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MAC - USP MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO



Livro apresentado para a Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial para conclusão da disciplina de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo V, desenvolvido pelos discentes Cauê Pilenghi Correa Sekiguchi, Denize Ferrante, Fernanda Carvalho Ramos, Mônica do Nascimento Faria e Nilton Candido Navarro Junior. Professor orientador: Marcos José Carrilho


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INTRODRUÇÃO

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O ARQUITETO

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O ESCRITÓRIO

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PROJETO

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HISTÓRIA

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PROGRAMA

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ESTRUTURA

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SITUAÇÃO

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ANÁLISES INDIVIDUAIS

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REFERÊNCIAS


ÍNDICE


INTRODRUÇÃO “Museus detêm um patrimônio cultural que, pela multiplicidade de fruições e leituras que permitem, constituem extraordinária ferramenta para a compreensão e documentação do ambiente e cultura do território onde se estabelecem. Para que os benefícios derivados do estudo e uso de acervos encontrem ressonância, devem ser compartilhados com a sociedade.” (BRANDÃO, Carlos Roberto Ferreira, 2016).

Em seus primeiros anos, o Museu de Arte Contemporânea - USP tratou de preservar, estudar e exibir o acervo, ao mesmo tempo em que se tornava um dos principais centros no hemisfério sul a colecionar, estudar e exibir trabalhos ligados às várias vertentes da arte conceitual, às novas tecnologias e obras que problematizam a tradição moderna. Ciente de seu papel como pólo formador de novos profissionais nas áreas de teoria, história e crítica de arte, além daquelas conectadas aos universos da museologia e da museografia, o MAC USP passou a ser reconhecido como um importante centro em todas essas áreas, assim como naquelas ligadas à educação pela arte. Não obstante, sua arquitetura traz componentes de suma relevância para o meio, sendo um marco na cidade. Neste livro será abordada essa emblemática obra do arquiteto Oscar Niemeyer, onde buscamos reunir diversos relatados referentes ao MAC USP, sendo o tema principal a sua arquitetura, um marco da Arquitetura Moderna Brasileira dos anos 50. O assunto se desenvolverá contando a sua história, a sua inserção na cidade, os seus aspectos arquitetônicos e também um breve relato sobre os arquitetos responsáveis por sua materialização.

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O MOVIMENTO MODERNO

Iniciado na Europa, o modernismo foi um movimento que envolvia as áreas artísticas e culturais. Os principais ideais modernistas tiveram sua chegada ao Brasil a partir da primeira década do século XX, introduzida através de manifestos como a Semana da Arte Moderna realizada em 1922 em São Paulo. O Modernismo foi o reflexo da efervescência cultural da época: durante o período o país passou pela industrialização e por um período de grande ufanismo, levando-o à busca pela arte, incluindo a arquitetura nacional. O movimento gerou uma nova fase estética que acabou integrando tendências que já vinham aparecendo, fixadas na valorização da realidade do país, sugerindo um descarte das tradições que até então vinham sendo seguidas tanto na literatura como nas artes. O Movimento Moderno não se limitou apenas na arquitetura e na arte moderna, pois envolve aspectos ligados a áreas sociais, tecnológicas, econômicas e artísticas. Devido aos problemas gerados pelas mudanças sociais e econômicas durante a Revolução Industrial, o modernismo arquitetônico nasce na Europa para encontrar soluções geradas por tamanhas transformações. No Brasil ele surge sem a necessidade de solucionar problemas sociais, pois as obras modernistas surgem quando ainda se iniciava o processo de industrialização. O campo da arquitetura teve influência de arquitetos estrangeiros, adeptos do movimento. O russo Gregori Warchavchik projetou a “Casa Modernista” (1929-1930), obra que foi marcada como a primeira casa em estilo Moderno em São Paulo, porém o estilo se tornou conhecido e aceito em solo brasileiro através de projetos de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.

