CAVALO DE SANTO Religiões af ro-gaúchas
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CAVALO DE SANTO Religiões afr o-gaúchas
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Para Carlos, Pluf, Cynthia, Francisca, Veronilda, Anderson, Valmir e todos os Orixás e Entidades que nos guiaram neste trabalho. E aos meus pais Nilo e Celeste Fichtner. For Carlos, Pluf, Cynthia, Francisca, Veronilda, Anderson, Walmir and all the Orixás and Entities who guided us in this work. And for my parents Nilo and Celeste Fichtner.
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` Sumario Apresentações
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Nação Batuque
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Caboclos e Pretos-Velhos
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Ciganos, Exus e Pombagiras
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Festas Populares
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Índice de fotos
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Glossário
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Traduções
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O Cavalo d e S a nt o pelas lente s d e u ma sa nt a g u er r eira A primeira vez que vi os trabalhos de Mirian Fichtner, apresentados num alentado currículo, pensei: Por que uma profissional tão gabaritada e competente como ela, precisaria da Fundação Palmares para publicar seu trabalho? As fotos eram lindas, o seu currículo mais ainda. O que então poderia impedir apoios e patrocínios para o seu mais arrojado trabalho – CAVALO DE SANTO? Só haveria uma razão: o tema. E o tema que ela estava apresentando independia da sua qualidade, experiência ou vivência profissional. Afinal, o preconceito e a discriminação que ainda se fazem presentes em nosso país, não têm olhos nem ouvidos: são cegos, surdos e insensíveis. Após o término do seu relato, sobre a verdadeira via crucis que ela estava passando para conseguir publicar o seu trabalho, tive um misto de tristeza e alegria. Tristeza por ter que reconhecer mais uma vez o quanto está impregnada a sociedade brasileira do preconceito, do racismo e da intolerância religiosa – e alegria por ter em minhas mãos a possibilidade de mais uma vez combater este cancro terrível que até hoje nos assola, com o remédio mais eficaz – a cultura. Por isto, a Fundação Cultural Palmares tem não só a honra de estar apoiando este maravilhoso registro das manifestações culturais de origem religiosa de matriz africana, no Rio Grande do Sul – produzido pela sensibilidade, carinho e competência desta brilhante fotógrafa gaúcha – como também se sente orgulhosa, mas orgulhosa mesmo, em contribuir, por meio deste trabalho, para o combate à intolerância religiosa, que vem crescendo em nosso país, particularmente nos movimentos neo-pentecostais. O passeio que as lentes de Mirian Fichtner fizeram pelos terreiros, casas de santos, ruas e praças do Rio Grande do Sul, registrando momentos singulares da relação entre o corpo e alma, entre a fé e a alegria, entre o transe e a dignidade é sincero como a sua fala. É o relato fotográfico daqueles que há séculos, apesar de perseguidos e vilipendiados naquilo que possuem de mais sagrado, continuam contribuindo generosamente para o processo civilizatório brasileiro. É algo imperdível. É lindo de se ver! Parabéns Mirian, pelo belo trabalho. Parabéns pela coragem e ousadia. Parabéns por perseguir o ideal que deveria ser de todos – o da igualdade. “Toca a Zabumba que a Terra é nossa!”
ZULU ARAÚJO
Presidente da Fundação Cultural Palmares
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Cavalo de S a nt o For t e Cavalo de Santo é fruto da cumplicidade entre a força do povo de religião, a dedicação da fotógrafa e a magia da luz que percorreu seres e coisas na materialização deste inventário visual das religiões afro-brasileiras em terras gaúchas. Como se fosse um catálogo, aqui encontramos todas as entidades, as principais cerimônias, as representações simbólicas com seus fundamentos materiais e, sobretudo, os rostos, olhares e posturas daqueles que vivem intensamente esta dimensão da espiritualidade no Rio Grande do Sul. Mas vai este conjunto de fotos além de um simples catálogo porque nele pulsa a vida por trás da imagem, mostrando gente orgulhosa de ser o que é. Um olhar mais atento vai perceber que Mirian Fichtner se utilizou tanto da sua ampla experiência como repórter fotográfica quanto das técnicas de trabalho de campo das ciências sociais: suas fotos têm a densidade que só encontramos quando o autor sabe o que deve ser registrado, e como deve fazê-lo. No entanto, ela não é uma iniciada, mas sim uma cúmplice tocada pela graça de intuir o essencial do tema, para ir além da forma e da formalidade, mostrando a representação do axé de cada entidade. É um trabalho documental que não para no registro do fato ocorrido, mergulha neste fato, interage com ele, provoca e viabiliza a representação/ interpretação que revela a construção de todo um universo simbólico. Resultado de primorosa pesquisa calcada na vivência das cerimônias, sedimentada na confiança mútua, onde o talento e a técnica da autora dialogam diretamente com a generosidade dos personagens em se apresentarem e compartilharem toda a força e o esplendor de sua religião. As fotos são belas, qualquer um pode ver. Para os fotógrafos, são também uma aula de composição, iluminação e de concisão pela escolha do momento preciso para dar mais vida à imagem. Aos iniciados ou especialistas, entretanto, estas fotos oferecem mais. Elas contêm os elementos que nos permitem reconhecer a construção simbólica dos fundamentos das religiões afro-brasileiras em seu desdobramento em afro-gaúchas, como já são designadas.
Cavalo de Santo é um caso raro de combinação bem sucedida do rigor de conteúdo com o esplendor do visual, constituindo-se, assim, em um documento tanto sobre a dimensão visível dos cultos afro-gaúchos quanto da força invisível que lhes dá sentido.
MILTON GURAN
Fotógrafo e Antropólogo
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~ s a fr o- g a u`c h a s As relig ioe As religiões afro-brasileiras do Rio Grande do Sul já receberam a devida atenção de historiadores, sociólogos, antropólogos e artistas, mas faltava a sua apreensão fotográfica qualificada. É esta lacuna que está sendo preenchida de forma magistral neste livro. Na melhor tradição inaugurada por Pierre Verger, Mirian Fichtner, detentora de aguda sensibilidade artística e de exímia capacitação profissional, apresenta imagens ao mesmo tempo delicadas e vigorosas, sensíveis e soberbas, das religiões afro-gaúchas, revelando, assim, toda a sua dimensão estética, sua beleza e exuberância eloquentes. As religiões afro-gaúchas, tal como as religiões afro-brasileiras em geral, são religiões de possessão, isto é, por ocasião das cerimônias, certos indivíduos, em estado de transe, são “possuídos” pelas entidades espirituais, as quais, segundo a terminologia nativa, “se ocupam” da pessoa, em cujo corpo podem cavalgar. Assim, o corpo do iniciado se torna o “cavalo de santo”. Batuque é o nome dado no Rio Grande do Sul à religião de matriz africana que cultua os orixás. É também conhecida como “nação”, em memória das nações africanas dos antepassados que aportaram a esse território (Oió, Jeje, Ijexá, Cabinda e Nagô), a tal ponto que é comum seus fiéis dizerem: “eu sou de nação”. A Umbanda – que reverencia os “Caboclos” (índios), os “Pretos-Velhos”, os “Ibeji” (“Cosmes”, espíritos infantis) e os orixás da umbanda - e a Linha Cruzada, ou Quimbanda – que cultua os Exus, as Pombagiras e os Ciganos – completam o repertório das religiões afro-gaúchas. O termo genérico “religião” aglutina as três variantes mencionadas e é acionada ainda hoje na expressão: “eu sou de religião”, como uma herança reativa à acusação de seita, em seu sentido pejorativo, de que eram vítimas aquelas religiões até algumas décadas atrás. A tradição oral existente nesse meio religioso indica que a origem do batuque se situa na região de Rio Grande e Pelotas, no sul do Estado, nas primeiras décadas do século XIX, daí se espalhando para o resto do Estado e para as cidades fronteiriças do Uruguai e da Argentina e, mais tarde, para suas capitais federais. Há notícias de terreiros que faziam “batucadas” em Porto Alegre na segunda metade do século XIX e em cidades uruguaias e argentinas nas décadas de 1950 e 1960. De acordo com o Censo Nacional do ano 2000, realizado pelo IBGE, enquanto no país como um todo houve uma redução de 0,4% para 0,3% de brasileiros que se declararam pertencentes às religiões afro-brasileiras, uma redução de 22,7%, no mesmo período, no Rio Grande do Sul, para o mesmo grupo religioso, houve um aumento de declarações de pertencimentos religiosos da ordem de 1,2% para 1,6%, uma variação positiva de 33,6%. Malgrado a relatividade desses dados estatísticos – devido à cultura religiosa brasileira que admite a múltipla identidade religiosa, e ao histórico lugar privilegiado ocupado pela Igreja Católica no campo religioso nacional – salta aos olhos o fato de que o Censo 2000 coloca o Rio Grande do Sul como o Estado mais afro-religioso do país, com 1,62% de seguidores, seguido do Rio de Janeiro, com 1,31%. Os terreiros gaúchos são frequentados por indivíduos de diferentes camadas sociais e identidades étnicas, com predomínio de afro-descendentes e de descendentes das diversas nacionalidades européias para aqui imigradas. Na ausência de dados estatísticos oficiais sobre o número de terreiros existen-
