Agenda C Música

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Agenda C Música foi um espaço dedicado à música dentro do jornal Correio de Araucária. A cada edição um tema, estilo ou artista era apresentado com visual e diagramação diferenciados. Esta seção circulou durante o ano de 2003 e agora reunida nesta publicação para apreciação e leitura em tamanho original. Os textos são de autores variados, creditados em cada edição. O projeto gráfico e a diagramação é de Adriano Almeida Gonçalves.


Araucária, 16 de abril à 02 de maio de 2003

Led Zeppelin em lançamentos inéditos

DVD duplo, trazendo per-fomances da banda no Royal Albert Hall em 1970, Earl’s Court em 1975 e Knebworth em 1979, além de vídeos diversos e filmagens de bastidores, tudo remixado, sob a supervisão de Jimmy Page em pessoa.

O Led Zeppelin vai lançar, aparentemente em 27 de maio, um CD triplo intitulado “How The West Was On”, que compila apresentações em Los Angeles e em Long Beach de 1972, mixadas de forma a trazer um concerto completo, e também um

Capa do novo Cd triplo do Led Zeppelin

CD duplo passa a limpo carreira de Ronnie James Dio “Stand Up And Shout: The Dio Anthology” é o título do CD duplo a sair em 27 de maio, trazendo uma retrospectiva da carreira de Ronnie James Dio, desde a época do ELF até seus álbuns solo, além de um livreto recheado de fotos raras e notas explicativas de autoria do próprio vocalista.

Tecnicoloridos Mutantes Ronnie James DIO

Curitiba Rush - The Spirit of Radio Esta coletânea reúne os maiores sucessos do trio canadense, ícone do rock nos anos 60, que aos poucos mesclou o som heavy com o rock progressivo. Vale a pena conferir, “Working Man”,

3º Festival Barulho Records

No próximo dia 17 de abril a Barulho Records completa três anos e promove mais um festival que agita toda a cena local e nacional. Durante os “Fly By Night”, “Limelight” e “Distant Early dias 18, 19 e 24 de abril passarão pelo palco do lendário 92° Degrees, Warning”, entre outros clássicos em Curitiba, PR, as bandas: 18 – Os Catalépticos, Corsários (de Esta coletânea dupla São José dos Pinhais), Fuzz Face e mostra os maiores suAcid Eaters. cessos da banda de me19 – A banda carioca Beach Lizards, tal melódico, ícone do Randal Grave, Ovos Presley e No começo dos anos 90. Break. Clássicos, como 24 – Os portugueses do Fonzie (foto), “Miracle To Me”, Pelebrói Não Sei, No Milk Today e “Sometimes Grass Confusion. Informe-se e programe-se River”, “Cosmic pelo site: Friend” e “She Talks To www.barulhorecordes.com.br Angels”, entre outros. e pelo telefone (41) 322-7035.

The Black Crowes - Live

Pop Festival

A religiosidade do Jethro Tull The Breeders Já começam a ser vendidos os ingressos para o Curitiba Pop Festival, evento que reunirá nos dias 2 e 3 de maio, na Ópera de Arame, 20 bandas nacionais e internacionais, entre elas Breeders, Stereo Total, Rubin Steiner, Nação Zumbi e Otto. A venda será realizada, inicialmente, pela internet, por meio do site oficial do evento (www.curitibapopfestival.com). O preço promocional de lançamento, para um dos dias de show, é de R$ 25 e R$ 40 para os dois dias. A partir do dia 17 de abril os ingressos também poderão ser comprados, em Curitiba, em postos de venda que serão divulgados no site.

Pink Floyd ea

psicodelia

conceitual

vaca

de uma

No início dos anos 70, o mundo ainda vivia o efeito devastador da transformação social ocorrida no final da década passada. Reinava a expectativa sobre como o mundo reagiria dali por diante após mudanças tão radicais. No cenário artístico-cultural também se fazia presente tal questionamento. O fim do “beatlecentrismo” no meio musical fazia com que a atenção não só do público, como da crítica e, sobretudo, das gravadoras, se dispersasse em direção a outros artistas que apareciam com destaque no fim da década passada. Dentre as novidades, uma delas se destacava como a viga mestra de um movimento que ganhava corpo a cada dia, o psicodelismo. Seu nome era Pink Floyd. Os dias atravessados por Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright, porém, não eram nada comparados aos passados acerca de três anos antes. Originária de um sucesso de público e crítica devido ao conceito criado, sobretudo por Syd Barret, era visível a crise de criatividade e o abalo emocional vividos após a saída de seu mentor original. Após a estréia marcante com o aclamado “The Piper at the Gates of Dawn”, e o conseqüente estrelato, veio o contestado “A Saucerful of Secrets”, última obra de Barret com o grupo. Sucederam, já com Gilmour nas guitarras, várias participações em trilhas sonoras em filmes, com destaque para “More” e “Zabriskie Point” – verdadeiros clássicos do gênero – e o conceitual “Ummagumma”, o álbum duplo que reunia, em um disco, quatro faixas ao vivo e, no outro, faixas solo de cada um dos integrantes. Quando os anos 70 chegaram, contudo, um novo álbum precisava ser lançado. A concepção do projeto “Atom Heart Mother” não foi nada fácil. A obra tinha que causar impacto, prenunciando como seria o novo Pink Floyd. Pela primeira vez a banda faria um álbum próprio, de carreira, sem a influência de Barret. Após várias discussões, veio de Roger Waters a idéia de compartilhar o processo de autoria do álbum com Ron Geesin, músico de jazz, expoente da cena vanguardística londrina. Waters e Geesin se conheceram na produção da trilha sonora de “The Body”, da BBC inglesa, que resultou no primeiro álbum solo de Waters, em 1969, chamado “Music From The Body”. Várias demos de material inédito foram entregues a Geesin, sob o desafio de que ele conseguisse extrair desse material algo que prestasse. As fitas se constituíam, na maior parte, de sobras de gravações das referidas trilhas sonoras. Após quebrar a cabeça pensando no que

Por Alisson dos Santos Cappellari - Whiplash!

Em 1970, a banda paulistanta Mutantes tentou se lançar internacionalmente. Tudo se deu na França e não nos Estados Unidos, como seria de se esperar de um conjunto (na época não eram bandas, mas conjuntos) que apostava no estilo pop psicodélico e tinha tanto a ver com os Beatles modelo 1967. Mas a explicação é óbvia para o desvio Brasil-França: o então chefe da Phonogram no Brasil, o executivo André Midani, programou o lançamento dos Mutantes em território francês, que ele conhecia bem por ter feito carreira em Paris. Convidou então o conjunto para se apresentar no Midem, a feira internacional do disco em Cannes, e tratou de arranjar o produtor Carl Holmes para gravar o LP, em Paris, no final de 1970. As 12 faixas foram gravadas, mas não houve lançamento. A matriz do disco ficou guardada por 30 anos e agora volta à luz, em CD, com capa desenhada por Sean Ono Lennon. O que sobra dos Mutantes

tanto tempo depois? Bem, as canções em versões desconhecidas, o talento para o improviso e a juventude que os cinco integrantes exibiam na época: Rita Lee, Arnaldo Baptista, Sérgio Dias, e mais Liminha no baixo e Dinho na bateria. Vale a pena ouvir “Panis et Circenses” e “Baby”, de Caetano Veloso, em inglês, e uma versão paródica em inglês de “A Minha Menina” (de Jorge Benjor, na época chamado de Jorge Ben), intitulada “She is My Shoo Shoo”. E há a faixa-título, um rock psicodélico típico da época. O CD é um resgate histórico dos mais curiosos de uma das melhores bandas de rock que o Brasil já ouviu

fazer, ele propôs à banda algo inédito até então na música pop mundial: a elaboração de uma suíte, nos moldes dos clássicos eruditos, subdivididas em vários atos. Foi a partir daí que surgiu a polêmica e incompreensível faixa título do álbum. Trancafiados nos estúdios da EMI, em Abbey Road, o Pink Floyd deu início às gravações daquele que seria um dos discos mais importantes da história do rock mundial. “Atom H e a r t Mother”, a música, se apresentou como uma grande peça teatral, subdividida em

Combinando hard-rock, melodias folk e a vibrante voz de Ian Anderson em letras ousadas e inteligentes (que celebram a união com Deus mas condenam o papel ditatorial da Igreja nesta relação), “Aqualung” foi um soco no estômago quando de seu lançamento, levando milhares de adolescentes a se questionarem pela primeira vez sobre assuntos tão polêmicos. Clássicos como “My God”, “Hymn 43”, “Locomotive Breath”, “Cross-Eyed Mary”, “Wind Up” e a faixa-título estouraram nas rádios, criando verdadeiras disputas para conseguir ingressos para as apresentações ao vivo da banda. Esta versão, além de totalmente remasterizada com tecnologia de ponta, conta ainda com faixas bônus, tornando este Cd uma das obras primas do rock.

seis atos. O resultado foi grandioso. A gravação contou com estrutura digna de uma orquestra sinfônica, estando presentes um cello solo, uma dezena de instrumentos de sopro – com destaque para o solo de trompas francesas – e um coral de 20 pessoas, sob a regência do maestro John Alldis. A suíte apresentou uma duração aproximada de 24 minutos. O início é impactante com “Father’s Shout”, onde é dada uma pequena demonstração do virtuosismo do grupo, tendo ao fundo a desafinação dos instrumentos de sopro simulando vozes humanas. Após, vem “Breast Milky”, marcada pela impecável interpretação do coral, sustentada pela melodia marcante dos teclados de Wright. “Mother Fore” retoma a instrumentalidade da faixa, com uma estrutura bluesística, alternada com vocais furiosos. “Funky Dung” apresenta a experimentação das faixas em estúdio de “Ummagumma”, onde uma mescla de ruídio estereofônicos criam um cenário de suspense, originando uma estrutura que viria a ser retomada em “Echoes” (do álbum Meddle) e “On The Run” (de Dark Side of The Moon). “Mind Your Throat Please” retoma a musicalidade da canção. O grand finale vem com “Remergence”, que repete as estruturas da primeira parte, em um final apoteótico. A faixa era uma experiência auditiva fantástica, visto que o álbum foi um dos primeiro a ser gravados no sistema quadrofônico estéreo, que subdividia o som de cada instrumento em um canal diferente para o ouvinte. Algo complexamente trabalhado que tomou o lado A inteiro do álbum, numa experiência inédita no Rock mundial. O lado B do álbum começa com a cativante “If”, de autoria de Waters. À primeira vista parece uma cantiga de ninar, porém, quando examinada a letra se vê uma forte ode à insanidade humana. A temática seria a marca registrada de Waters para o resto da carreira. O violão dedilhado cortado pela guitarra de Gilmour é um clássico. A letra, marcada por suposições, foi feita, sem dúvida, em homenagem a Syd Barret e seu momento difícil. Segue-se a esta “Summer 68”, uma das melhores músicas do grupo. De autoria de Wright, trata-se de uma canção singela sobre um relacionamento efêmero seu com uma groupie no verão de 1968. A música segue o seu curso normal até que, de repente, é cortada pela clássica intervenção de Gilmour gritando “How do you feel?”, como se questionando o ouvinte do que sente no momento. Então se percebe presença de metais em estilo barroco, ilustrando o clima da música. Após a retomada da normalidade, a segunda intervenção é feita por toda a orquestra presente na gravação de “Atom Heart Mother”, numa mistura única de sons vista na história da música contemporânea. A faixa de Gilmour, “Fat Old Sun”, traz a mesma estrutura melodiosa anteriormente apresentada pelo grupo na faixa “Green Is The Colour”, da trilha do filme “More”. Trata-se de uma balada, onde a melhor parte, sem dúvida, é o solo de guitarras no fim da faixa. “Fat Old Sun” ficou famosa por ser a música de trabalho do álbum e pela interpretação forte do grupo em seus shows ao vivo, em quase nada lembrando a versão calma gravada em estúdio. O disco acaba com “Alan Psichedelic Breakfast”, outra faixa conceitual. Com duração de cerca de 13 minutos e subdividida em três atos (“Rise and Shine”, “Sunny Side Up” e “Morning Glory”), a faixa consiste basicamente em experiências estereofônicas que buscam retratar sonoramente o café da manhã de Alan Stiles, um dos roadies do grupo. Na faixa, é possível ouvir o bacon fritando e alguém fazendo sua higiene pessoal. A música só foi interpretada uma vez ao vivo, tendo a banda, no palco, fritado o bacon e tomado café em frente a um incrédulo público. Atom Heart Mother é um álbum até hoje incompreendido por grande parte do público. Inegáveis são, contudo, a sua qualidade vanguardística e a influência que causou na música, não só de um modo geral como também no próprio grupo. A idéia de disco conceitual foi a partir daí desenvolvida, influenciando vários outros artistas, como é o caso do progressivismo de Rush e Yes. As inovações sonoras do álbum foram mais tarde desenvolvidas pelo próprio grupo em praticamente todas as outras obras da banda, com ou sem Waters. Além da música, o disco tem uma das capas mais enigmáticas da história da música. O bovino mais famoso do rock mundial aparece tanto no vinil, quanto no CD. A rês Lullubelle III, uma cruza das raças holandesa e normanda (ao contrário de suas colegas da contracapa, puramente holandesas), foi fotografada em uma propriedade rural do interior da Inglaterra. A gravadora pagou ao dono da propriedade cerca de mil libras pelos “direitos de imagem” do animal. A propriedade virou ponto turístico, e Lullubelle, uma celebridade do showbusiness mundial.


Araucária, 01 à 15 de maio de 2003

Fernanda Porto

Bjork – Greatest Hits

Revista Beatz Já está nas bancas a primeira edição da revista Beatz, especializada em música eletrônica e cultura Pop.

A mistura de MPB com drum’n’bass cogitada por Fernanda Porto saiu melhor que a encomenda. Não bastasse seu álbum de estréia ter sido bem recebido pela crítica e do sucesso que algumas músicas têm feito no exterior, Fernanda Porto, o disco, chega às 80 mil cópias vendidas - um número invejável em tempos de crise no mercado fonográfico. Nada mal para a cantora, multiinstrumentista e compositora que, antes de assumir a eletrônica pop, estudava compositores eruditos do século 20 - a vanguarda eletrônica encabeçada por Karlheinz Stockhausen e Edgar Varése. O sucesso começou com o lançamento de “Sambassim”, parceria com o DJ Patife, que estourou simultaneamente no Brasil e na Europa e não parou de crescer, apenas se acentuando com o lançamento do álbum, que aconteceu há pouco mais de seis meses. Agora, a cantora colhe os frutos do primeiro trabalho. E isso é apenas o começo de 2003 para Fernanda Porto. Até o final do ano, ela colabora com o Living Colour e com o grupo japonês Fushu Daiko, viaja para os Estados Unidos, Japão e, outra vez, Europa. Ela também faz uma turnê pelo Brasil, compõe a trilha sonora para o filme Cabra Cega, de Toni Venturi (fazendo releituras de clássicos da MPB nos anos 60 e 70, como “Construção” e “Alegria, Alegria”) e grava um DVD, que deve ser lançado no final do ano. Isso sem contar a já gravada participação no Acústico MTV de Marina Lima.

Na última década, a islandesa Björk cravou seu nome entre os artista de ponta na experimentação com o pop e com a eletrônica, na criação de ambiências, texturas e batidas repletas de lirismo e sensualidade. A cada álbum, sofisticavam-se arranjos, temas e produção. A retrospectiva dessa evolução está neste Greatest Hits, cujas faixas foram escolhidas pelos fãs em votação no site oficial da cantora. Para esta caixinha de jóias, os três primeiros álbuns contribuíram com 4 músicas cada um, duas saíram do recente Vespertine e ainda há a inédita “It´s In Our Hands”. Só ficou de fora o hit “It´s Oh So Quiet”.

Curitiba Pop Festival Os ingressos para o Curitiba Pop Festival já podem ser comprados num novo posto de venda, o Memorial de Curitiba, no Largo da Ordem, diariamente, das 13h às 19h. Além deste novo endereço, continuam sendo vendidos na Ópera de Arame (R. João Gava, s/n, Bairro Pilarzinho), também das 13h às 19h, e na Barulho Records (Shopping Center Omar, Piso Comendador Araújo, Centro), das 10h às 20h. O preço é de R$25,00 para um dia do evento e R$ 40,00 para dois dias.

O Rappa Dia 10 de maio no Moinho São Roque. Maiores informações 333 3964

Por Alexandre Matias

Otto Samba pra Burro Álbum de estréia do ex-percussionista do Mundo Livre S/A, Samba pra Burro (1998) traz novas misturas de batidas com percussão, onde o flerte com a música eletrônica é mais que uma paixão de ocasião. Enquanto Otto mostra humor nas letras curtas e surrealistas, a música vai envolvendo e pequenas pérolas surgem a todo momento: a sensacional “Bob” com participação de Bebel Gilberto, a doce “Distraída para Morte”, “Café Preto” e “O Celular de Naná”. Participações especiais de Fred 04, Skowa, Marcos Suzano, DJ Soul Slinger, Nação Zumbi, Luca Raele e Apollo 9. Bela estréia. (Dafne Sampaio)

Changez Tout O pernambucano Otto entregou seu álbum de estréia, Samba pra Burro (1998), para uma série de DJs e músicos brasileiros com total liberdade de criação. Mais que um álbum de remixes, os dois CDs de Changez Tout (2000) formam um álbum com recriações cheias de originalidade, mais ou menos elétricas, mais ou menos boas. Tem a versão de Bid, do Funk Como Le Gusta, para “Bob” e ainda a dupla Rica Amabis e Luca Raele (“Renault/Peugeot”), André Abujamra (“O Celular de Naná”), Max de Castro, DJ Patife, Apollo 9, Camilo Rocha, DJ Dolores, DJ Marky, Anvil FX, Edgard Scandurra e João Marcello, entre outros. E Otto vai se transformando nas 29 faixas de Changez Tout. (Dafne Sampaio)

Condon Black Depois do bem sucedido Samba pra Burro, Otto encara o segundo álbum com tranqüilidade e ousadia. As batidas eletrônicas, provenientes da parceria com Apollo 9, continuam sendo o grande referencial musical, mas Condom Black traz o candomblé para o centro do terreiro criativo do pernambucano em letras e ritmo (além do preto e vermelho do encarte e a brincadeira do título do álbum). Ainda há espaço para o rock (“Pelo engarrafamento”) e jazz (“Hemodialisis”). Produzido com esmero, Condom Black traz participações interessantes de Chorão, Max de Castro, Beto Lee e Nação Zumbi. (Dafne Sampaio)

Por Danilo Valentini

Cada vez mais Groove O gospel, o soul e o reggae deixaram redondinho Lovebox, o novo disco da dupla inglesa Groove Armada, incorporando mais suingue, força e beleza ao som feito por Andy Cato e Tom Findlay. Recheado de convidados, como já aconteceu em Goodbye Country (Hello Nightclub), o quarto álbum da dupla conta com as inusitadas e bemvindas presenças de Neneh Cherry, que estourou com “Buffalo Stance” e “7 Seconds”, Tim Hutton (cantor e produtor) e Richie Havens, o herói negro da folk music dos anos 1960 que já havia contribuído com duas participações no álbum anterior. O penúltimo trabalho do Groove Armada, aliás, parece ter funcionado como a ponte que Cato e Findlay precisavam para soar menos house e trip hop como no início de seus trabalhos, em meados dos ano 1990. Hoje, de fato, groove é um nome que cai muito bem para eles.

