ANÁLISE REGIONAL CADERNOS TEMÁTICOS
OS APROVEITAMENTOS HIDROAGRÍCOLAS NO BAIXO ALENTEJO
Barragem de Odivelas
Barragem do Roxo
Ficha técnica Título - Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo I Parte Edição - CCDR Alentejo - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo Autor - Filipe Palma Revisão de texto - Álvaro Azedo Processamento de texto, quadros e gráficos - Colaboração de Rui Faustino Concepção gráfica e impressão - Divisão de Informação e Informática da CCDR Alentejo Tiragem - 50 exemplares Évora, Março de 2011
1
OS APROVEITAMENTOS HIDROAGRÍCOLAS NO BAIXO ALENTEJO I PARTE
“”A melhor maneira de explicar o que é uma coisa é fazê-la” In “Alice no País das Maravilhas”
3
Índice Apresentação ............................................................................................................................ 7 Prefácio ...................................................................................................................................... 9 Introdução ................................................................................................................................ 1 3 I. Aproveitamento Hidroagrícola Do Vale Do Sado Capítulo 1. Caracterização geral .............................................................................. 15 Capítulo 2. Ocupação cultural - Evolução das áreas regadas .................................. 15 2.1. A década de 70 do século XX ...............................................................16 2.2. A década de 90 do século XX .............................................................. 1 7 2.3. A primeira década do século XXI ......................................................... 1 8 2.4. Conclusões ...........................................................................................19 II. Aproveitamento Hidroagrícola De Campilhas E Alto Sado Capítulo 1. Caracterização geral ............................................................................... 23 Capítulo 2. Ocupação cultural - Evolução das áreas regadas .................................. 24 2.1. A década de 70 do século XX .............................................................. 25 2.2. A década de 80 do século XX .............................................................. 26 2.3. A década de 90 do século XX .............................................................. 27 2.4. A Primeira década do século XXI ......................................................... 28 2.5. Conclusões .......................................................................................... 29 III. Aproveitamento Hidroagrícola Do Roxo Capítulo 1. Caracterização geral ............................................................................... 33 Capítulo 2. Ocupação cultural - Evolução das áreas regadas .................................. 33 2.1. A década de 70 do século XX .............................................................. 34 2.2. A década de 80 do século XX .............................................................. 35 2.3. A década de 90 do século XX .............................................................. 36 2.4. A primeira década do século XXI ......................................................... 37 2.5. Conclusões .......................................................................................... 38 IV. Aproveitamento Hidroagrícola De Odivelas Capítulo 1. Caracterização geral ................................................................................ 41 Capítulo 2. Ocupação cultural - Evolução das áreas regadas ................................... 42 2.1. A década de 70 do século XX ............................................................... 42 2.2. A década de 80 do século XX ............................................................... 43 2.3. A década de 90 do século XX ............................................................... 44 2.4. A primeira década do século XXI .......................................................... 45 2.5. Conclusões ........................................................................................... 46 V. Aproveitamento Hidroagrícola Do Mira Capítulo 1. Caracterização geral ................................................................................ 49 Capítulo 2. Ocupação cultural - Evolução das áreas regadas ................................... 50 2.1. A década de 70 do século XX ............................................................... 50 2.2. A década de 80 do século XX ............................................................... 51 2.3. A década de 90 do século XX ................................................................ 52 2.4. A primeira década do século XXI .......................................................... 53 2.5. Conclusões ........................................................................................... 54 Conclusões Finais..................................................................................................................... 59 Bibliografia ............................................................................................................................... 61
5
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
APRESENTAÇÃO
A publicação do presente “Caderno Temático Alentejo Análise Regional” enquadra-se no objectivo de dar a conhecer estudos de análise regional produzidos no âmbito da CCDR Alentejo. A actual equipa da Presidência, que iniciou funções há um ano atrás, procura desta forma reforçar a partilha e disseminação de conhecimento levado a cabo no domínio das competências da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, e bem assim de textos de reflexão estratégica, produzidos no âmbito de seminários, conferências e ciclos de estudo, que traduzem a visão e o compromisso, desta entidade regional. A edição de "Cadernos Temáticos" conjuga-se com o lançamento da Revista “Alentejo -Análise Regional”, de periodicidade semestral, da qual editámos recentemente o primeiro número (Janeiro de 2011). Ao retomarmos a actividade editorial, uma prática que marcou a actividade da CCDRA em períodos significativos da sua história, visamos contribuir para um melhor conhecimento da realidade regional, das mudanças que se encontram em curso e das potencialidades existentes para a construção colectiva de melhores condições de criação de riqueza e de emprego, num quadro de sustentabilidade ambiental e de maior coesão social. O estudo agora publicado, da autoria de Filipe Palma, analisa os Aproveitamentos Hidroagrícolas existentes no Baixo Alentejo¹ e decorrentes do “Plano de Rega do Alentejo”, sem incluir as áreas resultantes da instalação do EFMA (Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva). O território definido como Baixo Alentejo, no contexto deste trabalho e por opção do autor, é constituído pelos concelhos do distrito de Beja e os concelhos alentejanos do distrito de Setúbal (Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines), conforme a definição de Província da Divisão Administrativa de 1936 e que se manteve até 1959. A instalação dos respectivos perímetros de rega envolveu obras públicas de significativa dimensão, essencialmente concretizadas entre as décadas de 50 e 70 do século passado (na sequência de decisão política do início dos anos 50), e a sua área global corresponde a aproximadamente 36.000 ha, no território objecto do estudo. O objectivo nuclear da análise foi o de caracterizar resumidamente os referidos perímetros, bem como a sua utilização, em termos de áreas regadas e respectiva ocupação por culturas, desde o início da década de 70. No decurso de 2011 será realizado um estudo, com abordagem analítica similar, incidindo sobre a utilização das áreas englobadas pelos blocos de rega (e respectivos perímetros) que integram o Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva (EFMA), numa fase em que se assiste a um aumento muito expressivo da entrada em exploração de áreas abrangidas por este empreendimento público. Deve assinalar-se que cerca de 93 % da área a beneficiar pelo EFMA se localiza na zona em estudo. Da conjugação dos dois estudos, que podem ser também considerados como duas partes complementares de um mesmo estudo, estamos certos que resultarão indicações relevantes quanto ao futuro aproveitamento das áreas beneficiadas. Indicações relevantes nomeadamente para a formulação de medidas de política favoráveis ao pleno aproveitamento destes investimentos públicos de grande, e rara, dimensão ao nível regional. A CCDRA contou com a colaboração das Associações de Regantes / Beneficiários dos perímetros estudados, como bem refere Filipe Palma na “Introdução” do trabalho. Enquanto
7
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
Presidente da CCDR Alentejo, e em nome da instituição, associo-me às palavras de agradecimento escritas por Filipe Palma. Uma palavra final para o autor², técnico experiente e conhecedor das matérias que aborda, palavra de reconhecimento pela dedicação colocada na elaboração do estudo e de estímulo quanto à continuidade da sua actividade profissional (a que é justo associar os restantes técnicos que colaboraram no estudo Rui Faustino e Álvaro Azedo).
