuidade dos encontros como grupo de estudos e, após um ano, a residência 59


é materializada em uma exposição organizada por equipes, conscientemente, só de mulheres. Sediada no bairro do Bom Retiro, onde há grande concentração da comunidade boliviana em São Paulo, a mostra faz alusão direta a referências andinas, tanto pela perspectiva das artistas residentes quanto pelas trocas com interlocutorxs bolivianxs no Brasil e na Bolívia. Para tanto, a expografia e identidade visual evocam uma dimensão labiríntica semelhante à feira ao ar livre da cidade de El Alto e aos padrões gráficos da arquitetura neo-andina. Os trabalhos reunidos, idealizados durante a experiência de trânsito, derivam de pesquisas desenvolvidas em solo boliviano e se localizam em um universo comum de adivinhação, de criação fantástica, de rituais, oráculos, jogos, mapas e calendários. Foram postos em prática estudos sobre a cosmovisão andina e o contexto político na Bolívia atual,

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ativando, assim, memórias individuais e coletivas. A coexistência de diferentes estruturas temporais nesse país andino nos auxilia na desautomação do pensamento hegemônico e, consequentemente, na ruptura com os padrões adotados, permitindo uma reflexão acerca do processo ocidentalcolonizador que nações como o Brasil e a Bolívia têm como história. Com uma programação complementar de cursos, palestras, apresentações de dança e música, ações comunitárias e uma feira-festa de abertura, além da escolha por todo conteúdo bilíngue, o ensejo do projeto parte da compreensão das confluências e contradições proporcionadas pela forte presença da cultura boliviana na cidade de São Paulo – uma das mais populosas e ativas comunidades na cidade, que conta com quase 200 mil pessoas. Travessias Ocultas – Lastro Bolívia é dedicada a todas as imigrantes e os imigrantes que resistem, a cada dia, nesta cidade.


Lastro é um substantivo, é por definição peso que se coloca no fundo de uma embarcação, para lhe dar equilíbrio sobre as águas. A Lastro Intercâmbios Livres em Arte, é pesquisa e ao mesmo tempo proposta curatorial, é o percurso e a também viagem , é divergir é ir além dos eixos. Enquanto plataforma e pesquisa organizou-se em um trajeto de 10 anos, deslocou-se no espaço , fez-se presente na fluidez , no entre o ir e vir, de artistas e curadores cujo desejo de participação ativaram redes artísticas compondo novos mapas de criação e troca.

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Coletivo S.T.A.R Coletivo S.T.A.R, é uma plataforma artística que nasceu do encontro de dois artistas Adriana Tabalipa e Roderick Steel, cuja proposta colaborativa nasce do desejo de pesquisa e criação, desse modo se faz através da escuta e da experimentação desbravando espaços e construindo pontes entre os possíveis e imaginados territórios da arte. E fundado em 2012 e seu foco pricipal está em desenvolver trabalhos de performances-rito, foto-performances e filmes experimentais. Desde então tem participado de mostras e festivais, nacionais e internacionais. Seus trabalhos aludem a processos de Arte-vida. Energia, afeto, reflexão e transcendência geralmente fazem parte de suas proposições que manifestam potências poéticas no território da Arte. Trabalhando com parcerias transdiciplinares e vários colaboradores cabe destacar os fundadores a artista visual Adriana Tabalipa e o cineasta e artista visual Roderick Steel. 62 fb.com/CasaRosaEditora | Janeiro 2018


Fotografia disonível em https://www.facebook.com/adriana.tabalipa

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driana Tabalipa (1972, Curitiba-PR), Nascida em Curitiba e radicada no Rio de Janeiro vive e trabalha atualmente entre estas duas cidades. Artista visual, performer, gravadora, pintora, desenhista e livre pensadora. Iniciou sua trajetória no final dos anos 80. Participou de inúmeras mostras coletivas e individuais, nacionais e internacionais. Entre elas The End Factory Project, Fundacion Valenzuela Y Klenner, Bogotá, Colômbia. O objeto: anos 60/90 cotidiano,arte, Instituto Cultural Itaú , São Paulo SP e MAM -RJ. Layers of Brazilian Art, Faulconer Gallery, Grinnell,Iowa, USA. Palmo quadrado, Museum of Latin American Art, Long Beach, Califórnia,USA. Arte Brasileno de Hoy, Sala de Armas, Ciudadela.Pamplona, Espanha. Arte Jovem del