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Os projetos modernistas eram marcados pelo racionalismo e funcionalismo, além de características como formas geométricas definidas, falta de ornamentação – a própria obra é considerada um ornamento na paisagem; separação entre estrutura e vedação, uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício, panos de vidro contínuos nas fachadas ao invés de janelas tradicionais; integração da arquitetura com o paisagismo, e com as outras artes plásticas através do emprego de painéis de azulejo decorados, murais e esculturas. Quando o movimento moderno se difundiu no Brasil, arquitetos recém graduados passaram a estudar obras de arquitetos estrangeiros como os alemães Mies Van der Rohe e Walter Gropius, porém foi arquiteto franco-suíço Le Corbusier que mais teve influência na formação do pensamento Modernista nos arquitetos brasileiros, suas idéias inovadoras tiveram uma vasta influência no movimento em território brasileiro, sendo fonte inspiradora para Lúcio Costa, Niemeyer e outros pioneiros da arquitetura Moderna brasileira.

Casa Modernista da Rua Santa Cruz / Gregori Warchavchik

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O ARQUITETO Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho (1907-2012) foi um dos ícones da Arquitetura Brasileira, considerado importantíssimo para o desenvolvimento da Arquitetura Moderna. Em 1929 ingressou na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, obtendo o diploma de engenheiro arquiteto 5 anos depois. Em 1935 inicia sua vida profissional no escritório de Lucio Costa, participando do seu primeiro projeto com sua equipe e um ano depois com autoria própria, Oscar tem seu primeiro projeto construído, a Obra do Berço sendo um marco importante para sua carreira. Entre os anos de 1940 e 1950, se torna um dos arquitetos mais renomados do país, projetando diversos edifícios de diferentes portes, tanto no Brasil quanto no exterior. Em 1942, Niemeyer tem a oportunidade junto ao engenheiro Joaquim Cardozo, de projetar diversos edifícios na região da Pampulha, um subúrbio planejado no norte de Belo Horizonte, onde passa a ter reconhecimento nacional e internacional, abrindo fronteiras para novas oportunidades de projetos no exterior, incluindo diversas residências e edifícios públicos com a colaboração de Le Corbusier em um deles. Em 1956 é convidado pelo presidente para projetar novos prédios para a futura capital do país, sendo eles o Congresso Nacional do Brasil, o Palácio da Alvorada, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e a Catedral de Brasília, obras de enorme significado atualmente. Devido à sua posição política e ideológica, Niemeyer deixa o país após o golpe militar de 1964 e abre um escritório na França. Em 1988 é premiado com o Ptrizker, se tornando um dos Arquitetos mais conhecidos do mundo. Antes de sua morte, deixou incríveis obras como Museu da Arte Contemporânea de Niterói, o Museu Oscar Niemeyer na Espanha e o Memorial Luiz Carlos Prestes, projeto que teve início em 2012 e foi finalizada recentemente em 2017, cinco anos após sua morte.

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“De um traço nasce a arquitetura. E quando ele é bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o nível superior de uma obra de arte.“ - Oscar Niemeyer

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O arquiteto foi o responsável pela concretização de inúmeras obras icônicas localizadas não só no Brasil, como em outros países, sendo considerado um dos maiores profissionais que desenvolveram o estilo arquitetônico moderno, deixando à todos um vasto legado artístico e cultural. Uma de suas obras mais importantes e conhecidas foi o conjunto do Parque Ibirapuera, local onde se situa o MAC – USP. O parque além de suas vastas áreas verdes, também oferece um completo programa cultural, histórico e arquitetônico, algo que foi possibilitado através das obras de Oscar, sendo elas o MAC, o Museu Afro Brasil, o Museu de Arte Moderna, o Auditório Ibirapuera, o Pavilhão da Bienal e o Pavilhão das Culturas Brasileiras. Não podemos deixar de destacar a marquise, também projetada pelo arquiteto, que faz a ligação entre os edifícios dentro do parque, onde com aproximadamente 620 metros de comprimento, serve também como abrigo, descanso e lazer aos visitantes do local. Todas as obras citadas deixam muito perceptível o estilo moderno que carregam, bem como a identidade de Niemeyer em seus traços - compostas na cor branca, com o uso do concreto armado, plantas livres, vidraças, entre outros elementos que caracterizam o estilo do arquiteto, assim como da época em que se situam.