Presidente João de Deus Cordovil
¹ Não foram, por este motivo, incluídos na análise outros Perímetros de Rega do Alentejo como o CAIA, no Distrito de Portalegre, e a Vigia, no Distrito de Évora. ² Filipe Palma exerceu, nomeadamente, as seguintes funções directamente relevantes para o domínio em análise: Director Regional do Ambiente e Recursos Naturais (Junho de 1996 - Abril de 1998); Vogal do Conselho de Administração da EDIA (Abril de 1998 a Maio de 2000); Chefe de Projecto da estrutura técnica do PEDIZA - Programa de Desenvolvimento Integrado da Zona de Alqueva Eixo IV do “porAlentejo” (Março 2006 a Dezembro de 2009).
8
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
PREFÁCIO
“... só há a incerteza das explorações de sequeiro. Não há exploração economicamente viável, não há população, apenas sede. Sede nos homens, sede nos animais, sede nas plantas e sede na terra.” António Gentil Soares Branco Lavrador Alentejano, Alcácer do Sal 1939
Na magnífica epopeia que é a evolução da espécie humana, dizem os historiadores/antropólogos que a passagem de recolectores/caçadores para agricultores e respectiva sedentarização, terá acontecido há cerca de 10000 anos. É do conhecimento comum que essa sedentarização se deu preferencialmente junto aos rios onde a fertilidade dos solos se casa com a disponibilidade de água doce. Não é nosso propósito desenvolver o tema (por não termos conhecimento para tal e não ser a razão do presente trabalho), mas tão só sinalizar a importância da água no desenvolvimento da economia agrícola dos povos. Assim foi também, ao longo dos tempos, no nosso território que hoje é Portugal, com particular acuidade no Sul onde recorrentemente as questões do povoamento e da necessidade de irrigação
Mapa 1 - Plano de rega do Alentejo (1954)
Mapa 2 - Aproveitamentos Hidroagrícolas em exploração (Década de 50)
9
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
se colocaram. O objecto do trabalho decorre do chamado Plano de Valorização do Alentejo - Rega de 170000 ha determinado em 1954 por Arantes e Oliveira à data Ministro das Obras Públicas. Tal facto remete-nos para o longo período Salazarista, cujo regime de características fascistas ficou conhecido por Estado Novo. Há pois que tentar perceber como um regime como o do Estado Novo, com o Alentejo em pleno “sistema latifundista “, sustentáculo político do regime, promove um Plano de Rega da dimensão do que foi lançado, sabendo-se que, além do mais, já tinha avançado alguns anos antes com as Barragens do Pego do Altar (ou Salazar), em 1949, Vale do Gaio (ou Trigo de Morais) em 1951 e Campilhas em 1954, e respectivos perímetros de rega de Vale do Sado e de Campilhas. Há pois que perceber o sistema, que na feliz definição conceptual de “latifundismo” formulada por Afonso de Barros e Sevilla-Guzman se caracteriza por: a) Um sistema local de dominação de classe exercido pelo grupo dos latifundiários que monopolizando os meios de produção agrária, através de grande exploração agrícola, mantém a numerosa população rural sem alternativa de emprego fora da agricultura; b) Um sistema social de controlo das instituições económicas, culturais e políticas, por parte do grupo detentor de terra; c) Um sistema dependente de intervenção do Estado na fixação dos preços dos produtos agrícolas, da realização de obras públicas que amortecessem os efeitos do desemprego crónico; A importância política dos grandes proprietários agrários no regime é comprovada pela presença, em 29 de Maio de 1949, de Salazar na inauguração da barragem que viria a ter o seu nome.
Fotografia 1 - Inauguração da Barragem do Pego do Altar (1949)
Conhecida a sua aversão a saídas e manifestações públicas, reconheça-se pois o relevante significado deste acto. Esta antecipação na bacia do Sado em relação ao citado Plano de Valorização do Alentejo não nos deve surpreender uma vez que tal decorre da pressão dos grandes proprietários locais e não tem alterações significativas ao nível do processo produtivo: a monocultura cerealífera é dominante só que o cereal não é o trigo, é o arroz.
