Revista Pais Economico

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FERREIRA DO ZÊZERE REFORÇA CLUSTER AGRO-INDUSTRIAL COM A INAUGURAÇÃO DA MAXIPET

Nº 150 › Mensal › Março 2015 › 2.20# (IVA incluído)

Mansour Saleh Al Safi Embaixador da Arábia Saudita em Portugal

Luís Mira Amaral Presidente Executivo do Banco BIC Português

Ricardo Lopes Ferro Diretor Executivo da Bureau Veritas Potugal

Kaffa é café de qualidade Óscar Galvão, CEO da Kaffa Cafés, empresa com sede em Rio de Mouro, concelho de Sintra, é um dos mais importantes players portugueses na produção e comercialização de café. A internacionalização é uma das grandes apostas Março 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1 da empresa, onde pretende atingir 25% das vendas.


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O frenesim grego O mês de Fevereiro ficou marcado, a nível europeu, pelas eleições gerais na Grécia, cujo resultado é conhecido. A vitória do Syrisa introduziu alterações significativas no cenário político grego, e mexeu com os relacionamentos no quadro político em geral da União Europeia. Face à posição do novo governo grego de pretender, numa primeira fase de forma praticamente unilateral, alterar a dívida grega face ao exterior, de rejeitar novas avaliações da troika internacional de credores, e de tomar medidas internas no sentido de elevar significativamente a despesa pública, levou a um frenesim como há muito não se via nos corredores políticos e diplomáticas no espaço europeu. Naturalmente que os gregos escolheram livremente quem queriam para os governar. E, naturalmente, que o governo grego tem o direito de tomar os caminhos que entende como sejam os melhores para o seu país. Incluindo as medidas internas que elevem a despesa pública e voltem a colocar muitos gregos na esfera laboral do Estado, mesmo que não seja visível qual a sua utilidade ou mais-valia nas funções que teoricamente voltam a desempenhar. Todavia, a Grécia apesar de possuir muitas ilhas, não é uma ilha isolada do resto da Europa e do Mundo, e não pode simplesmente porque lhe apetece ou dá jeito, renegar todos os seus compromissos enquanto Estado alinhado com parceiros internacionais. Nem tem o direito de defraudar os muitos que lhes emprestaram dinheiro para poderem continuar a possuírem um nível de vida possivelmente desproporcionado face ao que produzem. É evidente que existem muitos culpados dessa situação, na grande maioria no plano interno grego, e vários no plano externo. Mas, não confundamos o essencial com o assessório. Os gregos receberam muito dinheiro do exterior, já tiveram dois perdões parciais de dívida muito significativos, e o país, apesar de tudo isso, continua à beira da bancarrota, como se tem visto pelas dificuldades de financiamento e falta de liquidez dos bancos gregos. E porquê tudo isso? Pelo mesmo de sempre. Para financiar o Estado grego e o modo de vida grego é preciso muito mais dinheiro do que aquele que o país consegue gerar internamente. Logo, é preciso apoio externo. Este deve continuar? Sem dúvida, desde que os gregos façam realmente o que devem fazer. Mas, pelo historial de décadas, será que o querem mesmo fazer? De forma leal e séria? Vamos ver… JORGE GONÇALVES ALEGRIA

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Índice Grande Entrevista Luís Mira Amaral, Presidente Executivo do Banco BIC Português, acredita que o potencial de relacionamento económico e empresarial entre Portugal e Angola continua intacto, apesar das dificuldades financeiras de momento por que passa a economia angolana, em grnade medida devido à baixa do preço do petróleo nos mercados internacionais. O antigo ministro da Indústria e Energia sublinha que as empresas portuguesas deverão acelerar os seus investimentos de modo a produzirem localmente em Angola, e lembra que o Banco BIC existe em Angola, Portugal, Brasil e Cabo Verde, poderá constituir um apoio muito importante para as empresas portuguesas terem sucesso na sua actuação nos países de língua portuguesa.

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Ainda nesta edição…

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Grande Plano

Arábia Saudita querem portugueses a construírem estradas Lusitania Seguros cresce no norte Emanuel Freitas é Cidadão Fortalezense Royal Topping é excelência na produção de eventos em Portugal CashGuard ajuda a gerir o dinheiro (cash) Bagin para cada carro Frusoal é a cara do melhor da fruticultura do Algarve

Retificação Novo Conselho de Administração Na sequência da notícia publicada pela PAÍS €CONÓMICO, na edição do passado dia 1 de Fevereiro, referente à nomeação do Engenheiro Rui Loureiro para presidente da Carris, Metro Transtejo, Metro, Transtejo e Soflusa, agradeço uma correção na vossa próxima edição, uma vez que contém uma frase incorreta e que induz em erro. A notícia refere: « a Metropolitano de Lisboa EPE, nova entidade que agrega a gestão da Carris, metropolitano e Transtejo » o que não é verdade. O Metropolitano não vai agregar as restantes empresas. O Conselho de Administração das três empresas é comum às quatro empresas.

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No passado dia 13 de Fevereiro foi inaugurada a nova unidade industrial da Maxipet, em Ferreira do Zêzere, um investimento superior a 5 milhões de euros. Para além da relevância da unidade industrial inaugurada pela ministra da Agricultura, Assunção Cristas, fomos ouvir os restantes protagonistas que construíram a nova fábrica, assim como o presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere, onde nos explica a estratégia de desenvolvimento para o seu concelho, nomeadamente o reforço do cluster agro-industrial ali existente.

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O novo conselho de administração é, desta forma, constituído pelo Eng. Rui Lopes Loureiro, que preside e pelos vogais Dr. Pedro Gonçalo de Brito Aleixo Bogas, Dr. Tiago Alexandre Carvalho dos Santos, Dra. Maria Manuela Bruno de Figueiredo e Dr. José Rui Roque. Como foi referido pelo Comunicado do Conselho de Ministros, os conselhos de administração da Metropolitano de Lisboa, E.P.E. (ML), da Companhia de Carris de Ferro de Lisboa, S.A. (CARRIS), da Transtejo, Transportes do Tejo, S.A. e da SOFLUSA – Sociedade Fluvial de Transportes, S.A. são integrados, em regime de acumulação, pelos mesmos membros. ‹

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› GRANDE PLANO Luís Guilherme, Diretor-Geral da Maxipet, empresa que inaugurou a primeira fábrica em Portugal de produção de rações para animais de companhia

«A qualidade dos nossos produtos marcará a diferença no mercado» Rigor, profissionalismo, qualidade, ambição. São palavras fortes no discurso de Luís Guilherme, Director-Geral da Maxipet, empresa pertencente ao mesmo grupo de empresários portugueses que detém a Rações Zêzere, e que foi inaugurada no passado dia 13 de Fevereiro, com a presença da ministra da Agricultura, Assunção Cristas. O responsável da empresa explicou à País Económico as razões que levaram a um investimento superior a cinco milhões de euros e que nesta primeira fase já criou dez postos de trabalho. Tudo para produzir produtos de elevada qualidade para os animais de companhia e de estimação. É a primeira fábrica do género em Portugal e assume-se como criadora e produtora de «um produto genuinamente português, criado a partir de matérias-primas também elas na sua grande maioria originárias de Portugal», sublinha o empresário. Agora, desde o dia 9 de Março, é o mercado português e internacional que irá validar a qualidade e a competitividade dos produtos saídos da fábrica da Maxipet em

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Ferreira do Zêzere. O país espera que tenham sucesso. TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

oi inaugurada no passado dia 13 de Fevereiro, em Ferreira do Zêzere, a primeira fábrica em Portugal produtora de produtos premium e superpremium para animais de companhia. Num investimento superior a cinco milhões de euros e a criação para já de 10 postos de trabalho, a unidade industrial da Maxipet acabou de colocar esta semana o seu primeiro produto no mercado português. Luís Guilherme, Diretor-Geral da Maxipet, sublinhou a importância do estudo de mercado realizado pela empresa antes de decidir avançar com o projecto da fábrica em Ferreira do Zêzere, estudo que concluiu existir «uma falta no mercado de uma unidade deste género em Portugal, pois os produtos consumidos no nosso país para os animais de companhia em grande parte importados, maioritariamente de Espanha. O estudo apontou

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também que os preços destes produtos praticados em Portugal são bastante elevados, levando como efeito a que muitas pessoas não possam alimentar convenientemente, ou sequer alimentar, os seus animais, logo concluímos estarem criadas as condições de oportunidade para avançar com este investimento». Concretizado por um conjunto de investidores portugueses, todos de Ferreira do Zêzere, e já com uma história de investimento e de sucesso empresarial no sector agro-industrial, Luís Guilherme adianta que «tomámos, então, a decisão de construir a única fábrica existente até ao momento em Portugal para a produção de rações de elevada qualidade, mas a um preço competitivo, para os animais de companhia», unidade que, como afirmámos anteriormente, viu concretizada a sua inauguração com a presença da ministra da Agricultura, Assunção Cristas.

Para concretizar o investimento, o grupo empresarial recorreu aos apoios do QREN, «nomeadamente pelo carácter inovador do investimento e da mais-valia que introduzia no mercado português», salienta Luís Guilherme, referindo ainda que para concretizar a construção da unidade industrial, a Maxipet recorreu a vários parceiros com elevado know how no mercado da instalação e automação industrial, incluindo no mercado português, e dessa parceria surgiu a fábrica que desde o dia 9 de Março começou oficialmente a produzir os produtos que prometem agitar o mercado português e atrair o gosto de muitos animais em Portugal e pelo mundo fora. Luís Guilherme sublinha, no entanto, para o «trabalho muito exigente, meticuloso e altamente profissional desenvolvido por toda a equipa da Maxipet para podermos elaborar os melhores produtos e poder,

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› GRANDE PLANO dessa forma, conquistar uma fatia importante do mercado nacional e ganhar igualmente saliência no domínio das exportações. Maioria das matérias-primas são portuguesas Em primeiro lugar, salienta o empresário, pela escolha estratégica de recorrer na sua grande maioria à aquisição das matérias-primas em Portugal. «Concluímos que para o fabrico dos nossos produtos, dispomos em Portugal de boas matérias-primas para os produzir, logo, ganhamos na relação próxima com os produtores, na logística e na própria competitividade. Depois, porque podemos proceder logo ao des-

piste de qualquer anomalia que alguma matéria-prima que aqui chegue incorpore nos nossos excelentes laboratórios de química e de microbiologia, que analisam com altíssimo rigor todos os produtos entrados na nossa unidade industrial. Então, com todas essas condições devidamente acauteladas, passamos a dispor de efectivas condições para produzir produtos de elevada qualidade». Produzir com alta qualidade E é o mercado que vai responder e marcar o presente e o futuro dos produtos da Maxipet. Luís Guilherme refere que os produtos que estão a sair da unidade industrial de Ferreira do Zêzere, estarão colocadas

Maxipet ajudará as exportações portuguesas Presente na inauguração da fábrica da Maxipet em Ferreira do Zêzere, esteve a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, ela própria com raízes familiares naquele concelho. Depois de uma visita cuidada à fábrica da Maxipet na companhia de Luís Guilherme, director geral da empresa, e do presidente da edilidade local, Jacinto Flores, a responsável pela agricultura portuguesa congratulou-se pelo investimento concretizado no concelho, um investimento superior a cinco milhões de euros e que ajudará certamente no desenvolvimento do sector agro-alimentar português, visto que as matérias-primas incorporadas nas rações para os animais de estimação ali produzidas serão originárias na sua grande maioria do próprio país. Por outro lado, Assunção Cristas realçou também a circunstância de parte importante dos produtos serem de elevada qualidade e terem em parte importante a exportação como meta, «contribuindo dessa forma para aumentar as exportações nacionais, pois o sector agrícola e agro-alimentar têm tido um comportamento cada vez melhor e tem contribuído de forma muito significativa para a redução da dependência alimentar do país». A responsável pela agricultura nacional adiantou ainda a sua satisfação por estar a inaugurar uma fábrica de investidores portugueses, o que «vem de encontro aos nossos objectivos de contribuir para assegurar os quatro pilares do desenvolvimento do país, que são, respectivamente, o investimento, a industrialização, a inovação e a internacionalização. A Maxipet promete constituir um excelente exemplo da aplicação desses princípios e é com muita satisfação que estou em Ferreira do Zêzere na inauguração deste importante investimento nacional», assegurou Assunção Cristas. ‹

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em várias superfícies comerciais que «já trabalham com outras empresas do nosso grupo empresarial e que já conhecem a qualidade de tudo o que produzimos. Será natural que vários dos produtos que estão a sair da fábrica tenham até a marca de algumas dessas superfícies. Mas, sublinho este ponto, o nosso projecto aponta fundamentalmente para a produção a breve prazo de marcas nossas, com um posicionamento superior, Special One e Happy One, nomes que aliás nos remetem para um dos mais famosos treinadores portugueses de futebol e que possui uma inegável imagem ganhadora no plano nacional e internacional. Atualmente, a unidade industrial da Maxipet possui a capacidade para abastecer cerca de 30% do que o mercado português consome de produtos para animais de companhia. No entanto, Luís Guilherme salienta que se o mercado responder favoravelmente, «como esperamos, tanto a nível nacional como internacional», então a fábrica está preparada para receber uma segunda linha de produção e, com esse aumento, responder por 60% do mercado nacional. No contrato estabelecido pela empresa no quadro do apoio recebido no âmbito do QREN a empresa comprometeu-se a exportar pelo menos 30% da produção realizada na fábrica de Ferreira do Zêzere. O gestor afirmou à País Económico estar muito animado em face «dos inúmeros contactos que temos recebido de muitas partes da Europa e até de outras latitudes, nomeadamente da Holanda e de Israel, mas igualmente da Grécia. E repare que praticamente não fizemos nenhuma promoção da empresa nem dos nossos produtos, pois só agora iniciámos essa mesma produção. Mesmo assim, temos recebido inúmeras solicitações, e acreditamos que muitas vão ser correspondidas em encomendas dos nossos produtos. O nosso compromisso é exportar 30% da nossa produção, mas acreditamos que seremos capazes no futuro de superar esse objectivo, e dessa forma também contribuir de forma sustentada para o desenvolvimento do concelho e do país», finalizou Luís Guilherme. ‹

Pedro Veríssimo, Administrador da HRV

Maxipet foi um projecto importante para a HRV A HRV foi um dos dois grupos portugueses directamente envolvidos na construção e montagem da fábrica da Maxipet, em Ferreira do Zêzere, inaugurada a 13 de Fevereiro. Pedro Veríssimo, administrador da empresa com sede na Marinha Grande, traçou o que foi a participação da HRV naquele projecto industrial e sublinhou que essa participação era fruto da experiência e qualidade acumulada ao longo dos 33 anos da existência da empresa. No plano internacional, vai avançar a HRV Angola, para «dar suporte e assistência técnica/manutenção às unidades fabris que aí estamos a instalar», enfatizou o responsável da HRV.