“Veja o exemplo do Parque Ibirapuera, a importância da sabedoria, o tino de Niemeyer. Oscar é uma figura extraordinária, a quem nós deveríamos amparar historicamente. Quando foi chamado pelo Ciccillo Matarazzo para projetar o parque, não havia uma cartilha, não se aprendia na escola. Ele criou grandes edifícios propícios a exposições e unidos por uma marquise. Ao invés de a população se dispersar pelo parque, se concentraria naquele lugar. Oscar teve a clarividência de perceber que uma cidade como esta, o centro industrial da América Latina, só poderia ter um futuro brilhante”. (DA ROCHA, Paulo Mendes, 2006).

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O ESCRITÓRIO

BORELLI E MERIGO ARQUITETURA E URBANISMO No ano de 1978 dois amigos arquitetos, sendo eles Hercules Merigo e José Borelli uniram-se para criar o escritório Borelli & Merigo Arquitetura e Urbanismo. Por toda sua trajetória o escritório trabalhou nos diversos setores do ramo com projetos de diferentes escalas, elaborando e coordenando edifícios, escolas, indústrias, terminais e inclusive planejamento urbano de bairros. Além de atuarem no mercado brasileiro, o escritório tem trabalhos no Paraguai, Peru, El Salvador e Angola. Duas de suas obras mais relevantes foram a Praça Roosevelt e a reforma do antigo edifício do Detran, o projeto vencedor do prêmio melhor da Arquitetura de 2013 na categoria Retrofit e objeto de estudo do presente livro.

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JOSÉ BORELLI NETO Arquiteto e urbanista, mestre, doutorando e consultor. Atua em projetos de residências unifamiliares, edifícios residenciais e conjuntos habitacionais, bem como edifícios comerciais e administrativos, para fins educacionais, para fins da saúde, para fins sociais, recreativos e esportivos, industriais, transportes, além de projetos de urbanização e planos diretores. Atualmente, é Diretor da Borelli e Merigo Arquitetura & Urbanismo, junto com seu parceiro Hercules Merigo. Além disso, já atuou em escritórios de São Paulo e Ribeirão Preto. É Professor de Arquitetura e Urbanismo da FAU/USP e FAAP, tendo lecionado também na Universidade Presbiteriana Mackenzie e na UMC. Foi Vice-Presidente, Diretor-Técnico e Científico e Membro do Conselho Superior da FUPAM; é Conselheiro e Diretor do CREASP, e Coordenador Nacional das Câmaras Especializadas de Arquitetura do CONFEA. Participou como Diretor e Membro do Conselho Superior do IAB, e Diretor do SASP e do SINAENCO.

HERCULES MERIGO É formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo – FAUUSP em 1973, onde fez sua Pós-Graduação na Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo na área de Arquitetura. Atualmente é técnico da Borelli & Merigo Arquitetura e Urbanismo S/C Ltda. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Projeto de planejamento e Projetos de Edificação.

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PRA

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AÇA ROOSEVELT Em entrevista à revista LABVERDE, o escritório Borelii & Merigo Arquitetura e Urbanismo, responsável pelo projeto executivo e acompanhamento técnico da revitalização da praça Roosevelt contam um pouco sobre a antiga praça, onde era pouco aproveitada pelos cidadãos paulistanos pela sua localidade, como um lugar inseguro e de poucos atrativos além do grande desnível que prejudicava a acessibilidade do local. O escritório deu continuidade a um projeto já existente feito pelo Arquiteto Rubens Reis, onde propuseram algumas alterações e correções necessárias para um projeto deste porte de acordo com todas as leis e exigências da prefeitura de São Paulo. Além disso, afirmaram que não ficaram surpresos com a ocupação dos skatistas na praça, não achariam justo expulsa-los do local que já era frequentado por eles. Em meio a críticas de muitos por haver um pequeno número de áreas verdes, Borelli e Merigo defendem este ponto com o termo ‘’edifício-praça‘’, que na verdade é uma laje de cobertura de edifício composto pelo túnel viário de ligação Leste-Oeste além de dois subsolos de estacionamento, tornando impossível o plantio de árvores de grande porte. O seu programa de necessidades conta com floriculturas, espaços comerciais, um batalhão da guarda civil metropolitana e outro da polícia militar. Além disso conta com uma área para parque infantil, passeios para cachorro e uma área dedicada exclusivamente para os skatistas.

