C&M CENÁRIOS Nº 10/2013
CENÁRIOS PARA A ECONOMIA INTERNACIONAL E BRASILEIRA HENRIQUE MARINHO JULHO DE 2013
Economia Internacional Atividade Econômica O FMI volta a reduzir suas projeções de crescimento para a economia mundial em 2013 O FMI voltou a reduzir as projeções de crescimento para a economia mundial em 2013. A expectativa é que a expansão global seja de 3,1% este ano, de 3,3% na previsão de abril, quando o Fundo divulgou seu relatório Perspectiva Econômica Global. Em abril, os economistas do FMI já haviam cortado a estimativa em também 0,2 ponto ante à feita em janeiro. Ao invés de se acelerar como previsto inicialmente, o crescimento deve continuar em ritmo mais modesto. Para 2014, a previsão foi cortada pela primeira vez este ano, nesse relatório divulgado em 9 de julho. Em abril, esperava-se crescimento de 4%, mesmo nível previsto em janeiro, quando o FMI divulgou seu primeiro boletim com projeções macroeconômicas este ano. Agora, a expectativa teve corte de 0,2 ponto, para 3,8%. A culpa pelo menor crescimento da economia mundial é dos mercados emergentes, que estão crescendo bem menos que o esperado, de acordo com o relatório de atualização das projeções do Fundo. A zona do euro é outro fator que tem impedido maior expansão global, com suas economias mergulhadas em uma recessão que deve ser mais intensa este ano que o esperado. Entre os países desenvolvidos, os Estados Unidos devem crescer 1,7% este ano, abaixo dos 1,9% previstos em abril. Em 2014, a previsão é de expansão de 2,7%, também 0,2 pp abaixo da anterior. O Japão, ao contrário, vai surpreender, como consequência da política monetária acomodatícia que tem estimulado o consumo e as exportações ao enfraquecer o iene. A projeção foi aumentada em 0,5pp ante a de abril e agora a aposta é a de que o PIB vai se expandir em 2%. Os dados a seguir demonstram claramente o aprofundamento das expectativas para o crescimento da economia mundial este ano. Países Selecionados - Variação Anual do PIB real (%) Discriminação Mundo Economias Avançadas Canadá Estados Unidos Japão Reino Unido Zona do Euro Alemanha Espanha França Itália Outras Econ. Avançadas * América Latina e Caribe
2013 3,1 1,2 1,7 1,7 2,0 0,9 -0,6 0,3 -1,6 -0,2 -1,8 2,3 3,0
Fonte: FMI, World Economic Outlook 9 de Julho 2013
* Excliu G-7 e países da zona do euro
2014 2013:Dif.Abr 2014:Dif. Abr 3,8 -0,2 -0,2 2,1 -0,1 -0,2 2,2 0,2 -0,2 2,7 -0,2 -0,2 1,2 0,5 -0,3 1,5 0,3 0,0 0,9 -0,2 -0,1 1,3 -0,3 -0,1 0,0 0,0 -0,7 0,8 -0,1 0,0 0,7 -0,3 0,2 3,3 -0,1 -0,1 3,4 -0,4 -0,5
A zona do euro deve se contrair 0,6% este ano, pior do que a contração de 0,3% prevista em abril. Países como Itália e França devem ter contração em suas economias maior que o estimado. Para o Reino Unido, a estimativa aumentou em 0,3 ponto e agora se prevê avanço de 0,9% este ano. Para 2014 a projeção foi mantida em alta de 1,5%.
O FMI também revisou para baixo as expectativas de crescimentos dos países emergentes As reduções nas previsões de crescimento para esses países emergentes foram generalizadas e, em alguns casos, como Brasil e Rússia, bastante significativas. Todos os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) tiveram as suas estimativas rebaixadas, tanto para 2013 quanto para 2014. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a possibilidade de uma desaceleração mais forte do crescimento da China tem preocupado. O FMI passou a estimar um crescimento de 7,8% para a China em 2013 e de 7,7% em 2014, 0,25 e 0,5 ponto abaixo do que projetava em abril. O documento afirma que a China é o país em que há o maior risco de uma queda mais forte do ritmo de crescimento. Brics - Variação Anual do PIB real (%) BRICs Brasil Rússia Índia China África do Sul
2013 2,5 2,5 5,6 7,8 2,0
2014 2013:Dif. Abrr2014:Dif.abr 3,2 -0,5 -0,8 3,3 -0,9 -0,5 6,3 -0,2 -0,1 7,7 -0,3 -0,6 2,9 -0,8 -0,4
Fonte: FMI, World Eco. Outlook Database, 9 de Julho 2013
Inflação e Juros O FMI, em relatório divulgado em 9 de julho, sugere aos países desenvolvidos que mantenham suas políticas monetárias acomodatícias como forma de estímulo a expansão da economia mundial O FMI pede que os países desenvolvidos mantenham suas políticas monetárias acomodatícias como forma de apoiar a expansão da economia mundial, em meio ao rebaixamento das previsões de expansão do PIB global e de novos riscos que rondam o mundo capitalista. "Os estímulos monetários devem continuar até que a recuperação das economias esteja bem estabelecida", destaca o FMI. Em um cenário de inflação comportada e indicadores que mostram as economias patinando, a política monetária deve ser mantida, afirma o documento. Potenciais efeitos colaterais dessas estratégias devem ser contidos com medidas macroprudenciais e regulatórias, argumenta o FMI.