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TEXTO › JORGE ALEGRIA

| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

HRV foi uma das empresas que intervieram na construção da unidade industrial da Maxipet, em Ferreira do Zêzere. Segundo Pedro Veríssimo, a participação da HRV aconteceu no «projecto/desenvolvimento/construção e montagem da unidade industrial para fabrico de alimento composto para animais de companhia (PET FOOD), com o fornecimento dos equipamentos “HRV MAIN CONSTRUCTOR”». Questionámos o responsável da empresa da Marinha Grande sobre o porquê da sua intervenção num processo industrial como o da Maxipet, pelo que o administrador da empresa sublinhou que «a HRV Equipamentos de processo, SA, conta com uma larga experiência no seu sector de actividade, já conta com trinta e três anos de actividade na área dos equipamentos para linhas de fabrico de ração de animais, sendo importadora da melhor marca mundial (Andritz) de equipamentos topo para o sector, construindo cá todos os transportadores, estruturas e quadros eléctricos. A HRV conta com técnicos especializados na elaboração dos projectos, assim como a nível da manutenção». Actualmente, segundo Pedro Veríssimo, pela ordem de importância, o grupo HRV dedica-se «à instalação de linhas de produção de pellets, às linhas de produção de rações para animais de consumo e às linhas para a produção de rações para animais de companhia. A par disto, no sector químico, a empresa tem soluções ao nível das argamassas, argila expandida, plástico granulado, sal, açúcar,

café, cereais em geral e todos os produtos sólidos que podem ser armazenados, transportados, manuseados e ensacados. É por tudo isto que, dentro do segmento em que atua, a HRV tem sabido sobrepor-se às vicissitudes do mercado e conquistar a confiança de todos». No ano passado, o volume e negócios da HRV atingiu cerca de 12 milhões de euros, mas neste ano prevê um decréscimo, devendo facturar em torno dos dez milhões de euros. No domínio dos mercados internacionais, segundo o responsável do grupo HRV, «esperamos a solidez e expansão do mercado internacional. A nossa evolução baseou-se no mercado ibérico e um pouco em Marrocos. Estão, pois, reunidas condições para chegar aos PALOP, nomeadamente Angola e Moçambique, sendo que estes últimos mercados com forte potencial que nos obrigam a ter outra capacidade». Por isso, adianta Pedro Veríssimo, quanto a novos investimentos, «vamos investir em Angola com a criação da HRV Angola, para dar suporte e assistência técnica às unidades fabris que aí estamos a instalar». Quanto ao desenvolvimento futuro do grupo da Marinha Grande, Pedro Veríssimo sublinhou que estaremos «direccionados para os mercados emergentes e consolidação dos negócios na Península Ibérica, com desenvolvimento e busca de soluções técnicas que permitam optimizar recursos energéticos, optimizar recursos agrícolas garantindo a segurança alimentar e sustentabilidade», finalizou. ‹

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Anabela Cardoso e Jorge Cardoso, gerentes da JCE

› GRANDE PLANO Jorge Cardoso, Diretor Geral da JCE – Electricidade e Automação Industrial

Estamos com os grandes players do sector agro-alimentar português No próximo dia 14 de Abril, a JCE – Electricidade e Automação Industrial, comemorará o seu 18º aniversário. A PAÍS €CONÓMICO entrevistou Jorge Cardoso, Diretor Geral da empresa com sede no concelho de Leiria, e que recentemente se distinguiu devido à sua participação na construção da unidade industrial da Maxipet, em Ferreira do Zêzere. Requisitado praticamente por todos os grandes grupos agro-industriais portugueses, a JCE especializou-se nos sectores da automação industrial e no segmento eléctrico de baixa tensão, facturando no presente cerca de 95% no mercado nacional, sendo a restante parte pela prestação de serviços – em muitos casos para empresas portuguesas – em países como Angola, Moçambique, Gâmbia e Marrocos. Com uma relação tecnológica intensa com a multinacional alemã Siemens, a JCE poderá comemorar o seu aniversário com o anúncio do alargamento das suas instalações para um espaço contíguo «pois estamos em negociações com o seu proprietário para a sua aquisição», sublinhou Jorge Cardoso.

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TEXTO › JORGE ALEGRIA

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JCE – Electricidade e Automação Industrial foi uma das duas empresas portuguesas que participaram ativamente na construção da unidade industrial da Maxipet, em Ferreira do Zêzere. Jorge Cardoso recorda que a sua empresa possui um histórico de vários anos de colaboração com o grupo empresarial que agora investiu na construção de uma fábrica para a produção de rações para animais de companhia, pelo que foi sem surpresa que foi “requisitada” para participar na parte da automação industrial e da electricidade da nova unidade fabril em Ferreira do Zêzere. Mas, adianta o homem que fundou a JCE há quase 18 anos, que «somos quase sempre requisitados por todas as principais empresas portuguesas quando se trata de intervir em processos de construção industrial, ou depois na sua própria manutenção. Presentemente, além do grupo em apreço – Rações do Zêzere – somos sempre chamados por vários outros grupos de grande relevância no nosso país, dos quais destaco os grupos Valouro ou Soja Portugal, além de outros, naturalmente», referiu Jorge Cardoso. Por isso, quando questionado se já tinha na sua carteira de encomendas novas unidades industriais do sector agro-alimentar para construir, e sem entrar em detalhe, Jorge Cardoso respondeu inequivocamente que sim, «não apenas uma, mas mais», sublinhando novamente que a empresa fruto do seu know how e experiência adquirida nestes praticamente 18 anos no mercado

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português, «é bastante requisitada pela sua qualidade, experiência e fiabilidade em que nas nossas áreas de saber empregamos nos processos industriais em que participamos». Aliás, o gestor salientou que a JCE possui uma carteira repleta de trabalhos para o presente ano, «o que nos confere uma grande tranquilidade na condução da empresa, embora nos tempos que correm surjam muito frequentemente trabalhos de natureza excepcional e que ninguém contava. As decisões das empresas para investirem são muitas vezes praticamente em cima da hora de começarem as obras e as empresas fornecedoras de serviços espacializados têm de estar preparadas para dizer presente. E a JCE está muito bem preparada», enfatizou Jorge Cardoso. A JCE possui cerca de 30 colaboradores nos seus quadros, vários deles com formação superior. Aliás, a JCE é conhecida pela sua forte ligação aos meios universitários e politécnicos de Leiria, entidades com que a empresa estabeleceu protocolos para proporcionar estágios a vários alunos, alguns dos quais acabaram por ficar nos quadros da empresa. No entanto, Jorge Cardoso frisa «que aqui existe uma cultura de empresa bastante enraizada onde todos poderemos ter de fazer aquilo que é necessário fazer para a empresa cumprir as suas responsabilidades e compromissos com os seus clientes. Felizmente temos conseguido implementar bem essa cultura de empresa na JCE», reforça o gestor.

Por outro lado, uma das forças tecnológicas em termos de know how da JCE prende-se com a sua estreita ligação com a Siemens. Jorge Cardoso lembra que a colaboração com a gigante alemã teve o seu início em 2007 «na altura com a categoria de advance, mas a relação evoluiu logo de forma muito positiva e em 2009 passámos para o estatuto de solution, o que nos leva a ter um relacionamento muito estreito com a empresa e somos a entidade que é requisitada pela própria Siemens para se relacionar com os clientes deles nesta região e mesmo noutras partes do país. Aliás, a nossa relação com a Siemens é tão forte que temos duas pessoas que todos os anos têm de prestar provas das suas competências perante a Siemens na Alemanha, e caso não sejam aprovadas perdemos esse estatuto de parceiro da empresa. Isso tem sido muito bom para a própria JCE porque nos obriga a estar permanentemente formados e em evolução, o que é excelente para o desenvolvimento das competências tecnológicas e profissionais da nossa empresa», reforça Jorge Cardoso. Depois de três anos a receber o

estatuto PME Líder, já este ano (referente ao ano de 2014) a JCE recebeu o galardão de PME Excelência, «sinónimo de empresa com um excelente balanço económico e financeiro, com uma gestão muito qualificada e que contribuiu de forma indelével para o reforço da economia nacional», sublinha com especial orgulho o fundador da empresa de Leiria. Quanto ao futuro, a JCE está no limite do seu crescimento, «pois não pretendemos crescer demasiado, essa nunca foi a nossa grande prioridade, importa-nos essencialmente ser uma empresa com uma dimensão adequada para responder com eficácia e qualidade aos desafios e necessidades dos nossos clientes. Mas, estamos em negociações para adquirir o espaço contíguo a este onde estamos, o que se vier a acontecer, nos permitirá consolidar os processos internos da empresa e assim estarmos obviamente mais bem preparados para atuar de forma ainda mais sustentada no plano das actividades externas da JCE junto dos nossos clientes em Portugal e no estrangeiro», finalizou Jorge Cardoso. ‹

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› GRANDE PLANO Jacinto Cristas Flores, Presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere, anuncia a realização do Campeonato Mundial de Wakeboard em Setembro nas águas do rio Zêzere

Ferreira do Zêzere tem grande potencial para acolher indústrias agroalimentares Ferreira do Zêzere possui excelentes condições para atrair empresas do setor agroalimentar, tamanho é o potencial agrícola e florestal do concelho. Por isso, Jacinto Cristas Flores, Presidente da Câmara de Ferreira do Zêzere, em entrevista à PAÍS €CONÓMICO, sublinha a importância do recente investimento industrial da Maxipet no concelho, vindo aliás de um grupo empresarial com fortes raízes de investimento em Ferreira do Zêzere. Um concelho igualmente com grande potencial turístico conferido pelo rio Zêzere, onde em Setembro deste ano será realizado pela primeira vez em Portugal e na Europa o Campeonato Mundial de Wakeboard, prova que regressará à região em 2017. Para além de se constituir como “Capital do Ovo” em Portugal, Ferreira do Zêzere caminha para se tornar a “Meca do Wakeboard” a nível europeu. A acompanhar essa nova realidade, estará também a subida da oferta hoteleira no concelho, com a inauguração ainda em Junho deste ano de um novo hotel em Ferreira do Zêzere.

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TEXTO › JORGE ALEGRIA

inauguração no passado dia 13 de Fevereiro veio reforçar o cluster do sector agro-industrial no concelho de Ferreira do Zêzere. Facto assumido pelo presidente da Câmara de Ferreira do Zêzere, tanto ao nível dos postos de trabalho criados nesta primeira fase, e que prometem ser duplicados «provavelmente em menos de dois anos», além da unidade também aproveitar as potencialidades das matérias-primas produzidas em Portugal e que serão incorporadas nas rações que produzem desde o dia 9 de Março do corrente ano. Por outro lado, Jacinto Cristas Flores também não deixou de destacar nesta entrevista o facto do investimento de cinco milhões de euros ter partido de um grupo

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

empresarial já com raízes muito fortes no concelho de Ferreira do Zêzere, «pelo que configuramos que o investimento agora concretizado tenha todas as condições para constituir um sucesso, a que o mesmo grupo de empresários de Ferreira do Zêzere já nos habituou», salienta. O autarca adiantou que o concelho possui realmente excelentes condições para acolher indústrias ligadas ao setor agroalimentar, tanto em virtude das condições naturais do território, bem como à sua localização privilegiada. «Repare, estamos junto à A13, uma auto-estrada que nos coloca rapidamente em ligação à Grande Lisboa, a Coimbra, ao Porto, assim como ao interior do país. É verdade que esperávamos que a A13 não fosse portajada, pois

inicialmente estava apenas prevista como um Itinerário Complementar, agora como auto-estrada, fazer sair ou chegar produtos a Ferreira do Zêzere é mais oneroso. Mesmo assim, é uma via muito importante e indispensável para todos os investidores que desejem se instalar em Ferreira do Zêzere e em toda esta região», enfatizou Jacinto Cristas Flores. Questionado se autarquia a que preside tem efetuado um esforço para atrair novos investimentos para o concelho, nomeadamente no setor agroalimentar, o autarca ferreirense refere-nos que não, referindo que os investimentos que têm sido realizados partiram sobretudo da vontade dos empresários. No entanto, adianta Jacinto Flores, «a Câmara Municipal de Ferrei-

ra do Zêzere possui uma administração muito ágil, capaz de responder rápida e eficazmente às solicitações dos potenciais investidores, além de ter introduzido um conjunto de taxas e impostos de cariz municipal mais reduzidos para promover e incentivar os investimentos no concelho. Ferreira do Zêzere está numa localização estratégica no quadro territorial do país, possui um potencial agrícola e florestal fantástico, e como já foi referido, possui vias de acesso ao território nacional e internacional em muito boas condições. Logo, convidamos todos os empresários a estudarem essas potencialidades, e se decidirem vir para Ferreira do Zêzere tudo faremos para os acolher bem e prestar-lhes as melhores condições de instalação

e desenvolvimento dos seus projetos». Mas, além do já mencionado potencial agrícola e florestal do concelho, Ferreira do Zêzere possui uma outra grande mais-valia consubstanciada no Rio Zêzere, um caudal aquífero de grande importância enquanto reservatório de abastecimento de água para toda a Grande Lisboa, bem como no que respeita a potencial turístico a aproveitar e desenvolver. Realmente, sublinha o edil, «a beleza do nosso território, bem como de toda a região envolvente, com várias aldeias ribeirinhas muito bem cuidadas e acolhedoras para quem nos visita, bem como o espelho de água do Zêzere, dão-nos um forte potencial de atração turística e consequente desenvolvimento de projetos nes-

se setor estratégico para o desenvolvimento de Ferreira do Zêzere. Até ao momento, temos tido uma forte limitação ao aproveitamento devido desse potencial, que passa pela escassez de camas turísticas existentes no concelho. Até 2012 existiam apenas pouco mais de sessenta camas. Mas, a situação está a alterar-se. Conseguimos convencer em 2013 um investidor a construir um hotel de charme de quatro estrelas em Ferreira do Zêzere. Essa unidade hoteleira está em construção e deverá ser inaugurada em Junho deste ano, acrescentando mais 43 quartos. Juntando mais algumas camas de empreendimentos de turismo de habitação que entretanto foram surgindo, o concelho de Ferreira do Zêzere possuirá no final do primeiro

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› GRANDE PLANO sinalização turística, de todo o concelho de Ferreira do Zêzere. Com a sua concretização, será muito mais fácil aos residentes e sobretudo a todos os que nos visitam poderem circular pelos pontos em que tenham maior interesse no concelho», referiu o presidente. Um dos défices infraestruturais do concelho assumidos pelo autarca de Ferreira do Zêzere prende-se com a insuficiente cobertura de saneamento básico. Apenas cerca de 22% do concelho possui infraestruturas de saneamento básico, proliferando em sua alternativa as fossas céticas. Jacinto Flores deseja mudar esse panorama, mas confessa que não será fácil a curto ou a médio prazo. «Apesar da boa situação económica do município, para infraestruturar completamente o concelho em termos de saneamento básico, serão necessários cerca de 60 milhões de euros, mas não temos esses recursos disponíveis para tamanho empreendimento». Interrogado se no semestre deste ano um conjunto de quase uma centena e meia de camas turísticas», refere Jacinto Cristas Flores. Mundial de Wakeboard em Ferreira do Zêzere Camas que serão bem necessárias me Setembro próximo quando Ferreira do Zêzere acolher o Campeonato do Mundo de Wakeboard, que se realizará pela primeira vez na Europa e, consequentemente, em Portugal. Segundo o autarca, o contrato com a federação internacional está assinado e realmente «pela primeira vez realiza-se na Europa o campeonato que vai apurar os campeões mundiais de 2015 da modalidade de Wakeboard. Deverão estar presentes na prova cerca de 200 atletas, que normalmente são acompanhados por mais duas ou três pessoas, pelo que esperamos que estejam na região – o torneio abrangerá para além de Ferreira do Zêzere, os concelhos de Tomar, Abrantes, Vila de Rei e Sertã – cerca de 600 a 700 pessoas, proporcionando mais de 6.000 dormidas à região, o que configura um retorno económico para a hotelaria, a restauração e

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o conjunto da económica regional de elevado alcance». Mais, Jacinto Flores adianta ainda em primeira mão à PAÍS €CONÓMICO, que para além da realização do campeonato neste ano, Ferreira do Zêzere acolherá igualmente a competição em 2017. «Decidimos fazer este importante investimento em trazer o Wakeboard para Ferreira do Zêzere e para esta região, não apenas com a realização do campeonato este ano, mas igualmente a prova de 2017. No próximo ano, o campeonato realizar-se-á na Califórnia (EUA), onde estaremos a promover o torneio do ano seguinte na nossa região, pois é nosso objetivo aumentar o número de presenças em 2017 de participantes e acompanhantes desse mundial na região, com todos os benefícios que poderemos daí retirar em termos económicos e de promoção turística regional e nacional», salienta o autarca, que aproveita ainda para sublinhar que a autarquia pretende criar no futuro um cable park na região, onde os «amantes da modalidade possam disfrutar ao longo do ano das condições naturais que possuímos para a sua prática».