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tes em território gaúcho valho-me novamente das informações de membros qualificados da própria “religião” que indicam existir em torno de 30 mil terreiros neste Estado. Trata-se, em sua maioria, de terreiros que reúnem um número reduzido de fiéis, entre 20 e 50, diferentemente de outras regiões do país, como a Bahia, onde há terreiros longevos que agregam centenas e até milhares de membros. A importante presença afro-religiosa no segundo Estado “mais claro” do país, em princípio não se coadunaria com a imagem que se faz do Rio Grande do Sul enquanto um estado “branco”, “católico” e “moderno”, que enaltece as figuras “heróicas” do gaúcho e dos imigrantes europeus e seus descendentes e que, por isso mesmo, tende a invisibilizar os negros e os índios, apesar da inestimável contribuição que esses grupos étnicos prestaram, ao longo da história, para o desenvolvimento desse Estado. Ocorre, porém, que aqui, como de resto em todo o Brasil, as religiões afro e o catolicismo entretém relações de complementaridade, na ótica, sobretudo, dos frequentadores dos terreiros, uma vez que, para eles, a experiência subjetiva das dores, angústias, incertezas, medos, perdas e contradições tende, até certo ponto, a ser resolvida nos espaços sagrados em que são cultivados o mistério e a magia, enquanto que ao catolicismo são reservadas as práticas de legitimação ritualística que os integram na sociedade civil. Além disso, a “religião” gaúcha, mas não somente ela, caracteriza-se por seu caráter tolerante e não conversionista, que valoriza as forças sagradas, num mundo moderno demasiadamente racionalista e discriminador. Em larga medida, a adesão do gaúcho católico e de origem européia às religiões de matriz africana ocorre, no nível do imaginário, obedecendo o modelo da “teoria da máscara às avessas”, na medida em que eles tendem a “identificar” os santos católicos por trás dos símbolos e mitos dos orixás e dos guias, de forma semelhante aos escravos africanos e seus descendentes que cultivaram seus deuses/orixás por trás das imagens dos santos católicos. Os orixás cultuados no Batuque são em número de doze: Bará, Ogum, Oiá (ou Iansã), Xangô, Odé, Otim, Ossanha, Obá, Xapanã, Oxum, Iemanjá e Oxalá. Além deles, são reverenciados, em determinados momentos, os eguns (espíritos dos mortos). Como no candomblé, há todo um sincretismo associado a cada orixá, porém, específico do batuque. Assim Bará é sincretizado com Santo Antônio; Ogum, com São Jorge; Oiá (ou Iansã), com Santa Bárbara; Xangô (jovem, com São Miguel Arcanjo; idoso, com São Jerônimo); Odé, Otim, com São Sebastião e Santa Efigênia, respectivamente; Ossanha, com São José, ou Santo Onofre; Obá, com Santa Catarina; Xapanã, (jovem, com São Lazaro; idoso, com Cristo das Chagas); Oxum, com Nossa Senhora da Conceição; Iemanjá, com Nossa Senhora dos Navegantes, e Oxalá, com Deus e Espírito Santo. A cada orixá atribui-se características próprias e uma variedade de alimentos e de oferendas, por vezes resultantes do sacrifício de animais, lhes são destinadas. Também associa-se cada orixá a cores específicas, sendo a relação cromática importante no processo de expressão pública de identificação dos fiéis aos seus orixás de cabeça, isto é, seus santos protetores. Semelhante relação de características específicas, vinculadas a alimentos, cores e símbolos, existem na umbanda, em relação aos Caboclos e Pretos-Velhos, e na linha cruzada, em relação aos Exus e Pombagiras. O batuque adaptou-se à cultura gaúcha. Exemplos disso são a apropriação do churrasco, comida típica do Rio Grande do Sul que se tornou o principal alimento do Ogum; a polenta, que da culinária italiana passou a ser um dos alimentos da Oxum; as batatas assadas, que das mesas dos imigrantes alemães passaram também a ser oferecidas aos Exus nas encruzilhadas; a erva-mate, da qual se faz o chimarrão, que é adicionada a um caldo oferecido aos Eguns; a bombacha, vestimenta tradicional do gaúcho que foi integrada como um dos uniformes rituais de batuqueiros e de algumas entidades.
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Sobretudo no batuque, mas também nas duas outras expressões religiosas afro-gaúchas, há rituais celebrados nos terreiros, em espaços fechados, e outros celebrados em espaços abertos. O principal ritual do batuque é denominado de “festa”, dividida em três momentos: o “serão”, geralmente numa sexta-feira, ocasião em que são sacrificados os animais e preparadas as comidas; a festa propriamente dita, que ocorre no sábado, ocasião em que, além dos membros da casa, dirigem-se ao terreiro em festa os seus convidados, amigos e aliados, todos portando suas belas vestes rituais; e, na semana seguinte, ocorre a terceira e última etapa, em que são sacrificados peixes. Os principais rituais celebrados em espaço aberto ocorrem por ocasião das oferendas aos orixás na natureza (a Oxum, nas praias dos rios; a Iemanjá, nas praias do mar; a Xangô, na pedreira; a Oxossi, na mata, etc.), ou dos “despachos” aos Exus e Pombagiras nas encruzilhadas de certas vias urbanas. O Mercado Público Municipal constitui outro importante espaço simbólico na geografia urbana sagrada da “religião”. A ele se dirigem, ritualisticamente, todos os neófitos que iniciam sua inserção no batuque. Porém, os mais importantes momentos de expressão pública das religiões afro-gaúchas ocorrem em datas festivas de celebração de santos católicos. É o caso de 23 de abril, em que se celebra São Jorge, ou Ogum, e, sobretudo, 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, quando às margens dos rios, sobretudo o Guaíba, é celebrada a festa a Oxum, e 2 de fevereiro, dia de Nossa Senhora dos Navegantes, em que são prestadas homenagens para Iemanjá nas praias do mar. Todos esses rituais, celebrados no interior e no exterior dos terreiros, são presididos e dirigidos por qualificados Pais e Mães de santo e por competentes tamboreiros. Vários dos aspectos acima assinalados das religiões afro-gaúchas poderão ser visualizados nas fotografias que compõem o presente livro. Elas captam e evidenciam uma característica fundamental dessas religiões, especialmente do batuque, a saber: a sua dimensão estética. De fato, os fiéis de tais religiões cultivam a beleza com esmero, dedicação e ostentação, porque é pelo belo que se louvam e se agradam os orixás. Daí o multicolorido, o brilho e mesmo o luxo, das vestimentas rituais, das contas, colares e jóias; a beleza e a exuberância dos trajes, panos, turbantes e adereços; o requinte e a plasticidade dos terreiros, altares, oferendas e comidas. É toda essa estética, experiência visual e esplendor, do batuque em particular e das religiões afro-gaúchas em geral, que Mirian Fichtner, com sua sensibilidade e qualificação profissional, conseguiu retratar, não somente não profanando em nada a sua beleza e a sua arte, mas, além disso, preservando e traduzindo visualmente um dos mais emblemáticos fundamentos dessas religiões: a união do belo e do sagrado.
ARI PEDRO ORO
Antropólogo e Prof. de Antropologia/Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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Cavalo de S a nt o: D e c ur i osa a c u m p lic e Há 4 anos, quando comecei este trabalho, buscava mergulhar em um mundo desconhecido e realizar um trabalho autoral com olhar em profundidade. Em 2005 uma análise do censo IBGE, que colocava o RS como estado brasileiro com maior número de adeptos declarados e de terreiros no Brasil me chamou a atenção. Fiquei perplexa com estes dados, a invisibilidade e o ineditismo do assunto. Depois de estudar cem terreiros, visitar mais de trinta casas e escolher treze para documentar , percebi que o tema não fazia parte da cultura oficial gaúcha. Esta suspeita se materializou nas inúmeras recusas de patrocínio ao projeto. Deste estremecimento cultural nasceu o projeto do livro Cavalo de Santo – Religiões Afro-Gaúchas. Comecei a fotografar em 29 junho de 2006, durante as comemorações do Bará do Mercado Público de Porto Alegre e finalizei o trabalho em junho de 2010. Foram mais de 10.000 fotos, armazenadas em quase 500 gigabytes de HD e 153 fotos escolhidas. Fotografei pais e mães-de-santo com mais de 50 anos de feitura e encontrei um povo de religião orgulhoso de sua fé e da sua cultura. Gente guerreira, incansável no trabalho diário de materializar rituais, preparar oferendas, festas, atender pessoas e manter esta cultura ancestral viva. Foram inúmeras visitas aos terreiros fotografados para acompanhar o calendário de atividades e os vários rituais, alguns em extinção, em todas as linhas da religiosidade afro em Porto Alegre, região metropolitana, litoral e no sul do Estado, berço da ancestralidade afro no Rio Grande do Sul. Vivenciar e documentar experiências imateriais requer, além de prática, habilidade e conhecimentos técnicos. Foi preciso desnudar a alma, obter confiança e autorização. Sem a pesquisa, roteiro e o apoio do meu parceiro Carlos Caramez, somado à participação de uma equipe de produção solidária com os objetivos do projeto, este livro não existiria. Realizar este trabalho foi um mergulho profundo num caleidoscópio de energias, cores, luzes e sons que mudaram paradigmas da minha forma de fotografar e viver. De curiosa e encantada pela estética da cultura imaterial, passei a cúmplice. MIRIAN FICHTNER
Fotógrafa
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I` n dic e d e f otos
Capa Detalhe de ritual de iniciação no Batuque.
pp. 6-7 Mestre Borel em frente a sua casa no bairro da Restinga em Porto Alegre/RS.