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O PROJETO Projetado como parte do conjunto do IV centenário da cidade, o edifício estabelece uma grande relação com o todo e demonstra evidentemente os princípios da Arquitetura Moderna. Sua volumetria a partir de um prisma puro, com suas duas fachadas envidraçadas e empenas cegas em suas laterais, composto de planta livre e lajes sustentadas pelo seu sistema estrutural independente, tornam-o um ícone arquitetônico de grande originalidade. A maneira de como seu mezanino foi projetado, onde se expande além do seu volume principal de maneira livre até a marquise de sua parte externa cria uma conexão visual direta com o bloco adjacente. Já sua base com um efeito bem expressivo e leve, sustentado por pilotis realizada por meio da transição de forma, os pilares em V com mais de 7 metros de altura – muito presentes em diversas obras de Oscar Niemeyer.

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Mantendo um térreo mais permeável com uma incrível plástica, além de uma enorme leveza e transparência, visando o dinamismo da redução dos pontos de apoio na parte mais baixa do conjunto. Esse meio de sustentação teve origem de algumas experiências de Le Corbusier (Pavilhão Suíço, Paris, 1930) assemelhando-se bastante à volumetria e plástica do projeto de Niemeyer. O edifício conta com nove pavimentos com diferentes programas, além de suas prumadas de circulação vertical em sua parte externa que serviram para atender às normas de segurança contra casos de incêndio. Para abrigar o atual MAC USP e importantes obras, foi necessário cumprir exigências obrigatórias para os ambientes de exposição, como a vedação integral das faces do edifício com o controle das condições de temperatura, umidade e iluminação, valorizando o local como um recurso expositivo para abrigar grandes obras e espaços de exposição. Já no último pavimento foi inaugurado um restaurante Novo Vista com todas as suas paredes envidraçadas circundando um salão principal. A decoração é composta com móveis de linhas básicas e madeira, deixando um ambiente totalmente leve e com um clima de ar livre em seu terraço. Como seu nome já diz, o espaço tem vista 360 contendo o parque do Ibirapuera, o Obelisco e do outro o instituto Biológico. Há quem diga que este é o edifício mais importantes do complexo do Ibirapuera, pois este tem a melhor vista possível do parque.

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HISTÓRIA

O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC – USP), instalado no edifício que é considerado uma das obras mais importantes do modernismo brasileiro, nasceu do restauro do antigo prédio que sediou o Palácio da Agricultura, assim como posteriormente foi a sede do DETRAN-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), ao longo de 50 anos. O projeto original de Oscar Niemeyer, a convite de Cicillo Matarazzo para a comemoração dos 400 anos da Cidade de São Paulo, com ajuda de sua equipe foi inaugurado em 1954. O conjunto é composto por 5 palácios e um auditório, sendo eles o Palácio da Agricultura, o Palácio das Exposições, o Palácio dos Estados, Palácio das Indústrias e o Palácio das Nações.

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Marcante na arquitetura moderna brasileira e principalmente no estado de São Paulo, o edifício que abriga atualmente o Museu de Arte Contemporânea não está inserido no perímetro do Parque Ibirapuera, entretanto é um componente fundamental do conjunto, sendo ligado ao terreno do mesmo por uma passarela para pedestres sobre a Avenida Vinte e Três de Maio. Em 2005 começaram as negociações e projetos para adequar o edifício ao programa do Museu. Em seu projeto original o pavimento térreo seria ocupado por um salão expositivo e o terraço do mezanino por um restaurante. O pavimento tipo era de planta versátil e ampla, podendo abrigar diferentes departamentos necessários para o funcionamento do Palácio da Agricultura. Após se tornar sede do DETRAN, em 1959, o edifício não obteve grandes mudanças devido à semelhança do programa de necessidades. Porém, em 2005 as modificações para recepção do Museu de Arte Contemporânea tiveram início novamente por Oscar Niemeyer e sua equipe. O arquiteto recebeu em seu escritório no Rio de Janeiro, o então governador de São Paulo José Serra junto do Secretário da Cultural com o convite e proposta para novas intervenções no edifício de sua autoria. Em uma matéria ao Folha de São Paulo, Oscar relatou que “o Serra pediu uma ideia, e (...) com novas medidas, seria possível transformar o prédio em museu de forma satisfatória. (...) Será um novo edifício”. Algumas de suas sugestões foram: reformular o sistema de circulação com rampas e um bloco externo com elevadores e escada; eliminar dois andares do edifício, restando sete dos nove pavimentos originais, sendo dois deles com pé direito duplo; e uma alteração na fachada do edifício. O projeto apresentado por Oscar, com suas propostas de reformas e adaptações, foi reprovado pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico) e pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), os quais alegaram que as intervenções descaracterizariam a arquitetura original do edifício e do conjunto arquitetônico do Ibirapuera. Assim, com a autorização do arquiteto, um novo projeto foi desenvolvido por Borelli e Merigo Arquitetura e Urbanismo, desta vez apenas um retrofit, com a adequação às normas do corpo de bombeiros.

