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Trabalho formação profissional CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 24 de junho de 2012
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Editora: Ana Sá anasa.df@dabr.com.br trabalho.df@dabr.com.br Tel: 3214 1182
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Segundo pesquisa, o Brasil é o segundo país no mundo com maior dificuldade em encontrar profissionais qualificados. Investir nas mulheres e nos mais experientes são possíveis soluções
Buscaportalentos Janine Moraes/CB/D.A Press
» MARIANA NIEDERAUER Brasil é o segundo país onde os empregadores têm mais dificuldade em preencher as vagas oferecidas, atrás apenas do Japão. É o que aponta pesquisa do grupo especializado em gestão de pessoas Manpower, realizada no primeiro trimestre de 2012. No topo da lista dos profissionais mais difíceis de encontrar estão os técnicos, os trabalhadores de ofício manual e os engenheiros. O problema atinge o resto do mundo também. Em levantamento feito este ano pela empresa de auditoria e consultoria internacional PwC com executivos de alto escalão, a falta de qualificação na mão de obra foi apontada como a segunda principal barreira para o crescimento das empresas, depois da recessão econômica mundial. O sócio da PwC Brasil João Lins aponta duas formas de as empresas dos mercados emergentes tentarem solucionar o problema. A primeira é valorizar o trabalho da mulher e criar condições para mantê-la na organização. Elas estão mais qualificadas: ultrapassam a metade dos doutores do país, segundo dados de 2010 do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Ainda assim, recebem o equivalente a 72,3% do salário dos homens que ocupam a mesma posição no mercado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, as mulheres são a maioria da força de trabalho no país — representam 54,6% da população ocupada. “As empresas têm de criar um ambiente que favoreça a progressão feminina na carreira”, diz Lins. Elisângela Abrantes, 39 anos, é gerente administrativa de uma rede de drogarias em Brasília. Ela sente que as mulheres fazem um esforço maior para provar competência. Elisângela foi promovida a gerente há três anos. Recebe salário igual ao de outros funcionários que ocupam a mesma posição na empresa, pois a base remuneratória é referente ao cargo, e os critérios de promoção levam em conta o desempenho do profissional e não o sexo. Para ela, essa valorização faz com que tenha prazer em trabalhar e sinta vontade de se manter na rede. “É uma troca mútua aqui dentro, eu doo muito de mim, e a empresa reconhece”, conta.
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Outra maneira de evitar problemas com a falta de mão
Gestão estratégica Especialistas sugerem que as empresas integrem a área de recursos humanos com o planejamento do negócio. Confira as dicas da consultora Valéria Fernandes. » Planejamento
» Capacitação
» Retenção
Existem momentos em que o mercado apresenta uma demanda maior por profissionais de áreas específicas. Com planejamento eficaz, o RH não será pego de surpresa, e a empresa poderá se posicionar melhor nessas situações. Ficará mais fácil saber onde estarão os trabalhadores com o perfil mais próximo do que a organização precisa.
A partir do planejamento, é possível desenvolver várias ações, como dar atenção aos recém-formados e prepará-los para assumir posições futuras. Podem ser feitos programas específicos para estagiários, com treinamento, parcerias com consultorias e escolas externas, mas também com profissionais da própria empresa, para passar adiante o conhecimento.
A melhor maneira de manter profissionais talentosos na empresa é dar ao funcionário oportunidade de crescimento interno. É preciso deixar claro os possíveis desafios que o profissional enfrentará para alcançar posições. Ele é quem vai decidir qual caminho seguir para chegar ao cargo que almeja.
Excesso de exigências
de obra é aproveitar melhor o talento de profissionais mais experientes, segundo João Lins. Como a expectativa de vida no país já alcançou 73 anos, os trabalhadores têm condições de se manter no mercado por mais tempo e evitar uma aposentadoria precoce. Quem já se aposentou ou está próximo disso pode trabalhar na transmissão de conhecimento dentro da organização, orientando profissionais mais jovens. “É preciso adaptar as condições de carreira para utilizar essas pessoas de uma maneira mais inteligente”,
afirma o sócio da PwC. O professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV) João Baptista Brandão concorda. Segundo ele, formar jovens líderes é um processo demorado, que leva de cinco a 10 anos. Portanto, aproveitar o conhecimento de pessoas experientes é uma boa opção. “Consigo formar um líder quando eu tenho um outro líder maduro dentro da empresa”, afirma Baptista. O consultor Eduardo Riether, 66 anos, aposentou-se aos 53. Depois de quatro anos parado,
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Bagagem
Promovida a gerente, Elisângela se sente valorizada e estimulada a crescer
resolveu voltar ao mercado. Ele é um dos 2,65 milhões de brasileiros com mais de 65 anos que estão na ativa, segundo dados do Censo 2010. Após trabalhar com vendas na área de informática, hoje presta consultoria para empresas desse setor e de outros ramos. Na aposentadoria, obteve cinco certificações em coaching. “Eu mostro como é o envolvimento com uma venda em tecnologia. Não é simplesmente chegar e apresentar o produto. É preciso fazer um levantamento do que o cliente está precisando”, argumenta.
Parte do problema pode estar, segundo Brandão, da FGV, nas exigências que as empresas fazem durante o recrutamento dos funcionários, pois, às vezes, busca-se apenas profissionais que se encaixam em todos os quesitos desejados. Ele aconselha que elas utilizem métodos de recrutamento mais objetivos, simples e baratos, e depois ofereçam capacitação ao profissional contratado. No entanto, o esforço das empresas pode ser insuficiente se o mercado não contribuir. O professor de pós-graduação em economia da Universidade Católica de Brasília (UCB) Gilson Geraldino Silva acredita que se trata de um problema estrutural, já que, segundo ele, a legislação trabalhista é antiquada e os custos tributários para contratação e produção no Brasil são altos. “Isso atrapalha a capacidade das em-
presas brasileiras de concorrerem no resto do mundo”, destaca. Para ele, encontrar e reter talentos depende de uma política de Estado, com a participação, inclusive, do setor privado e dos poderes Legislativo e Judiciário. NapesquisadoManpower,34% dos mais de 38 mil empregadores entrevistados no mundo disseram ter dificuldade em preencher as vagas oferecidas. Entre os executivos brasileiros, o percentual chega a 71%, e há risco de um impacto direto no crescimento do país, segundo o presidente do grupo no Brasil, Riccardo Barberis. Para ele, encontrar talentos será o grande desafio das corporações no futuro. “As empresas que vão liderar a economia global são as que têm visão de longo prazo”, conclui.
