CORREIO BRAZILIENSE
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Brasília, quarta-feira, 30 de novembro de 2016
1973 Reprodução Twitter
Océueraolimite LEONARDO CAVALCANTI
Uma tragédia deixa marcas para sempre. Por segundos, minutos, horas, é capaz de arrancar a alma daqueles que ficam. É a dor muda da perplexidade. A queda do avião com a delegação da Chapecoense abre um vazio sem marcações de espaço e tempo, pois é eterno. Vai além das fronteiras da Arena Condá, o estádio de futebol do clube, e absorve corações e mentes. É a morte amplificada dos meninos de uma cidade, Chapecó, que escapa para o mundo. O dia 29 de novembro de 2016 nunca mais será esquecido. Ontem, ainda nas primeiras horas da manhã, a aeronave caiu próximo a Medellín, a cidade colombiana do Atlético Nacional, o clube que enfrentaria a Chapecoense no primeiro jogo da decisão da Copa Sul-americana. O time da Colômbia foi capaz de fazer uma das maiores homenagens ao
adversário, ao pedir à Conmebol que desse o título à equipe brasileira. Outros clubes recomendaram à CBF que mantenha a Chapecoense por três anos na elite — e prometeram emprestar jogadores para a equipe. Setenta e uma pessoas morreram no acidente, incluindo 19 atletas do time catarinense. Seis escaparam — o goleiro Jackson Follmann, o zagueiro Neto e o lateral Alan Ruchel, além de um jornalista e dois tripulantes. O goleiro Danilo chegou a ser resgatado com vida, mas não resistiu. Danilo foi o herói do último jogo da Chapecoense na Sul-Americana, na semana passada, contra o San Lorenzo. Na narração de Deva Pascovicci — que morreu no acidente —, o goleiro salva uma bola, aos 49 minutos do segundo tempo. “Está viva a história da Chapecoense”, gritou Deva. Sim, a Chapecoense está mais viva do que nunca. Para sempre.