#3 - NOVEMBRO - 2015
WESLEY S. ESTテ,IO [CAPIVARA LABS]
n 01. VIRGÍNIA BANG BANG n 02. DELOREAN DEPENADO WESLEY S.ESTÁCIO n 06.
MARGINÁLIA: REVUE L’ETAT SAUVAGE VOUS des PÉNIS BANG BANG
n 08. JOVENS LUCAS ALAMEDA n 15.
AMOR DE FEIRA NATÁLIA NOLLI SASSO
n 16.
OBSCURA ANDRÉIA COSTA
n 20.
QUADRINHOS EMER SIMPSON
n 23. UMA DOSE DE SCOTH NUM BAR ESCURO TOCANDO BELCHIOR JOÃO PAULO DERBLI MARCOWICZ
n 26.
METAMORFOSE-SE: UM PROJETO DE BORBOLETAS GABRIELLE PAGLIUSO
n 34.
CUTIS ARSÊNICA + LAMBE LAMBE + DADA SEITE LAUREEN UND MARIE
n 40. MIXED MEDIA VALMIR KNOP JR. n 46. A POESIAUTORAL DO POETA-MATUTO-MARGINAL SÉRIE 10 CÂNTICOS ÀS SAÚVAS CÉLIO LIMA n 51.
DIVERSOS BEATRIZ DA MATTA
n 56.
#FORACUNHA - SÃO PAULO GABRIELA ARAÚJO
n 57. COMME UN SERVITEUR QUI VEUT ÊTRE ROI BANG BANG n 58.
AS ÁGUAS MARIANA GALLI
n 64.
RUAR A EXISTÊNCIA RAQUEL NASCIMENTO GOMES
n 67.
POEMAS RICARDO PAIÃO OLIVEIRA
n 72.
SESSÃO DE HAICASSIFICADOS ANTONIO DE AZEVEDO JÚNIOR [MANO JR]
n 73.
SESSION DE COLLAGÈNE: UN VÉRITABLE DESCENTE BANG BANG
n 74.
5 A.M. ALINE RODRIGUES
n 76.
AVARIA MAÍRA BORTOLETO
n 78. SÉRIE: MATÉRIA ESCURA CAMILA CRIVELENTI n 84.
PL 5069/2013 MICHELLE MENDONÇA
n 89.
UNE MÈRE DE CHANTAGE BANG BANG
n
ARTE
n
TEXTO
MARGINÁLIA REVUE: L’ETAT SAUVAGE VOUS des PÉNIS BANG BANG
6
VIVI EM CIMA DE MUROS, ATRÁS DE PORTAS.
ABAIXEI, RETIFIQUEI A SENSATEZ E APANHEI. MOEDAS, DISCRETAS, SEGREDOS, MALÉFICOS.
6
EMBAIXO DA PORTA TEM: INCRÉDULOS. EM CIMA DO MURO TEM: DISCRETOS. EM DIAS ASSIM, VIVO O FIM. QUE CABE NA MÚSICA AFIM. NÃO TENHO MEDO DE FUGIR.
CORRO, DESENFREADAMANTE; INSISTIR.
SÓ NÃO É MAIS AFIM A GRUTA SEM FIM. GROSELHA FELIZ!
JOVENS
LUCAS ALAMEDA 8
8
Quais questionamentos podem reverberar tensionando relações com o cotidiano ou o íntimo? Como é consumido o tempo? A (i)mobilidade do corpo no espaço é uma opção ou consequências sem escolhas? Jovialidade induz a construção de uma imagem geralmente relacionada a energia e vivacidade. No entanto, ao ge- neralizar estamos excluindo. Sendo assim, quem são? como vivem e o que fazem os indivíduos que fazem parte de um grupo e não se sentem pertencentes. Com o intuito de ambientalização, o projeto “Jovens”, através de uma linguagem que mistura documentário e ficção, cria novas diagramações de mundos para cada um deles, os jovens, que não são parte de uma identidade criada para eles e criada sem sua contribuição. Através da casa, este conjunto de elementos que se re- lacionam com a vida doméstica, é possível traçar perfis e preferências dos jovens fotografados. Isso acontece ao observar a pouca luz que se apresenta na sala de estar, a escolha de poucas - ou muitas - cores nos móveis, a interação com animais e plantas ocupando o mesmo ambiente. Sem perceber, eles estão sendo desmembrados através de seus espaços. Os animais que transitam e dividem a mesma cama, são cúmplices de uma grande solidão. Os móveis coloridos é uma aplicação daquele curso online visitado todas manhãs. E assim, uma vida de intimidades é descoberta pelo expectador, cada ambiente representa uma singularidade insubstituível, mas que causa uma sensação de proximidade. Os monóculos são uma das linguagens escolhidas para a- dentrar na vida dos jovens anônimos. Objetos que aclamam por uma movimentação corporal, o toque, a concentração e a vontade de ver. Ao mesmo tempo que simboliza para alguns a nostalgia de fotografias antigas, da família e consequentemente, da casa. Sofrendo um processo de mesclagem com suas casas, os personagens não só transitam nelas, como fazem parte. As relações de artefato e corpo se misturam, o corpo se confunde, ele não sabe qual é sua função. Sua imobilidade sugere uma revolta que ele desconhece. Outro elemento presente no trabalho é o tédio. Tédio é jogar paciência no computador, é ir para uma aula desinteressante e sentir o olho fechando aos poucos, é mastigar um chiclete ate ele perder seu sabor, mas também pode ser divertido, ser uma opção, ser uma necessidade. A experiência é única, porém, há milhares de formas de experimentá- las
AMOR DE FEIRA
NATÁLIA NOLLI SASSO 15