LEIA NA PRÓXIMA EDIÇÃO Reportagem sobre a escassez de trabalhadores de nível técnico
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CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 12 de agosto de 2012 • Trabalho • 3 » EVENTOS
FEIRA DE ESTUDANTES NO PÁTIO Alunos do ensino médio, pré-vestibulandos e profissionais recém-formados formam o público-alvo da Feira Capital Estudante, que ocorre de quinta-feira a domingo (16 a 19), das 10h às 22h, no Shopping Pátio Brasil. O acesso ao evento é livre e a programação inclui testes vocacionais, simulados, oficinas de redação, cadastro de currículos para estágios, palestras e talk shows com celebridades, tais como o apresentador Marcelo Tas. » ESTÁGIO
OI OFERECE 40 VAGAS DIVERSAS A empresa de telefonia Oi tem 40 vagas para estagiários de administração, análise de sistemas, ciências contábeis, ciência da computação, comunicação social, direito, economia, engenharia, estatística, marketing, matemática ou tecnologia da informação. É preciso saber inglês intermediário e pacote Office, além de estar, no mínimo, a um ano e meio e, no máximo, a dois anos da formatura. Os interessados devem se cadastrar gratuitamente, até amanhã, pelo site www.oi.com.br/ euquerotrabalharnaoi ou pela página oficial da empresa no Facebook: www.facebook.com/OiOficial. » CONTADORES
CONSELHO REGULAMENTA PROFISSÃO O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) regulamentou a certidão de regularidade profissional dos contadores. A certidão substituirá a Declaração de Habilitação Profissional (DHP) e deverá ser expedida pelo site de cada conselho regional de contabilidade. O documento terá validade de 90 dias a partir da data de emissão e valerá em todo o território nacional. A determinação é da Resolução nº 1.402 de 2012, publicada na última sexta-feira no Diário Oficial da União (DOU). » INTERCÂMBIO
GRADUAÇÃO SANDUÍCHE EM 7 PAÍSES Estão abertas as inscrições para graduação sanduíche — parte do curso é feita no exterior — em sete países pelo programa Ciência sem fronteiras. Universidades da Alemanha, Estados Unidos, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Holanda e Reino Unido receberão os estudantes brasileiros. O prazo termina em 14 de setembro, às 23h59. Para informações sobre a chamada dos dois primeiros países, o telefone é 0800-616161, opção 7, e os demais países 0800-619697, ou pelo site www.cienciasem fronteiras.gov.br.
Falta especialização no mercado digital Carol Matias/Esp. CB/D.A Press
É de 30 mil o deficit de profissionais em marketing on-line. Há pouca oportunidade nas faculdades e o aprendizado vem da prática » MARIANA NIEDERAUER mercado de agências digitais está em expansão e precisa de profissionais qualificados para atender à demanda do país. O foco dessas empresas é o marketing on-line, que serve para divulgar o trabalho de outras organizações, entender qual é o perfil dos clientes e oferecer produtos adaptados às necessidades deles. O campo de trabalho é amplo: envolve agências de publicidade, empresas de tecnologia, assessorias e veículos de comunicação. O Interactive Advertising Bureau no Brasil (IAB Brasil), uma das entidades representantes do meio, calcula que o setor emprega mais de 60 mil pessoas no país e que o deficit atual seja de 30 mil trabalhadores. Projeções do IAB Brasil mostram que o mercado digital cresce num ritmo de 10% ao ano e a internet, 40%. “É um mercado que vem crescendo muito. Vários veículos se sustentam basicamente com a publicidade”, explica o diretor executivo da entidade, Ari Meneghini. Segundo ele, o impacto em cada uma das empresas passa pela valorização da relação com o cliente:“Hoje, cada pessoa é uma mídia. O consumidor não é mais passivo. Se ele gosta ou não, ele fala”. É por isso que um dos profissionais que mais procurados no mercado de agências digitais é aquele que trabalha com redes sociais, como Pedro Jeolás, 26 anos. Formado em administração, atua como auxiliar de métricas em São Paulo, produzindo, por exemplo, relatórios quantitativos e qualitativos dos comentários nas redes sociais relacionados à empresa que atende. “O que me atrai bastante é o fato de não lidar somente com comunicação. Trabalho com inteligência de mercado. O consumidor não imagina que está sendo monitorado”, conta. Dessa forma, é possível detectar falhas nos produtos e consumidores insatisfeitos. Para Meneghini, a carência de mão de obra qualificada atinge o mercado mundial, como Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha e França. A diferença, na opinião do diretor, é que aqui não há cursos voltados para o setor. “São as empresas que acabam formando muitos desses profissionais”, esclarece. Pedro Jeolás conheceu o marketing digital no fim da graduação, quando fazia intercâmbio na Inglaterra. De volta ao Brasil para
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Em busca de inovação, Heidi Kolarik, 28 anos, já ocupou quatro cargos no trabalho: dificuldade de encontrar cursos específicos
Os mais procurados Arquiteto da informação É responsável por simplificar o conteúdo que será apresentado nos sites. Deve organizar e classificar as informações, criando caminhos de acesso e relações entre elas para facilitar a busca do consumidor. Média salarial: R$ 6 mil
Atendimento Gerencia a carteira de clientes, acompanha as entregas de mídia durante todo o período de veiculação, analisa os resultados e cria relatórios para os anunciantes. Média salarial: R$ 6 mil
Webdesigner Desenvolve as interfaces gráficas de um site ou produto digital. Cria leiautes e banners de publicidade, que são a porta de acesso aos produtos apresentados on-line. Média salarial: R$ 2,5 mil
Analista de mídias sociais São responsáveis por gestão e editoração de conteúdo nas plataformas digitais, disseminação de conteúdo, relacionamento, análise de dados e criação de ideias com a equipe de concepção e planejamento estratégico. Média salarial: R$ 2 mil
A falta de um ambiente de formação, o mercado aquecido e as outras organizações envolvidas tornam a busca desses profissionais bem difícil" Eliel Allebrandt, presidente do Comitê Regional Brasília do IAB Brasil
cursar o último semestre, decidiu apresentar monografia sobre o tema. “Nenhum professor tinha conhecimento na área. Precisei procurar sozinho estudos para apoiar minha pesquisa”, alerta. Ele aconselha os interessados a
procurar material por conta própria e dá dicas de alguns sites, como o norte-americano mashable.com e o brasileiro www.bluebus.com.br. Com a falta de cursos específicos, muitas vezes os profissionais
disponíveis não têm experiência com mídias digitais, o que torna a adaptação complicada. “É um profissional muito difícil de se encontrar hoje, porque as pessoas que vieram do off-line têm dificuldade de entender a dinâmica do on-line, que muda com muita rapidez”, explica Meneghini.
Migração Como não há uma lei que obrigue o profissional a ser formado em publicidade para trabalhar na área, graduados dos mais variados cursos estão migrando para o mercado das agências digitais. Advogados, engenheiros, arquitetos, matemáticos e estatísticos também podem se qualificar para atuar no ramo. Caroline Pazini, 21 anos, é estudante de biblioteconomia na Universidade de São Paulo (USP) e faz estágio relacionado às mídias sociais. Uma vez que o curso proporciona formação geral sobre como organizar informações, a jovem consegue usar os conhecimentos no trabalho. “O suporte da informação mudou muito no decorrer do tempo, mas a forma de lidar com ela é mais ou menos parecida”, avalia. André Zimmermann, diretor global do grupo Havas Digital — um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo, responsável por três agências digitais — ressalta que o profissional também precisa estar preparado para uma profissão que muda com frequência. As redes sociais de hoje podem ser outras no futuro e a tecnologia está em constante transformação. “Tudo isso exige que as marcas e as agências se adaptem”, lembra. O que mais atraiu Heidi Kolarik,
28 anos, formada em tecnologia em rede de computadores, foi a inovação que a área oferece. Ela ocupou quatro cargos diferentes na agência em que trabalha, em Brasília, e hoje é coordenadora de projetos. Chegou a procurar cursos, mas teve dificuldade para encontrar. A qualificação veio mesmo na empresa. Para manter o nível de produção no trabalho, Heidi acredita que é preciso estar atualizado sobre o que ocorre no mundo, acompanhar o noticiário e os vídeos que fazem sucesso na internet. “Quem gosta dessa área tem de estar sempre conectado”, recomenda. No Distrito Federal, o mercado de agências digitais também está aquecido, mas as empresas perdem profissionais para as de São Paulo, segundo o presidente do Comitê Regional Brasília do IAB Brasil, Eliel Allebrandt. Há, ainda, a concorrência com outras agências, inclusive as que não trabalham com internet, e com companhias como Google e Facebook. “A falta de um ambiente de formação, o mercado aquecido e as outras organizações envolvidas tornam a busca desses profissionais bem difícil”, afirma. Allebrandt integra a equipe da agência Click, há 15 anos no mercado e que procura profissionais em outros estados, além de formar a mão de obra no próprio ambiente corporativo. Faltam no DF analistas em mídias sociais, arquitetos da informação, designers e funcionários para atendimento ao cliente. O empresário lembra que, com o projeto de implementação da Cidade Digital em Brasília, a demanda deve crescer e o mercado local terá de estar preparado para atendê-la.