âmbito do novo quadro comunitário de apoio 2020 será possível colmatar esse problema, o autarca admite «que alguma coisa poderá ser feita, até porque assumi perante os munícipes que uma das apostas do nosso trabalho seria avançarmos na área do saneamento básico em Ferreira do Zêzere. Mas não será fácil atingir níveis muito elevados de projetos e obras nesse domínio», admite o autarca. Com uma política autárquica com um foco importante na área social, Jacinto Cristas Flores aponta como sua grande realização passada a concretização do Centro Escolar de Ferreira do Zêzere, «o que permitiu dar novas e melhores condições de educação a todas as crianças do concelho, possibilitando dessa forma também uma mais-valias para os pais e as famílias, que encontram assim renovadas formas e condições para permanecerem e se fixarem no concelho, um concelho que sofre como muitos outos com o fenómeno

do envelhecimento populacional, mas que nos últimos anos, fruto também dessas políticas de apoio social que implementámos, ter registado um crescimento no número de nascimentos e, assim, podermos renovar a prazo a estrutura social de Ferreira do Zêzere». Para o ano de 2015 que há pouco se iniciou, Jacinto Flores aposta na manutenção dos níveis de apoio social no concelho, além da construção de sanitários públicos na sede do concelho, e sublinha igualmente que a autarquia voltará a dedicar importantes meios financeiros à qualificação das rodovias, com a «repavimentação de várias estradas e a construção de uma ponte num local do concelho próximo de uma saída da A13, onde atualmente apenas consegue passar um camião de cada vez, para no futuro poderem passar dois em simultâneo e assim ajudar a fazer fluir o trânsito e as atividades económicas no concelho de Ferreira do Zêzere», finalizou o autarca. ‹

Provas realizadas na água colocam naturalmente em relevo as questões de natureza ambiental. Jacinto Flores lembra que na sequência da entrada em vigor do plano de ordenamento da barragem de Castelo do Bode em 2003, as restrições à circulação na água de embarcações – barcos e motos de água – provocaram a sua diminuição, mas com estas provas a autarquia está tentando dinamizar novamente a sua reanimação, embora respeitando obviamente o conjunto de restrições que esse plano obriga. No plano de sinalização O conjunto de aldeias ribeirinhas do concelho de Ferreira do Zêzere, com especial saliência para Dornes, constitui um ativo turístico de elevado potencial para o concelho. O autarca assegura que as aldeias possuem as infraestruturas indispensáveis, mormente saneamento básico e abastecimento de água, além de possuírem pavimentações em boas condições. «O que temos de melhorar, em todo o concelho, e para isso vamos desenvolver um projeto global, trata-se da sinalização, incluindo a

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› NOTÍCIAS

› A ABRIR

Subindo na Pirâmide

Francisco Cavaleiro Ferreira

JOSÉ AZEVEDO RODRIGUES

É o novo Managing Director da Multi Corporation em Portugal e Espanha, onde aquela multinacional com sede na Holanda gere 18 centros comerciais de elevada qualidade, além de gerir igualmente no espaço ibérico ativos de 7 projetos e ainda pela gestão de escritórios em três edifícios. A Multi Corporation está sediada em 12

STEF comemorou 20 anos de presença em Portugal

países europeus e na Turquia. ‹

Arábia Saudita quer empresas portuguesas a construir estradas no país do petróleo

Giulio Limongelli O Vice-Presidente para o Sul da Europa da Groupon, acaba de lhe serem confiadas novas responsabilidades, passando a deter o comando das operações da empresa francesa líder mundial na venda de cupões em Israel e nos Emirados Árabes Unidos. Estes países juntam-se assim às responsabilidades do gestor em Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Turquia. ‹

Jean-Yves Chameyrat É o novo Diretor de Recursos Humanos do Grupo STEF, além de ter passado também a integrar o comité executivo do mesmo grupo multinacional. Com uma sólida carreira ligada à área dos recursos humanos, entrou para o grupo STEF em 2002, desempenhando aí sempre responsabilidades na sua área em várias empresas do grupo francês, igualmente presente em Portugal. ‹

16 › PAÍS €CONÓMICO | Março 2015

Muitos milhões de dólares para construir estradas No final de Fevereiro, a Embaixada da Arábia Saudita em Portugal emitiu um anúncio sobre a existência de um conjunto de concursos públicos internacionais para a construção de diversas infraestruturas rodoviárias em vários pontos do Reino da Arábia Saudita. Segundo fonte da embaixada saudita em Lisboa, as informações estão disponíveis nos serviços da própria embaixada para todos os interessados, mas o mais importante, sublinha o serviço diplomático do reino liderado pelo Rei Salman bin Abdulaziz Al-Saud, é que é reconhecida a capacidade e qualidade das empresas portuguesas na área da construção de estradas, e as autoridades sauditas gostariam de ver empresas portuguesas envolvidas na construção dessas vias no país que é o maior produtor mundial de petróleo. Segundo apurou a PAÍS €CONÓMICO, várias empresas portuguesas têm mostrado um forte interesse em conhecer as condições de acesso ao sector de construção de infraestruturas na Arábia Saudita e algumas delas poderão mesmo entrar nos concursos que vão ser brevemente abertos. ‹

Porto de Setúbal com linha direta para os EUA Desde o passado dia 6 de Fevereiro que o Porto de Setúbal é escalado pela Linha Regular RoRo “Med-North America” do armador Grimaldi. É a primeira ligação direta entre o Mediterrâneo e o Norte da América, na tipologia RoRo, dispondo de quatro navios afetados à linha, com a capacidade de 5,5 mil veículos cada. Em Setúbal, descarrega viaturas provenientes dos EUA e do Norte da Europa e carrega viaturas para o Mediterrâneo. Com esta escala, iniciada com o navio “Grande Napoli”, o Porto de Setúbal passa a receber viagens regulares diretas de Baltimore, uma ligação inédita entre os EUA e Setúbal na carga RoRo. ‹

Liderança na logística do frio A STEF, líder europeu da logística do frio, comemorou o seu vigésimo aniversário em Portugal, que decorreu num evento onde os cerca de 440 atuais colaboradores recordaram o percurso e a evolução da empresa no nosso país. Constituída a 22 de Dezembro de 1994, embora só começasse a laborar no início do ano seguinte, a STEF cumpriu a sua missão de assegurar que os produtos colocados à sua responsabilidade, para armazenagem e/ou transporte, não sofrem alterações de qualquer ordem e respeitam com os diferentes requisitos da segurança alimentar. Apesar de ter atuado até 2011 na Península Ibérica sob a marca SDF, depois já sob o novo registo enquanto STEF, o grupo conta actualmente com 440 colaboradores em Portugal, repartidos por quatro plataformas multi-temperatura, com uma área coberta de 25.000 metros quadrados e capacidade superior a 235.000 metros cúbicos. Nos últimos anos, segundo os responsáveis do grupo no nosso país, a STEF tem aprimorado a sua vocação de oferecer soluções inovadoras e de qualidade que contribuam para a evolução da cadeia de abastecimento de produtores, distribuidores e empresas de restauração. ‹

O Bastonário da OROC – Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, foi eleito para um novo mandato à frente da sua notável instituição, prometendo continuar o seu rigoroso trabalho não apenas em defesa da classe profissional que representa, mas fundamentalmente em defesa dos cidadãos e empresas enquanto contribuintes, muitas vezes invadidos nos seus direitos fundamentais pelo Estado omnipotente. ‹

ANTÓNIO CORADINHO O Presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal na Bahia, principal estado do nordeste brasileiro, vai levar a efeito mais um grande seminário em Salvador, capital da Bahia, sobre o desenvolvimento das relações económicas e empresariais entre os dois lados do Atlântico, pois é um dos grandes entusiastas da diversificação de estratégias de implementação das empresas portuguesas no território brasileiro. ‹

Lusitania Seguros expande-se no Distrito do Porto A Lusitania Seguros voltou a apostar no aumento da sua representatividade local na zona norte, tendo inaugurado em Fevereiro, mais quatro lojas no distrito do Porto, respectivamente, em Paços de Ferreira, Santo Tirso e em Paredes. O presidente executivo da Lusitania Seguros, Fernando Nogueira, marcou presença na inauguração das novas lojas, no seguimento da estratégia da seguradora em abrir novas lojas de norte a sul do país, que continuará ao longo do corrente ano, e que pretende marcar uma efectiva presença nas principais capitais de distrito de Portugal. Segundo Rui Ferreira, director de Agentes Norte, as aberturas nos três locais do distrito do Porto, mostra que «queremos estabelecer cada vez mais uma relação próxima com os clientes e, sem dúvida que, ao apoiarmos e garantirmos as melhores condições aos nossos Mediadores, estamos a assegurar o melhor serviços aos clientes». ‹

REINALDO TEIXEIRA O Presidente do Conselho de Administração da Garvetur foi nomeado para o Prémio “Portugueses de Valor”, uma iniciativa da revista luso-francesa Lusopress, e que pretende realçar o valor e contributo de muitos portugueses espalhados em diversas partes do Mundo. A Garvetur é a empresa âncora do Grupo Enolagest, com sede em Vilamoura. ‹

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› GRANDE ENTREVISTA A baixa do preço do petróleo e as consequências da diminuição das receitas das suas exportações para a economia angolana, fazem-se sentir em toda a linha em Angola e para as quase dez mil empresas portuguesas que exportam para Angola. Luís Mira Amaral, Presidente Executivo do Banco BIC Português, não escamotei as dificuldades existentes, mas sublinha que não são tanto grandes como se apregoa, nem existem motivos para tanto alarme. «É verdade que existem dificuldades, mas também existe capacidade do Estado angolano e das autoridades do país para encontrarem as soluções para que Angola tenha as questões prioritárias para a sua economia asseguradas e resolvidas», salienta o antigo ministro português da Indústria e Energia. Quanto aos resultados do Banco BIC Português, que lidera, refere que melhorou a situação líquida e a margem financeira em 2014, passando de resultados positivos de 2,5 milhões de euros em 2013 para 18,8 milhões de euros positivos em 2014, no entanto «o colapso do GES levou a que o Banco de Portugal nos obrigasse a registar uma provisão contabilística de 17,7 milhões de euros face à nossa exposição a empresas do GES, resultando num resultado líquido formal de apenas 1,1 milhões de euros no ano passado», refere Mira Amaral. TEXTO › JORGE ALEGRIA

| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

A actual situação económica de Angola, em resultado da baixa

angolana, a possibilidade de trocar directamente kuanzas an-

suporte fundamental para suportar as suas importações necessárias e fundamentais para um período de sete a oito meses. E como a dívida internacional do país também não é muito elevada, Angola também poderá contrair mais dívida e assim garantir mais dólares nos mercados internacionais, visto que o país é perfeitamente capaz de arcar com esse aumento circunstancial da sua dívida. Se assim o decidir, está em condições de conseguir novos empréstimos no mercado financeiro internacional.

golanos por euros. Agora, essa facilidade lançada pelo BIC tem

Existem sectores exportadores portugueses que poderão so-

sido proveitosa para o próprio banco que dirige?

frer quebras nas suas vendas para o mercado angolano?

Realmente fomos o primeiro banco em Portugal a fazer essa troca directa de kuanzas angolanos por euros, embora depois de nós várias agências de câmbios também o tenham feito, curiosamente, muitas vezes recorrendo a financiamento do nosso banco para suportar essa actividade. No entanto, registo que ainda não é uma linha de negócio no banco com grande expressão, sobretudo devido às limitações de expedição de kuanzas para fora do país (Angola). Na altura conseguimos isso na sequência de uma negociação levada a cabo pelo doutor Fernando Teles (n.d.r. Presidente dos conselhos de Administração dos bancos BIC Português e BIC Angola) junto do BNA – Banco Nacional de Angola, mas a limitação de 500 dólares por pessoa e por dia, limitava manifestamente o volume geral desse serviço. Neste preciso momento, na verdade, existe uma dificuldade na obtenção de dólares em Angola, pelos motivos gerais já expostos (a baixa significativa do preço do petróleo), e consequentemente, existem pessoas e empresas com dificuldades de obterem e transferirem dinheiro para o exterior do país, nomeadamente para Portugal. Mas, sinceramente, não creio que haja motivo para tanto alarido ou alarme como os que vemos registados nos órgãos de comunicação social. Obviamente que Angola possui uma quantia muito razoável de reservas em dólares, que poderá constituir um

Sem dúvida que sim. Nomeadamente em sectores como os das bebidas – águas, refrigerantes e cervejas, bem como nas áreas dos lacticínios e das carnes, tudo áreas onde Angola já possui capacidade própria de produção, pelo que será normal imporem – já estão a impor – quotas para a entrada de produtos estrangeiros dessas áreas económicas. Nestes casos que mencionei, é naturalmente que várias empresas portuguesas se venham a ressentir com a diminuição das suas exportações para Angola. Por outro lado, também é previsível a existência de atrasos de pagamentos a empresas portuguesas de construção civil e obras públicas, ou naturalmente a muitos trabalhadores portugueses que trabalham em Angola ao serviço de empresas portuguesas e/ou angolanas.

do preço do petróleo nos mercados internacionais, não é muito brilhante. Uma das repercussões na falta de dólares que grassa no mercado angolano, afecta directamente muitos trabalhadores portugueses no país, que se vêem com dificuldades acrescidas em transferirem dinheiro para Portugal. O Banco BIC Português lançou há algum tempo, muito antes desta crise financeira

Luís Mira Amaral, Presidente Executivo do Banco BIC Português

Investimento português em Angola deve concentrar-se nos sectores prioritários 18 › PAÍS €CONÓMICO | Março 2015

Não acredito em despedimentos em massa de portugueses a trabalhar em Angola Teme-se que muitos trabalhadores portugueses possam perder os seus empregos em Angola, e venham a ter de regressar a Portugal. Comunga desse receio?

É evidente que podem acontecer alguns despedimentos, mas, mais uma vez, não na quantidade alarmista que se apregoa em

Março 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 19


› GRANDE ENTREVISTA Portugal. Gostaria de aproveitar este ponto para anunciar uma medida que tomámos entre os bancos BIC Português e BIC Angola, que é a de que qualquer trabalhador português (ou angolano) que trabalhe em Angola e que tenha conta no BIC Angola, mesmo que recebe o seu salário em kuanzas, e que normalmente fazia a sua transferência cambial em dólares para Portugal, se abrir uma conta no BIC Português (com um mínimo de 250 euros), nós adiantamos-lhe 60% desse vencimento em euros na conta em Portugal (a que se chama vulgarmente um descoberto), sendo feita mais tarde a transferência em dólares pelo BIC Angola para a conta desse trabalhador no BIC Português, cobrindo dessa forma o descoberto antecipado que autorizámos. É uma solução mitigadora e que beneficia os nossos clientes com contas nos dois bancos sob a sigla BIC. Essa facilidade estende-se também às empresas?