O documento ressalta que a estratégia de redução destes estímulos monetários deve ser adequadamente comunicada aos mercados, para evitar maiores turbulências no mundo financeiro. Para a zona do euro, a recomendação volta a ser com relação aos bancos, sugerindo que se faça uma revisão dos ativos bancários para identificar eventuais problemas e quantificar a necessidade de capital de cada instituição financeira. O documento ressalta ainda a necessidade de acelerar a união bancária na região, para evitar a fragmentação do sistema financeiro local.
Economia Brasileira Atividade Econômica A cada mês, a divulgação dos principais indicadores da economia brasileira, tem sido de notícias não muito positivas para o desempenho da economia, assim com para a inflação. O último resultado para a produção industrial e para o comercio varejista contribuíram para o IBCR(Br) negativo de 1,4% em maio e, mesmo com a continuidade da política de elevação da taxa Selic, a inflação continua resistindo à retornar para a meta central de 4,5%, alimentando mais ainda as incertezas sobre o futuro da economia brasileira.
Juros e Inflação COPOM, em sua reunião de julho, mantém trajetória de elevação da Selic que chega a 8,5% e justifica de forma curta. “Dando prosseguimento ao ajuste da taxa básica de juros, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 8,50% ao ano, sem viés. O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”.
Banco Central reavalia em seu Relatório de Inflação projeções do PIB para menos e da inflação para. No que se refere ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a projeção para 2013, de acordo com o cenário de referência, é de 2,7%, bem menor do que o anteriormente previsto que foi de 3,1% no Relatório de Inflação anterior e de 3,0% em quatro trimestres até o primeiro trimestre de 2014. Essas projeções são consideradas bastante otimistas pelo mercado que reduziu suas expectativas de expansão do PIB para apenas 2,31% em 2013 e de 2,8% para o ano que vem, na sua última divulgação do Relatório Focus, de 15 de julho. No que se refere a inflação as projeções apontam inflação de projeta inflação de 6,0% em 2013, 5,4% em 2014 e 5,5% no segundo trimestre de 2015, enquanto que o mercado estima 5,8% em 2013, 5,2% em 2014 e 5,3% no segundo trimestre de 2015.
Alguns indicadores demonstram as dificuldades da política econômica brasileira superar o risco da inflação, associados ao risco de mais uma vez a economia apresentar um crescimento pífio em 2013, senão vejamos: Entre as notícias boas temos apenas: A sexta estimativa da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas, de acordo com os dados do IBGE, totalizou 185,7 milhões de toneladas, superior 14,7% à obtida em 2012 (161,9 milhões de toneladas), e com variação absoluta negativa de -188.240 toneladas em relação à estimativa de maio (-0,1%).A estimativa da área a ser colhida em 2013 (52,6 milhões de hectares)cresceu 7,8% frente à área colhida em 2012 (48,8 milhões de hectares) e ficou 330.166 ha menor que a prevista no mês anterior (-0,6%). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, apurado pelo IBGE, apresentou variação de 0,26%, constituindo-se no menor IPCA desde junho de 2012, ficando abaixo da taxa de 0,37% de maio em 0,11 ponto percentual, , quando chegou perto da estabilidade, com 0,08%. Com isto, a variação no ano foi para 3,15%, enquanto havia se situado em patamar inferior em igual período de 2012, com 2,32%. Considerando os últimos 12 meses, o índice ficou em 6,70%, acima dos 6,50% relativos aos 12 meses anteriores, ultrapassando o limite superior da meta. Mesmo ultrapassando a meta anual, o índice mensal foi abaixo de todas as previsões dos analistas.