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Trabalho formação profissional CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 19 de agosto de 2012
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Qualificar é preciso Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press
A falta de habilidades dos trabalhadores afeta a competitividade das empresas. Especialistas afirmam que a educação infantil é a base para garantir emprego no futuro » MARIANA NIEDERAUER ntes de concluir o ensino médio na rede pública de educação, Francisco Leonardo Mota, 25 anos, começou a perceber que precisaria buscar alternativas de qualificação para garantir uma boa posição no mercado de trabalho. “Mesmo cursando o segundo ano, eu ainda não tinha perspectiva nenhuma de vida. Nunca tinha parado para pensar no que eu fariadaliemdiante”,relata.Oaprendizado que teve na escola não o ajudou a decidir qual carreira seguir nem o preparou para a inserção num ambiente profissional. “Eu conhecia as matérias, sempre gostei muito estudar, mas não sabia qual era o fundamento delas, não sabia aonde elas iriam me direcionar”, completa. A saída que Francisco encontrou foi se concentrar em uma área de atuação: a informática. Ainda no terceiro ano do ensino médio, foi selecionado para uma disciplina técnica de dois anos numa escola pública. Depois disso, fez pelo menos sete workshops on-line ou presenciais. “Eles foram essenciais na seleção do meu currículo e, profissionalmente, também me ajudaram bastante”, conta. Morador de Ceilândia e caçula de oito irmãos, paga com esforço a mensalidade do curso de análise de sistemas, porém,alcançouatão esperada colocação no setor do mercado que escolheu. Hoje, o jovem faz estágio na área detecnologiadainformação. A última reportagem da série Apagão de mão de obra traz a grande defasagem que existe entre a escola e o mercado de trabalho. Pesquisa divulgada este mês pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), que ouviu 137 empresas brasileiras, comprova o problema na formação escolar dos jovensdopaís.Olevantamentomostrou que em 95% delas os contratantes acreditam que o sistema educacional não está adequado às oportunidades do momento econômico pelo qual o Brasil passa. O superintendente-geral da FNQ, Jairo Martins, explica que a pesquisa constatou que a falta de qualificação dos trabalhadores está afetando a competitividade das organizações. Segundo Martins, eles entram no mercado com falhas graves nas formações básica e universitária, e as iniciativas do governo são pouco eficazes. “Não adianta criar uma série de incentivos e programas de estímulo à entrada na universidade se as pessoas não chegam à academia preparadas para absorver os conhecimentos”, adverte.
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Efeito cascata Para a diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, as falhas na formação básica dos brasileiros podem ser percebidas mais tarde, quando eles chegam ao
ensino superior e ao ambiente profissional. “Podemos dizer, sem medo de errar, que uma boa empregabilidade começa na educação infantil”, garante. Funciona como um efeito cascata: essa etapa do ensino vai preparar o estudante para a alfabetização, de onde ele seguirá para o restante dos ensinos fundamental e médio e poderá ter um aproveitamento pleno na educação superior. “O que temos visto no Brasil é quase o contrário disso. Não temos dado conta de garantir a aprendizagem na educação básica”, lamenta Priscila. O resultado é que, segundo ela, universidades públicas e particulares estão incluindo um semestre no currículo para oferecer reforço escolar com o conteúdo que deveria ter sido obtido na educação básica. “Eu acho que a escola não motiva o aluno a escolher uma profissão, pois a gente só aprende as matérias básicas”, critica a auxiliar de produção Hyara Morais, 26 anos. Ela considera que não teve a preparação necessária para decidir com clareza a profissão a seguir. Após concluir o ensino médio, em 2003, entrou para a faculdade de administração, mas não conseguiu arcar com a mensalidade e deixou o curso após o terceiro semestre. Chegou a fazer, ainda, cursos técnicos de radiologia e secretariado. Agora, trabalha numa área totalmente diferente: a de guarda de arquivos. Hyara reclama da falta de oportunidades gratuitas de qualificação. Tentou aproveitaraquelasoferecidas pelo governo, mas não conseguiu comprovar a baixa renda.“Eu precisava da ajuda, pois nós éramos três filhas e não tínhamos casa própria. Enfrentei esse impasse e acho que foi o que mais me prejudicou.” Para o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, os problemas que o sistema educacional brasileiro enfrenta contribuem para a reprodução da pobreza. Ele ressalta que, do ponto de vista da cidadania, quando se nega o direito de acesso à educação gratuita a toda a população, criam-se barreiras para que os cidadãos desenvolvam habilidades. Em consequência, os jovens não conseguem atender às demandas do mercado. “Um dos nosso gargalos estruturais na economia é justamente preparar os trabalhadores para o crescimento da produtividade”, afirma Ganz Lúcio, membro também do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Os resultados do último relatório do conselho indicam que o país tem um nível baixo de escolaridade, considerando o tempo médio de estudos em comparação com o de outros países. “Falta um sistema único nacional de educação, que integre essas questões e faça do ensino uma prioridade”, conclui.
Morador de Ceilândia, Francisco Leonardo Mota, 25 anos, investiu em cursos avulsos e hoje é estagiário em tecnologia da informação
É um problema com muitas faces. É preciso identificar quais tipos de profissional o mercado tem carência e fazer a tradução do que deve ser feito no universo das escolas e do ensino superior” Paulo Meyer Nascimento, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
Jovens no mercado O pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Paulo Meyer Nascimento lembra que o país passa por um momento importante de transição demográfica, onde a base da pirâmide etária está a mais larga possível. Isso quer dizer que existem mais pessoas produzindo do que as que dependem do Estado, pois se aposentaram. “Hoje, nós temos um grande número de pessoas em idade de trabalhar. É uma oportunidade única”, aponta. A população vai envelhecer cada vez mais, por isso é hora de se preocupar com a qualificação para impulsionar o crescimento do país. Nascimento, que faz parte de um grupo de pesquisa sobre o tema, acredita que o próximo passo para suprir a carência de mão de obra qualificada é investir na qualidade do ensino e na interiorização dos profissionais com objetivo de suprir a demanda em determinadas regiões do país. Os estudos indicam que não há um deficit quantitativo, uma vez que sai das universidades o número de estudantes correspondente aos postos de trabalho oferecidos. O que não foi possível mensurar ainda é o tipo de formação necessária. “É um problema com muitas faces. É preciso identificar quais tipos de profissional o mercado tem carência e fazer a tradução do que deve ser feito no universo das escolas e do ensino superior”, recomenda.