Massa sonora anti-guerra O engajamento anti-guerra dá o tom de 100th Window, novo álbum do Massive Attack. Criada como um trio na cidade de Bristol no início da década de 90, a banda britânica chega a seu quarto disco de carreira capitaneada por apenas um dos integrantes originais, Robert “3-D” Del Naja, que assina composições, vocais, produção, arranjo de cordas, direção e design. Um dos fundadores do trip-hop, som que transformou a música eletrônica no início dos anos 90, o grupo estava há cinco anos sem lançar disco novo. Este 100th Window, que tem as participações especiais de Sinéad O’Connor e do vocalista jamaicano Horace Andy, não chega a fazer revoluções sonoras como seus antecessores, mas é exemplo bem-acabado do poder das ambiências intrincadas e das atmosferas entorpecidas da eletrônica feita não para dançar, mas para ouvir. Por Patricia De Cia

Groove Armada Love Box

Massive Attack 100th Window

Espelho, espelho meu... ... são as palavras da rainha má, quando encara seu espelho mágico durante o filme Branca de Neve e os Sete Anões, e por quê ela encara tanto o espelho, e uma forma tão caprichosa e se ocupa tanto dele? Desde que viu refletido o próprio rosto em uma lagoa, Narciso ficou apaixonado, e na esperança de estar com aquela imagem refletida, morreu afogado. Mas a atração que os reflexos nos causam, não parou de crescer desde então. Os primeiros espelhos de metal polido davam somente uma idéia do contorno do rosto, depois vieram os de vidro que refletia perfeitamente a pessoa. Ainda mais tarde, vieram os de aumento, para a maquilagem especial, porém o fascínio nosso pela imagem permanece. As mulheres, especialmente, têm um estranho relacionamento com o espelho, uma relação de amor e ódio, que tem muito a ver com o amor próprio, e de como querem parecer. Um dia destes, comentando o assunto com uma amiga adolescente cheguei à seguinte conclusão: Ela não vive sem um espelho. E a coisa, funciona mais ou menos assim: · Levanta-se e corre para o espelho para ver se está bem, com olheiras ou outras marcas novas. · Abre o armário e se vê por inteiro, avalia onde está bem e onde não está. · Veste-se e corre para se ver com a roupa, a marca, o que quer mostrar, o quer esconder. · Toma o café, volta ao espelho para escovar os dentes e retocar a maquilagem, procurando alguma diferença. · Vai para a escola e antes de descer do carro vê se está bem penteada. · Assiste às aulas e, de vez enquanto, confere o visual no espelhinho da bolsa. · No intervalo come um lanche e vai ao espelho para se retocar e arrumar mais um pouco. · No retorno para à classe, dá mais uma ou duas conferidas no espelhinho. · De volta para casa vai ao espelho grande ver como está. · Escolhe outra roupa e verifica se está condizente com a nova imagem que quer mostrar ao seu “público”. · Passa na rua e faz pose para uma porta refletiva de vidro para conferir, novamente, o visual, depois dá uma olhadela no espelhinho da bolsa. Assim como os aborígines, que se encantam em ver a própria imagem refletida, as mulheres não se cansam de sua imagem e basta um comentário para trazer à tona toda sua insegurança. Diz-se da magia dos espelhos que eles refletem a nossa alma. Por isso os vampiros, que não têm alma, não se refletem nos espelhos. Todavia não há quem não faça uma brincadeira diante de um espelho, somente as pessoas que estão com auto-estima muito baixa não reparam neles, são casos raros e graves de falta de auto-estima. Agora, deixe-me ver como estou hoje, pois a tela do computador não reflete nada...


Araucária, 16 à 31 de maio de 2003

Nesta edição, trazemos discos que mostram e definem algumas das maiores bandas da história. Antes de sair atirando para todos os lados, tentando encontrar o som ideal, é melhor conhecer algumas obras de quem já está a algum tempo na estrada. Isso para não cair no mundo das drogas e torna-se um viciado em porcarias.

The very best Of Kiss

tes “Detroit Rock City”, “New York Groove”, “Love Gun”, “Hotter Than Hell” e “Beth”. Imperdível.

Rolling Stones Forty Licks

Esta coletânea reúne os maiores sucessos da mais famosa banda de “caras pintadas” da história do rock dos anos 70. Entre as pérolas, estão presen-

Esta coletânea dupla reúne todos os clássicos dos Rolling Stones, ícone do rock britânico, desde meados dos anos 60 até os anos 90. Vale a pena conferir as pérolas, como “(I Can´t Get No) Satisfaction”, “She´s Rainbow”, “Star Me Up” e “Not Fade Away” e destacar as faixas inéditas: “Keys To Your Love”, “Stealing My Heart” e “Losing My Touch”.

Kiss Expo Dia 16 de maio, no Moinho São Roque, show com a banda: Destroier (Kiss Cover). Presença de Eric Singer, do Kiss. Ingressos antecipados a R$15 (na hora R$20), à venda na Hard Temple e no Moinho.Informações: 333-3964

Unidos pela paz

Hammerfall

Hammerfall

A banda Hammerfall volta a Curitiba para mais uma noite de muito metal! Dia 18 de maio no Moinho São Roque. Ingressos antecipados a R$25 (na hora outro preço), à venda na Classic Laser, Rock The Nations e no Moinho. Informações: 333-3964.

Eric Singer, do Kiss

O maior festival de todos os tempos! Show com as bandas Raimundos, Tihuana, Natiruts e Charlie Brown Jr. Dia 31 de maio numa mega estrutura montada no Jockey Clube de Curitiba, com mega palco, mais de 10 telões, pista hip-hop, área radical e praça de alimentação. Ingressos até o dia 18 de maio a R$15, na compra de 3 ingressos você ganha 1 pagando apenas consumação (depois outro preço). À venda nas lojas Sumatra, Damiller, Mania do CD e Michelle Board Shop (São José). Informações: 2560959.

Drogas... fique longe delas Acompanhe o depoimento emocionado de um ex-viciado Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de “experimenta, depois quando você quiser é só parar...” e eu fui na dele. Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de “raiz”, da terra, que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do Chitãozinho e Xororó; e, em seguida, um do “Leandro e Leonardo”. Achei legal, uma coisa bem brasileira; mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais freqüente; comecei a chamar todo mundo de “amigo” e acabei comprando pela primeira vez Lembro que cheguei na loja e pedi: - Me dá um Cd do Zezé de Camargo e Luciano. Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um Cd de Axé. Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve... Banda Eva, Cheiro de Amor, Netinho, etc. Com o tempo, meu amigo foi me oferecendo coisas piores: É o Tchan, Companhia do Pagode, Asa de Águia e muito mais. Após o uso continuo eu já não queria saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer os quadris como eu nunca havia mexido antes. Então, meu amigo me deu o que eu queria, um Cd do Harmonia do Samba. Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, razão do meu existir. Eu pensava só nesta parte do corpo, respirava por ela, vivia por ela! Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais, mais... Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show e ao encontro dos grupos Karametade e Só Pra Contrariar, e até comprei a Caras que tinha o Rodriguinho na capa. Quando dei por mim já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro, meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo. Não deu outra: entrei para um grupo de pagode. Enquanto vários outros viciados cantavam uma música que não dizia nada, eu e mais outros 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorríamos e fazíamos sinais combinados. Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e pedi a Coletânea: “As melhores do Molejão.” Foi terrível!! Eu já não pensava mais!! Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas miseráveis e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao fundo do poço ao limiar da condição humana, quando comecei a escutar popozudas, bondes, tigrões, motinhas e tapinhas. Comecei a ter delírios, a dizer coisas sem sentido. Quando saía à noite para as festas, pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas que queriam me mostrar o caminho das pedras... Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: a droga limpa. Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro: doses cavalares de Rock, MPB, Progressivo e Blues.Mas o médico falou que eu talvez tenha de recorrer ao Jazz, e até

Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam a visão para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável, distante; vai perder as referências e definhar mentalmente. Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte:

Não ligue a TV no domingo à tarde; Não escute nada que venha de Goiânia ou do interior de São Paulo; Não entre em carros com adesivos “Fui.....”; Se te oferecerem um Cd procure saber se o indivíduo foi ao programa da Hebe ou ao Sabadão do Gugu; Mulheres gritando histericamente é outro indicio; Não compre um Cd que tenha mais de 6 pessoas na capa; Não vá a shows em que os suspeitos façam passos ensaiados; Não compre nenhum Cd em que a capa tenha nuvens ao fundo; Não compre nenhum Cd que tenha vendido mais de um milhão de cópias no Brasil, e; Não escute nada que o autor não consiga uma concordância verbal mínima. Mas principalmente, duvide de tudo e de todos. A vida é bela!!!! Eu sei que você consegue!!! Diga não às drogas!!

Luiz Fernando Veríssimo

Led Zeppelin Remasters Em pouco mais de dez anos de carreira discográfica, que começou em 1968, o Led Zeppelin fez história no rock com álbuns preciosos e um punhado de hits que iriam influenciar profundamente as gerações seguintes. A receita era original, mas simples: música eletrificada centrada no blues, mas aberta a aceitar ingredientes de outros gêneros, como folk, reggae e experiências progressivas. Poucos grupos podem se dar o luxo de ter lançado álbuns tão marcantes em início de carreira, como fizeram Robert Plant (vocal), Jimmy Page (guitarra), John Paul Jones (teclados) e John Bonham (bateria). A maioria das músicas daqueles discos estão nesta compilação de 1990, em dois CDs, a primeira do grupo até então. Entre elas, muitos clássicos, como “Stairway to Heaven”, “Since I’ve Been Loving You” e “D’Yer Mak’er”. A produção e seleção do repertório são de Page, que, insatisfeito com o som de seus álbuns quando repassados para CDs, pegou os originais e submeteu-os ao processo de remasterização. O resultado é primoroso. Imprescindível para principiantes e iniciados. — por Léo Paladini

Deep Purple Come Hell or Hight Water Na longa carreira do Deep Purple o que não faltam são discos gravados ao vivo. Os milhares de fãs do grupo inglês têm à sua disposição vários álbuns que registram a energia dos shows do Purple. O diferencial de “Come Hell or High Water”, lançado em novembro de 93 (também disponível em VHS), é que trata-se do último disco ao vivo com a participação do genial Ritchie Blackmore - guitarrista e um dos fundadores do conjunto ao lado de Jon Lord (teclados) e Ian Paice (bateria). O seu estilo (poderosos riffs, fraseado blues e longos solos, às vezes com ingredientes eruditos) está impregnado no som do Deep Purple. Além disso, influenciou várias gerações de guitarristas - como por exemplo o virtuose Yngwie Malmsteen. No repertório do disco, mais uma vez desfilam clássicos da banda como Smoke On The Water, Black Night, Child In Time, Speed King, Perfect Strangers e Highway Star, entre outros. Músicas extraídas de dois shows de 93 (16 de outubro em Stuttgart, na Alemanha e 9 de novembro em Birmingham, Inglaterra). — Por Marcelo Rocha.

The Best Of Black Sabbath O Black Sabbath foi um dos grandes responsáveis pela consolidação do que hoje é conhecido como heavy metal rock. Graças a seus acordes graves, som pesado e soturno e letras explorando temas como o satanismo e a irracionalidade do mundo moderno, o quarteto que em sua fase áurea (68-78) tinha em sua escalação Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo), Bill Ward (bateria) e Ozzy Osbourne (vocal), ganhou um público imenso e fiel nos quatro cantos do mundo. A coletânea The Best Of Black Sabbath é a mais abrangente já lançada, pois engloba o período compreendido entre 1970 (ano do lançamento do primeiro álbum do quarteto) e 1983 (quando saiu Born Again). São 32 músicas, clássicos como Black Sabbath, War Pigs, Paranoid, Iron Man, War Pigs, Sabbath Bloody Sabbath e Symptom Of The Universe. Também temos faixas da fase com o vocalista Ronnie James Dio (Heaven And Hell, Turn Up The Night) e com o vocalista do Deep Purple, Ian Gillan (The Dark-Zero The Hero). De quebra, um ótimo encarte contando a história do

Wembley Arena, London England, 30.5.2000 Live Registro de show da turnê européia 2000. Única grande banda da geração do Nirvana a permanecer na ativa e com muito sucesso, o Pearl Jam tem se notabilizado por suas ações inovadoras, em termos de carreira. A maior de todas ocorreu em 2000. Como forma de combater a pirataria, o grupo liderado pelo carismático vocalista Eddie Vedder resolveu lançar, de uma só vez, vinte e cinco CDs duplos, gravados ao vivo durante a turnê européia da banda realizada em maio e junho de 2000. Ou seja, o fã poderá ter o registro de todos os shows dessa tour. Em termos de Brasil, a gravadora Sony optou por nos oferecer em versão nacional apenas o CD duplo com o show realizado no Wembley Arena, em Londres, no dia 30 de maio. Com performance energética, a banda relê canções de seus vários CDs, enfatizando o repertório do álbum No Code, mas não deixando de lado clássicos do naipe de Even Flow, Alive e Dissident. Vale lembrar que o repertório dos shows variou a cada dia, sendo o set list da performance do dia 29 de maio no mesmo Wembley Arena bem diferente deste aqui. Por Fabian Chacur.


Araucária, 29 de maio à 12 de junho de 2003

O,Yeah ! Ultimate Aerosmith Hits

Esta coletânea dupla reúne os maiores sucessos do quinteto americano, ícone do rock mundial. vale a pena relembrar os hits, “Same Old Song And Dance”, “ Back In The Saddle”, “Jaded” e “Girls Of Summer”. Destaque para as faixas-bônus, “Come Together”, “Toys In The Attic” e “Theme From Spider Man”.

Angra Rebirth World Tour - Live in São Paulo Primeiro registro ao vivo da banda paulistana de heavy metal melódico que traz o registro do show realizado em São Paulo (15/12/2001), na íntegra. Neste álbum duplo, vale a pena destacar as pérolas do estilo, “Millennium Sun”, “Acid Rain”, Rebirth”, “Running Alone” e “Heroes Of Sand”. Imperdível.

Bootlegs oficiais do Dream Theater O Dream Theatrer vai comercializar através da ytsejamrecords.com vários bootlegs oficiais, que poderão ser adquiridos somente via website, cujos três primeiros CDs já estarão disponíveis em junho: “The MAJESTY Demos 1985-1986”, trazendo gravações realizadas pelo grupo que deu origem ao DT, “Live In Los Angeles, California 5/18/ 98”, com participação especial de Bruce Dickinson (IRON MAIDEN) e Ray Alder (FATES WARNING) e “The Making Of ‘Scenes From A Memory’”, que conta com versões e mixagens alternativas do referido álbum. De acordo com o baterista Mike Portnoy, a idéia é lançar três títulos a cada semestre, e abranger todas as fases da carreira do grupo.

Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band Um atalho visionário: o mais importante álbum já lançado “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” será lembrado para sempre como o disco que mudou a história do rock&roll. Todos que prestaram atenção no álbum anterior da banda, “Revolver”, perceberam que o grupo estava num caminho sem precedentes, em direção a um alto grau de sofisticação e experimentando novas fórmulas em suas músicas de uma maneira destemida. Isto se materializa em todo seu esplendor neste Cd, um álbum ricamente diverso. Todo esse ecletismo em momento algum parece forçado, como podemos perceber na suave passagem de “When I’m 64" para a guitarra que abre “Lovely Rita”. McCartney é o líder da Lonely Hearts Club Band em número de composições - 6 no total: “Getting Better”, “Fixing a Hole”, “She’s Leaving Home”, “When I’m Sixty-Four”, “Lovely Rita” e a faixa-título. A impressão que o álbum passa é de que os Beatles, criando alter-egos livremente, conseguiram realmente fazer toda a potencialidade do grupo emergir. Em tempo - ainda não ouvi nenhum álbum tão criativo quanto “Sgt. Pepper’s” este ano. E obviamente não espero que vá ouvir. — Por Joel Castro.

Black Sabbath - Reunnion O Black Sabbath, com ou sem Ozzy Osbourne, tem provado que passou no teste do tempo e se afirmou como uma das bandas mais influentes e adoradas do mundo do rock. O disco duplo “Reunion” é o primeiro álbum oficial ao vivo que resgata sua linha original de shows (inclusive da esperada apresentação feita em Birmingham - Inglaterra), trazendo grandes hits como “Iron Man”, “N.I.B”, “War Pigs”, “Paranoid”, “Sweet Leaf”, e as novas “Psycho Man” e “Selling My Soul”. O Osbourne ouvido aqui, além de Geezer Butler, Bill Ward e Tony Lommi (que arrasa na guitarra), é o que os fãs da banda precisam conhecer e amar.

A sintonia do grupo é tanta, que parece que eles sempre estiveram juntos ao longo destes 20 anos, ou melhor, dos 28 anos de espera do público para álbum ao vivo tão memorável como este. Eles estão melhores do que nunca. Mas, obviamente, o objetivo de “Reunion” não é apenas celebrar o interlúdio histórico do rock, mas sim aguçar o apetite voraz dos fãs para a turnê que está por vir. Por Joel Castro.

Deep Purple - Made in Japan Os japoneses puderam conhecer de perto a energia do Deep Purple em 1972, durante a turnê que a banda realizou naquele país. “Made in Japan” registra essa passagem do grupo pela “Terra do Sol Nascente” e nos oferece setenta e sete minutos do mais puro hard rock - gênero esse que desenvolveu-se graças ao pioneirismo de nomes como Led Zeppelin, Black Sabbath e o próprio Purple, que nessa época contava com a sua formação clássica: Ian Gillan (vocal), Roger Glover (baixo), Jon Lord (teclados), Ian Paice (bateria) e o excepcional Ritchie Blackmore (guitarra). O CD, ao vivo, traz sete músicas gravadas entre os dias 15, 16 e 17 de agosto nas cidades de Tokyo e Osaka. Highway Star e Lazy mostram porque Blackmore se tornaria um dos melhores guitarristas da história do rock, com seus longos solos repletos de feeling e técnica apurada. Isso sem falar daquele que talvez seja o maior riff (frase melódica de guitarra) de todos os tempos, Smoke in The Water. Completam o CD os clássicos Strange Kind of Woman, Child in Time, The Mule e Space Truckin’. — Por Marcelo Rocha.

Novos lançamentos

Capas dos próximos lançamnetos do Led Zeppelin e do Kiss

The Who - Live at Leeds Esta coletânea reúne os grandes sucessos da banda de rock britânica mais importante dos anos 60, depois dos Beatles e Rolling Stones. O grupo consagrou-se em 68, com o lançamento da ópera-rock Tommy. Estão presentes neste seleção, os rocks pesados como “Heaven And Hell”, “ Young Man Blues” e “My Generation”, que tornou a banda de rock ao vivo mais disputada na época. Além de “The Acid Queen” e “Pinball Wizard”.

Grandes lançamentos estão por vir nos próximos meses. Dentre os quais podemos destacar material novo do Helloween e do Metallica, além do CD triplo ao vivo do Led Zeppelin e o tão aguardado Alive IV do Kiss. Também estão a caminho uma coletânea dupla do Rainbow e uma caixa com todas as fases de Ronnie James Dio. É aguardar pra ver.

Pedro Luis e a Parede Workshop com o baterista do ANGRA

Dia 30 de maio, na Sociedade Vasco da Gama, com o show “Zona e Progresso” Ingressos antecipados a R$12 (na hora R$15), à venda nas lojas Armazém do CD, Maia Box, Café do Teatro e Calamengau. Informações: 338-7766 / 9901-3121 / 9904-5129. Local: Sociedade Vasco da Gama (Rua Roberto Barrozo, 1190).

Dia 31 de maio Aquiles Priester terá um encontro pessoal com cada um dos fãs do Angra que querem saber da sua participação na banda, sua técnica, set up, etc. Local: Auditório Drum Shop (Rua Des. Dia 31 de maio o maior festival de Westphalen, 486). todos os tempos. Show com as banIngresso: R$ 10,00 das: Raimundos, Tihuana, Natiruts e + 1 kg de aliCharlie Brown Jr. reunidas numa estrutura mento Vagas formada por mega palco, mais de 10 telões, limitadas. pista hip-hop, área radical e praça de alimentação. Ingressos á venda nas lojas Sumatra, Damiller, Mania do CD e Michelle Board Shop. Local: Jockey Clube de Curitiba (Av. Victor Ferreira do Amaral, s/n - em frente ao Pinheirão). Informações: 256-0959

Unidos pela Paz

Brasília Music Festival Entre os dias 25 e 27 de setembro acontece, na capital federal, o Brasília Music Festival (BMF). Evento de pop-rock que já em sua primeira edição pretende ser bienal e transformar-se em um novo Rock in Rio. O festival terá seis atrações in ternacionais e seis nacionais. Já estão confirmados Alanis Morissette, Simply Red, Titãs e Charlie Brown Jr. Os organizadores prometem pelo menos mais dois nomes expressivos que “mesmo em São Paulo lotariam estádio”. Haverá também um palco para novas bandas e a Globo, emissora que possui os direitos de transmissão do festival, irá fazer um concurso para escolher algumas.