Nessa matéria, a avaliação será naturalmente caso a caso, porque enquanto no que respeita aos cidadãos estamos a falar de salários de dois, três, cinco mil euros, no caso das empresas, poderemos estar a falar de verbas de vários milhões de dólares. Nesses casos, e perante cada assunto em concreto, será o doutor Fernando Teles em Luanda a verificar da possibilidade de se concretizar positivamente as solicitações em termos de operações de cada empresa. Investimento português é importante para Angola Mais uma vez, as dificuldades financeiras globais da economia angolana, podem fazer esfriar os fluxos de investimento das empresas portuguesas em Angola?

Se houver uma empresa portuguesa a pretender investir num sector fundamental para a economia angolana, como são por exemplo, a agricultura, a agro-indústria ou as pescas, tudo altas prioridades de desenvolvimento para o governo angolano, não acredito que nesses casos concretos o Banco Nacional de Angola não dê prioridade no acesso aos dólares para que a empresa possa adquirir o equipamento necessário à concretização de um determinado investimento. É que investimentos produtivos nesses sectores induzirão no futuro a mais produção interna, logo a uma menor necessidade de importar produtos e bens essenciais para o país. E quanto a uma possível retracção do investimento angolano em Portugal?

Já sinto essa diminuição do investimento angolano desde há algum tempo, também devido às regras implementadas de controle cambial no que respeita à exportação de divisas. É notória essa desaceleração do investimento angolano em Portugal, um investimento, é preciso reafirmá-lo, que considero muito bem-vindo e é importante para o nosso país. Como decorreu a operação do Banco BIC Português em 2014?

Recordo que chegámos ao final de 2013 com um resultado líquido positivo de 2,5 milhões de euros. No final de 2014, o nosso resultado líquido positivo deveria ter sido de 18,8 milhões de euros, mas, ao sermos obrigados pelo

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Banco de Portugal a efectuar uma provisão contabilística de 17,7 milhões de euros, resultante do colapso inesperado do Grupo Espírito Santo, ao qual temos créditos ainda herdados do tempo do BPN, e que eram do nosso conhecimento e aceitação quando tomámos a decisão de comprar essa instituição financeira, então acabou agora por resultar numa penalização dos nossos resultados financeiros de 2014, pois ao fazermos uma provisão contabilística de 17,7 milhões de euros, acabámos por ter um resultado líquido positivo de apenas 1,1 milhões de euros. Reafirmo a expressão “provisão contabilística”, porque essa exposição a algumas empresas do GES, acreditamos, nem todas serão insolventes, pois ao serem vendidas ou conseguirem por si próprias pagar as dívidas, seremos ressarcidos, pelo menos em parte, logo deveremos recuperar parte importante dessas provisões contabilizadas em 17,7 milhões de euros. Volto também a sublinhar que essas imparidades provêem da herança do BPN, porque o único crédito que sob a nossa gestão foi concedido a uma empresa do GES tinha garantias reais e portanto

não entrou nessa necessidade de provisão contabilística que nos foi imposta pelo Banco de Portugal. Pelos números que referiu, conclui-se, que se descontado a questão dessa “provisão contabilística”, o desempenho operacional do Banco BIC Português foi bastante positivo no ano passado?

É um facto, visto que passámos de 2,5 milhões de euros positivos em 2013 para 18,8 milhões de euros em 2014. Isso aconteceu devido ao aumento da margem financeira, com um crescimento alinhado dos depósitos face aos créditos, visto que anteriormente tínhamos muito mais valores em depósitos do que em créditos concedidos. Havia que equilibrar esse rácio, o que conseguimos, reflectindo uma melhoria importante na performance do banco. Mas devo sublinhar que a situação actual na banca portuguesa é difícil na medida em que as empresas portuguesas com um bom risco não são muitas, e estas já estão com praticamente todos os bancos a trabalharem com elas. Não é fácil chegar lá e convencer

os seus gestores a trabalharem com um novo banco. Ainda assim, a equipa do Banco BIC Português tem conseguido um trabalho muito interessante, ganhando capacidade de actuação no mercado e aumentando mesmo a nossa margem financeira, além de termos igualmente melhorado a situação líquida do banco, pois recordo que herdámos o banco com uma situação líquida de 360 milhões de euros, aumentámos ligeiramente essa situação líquida em 2013 para 364 milhões de euros, e voltámos a aumentar no ano passado para 381 milhões de euros, o que reflecte a grande solidez do banco. Para terminar, em 2014, saíram dois accionistas de referência e fundadores do Banco BIC Português (e antes do Banco BIC Angola). Alguma coisa se alterou com a saída desses dois accionistas e a recomposição que daí decorreu entre os anteriores e actuais accionistas?

Os bancos mantiveram a sua estratégia de desenvolvimento e continuaram a ter as mesmas equipas de gestão. Nada se alterou, pois tudo foi feito com tempo e de forma plenamente tranquila. ‹

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› LUSOFONIA › Brasil

África

› LUSOFONIA

Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros visitou Porto de Sines na companhia do Embaixador de Angola em Portugal

José Maria Zannochi, Márcio Cruz, Emanuel Freitas e Paulo Ramada

Emanuel Freitas, Gerente Geral do Hotel Dom Pedro Laguna, no Caerá, foi distinguido pela municipalidade de Fortaleza

Emanuel Freitas é Cidadão Fortalezense Autoridades cearenses, portuguesas, além de vários representantes do sector hoteleiro do estado brasileiro do Ceará, reuniram-se no passado dia 2 de fevereiro no Salão Brasil do Hotel Dom Pedro Laguna, em Aquiraz, a cerca de 30 quilómetros de Fortaleza, para homenagearem Emanuel Freitas, com o título de Cidadão Fortalezense, distinção atribuída pela Câmara Municipal de Fortaleza, a capital do estado do Ceará. Nascido na cidade do Porto, Emanuel Freitas chegou ao Ceará em 2010 para assumir a condução do Hotel Dom Pedro Laguna, a úni-

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ca unidade que até este momento a cadeia hoteleira portuguesa possui fora do país. Nas palavras do vereador da Câmara Municipal de Fortaleza, Márcio Cruz, autor da proposta de distinção do gestor hoteleiro português, «Emanuel Freitas contribuiu de forma significativa para o fomento do turismo e, sobretudo, a disseminação da cultura local». O representante da municipalidade da capital do Ceará sublinhou também que «embora localizado em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza, a destreza do Sr. Emanuel faz com que o Dom Pedro Laguna gere ganhos reais à capital Fortaleza, tendo em vista o diálogo permanente que estabelece com ícones da capital alencarina, como o Mercado Central, a tradicional Feirinha da Beira Mar, os artistas locais e tantos outros». Emanuel Freitas, na sua intervenção emotiva preferiu realçar os méritos da unidade hoteleira da qual é responsável desde 2010, sublinhando que «nosso único hotel no Brasil tem 90% de sua ocupação formada por turistas do mercado interno, porém, 2014 foi um ano muito especial, pois tivemos um considerável crescimento do mercado externo. São visitantes que ficaram encantados com os serviços por nós disponibilizados e com as belezas do litoral cearense», salientou o gestor português. O Hotel Dom Pedro Laguna é responsável pela geração de mais de 600 empregos diretos e indiretos, recebendo em média cerca de 35 mil turistas por ano, servindo ainda de palco para artistas locais que apresentam a cultura cearense aos visitantes. Em redor do hotel existe o único campo de golfe do Ceará, considerado mesmo um dos melhores do Brasil. E, é claro, o Dom Pedro Laguna está localizado mesmo junto a uma das melhores praias de todo o nordeste brasileiro. ‹

Porto de Sines facilita exportações O Secretário de Estados dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Luís Campos Ferreira, acompanhado do Embaixador de Angola em Portugal, José Marcos Barrica, pelo Presidente da Aicep Portugal Global, Miguel Frasquilho, e pelo Presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, realizou uma circunstanciada visita ao Porto de Sines, o principal porto nacional em termos de exportações portuguesas (e também importações). O Presidente da Administração do Porto de Sines, João Franco, recebeu as visitas e pode apresentar uma perspectiva sobre o crescimento do Porto de Sines, assim como os principais factores de competitividade que podem potenciar o desenvolvimento das relações comerciais com o mercado angolano. Recorde-se que Angola é um dos principais fornecedores de crude à Refinaria de Sines, através do Terminal d Granéis Líquidos, e que o mercado angolano é servido por ligações marítimas semanais entre Sines e o porto de Luanda. De seguida a esta intervenção, registou-se uma visita alargada à zona de Sines, tanto na área portuária, assim como às zonas industrial e logística. ‹

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› EMPRESARIADO Óscar Galvão, CEO da Kaffa Cafés

«Somos cada vez mais competitivos em Portugal e no Mercado Externo» Óscar Galvão é o timoneiro e o CEO da Terceira Geração da Kaffa Cafés, empresa de cariz familiar com sede em Rio de Mouro, pioneira e um dos mais importantes players em Portugal e na Europa, no processo de fabrico de cápsulas de café. Entrevistado pela PAÍS €CONÓMICO este empresário apontou a honestidade, a vontade de ter o seu produto sempre de acordo com o grau de qualidade que os mercados exigem e ter um processo organizacional que lhe permita apostar num produto de alta qualidade ao melhor preço, como «pilares fundamentais» para o crescimento que a Kaffa Cafés tem tido ao longo dos anos. «Todos estes argumentos e a grande qualidade dos nossos Recursos Humanos fizeram de nós uma empresa cada vez mais competitiva não só em

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Portugal como no mercado externo», sublinhou Óscar Galvão. TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

viver a Terceira Geração e fazendo em 2015 cinquenta e cinco anos de existência, a Kaffa Cafés tem-se mostrado ao longo dos anos como uma empresa empreendedora, muito competitiva e como uma vontade férrea de conquistar o mercado através de um produto de altíssima qualidade. Óscar Galvão fala-nos nos investimentos que a sua empresa tem realizado para fazer melhorar, de maneira continuada, o Sistema de Qualidade da Kaffa Cafés. «Temos realizado um esforço ao nível da certificação, como são os exemplos da ISO 9001:2000 e outras certificações a nível da produção de cafés. A nossa preocupação, neste capítulo, é sermos uma empresa moderna que vai ao encontro das pretensões e exigências do cliente», refere Óscar Galvão. No entanto, o CEO da Kaffa Cafés reconhece que as certificações não são propriamente fundamentais para os mercados. «As certificações são importantes para, em termos organizacionais, as empresas se tornarem mais fortes e competitivas. Acho que as empresas que optam pelo caminho da certificação para tentarem tirar

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vantagens comerciais, estão a seguir um princípio errado. A meu ver, a empresa deve-se organizar, deve pensar nas certificações, mas sempre no âmbito de mudar para melhor o seu conceito de qualidade e de serviço. Este é que será, a meu ver, o princípio certo. E é nessa vertente que nós nos focamos, que nós nos concentramos», sublinhou Óscar Galvão, que aproveitaria o ensejo para se debruçar sobre a utilidade da certificação IFS, de origem alemã. «Em Portugal, somos a única empresa de cafés certificada com a IFS. Além de nós há mais dezassete empresas no mercado nacional a operarem neste setor, mas só a Kaffa Cafés é detentora da IFS na área dos cafés. Esta é uma certificação que garante que o que fazemos nesta área é bem feito…», referiu o CEO da Kaffa Cafés, para ainda a este propósito, adiantar: «Se um qualquer cliente quiser fazer uma marca connosco, ele sabe perfeitamente que os nossos parâmetros e requisitos vão de encontro às maiores exigências que o consumidor e o próprio mercado exigem». Óscar Galvão orgulha-se por pertencer-lhe a tarefa de representar a Terceira Geração da Kaffa Cafés, e também se orgulha do

passado da empresa, que teve como representantes das duas primeiras gerações, Adriano Telles, seu bisavô, e Óscar Telles Noronha Galvão, seu pai. É uma responsabilidade conduzir os destinos de uma empresa com mais de meio século de história? – Perguntámos. «Não sinto tanto o peso dessa responsabilidade porque todo o meu trabalho é feito por gosto. Portanto, é um prazer para mim dizer que trabalho nesta Casa há 32 anos e que estou há 28 anos à frente dela. Assim como é um orgulho muito grande poder ter assistido a toda a toda a evolução da Kaffa Cafés e, por tudo isto, este é um peso que eu carrego com gosto e muito prazer», sublinhou Óscar Galvão. Kaffa Cafés entre as melhores O CEO da Kaffa Cafés não tem dúvidas de que o mercado nacional na área da cápsula de café está a crescer, e aproveitou o ensejo para tecer algumas considerações sobre esta questão. «Nós estamos no mercado da cápsula de café e e temos vindo a introduzir os nossos produtos no canal horeca, por isso, o nosso segmento de mercado continua em crescimento e,

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› EMPRESARIADO do neste campo. É uma tendência natural optar pelas marcas que lhe dêem garantia de mais qualidade», observou o CEO da Kaffa Cafés. Tem sido fácil adquirir matéria-prima para fazer face a um investimento como o da Kaffa Cafés? Óscar Galvão prontificou-se a esclarecer-nos. «A matéria-prima, o café, é um produto que tem muitas oscilações no mercado bolsista, mas até à data ainda não é um produto de que haja falta no mercado. Nós importamos café de origens diferentes. A Índia, Brasil e Vietname são os nossos três mercados princi-

todos os anos, assistimos ao aumento das nossas vendas», referiu. Ainda assim, são muitas as empresas que operam em Portugal no segmento da cápsula de café. Mas nem todas têm conseguido conquistar o espaço que a Kaffa Cafés já conquistou, um espaço de liderança. «Para termos pretensões à liderança no setor temos, acima de tudo, de ter uma estratégia de negócio. E nós temos uma estratégia bem definida, muito focada na inovação. De facto, é muito importante estarmos sempre atentos às presenças no mercado de modo a podermos vir a mu-

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dar o nosso produto para o estrangeiro, nomeadamente. Portanto é uma preocupação da empresa (e particularmente minha) que o nosso produto tenha uma evolução contínua. Nós temos a certeza absoluta que o nosso produto tem condições para crescer e impor-se no mercado, mas para isso é necessário dar continuidade a este trabalho, procurando ser cada vez mais inovadores para podermos oferecer ao nosso cliente um produto de altíssima qualidade. É dentro deste espírito que estamos construindo o nosso caminho para a liderança», sublinhou Óscar Gal-

pais», disse, para em seguida voltar a sua atenção para o significado que o mercado externo tem neste momento para a Kaffa Cafés. «Acho que cada vez mais as empresas portuguesas têm que se voltar para o mercado externo. Com 10 milhões de pessoas, o nosso mercado interno é muito limitado. Por isso é natural que nos voltemos para outros mercados externos de modo a podermos alargar o nosso leque de oportunidades e de podermos crescer. Por isso, temos de estar bem posicionados para poder introduzir o nosso produto nesses

mercados, e acredito que este ano a nossa quota no mercado externo vai atingir cerca de 25% da nossa produção. Penso também que essa tendência de crescimento no mercado externo se irá estender nos próximos anos…», perspectivou Óscar Galvão. O CEO da Kaffa Café reconhece que esta é uma atitividade de Paixão. «Quem está ligado ao mundo dos cafés fica rendido, fica viciado e muito dificilmente se desliga desta paixão. Eu costumo dizer que nasci a mexer no café, e uma das maiores felicidades que tenho é sentir que as pes-

vão, para acrescentar que também é importante «sabermos arranjar alternativas em termos de nichos de mercado, que nos permitam abarcarmos outras tendências de mercado». Atingir 25% no mercado externo Óscar Galvão reconhece que consumidor final de cápsulas de café se tornou cada vez mais exigente. E diz estar muito atento a este fenómeno. «Cada vez há mais oferta e, portanto, o consumidor também está mais atento ao que existe no merca-