Falta evolução Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011, divulgados na última quinta-feira, indicam que o nível do ensino médio, diferentemente das outras etapas, não superou a meta projetada para o período (3,7). O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, atribui a estabilidade ao currículo — com 13 disciplinas obrigatórias —, que não permite um foco na vida profissional. Segundo ele, está nos planos do ministério reformular a estrutura dessa etapa do ensino.
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Trabalho formação profissional CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 15 de julho de 2012
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105 OFERTASSDEDECUEMRSPROSEGOS 927 OFERTA
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Editora: Ana Sá anasa.df@dabr.com.br trabalho.df@dabr.com.br Tel: 3214 1182
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No Brasil, a quantidade de pós-graduados stricto sensu é baixa se comparada à de países como EUA, Austrália e Portugal. A carência é maior na indústria e no comércio, que reúne apenas 9,35% deles Edílson Rodrigues/CB/D.A Press - 28/6/12
Ed Alves/CB/D.A Press
Otavio Luiz fez pós-doutorado e optou pelo setor público: “Sei que sempre há uma porta aberta no mercado”
Com duas especializações no currículo, Alessandra vê mais reconhecimento na iniciativa privada
Crise de mestres e doutores desenvolvimento de qualquer país depende de profissionais qualificados para pesquisar, difundir conhecimentos e gerar tecnologias. Todos os trabalhadores contribuem em algum grau para esse processo, mesmo aqueles que executam serviços básicos. Mas é uma parcela muito menor do mercado, a que tem níveis mais altos de capacitação, que poderá alavancar esse crescimento, pois possui experiência decisiva para contribuir na criação de tecnologias inovadoras. O Brasil já soma 568 mil pós-graduados stricto sensu (doutores e mestres), mas o número de titulados a cada 1 mil habitantes ainda é menor do que o de países desenvolvidos. O dado é do levantamento Doutores 2010, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Uma atualização dos números — que será divulgada oficialmente no fim deste mês, a partir de dados preliminares do Censo 2010 do Instituto
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mestres também precisa aumentar. Atualmente, são formados 40 mil a cada ano. Segundo o novo Plano Nacional da Educação (PNE), que tramita no Congresso Nacional, o ideal é que, até 2020, esse número chegue a 60 mil. A necessidade de mais pósgraduados nas empresas brasileiras motivou a criação do programa Ciência sem Fronteiras, que, além de graduação, oferece oportunidades de doutorado e pósdoutorado. Das 75 mil bolsas prometidas pelo governo federal, quase 46 mil são para esses profissionais. Outras 26 mil são concedidas com recursos da iniciativa privada. “Todas as áreas têm cursos bons de pós-graduação no Brasil. Mandar os estudantes para fora é uma forma de colocá-los num ambiente onde eles tenham exemplos e vejam como é fazer pesquisa aplicada às empresas”, justifica o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva. O desafio será avaliar os resultados. O impacto do Ciência sem Fronteiras na indústria brasileira só poderá ser visto, segundo Oliva, daqui a cinco ou 10 anos.
Parcerias Em 9 de julho, foi divulgada parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Fundação Lemann, dos EUA. Serão oferecidas bolsas de estudos em seis universidade norteamericanas — entre elas Harvard e Stanford — pelo programa Ciência sem Fronteiras. Outra parceria foi feita em 21 de junho. A China vai reservar 5 mil vagas para estudantes brasileiros em universidades locais. As bolsas devem ser oferecidas até 2015.
Informações Ciência sem Fronteiras 0800-619697 www.cienciasemfronteiras.gov.br
Competitividade
Mais conhecimento
Inovação é uma palavra-chave nesse cenário. No último dia 5, o Banco Central reduziu a previsão de alta do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 3,5% para 2,5%. De acordo com o presidente do CNPq, além de refletir a crise internacional, isso mostra a perda de competitividade pelo
Inovação envolve toda forma de incorporação de conhecimento novo ou já existente em práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. Pode ser um produto — bem ou serviço —, um processo, ou um método organizacional.
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» MARIANA NIEDERAUER
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) —, mostra que o Brasil tem 1,9 doutor a cada mil habitantes com idade entre 25 e 64 anos. Está abaixo de países como Estados Unidos (8,4), Austrália (5,9) e Portugal (2,1). Além de continuar expandindo o número de titulados por ano, o próximo desafio da pós-graduação nacional será colocar mais mestres e doutores dentro das empresas. Desses últimos, hoje, apenas 3,29% trabalham no setor produtivo. Na administração pública, por sua vez, são 11,06%. É o caso do consultor da União na Advocacia-Geral da União (AGU) Otavio Luiz Rodrigues Junior, 37 anos. Ele tem pós-doutorado em direito privado internacional pelo Instituto Max Planck, da Alemanha, e em direito constitucional pela Universidade de Lisboa. Para Otavio Luiz, a alta qualificação o torna mais competitivo e traz independência profissional. “Sei que sempre há uma porta aberta no mercado. Se as situações de trabalho ou financeiras se tornarem adversas, tenho alternativas. Eu continuo na AGU porque quero e não porque dependo desse emprego”, explica. Já o número de mestres alcança 4,3 a cada mil brasileiros entre 25 e 64 anos. E a participação deles no setor produtivo chega a 11,22%. “A dinâmica do mercado é melhor para os mestres do que para os doutores. Eles são mais baratos. É mais fácil moldá-los à necessidade da empresa”, aponta o diretor do CGEE, Antônio Galvão. Apesar dos números mais animadores, a quantidade de
fato de o país não ter incorporado inovação o suficiente. Ele lembra que, há 10 anos, as empresas podiam comprar uma tecnologia de segunda geração — pois a mais recente é sempre guardada pela própria corporação que a vende — e lidar bem com as demandas do mercado. Atualmente, porém, algumas tecnologias duram apenas meses. “Ou as empresas se envolvem em gerar as próprias inovações, ou vão ser cada vez mais penalizadas. A economia brasileira depende bastante de que a gente consiga incorporar inovação”, ressalta. Apesar de as oportunidades para pessoas que possuem pósgraduação no Distrito Federal estarem concentradas no setor público, a gerente administrativa Alessandra Mayrink, 39 anos, trabalha em uma empresa de
assistência médica e descarta a possibilidade de prestar concursos. Ela acredita que não terá o mesmo reconhecimento que alcançou no setor privado. Alessandra tinha especialização em marketing e a empresa ofereceu a chance de ela fazer outra pós, em gestão empresarial. “Tinha muito a ver com a tarefa que eu estava assumindo no momento, então, aproveitei a oportunidade”, relata. Dessa forma, conseguiu melhorar seu desempenho. “A especialização dá a você uma base teórica para entender melhor o trabalho desenvolvido, bem como o que as empresas e os funcionários esperam de você”, conclui.