Guarda do Livro Guia de Oxalá.
pp. 2-3 Os 12 Orixás mais cultuados no Batuque do Rio Grande do Sul com o Pai Cleon de Oxalá (ao centro) à margem do Rio Guaíba em Porto Alegre. No sentido da esquerda para direita: Bará, Xangô, Iansã, Oxum, Oxalá. Iemanjá, Ibeji, Ogum, Odé e Otim, Obá, Ossanha, Xapanã.
pp. 4-5 Mãe Ana de Oyá e Pai Neco de Oxalá com a filha carnal Andressa no Ilê Oni Elegbara.
p. 9 Filha de Oxum no Reino de Oxalá.
pp. 10-11 Mãe Ieda de Ogum no seu Ilê Nação Oyó.
pp. 12-13 Mãe Graça de Oxum Taladê acompanhada do filho Luis Rogério Tavares Jr. (Pai-pequeno), do neto Cauã e de Eliane Ávila (Mãe-pequena) no cais do porto da cidade de Rio Grande/RS.
O C aval o d e Santo pel as l entes d e u ma santa gu erreira A primeira vez que vi os trabalhos de Mirian Fichtner, apresentados num alentado currículo, pensei: Por que uma profissional tão gabaritada e competente como ela, precisaria da Fundação Palmares para publicar seu trabalho? As fotos eram lindas, o seu currículo mais ainda. O que então poderia impedir apoios e patrocínios para o seu mais arrojado trabalho – CAVALO DE SANTO? Só haveria uma razão: o tema. E o tema que ela estava apresentando independia da sua qualidade, experiência ou vivência profissional. Afinal, o preconceito e a discriminação que ainda se fazem presentes em nosso país, não têm olhos nem ouvidos: são cegos, surdos e insensíveis. Após o término do seu relato, sobre a verdadeira via crucis que ela estava passando para conseguir publicar o seu trabalho, tive um misto de tristeza e alegria. Tristeza por ter que reconhecer mais uma vez o quanto está impregnada a sociedade brasileira do preconceito, do racismo e da intolerância religiosa – e alegria por ter em minhas mãos a possibilidade de mais uma vez combater este cancro terrível que até hoje nos assola, com o remédio mais eficaz – a cultura. Por isto, a Fundação Cultural Palmares tem não só a honra de estar apoiando este maravilhoso registro das manifestações culturais de origem religiosa de matriz africana, no Rio Grande do Sul – produzido pela sensibilidade, carinho e competência desta brilhante fotógrafa gaúcha – como também se sente orgulhosa, mas orgulhosa mesmo, em contribuir, por meio deste trabalho, para o combate à intolerância religiosa, que vem crescendo em nosso país, particularmente nos movimentos neo-pentecostais. O passeio que as lentes de Mirian Fichtner fizeram pelos terreiros, casas de santos, ruas e praças do Rio Grande do Sul, registrando momentos singulares da relação entre o corpo e alma, entre a fé e a alegria, entre o transe e a dignidade é sincero como a sua fala. É o relato fotográfico daqueles que há séculos, apesar de perseguidos e vilipendiados naquilo que possuem de mais sagrado, continuam contribuindo generosamente para o processo civilizatório brasileiro. É algo imperdível. É lindo de se ver! Parabéns Mirian, pelo belo trabalho. Parabéns pela coragem e ousadia. Parabéns por perseguir o ideal que deveria ser de todos – o da igualdade. “Toca a Zabumba que a Terra é nossa!”
ZULU ARAÚJO
Presidente da Fundação Cultural Palmares
p. 14 Detalhe de guias. (e-d) Pai Cleon de Oxalá e Mãe Graça de Oxum Taladê.
p. 16 Oferendas para Orixás.
p. 18 Guia sendo preparada no Ilê dos Orixás.
p. 20 Detalhe de imagens de Orixás, Caboclos, Pretosvelhos, Exús e Pombagira.
~ Batuque Nacao , N a ç ã o
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p. 22 Oferenda para Ogum.
p. 24 Oferendas em quarto de santo e Congá.
p. 28 (a) Cesto com ferramentas dos Orixás. (b) Axés de prosperidade da Pombagira Maria Molambo.
pp. 30 Detalhe da Festa de Iemanjá em Rio Grande/RS.
pp. 32-33 Oferenda ao Bará no Mercado Público de Porto Alegre/RS.
pp. 34-35 Filha-de-santo em festa de Oxum no Rio Guaíba em Porto Alegre/RS.
p. 36 Festa de Oxum na praia de Ipanema em Porto Alegre/RS. p. 37 Filhos-de-santo com vestimentas típicas em oferenda para Ogum com churrasco de costela no parque Marinha do Brasil em Porto Alegre/RS.
pp. 38-39 Baba Dyba de Yemonjá com oferenda para Xangô na Pedra Redonda em Porto Alegre/RS.
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p. 40 Oferenda no monumento do Laçador com Pai Pedro de Oxum Docô em Porto Alegre/RS. p. 41 Baba Xadeco de Xangô em oficina de vivência dos orixás com crianças do projeto Olá Sì Bó da Associação Clara Nunes no Morro da Polícia POA/RS.
p. 42 Mães-de-santo no Mercado Público de Porto Alegre/RS. p. 43 Primeira Caminhada contra a Intolerância Religiosa no ano de 2009 em Porto Alegre/RS.
p. 44 Filhas-de-santo representando os Orixás Oxum e Iansã na festa de Oxum na Ilha da Pintada.Porto Alegre/RS. p. 45 Pai Neco de Oxalá com ferramenta do seu Orixá e Mãe Ana de Oyá na Associação Beneficente Centro Cultural Africano Reino de Oxalá.
p. 46 Mestre Borel em seu quarto de santo. p. 47 Mãe Norinha de Oxalá em seu quarto de santo.
p. 48 Ebó de cinquenta e um anos de Mãe Graça no Centro Espírita Oxum e Xangô na cidade de Rio Grande/RS. p. 49 Cauã, neto de Mãe Graça com adjá na frente dos alabês.
p. 50 Momento da balança onde chegam os Orixás no Batuque de 25 anos do Ilê Axe Yemonjá Omi-Olodô e C.E.U. Cacique Tupinambá. p. 51 Filho-de-santo no Ebó de 51 anos de Mãe Graça no Centro Espírita Oxum e Xangô na cidade de Rio Grande/RS.
p. 52 Ritual de casamento na religião afro no Ilê Axe Yemonjá Omi-Olodô e C.E.U. Cacique Tupinambá. p.53 Padres católicos assistindo ritual de religião afro.
pp. 54-55 Mãe Graça de Oxum Taladê com seus filhos-desanto em oferenda para Iemanjá, na praia do Cassino/RS.
pp. 56-57 Mãe Graça de Oxum Taladê com seus filhos-desanto em oferenda para Iemanjá, na praia do Cassino/RS.
p. 59 Pai Cleon de Oxalá antes de uma sessão de Batuque no seu terreiro Reino de Oxalá em Porto Alegre/RS.
pp. 60-61 Filhos-de-santo em obrigação no Reino de Oxalá.
pp. 62-63 Pai Cleon de Oxalá na preparação da mesa de oferendas para os Orixás.
pp. 64-65 Preparação das comidas para os Orixás.
pp. 66-67 Frente de comidas para Orixás no Ilê Reino de Oxalá.
pp. 68-69 Preparação de guias para Orixás no Ilê dos Orixás em São Leopoldo/RS.
p. 70 Ritual de entrega do axé de facas no Ilê dos Orixás de Pai Dejair de Ogum. p. 71 Detalhe de um Axé de facas.
pp. 72-73 Purificação de filhos-de-santo no ritual de feitura no Ilê dos Orixás.
p. 74 Pedido de benção ao Pai Xangô no Ilê dos Orixás. p. 75 Oferendas para ritual de corte no Ilê dos Orixás.
pp. 76-77 Ritual de Bori na feitura de filha-de-santo no Ilê dos Orixás.
p. 78 Filho-de-santo fazendo Bori para seu Orixá. p. 79 Coroação de obrigação de filho-de-santo para seu Orixá.
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pp. 80-81 Preparação de comidas para festa no Ilê dos Orixás em São Leopoldo/RS.
p. 82 Congá do Ilê Axe Yemonjá Omi-Olodô e C.E.U. Cacique Tupinambá em Porto Alegre/RS.
pp. 84-85 Mãe Dora de Ogum e Pai Ricardo de Oxaguiã na festa do Caboclo Arranca Toco no Ilê Oxaguiã na cidade de Canoas/RS.
p. 87 Preto-velho Pai Antônio da Bahia da Banda de Lá de Mãe Ieda de Ogum.
pp. 88-89 Ritual de Umbanda com Preto-velho Pai Antônio da Bahia da Banda de Lá no Ilê Nação Oyó de Mãe Ieda de Ogum em Porto Alegre/RS.
pp. 90-91 Ritual de Umbanda com Mãe Bia de Iemanjá, Mãe Leoni e filhos-de-santo em saudação para Oxum nas margens do Rio Guaíba em Porto Alegre/RS.
pp. 92-93 Ritual de Umbanda com Mãe Bia de Iemanjá nas margens do Rio Guaíba.
pp. 94-95 Festa de Ogum no terreiro de Mãe Tereza de Ogum na ilha da Pintada/RS.