10
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
Apesar do seu carácter imobilista e repressivo, o regime tem contradições na sua classe dominante. Cumprindo a orientação recebida, os Serviços Hidráulicos concluem em 1957 o referido Plano que merece parecer favorável do Conselho Superior de Obras Públicas “a transformação, pela rega, do arranjo económico social da mais vasta província metropolitana, de modo a conseguir elevar-se acentuadamente a sua produção, melhorar o nível de vida da sua população e acentuar o interesse que ela tem para o desenvolvimento do país” e terminava “é de recomendar que superiormente sejam tomadas as medidas necessárias para se acelerar a execução das obras de rega...” e a homologação de Arantes e Oliveira em 1958. No entanto, era obrigatório o parecer da Câmara Corporativa, que foi emitido em 1960, e nele são levantadas variadas reservas, nomeadamente quanto à valia económica do Plano. Não nos esqueçamos que o sector mais reaccionário do regime estava na Câmara Corporativa. Lê-se no referido parecer “... aprova o Plano sob reserva de que sejam revistos os estudos económicos dele constantes, de harmonia com as observações que deixou expresso no decurso do parecer e com orientação que a este respeito preconizou”. Arantes e Oliveira e Ferreira Dias, ministro da Economia, não cederam e é notável como com alguns acertos, está perto de se concretizar (por volta de 2014) o Plano de Valorização do Alentejo Rega de 170000 ha, 60 anos depois! E assim foi possível avançar no Estado Novo com os Aproveitamentos Hidroagrícolas constantes no presente trabalho, dando alguma razão ao Príncipe de Salina em “O Leopardo”, de Luchino Visconti, a partir do romance homónimo de Giuseppe di Lampedusa “para que as coisas fiquem iguais é preciso que algo mude”. Este trabalho é, também, uma justa homenagem a todos aqueles que, independentemente do seu posicionamento no processo produtivo (proprietários, empresários agrícolas, agricultores, técnicos, trabalhadores/proletários agrícolas), têm contribuído ao longo dos anos para a produção de riqueza e para o modelar permanente da magnífica paisagem Baixo Alentejana. Filipe Palma
11
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
INTRODUÇÃO
“... obedeçamos ao sábio incitamento que é também o nosso anseio: A regar! A regar!” Salazar, 29 de Maio de 1949
Como é geralmente reconhecido, os Aproveitamentos Hidroagrícolas comportam dois aspectos distintos mas estreitamente ligados entre si, designadamente o aspecto técnico dos trabalhos a realizar e o aspecto agrícola. O primeiro é aquele que constitui em geral a parte mais em evidência, já que compreende a construção das infra-estruturas, o segundo trata de como distribuir a água pelas terras a regar para que elas produzam colheitas com um rendimento máximo. É sabido que o mais difícil começa quando a água chega aos campos, pois é então que se evidencia a necessidade de preparação dos agricultores para utilizar este recurso nas melhores condições, bem como evitar o desperdício e o excesso. Ensina a experiência que a progressão do regadio, ou de superfície efectivamente regada num perímetro de rega, não depende do seu promotor (Estado ou outra entidade), mas da vontade, iniciativa e interesse económico dos agricultores. O perímetro regado começa geralmente por ser apenas uma pequena fracção do perímetro regável e cresce à medida que surgem os bons resultados das culturas. E este é um processo longo e com maturação lenta. Propomo-nos pois, com este trabalho, analisar os Aproveitamentos Hidroagrícolas existentes no Baixo Alentejo e decorrentes do Plano de Valorização do Alentejo, sem EFMA (Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva), já que isso será objecto de análise na Parte II do trabalho, previsto para 2011. O território definido como Baixo Alentejo é constituído pelos concelhos do distrito de Beja e os concelhos alentejanos do distrito de Setúbal (Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines), conforme a definição de Província da Divisão Administrativa de 1936 e que se manteve até 1959. Neste território foram construídos entre as décadas de 50 e 70 do século passado os seguintes Aproveitamentos Hidroagrícolas que são o objecto do trabalho e que se apresentam, por ordem de antiguidade, os integrados em sistema, conforme o citado Plano: l l l Mapa 3 - Divisão administrativa de 1936
l
Aproveitamento Hidroagrícola do Vale do Sado; Aproveitamento Hidroagrícola de Campilhas e Alto Sado; Aproveitamento Hidroagrícola do Roxo; Aproveitamento Hidroagrícola de Odivelas
13
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
E ainda: l
Aproveitamento Hidroagrícola do Mira, não integrado em sistema, totalizando um total de 36122 hectares!
O Aproveitamento Hidroagrícola do Roxo na concepção inicial também era não integrado em sistema. Pretendemos, em linha com o que temos vindo a escrever, analisar as suas principais características, evolução cultural, evolução das áreas regadas, tudo isto sem incluir o efeito Alqueva. Analisaremos cada um deles, desde a década de 70 do século XX, de forma a termos um conhecimento sistematizado da sua evolução e das alterações culturais verificadas. Não deixaremos de fazer uma breve referência ao que se passou em Vale do Sado e Campilhas entre as décadas de 50 e 70, uma vez que já se encontravam em exploração. Não serão abordados no presente trabalho por estarem fora do âmbito proposto para o mesmo, questões importantes como a forma de exploração (conta própria, arrendamento ou outra) ou a estrutura fundiária (grande, média ou pequena exploração). Este trabalho não teria sido possível sem a disponibilidade, simpatia e conhecimento dos técnicos das entidades gestoras dos Aproveitamentos, as Associações Regantes e/ou Beneficiários. É, pois, com um profundo agradecimento e reconhecimento público pelo trabalho que vêm efectuando que saúdo estas Associações nas pessoas dos seus técnicos: l
Gonçalo Lince - Associação de Beneficiários do Vale do Sado, Alcácer do Sal; Ilídio Martins - Associação de Beneficiários de Campilhas e Alto Sado, Alvalade, Santiago do Cacém; Carlos Marques - Associação de Beneficiários do Roxo, Montes Velhos, Aljustrel; Carlos Chibeles - Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas, Ferreira do Alentejo; Carla Lúcio - Associação de Beneficiários do Mira, Odemira.
14
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
I APROVEITAMENTO HIDROAGRÍCOLA DO VALE DO SADO
Capítulo 1 Caracterização Geral O Aproveitamento Hidroagrícola do Vale do Sado situa-se em parte nos terrenos marginais do curso inferior do Rio Sado e das Ribeiras de Santa Catarina e do Xarrama, no concelho do Alcácer do Sal, distrito de Setúbal, e é gerido desde 1953 pela Associação de Beneficiários do Vale do Sado (ABVS). A sua área total beneficiada é de 9614 ha, dos quais 3443 ha correspondem a sapais não defendidos, sendo pois 6171 ha o que se considera como área beneficiada irrigável. A água para a rega provém das albufeiras do Pego do Altar, localizada na Ribeira de Santa Catarina, e do Vale do Gaio, localizada na Ribeira do Xarrama. Ambas as albufeiras não têm volume morto, pelo que a sua capacidade total é igual à capacidade útil, sendo respectivamente:
Pego do Altar 96 x 10 6 m3 Vale do Gaio 63 x 10 6 m3
A distribuição de água aos agricultores é efectuada por gravidade. Neste Aproveitamento Hidroagrícola encontram-se integrados duas Centrais Hidroeléctricas, uma em Pego do Altar e outra em Vale do Gaio.