Araucária, 12 à 27 de junho de 2003

Led Zeppelin Com certeza boa parte da “rapaziada” que despertou há pouco tempo para o Rock pesado não faz idéia de como o LED ZEPPELIN foi uma das grandes bandas da história, a mais popular dentre as três que consolidaram o gênero (além deles devemos considerar o DEEP PURPLE e o BLACK SABBATH não é exagero afirmar que tudo que veio depois sofreu alguma influência deste trio). Apesar de boa parte da fama do LZ ter sido edificada através de seus legendários concertos (na época não se ia a um show, mas sim a um CONCERTO de Rock), até agora haviam somente dois títulos ao vivo oficiais disponíveis: o famoso “The Song Remains The Same”, trilha sonora do filme homônimo, e o “BBC Sessions”. Porém, nenhum dos dois reflete 100% do poder de fogo da banda nos palcos quando numa noite “inspirada”, embora ambos possuam seus pontos altos; o primeiro têm um lugar especial no coração dos fãs, por ter sido extraído da única fonte existente durante anos para se assistir ao grupo, e o segundo na realidade registra apresentações para programas de rádio, realizadas em ambientes fechados ou com um público reduzido. Acontece que o forte do Led sempre foi os “megashows”, e esta sua faceta está muitíssimo bem representada neste “How The West Was Won”, CD triplo que compila duas apresentações incendiárias ocorridas em 25 e 27 de junho de 1972, em Los Angeles e Long Beach, respectivamente, no que foram

praticamente os derradeiros shows da oitava turnê da banda pelos EUA (fariam uma última data em San Diego no dia 28). Nesta época, eles já haviam rodado praticamente todo o mundo (Europa, Japão, América do Norte e Austrália) e estavam apresentando músicas do seu quinto álbum de estúdio, o “Houses Of The Holy”, que embora já estivesse pronto, só seria lançado em março do ano seguinte. Talvez os fãs mais radicais continuem preferindo os bootlegs, pois assim como nos outros dois títulos ao vivo, neste também houve uma série de “intervenções” de estúdio, tais como uso de trechos de canções de ambos shows para se compor uma só e o volume de algumas passagens dos instrumentos terem sido inflados artificialmente, sem contar que ficaram de fora “Tangerine”, que foi tocada tanto em LA quanto em Long Beach, além da rara versão de “Louie Louie” e do trecho de “Blueberry Hill” no medley de “Whole Lotta Love”, ambas do dia 25. Seja como for, vamos adotar aquele velho ditado que diz que “o fim justifica os meios”, pois a despeito da existência de alguns títulos extra-oficiais com excelente qualidade sonora, NENHUM deles chega nem perto do que temos aqui em duas horas e meia, onde podemos com fones de ouvido perceber com nitidez a perfomance de cada instrumentista (em “Going To California” é possível ouvir o dedo de Page passando de uma corda à outra), fato que reforça ainda mais a importância de Jones e Bonham, que estão literalmente “arrasando” de ponta a ponta! Impossível destacar alguma canção em especial, mas vale mencionar “Since I’ve Been Loving You”, que sempre serviu para Plant mostrar seus dotes vocais, e aqui traz uma fantástica interação entre Page e Jones; a impecável “Over The Hills And Far Away”, a trinca “Going To California”, “That’s The Way” e “Bron-Yr-Aur Stomp”, no chamado set acústico, que depois de 1972 só seria executado novamente cinco anos mais tarde; “Black Dog”, onde quem brilha é Bonzo, com sua pegada forte e precisa (realmente foi um dos maiores bateristas de Rock’N’Roll de todos os tempos) e “Bring It On Home”, que encerra o CD de forma apoteótica. Único pequeno detalhe é em relação à produção gráfica, extremamente simples e pouco informativa, não trazendo nenhuma foto

três

vezes

melhor

Uma pena que, a se considerar as recentes declarações de Page, este será o último lançamento inédito da banda, portanto o mercado de bootlegs continuará sendo a única alternativa para os fãs. Então, parafraseando o western homônimo de 1962 com Henry Fonda, Gregory Peck e John Wayne, que foi lançado no Brasil sob o título “A Conquista do Oeste”, podemos dizer que este CD ao menos serve como um epitáfio glorioso, e comprova que o LED ZEPPELIN, com sua obra, conquistou não somente o Oeste, mas também o Mundo!

Confira as faixas do novo disco: CD 1: LA Drone Immigrant Song Heartbreaker Black Dog Over The Hills And Far Away Since I’ve Been Loving You Stairway To Heaven Going To California That’s The Way Bron-Yr-Aur Stomp CD 2: Dazed And Confused What Is And What Should Never Be Dancing Days Moby Dick CD 3: Whole Lotta Love Rock And Roll The Ocean Bring it on home


Araucária, 12 à 27 de junho de 2003

Metallica - St. Anger Uma avalanche de barulho limpo Fala a verdade: poderia existir no mundo gol mais feito do que o Metallica teria que marcar com este “St. Anger” (Universal)? O décimo álbum da banda americana é o lançamento mais aguardado do rock pesado em anos – a expectativa pelo trabalho ofuscou até mesmo a popularidade de nomes recentes do gênero, como Korn e Linkin Park, que são amados com uma devoção que a turma de James Hetfield (vocalista e guitarrista) parecia incapaz de despertar novamente. Pois “St. Anger” está lá, batendo recordes nas paradas. Não é difícil de entender tamanho frisson: há quatro anos o Metallica não lançava um disco; há seis não soltava um trabalho com músicas inéditas; a saída do baixista Jason Newsted, há pouco mais de dois anos, e a internação de Hetfield numa clínica de recuperação deram aos fãs a sensação amarga de que a coisa tinha ido para o vinagre. Se o Metallica voltasse, era inevitável que fosse aclamado com entusiasmo. Era possível que os fãs engolissem até um novo “Load”, fracasso lançado há sete anos. Pois “St. Anger” surpreende por reafirmar a crença do Metallica no rock pesado, estilo musical que a própria banda havia tentado sepultar no álbum de 1996 e em seu igualmente fraco sucessor, “Reload”, do ano seguinte, à base de rostos maquiados, figurino da moda e tentativas de escapar musicalmente do gueto heavy metal. Não se trata, entretanto, de volta ao passado. Nem na época primal de “Kill ‘Em All” (1983), o primeiro álbum, o Metallica soava tão agressivo ou simplório. Hetfield e Kirk Hammett (guitarrista) parecem ter sofrido de amnésia e esquecido como compor os dedilhados e riffs elaborados do Álbum Preto, de 1991, que transformou a banda em campeã de vendas. Tudo é pesado, ameaçador, monocórdico. Sem nenhum solo de guitarra (acredite) e com pouco espaço para melodia. A primeira música, “Frantic”, é disparada a melhor do CD, porque é a que mais se aproxima de algo pop. Mas não deixa de causar susto: abre de forma avassaladora, com batidona hardcore quadrada e riffs de puro thrash metal. Aí, cai no fraseado ameaçador que será a base do refrão. A voz de Hetfield está irreconhecível – lembra um Max Cavalera menos gutural. São quase seis minutos de heavy metal puro sangue. Aí, justamente por privilegiar o rock pesado ortodoxo, “St. Anger” vira tortura para ouvidos não-treinados. O tédio que o resto do repertório provoca é tão grande quanto o despertado por um disco do My Bloody Valentine em quem não conhece indie, ou por uma discotecagem do Orbital para quem não sabe diferenciar os inúmeros rótulos da música eletrônica, tão mortal quanto a modorra despertada por um show de Ivan Lins para quem não deseja desesperadamente defender a alegada superioridade da música brasileira. O novo Metallica guarda mais relações com ídolos da seara thrash metal, como Slayer e Anthrax, praia chatinha da qual já fez parte e conseguiu se distanciar, do que com a banda que soube transpor a fronteira do underground nos hits “Enter Sandman” e “The Unforgiven”. Às vezes, incomoda menos, nas aceleradas “Dirty Window” e “Shoot Me Again”. Mas na maioria dos casos torra de vez, teoria comprovada, por exemplo, nos oito minutos e meio de “Some Kind Of Monster”, um museu tedioso de riffs, ou no torturante encerramento, “All Within My Hands”.

O quarteto (agora com Robert Trujillo, ex-Suicidal Tendencies, no lugar de Newsted – o produtor Bob Rock tocou baixo nas gravações) em certos momentos quase engana o comprador e se aproxima da banda pop – sem que isso significasse menos peso – que já foi no começo dos anos 90, como na choradeira breve da faixa-título ou na guitarra dedilhada que introduz “The Unnamed Feeling”. Quando você começa a gostar de “St. Anger”, entretanto, tudo é soterrado por uma avalanche de barulho limpo. Difícil dizer em que ponto dos últimos quatros anos o Metallica se tornou uma banda quase que completamente diferente. “St. Anger” deve seguir vendendo bem enquanto a curiosidade pela volta do grupo continuar fisgando os leigos em rock pesado, mas se o que vier na seqüência perseguir a mesma nota aqui sugerida, a volta da turma de Hetfield ao underground é mera questão de tempo. Não que isso pareça incomodar, claro. “Esse é o meu mundo / e você não pode mandar nele, otário”, aponta o vocalista, em “My World”. Sintomático? Sinta só em “Invisible Kid”: “eu estou bem / apenas vá embora”. Fica à vontade, tio.

Filme já foi visto por 4,1 milhões de pessoas e está preste a bater Senhor dos Anéis - 2

Deep Purple vai lançar mais um ao vivo gravado nos 70’s Vai sair ainda este ano mais um CD duplo ao vivo do DEEP PURPLE, trazendo uma apresentação registrada pelo chamado “Mk III” (Ritchie Blackmore, Glenn Hughes, David Coverdale, Jon Lord e Ian Paice) em 7 de abril de 1975 em Paris, na França, onde foram tocadas as seguintes faixas: “Burn”/ “Stormbringer”/ “The Gypsy”/ “Lady Double Dealer”/ “Mistreated”/ “Smoke On The Water”/ “You Fool No One”/ “Space Truckin’”/ “Going Down” e “Highway Star”. Há projetos de se lançar futuramente um box-set contendo os três últimos shows desta formação.

Angra

Felizmente, o cinema nacional de qualidade conseguiu tirar do topo do ranking dos filmes mais assistidos os clássicos estrelados pelos Trapalhões e a eterna loira Xuxa. Carandiru, com R$ 26 milhões (US$ 8,6 milhões) de receita até agora, tomou-lhes o lugar e pode assumir a liderança dos títulos mais assistidos este ano no país, que ainda pertence ao gênero conto de fadas de O Senhor dos Anéis 2, com US$ 8,77 milhões. O longa de Hector Babenco já bateu produções como X-Men 2 e 007 - Um novo Dia para Morrer. A impressão é que produções como Carandiru e Cidade de Deus são prenúncios de uma breve entrada vitoriosa no circuito internacional. Se os cineastas nacionais souberem produzir entretenimento com a mesma qualidade das produções que glamourizam a estética da violência miserável, é bem possível que em cinco anos esta indústria possa também vir a se somar ao esforço exportador do país.

O Criador Fantástico Marcelo Grassamnn mestre da gravura brasileira, foi desenhista, ilustrador e professor. Iniciou em 1944 na xilogravura. Com técnica absolutamente impecável, Marcelo Grassmann levou a arte brasileira ás Américas e á Europa. As obras reunidas nessa exposição pertencem ao Acervo do Museu da Gravura Cidade de Curitiba. No Solar do Barão.

Show da Paz no dia 29 Música sertaneja, trovadores, declamadores, palhaços, além da apresentação da comédia “A família do Jeca” e Nhô Peteco e suas trapalhadas estão na programação do Show da Paz – Amigos para sempre. O evento acontecerá no Ginásio do Caic do Jardim Califórnia, no dia 29 de junho, a partir das 12 horas. A entrada será 1 quilo de alimento não-perecível.

Com o objetivo de promover a paz por intermédio da música, o show contará com a participação de diversos cantores. Haverá também shows com Sandro e Alessandro e Banda e também de Débora Grassi e Banda. O evento é uma promoção do Programa “A Praça é do Povo” e da Secretaria de Cultura e Turismo.

Dupla local vence Festival da Música Sertaneja

Rebirth World Tour Live in São Paulo Qual fã não gosta de colecionar muito e muito material sobre sua banda preferida? Os admiradores do Angra sempre contam com surpresas e a última foi o lançamento do CD duplo Rebirth World Tour Live in São Paulo. Dose dupla ao vivo pra fechar com chave de ouro a fase Rebirth. O Cd contém o show do dia 15 de dezembro de 2001, realizado no Via Funchal em São Paulo. Foi uma apresentação brilhante, que pode ser conferida no DVD do show. A produção ficou por conta de Dennis Ward e o resultado final, principalmente a participação do público, ficou ma- ravilhoso.

Carandiru fatura R$ 26 milhões e desbanca Xuxa

Faixas: CD1: 1 - In Excelis – Nova Era 2 - Acid Rain CD2: 3 - Angels Cry 4 - Heroes of Sand 1 – Unholy Wars 2- Rebirth 5 - Metal Icarus 3 – Time 6 - Millenium Sun 4 – Running Alone 7 - Make Believe 5 – Crossing – Nothing to 8 - Drum Solo Say 6 – Unfiniched Allegro – Carry On 7 – The Number of the Beast

A dupla local André Luiz e Gabriel ficou em primeiro lugar no 1º Sertanejo Canta (Festival de Música Sertaneja), ocorrido nos dias 14 e 15 de junho no CAIC Parigot de Souza. Wesley, também de Araucária, foi classificado em segundo lugar e outra dupla local (Mauricio e Eliane) ficou em terceiro. Patrícia Vânia (Curitiba) foi a quarta colocada e a dupla Vaz e Amazon (Almirante Tamandaré) no quinto lugar. Mais de seis mil pessoas compareceram ao evento e teve ao todo 35 concorrentes. A maior concentração de visitantes aconteceu durante o show de Alisson e Alex.

Um projeto que deu certo Neste ano o Teatro da Praça, desde a sua reabertura de temporada em março, tem oferecido nas tardes de domingo espetáculos infantis variados e de qualidade. “O público tem comparecido e sempre sai com aquele sorriso de satisfação”, salienta a secretária de Cultura e Turismo, Tânia Gayer

Ehlke, e comenta que a prefeitura está investindo em projetos que valorizam, divulgam e difundam a cultura no município. Se você ainda não apareceu por lá, fique de olho na programação e presencie espetáculos, cinema, teatro, dança, música e circo de boa qualidade.


Araucária, 10 à 24 de julho de 2003

Sim Roger, estou aqui!! A Brazilian is growing a tree e isso não é um milagre, posso te assegurar! Milagre foi, depois de 20 anos de espera, ter em minhas mãos a edição oficial desse documento sonoro que foi, sem dúvida alguma, o maior espetáculo do Rock-Teatro de todos os tempos: The Wall Live! Is There Anybody Out There? retrata soberanamente uma compilação das melhores músicas apresentadas nos shows de Earls Court, entre os períodos de 4 a 9 de agosto de 1980 e 13 a 17 de junho de 1981. Para começar a minha resenha, apresento duas pequenas reclamações concernentes a este lançamento oficial. A primeira é pelo fato de terem cortado, ao menos pela metade, a participação do mestre de cerimônias, aquele sujeitinho que anuncia a chegada da banda. Sua participação insólita traz um clima cômico no início do espetáculo, quebrado abruptamente pela velocidade e intensidade da In The Flesh. Na minha opinião, o show já tinha começado com o mestre de cerimônias... A partir da In The Flesh, em sua importante entrada, marca-se a seriedade que será apresentado o tema central do espetáculo (o show propriamente dito foi uma das obras mais maravilhosas do Rock’n’Roll). Minha segunda, e quem sabe, insignificante reclamação foi não poder ter a chance de sentir a emoção do pós-show. Eles poderiam ter deixado registrado oficialmente alguns minutos da ovação dos espectadores após o término do espetáculo! Isso nos daria a impressão de estar lá, (re)vivendo aquele momento sublime, de ter passado ileso por todo aquele mar de som... Mas é claro que esses dois pontos não retiram, nem obnubilam, o brilhantismo do espetáculo! No começo os músicos de suporte aos “Floyds” (Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Rick Wright) entram mascarados, o que certamente confunde os espectadores. Essas máscaras estão retratadas na capa do CD e cassete. Quando aparecem os verdadeiros “Floyds” em frente à cena, a partir da segunda música, o show “vem abaixo”, de tanta emoção. The Wall foi uma visão de Roger Waters. Um documento autobiográfico.

Roger trouxe à consciência esse desejo, logo depois do espetáculo final da turnê Animals, de 1977, no Estádio Olímpico de Montreal, no dia 6 de julho. Nesse dia, os fogos de artifício tomaram conta do estádio, e uma bomba estourou bem em frente ao palco, quando Roger cantava a balada Pigs On The Wing. O susto do cantor associado ao temor do fato e a indignação de que o público não estaria interessado em suas letras fez que com que Roger parasse o show e, num rompante de raiva, cuspisse num dos fans que gritava incessantemente! Este fato surreallista fez com que Roger se desse conta que ambientes intimistas seriam mais adequados para apresentações de shows de Rock. O CD foi lançado em duas versões: uma edição limitada e uma edição regular. A edição limitada é um long box onde se destaca um livro de capa dura que apresenta fotos inéditas, informações gerais e ainda entrevistas. Na edição regular encontra-se dois livretos como se fosse uma síntese das informações contidas na primeira. Os discos são os mesmos, embora a definição da imagem no disco feito na Inglaterra seja de melhor qualidade do que a impressão americana. Honestamente, eu aconselho a compra da edição limitada apenas para fans mais dedicados. Fans ocasionais deveriam, ao menos essa é a minha opinião, optar pela edição regular, ela é mais econômica e traz um resumo das melhores imagens e informações. A versão em cassete, embora bem interessante, eu desaconselho pois o cuidadoso trabalho de remasterização é melhor sentido na versão em CD. Mas é claro que para as coleções especializadas, esta é uma peça que não pode faltar. Concluindo, conhecedores ou não, fans ou não, colecionadores ou não, o The Wall Live veio para ocupar um espaço importantíssimo na história oficial do Rock, na história dos espetáculos ao vivo! O Rock-Teatro “The Wall Live” não é apenas um espetáculo ao vivo, é uma perfeita sincronia entre música (rock) e representação teatral, onde a falta de um interfere na presença do outro! Portanto, esperemos agora o próximo passo: o lançamento da versão The Wall Live em vídeo, para que possamos nos deliciar plenamente. Texto: Marcos Balbinotti - Whiplash!

Stratovarius anuncia datas da turnê sul-americana O Stratovarius chega ao Brasil em agosto para a turnê do álbum Elements Pt. 1, mas antes de desembarcar por aqui a banda faz duas apresentações no México Monterrey (14) e Cidade do México (15) - e desembarca também no Chile Santiago (17) - e na Argentina - Buenos Aires (19). Serão quatro shows em terras brasileiras. Confira a programação: 21/08 - Curitiba, PR (Moinho São Roque) 22/08 - São Paulo, SP (Olympia) 23/08 - São Paulo, SP (Olympia) 25/08 - Rio de Janeiro, RJ (Canecão)

Festival de Brasília pode trazer Iron Maiden ao Brasil em setembro

Novo trabalho inédito de estúdio de Jeff Beck

Com atrações internacionais como Alanis Morissette, Simply Red e Pretenders já confirmadas, o Brasília Music Fest pode trazer o Iron Maiden como atração para fechar um dia de programação voltada ao rock pesado. O Brasilia Music Fest ocorre de 25 a 27 de setembro e mais informações sobre o mesmo podem ser conseguidas no site oficial, (www.bmf2003.com.br). A participação do Iron Maiden não está confirmada no site oficial do evento. São esperadas duas atrações internacionais para cada dia de evento, sendo que apenas metade destas já estão confirmadas.

Vai sair em 22 de julho o novo álbum de estúdio de Jeff Beck, chamado “Jeff”, trazendo doze composições que, de acordo com o guitarrista, vão desde música eletrônica até Blues e canções folclóricas da Bulgária(!). A produção ficou por conta de Andy Wright, o mesmo que atuou no último disco de Beck, “You Had It Coming”.

Ozzy regrava com sua filha clássico do Black Sabbath Ozzy Osbourne regravou a clássica “Changes”, do Black Sabbath, juntamente com sua filha Kelly. A versão vai estar presente no próximo álbum do madman, ainda sem data prevista para ser lançado.

Mais quatro títulos do Yes em versão expandida Mais quatro trabalhos clássicos do YES ganharão em 26 de agosto sua versão expandida, a saber: “Close to the Edge”, “Tales From Topographic Oceans”, “Relayer” e “Going for the One.

Whitesnake pode lançar álbum duplo ao vivo Embora ainda não tenha sido anunciado oficialmente, estão nos planos por parte de David Coverdale o lançamento em 2004 de um álbum duplo ao vivo do Whitesnake, gravado durante a turnê norte-americana e européia realizadas este ano. Caso se confirme, será o primeiro lançamento inédito da banda desde 1998, quando editaram o álbum de estúdio “Restless Heart” e o acústico ao vivo “Starkers In Tokyo”

Rush lança em setembro CD e DVD gravados no Rio de Janeiro Foi agendado para 16 de setembro o lançamento do CD e DVD duplos contendo o show do Rush realizado no Rio de Janeiro, no Maracanã, no dia 23 de novembro do ano passado. O trabalho foi simplesmente intitulado Live in Rio.

