Hip Hop na Medida

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PROJETO HIP HOP NA MEDIDA OFICINA DE QUADRINHOS O projeto foi composto de oficinas de RAP, DJ e Quadrinhos. A proposta da oficina de quadrinhos foi discutir a Maioridade Penal, levando uma reflexão sobre a oportunidade que os jovens que cumprem Medidas Sócio-Educativas, têm em relação à quem cumpre pena no sistema carcerário. Durante as aulas os alunos tiveram contato com material de desenho e muitas ilustrações foram produzidas espontaneamente sobre orientação do arte-educador Alexandre De Maio. No decorrer das aulas foi escolhida uma história que representasse a mudança de vida. Baseado no depoimento real foi construído uma história em quadrinhos onde além dos textos, os jovens participaram sendo fotografados e usados como referência para os desenhos. A história que você acompanha agora acontece todo dia principalmente nas periferias, e mostra como outra vida é possível.


Outra Vida é possível Arte por Alexandre De Maio - Revisão Cezar Sotaque BASEADO EM FATOS REAIS










Considerações sobre os desenhos produzidos durante as oficinas Texto da Pscicóloga Rubria Bandeira Reis C.R.P. 06/92233.

A MAIORIA DOS DESENHOS SÃO REFERENTES A FIGURA HUMANA No desenho, a vestimenta representa a necessidade de proteção e socialização. No caso destes desenhos as roupas também representam o desejo em relação à aquisição de bens materiais. Roupas de marcas - uma forma de expressar o desejo em sentir-se pertencente ao grupo social (desejo de afirmação social afirmação econômica): Status. Em alguns desenhos isso aparece nitidamente em símbolos de cifrão ($): a importância e a necessidade que o dinheiro tem em suas vidas. Muitos desenhos aparecem com riquezas de detalhes no que diz respeito às roupas e acessórios: roupas de marca, tênis modernos, relógios, bonés, correntes..., mais uma vez reforça-se a idéia de que para muitos jovens a valorização de si está ligada ao consumo. Não podemos esquecer que estes desenhos expressam também a realidade vivenciada por eles, na qual, o jovem da comunidade passa a ser valorizado pela imagem que apresenta. Esta imagem significa a roupa que veste, o celular do “momento”, o carro, a moto, entre outros.


Tudo isso ocorre devido a baixa autoestima apresentada pela maioria desta população. “Só sou alguém, só existo, se consumo”. “Sou valorizado pelo que visto, pela minha imagem exterior, não pelo que sou”. Significando a busca de reconhecimento e valorização.

A presença do cigarro em vários desenhos - além de representar a realidade, já que faz parte do cotidiano destes jovens o uso do tabaco e principalmente da maconha, também pode representar a expressão da “virilidade masculina”. Expressão erótica, indicando sedução e afirmação sexual.

No desenho, as mãos indicam a maneira que se dão as relações sociais e a produtividade. A maioria dos desenhos não possui a presença das mãos, indicando falta de confiança nos contatos sociais, na produtividade. Outros desenhos mostram as mãos nos bolsos indicando sentimentos de menos valia, falta de auto-estima e auto critica. Pode indicar tendência à delinqüência e ao furto. No desenho os olhos representam a percepção. Percepção do mundo, das pessoas, do meio social. Uso de óculos – ambição, dissimulação da dificuldade em enfrentar o mundo. Olhos vazados (sem pupila) - recusa em enfrentar a realidade. Pode apresentar aspectos de agressividade. Olhos fechados - podem indicar imaturidade para enfrentar problemas. “A pessoa não quer enfrentar o problema e fecha os olhos para o mesmo.” Olhos destacados - Pode representar um conflito, agressividade.

O desenho da cabeça está relacionado com a representação do EU, o AUTOCONCEITO. A cabeça é considerada como o centro do poder intelectual, social e do controle dos impulsos. Desenho com cabeça cortada - além do teor agressivo, podemos entender também como uma manifestação na qual se elimina a razão e se vive pelos impulsos e pelas necessidades mais primitivas. Rosto sem boca, nariz e olhos – pode indicar ausência de relação com o meio. Fuga. Imaturidade em se comunicar com o mundo e com as pessoas.

A maioria dos desenhos apresenta um grau elevado de agressividade. Tanto nos desenhos em si, nas expressões faciais que são representadas nas figuras, quanto em algumas frases: figuras com rostos demoníacos, palhaços com expressões assustadoras, coração esfaqueado, frases violentas, entre outros... Na realidade esta agressividade está ligada ao meio social em que estão estes jovens estão inseridos, no qual, a violência é bastante freqüente, funcionando quase que como um meio de sobrevivência: “Preciso ser “mal” para sobreviver nesta minha realidade”.

BIBLIOGRAFIA: O Teste do Desenho como Instrumento de Diagnóstico da Personalidade Campos, Dinah Martins de Souza – Editora Vozes – Petrópolis


Desenhos produzidos durante as oficinas.



Desenhos produzidos durante as oficinas.




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