Amor de feira, profusão dos cheiros, flores fora das estações, carne posta nas bancas, para o delírio do olfato, e as carnes das frutas ainda verdes, ladeando emergências maduras, da próxima tarde. Exalando par a par: a indiscrição, variedade, buquê com mil notas e outras mil coisas vivas, entrosadas, perfume da vida desordenada, para o desvario, e um coração famélico, outro pálido de desejo, outro saciado embriagado de cheiros. Verbo solto, cabelos em coques, sacolas trançadas, mãos dadas, paixão na calçada, pisa agitada num trânsito de liquidações, últimos maços. A cesta cheia, a dona cheia, a rua fechada, e a paixão desesperada sinaliza um sim, provar o cacho solitário da banca ao lado. ânsia nas mãos, braços rápidos, há um lance, gesto brusco, leilão fugaz e quem dá mais, leva, a remessa desdenhada. Peixe fresco, partes descobertas, ervas secas ao sol. compradora olha, estuda: pescador sem anzol. enquanto a manhã urge seus calores, cozendo legumes, caldeirão invisível para um ensopado imaginário, na banca central.
Um que flerta, assovio e deslumbre, a aventura de uma fruta incerta (talvez asiática), toma nota: toque aveludado na casca, sumo farto, pregas nas polpas. o amor dá-lhe as costas. rua interditada na manhã de quarta. sem caroço ou embaraço, a moça se balança, pacote cheio sob o braço, some no raiar de um meio dia. Pregões, muitos pregões, e a sofreguidão de um beijo lambuzado por gorduras, mergulhado na lembrança de pasteis, língua solta, cordéis de mel e eucalipto, e um grito de oferta instantânea. O jornal colando pés dos velhos amantes, corpos rotos, notícias de antes.
OBSCURA
ANDRÉIA COSTA 16
A série OBSCURA, capta o momento em que a imagem se forma dentro da câmera escura. Como registro de uma imagem, capta seus ruídos e distorções explorando a relação existente entre esses dois elementos. Enquanto narrativa urbana, de um percurso realizado, ressignifica espaços através de uma linguagem fotográfica cuja distorção nos revela um outro olhar sobre a cidade.
16
ANDRÉIA PAULINA COSTA, 28 anos, santista e fotógrafa experimental. Trabalha como arte educadora, com foco em linguagens artísticas contemporâneas e arte urbana. Durante o ano de 2015 realizou várias oficinas nas redes do SESC-SP, onde explorou diversas questões artísticas em ateliês de livre criação para jovens e crianças. Cientista social pela UNESP e mestranda em Arquitetura pela USP, é também integrante do Núcleo de Estudo das Espacialidades Contemporâneas (NEC- USP São Carlos). Escreve para o Coletivo Mínimo e têm realizado curadorias no Extinção Espaço
QUADRINHOS
EMER SIMPSON 20
20
EMER SIMPSON, O CHAPEIRO CARTUNISTA. sou de s達o paulo, chapeiro porque assim sou chamado.
UMA DOSE DE SCOTCH NUM BAR ESCURO TOCANDO BELCHIOR JOÃO PAULO DERBLI MARCOWICZ
23
Ele ainda pedia o scotch com apenas uma pedra de gelo. O corpo não era como de outrora, mas conservava o mesmo sorriso calculado que fez sua fama pela cidade. O Rocky Balboa tupiniquim. Era assim que se referiam a Tony, tanto pelos punhos pesados como pelo charme outsider. Rita nunca deixou de ter o fogo nos olhos que até hoje enlouquecem os homens. Mas seu corpo não passou ileso pela quantidade de droga consumida ao longo dos anos. Álcool e cigarros eram companheiros constantes para sua solidão. Muita coisa havia mudado desde que transaram no banheiro da festa em que ele comemorava a vitória que segundo seu agente o levaria para o estrelato. Uma época onde cocaína e mulheres atrás de quinze minutos de fama eram a trilha sonora das noites de Tony. Agora por algum motivo Rita queria conversar. Tony não sabia do por que, fazia uns seis anos da última vez que se viram. Ela era casada e tinha filhos, enquanto ele era apenas o que sobrou do passado de um lutador junkie, uma conta bancária no vermelho e troféus enferrujados na estante. “Ainda tem um belo par de coxas”, disse Tony tomando um gole de seu scotch. “E você ainda tem o costume de se encontrar em bares escuros cheio de bêbados chorando amores perdidos. Aliás, seu bafo com cheiro de álcool continua o mesmo”, disse Rita em tom sarcástico.