Novo CD do Anthrax é lançado no Brasil O novo trabalho do Anthrax, We’ve Come For You All, teve uma receptividade muito boa na mídia internacional, o que facilitou sua aceitação pelos novos e antigos fãs da banda, como Keanu Reeves, astro da trilogia “Matrix” que participou do mais recente video clip da banda, Safe Home. O CD traz ainda participações de Dimebag Darrell, guitarrista do Pantera, e Roger Daltrey, vocalista do The Who. Os brasileiros finalmente podem adquirir a versão nacional do disco, lançado pela Century Media no último dia 30 de junho.


Araucária, 24 de julho à 07 de agosto de 2003

A ciência natural de fazer boa música A banda canadense Rush teve sua primeira formação em 1969. Em seus mais de 25 anos de história produziu não apenas álbuns de hard-rock, mas verdadeiras obras primas de lirismo e musica, que chegaram a fazer com que a banda fosse caracterizada por muitos como rock progressivo. A primeira formação da banda contava com o baixista e vocalista Geddy Lee (Gary Lee Weinrib), o guitarrista Alex Lifeson (Alex Zivojinovich) e o baterista John Rutsey, companheiros de escola. Esta formação tocava covers de bandas de hard rock como Led Zeppelin e Cream no circuito de clubes de Toronto. O nome Rush foi sugerido pelo irmão do baterista John. Rutsey. Em 1974, não tendo conseguido apoio de gravadoras, lançaram de forma independente seu primeiro disco, auto-intitulado. Apesar da excelente qualidade do disco não se tratava ainda do tipo de música elaborada que iria projetar a banda. “Rush” é um excelente álbum de hard rock, com bons instrumentistas e bastante energia e trata-se também do álbum mais expontâneo e mais simples da banda, o que o torna o preferido de alguns fãs. Logo após a gravação deste primeiro álbum o baterista John Rutsey abandonou a banda (devido a diferenças musicais e possíveis problemas de saúde), sendo substituído pelo lendário Neil Peart (considerado até hoje um dos melhores, senão o melhor, baterista de rock do mundo). Mais do que um baterista haviam conseguido um excelente letrista cujos trabalhos casavam perfeitamente com as composições de Geddy Lee e Alex Lifesson. Desde então a formação da banda não mudou. A repercussão do primeiro álbum independente nas rádios americanas chamou a atenção da gravadora Mercury. Seguiu-se o relançamento do primeiro álbum e turnês por toda a America como banda de abertura para o Kiss e o Uriah Heep. No segundo álbum, “Fly By Night” (1975), já contanto com Neil Peart, a banda finalmente começou a definir o estilo que a acompanharia, afastando-se do hard-rock-blues zepelliniano e passando a fletar com o progressivo em arranjos e principalmente letras mais complexas. A banda chegaria ainda mais próxima do progressivo a partir do terceiro álbum, “Caress of Steel” (1975), conceitual. O sucesso comercial só viria realmente em 1976 com a gravação de “2112” (também conceitual) que tornou a banda mundialmente conhecida. “2112” mostra ainda um grande salto da banda no quesito letras, com o conceito mais bem explorado até então (abordando o domínio do sistema sobre uma pessoa). No mesmo ano saiu o seu primeiro registro ao vivo, “All The World is a Stage”. A “Farewell to Kings” (1977) refletiu uma mudança semelhante de maturidade na parte musical da banda. Curiosamente um dos temas abordados, “Cygnus X-1”, seria citado posteriormente em vários outros álbuns,

principalmente em “Hemispheres” de 1978 (considerado por muitos seu melhor trabalho e seu último grande trabalho conceitual). A partir de então a banda estranhamente mudou seu som, se aproximando do que agradava às rádios, diminuindo o tamanho das músicas e evitando as suítes intermináveis. Conquistam obviamente um público muito maior às custas do desgosto de boa parte dos fãs antigos. O álbum “Permanent Waves” (1980) traz seu primeiro grande hit, “Spirit of Radio”. “Moving Pictures” (1981) vem confirmar esta fase com a música “Tom Sawyer” (a mais conhecida do grupo no Brasil, adotada como tema do seriado “Profissão Perigo”). Apesar da maior acessibilidade do som da banda, a sua qualidade continuava indiscutível. Esta fase de ótima aceitação da banda por parte do grande público foi fechada com mais um excelente registro ao vivo, “Exit Stage Left”. Os próximos álbuns, “Signals” (1982) e “Grace Under Pressure” (1983) trazem uma tentativa da banda de modernizar seu som, incluindo sintetizadores nos arranjos (deixando um pouco de lado as guitarras) e abordando temas futuristas. “Power Windows” (1985) e “Hold Your Fire” (1987) mantém este caminho. Em 1988 foi lançado o álbum ao vivo “Show Of Hands”. Nos álbuns a seguir a banda tentou resgatar um pouco de sua sonoridade antiga, optando por reduzir o uso de equipamentos eletrônicos. A tentativa de simplificar o som resultou em uma produção aparentemente ruim e os álbuns “Presto” (1990), “Roll The Bones” (1991) e “Counterparts” (1993) não tiveram uma recepção calorosa por parte dos fãs antigos. Em 1996 o Rush lançou o álbum “Test For Echo”, bastante aplaudido pela crítica e público. No ano de 1997 foram lançadas ainda duas coletâneas que trazem o melhor da carreira do Rush: “Retrospective I” com clássicos entre 1974 a 1980 e “Retrospective II” que aborda sucessos de 1981 a 1987. “Different Stages Live” foi o novo álbum ao vivo lançado pela banda, desta vez triplo. Destaque para a produção impecável juntamente com a perfeição mais do que comprovada dos seus integrantes. Entre 1997 e 1998, acontecem duas tragédias. A mulher e a filha de Neil Peart falecem, respectivamente de câncer e em um acidente automobilístico. A tragédia e depressão profunda que vitimaram o ba-

terista foram motivos mais do que suficientes para manter a banda parada durante um longo período. Neste meio tempo o baixista e vocalista Geddy Lee lançou um disco solo, chamado “My Favorite Headache”. Para sorte dos fãs, em 2000 o Rush decidiu voltar às atividades. Em 2002, quase seis anos depois de lançar seu último álbum de estúdio, o trio canadense volta à cena com “Vapor Trails”, cuja ótima produção ficou a cargo dos próprios integrantes da banda – assessorados pelo engenheiro de som Paul Northfield. São treze canções que mostram o Rush do novo milênio, revigorado e repleto de entusiasmo, deixando de lado sua veia mais progressiva para apostar no peso do power-trio. Nada de sintetizadores ou teclados, apenas guitarra, baixo e bateria em sua forma mais pura. No mesmo ano, depois de mais de três décadas de banda, o Brasil teve finalmente a oportunidade de vê-los ao vivo. O Rush se apresentou em novembro nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.

Rush 1974 Álbum Estúdio

All the World’s a Stage 1976 Álbum ao Vivo

M o v i n g Pictures 1981 Álbum Estúdio

Power Windows 1985 Álbum Estúdio

Roll the Bones 1991 Álbum Estúdio

Fly By Nyght 1975 Álbum Estúdio

A Farewell to Kings 1977 Álbum Estúdio

Exit...Stage Left 1981 Álbum ao Vivo

Hold Your Fire 1987 Álbum Estúdio

Counterparts 1993 Álbum Estúdio

Different Stages Live 1998 Álbum ao Vivo

Caress of Steel 1975 Álbum Estúdio

Hemispheres 1978 Álbum Estúdio

Signals 1982 Álbum Estúdio

A Show of Hands 1988 Álbum ao Vivo

Test for Echo 1996 Álbum Estúdio

Vapor Trails 2002 Álbum Estúdio

2112 1976 Álbum Estúdio

Permanent Weaves 1980 Álbum Estúdio

Grace Under Pressure 1984 Álbum Estúdio

Presto 1989 Álbum Estúdio

Retrospective I 1997 Coletânea

The Spirit of Radio 2003 Coletânea

Retrospective II 1997 Coletânea


Araucária, 07 à 21 de agosto de 2003

do

grunge ao

hard rock Por Fabrício Boppre O Pearl Jam é uma das mais importantes e competentes bandas saídas de Seattle no fértil período do grunge. Mas não podemos dizer que ela seja umas das bandas mais representativas deste movimento, uma vez que o som feito pelo quinteto é bem mais amplo e eclético do que o praticado pela maior parte dos grupos de Seattle. O Pearl Jam não se atém ao rock pesado e arrastado de bandas como Alice in Chains e Soundgarden, e muito menos a energia punk do Nirvana, mas misturam tudo isso com uma boa dose de várias outras sonoridades e estilos. O embrião do Pearl Jam pode ser encontrado em outras bandas de Seattle, na época em que a cidade ainda não era o grande foco das atenções no mundo do rock’n’roll. Podemos começar dizendo que o guitarrista Stone Gossard e o baixista Jeff Ament eram amigos e formaram uma banda de hard-rock chamada de Green River ao lado do guitarrista Steve Turner e o vocalista Mark Arm, mais ou menos na metade da décade de 80. Chegaram a gravar e lançar um disco, chamado “Rehad Ball”, além de um EP, pelo selo local Sub Pop. Mas em 1988, a banda resolve se separar, sendo que Arm e Turner formariam logo depois o Mudhoney. Jeff e Stone continuam juntos e, juntamente com o baterista Jeff Turner e o vocalista Andrew Wood, formam uma

nova banda, chamada Mother Love Bone. Assinam um contrato com a Geffen Records e lançam em 1989 o EP chamado “Shine” e, em 1990, um álbum chamado “Apple”. A banda começa a fazer a sucesso nos EUA, quando, logo depois do lançamento de “Apple”, em 16 de março de 1990, morre o vocalista Andrew Wood, vítima de uma overdose de heroína. Depois disso, Stone e Jeff se separam, mas continuam a compor e escrever músicas. Depois de algum tempo, voltam a se juntar com o propósito de formar mais uma banda. À eles se junta o guitarrista Mike McCready (ex-Shadow), mas faltava ainda um vocalista e um baterista. Por intermédio do amigo e baterista Jack Irons (ex-Red Hot Chilli Peppers), eles conhecem Eddie Vedder, que estava naquele momento trabalhando em uma indústria de petróleo em San Diego, mas que costumava cantar e tocar com alguns amigos nos bares da cidade, em uma banda chamada Bad Radio. Vedder recebe uma fita demo do trio de Seattle (apenas com músicas instrumentais) e gosta do som que ouve. Ele resolve escrever as letras que faltam à essas músicas (reza a lenda que ele foi surfar um dia, e, ao sair do mar, estava com as três letras prontas na cabeça – são elas: “Once”, “Alive” e “Footsteps”, e possuem ligação entre si), e ele mesmo grava sua performance por cima dos instrumentos na fita e a envia de volta para Seattle. O trio fica impressionado com o que ouve e resolve convidar Eddie para ser o vocal da futura nova banda. Assim, ele vai para Seattle e grava com a banda durante três semanas, sendo que ao final dessas, já estavam se apresentando para o público local. Assim, nasce o Pearl Jam. A princípio, o nome da banda seria Mookie Blaylock, que era o nome de um jogador de basquete. Mas eles tiverem que mudá-lo por problemas burocráticos, e Vedder sugere o nome Pearl Jam, que seria uma homengam à uma geléia com poderes alucinógenos que sua avó (chamada Pearl) fazia. Depois de mais algum tempo gravando material para o álbum debut, eles assinam um contrato com a Epic Records, lançando o resultado dessas gravações em agosto de 1991. Esse resultado é o disco “Ten” (número da camisa de Blaylock no New Jersey Nets), certamente um dos melhores álbuns do grunge, e do rock em geral nos últimos tempos. Possui canções belas e inesquecíveis como “Alive” (o grande sucesso radiofônico do disco, e que levou o Pearl Jam a ser conhecido nos quatro cantos do mundo), “Oceans”, “Black” e “Release”, outras pesadas e raivosas típicas do grunge, como “Once” e “Why Go”, além de outras excelentes por si sós, como “Jeremy” . “Porch” e “Even Flow”.. O destaque final fica por conta das emotivas letras escritas por Vedder, responsáveis em parte pela sintonia imediata do público com a banda. Em outubro de 1993 sai o segundo disco “Vs”, outro álbum excepcional. A principio, ele iria se chamar “5 Against 1”, mas na última hora a banda resolveu chamá-lo simplesmente de “Vs” (aliás, esse título não está escrito em nenhum lugar do CD, à exemplo do que fez o Led Zeppelin em seu quarto disco). No lineup da banda, nova troca de baterista: Matt Chamberlain saiu para ir tocar no Saturday Night Live Band, e no seu lugar entra Dave Abbruzzese. Possui excelentes canções como “Animal”, “Daughter”, “Rearviewmirror”, “WMA”, “Leash” e “Indifference”. Cada canção transborda de feeling e garra, mostrando a banda bem entrosada e com composições excepcionais. O disco logo entra no Top Ten americano, tendo atingido a incrível marca de 350.000 cópias vendidas apenas no primeiro dia de seu lançamento. Mas nem tudo são flores: Vedder experimenta cada vez mais o que é ser um “rock star”, sendo que isso o incomoda. Mas a banda não diminui o ritmo intenso. Nesse período, a banda começa a se mostrar insatisfeita com a política comercial da Ticketmaster, a empresa americana que controla a venda e distribuição de ingresssos para os shows feitos nesse país. O principal motivo era o preço desses ingressos, que a banda sempre lutou para manter baixo, ao contrário do que efetivamente acontecia. Em maio, eles acionam oficialmente a justiça americana para uma investigação, acusando-os de monopólio, uma vez que não haviam outras empresas para assim promover uma competição, e, consequentemente, abaixar os preços e forçar a melhora dos

serviços. Assim, eles rompem com a empresa e passam a promover e organizar os próprios shows, obtendo apoio de vários outros artistas, como o REM, Aerosmith e Neil Young. Decepcionados com o mercado artístico e a indústria cultural vigente nos EUA, a banda decide finalmente passar a usar uma postura anti-comercial. Eles param de produzir clips, não tocam mais para grandes audiências, não aparecem em programas de TV, não dão entrevistas à revistas, não usam mais as caixinhas de CDs normais (que aumentam o preço final do produto) para comercializar seus trabalhos e não usam mais a Ticketmaster para promover seus shows. Apesar de todos esses problemas, e de Vedder se mostrar cada vez mais incomodado com o seu status de “rock star”, a banda entra em estúdio novamente, e em dezembro de 1994, lança “Vitalogy”. O álbum saiu primeiramente em uma edição especial de vinil, passando a ser comercializado também em CD e K7 apenas duas semanas depois. Esse disco mostra um Pearl Jam ainda criativo e contagiante, com Vedder escrevendo ótimas letras e criando excelentes melodias, e os instrumentistas bem afiados e mostrando muita garra (além de uma boa dose de experimentalismos, como na estranhíssima última faixa). Algumas músicas que se destacam são “Last Exit”, “Spin the Black Circle” , “Whipping” (composta originalmente para sair no disco “Vs”), “Better Man” (que Vedder

agenda|C|música

...críticas, dúvidas e sugestões... agendacorreio@bol.com.br c o m - pôs nos tempos de Bad Radio), a belíssima “Corduroy” e a balada “Immortality” (que a banda insiste em afirmar que não é uma homenagem a Kurt Cobain). Em 1996, voltam ao estúdio e em agosto do mesmo ano, lançam “No Code”, que pode ser considerado um marco na carreira da banda. É o disco mais eclético e variado do quinteto, no que diz respeito as influências, sonoridades e estilos. Pode ser considerado por alguns como também o mais comercial, mas isso não faz com que ele seja ruim, muito pelo contrário. Possui excelentes músicas como “In My Tree” (com uma batida tribal empolgante, parecida com a música “WMA” do disco anterior, e que já mostrava como a banda podia variar em suas músicas), “Hail, Hail”, “Red Mosquito”, “Lukin” (homenagem à Mark Arm, do Mudhoney), a magnífica “Mankind” e a bela e surpreendente “Around the Bend”. A banda continua com sua política de não divulgar o álbum comercialmente pelos meios normais. Obviamente, “No Code” não foi um retumbante sucesso comercial, mas mesmo assim vendeu bem, e a banda parte para um nova turnê de quase dois anos, sempre com bons públicos (a despeito de não estar sendo bancada pela Ticketmaster). É importante dizer também que o grupo perdeu um pequena parcela de fãs antigos, que gostavam mais da época grunge do quinteto, com suas músicas raivosas e pesadas, mas mesmo assim, o Pearl Jam continua sendo uma das melhores bandas do mundo, fato comprovado em cada uma das excelentes faixas desse disco.

Depois da extensa turnê de divulgação, o Pearl Jam volta ao estúdio e passa o resto de 1997 trabalhando em novo material. O resultado é lançado em fevereiro de 1998, e é chamado de “Yield”. Esse disco é bem parecido com “No Code”: mostra a banda mais madura e competente em suas composições e arranjos intrumentais, com músicas mais voltadas ao rock’n’roll normal, livrando-se definitivamente do estigma de banda grunge. São vários os destaques do disco, como a contagiante “Brain of J”, a bela “Faithfull”, “Given to Fly” (que tem uma levada muito parecida com “Going to California” do Led Zeppelin) e a pérola “MFC”, que tem um trabalho de guitarras inesquecível. Nesse disco, a banda volta atrás em uma das atitudes da postura anti-comercial levadas a cabo por eles, aquela mais afetou os fãs (e por isso mesmo eles acabaram cedendo): a não produção de vídeoclips. Eles fazem um excelente vídeo para a faixa “Do the Evolution”, que é todo feito em desenho animado, produzidos pelo criador do personagem de revistas em quadrinhos e cinema Spawn. Depois do lançamento do álbum, Jack Irons sai da banda e Matt Cameron (que havia ficado sem banda depois do fim do Soundgarden) assume as baquetas. Ainda em 1998, dois novos lançamentos da banda: o vídeo “Single Video Theory”, onde a banda aparece tocando músicas do último álbum, e o primeiro disco ao vivo do grupo: “Live on Two Legs” (o título é uma referência a um disco do Queen). Nesse álbum, a banda aparece tocando músicas de todos os seus cinco discos, e fecha o álbum com mais um cover de Neil Young, a excelente “Fuckin’ Up”. Em 1999, o Pearl Jam volta a trabalhar na gravação de um novo disco, o sexto de estúdio. O resultado é lançado em maio de 2000, e se chama “Binaural”. Produzido por Tchad Blake e mixado por Brendan O’Brian, “Binaural” pode ser comparado com “Yield” e “No Code”,

por mostrar a banda mais contida, sem o peso e agressividade de antigamente, mas ainda com muita criatividade e competência, sendo bastante visível a maturidade das composições e melodias criadas pelo quinteto. Destaque para as músicas “God’s Dice”, “Nothing As It Seems”, “Light Years”, “Soon Forget” (apenas Eddie Vedder na voz e ukelele) e “Grievance”. A produção de “Binaural” é muito boa, realçando em algumas músicas uma atmosfera meio depressiva e pesada, como em “Nothing As It Seems” e “Sleight of Hand”. As composições foram feitas por Stone Gossard, Eddie Vedder e Jeff Ament, ao contrário de antigamente, em que Vedder era praticamente o único compositor da banda. Novamente abrindo fronteiras, em uma atitude de combate à indústria de pirataria de seus shows, em 2000 o Pearl Jam lançou simultâneamente 25 CDs, todos duplos e ao vivo, contendo os shows de sua turnê do mesmo ano. Como se isso não bastasse, vários outros lançamentos semelhantes se seguiriam nas turnês seguintes. Ao contrário do esperado pela banda e pela própria gravadora, vários destes “bootlegs oficiais” chegaram à marca dos milhões de cópias vendidas. Em 2002 o Pearl Jam volta a ativa com um dos discos mais aguardados de toda sua carreira. Riot Act, 7º trabalho do grupo, com 15 músicas em vários estilos, da romântica “I Am Mine” e a acústica “Thumbling My Way” às rockonas grunges “Ghost” e “Love Boat Captain”. Preste atenção na bela letra da quase narrada “Bushleaguer”. Riot Act prova de que o Pearl Jam, mais do que expoente de um movimento, é uma excelente banda de rock. Por fim, vale destacar que o grupo continua a distribuir seus álbuns em caixinhas especiais (isso acontece desde o terceiro disco, “Vitalogy”), para evitar que o trabalho chegue mais caro as lojas devido à tradicional caixinha de plástico que é produzida por uma única empresa nos EUA.