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Toda a obra foi desenvolvida pela Companhia Paulista de Obras e Serviços e custou R$ 76 milhões à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, e foi concluída em 2012, com a inauguração do restaurante em sua cobertura e um ano antes da inauguração do museu. Hoje, instalado em um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos, o MAC–USP é reconhecido internacionalmente por seu acervo de cerca de 10 mil obras artísticas sendo uma referência para a arte moderna e contemporânea. O edifício foi tombado no ano de 2017 em três instancias: federal (IPHAN), estadual (CONDEPHAAT) e municipal (CONPRESP), sendo hoje um patrimônio para a cultura e para a arquitetura brasileira.

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PROGRAMA

Como citado anteriormente, o edifício do MAC – USP se desenvolve ao longo de oito pavimentos e conta também com um anexo, somando 36.039 m² de área construída. O pavimento térreo pode ser acessado por pedestres pela passarela que liga o edifício ao parque, como também diretamente pela Rua Dante Pazzanese, onde na mesma há o acesso para veículos com vagas limitadas. O foco do térreo são os pilotis, compostos pelo icônico pilar em ‘V’ de Oscar Niemeyer, que proporcionam uma área coberta bastante espaçosa para abrigo, convivência e acesso ao Museu de Arte Contemporânea.

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Dentro do bloco, encontramos a recepção do museu, acessos aos elevadores, áreas expositivas e um setor administrativo, que atualmente se encontra abaixo da laje curva do mezanino, fora do bloco principal. Na parte externa do projeto se localiza o anexo pré-existente que foi complementado por mais dois blocos em cada extremidade, funcionando como um depósito para o acervo do museu e também como um espaço técnico. No mezanino, acessado por uma escada no térreo ou pelos elevadores, estão instalados um café que permite que os visitantes desfrutem do terraço de laje curva e uma livraria com produtos voltados para o tema da arte. Neste pavimento também se encontram acessos para o anexo do Museu através de uma passarela. O primeiro pavimento é composto por um pequeno auditório e salas de ateliê voltadas para cursos, workshops e outras atividades promovidas pelo MAC. Do 2º ao 7º pavimento, as plantas são parecidas e todas são destinadas ao programa expositivo, podendo ocorrer diversas exposições ao mesmo tempo, em andares diferentes. O 8º e último andar, acessado pela torre externa de circulação vertical, oferece aos seus visitantes o restaurante ‘Vista’, que foi inaugurado em 02 de abril de 2018 e o ‘Bar Obelisco’ também inaugurado em Abril de 2018. Ambos são privilegiados com uma vista panorâmica para a cidade de São Paulo e para o verde do Parque Ibirapuera. Este terraço também pode ser acessado por todos os visitantes do museu, mesmo que eles não consumam no bar ou no restaurante.

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FICHA TÉCNICA

parceiros obra mac-usp

Construção: Simétrica Engenharia; Luminotécnica: Franco Associados Lighting Design; Engenharia Estrutural - Estrutura de Concreto: Eduardo Penteado Engenharia Gerenciamento/Coordenação: Borelli & Merigo Arquitetura Projeto de Climatização e Ar-condicionado: Teknika Projeto de Controle e Automação: Jugend Engenharia de Automação ss ltda Projeto de Fundação: GEObrAX Projeto de Iluminação: Estúdio Carlos Fortes Luz + Design Projeto de Instalações Elétricas: PHE Projeto de Instalações Hidráulicas: PHE Projeto de Paisagismo: Rodolfo Geiser Paisagismo e Meio Ambiente Projeto e/ou Consultoria de Acústica: Sofia Lori Kubo Projeto e/ou Consultoria em Impermeabilização: Proassp Assessoria e Projeto Apoio do Governo do Estado através da Secretaria da Cultura e da própria Universidade de São Paulo.