Capítulo 2 Ocupação Cultural: evolução das áreas regadas Dado tratar-se da mais antiga obra de rega do Baixo Alentejo, é necessário tecer algumas considerações prévias. Em primeiro lugar referir que, desde 1949, a cargo da Direcção Geral dos Serviços Hidráulicos que, de forma experimental, se começou a regar neste Aproveitamento, até porque a rede de rega ainda não estava concluída na sua totalidade. A primeira campanha, chamemos-lhe não experimental, efectuou-se em 1953, já com a gestão da Associação, o que se verifica até à actualidade. Desde logo a adesão foi massiva e com as mesmas características que veremos nos períodos que analisaremos em pormenor.
15
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.1 A década de 70 do século XX ÁREA BENEFICIADA (ha)
6171
CULTURA (ha)
TOTAL (ha)
%
ANO
ARROZ
TOMATE
OUTRAS
1970
4857,0
259,0
314,0
5430
88
1971
4284,0
255,0
365,0
4904
79
1972
5077,0
326,0
154,0
5557
90
1973
5133,0
151,0
306,0
5590
91
1974
4474,0
250,0
337,0
5061
82
1975
4429,0
396,0
406,0
5231
85
1976
0
0
0
0
0
1977
5110,0
157,0
342,0
5609
91
1978
0
0
0
0
0
1979
0
0
0
0
0
3738
61
MÉDIA Quadro 1: Culturas Anuais.
Este Aproveitamento caracteriza-se fundamentalmente pela predominância de cultura de Arroz, e a sua maior ou menor área cultivada e consequente aumento de área de Outras Culturas está directamente relacionada com os anos hidrológicos e consequente disponibilidade de água nas albufeiras. Desde o seu início que o arroz tem sido a cultura por excelência dos agricultores do Vale do Sado. Por um lado, por ser a única possível em grande parte dos solos deste Aproveitamento, por outro dada a sua rentabilidade em comparação com outras culturas regadas. A entidade gestora considera em Outras Culturas todas as culturas excluindo o arroz. Como se vê no Quadro 1, optámos por individualizar o tomate, que confirma a relevância económica que tinha nesta década. Gráfico 1 - Culturas Anuais em percentagem
16
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
O ano de 1976 foi de rega zero, visto que não existia água armazenada nas albufeiras. A partir de 1978 e toda a década de 80, foram perdidos os registos, razão porque se retoma a análise na década de 90 do século XX.
2.2 A década de 90 do século XX
ÁREA BENEFICIADA (ha)
6171
TOTAL CULTURA (ha)
(ha)
%
ANO
ARROZ
TOMATE GIRASSOL OUTRAS
1990
5680,0
91,0
0
196,0
5967
97
1991
5600,0
180,0
0
194,0
5974
97
1992
3719,0
202,0
0
548,0
4469
72
1993
1608,0
148,0
1373,0
349,0
3478
56
1994
5324,0
212,0
0
472,0
6008
97
1995
2626,0
279,0
906,0
59,0
3870
63
1996
5393,0
82,0
0
310,0
5785
94
1997
5292,0
103,0
0
387,0
5782
94
1998
5394,0
74,0
0
435,0
5903
96
1999
5464,0
44,0
0
242,0
5750
93
5299
86
MÉDIA
Quadro 2: Culturas Anuais.
Da análise dos números desta década destacam-se os seguintes aspectos: a) Sempre que há disponibilidade de água a cultura de arroz ultrapassa os 5200 ha; b) O tomate já não tem neste Aproveitamento o peso que detinha na década de 70; c) Em anos secos, como 93 e 95, teve grande expressão a cultura de girassol, por ser menos exigente em água e ter tido ajudas comunitárias significativas.
Gráfico 2 - Culturas Anuais em percentagem.
17
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.3 A primeira década do século XXI
ÁREA BENEFICIADA (ha)
6171
TOTAL
CULTURA (ha)
(ha)
%
OUTRAS ANO
ARROZ
FORRAGENS
OUTRAS
2000
3625,0
157,0
790,0
4572
74
2001
5379,0
141,0
286,0
5806
94
2002
5480,0
146,0
340,0
5966
97
2003
5435,0
127,0
447,0
6009
97
2004
5720,0
112,0
442,0
6274
102
2005
3879,0
293,0
158,0
4330
70
2006
5045,0
174,0
145,0
5364
87
2007
5501,0
207,0
305,0
6013
97
2008
5276,0
53,0
255,0
5584
90
2009
5761,0
91,0
163,0
6015
97
5593
91
MÉDIA Quadro 3: Culturas Anuais.
Nesta década, em que apenas os anos de 2000 e 2005 tiveram alguma escassez nas disponibilidades hídricas nas albufeiras, convém destacar: a) Trata-se da década de maior predominância da cultura do arroz; b) Desaparece a cultura do tomate; c) As culturas forrageiras, nomeadamente o milho e o sorgo, ganharam algum significado.
Gráfico 3 - Culturas Anuais em percentagem.
18
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.4 Conclusões 7000 6000
Ano
5000 4000 3000 2000 1000
19 70 19 72 19 74 19 76 19 78 19 80 19 82 19 84 19 86 19 88 19 90 19 92 19 94 19 96 19 98 20 00 20 02 20 04 20 06 20 08
0
TOTAL ABSOLUTO (ha) Gráfico 4 - Áreas regadas.
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10
2008
2006
2004
2002
2000
1998
1996
1994
1992
1990
1988
1986
1984
1982
1980
1978
1976
1974
1972
1970
0
Gráfico 5 - Áreas regadas em percentagem.