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› EMPRESARIADO

EMBAIXADOR MANSOUR BIN SALEH AL-SAFI

Arábia saudita e as oportunidades de investimento

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soas que trabalham comigo, são pessoas que vêm diariamente felizes para o trabalho. Isso é um pormenor que me deixa muito satisfeito», refere Óscar Galvão, para acrescentar, a propósito, que dentro da Kaffa «somos bons patrões uns dos outros e isso faz com que a nossa empresa tenha uma mística especial». Uma boa presença no Brasil A Kaffa Cafés tem em Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, uma linha de produção no Brasil que arrancou em meados de 2014 e que traduz um investimento de 1 milhão de euros. ÓSCAR Galvão referiu-se a este projeto com particular esperança. «É um investimento da ordem de 1 milhão de euros. O ano passado o mercado brasileiro teve um crescimento nesta área na ordem dos 38 por cento, é um mercado que está com um crescimento brutal e nós com a facilidade que temos por falarmos a mesma língua, com o conhecimento e know-how que possuímos no encapsulamento de café, achámos interessante

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montar um negócio deste tipo no Brasil. O negócio no Brasil é um pouco diferente de Portugal, recebemos o café dos clientes e fazemos o seu encapsulamento. É um serviço que prestamos ao cliente. Neste início temos tido resultados que estão muito acima do perspetivado e daí estarmos muito satisfeitos com esta nossa experiência no Brasil», destacou Óscar Galvão, para acrescentar que a tendência é para reforçar o investimento no Brasil, «porque o Brasil juntamente com os EUA são os maiores consumidores de café do mundo». Os portugueses já se habituaram a consumir café em cápsulas. E esta mudança de comportamento deve-se a quê? Óscar Galvão, CEO da Kaffa Cafés prontifica-se a esclarecer. «Esta mudança tem a ver com a entrada da Nespresso no mercado, que mudou muito a cápsula de café e o facto de nós Kaffa termos sido pioneiros em introduzir em 2010 a cápsula de café na Distribuição moderna, começou a ser fácil às pessoas adquirirem um sistema de cápsulas para terem em suas casas. A

partir daí outros players começaram também a introduzir a cápsula de café nos supermercados, e hoje em dia é normal encontrarmos em qualquer grande superfície quatro ou cinco marcas deste produto. A marca Kaffa Cafés encontra-se à venda em todas as grandes superfícies do País», enfatizou Óscar GO que diferencia a Kaffa Café das outras marcas? O nosso entrevistado não hesitou na resposta. «Diferenciamo-nos pela qualidade das nossas marcas e pela qualidade do nosso produto e diferenciamo-nos pelo serviço pós-venda que prestamos às máquinas de café. Qualquer cliente nosso que tenha um problema com a sua máquina de café, de imediato procedemos à recolha da máquina, substituindo-a por outra sem qualquer custo para o cliente, e este procedimento faz uma grande diferença entre o serviço que prestamos e o serviço prestado por outras marcas. E outra grande diferença – mesmo a maior – é a alta qualidade do nosso café», conclui Óscar Galvão, CEO da Kaffa Cafés. ‹

economia considera-se, hoje em dia, o principal motor das relações internacionais, e as trocas comerciais, entre dois países, constituem uma base de extrema importância para o desenvolvimento das relações bilaterais. A seguir a isso, vêm os dossiês políticos e de segurança. Partindo deste princípio, o Reino da Arábia Saudita tem vindo a dar interesse ao desenvolvimento económico e aos investimentos com os diversos países do mundo, nomeadamente atendendo à sua qualidade de membro do G 20. O país é uma das economias emergentes no mundo, com os seus enormes recursos financeiros, elevadas reservas monetárias, economia forte e diversas oportunidades de investimento. Todos os países que têm relações diplomáticas com a Arábia Saudita procuram aproveitar essas oportunidades e desenvolver as suas relações económicas com o país. Por outro lado, a Arábia Saudita tem grandes investimentos em diversas regiões do mundo, de leste a oeste, e tem um conjunto de gigantescas empresas classificadas dentre as maiores empresas a nível mundial, nomeadamente no setor das indústrias petroquímicas e petrolíferas, para além de enormes cidades industriais que albergam mais de 6400 fábricas. Partindo destes factos, a Autoridade Geral para o Investimento na Arábia Saudita (SAGIA) empenha-se para incrementar as oportunidades de investimento nos diversos setores, nomeadamente os setores do transporte e da saúde que têm uma elevada atração, enquanto oportunidades de investimento, para os estrangeiros. O valor dos projetos nestes setores, para os próximos cinco anos, atinge cerca de 140 mil milhões de dólares americanos. A SAGIA adotou um conjunto de medidas que contribuam para a melhoria do clima de investimento local tornando-o mais competitivo, melhorando, assim, a classificação da Arábia Saudita nos indicadores económicos internacionais, particularmente, nos

setores não petrolíferos, visando aumentar a diversidade dos investimentos locais. Para tal, a Autoridade Geral para o Investimento na Arábia Saudita adotou critérios e regulamentos para o investimento no Reino anunciando que os investimentos estrangeiros contribuem, de uma forma concreta, para o desenvolvimento da economia Saudita, tendo sido elaborados os critérios respeitantes às condições de concessão de licenças para o investimento. Estes critérios constam no Regulamento Executivo do Regime do Investimento Estrangeiro, cujos detalhes podem ser consultados no portal da Autoridade Geral para o Investimento na Arábia Saudita (www.sagia.gov.sa). A consulta de tais critérios corrige muitos conceitos errados sobre o exercício da atividade de investimento no Reino da Arábia Saudita que representa um mercado aberto aos investidores estrangeiros que podem começar as suas atividades de investimento com uma taxa de propriedade de 100% na maioria dos setores e sem necessidade de um parceiro local como algumas pessoas pensam. Os investidores estrangeiros podem comunicar-se diretamente com a SAGIA e sem a mediação de um advogado, uma vez que este organismo foi criado principalmente para fornecer as informações necessárias e guiar os investidores para as áreas e as oportunidades do investimento no Reino sem intermediários. Tais facilidades estão ao alcance de todas as empresas, grandes ou pequenas, e não se destinam apenas às grandes multinacionais como muitas pessoas pensam. A Autoridade Geral para o Investimento na Arábia Saudita aspira a atrair investimentos qualificativos que contribuam para um desenvolvimento sustentável num mundo a viver a completividade, oferecendo os seus serviços a todos aqueles que pretendam investir no Reino e destacando os sectores-alvo para os investidores estrangeiros. ‹

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› EMPRESARIADO Isabel Aguiar e Miguel Sancho, Concierges and Event Managers da Royal Topping Portugal

Preparados para organizar grandes eventos internacionais em Portugal Quando em Dezembro do ano passado se realizou em Lisboa o Lisbon Open em Snooker, veio à ribalta o nome da Royal Topping Portugal, a entidade portuguesa que tinha organizado o evento. Choveram aplausos para a excelência da organização da prova, e num encontro já em Janeiro deste ano, a World Snooker manifestou a grande satisfação pela organização do evento realizado em Portugal, e confirmou a Royal Topping Portugal enquanto entidade organizadora de todos os futuros eventos da modalidade de snooker no nosso país. O que vai acontecer novamente no final deste ano em Lisboa, mais propriamente no Campo Pequeno, no que será a segunda edição do Lisbon Open. Isabel Aguiar e Miguel Sancho, Concierges and Event Managers da empresa com sede em Loures, receberam a País€conómico, e relataram as diversas actividades desenvolvidas pela Royal Toipping em Portugal, onde se destacam a organização de eventos sociais e empresariais, acontecimentos desportivos de elevada notoriedade, além da actividade e concierge, pouco desenvolvida em Portugal, mas altamente necessária e apreciada nas principais capitais internacionais. Como sublinhou Isabel Aguiar, «Portugal tem feito uma promoção inteligente e está na moda, assim como as cidades de Lisboa e do Porto, pelo que existe um grande potencial para nos visitarem e usufruírem do muito bom que Portugal tem para oferecer. A Royal Topping posiciona-se para proporcionar o melhor que cada pessoa, cada empresa, cada instituição, pretende do que de mais magnífico este país tem para oferecer. E somos capazes permanentemente de surpreender o cliente

A

mais exigente», remata a responsável pela empresa. TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS E CEDIDAS PELA ROYAL TOPPING

Royal Topping Portugal surgiu em Setembro de 2013, data em que Miguel Sancho se juntou a Isabel Aguiar, uma das mais renomadas empresárias portuguesas do sector da organização de eventos, com know how e experiência acumulado em cerca de 30 anos de actividade ao mais elevado nível. O próprio Miguel Sancho, com uma passagem pela comunicação e promoção

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na Câmara Municipal de Loures, além de uma conhecida actividade como jornalista, decidiu juntar-se no projecto de criar uma empresa especializada para a prestação de serviços de concierge e de realização de eventos ao mais alto nível. A grande procura do mercado angolano por serviços de alta qualidade em Portugal, constituiu uma alavanca de grande importância para o desenvolvimento e

sustentabilidade da actividade da Royal Topping Portugal. Desde 2008, refere Isabel Aguiar, que assegura a organização em Portugal das cerimónias comemorativas da independência de Angola, o que ocorre a 11 de Novembro de cada ano. «Em 2014 realizámos esse evento no Armazém 23, onde tudo decorreu de forma impecável, como os próprios responsáveis angolanos referiram. A nossa marca é que

conseguimos marcar a diferença, sobretudo nas áreas do design e da inovação, transformando um evento sempre em algo de belo, sofisticado e onde os participantes sentem especial prazer em estar e usufruir desses momentos. Felizmente, é sempre muito bom ouvirmos frases como «conseguiram surpreender-nos», pois é precisamente isso que procuramos, não no sentido da invenção, mas de conseguir criar algo inesperado e surpreendentemente bonito, diferente e de elevada qualidade ou bom gosto. É pela criação desses momentos que trabalha a Royal Topping Portugal», enfatiza a empresária portuguesa. Continuando no mesmo registo, Isabel Aguiar define o posicionamento da empresa perante os seus clientes: «temos como princípio não podermos dizer não aos desejos dos nossos clientes, antes pelo contrário, mesmo quando as solicitações aparecem de forma inesperada, e até à beira do início de um determinado evento, a nossa preocupação é responder pela positiva a essa pretensão do nosso cliente, superando não apenas a dificuldade que inesperadamente nos surgiu, como indo mais longe, e conseguindo, uma vez mais, superar todas as melhores expectativas dos nossos clientes em relação à excelência do evento ou do momento que estamos a organizar», refere, adiantando que os clientes têm sabido reconhecer esse elevado grau de profissionalismo e qualidade de todos os serviços prestados pela Royal Topping Portugal. «É evidente que não organizamos apenas grandes eventos, sejam de carácter social ou empresarial, também organizamos eventos de menor dimensão, sobretudo para clientes empresariais, mas devo realçar que em qualquer ocasião em que se registe a nossa intervenção nos pautamos sempre, mas mesmo sempre, por elevados padrões de exigência, profissionalismo e qualidade. Não exigimos menos a nós próprios», sublinha Isabel Aguiar. Não pretendendo dar exemplos concretos, «pois que têm de ser realçado são os nossos clientes, nós temos a discreta tarefa da organização e da sua comunicação para

Rita Ferreira, Isabel Aguiar e Miguel Sancho

terem um efeito muito forte para atingir os objectivos traçados pelos nossos clientes», ainda assim, Isabel Aguiar adianta as acções levadas a cabo pela empresa onde «destacamos o nosso currículo ligado à área diplomática, na produção de festas, congressos, cocktails, vernissages, encontros temáticos, entre outros. Da animação ao catering passando pela escolha do melhor local e pelo aconselhamento sobre questões cultural e protocolarmente mais sensíveis, a Royal Topping Portugal será sempre a garantia de sucesso do nosso cliente». Lisbon Open em Snooker Em Dezembro do ano passado realizou-se no Pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa, a primeira edição do Lisbon Open na modalidade de Snooker. Modalidade com cada vez mais adeptos a nível mundial, em grande medida devido à cobertura televisiva que lhe dedica o canal europeu de desporto Eurosport, onde, aliás, Miguel Sancho, é comentador da modalidade para Portugal, foi possível convencer a World

Snooker a realizar a primeira edição de uma jornada mundial da modalidade, que estava para ser realizada na Ucrânia, mas devido aos conflitos políticos e militares daquele país do leste, teve de ser levado para outro país. Portugal candidatou-se e conseguiu a prova em Lisboa. Isabel Aguiar declara solenemente nesta entrevista que «a realização do Lisbon Open em Portugal só aconteceu devido à carolice do Miguel Sancho, bem como aos contactos por ele estabelecidos junto de autoridades institucionais, mormente a Câmara Municipal de Lisboa, e de patrocinadores, que foram capazes de assegurar o financiamento da prova. A organização do evento pela Royal Topping Portugal demonstrou ao nosso país, e ao mundo, da nossa grande capacidade e qualidade para a organização deste grande evento desportivo com impacto mundial de grande alcance», enfatizou a gestora da empresa com sede em Loures. Miguel Sancho aceita o elogio da sua colega, mas prefere valorizar o papel do apoio do município lisboeta à prova por-

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› EMPRESARIADO

te atenta em grandes países como a Grã-Bretanha, Alemanha, Polónia, Austrália, China e na Índia, além do crescimento do interesse pela modalidade em África e em muitos países da América Latina», sublinha o gestor da Royal Topping Portugal. O sucesso da primeira edição foi de tal forma relevante, que já em Janeiro deste ano, Miguel Sancho e Isabel Aguiar estiveram em Londres reunidos com responsáveis da World Snooker, tendo recebido «rasgados elogios à organização e à qualidade da prova decorrida em Portugal, e sobretudo confirmando que a Royal Topping continuará a organizar as provas que no

tuguesa, destacando o papel do vereador Jorge Máximo, «que acreditou no sucesso da prova desde o início». Mais, olhando para o futuro, Miguel Sancho sublinha a renovação do apoio da Câmara de Lisboa, e da intervenção da autarquia no contacto

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com a entidade gestora do Campo Pequeno para que a segunda edição do Lisbon Open, a realizar no final deste ano, tenha ainda melhores e mais amplas condições de acomodação do público que pretenda assistir ao torneio, bem como para ampliar

também a cobertura mediática que voltará a levar para vários países do mundo «uma grande prova de snooker internacional, onde estarão os melhores jogadores do mundo, com um nível altíssimo, de um desporto seguido de forma particularmen-