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RETROFIT

Com o projeto vencedor da categoria retrofit no prêmio O Melhor da Arquitetura de 2013, o escritório Borelli e Merigo teve a missão de transformar a sede do antigo Detran, projetado por Oscar Niemeyer em uma nova sede do MAC USP integrando-o com o complexo do parque do Ibirapuera, que é composto pelos edifícios da Bienal, a Oca, o auditório, Museus AfroBrasil e o Pavilhão das Culturas Brasileiras. A ideia do projeto era de eliminar as divisórias existentes de obras anteriores e revelar a sua configuração original, também criando novos espaços para o novo programa de necessidades feito pelo escritório, visando um projeto de automação que controla a umidade, luz e temperatura de todos os ambientes. O sistema estrutural é composto por barras de aço revestidas de concreto. No processo de restauro, não houve necessidade de reforçar a estrutura, apenas recuperar a já existente. Foi removida a camada de concreto, com a finalidade para liberar o acesso às armações. Todos os traços de ferrugem foram removidos, as barras limpas receberam uma película protetora e, depois, foi aplicada uma nova camada de concreto para recuperar as dimensões da peça estrutural. A laje de cobertura foi danificada por oxidação, porque o sistema de impermeabilização não funcionava. Também teve piso recuperado, divisórias internas removidas e teve dois anexos implantados (aterrados).

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ESTRUTURA

O projeto é concebido primordialmente através das técnicas empregadas ao uso do concreto, uma vez que este é responsável por quase todo o sistema estrutural. O volume principal do edifício é sustentado por duas fileiras compostas por onze pilares em “V” - muito presente em diversas obras de Niemeyer - de concreto, espaçados em cerca de 11 metros entre sí, somando um total de vinte e dois pilares no térreo. Cada pilar se ramifica nos andares superiores, transformandose em pares de colunas verticais, criando uma malha com vãos de aproximadamente 5,5 metros por onze metros. Tal solução foi dada de forma que os pilotis do térreo fossem reduzidos em relação à quantidade dos mesmos, dando maior permeabilidade para o caminhar. Anexos ao edifício, encontram-se três blocos de circulação vertical compostos por paredes estruturais de concreto. Além destes, uma área de apoio subsequente à uma pequena marquise, em que ambos se sustentam por pequenos pilares de concreto sob uma grande laje do mesmo material. Todo o conjunto é feito predominantemente através do uso do concreto em diferentes texturas. Este está presente tanto nos pisos, quanto nos pilares, certos revestimentos e paredes. As vedações em vidro trazem a permeabilidade visual à construção, protegidas na grande empena oeste por brises metálicos móveis, que acrescentam também no movimento da faixada.

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Localizado no bairro do Ibirapuera, distrito de Moema, a obra em questão integra o maior parque metropolitano de São Paulo, o Parque Ibirapuera. Em frente ao edifício, os extremos da passarela na Avenida Vinte e Três de Maio conectam o museu ao centro da cidade. Os bairros do entorno do Ibirapuera são de classes sociais mais elevadas como Jardim Paulista, Moema, Itaim Bibi, porém tanto o parque quanto o MAC são de fácil acesso utilizando o transporte público da capital. O Parque Ibirapuera recebe milhares de visitantes por semana, sendo um dos locais mais procurados não só para descanso e para a prática de exercícios físicos, mas também para o entretenimento cultural que as arquiteturas de Niemeyer e os outros equipamentos do parque proporcionam para a cidade. O MAC – USP apesar de não estar exatamente dentro do parque também faz parte deste complexo cultural e arquitetônico. Seu entorno é bastante semelhante ao parque, se tratando de áreas verdes e arborizações. O edifício é aberto e de fácil acesso ao público, onde os visitantes podem escolher pela passarela que atravessa a Avenida Vinte e Três de Maio, ligando o parque ao MAC, como pela entrada principal dada na marquise do projeto no térreo. Carros possuem acesso apenas pelo estacionamento do parque. O volume do edifício tem uma relação de destaque com o seu entorno, pois ele está implantado em um terreno amplo e sem edificações de gabaritos altos em suas imediações. O bloco principal apresenta 8 pavimentos e uma morfologia bastante simples, mesmo assim é uma edificação que se destaca na paisagem por sua imponência e clareza formal. O museu, além do seu programa expositivo e das famosas coleções de obras de arte, oferece também em seu terraço um restaurante e um bar com vista panorâmica para a cidade de São Paulo. O terraço é aberto ao público, mesmo para quem não usufruir dos serviços do restaurante.