C ig anos, Exu s e Pomb ag iras C i g a n o s ,
E x u s
e
P o m b a g i r a s
p. 96 Ritual de Umbanda do Ilê Axe Yemonjá Omi-Olodô e C.E.U. Cacique Tupinambá. p. 97 Cacique Tupinambá de Baba Dyba de Iyemonjá em ritual de Umbanda no seu Ilê.
pp 98-99 Ritual de Umbanda do Ilê Axe Yemonjá OmiOlodô e C.E.U. Cacique Tupinambá na Praia do Cassino/RS.
pp. 100-101 Preto-velho Vovô Cipriano de Baba Dyba de Yemonjá em ritual na praia do Cassino/RS.
p. 102 Imagem de Belzebu no terreiro Ilê Oni Elegbara de Pai Neco de Oxalá e Mãe Ana de Oyá.
pp. 104-105 Ritual de Exu do Ilê Oni Elegbara no morro de Santa Teresa em Porto Alegre/RS.
p. 106 Exu Belo e Pombagira Rainha das Almas de Mãe Ana de Oyá, na festa de 41 anos de assentamento do Exu Belo. p. 107 Exu Belo de Pai Neco de Oxalá na festa Alma Cigana em Porto Alegre/RS.
p. 108 Entrada de Exu Belo e da Pombagira Rainha das Almas, na festa de 42 anos de assentamento do Exu Belo. p. 109 Ritual de noivado cigano do Ilê Oni Elegbara.
p. 110 Exu Rei das 7 encruzilhadas de Pai Antônio de Bará na festa do Exu Belo. p. 111 Exu Tiriri Cigano de Pai Paulinho de Ogum na festa Alma Cigana.
pp. 112-113 Exus e Pombagiras na Festa de 41 anos de assentamento do Exu Belo.
p. 114 Ritual de fertilidade ofertado aos noivos em festa do povo cigano do Ilê Oni Elegbara. p. 115 Pombagira em dança do amor no ritual de humildade.
pp. 116-117 Cigana Sara em ritual de prosperidade do povo cigano do Ilê Oni Elegbara.
pp. 118-119 Ritual de boi em comemoração aos 42 anos de assentamento do Exu Belo de Pai Neco de Oxalá.
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p. 120 Mesa de fartura e prosperidade onde foram arriados axés de boi no assentamento de 42 anos de Exu Belo. p. 121 Filho-de-santo recebendo axé de saúde com axorô.
pp. 122-123 Pombagira Rainha das Almas de Mãe Ana de Oyá em ritual de saúde com axorô.
p. 125 Pombagira Rainha das Almas em ritual de saúde com axorô.
p. 126 Detalhe da Mesa da Pombagira Maria Molambo de Mãe Graça de Oxum Taladê no Centro Espírita Oxum e Xangô na cidade de Rio Grande/RS. p. 127 Aruanda da Pombagira Maria Molambo.
p. 128 (a) e (b) Mãe Graça na frente da Aruanda da Pombagira Maria Molambo. p. 129 Pombagira Maria Molambo na frente da sua casa.
pp. 130-131 Término de Ebó da Pombagira Maria Molambo.
pp. 132-133 Detalhe de mesa da Pombagira Maria Molambo.
p. 134 Exu Zé Pelintra no Ebó da Pombagira Maria Molambo. p. 135 Pombagira Maria Molambo no seu Ebó.
Fest a s P o p u l a r e s F e s t a s
P o p u l a r e s
pp. 136-137 Exu Maioral e Pombagira Maria Molambo.
p. 138 Saudação para Oxum na praia de Ipanema em Porto Alegre/RS.
pp. 140-141 Festa de Oxum na praia de Ipanema em Porto Alegre/RS.
p. 143 Estátua de Iemanjá na praia de Tramandaí/RS.
pp. 144-145 Oferenda para Iemanjá na praia de Tramandaí/RS.
p. 146 Festa de Iemanjá na praia de Tramandaí/RS. p. 147 Festa de Oxum na praia Ipanema em Porto Alegre/RS.
p. 148 Barcos de oferendas para Iemanjá na praia do Cassino/RS. p. 149 Rosas de oferendas para Iemanjá na praia do Cassino/RS.
pp. 150-151 Devotos assistem o translado da imagem de Iemanjá na festa do Reino de Oxalá na Praia de Tramandaí/RS.
“Mirian Fichtner trabalha nesse livro absolutamente singular, cheio de flagrantes insólitos e belíssimos sobre um universo do qual nós, porto-alegrenses e gaúchos, pouco sabíamos. Em uma província que tende a se ver como branca, a religiosidade afro-brasileira é frequentemente ignorada, apesar de sua enorme vitalidade. As fotos de Mirian Fichtner são um inédito documento social e humano sobre práticas populares, quase sempre invisíveis no Sul.” SERGIUS GONZAGA | Secretário Municipal de Cultura de Porto Alegre
“Cavalo de Santo” é um caso raro de combinação bem sucedida do rigor de conteúdo com o esplendor do visual. MILTON GURAN | Antropólogo e Fotógrafo
O passeio que as lentes de Mirian Fichtner fizeram pelos terreiros, casas de santos, ruas e praças do Rio Grande do Sul, registrando momentos singulares da relação entre o corpo e alma, entre a fé e a alegria, entre o transe e a dignidade é sincero como a sua fala. É o relato fotográfico daqueles que há séculos, apesar de perseguidos e vilipendiados naquilo que possuem de mais sagrado, continuam contribuindo generosamente para o processo civilizatório brasileiro. É algo imperdível. É lindo de se ver! “Toca a Zabumba que a Terra é nossa!” ZULU ARAÚJO | Presidente da Fundação Cultural Palmares
pp. 152-153 Devotos deixam oferendas no monumento de Iemanjá na praia do Cassino/RS.
pp. 154-155 Devotos fazem oferendas para Iemanjá na praia de Tramandaí/RS.
Contracapa Filha-de-santo com oferenda para Oxum.
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G l ossar ` io Adjá – Palavra Yorubá que significa sineta ritualística.
Ilê ou casa de religião – Nome que se dá aos terreiros no Rio Grande do Sul.
Alabê – Palavra Yorubá que significa tamboreiro, pessoa que toca tambor
Jogo de búzios – Oráculo divinatório feito com conchas de búzios.
e canta no terreiro durante os rituais.
Mesa de frente – Oferendas aos Orixás.
Aruanda – Palavra de origem Bantu que significa espaço divinatório
Mãe-pequena e Pai-pequeno – Segunda pessoa na hierarquia de culto
onde habitam exus, caboclos e pretos-velhos.
no terreiro.
Assentamento – Expressão utilizada ao referir-se a feitura ritualística
Obrigação – Ritual de Batuque.
dos orixás na Terra.
Oferendas – Alimentos e objetos que são oferecidos aos orixás.
Axé – do Yorubá, significa poder de realização e transformação ligados aos orixás. Princípio vital.
Orixás – Divindades de matriz africana.
Axé de faca – Consagração do babalorixá ou iyalorixá para imolação.
Pretos-velhos – Entidade de negros(a) escravizados que têm o profundo conhecimento no trato com uso de ervas.
Axorô – do Yorubá, significa sangue ritualístico.
Pombagira – Entidade feminina do Povo da Rua que representa todo o poder
Babalorixá ou pai-de-santo – Zelador de orixá. Homem que exerce
e exuberância feminina destituída de pecados.
as funções de chefe de culto no terreiro.
Quarto de santo – Local onde ficam guardados os “assentamentos dos orixás”
Balança – Ritual de integração entre o mundo dos homens e os orixás.
e realizam-se cerimônias de grande fundamento.
Belzebu – Entidade cultuada na quimbanda.
Ritual de feitura – Iniciação do noviço.
Bori – Preparação de cabeça para que o orixá chegue.
Ritual de reforço – Fortalecimento de mediunidade.
Caboclos – Guias espirituais cultuados na Umbanda.
Terreiro – Espaço sagrado de matriz africana onde se conserva a tradição,
Cavalo de santo – Indivíduo que é possuído pelo seu orixá pessoal.
a língua e a visão de mundo de matriz africana.
Congá – Palavra Banto que significa portal que liga a Aruanda ao mundo
Yorubá – Língua africana oriunda da Nigéria.
dos homens. Coroação de obrigação – Momento sagrado da sacralização ao Orixá no final da obrigação no Batuque. Corte – Imolação. Ebó – do Yorubá, significa oferenda. Ferramenta de orixá – Adereços consagrados a cada Orixá. Filho-de-santo – Iniciado da religião afro vinculado a um terreiro. Frente de comidas – Oferendas aos orixás. Guias – Colares de contas consagrados aos orixás, caboclos e pretos-velhos. Iyalorixá ou mãe-de-santo – Zeladora de orixá. Mulher que exerce as funções de chefe de culto no terreiro. Incorporação – Manifestação mediúnica.
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Agradecimentos A todos os babalorixás, iyalorixás e filhos-de-santo que confiaram e acreditaram no nosso projeto tornando este livro possível. Em especial a Mãe Bia de Iemanjá, Baba Dyba de Iyemonja, Mestre Borel, Pai Cleon de Oxalá, Pai Dejair de Ogum, Mãe Graça de Oxum Taladê, Mãe Ieda de Ogum, Pai Neco de Oxalá e Mãe Ana Oyá, Mãe Norinha de Oxalá, Pai Pedro de Oxum Docô e Mãe Viviane de Iansã e Pai Ricardo de Oxaguiã.
A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho. Especialmente para: Ângela Magalhães, Diógenes Moura, Milton Guran, Rogério Reis e Pedro Vasques pelos valiosos ensinamentos. Eliane Brum, Fernando Coelho e Alice Barroca pela força, amizade e confiança. Dr. Hédio Silva, Luis Carlos Nascimento, Sérgius Gonzaga e Zulu Araújo, padrinhos do Cavalo de santo. Marília e Marise Fichtner, sogros (em memória), Zezé e João José Caramez, com carinho.