âmbito internacional do snooker se realizem no nosso país. É um forte atestado de valor e qualidade que a Royal Topping Portugal recebeu e que nos orgulha a nós, enquanto empresa, e ao próprio país», destaca Miguel Sancho. Concierge cresce em Portugal Para além da organização de eventos, a Royal Topping Portugal especializou-se na oferta de serviços de concierge, uma actividade de apoio a pessoas individualmente consideradas, ou a empresas, que poderão encontrar numa empresa um serviço direto e especializado na resolução de pro-

blemas do dia-a-dia, possibilitando assim um maior tempo para a realização de outras tarefas ou actividades de lazer. Como sublinha Isabel Aguiar “time, the ultimate luxury”, ou seja, «o tempo é o último luxo que muitas pessoas com elevados níveis de rendimentos consegue usufruir, mas para que isso aconteça, e porque todos têm múltiplas tarefas no seu quotidiano, muitas vezes constitui uma excelente opção entregar a uma empresa especializa, com pessoas altamente qualificadas para resolver muitas das questões que em diversas ocasiões roubam tempo às pessoas ou gestores empresariais, e que poderemos resolver de modo eficaz, discreto, e altamente profissional», salienta. Ainda segundo Miguel Sancho, no âmbito do serviço de concierge, «a Royal Topping Portugal quis ir mais longe e criamos um serviço “a pedido”, democratizando assim uma prestação que, até aqui, estava apenas disponível para as elites. Naturalmente que o serviço de concierge não é um serviço barato, mas, muitas vezes, a capacidade de resolvermos as questões de quem nos contrata, e o que sobra em tempo, o tal time que é o último luxo disponível para algumas pessoas, levará à consciência de que vale a pena contratar esse serviço, com vantagens inegáveis para a satisfação dos objectivos de pessoas ou empresas. Esse, é um grande know how da Royal Topping Portugal», finaliza Miguel Sancho. ‹

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› EMPRESARIADO Ricardo Lopes Ferro, Diretor Executivo do Bureau Veritas Portugal

«O nosso percurso tem sido de ascendência e de forte investimento» «Não há nenhuma empresa nossa concorrente que tenha investido tanto em Portugal como nós», assegurou Ricardo Lopes Ferro, Diretor Executivo do Bureau Veritas, em entrevista que concedeu à PAÍS €CONÓMICO, justificando deste modo a ascendência e o forte investimento que têm marcado o percurso do Bureau Veritas, em Portugal desde a década de 80. «Na década de 2000 fizemos dois importantes investimentos: comprámos o Grupo Rinave, que tinh mais de 100 profissionais, a Eca Total Inspe em 2007 e adquirimos em 2011 a Inspectorate Portugal, SA, que se dedica à inspeção de produtos a granel», representando globalmente um investimento superior 5 milhões de Euros, salientou o Director Executivo do Bureau Veritas, em Portugal, líder mundial na avaliação de conformidade e certificação, que tem mais de 1300 escritórios em 140

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países, mais de 60 mil colaboradores e mais de 400 mil clientes no mundo inteiro. TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

om um domínio absoluto em áreas como Marinha (entidade de classificação de navios), Inspeção e Verificação de Serviços (assegurar a continuidade dos negócios e a fiabilidade dos equipamentos), Certificação (promover a eficiência dos processos a um crescimento sustentável), Produtos de Consumo (assegurar a confiança ao longo da cadeia de distribuição), Indústria (apoiar os clientes na gestão do risco industrial), Serviços de Governo e Comércio Internacional (facilitar o comércio internacional), Commodities (minimizar o risco e maximizar o comércio) e Acrescentar Valor aos Clientes (assegurar o desempenho e gerir o risco), o Bureau Veritas detém uma experiência moldada em mais de 180 anos de história, onde sobressaem valores como a ética, a integridade, a preocupação constante pelo cliente e a segurança no trabalho. O Bureau Veritas está em Portugal desde a década de 80. «Antes disso funcionávamos através de uma empresa parceira, mas exclusivamente na área da Classificação Naval, que foi a área que deu origem à

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criação do grupo. A partir da constituição do Bureau Veritas Portugal enquanto sucursal, começámos com outras atividades que existiam no seio do grupo, nomeadamente a área da Construção Civil e na área da Inspecção Indústrial. Na década de 90 foi acrescentada a componente da Consultoria Técnica e formação nas áreas da Qualidade, Ambiente e Segurança e, no final da década de 90, alargámo-nos à Certificação com a abertuta do mercado a Organismos de Certificação privados», ajudou-nos a esclarecer Ricardo Lopes Ferro, diretor executivo do Bureau Veritas Portugal. Segundo o nosso entrevistado há áreas onde o Bureau Veritas Portugal tem uma interferência mais forte. «As áreas da Certificação, da Indústria, da Marinha, da Inspeção de Produtos a Granel representada pela Inspectorate Portugal, SA, a área de Inspeção no Âmbito do Comércio Internacional (inspeção pré-embarque), através do BIVAC Ibérica, são algumas das áreas onde somos muito fortes, e olhando para outras áreas, reconheço que temos,

igualmente, uma presença incontornável nos mercados que podem estar (ou estão) suficientemente pulverizados para que se possa dizer que há uma ou outra empresa que se destaque», evidenciou Ricardo Lopes Ferro. Nos últimos anos tem havido da parte do Governo e das entidades responsáveis portuguesas um apelo junto das empresas para se tornarem mais competitivas, não só em Portugal como internacionalmente. Que papel é que o Bureau Veritas tem prestado no apoio a estas empresas para que se tornem mais fortes? O diretor executivo do Bureau Veritas Portugal não poderia ter sido mais claro na sua explicação. Bureau Veritas disponível no apoio à economia nacional «O Bureau Veritas como multinacional que é tem acesso às melhores práticas de gestão e de engenharia no mundo. Desse ponto de vista, a sua preocupação é partilhar com os seus clientes aquilo que são as grandes tendências e exigências dos mer-

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› EMPRESARIADO para serem levadas a sério», precisou Ricardo Lopes Ferro. Atento ao melhor que se faz lá fora Para poder corresponder da melhor maneira às exigências que a liderança lhe impõe, o Bureau Veritas está constantemente atento às melhores políticas internacionais e às alterações na legislação em todas as áreas onde opera. «É indispensável estarmos atentos a estas questões. Nós temos uma participação ativa nos fóruns de normalização e comissões técnicas a nível mundial, até porque somos um player incontornável. Neste ponto de vista, quer elementos nossos participam nessas comissões, quer nós (leia-se Bureau Veritas em Portugal), quer em participação de colegas nossos de outros países que depois partilham conhecimento internamente, havendo depois fóruns e formações internas sobre aquilo que se está a desenvolver a nível de

cados mais rigorosos. E estes mercados mais exigentes são tipicamente aqueles que também trazem mais valor acrescentado às empresas. Assim, quem colabora ou quem trabalha com o Bureau Veritas tem acesso a esse tipo de “know-how” de acordo com as melhores práticas disponíveis», destacou Ricardo Lopes Ferro. O diretor executivo do Bureau Veritas lembraria que o percurso da sua organização em Portugal se tem pautado pelo cresicimento sustentado. «Tem sido como já fiz referência um percurso ascendente, muito interessante e sustentável, e acreditamos que continuaremos neste trilho de ascendência contribuindo para a economia nacional». Maior preocupação pela Segurança no Trabalho A Segurança no Trabalho é uma área que cada vez é mais levada a sério pelas empresas e autoridades portuguesas. O Bureau Veritas nota hoje da parte dos nossos empresários uma preocupação cada vez maior por matérias como esta? Ricardo Lopes Ferro não hesita. «Notamos essa preocupação cada vez mais, por duas

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ou três ordens de razões. Hoje há de facto uma valorização do colaborador e da sua capacidade que não existia no passado, e isso tem muito a ver com a própria especificidade dos colaboradores portugueses em relação há trinta anos. Hoje o que está em questão é a mão-de-obra qualificada, e aqui estamos a falar de competências e estas são hoje mais difíceis de substituir do que há trinta anos. Por isso existe a mão-de-obra qualificada e aquela que não é qualificada. Tipicamente há 30, 40 ou 50 anos a mão-de-obra era não qualificada e nesse ponto de vista a sua substituição era fácil e não originava percas de produtividade às empresas, isto numa visão muito instrumentalista da Segurança no Trabalho. Hoje em dia a empresa escolhe o seu colaborador que tem competências específicas, que é difícil encontrar quem o substitua. Portanto, estas políticas não só fazem sentido no ponto de vista da produtividade, como acima de tudo fazem sentido pela valorização de inovar e da integridade de cada um dos trabalhadores», enfatizou Ricardo Lopes Ferro, para dizer ainda que há hoje uma mudança natural por parte do trabalhador.

novos referenciais, novas metodologias, novas obrigações ou regulamentos que estão para surgir e que deste ponto de vista nos permite podemos primeiro capacitarmo-nos e depois informar», esclareceu o diretor executivo do Bureau Veritas, que chamaria a atenção para o facto de nos últimos anos ter sido criada muita legislação, resultante de transposições comunitárias, sobre estas questões, que releva a importância de estar presente nos foruns internacionais. Apoiar os agentes económicos portugueses «Hoje em dia a legislação nesta área resulta muito daquilo que é emanado da regulamentação comunitária. Bruxelas é que tem uma visão mais global destas temáticas, frequentemente aliado a negociações junto da Organização Mundial do Comércio, criando as Directivas e depois seguidas e cumpridas pelos países membros. Isto tem muito a ver com a Europa enquanto

espaço económico e player internacional», referiu Ricardo Lopes Ferro, que encerraria esta entrevista à PAÍS €CONÓMICO com uma alusão às áreas que o grupo põe à disposição dos seus parceiros. «No Bureau Veritas temos um ponto de vista que é a organização do grupo, presente em oito áreas que se dividem em termos de atividades. Neste ponto de vista estamos representados em toda a linha, com todas as áreas de negócio. Não temos em Portugal todos os serviços que são desenvolvidos em todas essas áreas de negócio, por isso, há ainda muito para crescer, há ainda um conjunto muito significativo de serviços que podem ser muito úteis às empresas portuguesas, e observando a situação neste prisma diremos que há em Portugal uma margem de progressão muito grande, que iremos saber aproveitar porque queremos continuar a apoiar os agentes económicos portugueses», concluiu Ricardo Lopes Ferro, Diretor Executivo do Bureau Veritas em Portugal. ‹

Mudança de cultura propicia baixa na sinistralidade «Há uns anos o trabalhador não estava sensibilizado e não queria utilizar equipamentos de proteção individual, apesar de muitas empresas já então disponibilizarem esses equipamentos. Recusavam pura e simplesmente, mas hoje existe uma visão diferente, para melhor, no ponto de vista quer das empresas quer dos colaboradores. Na última década houve uma mudança cultural muito significativa que se traduz no abaixamento muito significativo dos níveis da sinistralidade», sublinhou o diretor executivo do Bureau Veritas Portugal, para dizer ainda que este desempenho nas empresas aproximou-se muito ao nível das melhores médias europeias. «Naturalmente que há ainda uma margem de progressão, nomeadamente com aquilo que tem a ver com a cultura organizacional, cultura de segurança. É óbvio que as empresas têm a sua responsabilidade para reforçar uma cultura de segurança, mas os colaboradores também têm cada vez mais de interiorizar que essas precupações e procedimentos existem

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› EMPRESARIADO Rui Barbosa, CEO da Africa Solutions Corporation, que representa a marca CashGuard em Portugal

Uma nova solução para a gestão do dinheiro A solução CashGuard nasceu há 25 anos na Suécia, e desde então mais de 25 mil máquinas daquela solução de gestão de dinheiro (cash) estão instaladas na Europa, África e Médio Oriente. Rui Barbosa é o CEO da Africa Solutions Corporation, que detém a marca CashGuard Portugal. O gestor assume que a solução tecnológica que já está a entrar no mercado português constitui «uma inegável mais-valia para todos aqueles que necessitam de gerir dinheiro, pois evita desvios de caixa, roubos e sobretudo permite uma gestão mais racional e eficaz do dinheiro que entra em cada empresa». Rui Barbosa admite a necessidade de mudar mentalidades instaladas, mas acredita, «e já existem

E

Maria Silveira Ramos, Gerente da Bagin

O Bagin é muito útil em qualquer viatura

vários e bons exemplos da utilização eficaz da nossa solução em Portugal», que o

Há cerca de 20 anos, a irmã acabada de regressar do Brasil ofereceu-lhe um saco de lixo

mercado vai responder de forma muito positiva aos desafios introduzidos pelo sistema

para utilização no automóvel que lhe tinha sido oferecido por um rent-a-car brasileiro.

CashGuard.

Durante anos utilizou na sua própria viatura, mas uma mudança de vida incentivou-a

TEXTO › JORGE ALEGRIA

| FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA AFRICA SOLUTIONS CORPORATION

m tempos de crise económica, muitas pessoas viraram-se mais para a utilização de dinheiro vivo (cash), ao contrário da tendência das décadas recentes com o crescimento do chamado “dinheiro de plástico”, simbolizado pelo crescimento exponencial dos cartões de débito e de crédito. O aumento da utilização de notas e moedas como forma de pagamento de compra e venda de produtos e serviços, fez aumentar os riscos de desvios na gestão das caixas registadoras de dinheiro, bem como obrigou muitas entidades comerciais a afectarem mais recursos humanos na manipulação e gestão dessas quantias monetárias entradas nas caixas de muitas empresas. Para responder a esses riscos – desvios ou furtos de dinheiro, mas sobretudo como ferramenta para uma mais racional e eficaz gestão do dinheiro após a sua entrada no estabelecimento, foi criada há 25 anos na Suécia a solução CashGuard, e depois disseminada em vários países europeus, além de alguns em África e no Médio Oriente. Essa solução está em Portugal desde Março do ano passado, por intermédio da Africa Solutions Corporation, que representa a solução no nosso país. Rui Barbosa, CEO da empresa que actua em Portugal a partir do escritório no Parque das Nações, em Lisboa, referiu à País Económico que tem sido sobretudo junto de pequenos e médios negócios que a solução tem sido introduzida e bem aceite. «O lado emocional é muito importante. Alguns esta-

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belecimentos maiores, se bem que vejam vantagens na gestão do dinheiro que o CashGuard inegavelmente proporciona, mercê de curvas de decisão mais longas ainda não aderiram em grande escala ao sistema e ás vantagens, nomeadamente que o sistema liberta o funcionário para um atendimento melhor ao próprio cliente. Já os estabelecimentos menores entenderam melhor os seus benefícios e estamos a trabalhar bastante nomeadamente com farmácias, padarias, pastelarias, restauração, entre outros estabelecimentos comerciais congéneres», sublinhou o responsável da empresa. Rui Barbosa refere que o sistema poderá ser integralmente vendido ou poderá ser instalado «numa situação de renting operacional com um valor fixo mensal até 60 meses». Adianta que a empresa está disponível para colocar o sistema à experiência durante uma ou duas semanas, de modo «a que se verifique a sua fiabilidade e capacidade de constituir efectivamente uma grande mais-valia na gestão do dinheiro que entra nas empresas e na forma como os colaboradores atendem o cliente, pois a cada momento, o proprietário sabe o dinheiro que tem em caixa, incluindo a tipologia – notas e moedas – que está no seu interior. No final do dia, tem a informação completamente disponibilizada pelo sofisticado sistema informático, e fica logo com a informação completa do dinheiro existente, pelo que poderá imediatamente decidir sobre o destino que deverá dar ao dinheiro que está no interior do sistema», finalizou o gestor. ‹

a olhar para esse recipiente com uma oportunidade para criar um novo produto em Portugal. E do sonho nasceu o Bagin, um recipiente criado por Maria Silveira Ramos, gerente da empresa com o mesmo nome e com sede em Cascais. Todos sentem muitas vezes o incómodo de se deslocarem num automóvel e não saberem onde depositarem um lenço, o resto de um pão, de fruto ou de um bolo, entre outras coisas. «O bagin pela sua forma muito fácil de transportar e acomodar, é um recipiente ideal para ser utilizado em cada carro», sublinha a empresária, adiantando ainda a sua flexibilidade enquanto elemento de divulgação turística do país, de uma região, de uma marca ou de uma qualquer actividade.