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SITUAÇÃ


ÃO

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ANÁLISES INDIVIDUAIS CAUÊ PILENGHI CORRÊA SEKIGUCHI | 31676022

Muito do que se pensa já está exposto no presente trabalho, e desta forma, sua análise é feita de modo a evitar repetições além das já ocorridas. O edifício tem um grande vínculo comigo, e por isso uma análise individual não poderia deixar de ser em primeira pessoa. Tal vínculo ocorre, pois o projeto se encontra próximo à minha casa. Minha frequência nele é ínfima, porém o contato visual é feito quase que cotidianamente ao transitar pela região, e tal imagem sempre me agrada. As linhas simplistas que criam uma geometria pura e envolvente criam uma obra de alta pregnância - suas características fixam-se de forma rápida e clara, e tornam-se difícil de se esquecer. Não sei descrever ao certo se é melhor ou pior, porém quando cai a noite, o edifício iluminado toma outra forma. Uma grande e bela luminária se acende no coração de São Paulo, num jogo de luz e sombra causado pelas aberturas esporádicas dos brises metálicos. Sua forma é notável, assim como sua estrutura, compreensível num simples olhar. Os pilares em “V” notoriamente característicos de Niemeyer elevam o edifício do nível da rua e dão leveza ao grande monolito que sustentam. Estes seguem bifurcados em colunas simples, que por de trás dos caixilhos e painéis de vidro, dão ritmo à fachada. Uma obra notoriamente moderna, e que se mantém moderna, no sentido de manterse pertensente ao tempo presente. Uma obra que conseguiu sobreviver por gerações, adaptando-se nos diversos usos que lhe foi proposto. E que maior exemplo podemos tomar além desse? Para evoluirmos e seguirmos em bom estado, precisamos nos manter em constante mudança. Um edifício que consegue se reinventar e manter seus princípios.

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DENIZE FERRANTE | 316

O edifício estudado é do atual MAC-USP. Esse foi projetado por Oscar Niemeyer, em 1951, no contexto do início do Parque Ibirapuera, denominado a ele também para a comemoração do centenário da cidade de São Paulo. Quando projetado foi pensado para ser o Palácio da Agricultura, posteriormente se tornou o Detran-SP e atualmente o MAC-USP. Uma mesma obra possibilitando diferentes programas é possível graças à planta livre, característica do modernismo, o qual pertence Niemeyer. O arquiteto tinha o foco principal no entorno, volume, insolação e o programa de seus projetos ficavam em segundo plano. Esse projeto estudado se enquadra na terceira fase de sua carreira, o momento de amadurecimento de sua arquitetura, o qual seu processo projetual passa a ser criticado, portanto passa a encontrar justificativas além da forma para explicar a razão de ser do projeto. Ainda com sua originalidade, formas curvas e suaves, pilares em V, nota-se influência dos grandes arquitetos modernistas suíço, Le Corbusier e brasileiro Lúcio Costa (fez a ponte entre ele e o anterior). Tais influencias são mais visíveis no início da carreira, quando projetava praticamente com a mesma linguagem que eles. É visível a influência na transparência, permeabilidade visual, “leve” pelo térreo não ter um volume além dos pilares, planta livre, cores claras e cobertura plana. Para se tornar o atual museu, o edifício passou por um retrofit, responsável pelo escritório Borelli e Amerigo Arquitetura e Urbanismo, mantendo sua essência, mantendo a estrutura, forma, restaurando o que era necessário e adequando o local para abrigar um museu, seguindo as normas dos museus internacionais. Estudar uma obra que já tive contato foi uma experiência interessante, passei a enxergar com um novo olhar, principalmente depois da execução da maquete, agora mais crítico e com entendimento da arquitetura e seu contexto, mas principalmente uma compreensão mais sólida do modernismo e da própria carreira do Niemeyer, por consequência.