Brazil, Galeria Rafael Ortiz, Sevilla, Espanha. Colheu diversos prêmios e tem seu trabalho representado em importantes coleções públicas e privadas. Como a de Gilberto Chateaubriand no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Uma de suas mais recentes individuais “ The End Factory Project” teve curadoria do curador Colombiano Santiago Rueda e itinerou por várias capitais. Seus trabalhos revelam objetos e lugares cotidianos com referência direta na relação entre eles e o corpo humano bem como a energia existente nestas relações. Funda em 2012 com o artista e cineasta Roderick Steel o coletivo S.T.A.R no qual vem desenvolvendo trabalhos de performance-rito e filmes experimentais junto com outros integrantes e artistas convidados participando de mostras e festivais.

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Fotografia disponível em

http://altav.org/roderick-steel/

oderick Steel (Rio Grande do Sil-RS) Artista multimídia formado em cinema pela Universidade de Boston, com mestrado em Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicação e Arte (ECA-USP). Seus trabalhos partem da experimentação visual e da pesquisa em fotografia

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expandida e audiovisuais, abordando de modos diversos os conceitos de imagem e corpo e os conflitos entre corpo-ritual e corpo-digital.


PEIXE- stills “Cruz brana em terra preta” 2017 65


PEIXE0-stills - “Cruz branca em terra preta” 66 fb.com/CasaRosaEditora | Janeiro 2018


PEIXE-stills “Cruz branca em terra preta”

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Durante a trajetória do Coletivo S.T.A.R, o encontro e a escuta foram como vetores ativadores de experimentações e trocas diversas com artistas e lugares, que levaram –nos a percorrer os interiores nacionais como a cidade de Conceição de Mato de Dentro (MG) às acelerada metrópole como Bogotá (Colômbia), Santiago(Chile), Madrid (Espanha), Rio de Janeiro e Porto- Alegre. Nesses caminhos, nos quais os encontros com artistas sonoros , performers e do cinema, se fizeram possíveis e geraram um extenso material audio-visual composto em vídeo-performances, curtas e longa-metragens. Tais coletivo temporários, dedicados a ativação afetiva de lugares, tempos e artistas, submeteram-se à uma imanência receptiva e transmissiva conforme acepção deleuzianda de “contaminação afetiva”.Movendo-se sobre esse estado de criação, no qual cada corpo se torna revelador do tempo, um tempo mais lento conforme Deleuze, um tempo que transforma corpos e espaços em zona experimentais, em devires... Destacam-se nesse trabalhos as questões de corpo-ritual e performance rito, em “Cruz Branca em Terra Preta”, os artistas partem de registros documentais de eventos reais em um cemitério em Conceição de Mato de Dentro (MG) , para nos apresentar uma mitologia construída há mais de cem anos sobre um descendente de africanos escravizados chafb.com/CasaRosaEditora | Janeiro 2018


De acordo com a lenda local, “Peixe” foi encontrado morto com um diamante enorme nas mãos, restituindo a pedra preciosa à seu dono. Como forma de recompensa por seu ato, Peixe foi enterrado no cemitério ao lado do Senhor e família, rompendo com um ciclo no qual os corpos dos escravizados eram abandonados arbitrariamente pelas redondezas. Em volta do cemitério foram construídas 200 casas, habitadas por parente durante o jubileu de São Miguel Arcanjo e às Almas em agosto. Nessa época do ano, a capela, o cemitério e as casinhas são cuidadosamente caiados de branco, suas portas e janelas pintadas de azul para receber centenas de romeiros. Em formato de narrativa documental, a obra mescla performances presenciais, intervenções artísticas, possesão espiritual e passagens ficcionais, parar criar camadas de inter-relações entre tempos e espaços diferentes, cada um intervindo no outro através de três canais de vídeo, montados verticalmente para compor uma torre. A obra documenta o artista performer do filme Rodrigo Marques, durante residência artística no “Cemitério do Peixe”. Testemunham conversas entre Rodrigo e moradores da região enquanto discutem o mito “do escravo Peixe”. Rodrigo que mora na periferia de Belo Horizonte, cria pontes entre a história do Peixe e a situação do negro na sociedade brasileira atual. Ele convida os moradores a repensarem a mitologia local, dentro