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2 • Trabalho • Brasília, domingo, 15 de julho de 2012 • CORREIO BRAZILIENSE
CONTINUAÇÃO DA CAPA As instituições de ensino são o ambiente de trabalho favorito dos mestres e doutores. Programa governamental oferece incentivo para que esses profissionais estejam também na iniciativa privada
Pós-graduados preferem a academia Antônio Cunha/Esp CB/D.A Press
ivulgação Editora Gente/D
Planejamento tributário — Teoria e prática
Contratação difícil Thiago teve dificuldade para preencher a vaga, apesar de o Distrito Federal ser a unidade da federação que mais concentra doutores a cada 1 mil habitantes (5,4). “Fizemos uma pesquisa por palavra-chave na base de currículos Lattes, na área de atuação em que precisávamos. Encontramos de 25 a 30 doutores. Todos estavam empregados, principalmente no meio acadêmico”, revela. Como os projetos são muito curtos — dois anos, no caso da Kryos —, Thiago diz que é preciso contratar um especialista na área. Eles finalmente encontraram um doutor em física que atendia ao perfil desejado. Porém, Leandro Carlos Figueiredo, 34 anos, saiu pouco antes de a bolsar terminar, pois recebeu uma proposta da Universidade de Brasília (UnB). “No meio acadêmico, a oferta está muito maior. Uma das poucas possibilidades que eu tive de trabalhar numa empresa foi nessas condições”, relata. Por ser de pequeno porte, a Kryos não teve recursos para contratar o profissional. Leandro conta que a experiência foi essencial para perceber a diferença com relação à academia. No setor privado, os prazos costumam ser menores e têm de ser cumpridos, sob o risco de perder clientes e dinheiro. Hoje, Leandro é bolsista da Instituto de Física da UnB e lamenta não ter tido a oportunidade de continuar trabalhando em empresas, onde acredita ser possível alcançar salários melhores.
Autor: Silvio Aparecido Crepaldi Editora: Saraiva Edição: 1ª Páginas: 392 R$ 64
Empresário na área de TI, Thiago confirma ter dificuldade para preencher vagas que pedem alta qualificação
Inovação acontece nas empresas. As universidades servem para aprender coisas novas, formar pessoas” Glaucius Oliva, presidente do CNPq
Anote! RHAE-Pesquisador na Empresa Informações: (61) 3211-9753 www.cnpq.br/rhae
» Leia na próxima edição Para o país crescer e receber turistas durante os dois maiores eventos esportivos do mundo, o brasileiro precisa dominar uma segunda língua
SEGURO-DESEMPREGO Fotos: Elio Rizzo/Esp. CB/D.A Press
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O povo fala
Jéssica Sousa, 28 anos, vendedora
Ajuda temporária O seguro-desemprego garante assistência aos demitidos sem justa causa. O menor valor equivale ao salário mínimo, que hoje é de R$ 622, e o maior é de R$ 1.163,76. O cálculo é feito com base na média salarial dos últimos três meses trabalhados e pago em até cinco parcelas.
pelo Instituto Federal de Brasília (IFB) e pelas instituições de educação profissional que fazem parte do Sistema S, como o Senac e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). As inscrições vão ser feitas na própria agência do trabalhador. Uma lista de opções estará disponível ao candidato. O curso será totalmente gratuito, com carga horária mínima de 160 horas, e o governo fornecerá transporte, material didático e auxílio-alimentação. No DF, segundo o Ministério da Educação (MEC), 137 trabalhadores já foram pré-matriculados e aguardam o início das aulas, que será no segundo semestre. No IFB, alguns dos cursos ofertados são de auxiliar administrativo, auxiliar de eletricista, encanador e instalador predial, entre outros. A coordenadora do Pronatec na instituição, Priscila Silva, estima que a primeira turma comece em
A remodelação das funções do departamento tributário é tema do livro de Silvio Aparecido Crepaldi. O autor apresenta sugestões de como tornar a área mais dinâmica e capaz de atender às necessidades das organizações. Fazem parte do público-alvo estudantes, contadores, administradores e advogados.
Manual do CEO — Um verdadeiro MBA para o gestor do século XXI Autor: Josh Kaufman Editora: Saraiva Edição: 1ª Páginas: 400 R$ 55 A proposta do livro de Josh Kaufman é reunir os principais ensinamentos do mundo dos negócios e explicar conceitos básicos do mercado. Criador do site PersonalMBA (www.personalmba.com), o escritor compartilha no livro Manual do CEO elementos de economia, empreendedorismo, marketing, negociações e vendas.
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“Acho interessante porque muitos se acomodam esperando o pagamento das parcelas do seguro-desemprego e ficam em casa. É algo a mais no currículo”
Leannes Teixeira se matriculou na turma de recepção de eventos do Senac 20 de agosto. O IFB está presente em sete cidades do DF e todos os câmpus devem receber os beneficiários do programa. Priscila acredita que o auxílio será eficaz na reinserção profissional dos trabalhadores. “Muitas vezes, o desempregado não tem condições financeiras para investir em um curso profissionalizante de qualidade, que o permita buscar uma recolocação no mundo do trabalho.” O Senai, que oferece cursos como almoxarife de obras, padeiro e eletricista, tinha seis turmas previstas para iniciar no último dia 6, prazo que foi adiado. “Por falta de inscritos, tivemos de reprogramar a data de início para agosto”, explica Cláudio Tavares, gerente de formação profissional do Senai. Os trabalhadores serão encaminhados pela Secretaria do Trabalho, que ainda está em fase de pré-matrícula. No caso do Senac, onde a vendedora Leannes Teixeira fará o curso de recepção
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A vendedora Leannes Teixeira, 27 anos, perdeu o emprego pela terceira vez em abril. A empresa em que ela trabalhava faliu e não pôde mais manter os funcionários. Ao entrar com o pedido de seguro-desemprego em uma agência da Secretaria do Trabalho (Setrab), Leannes soube que, para receber o benefício, teria de fazer um curso profissionalizante. Ela imediatamente foi pré-matriculada na turma de recepção de eventos do Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional (Senac), área com a qual sempre teve afinidade. “Eu já tinha procurado esse curso por conta própria uma semana antes”, conta a jovem, que tem o ensino médio completo e se animou com a perspectiva de poder se qualificar. “Achei ótimo. Depois de cursar, vou procurar emprego na área.” A partir de agora, assim como Leannes, pessoas que reivindicarem o seguro-desemprego pela terceira vez ao longo de 10 anos só receberão o auxílio se frequentarem um curso de qualificação em uma área de interesse. A medida faz parte do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), instituído pelo governo federal. A nova regra já entrou em vigor em quase todo o país, inclusive Brasília, onde os cursos serão oferecidos
Aprender a se superar e a exercer papéis de liderança são habilidades necessárias ao sucesso empresarial. O Código da superação — Uma fascinante jornada além da conquista é um estudo aprofundado dos elementos que alimentam a alma humana a sair do lugar comum, inclusive no que diz respeito aos negócios.
ivulgação Editora Saraiva/D
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Autor: José Luiz Tejon Megido Edditoora: Gente Edição: 1ª Pááginas:: 152 R$ 24,90
de eventos, as aulas devem começar em outubro. O secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, aprovou a iniciativa da bolsa formação, mas ressaltou que essa ação precisa vir acompanhada de outras medidas. Para Severo, além da qualificação, também deve haver uma intermediação entre o trabalhador e as empresas. “Essa nova decisão é um primeiro passo no sentido de integrar as políticas de emprego”, explica o secretário, “mas é insuficiente para garantir que o trabalhador volte ao mercado de trabalho.”