Ten 1991

Vs. 1993

Vitalogy 1994

No Code 1996

Yeld 1998

Live On Two Legs 1998

Binaural 2000

Riot Act 2002


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Araucária, 24 de julho à 07 de agosto de 2003

O suspiro de Eles tentaram de tudo para não ser um sucesso comercial inutilmente. A banda independente passou dos discos de vinil, disputados a tapa, para o topo das paradas. E entrou, de vez, para a história da música pop. Belle and Sebastian são sete pessoas. Nenhuma delas chama-se Belle ou Sebastian. Havia uma violoncelista chamada Isobel Campbell, mas o fundador do grupo, o vocalista e guitarrista Stuart Murdoch, jura quem nem a conhecia quando batizou a banda. Para tornar a situação mais confusa, o grupo costumava posar apenas em pares para fotos de divulgação no começo da carreira. Às vezes, convidavam amigos para ser fotografados no lugar da banda e, até mesmo, participar de entrevistas. Por sinal, raras vezes, em seus sete anos de atividade, a banda aceitou dar entrevistas. O ar de mistério ajuda a aguçar a curiosidade, mas não faria ninguém se esforçar para descobrir o segredo de Belle and Sebastian se a música fosse ruim. O grupo já teve disco escolhido entre os melhores do ano nas páginas de algumas das publicações mais respeitadas do planeta. Já cansou de ser comparado aos Smiths em sua ética e musicalidade. A comparação melhor indicada, porém, é com as baladas de Nick Drake e do grupo psicodélico Love. Mas o que importa é a riqueza melódica e a poesia intricada de suas músicas, que tem inspirado uma idolatria radical entre os fãs e uma unanimidade crítica que não se via há muito tempo na imprensa.

O vazio criativo de Glasgow Para decifrar de verdade Belle and Sebastian é preciso voltar um pouco no tempo. Há 15 anos, Glasgow, na Escócia, era uma espécie de capital mundial do barulho, abrigando bandas como My Bloody Valentine, Primal Scream e Jesus and Mary Chain. Como o advento do britpop, nos anos 90, o foco mudou para Londres, onde borbulhava uma série de imitadores do Oásis. Como muitos fãs da música tristonha da década anterior, Stuart Murdoch, viu-se desamparado, tocando canções para qual não existia mais mercado, andando para cima e para baixo nos ônibus laranja da metrópole escocesa, sem encontrar quem entendesse sua aflição. Um dia ele resolveu esticar a viagem e foi para Londres em busca de sua musa. A musa era Lawrence Hayward, o desaparecido cantor do Felt, grupo que motivou adoração similar “a de Belle and Sebastian nos anos 80. Stuart nunca o encontrou. Em seu lugar, achou a determinação para compor músicas que evocassem o vazio que sentia, como nos melhores discos do Felt. Ocupou seu tempo com um curso de música, num programa para desempregados, e lá conheceu os primeiros integrantes do Belle and Sebastian. Os demais foram recrutados numa cafeteria. Diz a lenda que Stuart chegava a parar pessoas na rua e perguntava se queriam integrar sua banda. Se a pessoa tivesse um olhar perdido, era inevitavelmente convidada.

Sucesso de público e crítica A história parece realmente como uma letra do Belle and Sebastian. O curso de música do Stow College, de Glasgow, resolveu lançar um disco de seus alunos. Belle and Sebatian, que só ha feito um show até então, foi escolhido para representar a instituição. Assim, em janeiro de 1996, Tigermilk chegou às lojas. Apenas 1000 discos foram produzidos e, ainda por cima, de vinil. Bastou um elogio da crítica para esgotar. Nas lojas de Londres, começaram a ser revendidos por mais de 100 libras. Uma cópia autografada pelo guitarrista, Stevie Jackson, chegou a alcançar o preço de 810 libras num leilão destinado a obras sociais. Três anos mais tarde, Tigermilk retornaria, em CD, aos destaques da crítica musical, como se tivesse acabado de ser gravado. O detalhe é que Stuart tinha guardado suas melhores músicas para uma reestréia em maior escala. If You´re Feeling Sinister saiu logo em seguida, com uma distribuição melhor, ainda que por um selo independente local. O disco tornou o favorito da crítica em 1996, arrancou aplausos em redações tão diferentes quanto a do jornal The Sunday Times e da revista de moda The Face. Alguns críticos acharam necessário escrever em forma de poesia para elogiar as canções da banda. Quando saiu nos Estados Unidos, no ano seguinte, emplacou como melhor lançamento de 1997 na revista Spin e no semanário novaiorquino The Village Voice. O lançamento de The Boy with the Arab Strap, em 1998, iniciou uma nova, em que Stuart passou a dividir as

composições com Isobel e Stevie. O CD também abriu mais o leque de influências, e passou a incorporar o soul. Mas o que aconteceu foi inesperado. Desde o começo, Belle and Sebastian mostrara-se anticomercial, lançava LPs na era dos CDs, fugia de fotos e de entrevistas, usava violino e violoncelo na música pop, cantava verdadeiras epopéias narrativas e citava, entre seus favoritos, artistas que nunca enriqueceram na indústria fonográfica. Mesmo assim, em 1999, Belle and Sebastian recebeu o prêmio de melhor Artista Novo do Brit Awards, o Grammy britânico.

A discrição do cão e do menino O sucesso foi um choque para Stuart Murdoch, que só queria expressar sua angústia e tentar recuperar a criatividade sepultada pelo britpop. Logo surgiram ofertas de grandes gravadoras, rapidamente rechaçadas. Belle and Sebastian fechou questão: é uma banda independente de Glasgow. Dela não sai nem pretende comprometer seus ideais com a preocupação de preencher cotas de vendas de multinacionais. Stuart também tomou a decisão de nunca mais dar entrevistas ou ser fotografado – se o restante da banda quiser é por conta deles. O compósitos só quer saber de fazer música e deixa-las falar por si próprias. E o que não falta são temas intrigantes, de fantasias sobre assassinatos à depressão clínica, conseqüência de dias que duram demais e resultam em muitos pensamentos. Um tema, porém, destaca-se: a espiritualidade. Não chega a surpreender, uma vez que Stuart costumava cantar no coro de uma igreja.

Com a avalanche de elogios impulsionando as vendas, os integrantes do grupo puderam abandonar seus empregos para se dedicar exclusivamente à música. Graças a isso, os lançamentos de compactos triplicaram, assim como projetos paralelos. O quarto álbum, Fold Your Hands Child, You Walk Like a Peasant, lançado em Tigermilk 2000, refinou ainda mais o estilo “bala1996 das de câmara” do grupo. Infelizmente, Álbum Estúdio foi o último a ter a participação do baixista Stuart David, que agora se dedica em tempo integral a seu outro projeto, O Looper. A propósito, Belle and Sebastian era o nome de um seriado infantil da TV francesa sobre um menino e o seu cão. Fonte: Marcel Plasse (Revista MTV)

Lazy Line Painter Jane - 2000 Box com 3 Singles

If You´re Feeling Sinister - 1997 Álbum Estúdio

This is Just a Modern Rock Song 1998 - Single

The Boy With the Arab Strap - 1998 Álbum Estúdio

Fold Your Hands Child, You Walk Like a Peasant - 2000 Álbum Estúdio

Legal Man 2000 Single

Sing...Jonathan David - 2001 Single

I´m Waking Up To Us - 2002 Single

Storytelling 2002 Trilha Sonora


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Araucária, 04 à 18 de setembro de 2003

Yes, nós temos Banana´s Há 35 anos na estrada o Deep Purple chega em 2003 com novo CD e shows pelo Brasil O Deep Purple teve início em 1968, com o nome Roundabound (felizmente logo abandonado). A banda se apresentava na América, a início como acompanhantes do artista Chris Curtis. A primeira formação, que lançou três discos de pouca repercussão (“Shades of Deep Purple”, “Book of Talyesin” e “Deep Purple”) contava com o vocalista Rod Evans, o guitarrista Ritchie Blackmore, o baixista Nick Simper, o baterista Ian Paice e o tecladista Jon Lord. O nome Deep Purple foi sugerido por Ritchie Blackmore, retirado de uma música que sua avó gostava. Em 1969 resolveram arriscar uma mudança no direcionamento musical da banda, convidando o vocalista Ian Gillan e o baixista Roger Glover, e passando a buscar um estilo que misturasse música clássica européia ao hard rock que surgia na inglaterra com as bandas Yardbirds e Led Zeppelin. O primeiro álbum com esta formação, com o sugestivo nome de “Concerto For Group & Orchestra” foi recebido com respeito (e um pouco de estranheza) pela crítica. Não foi, todavia, um grande sucesso de público. Dariam uma virada em 1970 com o álbum “Deep Purple In Rock”, que com seu hard rock direto e bem feito rapidamente chegou ao topo das paradas transformando imediatamente o Deep Purple em uma banda grande e influente. São deste disco alguns dos primeiros grandes clássicos da banda, entre outros, “Speed King” e “Child in Time”. ”Fireball”, de 1971, confirmou o sucesso da banda, e com o álbum “Machine Head” (um dos clássicos do rock de todos os tempo, lançado em 1972) atingiram o auge. Constam deste álbum dois de seus maiores hits, “Smoke On The Water” (com um dos riffs mais marcantes da história do hard rock) e “Highway Star”. A turnê que se seguiu rendeu um outro álbum clássico, “Made In Japan”. ”Who Do We Think We Are” de 1973 marcou o início de uma fase ruim para a banda, que culminou com a saída do vocalista e baixista pouco antes do início da turnê. Durante um curto período de tempo o vocalista Paul Rodgers (que havia tocado com o Free) assumiu o vocal do Deep Purple, até sair da banda para montar seu projeto Bad Company, sendo substituído por David Coverdale. O baixo foi assumido por Glenn Hughes. Com esta formação lançaram o excelente “Burn” em 1974, boa fase que não iria durar muito em virtude de problemas entre Ritchie Blackmore e David Coverdale. ”Stormbringer” de 1974 foi novamente um retrocesso, que culminou com a saída do guitarrista Ritchie Blackmore (que viria a formar o Ritchie Blackmore’s Rainbow poucos meses depois). Para seu lugar foi recrutado o guitarrista Tommy Bolin (que tocava jazz/fusion com a banda de Bill Cobham). Em 1976 a morte de Tommy Bolin por uma overdose de heroína foi a gota d’água para que a banda fosse oficialmente desfeita. David Coverdale, Jon Lord e Ian Paice participariam do Whitesnake, Ian Gillan viria a tocar alguns meses com o Black Sabbath (além de seguir carreira solo com a Gillan Band) e Roger Glover se juntou à banda de Ritchie Blackmore.

Durante anos houveram boatos de que a banda estaria prestes a armar uma reunião que se concretizou apenas em 1984. Apesar de ter sido reunida uma das melhores formações da banda, com Ian Gillan, Ritchie Blackmore, Roger Glover, Jon Lord e Ian Paice, o lançamento do álbum “Perfect Strangers” confirmou que a banda já não era a mesma em estúdio. Sua sonoridade estava americanizada e se assemelhava mais ao Rainbow ou Whitesnake que ao Deep Purple original. Após a gravação de um novo álbum, “The House Of Blue Light”, em 1987, Joe Lynn Turner (que havia tocado com Ritchie Blackmore no Rainbow) assumiu o lugar de Gillan. Após extensas turnês a banda finalmente lançou “Slaves & Masters” em 1990. Gillan voltou à banda em 1992 e como os atritos com Blackmore continuassem, foi a vez do guitarrista sair, sendo substituído por Joe Satriani e mais tarde Steve Morse, dono de um estilo muito mais técnico e preciso. O álbum “Purpendicular” de 1996 foi aplaudido mundialmente por público e crítica, com a banda conseguindo resgatar grande parte de seu prestígio. Logo após, a banda concebeu “Live in Olympia”, um álbum ao vivo que traz seus principais sucessos juntamente com suas músicas mais recentes. Em 1998, o Deep-Purple lança “Abandon”, um álbum pesado no velho estilo de In Rock mas não tão bem recebido pela crítica. Interessante a banda ter incluído uma versão atual de “Bloodsucker” (do álbum “In Rock”) batizada desta feita de “Bludsucker”. Pouco convincente pelo fato de Ian Gillan não possuir a mesma voz de anos atrás. Agora em 2003 o Deep Purple lançou em 25 de agosto seu novo álbum, “Bananas”, o primeiro inédito desde “Abandon”. A festa de lançamento do álbum aconteceu dia 20 de agosto em Berlim e segue com uma turnê que começa no Brasil, em Goiânia, dia 12 de setembro. A banda passa ainda por Recife, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte. O álbum marca a estréia do novo tecladista, Don Airey, que já tocou com Ozzy Osbourne e Gary Moore. Jon Lord, o anterior, decidiu deixar a banda para seguir carreira na música clássica, após vários concertos de sucesso na Inglaterra. A banda agora é formada por Ian Gillan (vocais), Roger Glover (baixo), Ian Paice (bateria), Steve Morse (guitarra) e Don Airey (teclado). Deep Purple no Brasil: 12 de Setembro - Ginásio Goiânia Arena em Goiânia 13 de Setembro - Classic Hall em Recife 16 de Setembro - ATL Hall no Rio de Janeiro 18 de Setembro - Jockey Club de Porto Alegre

A discografia completa do Deep Purple é bastante extensa. Além dos 17 albuns de estúdio, são inúmeros os discos ao vivo, como o excelente Made in Japan e o recente Come Hell or High Water, além das coletâneas. Aqui constam apenas os álbuns de estúdio.

1974 - Stormbringer

1968 - Shades of Deep Purple

1975 - Come Taste the Band

1968 - The book of Taliesyn

1984 - Perfect Strangers

1969 - Deep Purple

1987 - The House of Blue Light

1970 - In Rock

1990 - Slaves & Masters

1971 - Fireball

1993 - The Battle Rages on...

1972 - Machine Head

1996 - Purpendicular

1973 - Who do we think we are!

1998 - Abandon

1974 - Burn

2003 - Banana´s

19 de Setembro - Pedreira Paulo Leminski em Curitiba 20 de Setembro - Estádio Pacaembu em São Paulo 21 de Setembro - Estádio Mineirinho em Belo Horizonte. Agradecimentos a Albertino Viveiros.


Araucária, 04 à 18 de setembro de 2003

Os 5 elementos de uma jornada dos sonhos Em 1985 John Petrucci (guitarrista), John Myung (baixista) e Mike Portnoy (baterista), todos provenientes de Long Island, estudavam na famosa Universidade de Música de Berklley. Rapidamente descobriram que tinham algo mais em comum que o fato de terem crescido na mesma cidade e resolveram formar uma banda, chamando para acompanhá-los o vocalista Chris Collins e o tecladista Kevin

When Dream and Day Unite 1989 / Estúdio

Images & Words 1992 / Estúdio

Live At The Marquee 1993 / Ao vivo Moore. O nome inicial da banda foi Majesty. Logo descobriram que o nome Majesty já pertencia a uma outra banda e, por sugestão do pai de Mike, adotaram o nome Dream Theater (nome de uma sala de espetáculos da Califórnia). Awake Após lançar uma fita demo 1994 / Estúdio com seis canções (que traziam a primeira amostra do seu metal progressivo com influência de música clássica, estilo que mais tarde seria adotado por diversas bandas) o vocalista Chris Collins foi demitido por não conseguir se adaptar ao estilo da banda, e para o A Change of Seasons seu lugar foi chamado Charlie 1995 / Estúdio / Ao vivo Dominici. Mesmo não sendo ainda uma banda profissional (todos tinham empregos paralelos para se sustentar) com esta formação gravaram seu primeiro disco, “When Dream And Day Unite”. O disco foi excelentemente aceito pela crítica musical e possivelmente só não foi um grande sucesso de público em virtude da tiragem bastante limitada. A difusão em rádios, porém, foi suficiente para que a banda conseguisse um bom reconhecimento dos fãs e shows em pequenos clubes sempre lotados. A chance para um vôo mais alto veio com o convite para abrir um show da banda de rock progressivo Marillion (conta a lenda que o Marillion exigiu o Dream Theater como banda de abertura). Falling Into Infinity Infelizmente, porém, novamente por diferenças musicais, tiveram de despedir seu vocalista. Du1997 / Estúdio rante cerca de dois anos se apresentaram sem um vocalista fixo, porém não cessaram a composição de material novo nem as apresentações. As faixas instrumentais compostas dariam origem ao álbum “Images and Words”. Passaram neste período pela banda diversos vocalistas, entre outro John Arch (que havia tocado com o Fates Warning), Steve Stone e Chris Cintron. O cargo ficaria porém com um vocalista da banda canadense Winter Rose, que lhes enviou uma fita e o oferecimento para se juntar à banda. Finalmente havia sido encontrado o vocalista procurado a tantos anos, Kevin Labrie (que adotou o nome James Labrie para evitar confusões visto que a banda já tinha dois Johns e dois Kevins). Once In a LiveTime 1998 / Duplo ao vivo

Scenes from a Memory 1999 / Estúdio

Live Scenes from New York 2001 / Triplo ao vivo

Six Degrees of Inner Turbulence 2002 / Duplo de estúdio

Em 1991 finalmente saiu “Images and Words” e o convite para abrir alguns shows para a banda Iron Maiden. A excelente recepção por parte da MTV e o estouro de vendas de “Images and Words” no Japão (país sempre receptivo ao metal mais melódico) levou a banda a fazer sua primeira turnê mundial. Na Europa fizeram as gravações para o EP ao vivo “Live at the Marquee”. Em meio à gravação do terceiro disco, porém, o tecladista Kevin Moore resolveu abandonar a banda para seguir carreira solo. Ainda sem substituto terminaram a gravação de “Awake”, que imediatamente conquistou o mercado americano e europeu e se tornou talvez o mais importante álbum da sua carreira. Para o lugar de Moore seria chamado Derek Sherinian (que já havia tocado com o Kiss e Alice Cooper). Em 1995 foi lançado o EP “A Change of Seasons”, contendo o épico de mesmo nome que devido a seus 23:03 minutos, não pôde ser lançado no album “Images and Words”. Além disso, o EP contou com mais alguns covers (“Funeral For a Friend/Love Lies Bleeding”, de Elton John, “Perfect Strangers”, do Deep Purple, as fusões de “The Roover”, “Achilles Last Stand” e “The Song Remains The Same”, do Led Zeppelin, e de “In The Flesh?”, “Carry On Wayard Son”, “Bohemian Rhapsody”, “Lovin Touchin, Squeezin”, “Cruise Control” e “Turn It On Again”, respectivamente do Pink Floyd, Kansas, Queen, Journey, Dixie Dregs e Genesis) gravados ao vivo no Ronnie Scott’s Jazz Club, em Londres. O álbum “Falling into Infinity” veio com músicas um pouco mais melódicas, não tanto agressivas como no “Awake”. O tecladista Derek Sherinian, de influência pop, mudou levemente o som da banda, não sendo muito bem recebido pelos fãs. As músicas mais marcantes foram as baladas “Take Away My Pain” (um desabafo de John Petrucci pela perda do seu pai) e “Anna Lee”. Antes do disco sair, a banda entrou em tour, passando inclusive pelo Brasil. Alguns fãs mais antigos não gostaram do álbum, e um dos destaques foram as músicas inclusas em singles, como “The Way It Used To Be” e a versão demo de “You Not Me”. Em outubro de 1998 a banda lançou o segundo registro ao vivo, “Once In a LiveTime”. O álbum deixou de fora algumas faixas dos discos iniciais. Um vídeo, com o nome “5 Years in a LiveTime” surgiu também, com os principais momentos da banda nos últimos 5 anos - imagens ao vivo, em estúdio e clipes. Enquanto isso, os projetos paralelos começaram a surgir. O mais conhecido foi o Liquid Tension Experiment, com Petrucci, Portnoy, Jordan Rudess (“the Keyboard Wizard”, do Dixie Dregs) e Tony Levin (Pink floyd, King Crimson). Foi uma viagem progressiva ao extremo, marcada por jams bem divertidas. Mas no início do ano, uma bomba: a banda trocou o tecladista. Alegou que com o disco ao vivo estava encerrando um período de sua história. Como substituto para Derek, chamaram o amigo Jordan Rudess. Os fãs antigos voltaram a acreditar na banda, com fortes esperanças de um Dream Theater de volta aos bons tempos. Durante 1999, boas surpresas. John Muyng emprestou seu baixo, junto de Derek Sherinian, ao Platypus e no Guardian Knot. John Petrucci gravou junto da mesma equipe do LTE o segundo disco, e Mike Portnoy ainda teve tempo para participar do Second Coming, junto a músicos do Marillion e Spock’s Beard. O vocalista James LaBrie não deixou por menos, e em setembro lançou o Mullmuzzler. Em outubro é lançado “Scenes From a Memory”, um álbum conceitual e descrito por Mike Portnoy como o disco que ele sempre quis fazer. Após o sucesso do álbum “Scenes From a Memory” e a tour mundial que se seguiu, a banda gravou, no Roseland Balroom, em Nova York, um DVD contendo o show e sua super-produção, com direito a corais, convidados e um telão. O show, de três horas e meia, seria lançado também como um CD triplo. A data marcada para o lançamento do mesmo, infelizmente, coincidiu com os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, e mais infelizmente ainda, a capa do CD trazia as Torres Gêmeas dentro de chamas. Todos os CDs foram recolhidos e a capa refeita, trazendo agora o símbolo da banda no lugar da maçã (The Big Apple) e das torres. Mas nem mesmo as trágicas coincidências foram suficientes para abalar a criatividade da banda, que novamente se trancou no Bear Tracks Studio e saiu de lá com um disco duplo, experimental e controverso. “Six Degrees of Inner Turbulence”, lançado em 2001, trazia músicas já extensas no primeiro CD (a menor faixa tem quase 7 minutos), e um épico de impressionantes 42 minutos de duração, dividido em 8 partes, no segundo CD. 2003 trás novidades da banda. Vai se chamar “Train Of Thought” o novo CD do Dream Theater, com lançamento previsto para o dia 11 de novembro. Produzido por John Petrucci e Mike Portnoy, com mixagem de Kevin Shirley (Iron Maiden), o disco tras as faixas: “As I Am”, “This Dying Soul”, “Endless Sacrifice”, “Honor Thy Father”, “Vacant”, “Stream Of Consciousness” e “In The Name Of God”.