Flávio Carvalho Arista visual pesquisador de novas mídias digitais, empreendedor cultural, e designer. Participou de exposições coletivas em Curitiba, Berlim, Paris, Nova York, Madrid e Toronto. Atualmente é curador-embaixador da Subli_me – The Worng – New Digital Art Biennale –Curitiba. http://thewrong.org/ https://www.facebook.com/TheWrongSP/ https://www.facebook.com/thewrongsublime

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Foto disponĂ­vel em: https://www.facebook.com/flaviocarvalho.flvz


Sublime

The wrong New Digital Art Biennale http://subli-me.org/

O evento contou com a participação de 10 artistas nacionais e internacionais, cujos trabalhos foram expostos através de um site on line e uma exposição presencial no espaço da Galeria Airez em Curitiba, até dia 31 de janeiro de 2018. Durante esse período serão promovidos workshops e palestras. Na exposição online é possível conferir os trabalhos de Leandro Catapam (BRA), Sayuri Kashimura (BRA), Guilherme Zawa(BRA), Hebert Baioco (BRA), LiveNoiseTupi (BRA), Dina Karadžić (CRO), Adam Pizurny (CZE), Mattis Dovier (FRA), Looping Lovers (GER) e Connor Sherlock (CAN

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Fabiana Gomes

Belo Horizonte - MG Artista-pesquisadora, produtora cultural e Mestre em Gestão da Indústria Cinematográfica pela Universidade Carlos III de Madrid (2011). Bacharel em cinema pela universidade Estácio de Sá (2009), Pós graduada em Engenharia Sanitária pela UERJ (2003) e Tecnóloga em Controle Ambiental pelo CEFET-RJ (2001). Tem experiência na área de artes e produção de projetos culturais.

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Sem tĂ­tulo (fotografia digital,2017)


Everton Leite Curitiba - PR

Everton Leite Cardoso (1994,Curitiba- PR). Artista visual com formação em Licenciatura em Artes Visuais pela Faculdade de Artes do Paraná (UNESPAR), com especialização em Poéticas Visuais pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, participou como artista universitário do Circuito Universitário da Bienal Internacional de Curitiba de 2015. Foi selecionados pelos editais de exposição Novas Poéticas e do Circuito de Galerias pela Bienal de Curitiba de 2017 pela Galeria Airez, atua também como curador e propositor de projetos independentes. Gerencia a página Linhas Coletivo.

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Ă lbum de figurinhas(fotografia digital 2017)


Ă lbum de figurinhas(fotografia digital, 2017)

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Ă lbum de figurinhas(fotografia digital, 2017)


Ingrid Bittar

Rio de Janeiro - RJ Imersa em questões do universo familiar , do íntimo, e do privado, iniciou sua produção em 2012 com colagem, técnica através da qual desenvolveu e amadureceu elementos chave do seu trabalho. Em 2015 o trabalho se desdobrou para o bordado e técnicas mistas e em 2017 para a aquarela. Formou-se em Desenho Industrial pela PUC-Rio em 2013 e complementou sua formação com cursos na EAV do Parque Lage ao longo dos anos. Em 2014, foi selecionada para o 89plus sediado no MAM-Rio, organizado por Hans Ulrich Obrist e Simon Castets, no mesmo ano seu trabalho se tornou parte da coleção Gilberto Chateaubriand e do acervo permanente do MAM-Rio, tendo sido incluído em duas exposições no museu; “Novas Aquisições 2012 – 2014” e “Ver e Ser Visto”. Em 2016 foi indicada para o Prêmio PIPA.” (texto cedido pela artista) site: www.ibbritta.com página no facebook: www.facebook.com/brittabittar instagram: @ingridbittar 74 fb.com/CasaRosaEditora | Janeiro 2018


Aquarela (Poisoned, Série War in a Garden Scale, 2017)


Colagem (Brand New Abyss Baby, Série Abismo, 2017)

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Colagem (Bush, SĂŠrie Abismo , 2017)

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Ingrid Mabelle Ingrid Mabelle (1996, São Paulo-SP) tem formação em Comunicação Social, têm experimentado as possibilidades de criação com especial interesse pela fotografia e pela imagem em movimento, utilizando-se da colagem como principal procedimentos para a composição de imagens, criando uma narrativas através da sobreposição de espaços e tempos, do ontem de nossa história coletiva e o agora. Participou de exposições coletivas de vídeo no Sesc Paço da Liberdade em 2017 e têm trabalhos publicados e revistas de arte contemporânea nacionais e internacionais.