Informações Setrab-DF Tels: (61) 3224-4433 e (61) 3321-6645 www.trabalho.df.gov.br
GabrielaRodrigues, 18 anos, estudante “É muito bom. Aumentam as oportunidades de ter outros empregos. Alguns jovens não têm qualificação”
Johnatas Brito, 24 anos, atendente e suporte técnico “Sinceramente, achei ridículo. Logo depois de perder o emprego, a pessoa tem de fazer um curso, às vezes nem é da área dela. É o mesmo que dizer que o trabalhador é incompetente”
Dervanir Cardoso, 45 anos, carpinteiro “É bom porque dá oportunidades para a pessoa que não estudou. O Brasil ainda tem muitas pessoas analfabetas. Tudo que for feito para o trabalhador é bem-vindo”
ivulgação Editora Saraiva/D
maior parte dos pós-graduados stricto sensu do Brasil atua no setor de educação. O índice alcança quase 77% entre os que possuem doutorado e 43% dos mestres, segundo dados do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). Para suprir a necessidade de pesquisadores nas empresas, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) criou, há 25 anos, o Programa de Capacitação de Recursos Humanos para o Desenvolvimento Tecnológico (RHAE). “Inovação acontece nas empresas. As universidades servem para aprender coisas novas, formar pessoas”, observa o presidente do CNPq, Glaucius Oliva. A partir de 2007, o programa passou a se chamar RHAE-Pesquisador na Empresa e os editais começaram a incentivar especialmente a entrada de mestres e doutores nas organizações, com bolsas mais altas para esses pesquisadores. O edital de 2012, lançado em 19 de junho, é o que destina maior número de recursos desde o início da nova fase. Enquanto em 2007 a verba foi de R$ 20 milhões e houve 131 projetos selecionados, este ano serão R$ 60 milhões e o CNPq pretende contemplar 350 projetos. “Durante o mestrado e o doutorado, o pesquisador já precisa ter contato com as corporações, preferencialmente em projetos de pesquisa que sejam em parceria entre Estado e empresa”, afirma Glaucius Oliva. Ele explica que nem sempre o resultado é o mais importante, mas, sim, formar profissionais com pós-graduação que desenvolvam linhas de pesquisa mais adaptadas às necessidades das organizações. A Kryos Tecnologia foi contemplada duas vezes no edital do RHAE, em 2007 e em 2009. “Montamos uma empresa de base tecnológica numa linha de serviço que demandava intensidade de
pesquisa para podermos mostrar resultados aos clientes”, conta o mestre em física Thiago Melo, 33 anos, coordenador dos projetos financiados pelo RHAE na empresa. As duas primeiras bolsas foram para graduados, e a seleção ocorreu com certa facilidade. No segundo projeto, porém, quando precisavam de um doutor especialista em magnetismo, a situação foi diferente.
O código da superação
Matemática financeira Autorres: Aderbal Nicolas Müller e Luis Roberto Antonik Edittoraa: Saraiva Edição:: 1ª Págiinas: 440 R$ 82 Como usar a matemática no ambiente empresarial é a premissa desse livro. Colocando na prática conceitos como regimes de capitalização, taxas e juros, os autores simplificam a contabilidade não só para universitários, mas também para empresários e gestores. O manual traz ainda material de apoio com exemplos ilustrados e estudos de caso. ivulgação Editora Saraiva/D
» MARIANA NIEDERAUER
Na estante
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Trabalho formação profissional CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 29 de julho, de 2012
A falta de profissionais qualificados ameaça o crescimento da indústria têxtil e de confecção. Segundo a associação que representa o setor, há um deficit de 250 mil trabalhadores na área
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Vagas de mais, costureiros de menos Fotos: Monique Renne/CB/D.A Press
trás apenas de alimentos e bebidas, o setor têxtil e de confecção é o segundo que mais emprega brasileiros na indústria de transformação — que converte matériaprima em um produto final ou intermediário. O crescimento, no entanto, está ameaçado pela falta de mão de obra qualificada. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mais de 500 mil profissionais foram admitidos nos últimos 12 meses e, mesmo assim, o deficit chega a 250 mil trabalhadores, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). No caso da área de vestuário, empresários indicam a falta de cursos profissionalizantes e o desinteresse dos jovens pela costura como fatores que dificultam o preenchimento das vagas. O diretor superintendente da Abit, Fernando Pimentel, alerta que a carência é preocupante, pois está visível até em um momento de desaceleração do crescimento econômico do país. “Há um profundo processo de formalização e, ao mesmo tempo, existe uma grande disputa por mão de obra para atender tanto a área de serviços como a de comércio e a industrial”, relata. Em Brasília, o ateliê de vestidos de noiva e festa do estilista André Kallagri tem oito vagas para costureiros, mas apenas duas foram preenchidas. Ele diz que teria condições de atender a pelo menos oito estados se conseguisse encontrar profissionais, mas teve de restringir o alcance de seu trabalho ao Distrito Federal. A consequência é o custo elevado de produção, pois os pedidos de material são menores. “Para costurar, não é preciso ter grau de instrução. Apenas sensibilidade, boa vontade e gostar de trabalhar na área”, afirma André. Ele tentou fechar parceria com o governo para montar um projeto de qualificação de detentas. Depois da formação, elas poderiam atuar em confecções, no regime semiaberto. “Como o projeto era longo, de dois anos, não consegui apoio. Tentei o máximo possível.” O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) oferece turmas de operador de má-
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quina de costura com duração de até 180 horas nas 27 unidades federativas. Porém, os empresários acreditam que esses cursos não atendem à demanda do mercado, pois são muito curtos e voltados para uma qualificação inicial — não abarcam níveis mais altos de especialização. “Em três meses, aprende-se a manusear uma máquina, mas não a fazer o fino acabamento”, afirma Kallagri. Especialista em desenvolvimento industrial no Senai, Marcello Pio explica que a demanda para o setor não é a mesma nos 26 estados e no DF. Por isso, cada unidade tem autonomia para ofertar os tipos de cursos que melhor atendem à indústria local. Pio lembra ainda que a intenção do Senai é capacitar trabalhadores para o setor como um todo e não para determinadas organizações. “Você não consegue preparar profissionais para a especificidade da empresa.” Ele acrescenta que a entidade promove pesquisas com os alunos egressos dos cursos para verificar se estão empregados e se atendem às necessidades das confecções. O presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Distrito Federal (Sindiveste), Paulo Eduardo Montenegro, reforça que uma formação de qualidade tem de ser longa e obedecer a planos que incluam estágios diferentes de capacitação. “Para se ter uma costureira de qualidade, é necessário tempo”, atesta. Hoje, uma das únicas opções a quem trabalha na área, segundo o presidente, é aprender dentro das fábricas. Uma das saídas defendidas pelo Sindiveste é criar meios para tornar a profissão atraente. Segundo o presidente do sindicato, que tem 580 empresas registradas, o setor da construção civil do DF está captando grande parte do capital humano que poderia estar empregado em confecções.
fica a cargo da cearense Maria Antonia Souza, 45 anos, costureira há 30. “Tenho o maior prazer em ensinar as meninas”, conta.