“Cada um com a sua turma. Um lobo não pode se afastar da matilha.” “Quando você vai crescer? Se ainda tivesse algum dinheiro continuaria distribuindo pó para esses vagabundos.’’ “E o seu marido, ainda sai com travestis ou esta só com as empregadas”? “Tony, as coisas não são assim como você pensa. Além do mais não vim aqui para isso. Preciso te contar uma coisa.’’ “Já sei há muito tempo que continua me amando ’’, disse Tony dando um breve sorriso. “Pare de brincadeira. O que eu tenho para falar é sério.” “Então baby.”
vou
pedir
mais
uma
dose
“Tony, você é pai de um dos meus filhos”, disse ela abruptamente enquanto ele chamava o garçom. Um calafrio tomou conta do corpo de Tony. Rita foi a única mulher que ele amou de verdade. Desde a primeira vez que a viu, com o cabelo amarrado de modo que aparecessem as estrelas ta- tuadas em seu pescoço e a saia cirurgicamente curta para mostrar suas belas
pernas, ele se apaixonou. Em cada movimento ela demonstrava saber que os homens comiam em sua mão. O mundo parecia pequeno pela fúria que emanava de seus olhos e pelo tesão que escorria junto com o suor de seu corpo molhado dançando bêbada pela pista. Eles viveram como casados por um bom tempo. Tony já estava sendo considerado imbatível, nocauteou desde americanos rednecks até russos comunistas, era Muhammad Ali voando pelo ringue “like a butterfly’’. Mas junto com as vitórias vieram mais cocaína e mulheres sedentas por sexo. As suas visitas constantes a delegacia e as noites que duravam dias foram sua derrocada. Perdeu várias lutas seguidas, enquanto sua vida se tornava cada dia mais junkie. Rita não aguentou e caiu fora. Logo que terminou com ele casou e teve vários filhos. Já Tony passou a morar junto com um cachorro vira- lata que achou na rua e a trabalhar como segurança de boates decadentes. Há anos que eles não se viam. De alguma forma a notícia de que tinha um filho o deixou preocupado. “Filho? Porque só agora você veio com esse papo?”, disse Tony desconfiado. “Cada dia ele está mais parecido com você. Tenho medo de que meu marido descubra algo.” “Porque você nunca me contou isso? Quando que o tivemos?”.
“Descobri que estava grávida logo depois que terminamos. Eu tinha acabado de co-nhecer meu marido. Já imaginava que você se tornaria um bêbado.”
“Mas estão o que você quer de mim?”.
“...”
“Fale o que você quer?”.
“Eu precisava falar com você. Talvez possa ver ele às escondidas alguns dias”, disse Rita parecendo estar aflita. “Rita, preciso de um tempo para pensar sobre isso. Se você puder me deixar sozinho.”
“Mas Tony.”
“...” Ela saiu da mesa sem falar uma palavra. Rita ainda ficou um tempo parada na porta do bar observando Tony pelo vidro. Ele pediu mais uma dose de Scotch e calmamente acendeu um cigarro de filtro vermelho. Tony nunca acreditou em redenção. Ele via algum estilo em sua solidão. Não ia vender sua alma por um pouco de paz interior e nem chorar arrependido em troca do amor de alguém. Sentado no balcão sujo de um bar escuro ele sabia que tudo tinha valido a pena, mesmo que um vira-lata e uma garrafa de bebida sejam
seus únicos companheiros para as noites de insônia. A notícia que teria um filho até deixou de certa forma preocupado. O marido de Rita poderia dar alguma dor de cabeça para ele se descobrisse. Um filho querendo amor paternal não era o seu plano de vida. Não havia como amar uma criança que ele nunca tinha visto, o tempo dos dois já se fora. Ele não seria uma boa companhia para uma criança e nem uma criança para ele. A imagem de alguém depositando esperança nele o deixava angustiado. O melhor era deixar as coisas todas do jeito que estavam. Rita sempre foi o amor de sua vida, mas o amor não foi suficiente. O mundo às vezes é um peso pesado te acertando um gancho de direita e a realidade uma lona de ringue cheirando suor e sangue. Separações, promessas quebradas e crianças infelizes são algo rotineiro. Uma dose de Scotch num bar escuro tocando Belchior é como mertiolate numa ferida no joelho.