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TEXTO › JORGE ALEGRIA

ma mudança de vida ocorrida há dois anos impulsionou Maria Silveira Ramos a aproveitar a ideia de um saco para depósito de lixo que utilizava na sua viatura e que lhe tinha sido oferecido há cerca de 20 anos pela sua irmã, na sequência de uma viagem ao Brasil. Esse tipo de produto continuava a não existir no mercado nacional e a empresário de Cascais decidiu enveredar empresarialmente pela concepção e produção de recipientes que possam ser utilizados na recolha de lixo dentro de cada viatura. Nasceu então o Bagin. Segundo Maria Silveira Ramos, o Bagin é um recipiente forrado no seu interior por uma área plastificada de modo a poder acondicionar o lixo «que sempre acontece

| FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA BAGIN

sempre que se conduz uma viatura. Seja um papel, seja o resto de uma peça de fruta, seja o resto de um bolo, uma garrafa de água, vazia ou meio cheia, mas igualmente poderá servir para colocarmos o telemóvel quando o colocamos a carregar, ou para levar, como já acontece, um suporte de prancha que os surfistas utilizam. Aqui em Cascais o Bagin já é muito utilizado com essa função», adianta a empresária. Disponível já na rede Precision, além de em lojas em Carcavelos e na Ericeira, a empresária já encetou contactos com outras lojas da distribuição, mas pretende fazer chegar o Bagin aos próprios construtores automóveis em Portugal, a algumas das redes de venda de automóveis, aos renta-a-cars, bem como às guest houses,

«pois acreditamos que a oferta de um Bagin ao cliente estrangeiro que a visita poderá constituir uma lembrança excelente para ele se recordar da sua estadia nessa unidade e em Portugal. O mesmo acontece com os rent-a-cars, que com a oferta do recipiente dão um factor promocional da sua própria empresa e serviço. Obviamente que o Bagin poderá ser igualmente um excelente instrumento promocional de marcas, incluindo de marcas automóveis, bem como de elementos da cultura portuguesa, de uma região ou de actividades específicas, como o golfe, entre outras», menciona Maria Silveira Ramos, de modo a mostrar a variedade e flexibilidade do seu produto. ‹

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› AGROALIMENTAR Pedro Madeira, Administrador da FRUSOAL – Frutas Sotavento Algarve

«Chegamos ao consumidor final com produtos de alta qualidade» Em entrevista que concedeu à PAÍS €CONÓMICO, Pedro Madeira, administrador desta empresa produtora de produtos hortofrutícola de Vila Nova de Cacela, concelho de Vila Real de Santo António, diz-se orgulhoso com a dimensão que a Frusoal conseguiu conquistar nestes primeiros 25 anos de vida. «Estou ligado ao projeto muito antes de ele ter arrancado, e olhar para a obra realizada até hoje é um orgulho muito grande», referiu, para sublinhar que todos os dias os que trabalham nesta empresa algarvia tudo fazem para que os produtos por ela produzidos cheguem com padrões de elevada qualidade ao consumidor final. «Embora ainda cheguem à nossa Central frutos como o figo e a ameixa (com expressão residual), é nos citrinos que está a nossa grande expressão produtiva, isto porque 99% da produção da Frusoal concentra-se nos citrinos, que se destinam não

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somente ao mercado nacional como ao mercado externo», esclareceu Pedro Madeira. TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

Frusoal nasceu em 1990 e no início eram 24 sócios. A sua produção abrangia os citrinos, vinha e produtos hortofrutícolas. Ao longo da sua existência, a Frusoal teve de adapta-se à evolução dos tempos e seguir novos rumos. Teve de saber evoluir positivamente, acompanhando as exigências e as próprias expectativas do mercado. «Chegámos à conclusão que era muito difícil ganhar dimensão abrangendo um leque alargado de produtos. Concluímos que seria mais vantajoso para nós vermos quais seriam aqueles produtos mais facilmente pretendidos pelos mercados e que pudessem ser produzidos no clima que o Algarve dispõe e que tivessem menos possibilidades de serem produzidos noutras partes do País», refere Pedro Madeira, para dizer logo de seguida que rapidamente chegaram à conclusão que a

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horticultura em abrigo em qualquer parte se faz e que a vinha está mais para o Alentejo e noutras zonas de Portugal. «A horticultura faz-se desde o Norte, passando pelo Centro até ao Sul e a vinha não. Obedece a algumas características de clima. O citrino adapta-se integralmente ao clima do Algarve, e não é surpresa o facto de 99 por cento da produção da Frusoal se concentrar nos citrinos», chamou a atenção Pedro Madeira. Todavia, o administrador da Frusoal lembrou que a sua empresa continua a apresentar no mercado o figo e a ameixa, embora com uma expressão residual. «Continuam a produzir o figo, a ameixa e o damasco, frutos que acabam por ser primores da região do Algarve e que nos interessa manter». No início da sua fundação a Frusoal era constituída por 24 sócios. «Hoje são à volta dos 90, mas produtores de citrinos

acabam por ser 50 ou pouco mais. O facto de termos crescido da maneira como crescemos deve-se a termos enveredado pela produção própria. A própria Frusoal é produtora de citrinos. Entre os produtores sócios e a própria empresa temos na ordem dos 1300 hectares, dos quais 800 hectares são pertença dos sócios e cerca de 500 hectares são para produção própria da empresa. Em termos de cobertura a Frusoal estende a sua produção a todo o Algarve, tendo uma incidência maior em todo o Sotavento Algarvio», esclareceu Pedro Madeira. O crescimento da Frusoal ao longo dos anos tem sido sustentável e a determinado momento da sua vida teve necessidade de seguir a via da diversificação. «Ou somos relativamente bons naquilo que fazemos ou dificilmente conseguiremos andar para a frente. Não há grande escolha se quisermos crescer de maneira sus-

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› AGROALIMENTAR com as exigências do mercado, lutar pela qualidade do produto e da própria organização, ser-se inovador, conquistar novos mercados e consolidar o mercado nacional. Referindo-se ao comportamento do mercado nacional, Pedro Madeira foi esclarecedor. «O mercado nacional no nosso setor comporta-se como em quase todas as outras coisas. Há uma loucura muito grande para tentar vender mais barato, para se vender mais. Em 2015 verifica-se que há menos quantidade mas que continua a haver menos preço. É verdade que a tutela tem conhecimento desta situação, mas estando nós num mercado livre é complicado impor regras. Estes não são produtos em que se possa dizer ficam aí à espera de melhores condições do mercado», referiu Pedro Madeira dizendo que gostava de ter esperança que 2015 viesse a ser um ano melhor que 2014 para os produtos hortícolas. «Mas pelas razões que apontei, as esperanças não são por aí além. Acredito que uma situação destas mude quando existir alguma sensibilidade por parte de quem gere estas questões».

tentável», sublinhou Pedro Madeira, que em relação à horticultura em geral disse: «Procuramos ter um pouco de tudo aquilo que a horticultura tem e que o mercado pede». A maneira galvanizante como a marca da Laranja Algarve conquistou o mercado nacional e internacional mereceu, da parte de Pedro Madeira, um comentário apropriado. «Como o consumidor há uns anos atrás não tinha a mais pequena ligação entre o produto que se produzia no seu país

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e aquilo que queria consumir, é natural que muito dificilmente o produto nacional conseguisse singrar. Tentou-se criar a ideia de que os produtos que vinham de fora é que eram bons, e que os nacionais ficariam para segundo plano. Portanto, isto contra tudo o que é necessário para que o País se desenvolva e ande para a frente», chamou a atenção Pedro Madeira. E como é que souberam contrariar esse cenário? «Nós não temos dimensão nem capacidade para contrariar uma situação

desta natureza mas, se calhar ajudámos um pouco, se calhar também pressionámos um pouco, mas houve também da parte do cliente retalhista a necessidade de marcar alguma diferença. Houve uma maior sensibilização para se consumir o que é nosso, demonstrando que ao tomarmos esta atitude estaríamos também a contribuir para o desenvolvimento do País. Tínhamos de andar para a frente quer fosse nas laranjas ou na maçã, ou fosse nas calças ou nos sapatos. Nós aqui

na Frusoal trabalhamos todos os dias para sermos uma referência no setor que abraçámos e, volvidos estes 25 anos de existência, sentimos que este grau de qualidade já foi por nós atingido, até internacionalmente», esclareceu o administrador da Frusoal. Haver ou não haver uma entidade reguladora Mas ser-se uma referência tem os seus custos. Há que haver investimentos a condizer

Há produtores que podem desistir da atividade Pedro Madeira diz que o setor não tem um órgão regulador, mas que também não acredita muito nessas estruturas. «Penso que isto não vai por aí porque, ou se impõe uma tabela que determine que abaixo de um determinado preço não se pode vender, ou então a solução também pode passar pelas pessoas que geram o retalho do País, reconhecendo que podem estar a matar a produção, mas que também estão a matar-se a breve prazo. A produção, seja ela do que for, se não tiver quem a consuma, morre por não ter quem a compre. Perante esta situação os nossos associados desanimam. Não se voltam contra nós porque sabem que no mercado à sua volta está tudo igual», enfatizou Pedro Martins. O administrador da Frusoal aproveitou a oportunidade para referir que a maior parte dos associados desta empresa algarvia são pessoas que têm a Agricultura como segunda atividade e que têm a sua principal atividade noutras áreas. Alguns

são engenheiros e outros até doutores. «E este complemento que lhes deveria proporcionar alguns benefícios, torna-se num absorvedor de dinheiro da sua atividade principal, situação que pode estender-se por um ano, dois ou três, mas não por muito mais…», esclareceu Pedro Madeira, que a este propósito deixou mais um aviso: «Há neste momento pessoas entre os nossos associados que se a situação subsistir e não melhorar em 2015, cansam-se de perder dinheiro numa atividade que não lhes dá retorno e pode enveredar pela via da desistência…». Tentar crescer no mercado externo Os grandes clientes da Frusoal estão na área da Distribuição Grossista e nas Grandes Superfícies, quer em Portugal, quer no estrangeiro. «Nós trabalhamos com os principais desta área no mercado externo, mas temos de levar em conta que estas situações não se reportam só ao mercado nacional, este é um problema global. O mercado externo está um pouco na mesma, consegue-se qualquer coisa em termos de valorização, mas também se arrisca mais», referiu Pedro Madeira, que passaria a sua tónica para o posicionamento da empresa no mercado externo. «Em termos contínuos, estamos em Espanha, França e Polónia, mas Itália, Inglaterra, Ucrânia e República Checa são mercados que fazemos em determinadas épocas do ano, embora a Ucrânia com tudo o que por lá se passa agora, seja um mercado praticamente parado. Também estamos a fazer alguma coisa com a Suíça. O chamado mercado da Saudade tem para nós um significado especial, dada a presença de portugueses sempre desejosos de consumirem produtos que eles bem conhecem. O mercado externo representa para a Frusoal entre 20 s 25% das suas vendas, mas queremos lutar para que esses números sejam superiores. Mas não é fácil.», Concluiu Pedro Madeira, administrador da Frusoal, empresa algarvia que nos próximos 2 ou 3 anos vai tentar uma posição no mercado esterno da ordem dos 50 por cento. ‹

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› AGROALIMENTAR Maria do Amparo Godinho, Diretora da CARMIM e a eleição “Cidade Europeia do Vinho 2015»

«Dá maior visibilidade a Reguengos de Monsaraz e à sua economia» Em entrevista concedida à PAÍS €CONÓMICO, Maria do Amparo Godinho, diretora da Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz – CARMIM, congratulou-se com o facto de Reguengos de Monsaraz ter sido eleita “Cidade Europeia do Vinho 2015”. «Esta atribuição dá a Reguengos de Monsaraz uma maior visibilidade nacional e a nível europeu e faz com que a economia deste concelho alentejano, que tem mais de 3000 hectare de vinha, prospere e se torne cada vez mais sustentável», destacou Maria do Amparo Godinho, que aproveitou para falar da qualidade dos vinhos da CARMIM, da veia investidora desta que é considerada uma das maiores e mais conceituadas cooperativas agrícolas do País e do seu posicionamento nos mercados nacional e internacional. Nesta entrevista participou também Rodrigo Caeiro, diretor e responsável pelo setor dos

M

Azeites produzidos pela CARMIM que realçou as «qualidades excecionais deste produto». TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

aria do Amparo Godinho é engenheira agrónoma, associada da CARMIM com uma pequena exploração, e foi eleita para membro da Direção desta prestigiada cooperativa agrícola de Reguengos de Monsaraz no último ato eleitoral. «A minha família é associada da CARMIM há quase trinta anos, sou também proprietária de uma pequena exploração e achei que era o momento de prestar um serviço mais direto esta empresa cooperativa, que tão importante é para a economia de todo o concelho. Estou a desenvolver um trabalho muito interessante: a direção da CARMIM é formada por cinco elementos e a minha função está ligada à parte da produção vitivinícola, porque a cooperativa tem vários setores e o setor vitivinícola (que é o seu core business) representa mais de 80 por cento da sua faturação. Temos depois a Olivicultura, os Cereais, o Enoturismo e uma secção de Compra e Venda de Fatores de Produção Agrícola», esclareceu Maria do Amparo Godinho. Maria do Amparo Godinho entende que o facto de Reguengos de Monsaraz ter sido