Agradecimentos: Allan Lopes, André Pase e Pedro Oliveira


O Jethro Tull, grupo de rock psico-folk inglês com 35 anos de formação lançou oficialmente seu primeiro disco em 1968, o álbum This Was, e era influenciado principalmente pelo rockblues-folk e tantas outras misturas (rock-jazz, rock-clássicos e rock pauleira) do final dos anos 60. Com o primeiro disco lançado pela Islands Records o grupo alcançou grande sucesso na Inglaterra. Tudo ia muito bem, até Ian Anderson, principal fundador da banda, reivindicar a liderança do grupo e tirar, assim, o guitarrista Mick Abrahams. Abrahams foi substituído por Tony Iommi, que mais tarde seria fundador do Black Sabbath e aclamado como pai do heavy metal. Tony, porém, não ficou muito tempo e Martim Barre assumiu as seis cordas e gravou o segundo LP do Jethro Tull, Stand Up, que também foi um sucesso. O terceiro disco, intitulado Benefit, logo surgiu em 1970. Porém a obra-prima do grupo chega em 1971, com Aqualung, um disco que narra a história de um mendingo e toda a sua revolta contra o cristianismo – descrevendo um Deus ao qual não era preciso “dar corda” para funcionar aos domingos –, implícita na música Stand Up que finaliza esse trabalho.

De lá para cá, o calvinista e maluquete Ian Anderson não parou de compor e produziu um sucesso atrás do outro. Descreveu até a saga de um gênio chamado Milton em Thick as a Brick. Na mesma fórmula, gravou com a banda A Passion Play, trabalho sobre a vida e morte. Muitos críticos da época não gostaram do disco, porém os fãs o aprovaram logo de cara. Muitos discos foram lançados sob o comando de Ian, entre eles War Child, Minstrel in the Gallery sendo um novo trabalho a cada ano e muitas mudanças em sua formação, permanecendo fiéis até hoje somente o guitarrista Martin Barre e Ian Anderson. O Jethro Tull trouxe na época em que nasceu, em prol do rock em geral, um novo ritmo. Foi o primeiro grupo de rock a utilizar a flauta em seu som, que no momento era – e até hoje é – novidade. Para conseguir tirar um som melhor de sua flauta, Ian soprava e aspirava o ar. Com essa técnica, o Tull obtinha um som ao mesmo tempo melódico e sarcástico, que o caracteriza até hoje. O maluco esfarrapado Ian não para e a cada ano presenteia seus fãs com novos discos, sendo que em 35 anos de carreira, 35 trabalhos gravados.

This Was (1968)

Living in the Past (1972)

Songs From the Wood (1977)

Stand Up (1969)

A Passion Play (1973)

Heavy Horses (1978)

Catfish Rising (1991)

War Child (1974)

Broadsword and the Beast (1982)

Nightcap (1993)

Benefit (1970)

Aqualung (1971)

Minstrel in the Gallery (1975)

Thick as a Brick (1972)

Too Old to Rock n’Roll: Too Young to Die! (1976)

Crest of a Knave (1987)

Rock Island (1989)

Atualmente, além de trabalhar com música, o roqueiro cria salmão para descansar a cabeça, trabalho este que lhe rendeu o título de maior exportador de salmão da Europa.

Roots to Branches (1995)

O Jethro Tull já esteve 4 vezes no Brasil. A primeira apresentação no país foi em 1988, quando o grupo completava 20 anos de estrada. A segunda foi em 1990. A terceira em 1996, com uma apresentação histórica no Teatro Guaíra, em Curitiba, e a última, em 2000, com o lançamento de Dot Com.

A discografia do Jethro Tull é bastante extensa, já que lançam, em média, um disco por ano. Estes lançamentos são álbuns inéditos, coletâneas e apresentações ao vivo. Na discografia listamos apenas os álbuns de estúdio lançados de 1968 à 1999.

Está para sair um novo disco do Tull ainda este ano, Dot Com intitulado “The Christmas Album”) (1999)


1968 Cheap Thrills Disco Estúdio

1969 I got dem ol’ kozmic blues again mama Disco Estúdio

1971 Pearl Disco Estúdio

1972 Joplin in Concert Disco ao Vivo

1973 Janis Joplin´s Greatest Hits Coletânea

1995 18 Essential Songs Coletânea

1998 Live at Winterland 68´ Disco ao Vivo

1998 Antology Coletânea

2001 Love, Janis T.S.O. de Musical

2003 The Essential Coletânea dupla

Às 9:45 da manhã do dia 19 de janeiro de 1943 nascia na cidadezinha de Porth Arthur no Texas, EUA, Janis Lyn Joplin filha mais velha de Dorothy Bonita Joplin, que trabalhava na época como arquivista de uma escola, e de Seth David Joplin, engenheiro da Texaco. Janis nasceu durante a Segunda Guerra Mundial e se transformou em símbolo da inquietação nos agitados anos 60. Quando Janis tinha seis anos, nasceu a irmã Laura Lee Joplin e quatro anos depois foi a vez do caçula, Michael Ross Joplin. Loura, olhos claros, um pouco tímida quando menina, muito inteligente e retraída, Janis virou uma adolescente problemática, desengonçada, cheia de espinhas, de voz grossa e cabelos desalinhados. Ela sempre quis ser artista, mas não tinha noção de nada à respeito disso. Lia, pintava e, ao contrário dos outros habitantes bicho grilo de Porth Arthur, Janis não era racista, tinha pavor à preconceitos. E isso fazia dela uma estranha no ninho da conservadora cidade petroleira. Era criativa e obediente, gostava muito de pintar quadros e ajudava sempre que podia na biblioteca e na igreja, onde começou a cantar. “Quando eu era menina tudo estava certo, tudo estava bem. E aí, de repente, tudo caiu...”- disse Janis ao se lembrar da infância. Durante o colegial tentou muito se enturmar, mas era considerada o “patinho feio” e se tornou um alvo fácil das piadas dos “colegas”. Janis não demonstrava, mas por dentro ela explodia... Ela então começou a ter comportamentos e características típicas de “um dos caras”; sempre se vestindo diferente, sendo rude, barulhenta e além de tudo, começou a ganhar peso. Ela fez de tudo para enfim ser notada, mas chegou a um ponto em que a maioria dos estudantes começaram a odiá-la. Depois de um tempo, Janis entrou para um grupinho de cinco garotos e eles permaneceram sendo seus amigos. Mas Janis não tinha com quem falar sobre as sensações e descobertas que a inquietavam. Ela se refugiava nos livros e nos discos de Leadbelly, Odetta e Bessie Smith. Janis finalmente descobria o Blues. Durante o curso superior no Thomas Jefferson High, Janis começou a se interessar mais à escola. Foi nessa época que ela percebeu seu potencial começando a vender pinturas e a cantar. Em maio de 1960 Janis se formou. Ela então foi estudar no Lamar College para orgulho de sua mãe e permaneceu lá durante um ano. Suportando tudo isso, ela tinha se tornado inquieta e infeliz, Janis fugiu de casa aos 17 anos por não tolerar a vida pacata e os moradores machistas e racistas de sua cidade e acabou caindo na estrada. “Entrei para bandas do interior. Cantei músicas country em troca de cerveja” lembrou. Whisky Southem Confort acabou virando seu principal combustível. Em 1962 começou a se apresentar regularmente no Purple Onion em Houston, Los Angeles e no Halfway House. Mudou-se para Austin, capital do estado do Texas, e estudou na University of Texas, trabalhou como garçonete e cantava num pequeno grupo. Chegou até a gravar um jingle comercial para um banco. Nesse mesmo ano, na Universidade, ela se destacou como traficante de maconha, e também foi eleita “O garoto Mais Feio do Campus”, isso mesmo: “O garoto”! Fazer o que, né...? Mudou-se para Nova Iorque em 1964. Se apresentava num lugar chamado Slug’s. Alguns dizem que foi nesta época que houve seu primeiro contato com a heroína (outros dizem que isso só aconteceu em 67, no Monterey Pop). Encontrou-se nos ares liberais de San Francisco beatnik. Aos 20 anos, mudou-se com seu amigo Chet Helms para São Francisco, onde rapidamente, já começou a cantar num bar local. E é neste bar, onde conheceu alguns dos futuros integrantes do Big Brother, Apanhou em briga de rua, sofreu um acidente de moto e foi presa por roubar em algumas lojas nesta mesma época. A garota desajustadas envolveu-se com uma turma na cidade grande e mergulhou de cabeça nas drogas e experiências sexuais (embora não assumisse, ela era bissexual, pelo menos enquanto estava sobre o efeito das drogas...). Em 1965, depois de dois anos malucos em San Francisco, Janis retornou à Porth Arthur pretendendo desintoxicar-se e se tornar a professora com que seus pais sempre sonharam, mas recebeu então o convite para cantar com o Big Brother and Holding Company. Dizem que Janis esteve grávida nessa época, mas perdeu o bebê. O projeto de livrar-se das drogas foi por água abaixo, mas a cantora superou a precariedade das gravações do conjunto com performances vocais antológicas - que fizeram dela a principal atração do Festival de Monterey em 1967,onde sua carreira decolou. Janis teve uma vida amorosa conturbada e encontrou nas drogas e na bebida trágicos alívios para suas dores de cotovelo. O único namorado fixo de Janis morreu no Vietnã. Canções como “Piece Of My Heart” (Pedaço Do Meu Coração),que está no clássico álbum Cheap Thrills, é um belo retrato da cantora, uma amante desesperada. Antes e depois de Janis, a canção teve outras interpretes, mas a sua ficou como versão definitiva. Dia 10 de Junho de 1966 o Big Brother and Holding Company fazia seu primeiro show com Janis como vocalista em Avalon BallRoom, San Francisco. O grupo que era formado por cinco integrantes, fazia de Janis uma vocalista poderosa que se destacava de todos os outros. Mas foi no Monterey Pop Festival, que aconteceu em 1967, nos arredores de São Francisco, que Janis ganhou a atenção de todos. Nele, a vocalista e sua banda conseguiram assinar um contrato com a Columbia Records, pela qual começaram a gravar “Cheap Thrills”. No ano seguinte, em 1968, Janis lançou seu segundo disco, intitulado Cheap Thrills. O jeito gritado e totalmente rhythm & blues de cantar de Janis Joplin rendeu ao álbum o quinto lugar nas paradas e seu nome ganhou ainda mais espaço no cenário da música, ultrapassando os limites de São Francisco e chegando a todo o país. 21 de Dezembro de 1968: Janis aparece pela primeira vez com sua nova banda, mais tarde nomeada Kozmic Blues Band, com Sam Andrew, Richard Kermode, Brad Campbell, Roy Markowitz, Cornelius “Snooky” Flower, Terry Clements, Luis Gasca e Janis no vocal. Em 16 de Agosto de 1969 a Kozmic Blues Band se apresentou juntamente com muitas outras bandas no Festival de Woodstock, NY. Em setembro de 1969 a gravadora Columbia lança o LP “I Got Dem Ol’ Kozmic Blues Again Mama!”. No meio do mês de Maio de 1970 aconteceu a primeira performance de Janis com sua terceira e última banda, logo chamada Full Tilt Boogie Band; Big Brother and the Holding Company também tocam, com Nick Gravenites no vocal na Festa dos Hell Angels, Pepperland, San Rafael, CA. Em Setembro de 1970 a banda Full Tilt grava o álbum Pearl em Los Angeles. O sucesso da paródia “Mercedes Benz”, onde ela imita com perfeição todos os trejeitos de uma típica cantora de coro negra, fez com que muitos outros músicos a elogiassem incansavelmente. Janis ouviu o instrumental da música “Buried Alive in The Blues” no estúdio onde gravava junto com sua banda o LP Pearl, saiu dizendo que iria comprar cigarros. Seus companheiros da Full Tilt Boogie Band a procuraram ao sentirem falta dela para gravarem a última música. Mas a bela voz rouca havia se calado na madrugada do dia 4 de outubro de 1970. Janis tinha 27 anos. Foi encontrada pela manhã em seu quarto no Landmark Hotel, em Los Angeles, por seu companheiro de banda. Encontrava-se no chão entre a cama e a penteadeira, cheia de hematomas, que é comum em pessoas que sofrem uma overdose. Seu queixo estava quebrado e o verdadeiro motivo permanece misterioso, mas o mais provável é que ela tenha quebrado enquanto sofria a overdose. No dia 07 de Outubro, seguindo sua vontade, Janis foi cremada e suas cinzas foram espalhadas na costa do condado de Marin, ao norte de São Francisco, Janis finalmente era livre. O LP “Pearl” é completado após a sua morte pelo produtor Paul Rothchild e a Full Tilt Boogie Band, ficou faltando apenas o vocal de Janis na faixa “Buried Alive in The Blues” que pode ser traduzido como “Enterrada Viva no Blues”, que foi lançada como música instrumental. “Pearl” lançado em Janeiro 1971, ficou nove semanas em primeiro lugar. Ainda em outubro é realizada a festa “The Grateful Dead” e outros se apresentaram para 200 convidados. No convite vinha escrito “Drinks are on Pearl”, que pode ser traduzido como “Bebidas por Conta de Pérola” (um dos apelidos de Janis, pela brancura de sua pele), e também faz alusão ao hábito de diluir pérolas nas bebidas. Em 19 de Janeiro de 1988, a cidade de Port Arthur, fez uma atrasada homenagem a Janis, na Exposição de Herança Musical do Sudeste do Texas (Southeast Texas Musical Heritage Exhibit). Alguns críticos acham que musicalmente falando a contribuição de Janis não foi tão grande quanto a de outros roqueiros dos anos 60. Mas ela definitivamente abril as portas para todas as candidatas a roqueira do mundo. Mostrou que as mulheres poderiam arrasar no palco tanto quanto os homens. Para muitos, Janis Joplin é apenas um nome na lista dos chamados “mortos honoráveis do rock” e também da pequena lista dos imortais dos anos 60, Jimi Hendrix, Jim Morrison e Janis Joplin - os famosos três “J” que fizeram sucesso com a mistura de blues e rock e que morreram todos muito jovens (os três com 27 anos) e de overdose. Em muitas biografias, seu estilo de vida é colocado erradamente como mais importante que sua herança musical. Mas é preciso enfatizar que o blues jamais seria o mesmo depois do aparecimento da ‘rainha selvagem’, pois conseguiu chamar atenção da classe média branca americana para esse estilo. Se a vida dela foi sempre a mesma coisa, como foi citado uma vez pela revista Esquire, imaginem a nossa!

Love, Janis

1968 Big Brother and the Holding Company Disco Estúdio


The Cranberries formou-se em Maio de 1990. Dolores cantava desde que tinha mais ou menos 13 anos, tocava piano e escrevia algumas canções desde muito jovem. Ela estava procurando uma banda para tocar. Noel, Mike e eu (Fergal) tocavamos nossos instrumentos respectivos por mais ou menos 2 anos e tinhamos tocado numa banda chamada “The Cranberry Saw Us”( som de Cranberry Sauce, que em português significa “Molho de Amora”) por 6 ou 7 meses. O cantor de “Cranberry Saw Us” (Niall) decidiu que iria dexar a banda paraconcentrar-se em outra banda que tinha, mas ele disse que tinha uma amiga de sua namorada que era cantora, e ela estava procurando uma banda para cantar. Entra Dolores!

A história segundo Feargal Lawler

Noel tinha estado escrevendo pedaços de musica, e ele as trariam para o ensaio onde Mike e eu colocaríamos nossas respectivas partes, mas depois de um tempo isso se tornou um pouco monótono, a medida que não havia nem letra ou vocais. Então, naquela noite de maio, nós estávamos no nosso lugar de ensaio Dolores entrou com o seu teclado debaixo do braço. Nós dissemos nossos “ois” e isso tudo era muito embaraçante, especialmente para ela, pois haviam uns cinco ou seis amigos nossos lá! No entan-

Os discos Puxado pelo mega hit Linger, o álbum “Everybody Else is Doing it, so Why Can’t we?”, vendeu 15 milhões de cópias ao redor do globo em 1994. O segundo álbum, “No Need To Argue”, foi outro estouro de vendas. Ain-

1993 Everybody Else Is Doing It, So Why Can’t We?

da mais pop, o álbum recheado de baladas destacou-se pelo enorme sucesso de “Ode to My family” que tornou o cranberries conhecido em mercados ainda não explorados como as Américas central e do sul, e Ásia. As letras agora, mostravam uma banda engajada socialmente. O cranberries quer ajudar o mundo ao som

to ela montou o seu teclado e começou a tocar e cantar algumas canções. Não é preciso falar que todos ficaram impressionados. Então nós tocamos algumas das partes que Noel havia escrito e Dolores pareceu ter gostado. Nós a demos um fita e marcamos para ensaiar na semana seguinte. A próxima semana havia chegado, como elas tendem a chegar, e lá

de pop bem feito. Dolores , depois de cantar no festival de Warchild junto com Pavarotti, em prol das crianças da Bósnia, doou alguns milhares de dólares para uma instituição de menores carentes na Irlanda, fruto de uma indenização judicial contra uma revista de fofocas

1994 No Need To Argue

estavamos, todos os quatro sozinhos naquele lugar. Dolores disse que ela havia realmente gostado da fita e nós decidimos tocar rapidamente algumas das canções. Nós tocamos a melodia para Linger e ela começou a cantar (BINGO!!). Era isso, uma combinação feita pelos céus. Nós ensaiamos nas próximas três ou quatro semanas e decidimos que era

inglêsa que havia publicado que Dolores teria feito um show no Reino Unido, sem calcinha. Além disso eles gravaram um dueto com Marianne Faitithfull para um disco em benefício das pesquisas para a cura da AIDS. No terceiro álbum, “To The Faithfull Departed”, o cranberries aponta para uma nova sonoridade. Embora as letras continuem a falar da Irlanda, de

1996 To The Faithful Departed

tempo de gravar alguns demos para ver que canções seriam mais adequadas para ser gravadas. Nós estavamos contentes com os resultados e nós conseguimos fazer aberturas de shows de bandas locais. Logo depois, Sett, um amigo nosso que trabalhava em um estúdio de gravação local, aconselhou-nos mandar a fita para alguma

gravadoras e tentar conseguir um contrato de gravação. Pelos meses seguintes nós tocamos continuosamente na Irlanda e no Reino Unido, e várias pessoas das gravadoras veio falar conosco. Nós gravamos um EP chamado “Uncertain” e depois de pouco tempo nós gravamos nosso primeiro albúm, “Everybody is doing it, so why can’t we?” O resto como dizem é história!

religião e de problemas sociais, um tema é quase obssessão: a morte. As músicas ganharam um tom mais pesado, com algumas marcações frenéticas de bateria e guitarras crispadas que soam bem diferentes do melódico som inicial da banda, sem no entanto, perder a sua essência pop-existencial, presente nas diversas baladas que também compõem o álbum .