METAMORFOSE-SE: UM PROJETO DE BORBOLETAS GABRIELLE PAGLIUSO
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No sentido figurado, a metamorfose é a mudança que ocorre no caráter, no estado ou na aparência de uma pessoa, é a transmutação física ou moral. Neste Projeto de Borboletas a ideia de metamorfose é inserida no meio urbano e em cenários do cotidiano. A intervenção acontece em um lugar comum em que as pessoas passam todos os dias, mas não o percebem. Busca-se a valorização do simples, o questio- namento e a mudança do ponto de vista do que é considerado lixo, velho, feio e comum.
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Assim como o papel é transformado em borboleta por meio da dobradura, o ato de dobrar em si na arte do origami é a própria transformação da vida, a sua inspiração está nos elementos da natureza e nos objetos do cotidiano. A borboleta é a mutação da crisálida em um novo ciclo, sendo considerada um símbolo de inconstância, de mudanças e de liberdade. Ao ser inserida em um ambiente, permite um novo olhar para o que já existe. Utilizando como referência a Teoria do Caos e do Efeito Borboleta, nossas próprias vidas caóticas são moldadas pelas escolhas que fazemos e pelo que o acaso nos proporciona. Se pararmos para olhar a nossa volta, veremos coisas que não podem ser previstas. Coisas que são, aparentemente pequenas, mas que podem ter grande influência nos nossos dias, pensamentos e sentimentos. Metamorfose-se: Um Projeto de Borboletas proporciona uma reflexão sobre nós mesmos: “O que eu quero transformar em mim, nas pessoas e no que existe ao nosso redor? ”
GABRIELLE PAGLIUSO é formada em Artes Plásticas. Vive e trabalha em São José do Rio Preto. Apaixonada por arte urbana. Em constante transformação assim como tudo.
CUTIS ARSÊNICA + LAMBE LAMBE + DADA SEITE LAUREEN UND MARIE
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LAUREEN UND MARIE circulam sem suspeita, quebrando as barreiras do socialmente aceito e hegemônico.É um coletivo de artes visuais que nasceu em Berlim em 2014. Duas garotas brasileiras que desenvolvem nesse mundo caótico uma cultura de comunicação transversal indo em contra ponto com os grandes conglomerados de produção de cultura e informação.
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Desse modo essa produção periférica, independente e informal não pode ser ignorada. Com toques do DADA, Queer, politico, Surrealista, filosófico e Ácido porn as meninas do Laureen und Marie gostariam de propor o desenvolvimento de um novo movimento urbano de coletivos artísticos. Disseminações de produções artísticas, exibições, ocupações e acesso a lugares obsoletos. Aparecendo com frequência na vida das pessoas trazendo uma mútua e continua transformação da identificação do ser enquanto indivíduo e o meio em que ele vive
BB ARSÊNICO
JORNADA JORNAL,3HORASDESPEED
DaDa SElTE
LAMBE CAPITALISMO
MIXED MEDIA
VALMIR KNOP JR. 40
40
http://valmirknopjunior.tumblr.com https://www.facebook.com/valmirknopjunior
A POESIAUTORAL DO POETA-MATUTO-MARGINAL SÉRIE 10 CÂNTICOS ÀS SAÚVAS CÉLIO LIMA
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“NAS MARGENS D’1 REC!FE ANT!GO NASCEM CR!ATURAS D!FERENTES
P/ 1 MUNDO B!ZARRO DESFRUTAR PAO Y MEL
SUOR Y FEL
NAS MESMAS MARGENS
D’1 !PUJUCA !NTER!ORANO
RENASCEM CR!ATURAS D’ELEMENTOS !RREVERENTES
AMBAS D!FEREM
PELO GOSTO DO MEL
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PELO CHE!RO DO FEL
DE TANTO SUOR & CEU SAO ELEMENTOS PROTOMUTANTES
(NOVAS CR!ATURAS) VELHAS OR!GENS /
NOVAS PA!SAGENS Q SEM SENHUMA
COLISAO-SEXUAL-SANGU!NEA ABUSAM DO ROTULO DE “PA!S Y F!LHOS”
P/ 1 EX!STENC!AL!SMO L!VRE DE REFUG!O
CULTURA DA MARGEM”
(Pais & Filhos – c.p.b.p.jr:) “Há erros propositais e não propositais
decifra-me que te devoro!”