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ANÁLISES INDIVIDUAIS FERNANDA CARVALHO RAMOS | 41649011

O desenvolvimento deste livro e a visita ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo permitiu que eu tivesse uma experiência e um conhecimento mais aprofundado sobre a arquitetura moderna brasileira. Esta obra é de grande importância para a cultura e para a arquitetura brasileira, sendo um patrimônio reconhecido mundialmente, não só por sua arquitetura, mas também por abrigar o Museu de Arte Contemporânea. Inserida no Parque do Ibirapuera, fazendo parte do conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer, a obra complementa o complexo cultural do parque que recebe milhares de visitantes por semana. Em visita ao local, pude perceber como os edifícios dentro do parque se conectam de maneira fácil através da grande marquise e como o MAC se tornou mais próximo deste conjunto após a construção da passarela sobra a Avenida Vinte e Três de Maio. Sem a existência da passarela, o edifício se encontrava disperso do restante dos projetos, o que implicava no difícil acesso ao local. Chegar ao MAC utilizando a Passarela Ciccillo Matarazzo se torna um passeio mais prazeroso, onde os visitantes conseguem se inserir no movimento da cidade sobre as avenidas e também desfrutam de uma bela vista tanto para o parque quanto para o edifício moderno do Museu. Dissertando sobre a obra neste livro, tomamos plena consciência de o que é uma arquitetura moderna, a chamada simplicidade que não é tão simples assim. Algumas das características marcantes do modernismo são: geometria simples; poucos ornamentos; a utilização do concreto armado; pilotis; planta livre; terraços; coberturas planas; cores claras; vidraças; entre outros. Todos esses elementos citados anteriormente estão presentes no projeto do MAC – USP e tornam esta obra apesar de simples, única e moderna assim como todas as outras obras de Oscar Niemeyer no Parque Ibirapuera.

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MÔNICA DO NASCIMENTO FARIA |

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ANÁLISES INDIVIDUAIS NILTON CANDIDO NAVARRO JUNIOR | 41647319

Em vista dos argumentos apresentados na execução do livro e na visita no MAC USP tive a oportunidade de conhecer um pouco melhor sobre Arquitetura Moderna Brasileira e como ela se adapta muito bem nos dias de hoje. Após ter visitado todos os complexos do parque do Ibirapuera, por partes de lazer e por partes de passeios culturais, com a realização desse trabalho tive o privilégio de concluir a visita de todos os edifícios deste complexo. De primeira, não era um projeto que brilhava meus olhos quando eu passava pelo local, mas me surpreendi ao visita-lo, assim como todos os outros edifícios do complexo projetado por Oscar Niemeyer. Minha visita começa a partir da passarela de acesso do parque para o edifício implantado do outro lado da avenida. Logo de primeira vista, o que mais me impressionou foi a dimensão dos pilares em “V” junto com a leveza de toda área térrea que é erguida sobre pilotis e separada para o fluxo de pessoas e o fluxo de carros, tudo funcionando de maneira perfeita. Se observar bem a parte de fora do edifício é notável a continuidade do mezanino da sua parte interna até sua parte externa, criando um uso em sua cobertura e uso na parte térrea impressionando seus visitantes. Cada detalhe do térreo foi pensado, desde sua espacialidade até seu programa de necessidades. Sua entrada com uma recepção para informações e guarda volumes, uma grande área de exposição com acesso para o mezanino e para as circulações verticais distribuídas em 3 diferentes pontos. O mezanino com uma pequena área de acervo de livros e seu café, sendo bem notável a diminuição de seu pé direito comparado aos outros pavimentos. Na visita tive oportunidade de conhecer apenas o terceiro andar, lugar totalmente vedado por exercer a função de espaço de museu. Incríveis obras foram expostas, distribuídas por todo o pavimento em paredes de gesso com os quadros e explicações. Porém o que eu mais estava ansioso para conhecer era o último pavimento, muito conhecido por todos por ter uma vista totalmente privilegiada de São Paulo, não é à toa que leva o nome de restaurante Vista. E realmente é um local que deve ser visitado e contemplado por todos, além de ótimos restaurantes o que mais vale realmente é a vista, voltada para muitos ícones de São Paulo como por exemplo o próprio parque e todas as obras do complexo. Além da visita também foram muitas horas de pesquisas, que se tornou um dos lugares de São Paulo que agora tenho enorme admiração.

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REFERÊNCIAS

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