Barbudinho ANDARILHO
ConexĂľes / Processos Criativos/ 2020
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Favela do Guarabu, Morro do DendĂŞ.2015
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Introdução Rua 1 Conexões Rua 2 Motion Graffiti Ladeira do Castro Rua 3
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Quem é o Cazé? Fernando José (nome de batismo) ou Cazé, inicia sua trajetória como artista urbano no início dos anos 2000. Tudo começa na rotina escolar, no trajeto Copacabana x Méier, durante o qual começa a enxergar as pichações, manifestações artísticas urbanas, que dialogam com a arquitetura da cidade. Nesse trajeto Cazé percebe que para entrar no universo urbano, ele também precisa de uma identidade. No trajeto, ele passa a identificar uma pichação que chamava atenção dele com frequência que se chamava CASS, cuja estética bem diferente ganhou a atenção dele, que já estava buscando uma identidade artística, o famoso vulgo, como se chama na linguagem de rua. Em muitos lugares Fernando José era Zé, Zezinho ou mesmo Fernando José. 7
Foi dentro desta loucura nominal, que nasceu a fusão da necessidade de se expressar com a necessidade de já entrar com um nome artístico de peso, trazendo memórias ao nome, então a partir da pichação CASS + ZÉ, nascia Cazé! Cazé por um longo período assinou também seu sobrenome e colocava Cazé Sawaya. Porém, por entender que soava complexo, o simplificou e atualmente assina Cazé Arte, passando um entendimento melhor para quem lê, acompanha e coleciona o trabalho do artista. O início da jornada A trajetória começa como a maioria dos artistas urbanos, primeiros riscos pelo bairro, desafiando seguranças de rua, policiais à paisana e muita adrenalina. Essa é a parte imprescindível para se entender 8
como funciona a rua e suas regras. Passada essa fase inicial das tags pelo bairro ou as famosas pichações, Cazé começa a se juntar a artistas da escola na qual estudava no Méier e começa a sua primeira Crew (as famosas gangues de graffiti) a Vírus Crew. Era composta por 4 integrantes Grau, Pinda, Hugo e Cazé. Linha Amarela, altura do Cachambi era um dos pontos de encontro para se escrever as famosas 9
letras gordas, o período pelo qual todo artista urbano deveria passar, desenhando letras na parede. A partir daí começou a surgir o apetite de explorar novos horizontes através de personagens imaginários, no Méier, a Nação Crew era bem presente e Cazé, assim como toda parte da sua geração, foi fortemente influenciado por eles, sendo a Flesh Beck Crew, Acme e Gloye, dentre tantos outros que estavam em seu trajeto Copacabana x Méier. Os primeiros personagens foram os de cabeça quadrada e boca aberta, que durante uns 4 anos Cazé desenhou na rua. Naquele período, já identificou que o que mais lhe motiva a estar na rua era o de desenhar personagens. Passado este período, inicia-se a fase dos personagens com músculos, corpos bem marcados e vetorizados. Cazé começa a parceria com o artis10
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ta Tijucano Fábio Efixis, que foi bem duradoura e teve várias fases. Esses personagens foram feitos pelo bairro da Tijuca, Vila Isabel, Maracanã e adjacências, por se tratar de uma área bem urbana e com boas paredes. É em 2008 após essa fase dos músculos, que vem a virada de chave para se começar uma trajetória marcante. A trajetória dos Barbudinhos! Nasceram da necessidade de expressar algo que fizesse mais sentido de forma pessoal para o Cazé e tivesse mais personalidade, dando mais destaque aos murais. Os primeiros personagens eram com cabeças arredondadas, cabelo grande, cavanhaque, bigode, barba, sobrancelha grossa e não tinham olhos e nem bocas, eram formas que chamavam a atenção pela fisionomia nada convencional do cotidiano carioca. A partir de 2013 esses personagens 12
começam a ganhar uma nova fisionomia, com mais movimento e uma cara nova. Uma fase que Cazé chama de monocromática, onde os murais sempre eram trabalhados em uma cor e sua variante. Essa fase durou uns 2, 3 anos e em 2015 Cazé teve um novo estalo! Percebeu que estava com o trabalho estagnado e parado no tempo, foi hora de parar e ir buscar conhecimento fora da rua, na academia. Foi estudar formação de personagem (Character Design) na escola ICS em São Paulo, se formou com o professor Paulo Ignez, quem foi o primeiro mentor do artista. Através desse curso, Cazé descobriu um novo sentido para os seus personagens. Eles se tornaram atrativos, persuasivos e comunicativos. Uma nova era nascia para o artista e sua criação. Começava aqui a história do Barbudinho Andarilho… 13