(ASSIM FALOU FREDERICO ESPIRRO)
I cântico à saúva... ou... (y por falar
em sardade)
- à Davi San Cruz (poeta transeunte transcendente) - E NESSE CANT!CO
Q EXORC!SO NOSSAS !DEOLOG!AS A NOSSA RES!STENC!A PAC!F!CA
PERANTE AS BATALHAS D!AR!AS... CANTARE! TAMBEM AQU!
A TUA LOUCURA CL!MAT!CA DE MUDANÇAS TEMPORAR!AS Y POR FALAR EM SARDADE
VELHO BROTHER, MEU AM!GO MEU COMPADRE, MANO NOVO
HOMEM DO POVO ES TU POETA... POETA Q TRANSCENDE
DO ATE!SMO AO ANARQU!SMO
DA MARCHA-REVOLUÇAO A REL!G!AO. . . POETA DAV! SAN CRUZ AS MELHORES !DE!AS
SOL NASCEM EM TUA CABEÇA
Y !NFEL!ZMENTE ELAS PERECEM
ABORTADAS EN TRE UMA ESQU!NA Y ENTRE OUTRA
DE FORMA !NSTANTANEA.
FAÇO DAS PALAVRAS DO LOBOLO AS M!NHAS
“EU TE AMO SEU PORRA”
DENTRO DE UMA FORMARMON!AL Y CET!CAMENTE !
-c.p.b.p.jr:
(O POETA-MATUTO-MARG!NAL !!!)
II cântico à saúva... ou... (y por falar em sardade) - à Aline de Andrade (poetisa da loucura temporária) - CANTARE! A T! OH L!NE...
A LOUCURA DENTRO DE UMA ORB!TA JOPL!N!ANA... CANTARE! A MESMA LOUCURA TEMPORAR!A
Q NUS UN!U Y NUS REUN!U EM ALGUM LUGAR DO PASSADO... CANTARE! AQU! AS TUAS FASES
SUA FACE SOFR!DALEGREM CADA GESTAÇAO FRUTO DE + UMA LOUCURA !NSANA...
Y POR FALAR EM SARDADE CANTARE! AQU! TAMBEM
TODO 1 AGRADEC!MENTO
V!NDO DE M!NHA PARTE A T!
POR NAO TERES ESQUEC!DO DE M!M DENTRO DA TUA PR!ME!RA CR!A L!TERAR!A
(!NF!N!TAMENTE O!)...
PEÇO DESCULPAS AQU! NESTE POEMA CARTA CANTO PELA M!NHA FALTA DE CONTATO
PELO MEU AFASTAMENTO CORD!AL Y TEMPORAR!O... D!GO-TE Q SAO SOL C!RCUSTANC!AS Q ME FAZEM OPTAR SEM OPÇAO
ME VER PRESO NESSA EPOCA/PR!SAO ERRADA DE ROT!NA ERRONEA Q ME SERRA OS PEDAÇOS DE FRAGMENTAÇOES . . .
-c.p.b.p.jr:
(O POETA-MATUTO-MARG!NAL !!!)
DIVERSOS
BEATRIZ DA MATTA 51
PÓS MODERNOS
dESCULPEM O TRANSTORNO dá falta de obra de movimento
é s v a z i a
e m r e d o m a
s u p ô s t a l a b e r t u r a das buscas apressadas
olhares através s a d o s a t i r a f a l t a p ó d e tem pó é s p a s s o é s v a z i o
é s c o n d i d a éscontida
e n c o b r i n d o
redes c o b r i n d o espaço tempo
o que transpassa o que fica fora
o que sai de dentro oqueficadeforadentro
EM PODER AR
NOZ
PERCEPÇÃO ALIMENTÍCIA
Como todos os lugares que passo inconscientemente Cada passo Cada toque
Pupila da percepção que se estica e retrai Retração que trai
Subscrevendo outras existências
Fazendo da história um rascunho rasurado Tornando o mar, um asfalto marcado
Marcas das mãos que não possuem tato Toco cada pedaço de percepção Estico, debato, arrebento
Sinto o paladar do que me entorna
Todavia ao parar e tomar o sustento Lembro de lavar as mãos
Ao mesmo tempo que temo perder tudo que toquei
Perco a oportunidade de sentir o gosto do que me toca
TONS PERDIDOS
Das raízes puxo uma fonte que nutra, pra que cresça e movimente. As ideias moram mais acima, passam com o vento, secam com o tempo. Como o tempo...e ele me devora, num ciclo perdido entre tantos outros. Entre nós fica um espaço, preenchido de folhas, sons e seus tons. Seremos pisados até os fragmentos do que não volta e vira lembrança. Seremos mudados, virando as perspectivas e percebendo algumas raízes nas nuvens.