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Colagem (Sem tĂ­tulo, 2017)


Colagem (Sem tĂ­tulo, 2017)

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Colagem (Sem tĂ­tulo, 2017)


Maria Amelia Vianna SĂŁo Paulo - SP

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Fotografia digital (Sem tĂ­tulo, 2017)

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Hannah Oliveira

Ferraz de Vasconcelos - SP

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C

orpos manifestos. Corpos dançantes, desejantes (acima dos postulados Freudianos sobre o desejo) e resistentes se aglomeraram na Avenida Paulista em 13 de novembro de 2017. Esses corpos-mulheres ou mulheres-corpos precisaram se colocar no asfalto da maior cidade da América Latina e em outras capitais do Brasil para manifestar sua rebeldia contra os reguladores de úteros de Brasília. Munidos da PEC 181, que regula as questões referente à licença maternidade, 18 homens decidiram por introduzir cláusula a mais, na calada da noite, sobre a legislação do aborto. Nosso lei que já data a década de 40 e que reconhecia o aborto em casos de estupro, risco de vida da gestante e, mais recentemente, em gestações de fetos anencéfalos, sofreu uma tentativa de regressão, tratando o início da vida como o momento da concepção. As tentativas de regulação sobre nossos corpos são diárias, sejam elas de caráter subjetivo ou com força de lei. Mulheres põe-se a abortar, ricas e pobres, todos os dias, com a diferença de que umas em clínicas nos jardins, e outras em verdadeiros açougues de gente.

Assim, colocar nossos corpos oprimidos em movimento e contra os ataques misóginos que sofremos dia após dia é resistência. É resistência concreta e subjetiva. Tirá-los das atividades pré-estabelecidas a nós e colocá-los transeuntes sob nosso desejo é resistir e mudar. O seio que corre aberto em protesto não é o mesmo seio da indústria pornográfica. Os úteros livres que podem decidir quais processos quererá dar continuidade; os corpos que podem decidir com amor, quais nutrientes doará para o que ainda não chegou e alguém não é; e pode decidir ao que servirá de abrigo ou não: esses são corpos resistentes. Esses são os nossos corpos. O fantasma da PEC 181 ainda nos ronda - ela pode ser colocada em pauta na Câmara e se aprovada, pode seguir ao Senado. Mas os corpos desejantes, dançantes, corpos fortes, que não exercem poder - pois qualquer poder é sempre muito triste - e por isso os querem apequenados, regulados e amordaçados, perseveram e se colocam em movimento, hoje e sempre. Resistimos.


Marta de La Parra Marta de la Parra (1987, Madri, Espanha) é artista visual, com formação em Design, estudou cinema em Nova York, e tem cursos diversos na em Artes e Literatura. Seus trabalhos tratam da questão do corpo feminino na sociedade patriarcal, questionando seu poderes sobre nossos corpos e subjetividades, compõem imagens-manifestos, através de afirmações estéticas que geralmente acompanham suas imagens, explorando o pensamento crítico e político através da arte. Vêm participando de exposições coletivas com mulheres artistas em diversos países e têm seus trabalhos publicados em revistas de arte contemporânea no Brasil e na Europa.

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Séire “She”(ilustração com colagem 2017)


T

EXTO SOBRE MEU TRABALHO aka MANIFESTO.

Sou uma fazedora de arte apaixonada por arte em todas as suas formas e, ainda mais, suas interseções. Através de meu trabalho multidisciplinar eu investigo construções de estética e identidade, linguagens, iconografia, simbolismo, herança, questões feministas, ou história da arte, usando formatos diferentes e misturados. Meu trabalho contém o testemunho de minha constante pesquisa, na qual o processo não só é o caminho mas também um aspecto chave para o que o processo gera. Eu dependo da minha arte e da minha criatividade. Acredito firmemente no seu poder. Além disso, confio na arte como a ferramenta crítica mais forte que tenho. Meu trabalho não só é a tangibilização da minha criatividade, mas é também meu instrumento político. A arte nos define, mas também data e contextualiza as coisas que criamos. Minha produção pode ser uma coleção de afirmações estéticas, mas além disso são resoluções políticas e pensamentos críticos. Sempre belos, sempre inspiradores e, ainda assim, sempre críticos, sempre ousados. TEXTO SOBRE MINHAS ARTES aka SHE SERIES [SÉRIE ELA] Meu trabalho gira em volta da estética herdada, e resulta em declarações estéticas de pensamento crítico. Minha arte fala de minhas obsessões,

