Arquiteto e urbanista belga formado pela Escole Nationale Supérieure d'Architecture de la Cambre, em 1951, conhecido pela atuação profissional independente que tem como propósito central a participação dos usuários no processo de projeto, a flexibilidade espacial e a implementação de conceitos ecológicos. Na década de 1970, torna-se um dos arquitetos pioneiros na produção de projetos participativos, conferindo ao usuário poder de decisão no processo de projeto, criando uma relação orgânica entre o edifício e seus habitantes.
La Mémé, o alojamento estudantil da Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Lovaina (UCL), localizado em Bruxelas, na Bélgica. O edifício possui 9 pavimentos e uso misto: escola de educação básica e comércios nos 2 primeiros pavimentos e apartamentos comunitários nos demais pavimentos. O projeto teve inicio em 1968, incluía oito construções e não foi construído em sua totalidade.
Segundo Kroll, La Mémé é um edifíciomanifesto reconhecido como um “ícone da arquitetura democrática”. As ideias e demandas dos usuários foram incorporadas as soluções projetuais. O arquiteto trabalhou de modo a envolver ativamente os agentes em todas etapas do projeto.
A abordagem participativa de Kroll se assemelha às ideias de Turner, sobre processo de projeto circular:
A planta foi pensada para se adequar às necessidades dos usuários, por meio de diversas tipologias de acomodações e do uso de painéis móveis, que permitem ampliar ou diminuir os espaços com facilidade, investigando os moradores a serem criativos. Além disso, há espaços de uso comum e terraços e passarelas que conectam os diferentes blocos do edifíco.
CIRCULAÇÃO E TERRAÇOS ESPAÇOS DE USO COMUM ESPAÇOS INDIVIDUAIS
A diversidade de tipologias de acomodações reflete-se na fachada, pois esta também segue uma lógica de organização que preza pela flexibilidade. Os elementos que as compõem criam uma forma orgânica e eficiente à atender as necessidades do usuário. “A homogeneidade de forma e materiais é artificial”
Painéis móveis –
Azulejos –
Avançam e recuam de modo independente, garantindo autonomia ao usuário
O último andar foi ocupado por estudantes que dividem quartos maiores e que possuem rotinas similares.
Esquadrias –
Vidro espelhado –
Diversidade de dimensões, formatos, materiais e cores de acordo com a escolha do usuário.
Área destinada com flats individuais destinada aos alunos que não queriam dividir o espaço. Foi chamada ironicamente de “o fascista”.
Os elementos construtivos são coordenados modularmente, apresentam a lógica de suporte e recheio e modularidade. “Colunas regulares criam conformistas. As irregulares desafiam a imaginação”
PÓS-PROJETO: Devido ao caráter não convencional do projeto, La Mémé não agrada a todos, sendo considerado um experimento fracassado por alguns. Entretanto, o projeto do alojamento adaptou-se muito bem às necessidades dos estudantes e possui o mesmo uso até os dias de hoje. O edifício ecumênico, a sede administrativa e a estação de metrô seguem em plena utilização. Os espaços ao livre, como a praça Alma, não sofreram intervenções, apenas manutenções. E seguem sendo espaços bem arborizados e com intenso fluxo de pessoas.
LAMOUNIER, Rosamônica. Da autoconstrução a arquitetura aberta: o Open Building no Brasil, p.77- p.130. UFMG, Belo Horizonte, 2017. A arquitetura ecológica de Lucien Kroll. Barcelona Architecture Walks, Disponível em: <https://barcelonarchitecturewalks.com/the-ecologicalarchitecture-of-lucien-kroll/>. Acesso: 21 de março de 2021. KROLL, Lucien. Manifesto: lenta transformação nas políticas habitacionais. Vitruvius, 2001. Disponível em: < https://vitruvius.com.br/index.php/revistas/read/arquitextos /02.018/830/en>. Acesso em: 21 de março de 2021. <The Social Center Mémé. NOMADE USP, 2005. Disponível: <http://www.nomads.usp.br/pesquisas/cultura_digital/compl exidade/CASOS/MEME/MEME%201.htm>. Acesso: 21 de março de 2021. SILVA, Lourdes. La Mémé. Universidade Federal de Viçosa, 2020. Disponível em: <https://issuu.com/lourdescaroline/docs/la_meme>. Acesso em: 21 de março de 2021.