1999 Bury The Hatchet

2001 Wake Up And Smell The Coffee


A chuva ameaçou cair nos três shows no Brasil, mas apenas nos atingiu durante o segundo, em São Paulo. E reafirmo: atingiu; o vento trouxe a chuva diretamente no palco, em nossos rostos, sobre todos nós e nossos equipamentos, e ainda bem que tínhamos microfones e monitores sem fio, ou... nós poderíamos ter sido mortos! Durante o show, nós três trocávamos olhares ocasionais, uma expressão torta de estupefação compartilhada naquela cena bizarra. O estádio de futebol em São Paulo comportou 60.000 pessoas, de longe o maior público que tivemos enquanto atração principal, e apesar da chuva, elas aguentaram firme cantando cada palavra, cada nota, e cada batida. De trás da bateria, eu via as gotas de chuva iluminadas pelos canhões de luz, cilindros sólidos e tridimensionais e cones em

A chuva ia e voltava durante a tarde do show no Rio, e os caminhões chegaram vindos de São Paulo tão atrasados que a equipe só começou a descarregar o equipamento seis ou sete horas depois do horário habitual. Durante o que deveria ser o horário da passagem de som, Geddy, Alex, e eu íamos de um lado para o outro, ou sentávamos sob um céu ameaçador, assistindo técnicos vestindo jaquetas de chuva lutando, e tentando fazer tudo acontecer. Com 40.000 pessoas esperando para entrar, não havia dúvidas sobre mantermos os portões fechados, e tínhamos que aceitar que não haveria passagem de som. Pelo menos a mesa de monitoração estava funcionando (ao contrário do que aconteceu em Porto Alegre), e meu técnico de bateria, Lorne, me avisou que minha marimba MIDI eletrônica parecia ter se recuperado da noite anterior (embora eu ainda estivesse me preparando mentalmente para trabalhar com os sons falhos se eu precisasse). O céu permaneceu escuro e melancólico, e a possibilidade de subir no palco sem passagem de som era tão enervante quanto o não realizado ritual de dia de show – imagine então o último show, grand-finale, capturado para posteridade. Não haveriam testes para o equipamento de gravação, nem para a equipe de filmagem; nós todos teríamos que voar. Voar às cegas no Rio. À medida que as luzes do estádio se apagavam e o urro do público crescia, nós corremos em direção ao palco ao som do tema dos Três Patetas e iniciamos “Tom Sawyer”, com nossos pensamentos um pouco frenéticos e nossas emoções beirando a ansiedade. A turnê Vapor Trails, como um todo, foi muito emocional para nós três, desde a primeira noite em Hartford, Connecticut. Depois de cinco anos longe de performances ao vivo, e por tudo que passamos nestes cinco anos, realmente pareceu um retorno triunfante. Em alguns momentos durante o show nós nos olhamos e compartilhamos sorrisos rápidos, uma

forma de chuva, talhos móveis em tons de vermelho, azul, âmbar e branco. Meus pratos tremeluziam com respingos de água, e quando eu os tocava, jorros de gotículas emergiam em luzes coloridas. Era dramático, tudo bem, até bonito, de um modo surreal, mas enquanto isso pôde ter parecido belo, foi difícil em relação ao equipamento. Minha marimba MIDI eletrônica, que comandava todos os meus sons eletrônicos de percussão, assim como alguns efeitos durante o show, perdeu sua estabilidade funcional naquela noite, e não havia certeza de que funcionaria na noite seguinte, no Rio de Janeiro. Mesmo tendo tocado todo o show naquela noite em São Paulo, observando a chuva e o vasto público e tendo que me virar o melhor que podia através de todas as notas tocadas mas que não soaram, eu estava pensando adiante, no show da noite seguinte, preparando um novo ‘mapa’ de minha performance – especialmente meu solo – no decorrer. Era ruim o suficiente para qualquer noite, mas especialmente quando estávamos para fazer o último show da turnê, que supostamente era para ser um final triunfante, e, neste caso, a única performance da turnê a ser capturada para posteridade. Enquanto o último acorde daquele show de São Paulo ainda ecoava no úmido ar da noite, nós saímos do palco direto para uma van, e fomos levados diretamente para o hotel (para escapar do tráfego de 60.000 pessoas). Enxugando o suor e a

chuva, nós observamos a impressionante coreografia dos policiais que nos escoltavam em suas motocicletas, e falamos um pouco sobre o show, mais ou menos balançando nossas cabeças em descrença – e em uma boa dose de alívio, também. Antes nós não tínhamos certeza se conseguiríamos fazer o show daquela noite, mas conseguimos. Agora só faltava um concerto. Nossa turnê Vapor Trails se alongou de junho a novembro de 2002, 66 shows no total – e era o suficiente! Durante as primeiras discussões, eu propús um máximo de 40 shows, durante três meses, o que talvez demonstre a extensão de minha influência. Entretanto, em justiça (do amor, guerra, e em turnês), o itinerário pareceu expandir enquanto se desdobrava: enquanto um luta, outro se rende, um show de cada vez. Convites para mais datas na Améria do Norte apareceram, e nós concordamos em adiar o final da turnê para fazer alguns shows extras pela Costa Leste. A ida à Europa continuava a ser uma incógnita, apesar de não termos tocado lá nos últimos dez anos, além de algumas áreas no Canadá nas quais a gente não tinha tocado por mais tempo ainda, mas tristemente, nós não conseguiríamos desta vez. Foi-nos oferecida a chance de tocar na Cidade do México no meio de outubro (durante o que supostamente era pra ser uma pausa de 10 dias), e eu tinha que pensar a respeito por um tempo. Em geral, eu gosto de viajar a lugares inusitados e “nações em desenvolvimento”, mas não trabalhar neles. Entretanto, após muitos vagueios de moto através do intrincado país do México, acabei por amar aquela linda e triste cidade (talvez apesar disto). Nós nunca havíamos tocado lá, ou em qualquer lugar da América Central, e eu finalmente tinha que concordar com aquele show. Eu apenas poderia esperar que fosse uma boa experiência para todos nós, e que os outros caras gostassem de lá também. Foi, e eles gostaram. Nós tocamos em um estádio de futebol ante 20.000 fãs muito entusiasmados, e nos divertimos depois do show da mesma forma, todos sentados em volta de uma grande mesa em um restaurante com boa comida, música mariachi ao vivo excelente, e um fluxo constante de tequila. Também recebemos um convite para tocarmos na América do Sul pela primeira vez, para fazermos três shows no Brasil no final de novembro, e não sabíamos o que pensar a respeito. Por um lado, nós supostamente estaríamos terminando a turnê naquela época, e estaríamos em casa (lembram daquele lugar?). Por outro lado, será que alguém queria nos assistir no Brasil? Nos disseram que éramos bem populares por lá, e que tínhamos vendido um número respeitável de discos através de canais “oficiais”, mas presumivelmente uma certa quantidade de pirataria e bootlegs espalharam nossa música muito mais do que sabíamos, e ninguém estava mais surpreso do que este humilde trio canadense de rock quando nós tocamos para mais de 125.000 pessoas no total dos 3 shows, muito além de qualquer número anterior, em qualquer lugar. Em Porto Alegre (uma cidade da qual eu nunca tinha ouvido falar), 25.000 vieram nos ver; em São Paulo nós tivemos um número estonteante de 60.000 pessoas, e no show final, no Rio de Janeiro, nós tocamos para uma incrível multidão de 40.000 jovens brasileiros muito animados, vocais e entusiasmados. Para colocar este números em perspectiva, nosso público na turnê Vapor Trails, tanto em arenas ou anfiteatros canadenses e americanos, girava em torno de 12.000 pessoas em média, e o maior público que tivemos enquanto atração principal até estes 3 shows era de 20.000 pessoas, no The Gorge, no estado de Washington, em nossa turnê Test For Echo, de 1997. Mais ainda do que no show da Cidade do México, o ambiente nos concertos brasileiros não se parecia com nada que já havíamos vivido antes – maior, mais selvagem, mais louco, e mais intenso. Historicamente, fomos uma banda de arena por mais de 20 anos, fazendo a transição para anfiteatros ao ar livre apenas recentemente, principalmente na turnê Vapor Trails. Nós havíamos tentado tocar nos grandes locais de shows americanos algumas vezes nos anos 80 – o Cotton Bowl, o Astrodome – mas nunca nos sentimos à vontade. Tem uma coisa no show de arena, quando as luzes iluminam o público: você vê cada rosto, cada pequeno círculo de ‘personalidade’, e quando nós perdemos este elemento que se configura em contato, mesmo que tênue, nós nos sentimos alienados às pessoas para as quais estamos tocando. Entretanto, quando você está em um palco num estádio de futebol transbordando na América do Sul, você pode esquecer todas estas amenidades. Nós víamos uma grande massa de humanidade se levantando, acenando, cantando, dançando e suando, e demos a eles o nosso melhor, como sempre. Para o show final, no Rio de Janeiro, parecia que havíamos acumulado uma carga extra de adrenalina, sabendo que aquele era o último, e que estava sendo gravado e filmado. Durante toda turnê houve conversas sobre filmar o show Vapor Trails, pela primeira vez desde A Show of Hands, em 1988, mas os preparativos pareciam indefinidos, e finalmente a idéia foi deixada de lado até a última oportunidade possível. Certamente era um grande risco, e com certeza, após uma série de obstáculos técnicos que nossa equipe quase não superou, nosso engenheiro de gravação, Jimbo, roendo as unhas dentro do caminhão/estúdio móvel de gravação, e o prévio desgaste do show chuvoso em São Paulo, parecia que iria dar certo.

expressão eloqüente que parava o tempo por um instante e que significava tanta sintonia, tanto alívio, e até alegria. Nossos corações estavam em nossos sorrisos. Nós tocamos muito bem, fato não comum para uma primeira noite, e a produção também foi muito bem. Esta era nossa recompensa por semanas de ensaios num galpão em Toronto, e mais semanas numa pequena arena no interior de Nova York. Também era nossa recompensa por simplesmente continuar. Músicas no setlist como “One Little Victory” e “Bravado” tinham um significado renovado para nós naquela noite. Mesmo durante os ensaios percebi que nós três gradualmente havíamos começado a transcender nossas partes individuais, nos tornando tanto submergidos quanto elevados em uma entidade separada, a sinergia de uma banda na estrada. Após este primeiro show, eu disse ao nosso empresário, Ray: “Eu tenho que admitir, seria uma vergonha se isto nunca tivesse acontecido de novo.” O setlist mudou um pouco durante a turnê, à medida que alternamos alguns pares de músicas as quais não pudemos escolher umas das outras, ou à medida que tentamos tocar coisas diferentes se havíamos retornado à determinada região, e tivemos uma surpresa logo antes nossa ida à Cidade do México. Aparentemente nossa música mais popular ali era “Closer to the Heart,” e nós ainda não a havíamos tocado naquela turnê (o descanso periódico que algumas canções antigas requerem). Nós três falamos a respeito, e decidimos que não queríamos desapontar o público por não tocarmos nossa música mais conhecida para eles, e concordamos que poderíamos reaprendê-la muito rapidamente. Depois de tocá-la algumas vezes nas passagens de som antes de chegarmos à Cidade do México, nós a colocamos no setlist do show daquela noite. Apenas para percebermos que o mesmo acontecia no Brasil: aparentemente “Closer to the Heart” era nossa música mais popular ali também (apesar

de também ficarmos sabendo que “Tom Sawyer” foi usada pela TV brasileira como tema de “McGyver” – NT: ‘Profissão: Perigo’). (Isso mesmo que dissemos: “O quê?”) Então, colocamos “Closer to the Heart” novamente no setlist para os shows do Brasil, e ela teve uma resposta muito viva e vocal do público. De alguma maneira o show, e a turnê inteira, parecia ter alcançado um clímax natural no Rio de Janeiro. Assistindo a filmagem daquela noite, acompanhada pela excelente gravação que Jimbo Barton fez em condições tão difíceis e primitivas (incluindo algumas horas de doloroso “resgate” de alguma perda de qualidade técnica ocasional), parece ser realmente o final triunfante que queríamos. Assistindo aquele show agora por tantos ângulos diferentes daquele por trás da bateria, e com o luxo de não ter que estar trabalhando nele, fica claro que o público tinha uma sinergia própria, uma energia unificada, intensa e pulsante, uma força da natureza, animando aquele estádio de futebol com eletricidade e vitalidade. Na noite daquele show haviam 40.000 estrelas. Nós três também fizemos um bom show (e eu certamente não digo isto sempre), e nós fomos elevados e inspirados por aquele público incrível, que nos devolveu tanta excitação, energia, e volume. Basta ouví-los cantando notapor-nota “YYZ” – um instrumental – e você percebe que aquele não é um público qualquer. Extraordinários eles foram, e nós dedicamos esta performance, naquele momento e agora, a eles. De volta ao hotel, nos reunimos no bar com nossas esposas e colegas e pedimos muitas rodadas da poderosa bebida nacional, a caipirinha... Nós estávamos exaustos e acabados, e apenas começando a sentir o alívio de sabermos que havia terminado – o show longo e difícil, e a turnê longa e difícil. Assim que as pessoas envolvidas na gravação e filmagem chegavam, parecia seguro acreditar que pelo menos um dos 66 shows da turnê Vapor Trails não se desvaneceria no espaço, como um jato efêmero de ecos e memórias. Nossa equipe corajosa prevaleceu sobre todos os obstáculos de tempo, tecnologia e meteorologia, e aquele último show ficou como um souvenir animado para aqueles que estiveram lá, e para aqueles que não estiveram. Nós pedimos outra rodada de caipirinhas e brindamos a todos eles e a cada um de nós mesmos, nos sentindo melhor a cada minuto.

Dia 16 de novembro no Teatro Guaíra. Ingressos a R$40 (platéia), R$35 (1º balcão) e R$25 (2º balcão) + 1 Kg de alimento ou para estudantes ou maiores de 60 anos. Informações 304-7982.

Dia 14 de novembro no Teatro Guaíra. Ingressos a R$60 (platéia), R$50 (1º balcão) e R$40 (2º balcão) + 1 Kg de alimento ou para estudantes ou maiores de 60 anos. Informações 304-7982. Dia 19 de novembro no Moinho São Roque.Informações 333-3964.

Dia 26 de novembro no Moinho São Roque. Abertura com Masterplan. Ingressos antecipados a R$30 (na hora outro preço), à venda nas lojas Classic Laser, Rock The Nation e Túnel do Rock. Informações 333-3964.


Formada em Birmingham, Inglaterra, em 1968, a banda Black Sabbath foi a pioneira em lançar as fundações do heavy metal que assaltou a música popular nos anos 70 e 80. A maneira violenta de tocar, as letras sanguinárias, machistas e místicas tornaram-se o modelo para inúmeros grupos que se seguiram. Seu álbum homônimo de 1970 continua sendo um dos mais inovativos e influentes da história do rock. O quarteto composto por Ozzy Osbourne (vocalista), Tony Iommi (guitarrista), Geezer Butler (baixista) e Bill Ward (baterista), inicialmente se chamou Polka Tulk e mais tarde Earth. Tomaram de assalto o circuito de pubs e clubes de sua cidade natal, com muita energia, blues e rock. Companheiros de escola e vizinhos em Birmingham, o grupo ganhou muitos seguidores na Inglaterra e em 1968 mudaram seu nome para Black Sabbath. O novo nome espelhava a imagem escura, pesada e mística da banda, seu gosto por temas sobrenaturais. Em 1969 entraram em estúdio para gravar o seu primeiro disco. O álbum “Black Sabbath” chegou ao Top Ten das paradas britânicas, onde permaneceu por três meses e rendeu à banda um grupo de fãs fervorosos em ambos os lados do atlântico.

O grande salto para a banda ocorreu com a gravação de “Paranoid”, um álbum pioneiro do heavy metal. Contando com os riffs cortantes da guitarra de Iommi, o vocal sinistro de Ozzy e o rítmo de Butler e Ward, “Paranoid” alcançou o número um nas paradas inglesas e chegou ao número oito na américa, onde permaneceu por mais de um ano, virando disco de platina. A faixa título, um verdadeiro mergulho na loucura, foi o maior hit. A banda fez sua primeira turnê americana no outono deste ano.

“Master of Reality”, o terceiro álbum do Black Sabbath, foi lançado em agosto de 1971. Entre as oito músicas estavam algumas que se tornaram marcas registradas da banda, como “Children of the Grave” e “Sweet Leaf”. O Black Sabbath gravou o álbum chamado “Vol. 4” no início de 1972 no Record Plant, em Los Angeles. Somando-se a poderosas músicas como “Supernaut” e “Under The Sun”, o álbum revelava um lado completamente novo para a banda, com músicas melódicas, cuidadosamente escritas e tocadas, como “Cornucopia” e a instigante “Laguna Sunrise”, uma composição instrumental que se tornaria uma das marcas registradas da banda. Considerado um dos clássicos do hard rock, o álbum de 1973, “Sabbath Bloody Sabbath”, ganhou aclamação da crítica. Músicas como “Killing Yourself to Live”, “Looking For Today” e a faixa título aliavam o som poderoso do grupo a letras mais amplas e multi-facetadas. Produzido, escrito e gravado pela banda, “Sabbath Bloody Sabbath” foi um ponto alto na sua longa carreira.

Quando “Sabotage”, sexto disco do Black Sabbath, foi lançado em 1975, não apenas estava comprovada a competência da banda, mas também era óbvia a melhoria dos arranjos, produção e lirismo. “Sabotage” é o Sabbath ainda no topo da carreira. “We Sold Our Soul For Rock and Roll” foi uma demolidora coletânea, composta de quatorze músicas, todas clássicos do hard rock e heavy metal. Trata-se de uma excelente amostra da carreira da banda, desde o primeiro álbum até “Sabotage”. “Technical Ecstasy” trata-se de um dos mais inventivos e originais álbuns de estúdio do Black Sabbath. Traz músicas típicas da banda, como “Back Street Kids”, “Gypsy”, “Rock ‘N’ Roll Doctor” e a principal do LP, “Dirty Women”.

“Breakout”, “Shock Wave” e a faixa título, todas tocadas no repertório da banda ao vivo. Em 1979 Ozzy Osbourne foi substituído por Ronnie James Dio, um americano que havia participado do grupo Elf e fazia parte da banda Raimbow de Ritchie Blackmore. Foi a primeira mudança de formação do grupo em mais de uma década. “Heaven and Hell” foi o primeiro álbum com o novo cantor. As músicas foram escritas pela banda com a participação de Dio. Lançado em 1981, segundo álbum com o vocalista Dio e o primeiro álbum com o novo baterista Vinnie Appice, “Mob Rules” apresenta músicas massacrantes como “Turn Up The Night”, “Sliping Away” e “The Mob Rule”. Em 1982 o Black Sabbath lançou um álbum ao vivo, “Live Evil”, contendo todos os grandes hits de todos os álbuns lançados. Logo após a gravação Ronnie James Dio e Vinnie Appice deixaram a banda. Houveram desentendimentos porque Dio “sabotou” a mixagem do álbum para destacar a sua voz no som da gravação. O álbum “Born Again”, de 1983, trazia como vocalista Ian Gillan, originalmente membro do Deep Purple. O baterista original do Sabbath, Bill Ward, voltara à banda. Alguns dos destaques deste álbum são

aclamado. Alguns dos hits foram “Time Machine”, “TV Crimes”, “Master of Insanity” e “Sins Of The Father”. “Time Machine” fez parte da trilha sonora do filme “Wayne’s World” (“Quanto Mais Idiota Melhor”). Em 1994 o Black Sabbath lançou seu décimo oitavo álbum, “Cross Purposes” que entre outros hits incluiu as músicas “I Witness”, “Cross of Thorns”, “The Hand That Rocks The Cradle”, “Immaculate Deception” e “Psychophobia”. A formação da banda consistia de Tony Martin (vocal), Geezer Butler, Tony Iommi e Bobb Rondinelli (bateria). Em 1995 o Black Sabbath lançou “Forbidden”, com o destaque para as músicas “The Illusion of Power”, “Get a Grip”, “Shaking Off The Chains” e “Sick and Tired”. A formação da banda consistia de Tony Martin, Neil Murray (baixo), Tony Iommi e Cozy Powell (bateria). Cozzy Powel deixou a banda no meio da turnê americana e foi substituído por Bobby Rondinelli. No ano de 1997 foi anunciada a tão esperada volta do Black Sabbath original, com Ozzy, Bill Ward, Tony Iommi e Geezer Butler. Logo após, seguiu-se o Ozz-fest com várias bandas além da banda de Ozzy e, fechando a noite, o Black Sabbath original. O resultado desta tour foi “Reunion”, um álbum ao vivo que traz clássicos absolutos juntamente com músicas que a muito não se escutavam num show da banda, como em “Dirty Woman” e “Sweet Leaf ”.