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dificuldades e preocupações. Revela quem eu sou e como eu sou. Eu espero que ela mexa e inspire outros. Sou uma artista e sou uma mulher e feminista. Acredito que minha série Ela traduz a essência do meu trabalho. A série Ela é uma série de reflexões sobre a representação da mulher, do corpo da mulher, da estética da mulher, da diversidade das mulheres, da história da arte e sua representação de mulheres. Por um lado, essa série é um exercício profundo e reflexivo sobre iconografias e simbolismos da mulher e de feminilidade. Por outro lado, é também uma peça de pensamento crítico sobre mulheridade, definições da mulher e feminilidade. Meu objetivo ao trabalhar com peças de mídias misturadas é gerar um discurso - uma narrativa feminista retomando a mulher e celebrando a diversidade de nossos corpos. Ao recolonizar os nus femininos, eu estou fazendo essa retomada, libertando nossos corpos do olhar masculino, celebrando sua diversidade, focando em nossa força, poder e irmandade, e louvando-os - todos eles - apenas porque sim. TEXTO EXTRA SOBRE MINHAS ARTES aka SHE SERIES - INSIDE [SÉRIE ELA - POR DENTRO] Depois de uma pesquisa online bastante irritante coletando mais imagens do que podia aguentar de mulheres objetificadas, de corpos de mulheres


transformados em uma variedade terrível de fetiches, eu as transformei. As modifiquei, de objetos fetichizados desprezíveis, para ícones femininos poderosos e autogovernantes. Ícones que não só nos retomam como também nos celebram, todas nós.

quem eu sou e como eu sou. Eu espero que ela mexa e inspire outros. Sou uma artista e sou uma mulher e feminista. Acredito que minha série Ela traduz a essência do meu trabalho. A série Ela é uma série de reflexões sobre a representação da mulher, do corpo da mulher, da estética da muDevo frisar, confio na arte como a lher, da diversidade das mulheres, ferramenta crítica mais poderosa que da história da arte e sua reprepossuo. Por isso, através dela eu sentação de mulheres. Por um lado, desejo 1) libertar a mulheridade; 2) essa série é um exercício profundo e nos definir livremente. Diversas. reflexivo sobre iconografias e simboMúltiplas. Diferentes; 3) Retomar lismos da mulher e de feminilidade. nossos corpos; 4) Celebrar a força e Por outro lado, é também uma peça de a diversidade de nossos corpos; além pensamento crítico sobre mulheridade tantas outras coisas. de, definições da mulher e feminiliÉ um texto mais longo do que o que dade. Meu objetivo ao trabalhar com voces me pediu. Eu queria compartir peças de mídias misturadas é gerar com voces o máximo possível. O texto um discurso - uma narrativa feminisde 30 linhas poderia ser: ta retomando a mulher e celebrando a diversidade de nossos corpos. Ao Eu dependo da minha arte e da minha recolonizar os nus femininos, eu escriatividade. Acredito firmemente no tou fazendo essa retomada, libertanseu poder. Além disso, confio na arte do nossos corpos do olhar masculino, como a ferramenta crítica mais for- celebrando sua diversidade, focando te que tenho. Meu trabalho não só é em nossa força, poder e irmandade, a tangibilização da minha criativi- e louvando-os - todos eles - apenas dade, mas é também meu instrumento porque sim. político. A arte nos define, mas tam- Depois de uma pesquisa online bastanbém data e contextualiza as coisas te irritante coletando mais imagens que criamos. Minha produção pode ser do que podia aguentar de mulheres uma coleção de afirmações estéticas, objetificadas, de corpos de mulheres mas além disso são resoluções polí- transformados em uma variedade terticas e pensamentos críticos. Sempre rível de fetiches, eu as transforbelos, sempre inspiradores e, ainda mei. As modifiquei, de objetos fetiassim, sempre críticos, sempre ou- chizados desprezíveis, para ícones sados. femininos poderosos e autogovernanMeu trabalho gira em volta da estéti- tes. Ícones que não só nos retomam ca herdada, e resulta em declarações como também nos celebram, todas nós. estéticas de pensamento crítico. Minha arte fala de minhas obsessões, dificuldades e preocupações. Revela