Entre as preocupantes, temos: Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de marca forte retração- A economia brasileira deixou de mostrar crescimento em maio de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O indicador que tenta antecipar a tendência do Produto Interno Bruto (PIB) mostrou queda de 1,4% sobre abril na série com ajuste sazonal. O IBC-Br mostrou alta de 2,28% em maio comparado com igual período do ano passado, na série sem ajuste. Considerando a sazonalidade, foi verificado avanço de 2,61%. No ano, o índice tem variação positiva de 3,17% e 1,74% nos 12 meses acumulados em maio, ambos com ajustes sazonal. Em maio, segundo o IBGE, o comércio varejista apresentou estabilidade (0,0%) para o volume de vendas e taxa de crescimento de 0,7% para a receita nominal, variações estas em relação ao mês anterior ajustadas sazonalmente. Quanto à média móvel, o volume de vendas obteve variação de 0,2%, enquanto a receita apresentou taxa de crescimento de 0,8%. Em relação a maio de 2012, as variações foram de 4,5% para o volume de vendas e de 13,4% na receita nominal. Nos acumulados dos cinco primeiros meses do ano e dos últimos 12 meses, as taxas se estabeleceram em 3,3% e 6,1% para o volume de vendas, e em 11,6% e 12,1% para a receita nominal, respectivamente. O comércio varejista ampliado, que inclui o varejo e mais as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, registrou queda em relação ao mês
anterior com variação de -0,8% para o volume de vendas e de -0,1% para a receita nominal, ambas as taxas com o ajustamento sazonal. No acumulado do ano e dos últimos 12 meses o setor apresentou taxas de variação de 5,0% e 7,6% para o volume e de 9,5% e 10,2% para a receita nominal de vendas, respectivamente. Para o IBGE, em maio de 2013, já descontadas as influências sazonais, a produção industrial apontou queda de 2,0% frente ao mês imediatamente anterior, eliminando, assim, parte da expansão de 2,6% acumulada nos meses de março e abril. Foi a queda mais elevada desde fevereiro deste ano (-2,3%). No confronto com igual mês do ano anterior, o setor industrial apontou expansão na produção (1,4%), segunda taxa positiva consecutiva nesse tipo de comparação, mas bem menos intensa que a observada no mês anterior (8,4%). Com isso, no índice acumulado para os primeiros cinco meses do ano, o setor industrial avançou 1,7% frente a igual período do ano anterior. A taxa anualizada, indicador acumulado nos últimos 12 meses, ao recuar 0,5% em maio de 2013, mostrou clara redução no ritmo de queda frente às marcas registradas em março (-2,0%) e abril (-1,0%).
Em resumo, as principais previsões para a economia brasileira para os próximos anos para PIB, inflação, taxa de juros e taxa de câmbio, segundo apurado em 15/07/2013, pela C&M Consultoria no Sistema de Expectativas de Mercado- FOCUS, do Banco Central, são os seguintes: Com o resultado do PIB do primeiro trimestre, observa-se uma deterioração das expectativas do crescimento do PIB com recuo de 2,49% em junho para 2,31% na última previsão do dia 15 de julho. Já a projeção da inflação foi reduzida de 5,83% para 5,80% no mesmo período. Mesmo com a resistência da inflação e com o recado transmitido pelo Banco Central na última reunião do Copom, as expectativas da taxa Selic para o final do ano foram elevadas novamente, agora de 9,0% em junho para 9,25% neste mês, conforme dados apurados pela C&M nos dois períodos que reproduzidos a seguir. As expectativas para a taxa de câmbio no final do ano passaram de US$ 2,10 em junho para US$ 2,20 em julho. Previsões de Julho Previsão anual para inflação, Juros a Taxa de Câmbio Discriminação PIB IPCA IGP-M IGP-DI TAXA SELIC TAXA DE CÂMBIO
2013 2,31 5,80 5,00 4,96 9,25 2,20
Fonte: FOCUS-expectativa de Mercado, em 15/07/2013
2014 2,80 5,90 5,47 5,50 9,50 2,30
2015 3,00 5,50 5,00 5,00 9,50 2,30
2016 3,12 5,25 5,00 5,00 9,00 2,35
Previsões de junho Previsão anual para inflação, Juros a Taxa de Câmbio Discriminação PIB IPCA IGP-M IGP-DI TAXA SELIC TAXA DE CÂMBIO
2013 2,49 5,83 4,49 4,60 9,00 2,10
2014 3,20 5,83 5,28 5,17 9,00 2,15
2015 3,00 5,83 5,00 4,87 9,00 2,18
2016 3,20 5,83 5,00 5,00 9,00 2,20
Fonte: FOCUS-expectativa de Mercado, em 22/06/2013
Finalizado em 15 de Julho de 2013
FONTE DOS DADOS: FMI, EUROSTAT, OCDE, CEPAL, BACEN, IBGE, CNI, CNC, FGV, BM, JORNAIS FOLHA, ESTADÃO E VALOR ECONÔMICO.