Tanto o que é apresentado em valor absoluto, como o percentual em relação à área beneficiada, nos evidenciam que, neste Aproveitamento Hidroagrícola, desde que não estejamos em ano seco, os valores aproximam-se da totalidade da área beneficiada. O ano de 2004 ultrapassa mesmo esse valor, visto que por vezes a Associação fornece água para fora do perímetro em períodos de não escassez do recurso. É um Aproveitamento Hidroagrícola claramente monocultural, com pouca variação ao longo dos anos, mesmo nas outras culturas, e em que a percentagem de área regada supera a indicada nos estudos sobre esta matéria. Sendo este Aproveitamento, daqueles que são objecto de análise, aquele onde o “arroz é rei”; é útil que se saiba que as variedades de arroz são numerosas, sendo utilizadas ao longo dos anos
19
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
mais de 20 variedades. As alterações bastante significativas das variedades de arroz cultivadas têm que ver fundamentalmente com a procura de um aumento da produtividade e também com a satisfação das exigências por parte da indústria transformadora. Actualmente as variedades mais utilizadas são a Albatros, Aríete e Euro.
Fotografia 2 - Arroz
Fotografia 3 - Arroz
20
Os Aproveitamentos HidroagrĂcolas no Baixo Alentejo
Fotografia 4 - Barragem Vale do Gaio
21
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
II APROVEITAMENTO HIDROAGRÍCOLA DE CAMPILHAS E ALTO SADO
Nota prévia: Em rigor estamos perante 4 Aproveitamentos Hidroagrícolas Campilhas, Fonte Serne, Alto Sado e Monte Gato e Miguéis geridos pela Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas e Alto Sado (ARBCAS), pelo que se optou pela análise conjunta.
Capítulo 1 Caracterização Geral Os Aproveitamentos Hidroagrícolas geridos pela ARBCAS situam-se no Baixo Alentejo, ao longo dos vales das Ribeiras de Campilhas, São Domingos e Vale Diogo, e nas margens do Rio Sado para montante da sua confluência com a Ribeira do Roxo. A área beneficiada, que totaliza 6063 ha, distribui-se pelo Concelho de Santiago do Cacém, distrito de Setúbal, e pelos Concelhos de Odemira e Ourique, do distrito de Beja, conforme se vê no quadro seguinte:
Distrito
Setúbal
Concelho
Santiago do Cacém
Odemira Beja Ourique
Freguesia Alvalade Cercal Ermidas São Domingos Bicos Vale Santiago Conceição Panóias
Área Beneficiada (ha) 3611 72 66 944 599 65 134 572 6063
Como se disse na nota prévia, estamos perante quatro Aproveitamentos Hidroagrícolas cuja área beneficiada individualmente é a seguinte:
Aproveitamento Hidroagrícola Área Beneficiada (ha) Campilhas e São Domingos 1838 Fonte Serne 408 Alto Sado 3683 Monte Gato e Miguéis 134 6063 23
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
Aos Aproveitamentos estão associadas barragens com a seguinte capacidade de arma-zenamento:
Barragem Campilhas Fonte Serne Monte da Rocha Monte Gato Miguéis
Capacidade máxima 27 x 10 6 m 3 5 x 10 6 m3
Capacidade morta 1 x 10 6 m 3 1,5 x 10 6 m 3
Capacidade útil 26 x 10 6 m3 3,5 x 10 6 m3
Entrada em funcionamento 1954 1979
104 x 10 6 m3 0,65 x 10 6 m3 0,93 x 10 6 m3
5 x 10 6 m 3 0,05 x 10 6 m3 0,11 x 10 6 m3
99 x 10 6 m3 0,6 x 10 6 m3 0,82 x 10 6 m3
1972 1990 1990
As albufeiras armazenam, pois, 136 x 10 6 m3, dos quais 129 x 10 6 m3 são volume útil. Estas albufeiras servem a agricultura mas também fornecem água para a indústria e abastecimento às populações. As linhas de água onde se situam as barragens podem ver-se no quadro seguinte:
Barragem Linha de água Campilhas Ribeira de Campilhas Fonte Serne Ribeira de Vale Diogo Monte da Rocha Rio Sado Monte Gato Barranco do Monte Gato Miguéis Ribeira dos Miguéis
Capítulo 2 Ocupação Cultural: evolução das áreas regadas Do mesmo modo que se fez anteriormente para o Aproveitamento Hidroagrícola do Vale do Sado, também aqui o Aproveitamento Hidroagrícola de Campilhas entra em funcionamento antes do nosso período de análise, mais precisamente em 1955. Pode-se dizer que estes primeiros anos são muito semelhantes ao que já encontrámos no Vale do Sado: adesão significativa imediata, fruto mais uma vez do claro predomínio do arroz. O tomate tem significado, juntamente com o milho, e o seu peso cresce sempre que a escassez de água armazenada é uma realidade. Em 1968 (ano seco), a cultura do tomate é a principal cultura deste aproveitamento, superando o arroz.
24
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.1 A década de 70 do século XX ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979
ARROZ 990,5 575,9 902,2 1060,9 839,4 327,5 151,6 1067,8 1288,0 1540,0
1838 5521 5929 CULTURA (ha) TOMATE OUTRAS 127,7 59,2 432,5 76,4 254,9 112,6 212,4 119,3 360,4 145,4 322,3 170,0 178,6 58,0 116,0 131,6 976,0 180,0 1011,0 141,0
(até 1971) (após 1972) (após 1979)
MILHO 31,8 48,3 61,0 32,1 22,0 145,7 9,6 87,6 134,0 147,0 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
1209 1133 1331 1425 1367 966 398 1403 2578 2839
66 62 24 26 25 17 7 25 47 48
1465
35
Quadro 4 - Culturas Anuais.