Série “She”(ilustração e colagem 2017) 90 fb.com/CasaRosaEditora | Janeiro 2018


Série “She”(ilustração ecolagem 2017) 91


Manu Lima

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Mixed art (Sem tĂ­tulo, 2017) 94 fb.com/CasaRosaEditora | Janeiro 2018


Ilustração e fotografia (Sem título, 2017)

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Mayara Ferrão Salvador - BA

Mayara Ferrão (1993,Salvador-BA) Artista visual com formação na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), mora em Salvador e trabalha para Instituto do Patrimônio Histórico e cultural da Bahia, tem sua produção poética voltada para o desenho para as relações entre corpo, negritude e ancestralidade na cultura yorubá no Brasil.

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Paulo Ricardo SĂŁo Paulo - SP

Instagram: www.instagram.com/paulo_tertuliano_oliveira/?hl=pt-br www.instagram.com/crise_producoes/?hl=pt-br Facebook: www.facebook.com/paulo.ricardo.75470

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Fotografia digital (Sem tĂ­tulo, 2017)


Fotografia digital (Sem tĂ­tulo, 2017)

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Fotografia digital (Sem tĂ­tulo, 2017)


Rafaela Micheloni Rafaela Micheloni (1995. Novo Horizonte-SP) tem formação em Artes Visuais pela pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas.Participou de exposições coletivas com mulheres artistas , têm seus trabalhos publicados e revistas de arte contemporânea nacionais e internacionais. www.rafaelamicheloni.carbonmade.com

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Colagem (Sem tĂ­tulo, 2017) 103


Colagem (Sem tĂ­tulo, 2017)

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Colagem (Sem tĂ­tulo, 2017)

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Yasmin Alves MarĂ­lia - SP

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Colagem (Sem tĂ­tulo, 2017) 108 fb.com/CasaRosaEditora | Janeiro 2018


Colagem (Sem tĂ­tulo, 2017)


Renata Carvalho JundiaĂ­ - SP

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Fotografia digital (Sem tĂ­tulo, 2017)


Fotografia digital (Sem tĂ­tulo, 2017)

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Fotografia digital (Sem tĂ­tulo, 2017)

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Sara Alves Artista visual pela UFMG, mora em Belo Horizonte, têm suas investigações poéticas orientada pelo interesse nas interações entre música e imagem nas artes visuais, em especial na video-arte e na fotografia. Participa de exposições e mostras coletivas de arte e é integrande do grupo TARDATARDE. www.facebook.com/tardatarde

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Séire “Sara Não tem Nome” (fotografia 2017)


Séire “Sara Não tem Nome” (fotografia 2017)

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Fotografia disponivel em https://www.facebook.com/sara. ntn.121

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Carla Diacov Carla Diacov(São Bernardo do Campo, 1975) Artista e escritora, com interesse em literatura, poesia , teatro e artes visuais, teve seus livros publicados em Portugal e no Brasil. Publicações: Amanhã Alguém Morre no Samba (Douda Correria, Portugal, 2015), A metáfora mais Gentil do Mundo Gentil, (Macondo Edições, Juiz de fora, 2016), Ninguém Vai Poder Dizer Que Eu Não Disse (Douda Correria, 2016), bater bater no yuri (livro online pela Enfermaria 6, 2017), A Menstruação de Valter Hugo Mãe (editado pelo escritor português, no projeto não comercial Casa Mãe, Portugal, 2017), Amanhã Alguém Morre no Samba (a ter edição brasileira pelas Edições Macondo), Dois Pontos Pescoço X Sobreviventes (a ser lançado pela Editora Urutau). instagram DIACOVCARLA desta gaveta nichosdamortaquasemenoria.blogspot.com 118


