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Capítulo 1 Eu nunca quis ser mãe. Mesmo quando eu era pequena e brincava de boneca com minhas duas irmãs, sempre fazia o papel da tia Cláudia boazinha, que dava banho, trocava fraldas, embalava seus bebês de plástico e depois ia embora, à procura de coisas mais animadas para fazer no quintal ou no porão. Os adultos achavam meu comportamento em relação à maternidade “engraçadinho” e sorriam de maneira condescendente para mim, assim como sorriam para os meninos que insistiam em dizer que todas as garotas tinham piolho. Para eles, eu era apenas uma menina levada e impetuosa que um dia iria se apaixonar e entrar na linha.
Aqueles adultos estavam parcialmente corretos. Eu realmente superei minha fase de molecagens e realmente me apaixonei; várias vezes, na verdade, começando pelo meu namorado do colegial, Charlie. Mas quando Charlie olhou profundamente em meus olhos, no final do baile de formatura, e me perguntou quantos filhos eu queria ter, respondi, com firmeza, “zero”.
— Nenhum? — Charlie pareceu assombrado, como se eu tivesse acabado de lhe confessar um segredo terrível e sombrio. — Por que não?
Eu tinha muitas razões e as expliquei direitinho naquela noite, mas nenhuma delas o satisfez. E Charlie não foi o único. Entre os diversos namorados que vieram depois dele, nenhum parecia entender ou aceitar minha decisão. E, embora meus relacionamentos terminassem por