#FORACUNHA - SÃO PAULO GABRIELA ARAÚJO
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Uma quinta de um tempo quente e abafado se tornou ainda mais calorosa. Cerca de dez mil pessoas, em sua avassaladora maioria mulheres, protestaram contra a PL5069 e pediram a saída de Eduardo Cunha, nesse dia de 29 de outubro. Quanto ao projeto de lei em questão, ele inviabiliza a utilização da pílula do dia seguinte, interferindo assim, mais uma vez, na liberdade de escolha feminina sobre seu corpo.
Uma sociedade que criminaliza o aborto e tenta impedir a mulher de fazer algo, após a relação sexual, nada mais faz que coagir a classe feminina as vontades masculinas. Já que eles podem dizer não, que o homem pode se negar a ser pai e a mulher não pode se negar a ser mãe.
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É crime querer mandar no próprio útero, querer mandar no próprio corpo. Onde o Estado entra contra o homem? Onde o Estado inviabiliza o homem de fazer escolhas sobre o próprio corpo? Lugar algum. Uma lei que entraria em vigor na tentativa dos fundamentalistas de nos impor suas vontades, seus fundamentos religiosos, de nos obrigar a optar por métodos desumanos de aborto, nos ver sangrar, nos tornar clandestinas. É uma questão de saúde pública e do fim da violência contra a mulher. O protesto foi lindo de ver, tanta mulher empoderada, lutando por todas nós. Chegou a arrepiar, a emocionar, enquanto bradávamos por igualdade, pela saída de Cunha, por nossas vidas. Foi um ato simbólico, esperamos que desencadeie um processo de reforma política por um estado laico, onde a VIDA da mulher deve ser mais importante que os dogmas da religião de alguns. -FIM
COMME UN SERVITEUR QUI VEUT ÊTRE ROI BANG BANG
AS ÁGUAS
MARIANA GALLI 58
Série fotografias: As águas: o que o rio traz a superfície dimensões variáveis performance orientada para a fotografia Descrição: Entre as nuvens, o ferro, as arestas e o cimento do 15 andar do prédio em que moro no centro da cidade Curitiba, ocupo um espaço abandonado, sem utilização pelos moradores do prédio, como um ritual levo objetos como o tecido rendando, uma psicina, velas, espelho, objetos que instauram e instalam ambiente para uma dança ritual registrada por mim mesma .
58
MARIANA GALLI, artista visual e estudante do ultimo ano do curso de Licenciatura Artes Visuais na Faculdade de Artes do Paraná, foi estagiária e mediadora no espaço cultural Casa Andrade Muricy junto à Secretaria da Cultura do Governo do Paraná, fazendo parte da equipe de Ações Educativas, participou do grupo de estudos GESTA do Pólo Arte Na Escola, período no qual desenvolveu estudos sobre mulheres artistas sua visibilidade e não-visibilidade , ao mesmo tempo em que realizou projetos paralelos sobre arte afro-brasileira. Desenvolve uma pesquisa poética em fotografia, performance, instalações e vídeoarte expostos em eventos junto à Faculdade de Artes do Paraná. Participou com trabalhos de fotografia selecionados e expostos pelo CUBIC- Circuito Universitário da Bienal Internacional de Curitiba 2013. Selecionada em 2015 junto à 25 jovens artistas de Curitiba para participar do Circuito Universitário da Bienal Internacional de Curitiba em 2015. Contato: galllimari@gmail.com
RUAR A EXISTÊNCIA
RAQUEL NASCIMENTO GOMES 64
Ensaio que toca as ruas que habitam a alma dos viventes da urbis. Ou, a alma da urbis fotografada em minhas andanças pela cidade de São Paulo. Andarilha, a lente versejou com vivências poéticas, por assim dizer, vivências invisíveis. Olhos, conversas, vielas, o caminho foi tecendo ruas na estrada de minhas andanças. O invisível tornou-se motivo para clicar mais uma foto. Fotografar foi alçar do chão imagens das nuvens e andarilhar pelas existências que habitam a minha cidade.
64
Raquel é editora da Revista Escrita Pulsante. Têm trabalhos na área de vídeo arte e documentário, além de atuar como jornalista cultural.
POEMAS
RICARDO PAIÃO OLIVEIRA 67
florestal Assim
pleno de térmitas na razão já me sei todo árvore. —
Aguardo
o mais súpeto dos incêndios.
cubículo Con-
juntura de
pálpebras sobre pálpebras sobre pálpebras
couraças múltiplas da insónia
ou arremessos de fosforescência contra o nocturno estuque situacional. É
como que o próprio quarto a regurgitar-me nunca saberei
dizê-lo de outro modo
que resulte menos sísmico. Os
meus cobertores
num vértice de tudo e de nada.