Adair Lemos, Alexandre Reche, André Cypriano, Ana Fagundes, Ana Lombardi, Ari Pedro Oro, Alexandre Santana, Aline Kusiak, Anilson Costa, Baba Xandeco de Xangô, Bella Vista Molduras, Bruno Magalhães, Carlos Fonseca, Claudinho, Preta e Kety Pereira, Cícero Almeida/CCJF-RJ, Casa São Sebastião (RS), Cezar Prestes, Cesar Paz/AG2, Champanharia Ovelha Negra, Daniel de Andrade e Estela Petrasi, Emílio Chagas, Edgar Ruther, Edinho e Rosa Galhardi, Fábio e Biafra Cabral/Sul Fotos, Fábio Bernardi/ Paim Comunicações, Fábio Verçoza, Fabiane Lopes, Fernando e Márcia Keiber/Gaia Cultura e Arte, Flávio Dutra, Flora Leães/Leães Assessoria, Gariba/RGB, Dr. Hélio Ludwing Pereira, Henrique S.Barros/Fundação Palmares, Isabela Sela/Fundação Palmares, Joaquim da Fonseca, Joana Mazza, João Wainer, Jorge Luiz Rodrigues, José Ricardo Horta/CCJF, Kátia Suman, Laura Escorel, Liana Melo, Liége Barbosa, Liliane Magalhães/ Santander Cultural, Luciano Becker/Zero dB, Luís Augusto Fischer, Luiz Affonso e Luis Taboada/Impresul, Marília Corseti, Marcelo Soubhia, Maria Bastos/Santander Cultural, Maria de Oliveira/CCJF-RJ, Dr. José Chaves, Marceu Vieira, Marco Celso Viola, Mãe Dilce, Mãe Dora de Ogum, Mãe Tereza de Ogum, Dr. Moacyr Treisel, Pai Antônio Carlos de Xangô, Pauta Assessoria/Lelei Teixeira e Kixi Dalzotto, Paulo Gasparotto, Pedro Gonzaga, Pedro David Neto, Pedro Becker, Pedro Longhi, Pepê Schitini, Pisco Del Gaiso, Projeto Contato (RS), Ricardo Chaves, Roger Lerina, Rogério Assis, Rosário Malcher/CCJF-RJ, Ronaldo Bernardi, Rui Delgado, Dr. Sérgio Paula Ramos, SIC Contabilidade, Vania Mezzonato e Zeka Araújo.
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Tr an slat ion s -----------P A G E
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T he C a v a l o de s a n t o ,, t hr ou gh th e l en s es of a s a in t w a r r ior The first time I saw Mirian Fichtner’s works, presented in a large curriculum, I thought: why such a qualified and efficient professional needs the Palmares Foundation to have her work published? The pictures were beautiful, her curriculum even more, so what could prevent her from having support and sponsorship to her most daring work: CAVALO DE SANTO? There could be only one reason: the theme. And the theme she was showing did not depend on her quality, experience, or professional practice. After all, the prejudice and the discrimination that still exist in our country, have neither eyes nor ears: they are blind, deaf and indifferent. When she finished telling about the real big problems she was going through to be able to have her work published, I was sad and happy at the same time. Sad for having to recognize, once more, how impregnated the Brazilian society is with prejudice, racial segregation and religious intolerance, and happy for having the possibility of fighting against this terrible cancer that devastates us until today, with the most effective remedy: culture. For this reason, the Palmares Cultural Foundation is honored to be supporting this wonderful capture of the religious African origin cultural manifestations in Rio Grande do Sul, produced by the sensibility, affection and competence
of this brilliant gaucha photographer. Also, we are proud, really proud, of contributing, through this work, with the battle against religious intolerance, which is growing in our country, particularly in the neo-pentecostal movements. The trip Mirian Fichtner’s lenses took through the terreiros, casas de santos, streets and squares of Rio Grande do Sul, capturing singular moments of the relationship between body and soul, faith and happiness, trance and dignity, is as sincere as her words. It is the photographic description of those who, for many centuries, despite being persecuted and vilified in their most sacred values, have continued to generously contribute to the Brazilian civilizing process. It is something you cannot miss. It is beautiful to be seen!
see. For the photographers, they are also a lesson of composition, lighting and concision for the choice of the exact moment in which to give more life to the image.
As if it were a catalogue, here we find every entity, the main ceremonies, the symbolic representations with their material reasons and, above all, the faces, looks and postures of those who intensely live this dimension of spirituality in Rio Grande do Sul. But these pictures go beyond a simple catalogue, because life pulsates behind the images, showing people who are proud of being who they are.
For the adepts and specialists, however, these pictures offer more. They contain the elements which make us recognize the symbolic construction of the basis of afro-brazilian religions, in their development into afro-gaucho religions, as they are already denominated.
A more attentive look will notice that Mirian Fichtner has used both her wide experience as a photographic-reporter and the techniques of the fieldwork of the social sciences: her pictures have the intensity we can only find when the author knows what must be registered, and how to do it. However, she is not an adept, but an accomplice touched by the gift of perceiving what is essential here, in order to go beyond shape and formality, showing the axé of each entity.
Congratulations, Mirian, for the wonderful work. Congratulations for the courage and audacity. Congratulations for pursuing the ideal everyone should have: the ideal of equality.
“Toca a Zabumba que a Terra é nossa!” (“Play the bass drum because the Earth is ours!”)
This is a documentary work, which doesn’t stop in the register of the fact, it submerges in this fact, interacts with it, provokes and offers the representation/interpretation that unveils the construction of a whole symbolic universe. It is the result of an accurate research, based on the experiences of ceremonies, grounded in the mutual confidence, where the author’s talent and technique dialogue directly with the generosity of the characters, who shared all the strength and splendor of their religion. The pictures are beautiful, everyone can
ZULU ARAÚJO
President of the Palmares Cultural Foundation
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photographer and the enchantment of the light which went through creatures and things, in the materialization of this visual inventory of afro-brazilian religions in gaucho lands.
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C aval o d e sant o f o rt e Cavalo de santo (Horse of Saint, in a literal translation) is the result of the complicity among the strength of the religious people, the dedication of the
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Cavalo de santo is an unusual and successful combination of the content accuracy with the visual splendor, thus consisting of both a document about the visible dimension of the Afro-Gaucho cults and a document about the invisible strength that gives them meaning. MILTON GURAN Photographer and Anthropologist
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Afro-gaucho rel ig io n s The afro-brazilian religions in Rio Grande do Sul, have already received the attention of historiographers, sociologists, anthropologists and artists, but it was missing their qualified photographic capture. The gap is being perfectly filled in this book. In the tradition initiated by Pierre Verger, Mirian Fichtner, owner of both a keen artistic sensitivity and an eminent professional qualification, presents us with images, at the same time, delicate and vigorous, sensitive and superb of the afro-gaucho religions, showing all their aesthetic dimension, their
expressive beauty and exuberance. afro-gaucho religions, such as afro-brazilian religions in general, are religions of possession, that is, in the ceremonies, some persons, in a state of trance, are “possessed” by spiritual entities, that, according to the native terminology, “take care of” these people, in whose bodies they can “mount”. Thus, the body of the initiate becomes the “cavalo de santo”. (horse of saint, in a literal translation). Batuque is the name given, in Rio Grande do Sul, to the religion of African origin, which worships the orixás (pagan African divinities). It is also known as “nação”, (nation) in memory of the African nations of the ancestors, who arrived in this territory (Oió, Jeje, Ijexá, Cabinda and Nagô). It is common for its followers to say: “I belong to the nation”. Umbanda – which worships the “Caboclos” , the “Pretos-Velhos”, the “Ibeji” (“Cosmes”, infant spirits) and the orixás of umbanda – and the Linha Cruzada (Crossed Line), or Quimbanda – which worships the Exus, the Pombagiras and the Ciganos (Gypsies) – complete the afro-gaucho religions’ repertoire. The generic word “religion” agglutinates the three mentioned variables, and it is used until today, in the expression: “I belong to the religion”, as a reactive legacy to the accusation of sect, in its pejorative meaning, of which those religions were victims, until some decades ago. The oral tradition in this religious element, indicates that the origin of the batuque is located in the region of Rio Grande and Pelotas, in the south of the state, in the first decades of the 19th century, from there spreading to the rest of the State, and to the frontier
cities in Uruguay and Argentina, and, later, to their federal capitals. We hear about terreiros which used to make “batucadas”(music and rhythms of afro-brazilian dances) in Porto Alegre, in the second half of the 19th century, and in uruguayan and argentinean cities in the 1950s and 60s.
in the country, like Bahia, where there are longevous terreiros, which aggregate hundreds and even thousands of members.
