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A SABEDORIA COMEÇA NA REFLEXÃO
Paulo A. Freire
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“Quem não se sente ofendido, dispensa a necessidade da difícil tarefa de precisar perdoar”. Mahatma Gandhi Líder indiano, político, religioso e espiritual *1869 - †1948
Há pouco tempo ouvi esta frase em uma palestra e procurei refletir sobre ela. Como exercício, transportei seu conteúdo para o meu ambiente social e passei a avaliar diversos casos de pessoas que ficam magoadas com outas, ora com, ora sem razão. Esta frase, por si só, denota uma característica muito peculiar de seu criador, Mahatma Gandhi: um ser humano sereno, mas ao mesmo tempo firme e seguro de sua existência. Sentir-se ofendido é a assunção de um sentimento de inferioridade do ‘ofendido’ em relação ao ‘ofensor’. Sentir-se ofendido é dar menos valor aos seus sentimentos do que à atitude do ofensor. Sentir-se ofendido significa sentir-se diminuído em relação ao ofensor. É como conceder a este um diploma de superioridade. Para que perdoar se você não se sentiu ofendido?
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Será que não estamos supervalorizando as atitudes do próximo em detrimento de nossos próprios sentimentos, que deveriam ser de uma pessoa serena e segura? Se não conseguirmos perdoar, não é porque o ofensor não mereça perdão, é porque ainda continuamos ofendidos com a sua atitude. Sentir-se ofendido é a ‘causa’ e perdoar (ou não) é a sua ‘consequência’. Não sentir-se ofendido gera um sentimento de compaixão e não de ódioem relação ao suposto ofensor. Assim, tão logo deixarmos de nos sentir ofendidos, o perdão deixará de ser necessário. Confúcio, 500 anos antes de Cristo, lembrava também: “Ser ofendido não tem importância nenhuma, a não ser que continuemos a lembrar disso”.