âmago De-
monstrar
que as alturas se fodem subterrâneas que as asas escavando vento
que as nuvens encostadas ao cérebro d'inversos toupeiros sem corpo. —
De-
monstrar as profundas
galerias do surdo olvido sideral onde os cânticos se abortam ternamente. —
De-
monstrar
o interior do peito
o bunker do coração.
legífero Com
as mãos cheias de justiça
poderei desprezar a beleza das flores todas
poderei questionar o quintal da minha
infância num seguimento de canteiro após canteiro poderei exumar a lepra primeiríssima do maior saurísquio. Com
as mãos cheias de justiça poderei matar
as vezes que me apetecer
poderei matar até inversamente assim ao jeito de
muito-embora-nunca. Com
as mãos cheias de justiça
poderei agarrar firme os insustentáveis testículos de deus e [in æternum & ultra]
ir apertando.
RICARDO PAIÃO OLIVEIRA nasceu a 23 de maio de 1983 em Lisboa. Tem poemas publicados na Antologia Templo De Palavras da Editorial Minerva, 2015, e nas colectâneas Poema Me e Poesia Para Pintar E Ser Feliz pela Lua de Marfim, 2015, bem como nas revistas Palavra Em Mutação, Detectives Selvagens e Diversos Afins. —ricardopaiaooliveira.blogspot.pt—
subúrbio Eu
estive em ti significa pouco mais que tudo
significa que dormirei para sempre ao relento do teu abraço fulcral. Tu
quererás rasurar séculos
sobre séculos esgotar melhor a lembrança. O
nosso nome vivia feliz era cumprimentado por onde passasse.
madrugada Pro-
fuso horário de aguçados ponteiros de fome
corpo ancestral a mastigar-se corpo ancestral a digerir-se enquanto assim. — E
as palavras
chegando sei lá de onde
chegando num devagarinho imenso. E
aqui finalmente reunidas.
SESSÃO DE HAICASSIFICADOS
ANTONIO DE AZEVEDO JÚNIOR [MANO JR] 72
Procura-se esperança Sem recompensa
Quando a morte é dança A vida é sentença
Contratam-se jovens
Sem vocação para o conformismo
No currículo: tatuagem, piercing E críticas ao capitalismo
E não de gerente
Atenção! Oportunidade única Abra a janela do outro E respire música
Precisa-se de gente
Se você tem 18 de idade
72
Lute contra a obrigação Aliste-se na liberdade
Mulheres feministas e atitude
Enviem dedo médio aos machistas Vende-se a alma
Em forma de nudes
Cheque ou crediário
Prestações de 8 horas Promoção! Imperdível!
E uma merda de salário
Recite uma poesia e sorria Sim, é possível!
MANO JR (ANTONIO DE AZEVEDO JÚNIOR) é professor de sociologia e rapper, ás vezes ao mesmo tempo. Diagnosticado com inquietações constantes, abriga-se no universo de palavras e rimas.
SESSION DE COLLAGÈNE: UN VÉRITABLE DESCENTE BANG BANG
5 A.M.
ALINE RODRIGUES 74
uma e alguma coisa da manhã. peço qualquer coisa para beber. em um ouvido, ressoam notas que te trazem à memória. é sempre assim – abaixar os olhos, tamborilar os dedos e esboçar um sorriso fugidio de lado. eu nunca tô perdida em você quando você aparece. aliás, algo de interessante aí. você sempre me invade. sem aviso prévio. sem data prevista, sem nem um beijo ou oi. é seu cheiro no meu ar, é o vento da sua sacada em meus cabelos, é aquela parte da cidade que eu nunca passo, mas de repente, tenho que ir. você é quase invasivo. sempre expansivo. fomos por tão pouco tempo. isso sempre me intriga. afinal, por quê? hum. um gole. e deixa assim. voltemos à ilha das memórias. tão modesta. será? lembro-me das garrafas. as várias que deixamos largadas pelos chãos que ocupamos. vazias ou quase isso. dos cigarros abarrotados em cinzeiros provisórios. gargalhamos em tequilas, nos aprofundamos em bons e maus vinhos. ignoramos cada sinal de loucura em algumas cervejas. uma dança ao mundo dos momentos, bem prolongados por cada falta de sobriedade compartilhada. mais um gole para calar uma longa risada sorrateira.
74
mas mal dá tempo de acalmar os dedos, vem a dor. aquela, tão sua. de nome e sobrenome.
sim, amor. você é dor. pungente. pontual. sempre tão intensa quanto o resto. aprofundamo-nos em tantos frágeis momentos. mas nunca tanto assim. em ti sempre há esse tal mistério. que instiga meus olhos. emanam loucuras a te chamar. e você? vem. às 5 da manhã, em um dia ou outro, lá estará você. são poucos nossos resquícios. aos dias comuns, passamos despercebidos aos sentidos um do outro. mas quando o ar adquire seus tons... outro gole e agora não é mais sorriso. não te sinto com nostalgia. é com falta. a velha falta que te reclamo ao pé do ouvido quando dividimos qualquer gole de qualquer coisa e você sempre me olha e só diz 'não entendo, li'. é um furacão que se começar, não conseguirei conter. por isso preciso de cada ponto final em cada linha sobre você. último gole. o processo de olhar o fundo do copo. é o fim da minha dose e estou mais sóbria agora do que quando comecei. não será o melhor poema sobre você, sabe. mas sempre será o meu para você. sempre haverá 5 da manhã em minha vida. e quem sabe em algumas delas ainda dividiremos os mesmos desejos e angústias em estar junto não estando.