Temos que ter bastante cuidado na análise aos números desta década, uma vez que em 1970 e 1971 apenas existe o Aproveitamento de Campilhas, a partir de 1972 o do Alto Sado e em 1979 junta-se-lhes o de Fonte Serne. Passamos assim de 1838 ha beneficiados para 5521 ha, e por fim, no ano de 1979, para 5929 ha. Nesta década assiste-se, em valor absoluto, ao predomínio do arroz, com excepção dos anos de seca de 1975 e 1976. O tomate tem um peso relevante nestes Aproveitamentos Hidroagrícolas, chegando a serem regados cerca de 1000 ha com esta cultura, nos anos de 1978 e 1979.
Gráfico 6 - Culturas Anuais em percentagem e valor absoluto
25
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.2 A década de 80 do século XX ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989
ARROZ 1133,8 908,0 638,7 22,6 1636,0 1800,0 1935,0 2023,0 2061,0 2469,0
5929 CULTURA (ha) TOMATE MILHO 79,9 58,7 905,0 99,0 163,0 77,5 253,4 42,0 1597,0 0 1340,0 172,0 970,0 86,0 389,0 971,0 698,0 962,0 657,0 990,0
OUTRAS 78,4 134,0 49,6 31,4 506,0 220,0 158,0 133,0 195,0 294,0 MÉDIA
TOTAL
%
1351 2046 929 349 3739 3532 3149 3516 3916 4410
23 35 16 6 63 60 53 59 66 74
2694
45
Quadro 5 - Culturas Anuais.
Nesta década apenas o Aproveitamento Hidroagrícola de Monte Gato e Miguéis ainda não entrou em funcionamento mas o seu valor é, como sabemos, residual 134 ha. O ano de 1983 merece destaque pela negativa, uma vez que apenas se regaram 349 ha. O tomate tem aqui um peso relevante, a que não será alheia a existência de uma fábrica nas imediações. O gráfico da média da década mostra-nos o arroz com 54 % penalizado, embora com um ano quase a zero (1983) e o tomate com um peso de 26 %. O milho com 13 % também merece uma referência. Nas Outras Culturas não há nenhuma que mereça uma referência especial.
Gráfico 7 - Culturas Anuais em percentagem e valor absoluto
26
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.3 A década de 90 do século XX ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
ARROZ 2599,0 2371,0 2480,0 170,0 865,8 30,9 1459,1 1438,1 1324,1 1137,8
6064
(após 1990)
CULTURA (ha) TOMATE MILHO GIRASSOL 858,0 995,0 100,0 717,0 642,0 0 102,0 826,0 0 177,9 252,9 2027,8 329,5 196,9 2338,1 153,0 101,4 1489,0 185,1 1462,9 885,0 219,5 1935,6 393,3 251,9 2369,3 375,2 156,0 2052,7 421,4
OUTRAS 137,0 288,0 887,0 350,0 246,6 214,4 222,5 261,7 397,7 719,0 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
4689 4018 4295 2979 3977 1989 4215 4248 4718 4487
77 66 71 49 66 33 70 70 78 74
3961
65
Quadro 6 - Culturas Anuais.
Nesta década temos em funcionamento os 4 Aproveitamentos Hidroagrícolas referenciados. A sucessão de anos secos 93/95 reflecte-se não só na área regada, mas principalmente na sua ocupação cultural, com uma diminuição acentuadíssima do arroz, mas também do tomate e do milho. Em sentido inverso, o girassol assume uma importância que ainda não se tinha verificado, sendo a principal cultura destes anos. Salientem-se os seguintes factos: a) O arroz diminui a sua importância nestes Aproveitamentos; b) O milho assume-se como a cultura emergente, nomeadamente a partir de 1996, altura em que pela primeira vez é a principal cultura destes Aproveitamentos, assim continuando nos anos seguintes; c) O tomate continua a ter importância, embora nesta década se verifique tendência para a diminuição da área ocupada por esta cultura. Este gráfico mostra-nos o arroz a só ocupar 36 % de área e o milho 27%. O Girassol, pelas razões apontadas, tem um peso significativo de 20 %.
Gráfico 8 - Culturas Anuais em percentagem e valor absoluto
27
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.4 A primeira década do século XXI ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
ARROZ 965,0 1101,2 1229,4 1339,1 1308,4 439,4 1009,1 1239,2 1254,8 1035,6
6064
CULTURA (ha) TOMATE MILHO GIRASSOL PRADOS 133,1 1975,6 903,9 224,5 163,4 1912,9 617,5 322,3 233,9 1996,5 404,6 234,8 267,9 2455,0 409,3 334,3 428,3 2436,6 316,9 92,0 363,6 1103,9 0 102,6 341,4 974,5 60,1 43,7 388,0 1434,6 98,9 95,5 418,8 1818,1 267,8 24,1 500,8 1242,5 154,5 34,8
OLIVAL 0 0 0 0 0 0 196,1 241,2 1116,4 1398,2
OUTRAS 330,6 918,2 846,0 539,4 749,8 1301,7 557,3 474,2 323,8 609,4 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
4533 5036 4945 5345 5332 3311 3182 3972 5224 4976
75 83 82 88 88 55 52 65 86 82
4585
76
Quadro 7 - Culturas Anuais.
Nesta década assinalam-se os seguintes factos: a) O arroz mantém relevância, mas a sua área continua a diminuir, estando praticamente confinado às áreas beneficiadas por Campilhas; b) O milho é agora a principal cultura dos Aproveitamentos; c) O olival emerge nos últimos dois anos da década em análise, sendo mesmo em 2009 a principal cultura do Aproveitamento, localizando-se nas áreas do Alto Sado, beneficiadas pela Barragem do Monte da Rocha; d) O tomate tem uma ligeira recuperação em relação à década anterior e é importante realçar a elevada tecnologia associada à cultura, aplicada desde a plantação, daqui resultando elevadíssimas produções; e) Não tendo esta década tido, neste Aproveitamento, uma acentuada escassez de água (2005/2006), o Girassol não tem importância doutros períodos; Nas Outras Culturas referência para os Prados. As hortícolas são marginais nestes Aproveitamentos. O gráfico mostra-nos uma ocupação cultural de 62 %, em duas culturas: o milho com 38 % e o arroz com 24 %. O tomate representa ainda 7 % e o olival, apesar de ter 6 anos a zero, já tem 6 % de peso no conjunto dos Aproveitamentos.