canja em expansão o ódio o amor ainda que nada nada em água em expansão um banheiro em pleno ódio onde jaze teu rosto quando fundo aqui um amor cheio de ódio o banheiro no ódio você na banca de jornais eu a ronronar alhos curry no banheiro ódio e preces um banheiro para o ódio que o ódio que se come cru abrir um banheiro para o ódio ao ódio tudo porque o ódio busca toda a satisfação o gosto de tudo você na banca de jornais eu na briga onde espero por ti temperos gosto receitas um deus faria o mesmo eu sei pois deus faria o mesmo e fez você na banca de revistas com ornatos para interiores um banheiro todo para o ódio que te espera há anos há gerações afio os punhos empunho a faca como cortar um ovo meu deus do céu dos interiores enquanto o jornaleiro faz lucro faço banheiro quem nunca jesus maria e josé esfaqueou uma galinha morta na pia borrada de creme dental não sabe o que é o ódio de um amor tão macio suculento quem nunca meteu alhos pelos furos na bendita quem nunca escorregou junto do choro da baba quem nunca se machucou num tanto amor quem nunca morreu no banheiro cravado no ódio da espera amor quem nunca leu nesses olhos a manchete ordinária quem nunca amolou um garfo nos dentes do todo ódio tamanho banheiro em pleno ódio preces um banheiro na cozinha em pleno ódio amor em expansão se esse banheiro fosse um cofre se todo meu ódio fosse esse ladrão fb.com/CasaRosaEditora | Janeiro 2018

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tudo empilhado o burro trota tão lentamente perdido do nome gritado carrega ovos nas mãos escondidas nas mangas do casaco extralargo coitado do burro com mãos perdido da moldura antiga pacífico de sua própria demência bonito tão bonito pacífico tão lindo lentamente ruma já a casa de fé nos olhos de burro parece um peixe coitado pacífico tem esse jeitão de aquário trincado gosta de cadeiras em geral mas é boa gente gosta de leite quente e de cadeiras em geral chega ao templo das irmãzinhas castanheiras do último dia deixa os ovos no altar faz carinho nos porcos pega o microfone e repete quase porque quase porque quase tudo empilhado quase porque quase porque quase porque é mesmo um burro queria ser pianista tem muita fé quase porque tudo empilhado mas é mesmo um lento burro de carregar ovos pacífico todo pacífico demente e lindo tão bonito tudo empilhado

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o bebê de clarice não para de chorar nunca conta já dois anos e não para de chorar chora que parece expelir ideias para o fim do mundo chamaram um padre um pastor mais um padre e uma benzedeira lá da feira de acari nhá nená falou fazer um patuá com dois dentes de alho roxinho uma pétala de amor-perfeito mas não tão perfeita tinha de estar meio comida de bicho a pétala e o bebê chorava mais e ainda mais quando ouvia a receita ditada na sala ao lado dois cacos de termômetro e dois de seringa e a ponta duma teta de vaca preta morta o bebê de clarice não para de chorar nunca já com o patuá no pescocinho ofegante choroso o bebê de clarice ainda em prantos soluçou PIDE A TOCAR A LA GRAN MUÑECA, MAMÁ! e morreu de engasgado com a gosma típica das lamúrias sem fim

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Diego Marcell Curitiba - PR

Diego Marcell (1985,Rio Negro-PR), técnico em Produção de Áudio e Vídeo, com formação em Teologia e especialização no Ensino de Filosofia, é graduando de Licenciatura em Artes Visuais (FAP-UNESPAR). Têm interesse na pesquisa e produção poética através da experimentação em fotografia, vídeo e música. Têm participado de exposições coletivas com trabalhos em vídeo-arte, glitch art e performance. Ao mesmo tempo que têm uma produção de textos nos quais debate questões teóricas sobre arte e filosofia.


A

udioperformance. Há algum tempo em minhas visitas a exposições de arte contemporânea, principalmente de arte digital, o que mais me prendia eram instalações de áudio sem imagem. Mais ou menos ao final de 2013 e 2014 inicio uma exploração com áudios, realizando uma série de horas ininterruptas de gravação, inclusive gravação ambiente. Culmina ainda no final de 2014 realizarmos o Papo pós-moderno na Rádio Gralha, creio que por aproximadamente dois meses, onde os programas eram de fato performances. Presumo que não consegui gravar uns dois ou três programas. E em um destes dias, numa saída da rádio, gravei o primeiro áudio intitulado audioperformance, que eu defino o termo no próprio áudio. Já trabalhava no conceito de autoexplicação da coisa em si, que como é ator extensão, passa a ser performance em linguagem/ fb.com/CasaRosaEditora | Janeiro 2018

suporte. O artista-propositor e, portanto, performer por natureza, está presente, expondo e atuando, trabalhando com sentidos específicos. Lendo Paul Zumthor enxerguei a performance contida na tradição oral pelo fato dela determinar valores, por ser um corpo agente com mais poder que a escrita, sendo que esta é um corpo código que deve ser decifrado, mas que para tal possui um enorme abismo até o corpo real do performer; já a voz, mesmo que gravada, já dá mais corpo a ser conhecido; o autor suíço diz que considera a voz “não somente nela mesma, mas (ainda mais) em sua qualidade de emanação do corpo e que, sonoramente, o representa de forma plena”. Diego Marcell 22/08/2017