Modernização
De 52 candidatas, só Luciana (E) tinha os requisitos pedidos pela dona de confecção Kátia Ferreira
Onde estudar Senac Abrirá turma do curso de costureiro em setembro, nos três turnos, no Setor Comercial Sul. É preciso ter mais de 16 anos e ensino fundamental completo. Duração: 160 horas Preço: R$ 1.160 (à vista ou em quatro parcelas) Informações: (61) 3313-8877
Senai André tentou contratar oito funcionários, mas só encontrou dois até agora Antonio Cunha/CB/D. A Press
Salários Na última convenção coletiva da categoria no DF, ficou definido um salário-base de R$ 860 — abaixo da média nacional, de um salário mínimo e meio (R$ 933) — e auxílio-alimentação. Muitos costureiros reclamam que o valor é baixo e preferem trabalhar por conta
Na empresa de Antonia, uma costureira experiente ensina as mais novas própria, pois conseguem ganhar, em média, R$ 2 mil por mês. Empresários destacam, no entanto, que um bom profissional chega a receber R$ 1,5 mil a cada mês, além dos bene-
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» MARIANA NIEDERAUER
fícios trabalhistas, como férias e 13º salário. “Se eu tivesse pessoas capacitadas e que produzissem, eu pagaria a mais com satisfação”, diz Antonia Gonçalves, dona da loja
Matrículas abertas para o curso de modelagem avançada para quem tem noções básicas Duraaçãoo: 80 horas Preço: R$ 780 Infformaações: (61) 3353-8718 / 8719 / 8716 / 8715 Obs.: outros 13 cursos vão ser abertos ao longo do semestre. Ainda não há prazo de inscrições
de uniformes Ágape, localizada no Núcleo Bandeirante. Antonia teria condições de empregar 25 costureiras, mas tem apenas 14. “Houve época em que não tinha uma máquina vazia. Colocava anúncio no jornal e encontrava alguém rapidinho.” A opção da empresária é confiar no trabalho das costureiras mais experientes para transmitir conhecimento às novatas. A coordenação do trabalho na confecção
O desinteresse dos jovens pela profissão é outro problema, apesar de o setor têxtil ser o maior gerador do primeiro emprego no país, segundo a Abit. O especialista em desenvolvimento industrial Marcello Pio afirma que o Senai constatou o aumento da idade média do trabalhador e indica dois fatores que podem estar influenciando a escolha dos jovens: a busca por melhores salários e a atração por profissões em que o contato com a tecnologia é maior. A solução pode estar na modernização do setor. “Estou tentando investir em tecnologia, em máquinas mais sofisticadas, para ver se consigo ensinar pessoas mais jovens que se interessem”, afirma a empresária Antonia. Kátia Ferreira, dona da loja de moda feminina Apoena, encontrou uma maneira de superar a carência de mão de obra qualificada. Ela percebeu que os costureiros estão querendo virar empreendedores. “O que a gente busca oferecer para as costureiras é uma parceira. É preciso dar oportunidade de crescimento”, afirma. Assim, Kátia conseguiu criar uma rede de colaboradores. Mesmo as profissionais que deixaram a empresa para abrir uma confecção própria são acionadas e apoiam a Apoena quando as encomendas crescem. Há um ano e meio, Kátia prepara mudanças no negócio. A loja começou a produzir em série e em célula — produção diferenciada para cada tecido —, investiu em equipamentos modernos e em capacitação interna. Mesmo assim, a procura ainda é longa quando a necessidade é muito específica, como para trabalhar nas máquinas eletrônicas. A empresária fez 52 entrevistas e apenas Luciana Tavares Oliveira, 28 anos, tinha os requisitos necessários para aprender a manusear o aparelho. Ela é costureira há 10 anos e saiu da última confecção onde trabalhava por opção, em busca de desenvolvimento profissional. “Gosto de pegar e ver a peça pronta. Pretendo ser estilista”, conta Luciana.
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CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 5 de agosto de 2012 • Trabalho • 3
Profissionais de que o mercado precisa
» INCLUSÃO
VAGAS NO VAREJO PARA APRENDIZES
» INTERCÂMBIO
EMPREGO DISPONÍVEL NO CANADÁ A CI Intercâmbio está com vagas para estudar e trabalhar em dois resorts de esqui no Canadá: Panorama Village e Silver Star. É preciso ter mais de 19 anos e nível de inglês intermediário ou avançado. As entrevistas serão feitas virtualmente pelos próprios empregadores — as do Panorama Village ocorrem no dia 20 deste mês e as do Silver Star no dia 25. Candidatos devem procurar uma loja da CI ou acessar o site http://ci.com.br/fiqueligado.estude-e-trabalheno-canada.
» ESTÁGIO
PR-DF EM BUSCA DE ESTAGIÁRIOS A Procuradoria da República no Distrito Federal (PR/DF) selecionaestagiários nas áreas de direito, administração, tecnologia da informação, arquitetura, engenharia civil e jornalismo. É preciso ter pelo menos 40% do curso concluído. A bolsa-auxílio é de R$ 800, acrescida de R$ 7 de valetransporte, para uma carga horária de 20 horas semanais. Interessados devem efetuar a pré-inscrição até o próximo dia 10 no site www.prdf.mpf.gov.br e comparecer à sede da PR/DF (604 Sul, Lote 23) entre os dias 13 a 15 deste mês.
» CONCURSO
PREMIANDO AS MELHORES MONOGRAFIAS O Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) inscreve até a próxima sexta (10) para o 9º concurso de monografias. Os trabalhos devem ser inéditos e individuais, e o tema é Federalismo e democracia participativa. Podem participar alunos de direito ou recém-formados que tenham apresentado a monografia a partir de 30 de junho de 2011. Os três vencedores publicam o material no Portal de Periódicos Jurídicos do IDP e recebem prêmios de R$ 2 mil a R$ 5 mil. Inscrições: www.portaldeperiodicos. idp.edu.br.
» CAPACITAÇÃO
QUALIFICOPA TEM INSCRIÇÕES PRORROGADAS O cadastro para o programa Qualificopa pode ser feito até 10 de agosto. São 2 mil vagas em diversos cursos gratuitos, como organização de eventos, garçom, camareira. A capacitação é feita de segunda a sábado, nos três turnos. Os alunos recebem vale-transporte, alimentação, material didático completo, seguro de vida e uniforme. Informações: www.trabalho.df.gov.br.