“Trashed”, “Digital Bitch” e “Zero The Hero”. Na turnê, Bev Bevan, da banda ELO, substituiu Ward. Depois da turnê Bev Bevan e Ian Gillan deixaram a banda. Bill Ward voltou e o Sabbath experimentou um novo vocalista, Dave Donato. Esta formação nunca gravou e Dave Donato foi demitido da banda após uma entrevista muito egocêntrica. Tentaram novamente manter a banda no ar com o vocalista Ron Keel. Finalmente, com a saída de Geezer Butler, o Sabbath acabou. Três anos depois, em 1986, Tony Iommi lançou o álbum “Seventh Star”, anunciado como “Black Sabbath featuring Tony Iommi”. Deveria tratar-se de um álbum solo de Iommi, mas a gravadora decidiu usar o nome do Black Sabbath. Glen Hughes, do Deep Purple, foi o vocalista. Durante a turnê americana Glen Hughes saiu, sendo substituído por Ray Gillen. Em 1987 o Black Sabbath lançou o seu décimo quarto álbum, “The Eternal Idol”, que teve grandes sucessos como “Shining”, “Hard Life to Love”, “Born to Lose” e “Lost Forever”. A formação da época era constituída de Tony Iommi, Tony Martin (vocais), Dave Spitz, Bob Daisley (baixo), Bev

Bevan (percussão) e Eric Singer (bateria, que mais tarde iria para o Kiss). Ray Gillen aparentemente gravou este álbum e saiu antes que ele fosse lançado. Tony Martin regravou os vocais. Em 1989, o Black Sabbath lançou “Headless Cross”, com destaques como “Devil and Daughter”, “When Death Calls”, “Black Moon” e a faixa título. A formação consistia de Tony Iommi, Tony Martin, Cozy Powell (bateria) e Laurance Cottle (baixo). Laurance Cottle mais tarde foi substituído por Neil Murray. Em 1990, vinte e dois anos após a formação, foi gravado “TYR”. Mantinha o estilo inaugurado em 1987 com “The Eternal Idol”. Alguns destaques deste álbum são “Anno Mundi”, “Jerusalem”, “The Sabbath Stones” e a balada “Feels Good to Me”. 1992 foi um momento histórico para o Black Sabbath. Foi o ano da reunião de Ronnie James Dio, Geezer Butler, Vinnie Appice e Tony Iommi. O álbum “Dehumanizer” foi aguardado e Black Sabbath

Sabotage

Seventh Star

Technical Ecstasy

The Eternal Idol

Headless Cross

Fonte: Snow Dog’s Tribute to Black Sabbath. Agradecimentos: Gabriel Accioffi, Danilo Morais e Matheus Nogueira.

Paranoid

We Sold Our Souls to Rock n`Roll

Never Say Die

Tyr

Em 1977 Ozzy deixou o Black Sabbath por problemas pessoais. Durante esse periodo, de outubro de 77 a janeiro de 78, Dave Walker do Fleetwood Mac, o substituiu. Com esta formação a banda tocou ao vivo apenas uma vez, para um programa de televisão, e gravou “Junior´s Eyes” com diferentes letras. Sendo o oitavo álbum de estúdio de uma carreira que se extende por mais de duas décadas, o lançamento de 1978, “Never Say Die”, traz algumas das mais memoráveis letras. “Never Say Die” captura toda a força da formação original. Foi o último álbum com Ozzy à frente do Sabbath. Inclui as músicas “Johnny Blade”,

Master of Reality

Heaven and Hell

Dehumanizer

Volume 4

Live Evil

Mob Rules

Cross Purposes

Sabbath Blood Sabbath

Forbidden

Born Again


Em 1966 o rock and roll já não era mais o mesmo da década de 50. As músicas descompromissadas, arranjos simples e letras bobas sobre amor, garotas e carros estavam dando lugar a algo mais elaborado. Os Beatles já haviam abandonado as baladinhas adolescente e compunham trilhas sonoras para viagens de ácido. No auge do verão do amor as letras políticas de Bob Dylan eram os lemas da campanha contra a guerra do Vietnã e faziam parecer irresponsável a música executada apenas com propósito de diversão. As letras românticas dos primeiros tempos começavam a dar lugar ao lema sexo, drogas e rock and roll. Neste cenário de mudanças rápidas começou a surgir o movimento chamado de rock progressivo (ou progressista), marcado por letras profundas, músicas relacionadas entre si, arranjos complexos, instrumentos exóticos e acima de tudo muito experimentalismo. O que mais caracterizava o rock progressivo era a tentativa de não se prender a nenhum estilo ou regra predeterminado. Há controvérsias sobre qual teria sido o marco inicial do movimento progressivo. Alguns afirmam terem sido os Beatles, com o disco Sgt Peppers, os primeiros a abordarem o rock como algo mais além de simples diversão. A maioria, porém, aponta o Pink Floyd, com seu álbum Piper at Gates Of Dawn como o precursor do movimento. O embrião do que viria a ser uma das mais influentes bandas da história foi o grupo Sigma 6, formado por Roger Waters, Rick Wright e Nick Mason, na época alunos da Faculdade de Arquitetura de Cambridge. Como é comum a toda banda iniciante, o estilo ainda não era definido, variando do rock ao folk, e as mudanças de formação eram constantes, assim como as mudanças no nome da banda (Abdabs e T-Sets). A grande virada da banda ocorreu quando se juntou a ela Roger “Syd” Barret, que havia estudado com Roger Waters na Cambridge High Scholl. Foi de Barrett a idéia do nome Pink Floyd Sound, mais tarde abreviado para Pink Floyd (tratava-se do nome de um disco da dupla de blues Pink Anderson e Floyd Council, influências de Syd). Syd Barrett era muito mais do que apenas músico. Movido por inspiração e LSD Syd era compositor, poeta, pintor e artista performático. Planejados e comandados por ele os shows do Pink Floyd eram muito mais do que apenas espetáculos sonoros. Usando truques simples de luz e projeção de slides o Pink Floyd tentava reproduzir em palco os efeitos de viagens de ácido e segundo muitos conseguia. Os shows iniciais dirigidos a um público underground composto de poetas e ativistas políticos rapidamente chamou a atenção da indústria musical. O Pink Floyd ajudava a inaugurar o rock experimental e cunhava o termo psicodelismo para definir o seu estilo de música. O grupo é logo contratado por uma pequena gravadora, a Thompson Records, e grava um single com as músicas Lucy Leaves e I’m a King Bee, que teve uma excelente aceitação. Os apreciadores do Floyd não eram mais apenas fãs de sua música e passavam aos poucos a ser como que seguidores de uma doutrina, seguindo a banda aonde quer que ela fosse. A EMI, que havia a poucos meses classificado o trabalho da banda de “experimental demais”, rapidamente os contratou. A banda começou no estúdio Abbey Road a gravação de seu primeiro álbum. Curiosamente, no mesmo estúdio e na mesma época os Beatles gravavam o disco Sgt Peppers. Nos corredores do estúdio foram compartilhadas drogas e opiniões musicais. Os discos resultantes, Sgt Peppers, dos Beatles, e The Pipers At Gates of Dawn, disputam entre si o título de marco da estréia do rock como obra de arte. O sucesso do disco de estréia é atribuido principalmente à mente genial de Syd Barret, responsável pelos arranjos de estrutura indefinida, cheio de nuances e completamente imprevisíveis. A linha que limitava a genialidade e a loucura de Syd Barrett porém se tornava mais tênue a cada momento. Problemas mentais provenientes de uma infância conturbada se agravaram em virtude do uso excessivo de alucinógenos e Syd Barrett começou a apresentar um comportamento algumas vezes esquizofrênico e algumas vezes alienado. A situação se agravou até o ponto em que Syd Barret não conseguia mais tocar ou compor e se limitava no palco a tocar um único acorde e olhar para um ponto perdido no espaço. Foi convidado para preencher o espaço na banda o vocalista e guitarrista David Gilmour, antigo companheiro de escola de Roger Waters e Syd Barret. Com Syd Barrett ainda oficialmente na banda embora não mais participasse dela ativamente, foi lançado o álbum Saucerful of Secrets. Ao contrário do que se podia esperar, apesar de não contar com a participação integral de seu criador e principal articulador, o Pink Floyd se sai muito bem. Aos poucos Syd Barrett é deixado de lado até ser definitivamente desligado da banda. Esquecido, Syd levou desde então uma vida comum, morando com a mãe e se dedicando a hobies como pintura e jardinagem. O prestígio da banda cresce nos anos seguintes com os discos Ummagumma, Atom Heart Mother e Meddle, além das trilhas sonoras para dois filmes, More e Obscured By Clouds. O comando da banda havia sido assumido aos poucos com maestria por David Gilmour, que dividia com Roger Waters a responsabilidade de compor as músicas da banda. Em 1973 a banda grava Dark Side Of The Moon, um dos álbuns mais bem sucedidos da história, que viria a permanecer mais de 20 anos entre os mais vendidos. Com este disco o Pink Floyd prova definitivamente que não dependia apenas do gênio de Syd Barrett e supera em todos os aspectos a obra prima que foi o primeiro disco. A EMI chegou a construir fábricas para fabricar exclusivamente este disco, que marca uma fase de trabalho conjunto e harmonia entre os membros da banda. Segue-se Wish You Were Here, um trabalho conceitual e um verdadeiro tributo a Syd Barret. O tema da ausência é o pretexto para indiretamente homenagear e analisar o gênio louco. Curiosamente durante as gravações deste disco Syd Barret compareceu ao estúdio, gordo, sujo e careca, com uma imagem tão degenerada que custou a ser reconhecido pelos companheiros. Animals, de 1977, inaugura a fase de protesto político-social da banda e também marca o início de um predomínio de Roger Waters sobre os outros músicos. O disco é baseado na peça teatral “A Revolução dos Bichos” de George Orwell e retrata as contradições e injustiças da sociedade capitalista. Durante as gravações de The Wall surgem os primeiros atritos entre os membros, com Roger Waters tomando para si o controle da banda. The Wall era um tratado sobre a solidão e sobre o poder esmagador do sucesso, mas era antes de tudo uma auto-biografia do que Roger Waters se supunha ser. A obra, logo tachada de ópera-rock, seria lançada também em forma de filme. Com o álbum The Final Cut agravam-se os problemas de relacionamento entre os membros, com Roger Waters tendo despedido Rick Wright e relegado os outros componentes da banda a pouco mais do que músicos de estúdio. Waters compôs o conceito e praticamente a totalidade das músicas, além de ter sido o responsável por todos os vocais. O álbum na realidade deveria ser um trabalho solo, mas a gravadora achou que seria mais lucrativo lança-lo como trabalho da banda. Brigas entre os componentes restantes levaram Roger Waters em 1986 a anunciar o fim do Pink Floyd. Seguiu-se uma longa batalha judicial entre os advogados de Roger Waters e David Gilmour. A justiça decidiu que o nome da banda não pertencia a Roger Waters. Rick Wright foi trazido de volta e em 1987 foi lançado A Momentary Lapse Of Reason. Segue-se o segundo disco ao vivo da banda, Delicate Sound Of Thunder (lembrando que um dos discos Ummagumma era ao vivo) Em 1994, num clima de volta triunfal, após alguns anos sem gravar e sem se apresentar ao vivo, a banda volta com The Division Bell, disco que teve excelente aceitação por parte da crítica e do público. Pouco mais tarde, em 1995 é lançado Pulse, outra gravação ao vivo. Is There Anybody Out There, é lançado no final de 1999, e se trata de mais um disco ao vivo da turnê do The Wall, gravado entre 1980/1981.

1967 | The Piper at Gates of Down

1968 | A Saucerful of Secrets

1969 | More

1969 | Ummagumma

1970 | Atom Heart Mother

1971 | Meddle

1972 | Obscured By Clouds

1973 | The Dark Side of the Moon

1974 | Wish You Were Here

1977 | Animals

1979 | The Wall

1981 | Colection of Great Dance Songs

1982 | The Final Cut

1987 | A Momentary Lapse of Reason

1988 | The Delicate Sound of Thunder

1994 | The Division Bell

1995 | Pulse

1999 | Is There Anybody out There?

2002 | Echoes: The Best of Pink Floyd


elcome back, my friends, to the show that never ends! Com essa chamada entrava no palco o trio mais sinfônico da história do rock. Sua história começa no fim dos anos 60, quando Keith Emerson, tecladista do quarteto The Nice, percebeu as imensas possibilidades de um power trio baseado em teclados após o guitarrista David O’List abandonar a banda. Ao desfazer o grupo, Keith procurou manter a mesma formação, convocando Greg Lake, baixista e vocalista do King Crimson – que conhecera numa jam session no Filmore West em San Francisco - e Carl Palmer, que havia tocado com o Atomic Rooster e o bizarro The Crazy World of Arthur Brown. A estréia do grupo deu-se no festival da ilha de Wright, onde eles detonaram a peça clássica de Mussorgsky “Quadros Em Uma Exposição”.

1971 | Emerson, Lake and Palmer

1971 | Tarkus

1972 | Pictures at an Exhibition

1972 | Trilogy

1973 | Brain Salad Surgery

1974 | Welcome my friends, to the show

1977 | Works vol. I

1977 | Works vol. II

1978 | Love Beach

1992 | Black Moon

1993 | Live at the Royal Albert Hall

1996 | Works Live

1998 | Then And Now

s exibições do ELP sempre foram apoteóticas, com Emerson enfiando um sabre em seu órgão Hammond ou girando no ar tocando piano, gongos, com tiros de canhão e pratos em chamas. Criticados duramente ao longo de toda a sua carreira, sempre tiveram sucesso junto ao público e foram os responsáveis por apresentar obras eruditas aos fãs de rock. Apesar de muitos de seus discos (“Tarkus”, “Brain Salad Surgery”) serem considerados antológicos, o ELP nunca foi um grupo regular: mesmo seus fãs incondicionais renegam álbuns como “Love Beach” ou “Works Vol.2”.

m 1980, Carl Palmer desligou-se da banda, sendo substituído por Cozy Powell, que assim manteve a famosa sigla ELP. Palmer finalmente voltou, mas Lake saiu, dando lugar a Robert Berry, com quem Palmer vinha fazendo um trabalho pouco tempo antes. eunidos novamente nos anos 90, o Emerson Lake & Palmer esteve duas vezes no Brasil, tendo oportunidade de mostrar aos fãs daqui que enquanto tiverem pique “the show never ends”!

2001 | Fanfare for the Common Man


Sem dúvida, uma das mais bem-sucedidas bandas de rock progressivo dos anos 70, o grupo britânico Yes, ao contrário de outros com as quais são frequentemente comparados (King Crimson, ELP, Genesis) mantém até os dias de hoje o mesmo som “cósmico”, virtuoso, com belos vocais, arranjos extremamente complexos com influência de música clássica e grandes desempenhos individuais, mesmo com as constantes mudanças de formação. A marca registrada do Yes reside principalmente no talento e criatividade do baixista Chris Squire (que inspirou outros da época, como John Deacon do Queen), ex-membro da banda Syn. Ele se juntou em 1968 ao vocalista Jon Anderson (ex-Warriors e ex-Gun), que, assim como Squire, gostava do estilo de vocais em harmonia e instrumentação forte. Começaram então a fazer um som que usava essas harmonias em conjunto com uma base sólida de rock, devido ao estilo preciso de Squire no baixo. Juntaram-se ao tecladista Tony Kaye, ao guitarrista Peter Banks e ao baterista Bill Bruford (considerado por muitos como o melhor baterista de rock progressivo do planeta), e o nome Yes foi escolhido. O primeiro álbum, auto-intitulado, foi lançado em 1969 bem dentro do estilo psicodélico da época, já mostrando alguns elementos criativos que viriam a se consolidar (influências folk e clássicas, produção despojada, vocais altos e inpecáveis, toques de “space rock” no qual o Pink Floyd era especialista). Seguiu-se Time and a Word de 1970, mais sofisticado e mais característico, com presença de orquestra. The Yes Álbum de 1971 apresenta o guitarrista Steve Howe, virtuosíssimo no violão clássico, que ajudou a fazer desse um álbum muito mais complexo, com maior peso na guitarra e no baixo, e grandes passagens de bateria. O Yes começava a atrair atenções, e a aparecer nas paradas do Reino Unido, chegando a fazer sua primeira turnê pelos EUA (abrindo para o Jethro Tull). Depois de Peter Banks, foi a vez de Tony Kaye sair, e seu substituto foi a figuraça Rick Wakeman, excelente tecladista de marcante presença de palco que usava uma parafernália de equipamento (usava nos shows dois ou mais pianos, vários sintetizadores, Mellotron, órgão, harpsichord elétrico). Essa formação, Anderson, Bruford, Howe, Squire e Wakeman é considerada a melhor, embora tenha durado cerca de um ano (71-72 a 72-73), que lançou os 2 melhores álbuns do Yes - Fragile e Close to the Edge. Fragile é da transição do psicodélico para o progressivo, e tem grandes clássicos, como “Roundabout” e “Heart of the Sunrise”, além do fato de que das 9 faixas, 5 são desempenhos individuais de cada um dos membros! A mais marcante delas é “The Fish” de Chris Squire, onde todos os riffs, seção rítmica e sons de fundo são de diferentes distorções do baixo. Close to the Edge é marcadamente progressivo, com 3 longas faixas e um Rick Wakeman tocando soberbamente. A turnê de 1973 é registrada no triplo vinil Yessongs, já com o novo baterista, Alan White. Depois de Tales from Topographic Oceans (de 1974, um álbum duplo com 4 músicas - 1 por lado do vinil) foi a vez de Rick Wakeman sair, dando lugar a Patrick Moraz. Relayer (1975) é gravado, com um som pendendo para o jazz. Wakeman voltou em Going for the One (1977) e Tormato (1978). Drama (1980) é o único disco do Yes sem Jon Anderson nos vocais, já que ele e Wakeman saíram, e foram substituídos por Geoff Downes (tecladista) e Trevor Horn (vocal e guitarra), ambos ex-Buggles (“Video killed the radio star”). O resultado final foi fraquíssimo, e a banda se dissolveu. No entanto, o Yes voltou triunfalmente em 1983, com seu álbum 90125 e seu grande hit “Owner of a Lonely Heart”, com Jon Anderson e Tony Kaye de volta, e o guitarrista sul-africano Trevor Rabin. O Yes revivido lançou álbuns relativamente bem sucedidos nos anos 80 e 90 (sempre com mudanças na formação): Big Generator (1987), ABWH (1989), Union (1991), Talk (1994), mas nenhum desses chega perto do som genial dos anos 70. E, surpresa das surpresas, em 96 o velho Yes está de volta! Rick Wakeman e Steve Howe estão no lugar de onde não deveriam ter saído, e o álbum Keys to Ascension é um excelente CD duplo ao vivo, com os velhos clássicos do Yes. No ano seguinte temos o Keys to Ascension II, trazendo mais clássicos ao vivo da banda. Em novembro do mesmo ano sai o “Open Your Eyes”, trazendo um Yes tentando recriar um pouco da atmosfera da época do “Big Generator”, e contando com Jon Anderson nos vocais, Steve Howe nas guitarras em geral, Chris Squire no baixo e Alan White na bateria, juntamente com Steve Porcaro, Igor Khoroshev e Billy Sherwood nos teclados - este último atuando também na guitarra e nos vocais. Em setembro de 1999 a banda lançou mais um álbum, “The Ladder”, que conta com a mesma formação do trabalho anterior. Saíram em turnê mundial - inclusive passaram aqui no Brasil - onde os fãs puderam comprovar que os “velhinhos” continuam em plena forma. Em 2001 lançaram o disco “Magnification”, sem o tecladista Rick Wakeman, substituído por uma orquestra inteira.

1969 | Yes

1970 | Time and a Word

1971 | The Yes Album

1972 | Fragile

1972 | Close to the Edge

1974 | Tales from Topographic Oceans

1974 | Relayer

1977 | Going for the One

1978 | Tormato

1980 | Drama

1983 | 90125

1987 | Big Generator

1991 | Union

1994 | Talk

1996 | Keys to Ascension

1997 | Keys to Ascension 2

1997 | Open your Eyes

1999 | The Ladder

2001| Magnification


© 2003 Adriano Almeida Gonçalves © 2011 Catenzaro Design Studio


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