Gráfico 9 - Culturas Anuais em percentagem e valor absoluto
28
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.5 Conclusões 6000 5000 4000 3000 2000 1000
19 70 19 72 19 74 19 76 19 78 19 80 19 82 19 84 19 86 19 88 19 90 19 92 19 94 19 96 19 98 20 00 20 02 20 04 20 06 20 08
0
Gráfico 10 - Áreas regadas
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 2008
2006
2004
2002
2000
1998
1996
1994
1992
1990
1988
1986
1984
1982
1980
1978
1976
1974
1972
1970
0
Gráfico 11 - Áreas regadas em percentagem
Do gráfico 10 podemos concluir que são bem evidentes os anos de seca, onde as culturas mais consumidoras de água são altamente penalizadas. De qualquer modo, a partir dos anos 90 do século passado, com a totalidade das áreas a regar equipadas, as áreas de rega superam sempre os 4000 e mesmo os 5000 ha, excepção feita a anos secos. Quanto ao gráfico 11, ele é bastante interessante porque confirma que nos perímetros onde predomina o arroz, a adesão faz-se de imediato e de forma massiva (anos 70 e 71), acima dos
29
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
60 %. Com a entrada em 72 do Aproveitamento Hidroagrícola do Alto Sado (Monte da Rocha), independentemente dos anos secos, a percentagem de área regada diminui, fruto da adesão mais lenta dos agricultores. No entanto, a última década apresenta valores superiores aos 80 %, excepção aos anos hidrológicos secos. Com excepção do Aproveitamento de Campilhas (arroz), o milho nas duas últimas décadas e o olival, mais recentemente, são as culturas chave destes Aproveitamentos. Como já referimos e aqui se recorda, a cultura do tomate tem perdido peso percentual, mas a sua importância económica, fruto da sua elevadíssima produtividade, não pode deixar de ser referida.
Fotografia 5 - Arroz
Fotografia 6 - Brócolos
30
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
Fotografia 7 - Corgetes
Fotografia 8 - Pessegueiros PERÍMETRO DE REGA DE CAMPILHAS E ALTO SADO
31
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
III APROVEITAMENTO HIDROAGRÍCOLA DO ROXO
Capítulo 1 Caracterização Geral O Aproveitamento Hidroagrícola do Roxo tem uma área beneficiada de 5041 ha, distribuídos da seguinte forma:
Distrito
Concelho Aljustrel
Beja
Setúbal
Ferreira do Alentejo Santiago do Cacém
Freguesia São João de Negrilhos e Aljustrel Ferreira do Alentejo Alvalade
Área Beneficiada (ha) 4065 645 331 5041
A sua exploração iniciou-se em 1969, pela Direcção Geral dos Serviços Hidroagrícola, passando no ano seguinte para a Associação de Beneficiários do Roxo, situação que se verifica até à data. Situa-se a Norte de Aljustrel e beneficia essencialmente as terras situadas na margem direita de Ribeira do Roxo. A água para rega é disponibilizada pela albufeira criada pela Barragem do Roxo, construída no curso superior da Ribeira do Roxo. A albufeira do Roxo tem as seguintes capacidades:
Capacidade total
Capacidade útil
Capacidade morta
96,3 x 10 6 m3
89,5 x 10 6 m3
6,8 x 10 6 m 3
Fornece água não só à agricultura, como às populações (Beja e Aljustrel) e indústria
Capítulo 2 Ocupação Cultural: evolução das áreas regadas Optámos por incluir o ano de 1969 na década de 70, uma vez que sendo apenas este ano fora da década os resultados não são desvirtuados.
33
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
Este Aproveitamento Hidroagrícola foi implantado numa zona de cultura cerealífera de sequeiro, onde não havia tradição de culturas regadas, não tendo sido fácil a transformação social agrária. Foi com o aparecimento de rendeiros e parceiros de outras regiões do País, para cultivarem arroz e tomate, que se trouxe algum desenvolvimento a este regadio.
2.1 A década de 70 do século XX ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979
ARROZ 490,9 1314,2 2028,0 1820,5 148,0 0 16,5 4,3 15,3 15,3 22,0
5041
CULTURA (ha) TOMATE MILHO 1360,2 88,9 1063,4 114,0 1066,0 78,5 929,5 46,0 1518,6 43,7 724,8 31,6 738,8 12,0 327,3 28,0 764,1 36,4 1032,3 40,5 682,9 7,5
OUTRAS 55,2 76,7 88,9 68,1 82,7 61,2 43,7 40,5 100,0 79,6 81,4 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
1995 2568 3261 2864 1793 818 811 400 916 1168 794
40 51 65 57 36 16 16 8 18 23 16
1581
31
Quadro 8 - Culturas Anuais.
O tomate é aqui a principal cultura, sendo esta década praticamente bipolarizada entre o tomate e o arroz. No entanto, além dos anos secos que aconteceram e que duma forma ou outra afectaram todos os Aproveitamentos, aqui, entre os anos 1976 e 1980, teve que proceder-se à reparação da barragem, já que foi detectada uma falha de construção que originava perdas de água e co-locava em risco a própria barragem. Nesta década o tomate e o arroz, como se vê, re-presentam 93 % da área regada, com o tomate a chegar aos 59 %.
Gráfico 12 - Culturas Anuais em percentagem
34
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.2 A década de 80 do século XX ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989
ARROZ 0 0 0,1 0 0 64,3 166,7 177,9 431,3 434,7
5041
CULTURA (ha) TOMATE MILHO GIRASSOL OUTRAS 818,5 2,1 13,2 44,6 122,1 0 0 33,0 960,4 11,2 12,2 75,5 421,4 3,2 10,2 67,5 1292,0 129,1 47,0 101,3 963,8 226,3 122,1 67,0 673,2 319,2 183,8 98,7 388 734,3 193,3 95,0 625 467,7 324,7 103,9 650,8 747,2 200,2 134,0 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
878 155 1059 502 1569 1444 1442 1589 1952 2167
17 3 21 10 31 29 29 32 39 43
1276
25
Quadro 9 - Culturas Anuais.