According to the National Census of the year 2000, made by IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics), while in the country, as a whole, there was a reduction from 0.4% to 0.3% of Brazilians belonging to afro-brazilian religions, a reduction of 22.7%, in the same period, in Rio Grande do Sul, for the same religious group, there was a raise of religious belonging declarations from 1.2% to 1.6%, a positive variation of 33.6%. Despite the relativity of these statistical data – due to the brazilian religious culture, which admits multiple religious identities, and to the historical privileged place occupied by the Catholic Church in the national religious ambience – it is obvious the fact that the 2000 Census situates Rio Grande do Sul, as the most afro-religious State in the country, with 1.62% adepts, followed by Rio de Janeiro, with 1.31%. The gaucho terreiros are attended by individuals of different social strata and ethnical identities, with the predominance of afro-descendants and descendants of the several european nationalities that immigrated here. As there are not official statistical data about the number of terreiros in the gaucho territory, I follow the information of qualified members of the “religion” itself, who believe there are about 30 thousand terreiros in this State. For the most part, these terreiros gather a small number of adepts, between 20 and 50, different from other regions
The important afro-religious presence in the second “most light-colored” State of the country, at first wouldn’t adjust to the image we have of Rio Grande do Sul, as a “white”, “catholic” and “modern” state, that exalts the “heroic” figures of the gaucho and of the european immigrants and their descendants and that, just because of it, tends to make negroes and Indians invisible, despite the precious contribution these ethnical groups gave, along the history, to the development of this State. What happens, though, is that here, and all over Brazil, the afro religions and the catholicism have complementary relationships, especially in the point of view of the terreiros’ attendees, once, for them, the subjective experience of pains, afflictions, incertitudes, fears and contradictions tend, to a certain point, to be solved in the sacred spaces where mystery and magic are cultivated, whilst the practices of ritualistic legitimacy which integrate them into the civil society, are reserved to the catholicism. Besides, the gaucho “religion”, but not only it, characterizes for its indulgent nature and non-convertibility, which values the sacred forces, in a modern world that is too rationalistic and discriminating. In great number, the attachment of the catholic gaucho and the one of european origin to the religions of african origin, happens, in the imaginary level, obeying the model of “the wrong way round mask theory”, while they tend to “identify” the catholic saints behind the symbols and
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myths of the orixás and the guides, similar to the african slaves and their descendants, who cultivated their gods/orixás behind the images of the catholic saints. The worshipped orixás in the Batuque are twelve: Bará, Ogum, Oiá (or Iansã), Xangô, Odé, Otim, Ossanha, Obá, Xapanã, Oxum, Iemanjá and Oxalá. Besides them, the eguns (spirits of the dead) are worshipped in some occasions. Like in candomblé, there is a syncretism associated to each orixá, specific of the batuque. Thus, Bará is blended with St Anthony; Ogum, with St George; Oiá (or Iansã), with St Barbara; Xangô (young, with St Michael Archangel; old, with St Jerome); Odé, Otim, with St Sebastian and St Philomena, respectively; Ossanha, with St Joseph, or St Onofre; Obá, with St Catherine; Xapanã, (young, with St Lazarus; old, with Christ of Wounds; Oxum, with Our Lady of Conception; Iemanjá, with Our Lady of Navegantes (Seafarers) and Oxalá, with God and the Holy Spirit. Each orixá has his own characteristics, and a variety of offerings, sometimes resulting from the sacrifice of animals, is destined to them. Also, each orixá is associated to specific colors, being this chromatic relation important in the process of public expression in the identification of the adepts to their orixás of cabeça (head), i.e., their protector saints. There is a similar relationship of specific characteristics, linked to food, colors and symbols, in the umbanda, in relation to the Caboclos and Pretos-Velhos, and in the linha cruzada (crossed line), related to the Exus and Pombagiras. The batuque adapted to the gaucho
culture. Some examples are the appropriation of the barbecue, typical food from Rio Grande do Sul, which became the main food of Ogum; the polenta, which comes from Italy, but is now one of the aliments of Oxum; the baked potatoes, which are offered to the Exus in the encruzilhadas (crossroads); the erva-mate (maté), from which we make the chimarrão (maté tea), and it is added to a broth, offered to the Eguns; the bombacha (traditional gaucho pants), that were integrated as one of the ritualistic uniforms of the batuqueiros and some entities. Especially in the batuque, but also in the other two afro-gaucho religions, there are rituals celebrated in the terreiros, in closed spaces, and others, celebrated in open spaces. The principal ritual of the batuque is called “feast”, divided into three moments: the “serão” (overtime), usually held on a Friday, when animals are sacrificed and food is prepared; the feast itself, which is held the next day, a Saturday, when the members of the house go to the terreiro, together with their guests, friends and followers, all of them wearing their beautiful ritualistic clothes; the next week, the last stage takes place, in which they sacrifice fish. The principal rituals, celebrated in open spaces, happen at the time of the offerings to the orixás in the nature (to Oxum, in the rivers; to Iemanjá, in the sea; to Xangô, in the stone-quarry; to Oxossi, in the woods, etc), or at the time of the “despachos” to the Exus and Pombagiras, in the encruzilhadas (crossroads) of some streets. The Municipal Public Market is another important symbolic place in the sacred urban geography of the “religion”. All
the beginners, who start their insertion in the batuque, ritualistically go there. However, the most important moments of public expression of afro-gaucho religions, happen in festive dates of the catholic saints’ celebrations. On april 23, St George, or Ogum, is celebrated, and, above all, december 8, the day of Our Lady of Conception, when in the river edges, especially the Guaiba River, the feast of oxum is celebrated, and february 2, the day of Our Lady of the Navegantes (Seafarers), when honors are paid to Iemanjá, in the sea.
preserving and translating, visually, one of the most emblematic basis of these religions: the association of the beauty and the sacred. ARI PEDRO ORO Anthropologist and Professor of Anthropology at the Federal University of Rio Grande do Sul
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C a va lo d e Sant o: Fro m bei ng curious to bei ng a n a c c o m pli c e
All these rituals, celebrated inside or outside the terreiros, are ruled by qualified pais e mães-de-santo (priests and sorceresses of afro-brazilian voodoo cults), and by efficient drummers.
Four years ago, when I started doing this work, I tried to dive into an unknown world and make an authorial work with a deep look.
Several aspects pointed above about afro-gaucho religions will be visualized in the pictures that make up the present book. They capture and make evident one of the principal characteristics of these religions, especially of the batuque: their aesthetic dimension. In fact, the adepts of such religions, cultivate beauty with dedication and pomposity, because it is through beauty that they glorify and please the orixás. Therefore, there are the multicolored, bright and even luxury clothes, beads, necklaces and jewelry for the rituals; the beauty and exuberance of cloths, turbans and ornaments; the refinement and plasticity of the terreiros, altars, offerings and food.
In 2005, an IBGE census analysis put Rio Grande do Sul as the Brazilian state having the biggest number of declared adepts and also the biggest number of terreiros in Brazil. I was astonished at these data and at the invisibility and originality of the subject. After studying one hundred terreiros, visiting more than thirty houses and choosing thirteen of them to document, I noticed that the theme did not take part in the official gaucha culture. This suspect was confirmed when I could not find sponsorship for the project, after several refusals.
Mirian Fichtner photographed, with her sensitivity and professional qualification, all the aesthetics, visual experience and splendor of the batuque in particular and of afro-gaucho religions in general. She hasn’t profaned their beauty and art,
The project of the book Cavalo de Santo – Afro-Gaucha Religions was born because of this cultural shock. I started to photograph on June 29th , 2006 , during the celebrations of the Bará at the Public Market of Porto Alegre
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and finished the work in June, 2010. I took more than 10.000 pictures, stored in almost 500 gigabytes of HD and I picked 153 pictures out of them. I photographed pais and mães-de-santo with more than 50 years of initiation and I met people of religion who are proud of their faith and their culture. Combative people who work hard daily, preparing rituals, offers, feasts, helping people and keeping this ancestral culture alive. I visited the terreiros several times to photograph and follow their schedule of activities and rituals, some in extinction, in every type of African religiosity in Porto Alegre, in the metropolitan region, on the coast, and in the south of the state, birth to the African ancestral religions of Rio Grande do Sul. It is necessary to have, besides practice, ability and technical knowledge to live and capture immaterial experiences. It was necessary to bear my soul, to get confidence and authorization. This book would not exist without the research, script and support of my partner Carlos Caramez, and the participation of a helpful production team. This work was a deep dive into a kaleidoscope of energy, colors, lights and sounds that changed my patterns of photographing and living. From being curious and enchanted by the aesthetics of the immaterial culture, I have become an accomplice. MIRIAN FICHTNER Photographer
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G l os s a r y Adjá – Yorubá word that means ritualistic small bell. Alabê – Yorubá word that means drummer, a person who plays the drum and sings in the terreiro during the rituals. Aruanda – A word of Banto origin that means divinatory space, where Exus, Caboclos and Preto-Velhos inhabit. Assentamento – Expression referred to the ritualistic work of the orixás on Earth. Axé – Yorubá word, meaning the power of achievement and transformation, vital force, powers connected to the orixás. Axé de faca – Consecration of babalorixá or iyalorixá for immolation. Axorô – from Yorubá, meaning ritualistic blood. Babalorixá or pai-de-santo – Watcher of an orixá. He is the leader of the religious ritual in the terreiro. Balança – Ritual of integration between mankind and the orixás. Belzebu – Worshipped entity in Quimbanda. Bori – Head preparation for the arrival of the orixá. Caboclos – Spiritual guides worshipped in Umbanda. Cavalo de santo – A person who is possessed by his personal orixá. Congá – Banto word meaning a portal that connects Aruanda to the world of men. Coroação de obrigação – Sacred moment at the end of the obligation, in Batuque. Sacralization for the Orixá. Corte – Immolation. Ebó – From the Yorubá language, it means offering. Ferramenta de orixá – Ornaments devoted to each Orixá.