Costumeiramente conhecida como geminiana, de várias alegrias e facetas. Formada em Psicologia, atualmente cursando Geografia e Arquitetura e Urbanismo, porque estudar é um prazer. Aos 29, ainda divagando em simples conversas atenta à lua. A poesia surgiu num espontâneo de êxtase, traduzindo em letras as cores de dentro. Contato: alinecoladello@hotmail.com [Observação dos bastidores: Em todas minhas criações assino como Aline Rodrigues apenas, mas meu nome completo é Aline Cristina Coladello Rodrigues. E sobre a falta de letras maiúsculas no poema acima, é proposital.]
AVARIA
MAÍRA BORTOLETO 76
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MAÍRA BORTOLETO, estudante do curso de Bacharelado em Artes Visuais com ênfase em design pela universidade PUC Campinas (estou no último ano, inclusive) e formada em Tecnóloga de programação. Atualmente faço estágio numa empresa de TI exercendo a função de Web Developer e faço alguns trabalhos como fotógrafa que é minha maior paixão. Eu não nasci (e cresci) achando que eu seria fotógrafa um dia. Pra ser sincera, acho que a grande maioria, quando pré-adolescentes, tem várias idéias de profissões e eu fui uma delas a ter estas confusões, a começar por Veterinária, depois Astrônoma e por fim Fotógrafa. Como eu sempre AMEI tirar fotos fui atrás de um curso que tivesse a minha cara para descobrir a mágica da fotografia. Comecei com fotos do dia-a-dia, fotos de eventos de amigos, exposições. A partir daí que foi surgindo convites remunerados para eventos de amigos, parentes, etc. Desde então minha paixão pela fotografia só aumenta e a cada trabalho é uma nova experiências com novos aprendizados.
SÉRIE: MATÉRIA ESCURA CAMILA CRIVELENTI
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Está série é composta por gravuras feitas a partir de diversas técnicas: xilogravura, monotipia, fotogravura e calcogravura; a escrita, com máquina de escrever.
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CAMILA CRIVELENTI é artista visual. Em sua arte impressa usa técnicas de xilogravura, calcogravura, fotogravura, monotipias e revelações fotográficas artesanais. Em sua arte não-material, é especializada em vídeo-arte e experimentos sonoros, feitos com equipamentos analógicos e sintetizadores, usados em performances e edições.
IX A.C
1,622 M_S²
432 Π
N ≈ 3
SAT-A568,3E24
PL 5069/2013
MICHELLE MENDONÇA 84
84
Ato de 30.10.2015 contra a PL 5069/2013
Ensaio fotografico contra a aprovação da PL 5069/2013.
Primavera de 1983 temperatura agradável. Artista que entre o sistema se esgueira para não tocar imagens batidas,consumo sem critíca, todo mundo quer uma foto minha. Decido que por estas imagens que vociferam em silêncio outras mil vozes caladas, e para ela há luz e possibilidades.
O MARGINAL CASAROSAEDITORA@GMAIL.COM FACEBOOK.COM/OMARGINALZINE
ARTICULAÇÃO
DIEGO MODESTO
DIREÇÃO DE ARTE REVISÃO/PRODUÇÃO
CAMILA MOROTTI CASA ROSA EDITORA
COLABORADORES ALINE RODRIGUES + ANDRÉIA COSTA + ANTONIO DE AZEVEDO JR + BEATRIZ DA MATTA + CAMILA CRIVELENTI + CAMILA MOROTTI + CÉLIO LIMA + DIEGO MODESTO + EMER SIMPSON [CHAPEIRO] + LAUREEN UND MARIE + GABRIELA ARAUJO + GABRIELLE PAGLIUSO + J.P. MARCOWICZ + LUCAS ALAMEDA + MAÍRA BORTOLETO + MARIANA GALLI + NATÁLIA NOLLI SASSO + RAQUEL NASCIMENTO GOMES + RICARDO PAIÃO OLIVEIRA + VALMIR KNOP JR. + WESLEY S. ESTÁCIO
Une mère de chantage BANG BANG MUAH
CONTATO: facebook.com/CASAROSAEDITORA medium.com/@casarosaeditora casarosaeditora@gmail.com