Leonora Rosado Lenora Rosado (1971,Sintra-Portugal)escritora, influenciada pelo contanto com os escritores Rui Cinatti e Joaquim Ferrer, decica-se ao estudo da literatura portuguesa e na podução de textos sobre teatro, participou do Centro Dramático de Évora (CENDREV) e do Teatro Experimental de Cascais.

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E

ram noites brancas, em que o silêncio nos dava pelas costas, em que perdíamos a razão e a aposta. Cintilantes anzóis de espadas, ouros vencidos e copas na inevitabilidade de paus trilhados no quarteirão do vazio. Hei-de mentir com os dentes da frente, hei-de fincar os caninos nas tuas ancas, maldição. Hei-de abrir um chapéu-de-sol na intempérie, esperar a humidade na clave do ouvido esquerdo. Eram noites de fogo sob um outono quase iminente, eram panos brancos de aceno e chuvas em forma de promessa sobre a luz, serpente, rosa, semente. Será o fim de um estio de ventre cheio. Nunca te pedi como até então, que enchesses de silêncio o estômago, que inclinasses o dor-

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so numa vertigem profunda, dolorosa, imediata. Melhor o jogador que cerra os olhos, aquela cega aposta, em que ainda, o interdito é possível. A roleta russa dever-se-ia jogar de olhos vendados. Há homens que deixam sangrar o jogo pelos poros. Há mulheres que... Há mulheres cabisbaixas quando a altivez se desfaz. Há negros olhos sobre os dados, negras apostas para negros desfechos. Eram melodias velozes, esguias. Já não nos escutávamos. Permanecíamos assim, à soleira da noite. Irremediavelmente apagados. Unidos no furor ausente da pele. Duas constelações ébrias de luz que se mutilavam, impiedosamente.

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Mauricio Vieira Nascido em Santo André, São Paulo aos 2 de janeiro de 1978. Reside em Paris. Autor dos livros de fotografia A Árvore e a Estrela (Pinakotheke, 2008), Angola Soul (Edição do Autor, 2011), e do livro de poesia Árvoressências (Editora de Cultura, 2014). Expôs poemas e fotografias no SESC, no Instituto Moreira Salles e no Lusofolie’s. Participou do Raias Poéticas em Portugal, da Flipoços e do Printemps Littéraire Brésilien em Paris. Em 2017 apresenta La Lyre Africaine, trabalho teatral, no Espace Krajcberg e no Club des Poètes. Edita a revista de poesia Arvoressências desde 2014.

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Mariana Ao Bruno Félix Daqueles olhos cheios d’água, Desceu uma lágrima em seus lábios, Lábios que são pétalas de rosa; A lágrima então se fez orvalho. Seus olhos me lembravam o mar Revolto que fingia se acalmar. Pudera eu estancar aquela mágoa, Como o menino do dique na fábula; Das histórias dos homens afastá-la. Tanto descaso fez seu estrago, Quebrou-se o espelho d’água; E assim as lágrimas de Mariana Correram de encontro ao mar.

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Isabela Alves Isabela Alves (1999, São PauloP) estudante de Letras USP e artista independente. Seus ensaios e projetos fotográficos são voltadas para o corpo do negro e da negra, sua vivências e suas belezas. Além de fotografia, faço poesia, aquarela e bordados. O ensaio fotográfico realizado com o modelo Rodolfo Karamo, tem como conceito o corpo do homem negro no espaço natural e no espaço urbano. A escolha de cores foi baseada na orixá Oxum, do candomblé e umbanda. A poesia na pele preta, suas veias e suas marcas são ancestrais e ocupam cada centímetro de São Paulo. ( texto enviado pela artista) Link de trabalho: Intagram: @afrobela_


Corpo- Oxum (fotografia 2017) fb.com/CasaRosaEditora | Janeiro 2018


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