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eleita “Cidade Europeia do Vinho 2015”, é mais um alento para a cidade e para a região do Alentejo. «É sem dúvida um marco muito importante, porque nos permite uma visibilidade, que não é mais do que o reconhecimento de um trabalho conjunto de muita gente ao longo de muitos anos. E é uma honra para a CARMIM que fez parte, como parceiro, do Conselho de Candidatura», salienta. Maria do Amparo Godinho aproveitaria para revelar que no decorrer deste ano, a CARMIM, em colaboração com a Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz (que é a entidade promotora deste evento), vai levar a cabo alguns eventos que assinalarão condignamente a eleição de Reguengos de Monsaraz a “Cidade Europeia do Vinho 2015”. «Neste momento há uma loja que estará aberta ao público durante o ano todo, que tem a presença dos quatro produtores que entraram nesta candidatura: A CARMIM , a Herdade do Esporão, a Ervideira e a Granacer. Nesta loja estarão expostos os vinhos destes quatro produtores, sendo que, em cada semana um produtor estará

em destaque», disse a nossa entrevistada, lembrando ainda neste âmbito a realização de vários eventos a nível científico, com destaque para o Colóquio “Prospecção e Conservação em Larga Escala da Diversidade das castas antigas de videira em Portugal” do qual ela faz parte como técnica da AVIPE, que se vai realizar a 27 de Março, em Reguengos de Monsaraz e que é aguardado com muito interesse. Ainda como reflexo desta eleição Maria do Amparo Godinho diz que está prevista a realização, neste ano, de um Seminário Internacional ligado também à parte da Energia e que trará a Reguengos de Monsaraz muitos participantes nacionais e internacionais. «Essa participação está prevista, porque esta é uma candidatura conjunta com as cidades de Évora e Elvas, que traz uma mais-valia importante ao nível do património e da cultura, sublinhou a diretora da CARMIM. Um projeto pioneiro criado com paixão A CARMIM tem um peso económico e social importantíssimo no concelho de Re-

guengos de Monsaraz, e em 2015 assinala 44 anos de existência. Foi criada por um grupo de vitivinicultores da região, que com grande entrega e com elevado espírito de Paixão e Pioneirismo, transformaram esta empresa num ícone incontornável. A CARMIM soube ao longo dos tempos assumir o seu processo de modernização (que é contínuo) e transformar-se numa marca reconhecida nacional e internacionalmente pela qualidade dos Vinhos e Azeites que produz. «Acho que se deve fazer jus àquelas pessoas que em 1971 deram início à criação

deste projeto. A CARMIM teve desde sempre à sua frente pessoas com grande visão empresarial e muito empreendedoras, que sabiam para onde queriam ir. Foram estas pessoas que conseguiram ao longo dos anos dotar toda esta estrutura, aproveitando a Adega Antiga que foi integrada na Adega Nova, totalmente construída de raiz. Portanto, houve um investimento muito grande nos anos 90, e a CARMIM nessa altura conseguiu também dar um salto qualitativo muito importante a nível da tecnologia. Para além disso temos uma equipa muito jovem, muito válida e

muito dinâmica, que fazem antever para a CARMIM, tal com o acontece no presente, um futuro de sucesso», enfatizou Maria do Amparo Godinho, que considerou para a altura em que este projeto foi lançado, «um investimento arrojado e de grande sacrifício». A CARMIM tem uma estrutura de associados diferente de todo o Alentejo. «Hoje temos cerca de 1000 associados. No setor da vitivinicultura que é o grande “coração” da empresa esse número ascende a 600 associados, e destes associados muitos deles têm áreas muito pequenas. Portanto, o

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› AGROALIMENTAR esforço financeiro para esses vitivinicultores é enorme, já que todos os investimentos feitos na Adega terão de ser, em boa parte, suportados pelos associados. Na altura foi um esforço financeiro de grande dimensão, parte dele também apoiado com Fundos Comunitário. E este esforço é contínuo já que outras ajudas serão pedidas no QCA vigente entre 2014 e 2020», sublinhou Maria do Amparo Godinho. Crescer também no Mercado Externo A CARMIM está certificada com a ISO 9001 (âmbito da Qualidade), ISO 22000 (Segurança Alimentar) e ISO 14000 (Ambiental) e prepara-se para lançar este ano o seu Plano de Sustentabilidade que no fundo pretende implementar não só a estrutura de Adega, como permitir aos seus

Azeite da Casa da Anadia aumentou em mais de 100% as exportações em 2014 600 associados vitivinicultores acesso a normas de produção mais sustentáveis. Por outro lado a CARMIM tem no seu portefólio 24 referências de vinhos de alta qualidade: dos brancos aos tintos, dos jovens aos reservas, passando pelo licoro-

sos, rosé ou espumantes, e já exporta cerca de 20% para o mercado externo, sendo nesse capítulo o Brasil, Angola e Polónia os seus melhores mercados. «Embora o mercado externo seja importante para a CARMIM e no qual queremos assegurar uma posição vantajosa, não esquecemos um só dia o mercado nacional onde os nossos Vinhos e Azeites continuam a ser muito pretendidos e apreciados», assegurou Maria do Amparo Godinho.

Azeite conquista mercados sofisticados O azeite da Casa da Anadia, extraído da Quinta do Bom Sucesso, em Alferrarede, em Abrantes, registou em 2014 um aumento das exportações superior a 100%, entrando em novos mercados de forma ainda tímida, mas segura, segundo comunicado da empresa. Ainda de acordo com o mesmo documento, o Brasil é o principal mercado actualmente com uma quota de 50% das exportações, tendo entrado recentemente no Canadá, e a breve prazo chegará ao Japão, onde a empresa vai estar presente neste mês na Feira Internacional nipónica Foodex.

Na Europa, além de Portugal, é possível saborear o azeite Casa da Anadia na Suécia, Polónia, Holanda e Alemanha. Já o mercado angolano, segundo fonte da empresa, “e atractivo, tendo sido iniciada uma exportação em pequena escala e venda do seu portfólio através de distribuidores”. A Casa da Anadia registou em 2014 um crescimento a dois dígitos, com a previsão de manter o crescimento em 2015, além de se prepara para lançar novos produtos ao longo deste ano e entrar em novos mercados. ‹

Contar (muito) com os Azeites Embora a parte dos azeites represente menos de 5% da sua faturação, a CARMIM quer fazer tudo o que estiver ao seu alcance para inverter esta situação. Rodrigo Caeiro, diretor e responsável pela área dos azeites da CARMIM diz que a empresa tem hoje uma capacidade muito superior àquela que atualmente receciona. «A capacidade de armazenamento de produção é de 500 mil litros e temos tido médias nos últimos anos dentro dos 200 mil litros. O que é muito pouco. Acontece que a Direção da empresa está atenta a este fenómeno, porque havia um dos problemas mais graves para os associados, que era uma valorização baixa de produto. Essa questão faz com que haja uma desmotivação por parte dos associados, que teremos de saber ultrapassar», referiu Rodrigo Caeiro, lembrando que a CARMIM está a investir na parte da Linha de Engarrafamento, «porque o objectivo é, na verdade, engarrafar todo o azeite que produzimos, aumentar as referências e diferenciar produtos consoantes as marcas». ‹

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› ECONOMIA IBÉRICA

GALIZA E EURO-REGIÃO GALIZA – NORTE DE PORTUGAL

EDITORIAL O último estudo realizado pelo ISCTE sobre o peso da língua portuguesa no PIB de Portugal dava um valor de 17%, o que revela a sua singular importância no contexto de uma economia globalizada. Uma língua que é partilhada mais de 250 milhões de pessoas é um tesouro que deve ser acarinhado e potenciado. Tal vez por isso a Galiza decidiu incluir o português como uma matéria optativa nas suas escolas, o que representa o mais recente exemplo do crescente interesse espanhol pelo estudo desta língua. O caso mais emblemático até à data era o da região da Extremadura que já tinha incorporado a sua aprendizagem no ensino oficial primário e secundário. Dominar estas duas línguas, uma com mais de 500 milhões de falantes e outra com mais de 250, é uma enorme vantagem, sobretudo se considerarmos a expansão dos mercados não europeus onde são faladas. E devemos considerar também o efeito multiplicador quando falantes de outras línguas aprendem uma delas. A sua proximidade equivale quase a ter duas pelo preço de uma. Não podemos desaproveitar. Como é habitual, podem enviar as suas questões para lisboa@ avinalabogados.com. O NOVO IRC EM ESPANHA: O QUE VAI MUDAR (I) O IRC espanhol (“Impuesto de Sociedades”) foi alvo recentemente de uma pequena reforma na sequência da Lei 27/2014, de 27

de Novembro. Um dos elementos que foi alvo de intervenção dessa reforma e que levantou maior expectativa foi a taxa aplicável. Embora seja uma característica muito mediática de qualquer imposto, não é aquela que necessariamente possa ter maior impacto. Vamos ver, em qualquer caso, como é que ficou na nova Lei. Nos últimos anos, e no contexto da atual crise, os sucessivos Governos aprovaram diferentes apoios fiscais quer para microempresas que mantivessem os postos de trabalho quer para empresas de nova criação. Na sequência de todas estas alterações oferecemos a seguir um quadro-resumo onde aparecem as diferentes taxas aplicáveis às grandes, médias e pequenas empresas, bem como às microempresas e empresas de nova criação. Fica claro, portanto, que para o próximo exercício fiscal, apenas as empresas de nova criação terão algum benefício, podendo usufruir de uma taxa inferior em 10 pontos percentuais à taxa geral e que só será aplicável a partir do primeiro ano em que a empresa apresentar lucros. Isto é, ate que a empresa não tenha lucros não dará início o período da “rebaixa” fiscal. Neste apartado a reforma não tem conseguido grandes adesões, nomeadamente pela equiparação das grandes, médias, pequenas e microempresas. Antonio Viñal Menéndez-Ponte Antonio Viñal & Co. Abogados. Lisboa lisboa@avinalabogados.com 2014 (%)

2015 (%)

2016 (%)

30

28

25

Matéria colectável até € 300.000

25

25

Matéria colectável > € 300.000

30

28

Microempresas (que mantenham os postos de trabalho)

Matéria colectável até € 300.000

20

25

Matéria colectável > € 300.000

25

25

25 (sem manutenção de postos de trabalho)

Empresas de nova criação (1º período com lucros e o seguinte)

Matéria colectável até € 300.000

15

Matéria colectável > € 300.000

20

15

15

Taxa Geral Taxa PMES

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25

INCREMENTO DE EMPRESAS INOVADORAS Galiza criou em 2013 um total de 2.064 empresas de inovação empresarial que investiram 482 milhões de euros durante esse ano. Este dado representa 5,4% do total de toda Espanha, e reflete o aumento das TIC nesta região.

de euros. Entre os objetivos destacam a aspiração de conseguir um comboio de alta velocidade que permita reduzir o tempo da viagem Porto-Vigo e Corunha-Lisboa. A clausura da Assembleia contou com a presença dos Reis da Espanha e do Presidente de Portugal.

GALIZA INVESTE NO ESTRANGEIRO As empresas galegas investiram desde o início da crise perto de 6.619 milhões de euros fora do território espanhol. De acordo com os dados de 2013, a Galiza ocuparia o quinto lugar por regiões espanholas quanto à saída de capital. Este investimento fora da Espanha gerou 100.000 novos postos de trabalho concentrados na sua maior parte em Portugal, França e Argentina.

PORTUGUÊS: MATÉRIA OPTATIVA NAS ESCOLAS GALEGAS As escolas galegas de primária e secundária começarão no próximo curso a implantar o português como língua estrangeira optativa. Através do acordo assinado na Real Academia Galega (RAG) e que foi subscrito pelo Embaixador de Portugal, Francisco Riveiro de Meneses, e o Conselleiro de Cultura da Xunta da Galiza, Román Rodríguez. O Instituto Camões ocupar-se-á da formação dos docentes.

PORTO: TERMINAL DE CRUZEIROS O Porto de Leixões finalizará no próximo mês de Março a sua terminal de cruzeiros. Quando estiver preparada, a entidade tem previsto assinar um acordo de colaboração com o porto da Corunha, com o fim de angariar novos tráfegos de cruzeiros. EIXO ATLÂNTICO: ASSEMBLEIA GERAL O Eixo Atlântico celebrou o passado 19 de Fevereiro a sua XXIII Assembleia Geral durante a qual foi aprovado o programa de atividades para 2015, bem como o orçamento de 2,6 milhões

II.- APOIOS E SUBVENÇÕES VALES PARA A INOVAÇÃO PRAZO: Até 31 de Dezembro de 2015 OBJETIVO: Fomentar a participação das empresas galegas em programas de I+D+i nacionais e internacionais. BENEFICIÁRIOS: Pequenas e médias empresas da Galiza. VALOR DA AJUDA: Será um desconto sobre a base passível de apoio.

EVENTOS E FEIRAS DATA

EVENTO

LUGAR

Março

FER INTERAZAR (Feria Internacional del Juego – International Gaming and Gambling Trade Show)

Madrid

Março

POWER EXPO (Feria Internacional de la Energía Eficiente y Sostenible)

Zaragoza

2 – 5 Março

GSMA MOBILE WORLD CONGRESS

Barcelona

4 – 8 Março

AULA (Salón Internacional del Estudiante y de la Oferta Educativa)

Madrid

4 – 8 Março

XANTAR (Salón Internacional de Gastronomía y Turismo)

Orense

5 – 7 Março

FORO DE POSTGRADO (Salón dedicado a la Educación de Tercer Ciclo)

Madrid

5 – 7 Março

INTERDIDAC (Salón Internacional del Material Educativo)

Madrid

11 – 14 Março

MOTORTEC AUTOMECHANIKA MADRID (Feria Internacional Líder para la Industria Automoción en España)

Madrid

17 – 20 Março

FIMA GANADERÍA (Feria Internacional para la Producción Animal)

Zaragoza

24 – 27 Março

GRAPHISPAG (Salón Internacional de la Industria y Comunicaciones Gráficas)

Barcelona

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› A FECHAR José Duarte Silva, Vila para os amigos e admiradores, vai expor os seus quadros no LxFactory em Lisboa

Vila mostra o melhor do Algarve Muitos que demandam o Algarve, conhecem o restaurante Vila Lisa, na localidade de Mexilhoeira Grande, entre Portimão e Lagos. Para além das diversas especialidades da rica gastronomia algarvia, no Vila Lisa estão expostos um vasto conjunto de quadros pintados por José Duarte Silva, conhecido como Vila para os seus muitos amigos e admiradores. A esplêndida luz que ilumina o território mais a sul de Portugal está fortemente incrustada nas telas pintadas por Vila. É essa luminosidade esplêndida que vai estar exposta em Lisboa, mais precisamente no LxFactory, entre os dias 19 e 25 de Março. Num dos mais célebres espaços do momento da capital portuguesa, Vila exporá cerca de três centenas dos seus quadros, como alguém definiu “a sua figuração tende para a abstração, enquanto nesta existe sempre alguma relação com o real, sobretudo com o seu Algarve. Nesse sentido, Vila é um autêntico artista algarvio”. No dia inaugural, o artista convidou grupos de cantares e declamadores de poesia de Vila Verde Ficalho, no Alentejo. Esta exposição conta com o apoio fundamental do Banco Popular. ‹

Vivafit entra no Dubai A Vivafit, rede portuguesa de ginásios femininos, assinou um contrato de Master Franchising com Aly Albady para a abertura de 20 ginásios no Dubai num investimento de 4 milhões de euros. O documento é válido para todo o Emirado do Dubai e prevê a abertura de 20 Vivafits, o primeiro já em Junho e o segundo até ao final do corrente ano. Segundo Pedro Ruiz, CEO da Vivafit, «a assinatura deste contrato para o Dubai é o culminar dum longo trabalho comercial apoiado pelo AICEP e pela diplomacia económica portuguesa nos últimos três anos». A Vivafit possui 65 ginásios em Portugal, Índia, Singapura, Indonésia, Taiwan, Emirados Árabes Unidos, Omã, Uruguai e Espanha e prepara-se para entrar ainda este ano nos restantes países do Golfo, incluindo a Arábia Saudita. ‹

Vinhos do Alentejo em tournée no Brasil No próximo dia 13 do corrente, a Caravana Alentejana chegará à cidade de Fortaleza, onde terá a oportunidade de mostrar vários dos vinhos e azeites da região do sul de Portugal. A Caravana Alentejana é apoiada na capital do Ceará pela Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Ceará, presidida por José Maria Zannochi, e terá como público-alvo, empresas de turismo, empresários e importadores. Durante um evento, será assinado um acordo de cooperação com a Prefeitura de Fortaleza com o objetivo de “criar fluxos de turismo e comércio entre as duas regiões que podem ser chamadas “Portas Transatlânticas”, referiu Hélder Guia Paulo, responsável pelo Centro de Desenvolvimento Económico e Captação de Investimento da Prefeitura (Câmara Municipal na terminologia utilizada em Portugal) do Município de Ferreira do Alentejo. ‹

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