Fotos: Iano Andrade/CB/D.A Press
Como forma de sustentar o crescimento econômico, Brasil investe na expansão dos institutos federais de ensino técnico. Hoje, a oferta dos cursos está concentrada na rede privada
A publicitária Camila pensou em fazer uma pós, mas preferiu o curso de técnico em evento
Brasília Cursos técnicos em serviços públicos, informática (desenvolvimento de sistemas) e eventos; graduação em dança (licenciatura) e tecnológica em gestão pública
» MARIANA NIEDERAUER epois que conseguiu uma vaga no curso de técnico em evento do Instituto Federal Brasília (IFB), Camila Cassiano, 30 anos, encontrou a qualificação de que precisava. “O benefício é que a escola viabiliza a prática e o contato com profissionais da área e com o mercado. Na graduação, isso acontece mais por conta própria”, comenta. Ela é formada em publicidade e propaganda, mas acabou por descobrir vocação em outra área. “Desde a época de faculdade, comecei a trabalhar com eventos e fui gostando muito. Tive vontade de fazer uma pós-gradução relacionada ao tema, mas as mensalidades estavam muito altas”, conta. A mudança compensou. “Se eu tivesse feito a especialização, teria um título maior, mas não a prática.” O governo federal está correndo contra o tempo para qualificar profissionais como Camila, com cursos técnicos de longa duração e de graduação tecnológica, para sustentar o crescimento econômico brasileiro. A expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica é uma das tentativas. A meta é entregar 562 câmpus até o fim de 2014, pois 37% estão com obras em andamento ou passando por licitação. Em 2002, quando teve início a ampliação da rede, eram 140 unidades. Hoje, o oferta de cursos nessas modalidades está concentrada na rede privada. Segundo dados de 2007 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 45% dos cursos técnicos e 69% dos tecnológicos são oferecidos por instituições de ensino particulares. Além disso, 24,5% dos trabalhadores que começaram estudos em escolas técnicas disseram não ter concluído por questões financeiras. Para o reitor do Instituto Federal Brasília (IFB), Wilson Conciani, o Brasil está vivendo uma massificação do ensino técnico e tecnológico, fase pela qual os países desenvolvidos já passaram. Segundo ele, isso dá sustentabilidade para o desenvolvimento econômico. “Não temos como sustentar o crescimento sem mão de obra qualificada para isso”, afirma. Conciani explica que, para avaliar o impacto dos técnicos e tecnólogos no desenvolvimento do país, é preciso entender como funciona a estrutura de produção. Ele exemplifica esse processo usando a construção de uma casa. O engenheiro, que faz um curso de graduação de cinco anos, concebe o projeto. Os tecnólogos, que se formam em dois ou três anos, fazem a interpretação da tecnologia para aplicá-la no dia a dia da obra. A função dos técnicos, que se qualificam em até dois anos, é coordenar a execução do projeto e acompanhar o desenvolvimento da construção diariamente. Ele afirma que, de uma maneira geral, o mercado brasileiro tem grande carência por profissionais qualificados para atuar nesses dois níveis intermediários, técnico e tecnológico. De acordo com dados do Censo Escolar de 2011 e do Censo da Educação Superior
Onde estudar O IFB oferece cursos de qualificação, técnicos e tecnológicos. Para concorrer às vagas nas duas primeiras modalidades, por sorteio eletrônico, é preciso se inscrever pelo site www.ifb.edu.br. Para os cursos de graduação, a seleção é feita por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Veja quais são os cursos em cada câmpus:
Planaltina
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Cursos técnicos em agropecuária e agroindústria; graduação tecnológica em agroecologia
Taguatinga Cursos técnicos em suporte e manutenção em informática, vestuário, e eletromecânica
Gama Cursos técnicos em agronegócio, cooperativismo, logística e química; graduação em química (licenciatura)
Samambaia Cursos técnicos em controle ambiental, edificações, móveis e reciclagem
Taguatinga Centro Curso de técnico em comércio
Aluno de informática, Pedro diz que há mais prática que no bacharelado
Riacho Fundo Curso técnico de transações imobiliárias
O que diz a lei Três tipos A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, define três tipos de cursos dentro da educação profissional e tecnológica brasileira. Os de formação inicial e continuada são de curta duração. Eles têm como objetivo capacitação, aperfeiçoamento, especialização e atualização de trabalhadores com qualquer nível de escolaridade. O Decreto nº 5.154, assinado em 2004 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, define a articulação das outras duas modalidades. Os cursos técnicos atendem a quem completou o ensino fundamental e dão ao aluno conhecimentos teóricos e práticos nas diversas atividades do setor produtivo. Antes da publicação do decreto, esses cursos eram desvinculados do ensino médio. Agora, os dois segmentos da educação podem ser articulados. Os cursos tecnológicos têm o mesmo propósito, mas são de nível superior — graduação e pós-graduação.
de 2010, apenas 22% dos estudantes do país estão matriculados nessas duas modalidades — o restante cursa bacharelado. Nos países desenvolvidos, a proporção é inversa: para cada bacharel, há 20 técnicos formados. As áreas de telecomunicações, mecânica, construção civil e engenharias são as que mais precisam de profissionais com essa formação. Os alunos de informática do câmpus de Taguatinga do IFB, Cristina Galvão, 30 anos, e Pedro Mendes, 24, estão aproveitando a oferta de empregos no mercado e se dedicando à qualificação. “É um curso bom e em uma área de que eu gosto muito, a de redes e manutenção”, relata Cristina, que faz estágio e pretende continuar o percurso acadêmico após terminar o curso, com duração de um ano e meio. O mineiro Pedro também escolheu informática por gostar do tema. Ele acredita que, no bacharelado, não há tanto contato com a parte prática da profissão. “Acho que, quando você faz teoria e prática juntos, acaba aprendendo mais.”
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A Ensino Social Profissionalizante (Espro), instituição que oferece cursos gratuitos e outras oportunidades para jovens que desejam ingressar no mercado de trabalho, seleciona 30 aprendizes com necessidades especiais para atuar no setor de varejo do DF. Os contratados serão regidos pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). A idade mínima é de 14 anos. Currículos devem ser enviados ao e-mail regina. fonseca@espro.org.br.
O câmpus onde os dois estudam faz parte da expansão da rede federal e atende a 1,2 mil alunos nos cursos técnicos de eletromecânica, vestuário e informática, número que deverá dobrar quando a obra chegar ao fim, em 2013. O IFB tem outros 10 câmpus, sendo que sete deles estão em obras ou em processo de licitação. O instituto conta com 6 mil alunos matriculados e poderá receber 17 mil depois da conclusão das obras, prevista para 2014. A seleção ocorre por meio de sorteio eletrônico, e os cursos oferecidos em cada unidade são escolhidos após audiência pública nas comunidades onde se localizam. O objetivo é atender a necessidade local.
Despertar das empresas O coordenador na Fundação Dom Cabral (FDC) Paulo
Resende acredita que as empresas estão começando a perceber a importância de valorizar os profissionais qualificados para atraí-los às áreas de atuação que mais carecem de mão de obra. Estudo publicado pela Fundação Itaú Social em 2010 mostrou que o aumento salarial médio de um trabalhador com nível técnico é de 12,5%. O especialista da FDC acredita que as organizações estão buscando oferecer benefícios, além da remuneração: “O salário era, para as empresas, o item máximo de valor que elas poderiam oferecer, agora não é mais”. Resende comenta que os empresários estão mais preocupados em oferecer um pacote de valor aos seus potenciais contratados, como plano de previdência, bolsa de estudos para
São Sebastião Cursos técnicos de secretaria escolar e secretariado
Estrutural, Ceilândia e Brazlândia Oferecem cursos a distância e de qualificação rápida
os filhos e convênios com farmácias e clínicas dentárias. Ele destaca que também é necessária uma maior proximidade na relação entre as empresas e os funcionários para evitar que eles deixem o emprego. “O governo deveria orquestrar esse movimento de alinhamento de expectativas entre as empresas e os técnicos. O nível de contratação é alto, mas a quantidade de tempo no trabalho é baixa.”