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Acknowledgements Filho-de-santo – Adept of the afro-religion, connected to a terreiro. Frente de comidas – Offerings to the orixás. Guias – Beads dedicated to the orixás, caboclos and pretos-velhos. Iyalorixá or mãe-de-santo – Watcher of an orixá. A woman who acts as the leader of the religious ritual in the terreiro. Incorporação – mediumistic manifestation. Ilê or house of religion – Name given to the terreiros in Rio Grande do Sul. Jogo de búzios – Divinatory oracle made with shells. Mesa de frente – Offerings to the Orixás. Mãe-pequena and Pai-pequeno – Second person in the hierarchy of the religious ritual in the terreiro. Obrigação – A ritual of Batuque. Oferendas – food and objects offered to ask for the orixás. Orixás – Deities of african origin. Pretos-velhos – Entities of black slaves, who have a deep knowledge about herbs. Pombagira – Female entity of the Povo da Rua, who represents all the power and female exuberance, having no sins. Quarto de santo – Place where the orixás’assentamentos are kept and where cerimonies of justification and consecration are held. Ritual de feitura – Initiation of the apprentice. Ritual de reforço – Invigoration of mediumship. Terreiro – Sacred space of african origin, and where this origin is conserved through tradition, language and worldview. Yorubá – African language from Nigeria.
To all the babalorixás, iyalorixás and filhos-de-santo who trusted and believed in our project, making this book possible. Specially to: Mãe Bia de Iemanjá, Baba Dyba de Iyemonja, Mestre Borel, Pai Cleon de Oxalá, Pai Dejair de Ogum, Mãe Graça de Oxum Taladê, Mãe Ieda de Ogum, Pai Neco de Oxalá and Mãe Ana Oyá, Mãe Norinha de Oxalá, Pai Pedro de Oxum Docô and Mãe Viviane de Iansã and Pai Ricardo de Oxaguiã. To every person who, directly or indirectly, contributed to the accomplishment of this work. Specially to: Ângela Magalhães, Diógenes Moura, Milton Guran, Rogério Reis and Pedro Vasques for the important lessons. Eliane Brum, Fernando Coelho and Alice Barroca for the support, friendship and confidence. Dr. Hédio Silva, Luis Carlos Nascimento, Sérgius Gonzaga and Zulu Araújo, Cavalo de Santo’s godfathers. Marília and Marise Fichtner, parents-inlaw (in memoriam) and Zezé and João José Caramez, affectionately. Adair Lemos, Alexandre Reche, André Cypriano, Ana Fagundes, Ana Lombardi, Ari Pedro Oro, Alexandre Santana, Aline Kusiak, Anilson Costa, Baba Xandeco de Xangô, Bella Vista Molduras, Bruno Magalhães, Carlos Fonseca, Claudinho, Preta e Kety Pereira, Cícero Almeida/ CCJF-RJ, Casa São Sebastião (RS), Cezar Prestes, Cesar Paz/AG2, Champanharia Ovelha Negra, Daniel de Andrade e
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Estela Petrasi, Emílio Chagas, Edgar Ruther, Edinho e Rosa Galhardi, Fábio e Biafra Cabral/Sul Fotos, Fábio Bernardi/ Paim Comunicações, Fábio Verçoza, Fabiane Lopes, Fernando e Márcia Keiber/Gaia Cultura e Arte, Flávio Dutra, Flora Leães/Leães Assessoria, Gariba/ RGB, Dr. Hélio Ludwing Pereira, Henrique S.Barros/Fundação Palmares, Isabela Sela/Fundação Palmares, Joaquim da Fonseca, Joana Mazza, João Wainer, Jorge Luiz Rodrigues, José Ricardo Horta/ CCJF, Kátia Suman, Laura Escorel, Liana Melo, Liége Barbosa, Liliane Magalhães/ Santander Cultural, Luciano Becker/ Zero dB, Luís Augusto Fischer, Luiz Affonso e Luis Taboada/Impresul, Marília Corseti, Marcelo Soubhia, Maria Bastos/ Santander Cultural, Maria de Oliveira/ CCJF-RJ, Dr. José Chaves, Marceu Vieira, Marco Celso Viola, Mãe Dilce, Mãe Dora de Ogum, Mãe Tereza de Ogum, Dr. Moacyr Treisel, Pai Antônio Carlos de Xangô, Pauta Assessoria/Lelei Teixeira e Kixi Dalzotto, Paulo Gasparotto, Pedro Gonzaga, Pedro David Neto, Pedro Becker, Pedro Longhi, Pepê Schitini, Pisco Del Gaiso, Projeto Contato (RS), Ricardo Chaves, Roger Lerina, Rogério Assis, Rosário Malcher/CCJF-RJ, Ronaldo Bernardi, Rui Delgado, Dr. Sérgio Paula Ramos, SIC Contabilidade, Vânia Mezzonato e Zeka Araújo.
I n dex of phot ogr a phs
p. 48 A fifty-one year old Ebó belonging to Mãe Graça, at the Spirit Center Oxum Xangô, in Rio Grande/RS.
Book cover – Detail of an initiation ritual in the Batuque. Flyleaf – Oxalá’s guia. pp. 2-3 The 12 most worshipped Orixás in the Batuque of Rio Grande do Sul with Pai Cleon de Oxalá (center) in the banks of the Guaiba River in Porto Alegre. From left to right: Bará, Xangô, Iansã, Oxum, Oxalá, Iemanjá, Ibeji, Ogum, Odé and Otim, Obá, Ossanha, Xapanã. pp. 4-5 Mãe Ana de Oyá and Pai Neco de Oxalá with their daughter Andressa at the Ilê Oni Elegbara.
p. 49 Cauã, Mãe Graça’s grandson, with adjá in front of the alabês. BATUQUE NATION p. 30 Detail of Iemanjá’s party in Rio Grande/RS. pp. 32-33 Offering to Bará at the Public Market of Porto Alegre/RS. pp. 34-35 Filha-de-santo at Oxum’s party in the Guaíba River, Porto Alegre/RS. p. 36 Feast of Oxum, Ipanema beach, Porto Alegre/RS.
pp. 6-7 Master Borel in front of his house, in Restinga neighborhood, Porto Alegre.
p. 37 Filhos-de-santo with typical gaucho pants in offerings to Ogum, with rib barbecue at Marinha do Brasil Park, Porto Alegre/RS.
p. 9 Daughter of Oxum in the Domain of Oxalá of Pai Cleon de Oxalá. pp. 10-11 Mãe Ieda do Ogum in her Ilê Nação (Nation) Oyó.
pp. 38-39 Baba Dyba de Yemonjá with offerings to Xangô in Pedra Redonda, Porto Alegre/RS.
pp. 12-13 Mãe Graça de Oxum Taladê with Eliane Ávila, Mãe-pequena, Luis Rogério Tavares Jr. Mãe Graça’s son and, at the same time, Pai-pequeno and Cauã, Mãe Graça’s grandson, in the Harbour of Rio Grande City/RS.
p. 40 Offering in the monument to the Lassoer with Pai Pedro de Oxum Docô. p. 41 Baba Xandeco de Xangô in a workshop of orixás with children of the project Olá Sì Bó da Associação Clara Nunes, in Morro da Polícia, Porto Alegre/RS.
p. 14 Details of guias. From left to right: Pai Cleon de Oxalá, Mãe Graça de Oxum Taladê.
p. 50 Balança moment, where the Orixás arrive for the Batuque of 25 years at the Ilê Iyemonjá Omi Olodô and C.E.U. Cacique Tupinambá. p. 51 Filho-de-santo in the Ebó of fiftyone years old of Mãe Graça, at the Spirit Center Oxum and Xangô, in Rio Grande/RS. p. 52 Wedding ritual in african religion, at the Ilê Iyemonjá Omi Olodô and C.E.U. Cacique Tupinambá. p. 53 Catholic priests watching afro-religious rituals. pp. 54-55-56-57 Mãe Graça de Oxum Taladê with her filhos-de-santo making offers to Iemanjá, Cassino Beach/RS. p. 59 Pai Cleon de Oxalá before a Batuque session, in his terreiro Domain of Oxalá, Porto Alegre/RS. pp. 60-61 Filhos-de-santo in ritual of obrigação at Oxalá’s Domain. pp. 62-63 Pai Cleon de Oxalá preparing the offering table to the Orixás.
p. 16 Offerings to the Orixás.
p. 42 Mães-de-santo at the Public Market, Porto Alegre, RS.
pp. 64-65 Preparation of food to the Orixás.
p. 18 A guia being prepared at the Ilê dos Orixás.
p. 43 First walk against Religious Intolerance, 2009, Porto Alegre/RS.
pp. 66-67 Frente de comidas to the Orixás at Pai Cleon’s Domain of Oxalá.
p. 20 Detail of an Axé de facas.
p. 44 Filhas-de-santo representing the Orixás Ogum and Iansã at Oxum’s party on Pintada Island, Porto Alegre/RS.
pp. 68-69 Preparation of guias to the Orixás at the Ilê dos Orixás, São Leopoldo/RS.
p. 45 Pai Neco de Oxalá with his ferramentas de Orixá and Mãe Ana de Oyá at Associação Beneficente Centro Cultural Africano de Oxalá.
pp. 70-71 Ritual to hand in Axé de Facas at Pai Dejair de Ogum’s Ilê dos Orixás.
p. 22 Offering to Ogum. p. 24 Offerings at quarto de santo and Congá. p. 28 (a) Basket with ferramentas de Orixás. (b) Prosperity axés of Pombagira Maria Molambo.
p. 72-73 Purification of filhos-de-santo in a feitura ritual at the Ilê dos Orixás.
p. 46 Master Borel in his quarto de santo. p. 47 Mãe Norinha in her quarto de santo.
p. 74 Request of blessing to Pai Xangô at the Ilê dos Orixás. p. 75 Offerings to rituals of corte at the Ilê dos Orixás.