Barbudinho Andarilho O Barbudinho já era um personagem do cotidiano urbano da cidade do Rio de Janeiro, que o artista urbano Cazé criou em 2008. Alguns anos se passaram e em 2015, na necessidade de trazer um projeto e personagem que ocupasse e dialogasse com a cidade novamente, interagindo com o cotidiano urbano, surgia o Barbudinho Andarilho. Um personagem carismático, com o instinto explorador e que traz na mochila ideias e vivências de lugares por onde passou. Sempre protegido pelo seu chapéu e casaco, faça chuva ou faça sol, às vezes acompanhado de sua gatinha Alice, por onde passa, o Andarilho está sempre transmitindo uma mensagem. Cazé, artista Urbano do Rio de janeiro, utiliza a cidade como pla14
taforma de comunicação para expor seus pensamentos artísticos. Tem como pesquisa atualmente o estilo impressionista, trazendo uma técnica única para a Arte Urbana. Já teve murais expostos no Brasil, Peru, França, Portugal, Londres e Guiné-Bissau. Atua também como curador; Galeria Providência(2017 e 2018) e Babilônia(2017), pequenas galerias de arte urbana dentro de favelas no estado do Rio de Janeiro e criou a Ladeira do Castro, primeira Galeria de Arte Urbana na cidade do Rio de Janeiro que conecta os bairros da Lapa e Santa Teresa.
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CONEXĂ•ES Artistas conectados @disformers @fabiobiofa @tintafresca_one @onestodiesel @caio.alf @nadigraffiti @ castleonardo @gut.graff @efixis
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O real graffiti é feito de conexões urbanas. De vivenciar a cidade e respirar o que ela tem para nos oferecer. Essa sessão é dedicada a alguns amigos com quem tive a oportunidade de compartilhar bons momentos na rua.
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Barbudinho, nunca parado, sempre foi um personagem inquieto e em movimento. Pensando sobre a inquietude de seu personagem e entendendo o significado dele transitando pela cidade, CazĂŠ percebeu que poderia dar uma vida ainda maior ao personagem, correlacionando a ideia de ele estar sempre em movimento, perambulando pelo cotidiano urbano. Eis que nasce a ideia do Motion Graffiti.
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A proposta era fazer o Andarilho em quadros sequenciais (usando o conceito de animação), criando uma ilusão do personagem em movimento. Ora com 10 quadros sequenciais ou apenas 3 quadros. A ideia inicial nasceu com foco nas pessoas que transitam pela rua, mas ganhou vida e foi para a internet em formato de gif. animado, alcançando novos públicos e plataformas.
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Para explicar como surgiu o mural Guerra do Ego, é necessário explicar a existência da primeira Galeria de Arte Urbana na cidade do Rio de Janeiro, a Ladeira do Castro. A Ladeira do Castro surge em 2016, com iniciativa e idealização do artista Cazé, no intuito de se fomentar a arte urbana na cidade do Rio 112
Ego
de Janeiro, entregando à cidade um ponto turístico de arte urbana, com alguns dos principais artistas da cidade, do Brasil e do mundo. Uma iniciativa de ocupação colaborativa e com autorização dos moradores da Ladeira, nasceu a primeira galeria urbana, localizada no bairro da Lapa e se conectando com o 113
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Largo dos Guimarães em Santa Teresa, Rio de Janeiro. Para que o projeto se iniciasse com o pé direito, Cazé, que já estava há tempos refletindo sobre o cenário artístico urbano e seus desafios, conflitos e egos, queria retratar essa inquietude em um grande mural. Em uma de suas visitas ao museu de Belas Artes no Rio de Janeiro, buscando inspiração para o seu trabalho, se deparou com o quadro Batalha do Avaí do artista brasileiro Pedro Américo e toda a sua grandiosidade. Além da qualidade da pin115
tura, composição e narrativa de tirar o fôlego, uma das coisas que mais lhe chamou a atenção, foi perceber o artista se colocando na pintura como um dos soldados. Essa escolha fez o Cazé refletir se ele e os outros soldados, de forma repetitiva, não pudessem ser o Andarilho, lutando contra si e os desafios de uma vida artística urbana, abarrotada de conflitos e egos inflados. Assim, nascia a Guerra do Ego e sua grande batalha, abrindo caminho e colorindo a Ladeira do Castro, uma Galeria de Arte Urbana, no coração da cidade do Rio de Janeiro. 116
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