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pp. 76-77 Ritual of Bori in the feitura of a filha-de-santo at the Ilê dos Orixás.
p. 97 Cacique Tupinambá of Baba Dyba de Iyemonjá in an Umbanda ritual in his Ilê.
p. 115 Pombagira in a love dance, in the humbleness ritual.
p. 78 Filho-de-santo making Bori to his Orixá.
pp. 98-99 Umbanda’s ritual at the Ilê Iyemonjá Omi Olodô and C.E.U. Cacique Tupinambá, Cassino Beach/RS.
pp. 116-117 Gypsy Sara in a gypsy’s ritual of wealth and prosperity at the Ilê Oni Elegbara.
pp. 100-101 Preto-velho Vovô Cipriano de Baba Dyba de Yemonjá in a ritual, Cassino beach/RS.
pp. 118-119 Ox ritual in the celebration of 42 years of Exu Belo de Pai Neco de Oxalá’s assentamento.
p. 79 Coroação de obrigação of a filhode-santo to his Orixá. p. 80-81 Preparation of food for the Orixá’s party at the Ilê dos Orixás, São Leopoldo/RS.
p. 120 Table of abundance and prosperity where Ox axés were put down at Exu Belo’s 42 years of assentamento. p. 121 Filho-de-santo receiving health Axé with Axorô. p. 122-123 Pombagira Rainha das Almas in a health ritual with axorô. GYPSIES, E XUS AND POMBAGIR A S
C ABOCLOS AND PRETOS-VELHOS p. 82 Congá at the Ilê Axé Iyemonjá Omi Olodô and C.E.U. Cacique Tupinambá, Porto Alegre/RS. pp. 84-85 Mãe Dora de Ogum and Pai Ricardo de Oxaguiã at the party of the Caboclo Arranca Toco at the Ilê Oxaguiã, Canoas City/RS. p. 87 Preto-velho Pai Antônio da Bahia da Banda de Lá of Mãe Ieda de Ogum. pp. 88-89 Ritual of Umbanda with Pretovelho Pai Antônio da Bahia da Banda de Lá, at the Ilê Nação (Nation) Oyó de Mãe Ieda de Ogum, Porto Alegre/RS. pp. 90-91 Ritual of Umbanda with Mãe Bia de Iemanjá, Mãe Leoni and filhos-desanto, greeting Oxum in the banks of the Guaíba River, Porto Alegre/RS. pp. 92-93 Ritual of Umbanda of Mãe Bia de Iemanjá in the banks of the Guaíba River. pp. 94-95 Ogum’s party in the terreiro of Mãe Tereza de Ogum on Pintada Island, Porto Alegre/RS. p.96 Umbanda’s ritual at the Ilê Iyemonjá Omi Olodô and C.E.U. Cacique Tupinambá, Porto Alegre, RS.
P. 125 Pombagira Rainha das Almas in a health ritual with axorô.
p. 102 Image of Belzebu at the Ilê Oni Elegbara. pp. 104-105 Exu’s ritual at the Ilê Oni Elegbara in Morro de Santa Teresa, Porto Alegre/RS. p. 106 Exu Belo de Pai Neco de Oxalá and Pombagira Rainha das Almas de Mãe Ana de Oyá, at the party of 41 years of Exu Belo’s assentamento. p. 107 Exu Belo at the party Alma Cigana (Gypsy Soul), at Moinhos de Vento Park, Porto Alegre/RS. p. 108 Exu Belo and Pombagira Rainha das Almas at the party of 42 years of Exu Belo’s assentamento. p. 109 Gypsy’s engagement ritual at the Ilê Oni Elegbara. p. 110 Exu Rei das 7 Encruzilhadas de Pai Antônio de Bará at the Exu Belo’s party. p. 111 Gypsy Exu Tiriri de Pai Paulinho de Ogum at the party Alma Cigana. p. 112-113 Exus and Pombagiras at the party of 41 years of Exu Belo’s assentamento.
p. 138 Greetings to Oxum, Ipanema Beach, Porto Alegre/RS. p. 140-141 Oxum’s party, Ipanema Beach, Porto Alegre/RS. p. 143 Statue of Iemanjá, Tramandaí Beach/RS. pp. 144-145 Offering to Iemanjá, Tramandaí Beach/RS. p. 146 Iemanjá’s party, Tramandaí Beach/RS.
p. 126 Detail of the table of Pombagira Maria Molambo de Mãe Graça de Oxum Taladê at the Spirit Center Oxum and Xangô, Rio Grande/RS.
p. 147 Oxum’s party, Ipanema Beach, Porto Alegre/RS.
p. 127 Pombagira Maria Molambo’s aruanda.
p. 148 Boats with offerings to Iemanjá, Cassino Beach/RS. p. 149 Offerings of roses to Iemanjá, Cassino Beach/RS.
p. 128 (a) Mãe Graça in front of the Pombagira Maria Molambo’s aruanda. (b) Mãe Graça in front of the Pombagira Maria Molambo’s aruanda.
pp. 150-151 Devotees observe the transfer of Iemanjá’s image at the party of Oxalá’s Domain, Tramandaí Beach/RS.
p. 129 Pombagira Maria Molambo in front of her house.
pp. 152-153 Devotees leave offers at Iemanjá’s monument, Cassino Beach/RS.
pp.130-131 End of Pombagira Maria Molambo’s Ebó.
pp. 156-157 Devotees make offers to Iemanjá, Tramandaí Beach/RS.
pp. 132-133 Detail of the table of Pombagira Maria Molambo.
Inside cover – Filha-de-santo with an offering to Oxum.
p. 134 Exú Zé Pilintra at Pombagira Maria Molambo’s Ebó. p. 135 Pombagira Maria Molambo in her Ebó. pp. 136-137 Exú Maioral and Pombagira Maria Molambo.
p. 114 Ritual of fertility offered to the newlyweds in a gypsy’s party at the Ilê Oni Elegbara.
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POPULAR FEASTS
F I C H A
T É C N I C A
| C R E D I T S
Elaboração Projeto | Project
Carlos E. Caramez e Mirian Fichtner Coordenação Editorial | Editorial Coordination
Carlos Eduardo Caramez Fotografias | Photographies
Mirian Fichtner Edição de Fotografias | Editing of photographies
Mirian Fichtner Progeto Gráfico | Design
C O N T A T O S
| C O N T A C T S
Baba Dyba de Iyemonja Ilê Axé Iyemonjá Omi Olodô http://babadybadeyemonja.blogspot.com dyba@terra.com.br Mãe Bia de Iemanjá Centro de Umbanda Reino de Yemanjá e Oxossi biatabaxe@yahoo.com.br Pai Cleon de Oxalá Reino de Oxalá www.reinodeoxalá.com.br
Traço Design Textos de Apresentação | Introductions
Zulu Araújo, Sérgius Gonzaga, Milton Guran, Ari Pedro Oro Versão para o inglês | Translation to English
Cristina Macedo/Porto Poesia Revisão de Textos | Texts Revision
Renato de Mattos Motta/Porto Poesia Supervisão Gráfica | Graphic Supervision
Mirian Fichtner e Impresul Assistentes de Fotografia | Photography Assistants
Maurício Gomes, Mateus Bruxel Tratamento de Imagens | Image Processing
Meca/Sulfotos Impressão e pré-impressão | Print & prepress
Impresul Produção Executiva | Executive Production
Pluf Fotografias e Brasiliana Rio Eventos Culturais Gerência Administrativa | Administrative Management
Pai Dejair de Ogum Ilê dos Orixás paidejairdogum@bol.com.br Mãe Graça de Oxum Taladê Centro Espírita de Oxum e Xangô mgracadoxum@bol.com.br www.maegracadoxum.com.br Mãe Ieda de Ogum Ilê Nação Oyó www.maeiedadogum.webnode.com.br Mãe Norinha de Oxalá Ilê Cultural Beneficiente Pai Oxalá e Iemanjá maenorinha@gmail.com Pai Neco de Oxalá e Mãe Ana Oyá Ilê Oni Elegbara/ Associação Beneficente Centro Cultural Africano Reino de Oxalá www.paineco.com.br Pai Pedro de Oxum Docô e Mãe Viviane de Iansã Ilê Oxum Docô www.oxum.com.br
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“Mirian Fichtner trabalha nesse livro absolutamente singular, cheio de flagrantes insólitos e belíssimos sobre um universo do qual nós, porto-alegrenses e gaúchos, pouco sabíamos. Em uma província que tende a se ver como branca, a religiosidade afro-brasileira é frequentemente ignorada, apesar de sua enorme vitalidade. As fotos de Mirian Fichtner são um inédito documento social e humano sobre práticas populares, quase sempre invisíveis no Sul.” SERGIUS GONZAGA | Secretário Municipal de Cultura de Porto Alegre
“Cavalo de Santo” é um caso raro de combinação bem sucedida do rigor de conteúdo com o esplendor do visual. MILTON GURAN | Antropólogo e Fotógrafo
O passeio que as lentes de Mirian Fichtner fizeram pelos terreiros, casas de santos, ruas e praças do Rio Grande do Sul, registrando momentos singulares da relação entre o corpo e alma, entre a fé e a alegria, entre o transe e a dignidade é sincero como a sua fala. É o relato fotográfico daqueles que há séculos, apesar de perseguidos e vilipendiados naquilo que possuem de mais sagrado, continuam contribuindo generosamente para o processo civilizatório brasileiro. É algo imperdível. É lindo de se ver! “Toca a Zabumba que a Terra é nossa!” ZULU ARAÚJO | Presidente da Fundação Cultural Palmares