Fruto de razões várias - anos secos, obras de reparação, reduzida capacidade de regularização inter anual - o facto é que nesta década assiste-se a uma diminuição de área regada no Aproveitamento. O tomate mantém-se a principal cultura, emerge o milho com algum relevo e o arroz apenas nos dois últimos anos tem algum significado.
As áreas ocupadas pelo tomate e milho representam 75 % do total.
Gráfico 13 - Culturas Anuais em percentagem
35
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.3 A década de 90 do século XX ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
ARROZ 608,9 604,0 658,5 0 26,0 0 301,7 403,1 376,4 370,5
5041
CULTURA (ha) TOMATE MILHO GIRASSOL OUTRAS 866,3 868,1 263,1 118,1 756,3 618,7 392,3 93,2 192,9 620,3 593,2 317,2 12,0 33,5 68,0 83,6 93,2 1,3 2032,3 100,4 92,5 0 47,9 85,8 267,7 959,7 948,5 166,7 407,8 1639,7 348,5 260,7 597,8 2568,3 468,1 418,2 767,4 2390,6 402,6 433,3 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
2725 2465 2382 197 2253 226 2644 3060 4429 4364
54 49 47 4 45 4 52 61 88 87
2474
49
Quadro 10 - Culturas Anuais.
Nesta década assiste-se ao aparecimento do milho como principal cultura deste Aproveitamento, mantendo-se o tomate com significado. O peso elevado do Girassol (veja-se o ano de 1994) deve-se à seca, que em 95 levou, tal como 93, à quase não rega neste Aproveitamento. Apesar disto o arroz recupera importância.
Milho, tomate e arroz representam 70 % da área regada nesta década.
Gráfico 14 - Culturas Anuais em percentagem
36
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.4 A primeira década do século XXI ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
ARROZ 0 269,9 160,1 354,0 334,9 0 0 321,6 80,8 9,5
5041
TOMATE 433,3 450,9 196,1 304,5 338,5 0 18,3 169,1 120,3 118,5
CULTURA (ha) MILHO GIRASSOL 908,7 599,0 1706,1 215,6 1025,6 271,4 1505,5 780,1 1482,5 242,9 0 0 89,5 29,5 709,8 82,4 756,1 290,9 126,3 254,6
OLIVAL 14,8 22,2 20,2 21,6 437,4 230,5 354,5 1375,6 3023,6 2027,6
OUTRAS 425,8 784,0 404,0 797,8 703,0 41,0 273,3 378,1 356,7 372,1 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
2382 3449 2077 3764 3539 272 765 3037 4628 2909
47 68 41 75 70 5 15 60 92 58
2682
53
Quadro 11 - Culturas Anuais.
A exemplo do que já vimos para Campilhas e Alto Sado, nos últimos 3 anos desta década surge em força o olival, transformando-o na principal cultura regada do Aproveitamento, embora no conjunto da década o milho ainda seja a principal cultura. O arroz torna-se marginal e o tomate diminui bastante a sua importância.
O milho e o olival abrangem 59 % da área de culturas regadas, enquanto o tomate já só representa 8 %.
Gráfico 15 - Culturas Anuais em percentagem
37
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.5 Conclusões 5000 4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
1973
1971
1969
0
Gráfico 16 - Áreas regadas
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10
1973
1971
1969
0
Gráfico 17 - Áreas regadas em percentagem
A análise do gráfico 16 mostra-nos bem o quanto este Aproveitamento é penalizado pelos anos secos. Será provavelmente esta a prova mais evidente, se necessário fosse, do quanto o projecto Alqueva era necessário, em linha, aliás, com já delineado no Plano da década de 50 do século passado.
38
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
O gráfico 17 mostra-nos as dificuldades porque têm passado os agricultores deste Aproveitamento, pelas razões já expressas. No entanto, nos finais dos anos 90 e toda a década actual, excepção feita aos anos secos, a adesão dos agricultores atinge valores significativos, acima dos 80 %. O milho e o olival são as culturas actuais de referência neste Aproveitamento Hidroagrícola.
Fotografia 9 - Tomate
Fotografia 10 - Girassol
39
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
Fotografia 11 - Milho
PERÍMETRO DE REGA DO ROXO
40
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
IV APROVEITAMENTO HIDROAGRÍCOLA DE ODIVELAS
Capítulo 1 Caracterização Geral O Aproveitamento Hidroagrícola de Odivelas beneficia áreas situadas no distrito de Beja e Setúbal, num total de 6846 ha. A fase 2 (Infraestrutura 12) resultante do EFMA não é objecto de análise no presente trabalho.
Distrito
Concelho
Área Beneficiada (ha)
Beja
Ferreira do Alentejo
6252
Grândola
566
Alcácer do Sal
28
Setúbal
6846
A sua exploração iniciou-se em 1974, a cargo da Direcção Geral dos Recursos Naturais e a sua gestão pela Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas (ABORO) começou apenas em 1991. Dos referidos 6846 ha, 1731 ha têm distribuição em pressão e 5115 por gravidade. A origem da água para a área beneficiada objecto deste trabalho é a albufeira de Odivelas. A albufeira de Odivelas tem as seguintes capacidades:
Capacidade total (m3)
Capacidade útil (m3)
Capacidade morta (m3)
96 x 10 6 m3
70 x 10 6 m3
26 x 10 6 m3
41
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
Capítulo 2 Ocupação Cultural: evolução das áreas regadas 2.1 A década de 70 do século XX ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO 1974 1975 1976 1977 1978 1979
ARROZ 0 75,0 70,1 145,0 248,0 615,0
6846
CULTURA (ha) TOMATE OUTRAS 817,8 22,8 848,6 38,6 664,8 9,3 748,0 30,0 485,0 89,0 555,0 150,0
MILHO 0 106,1 65,9 103,0 40,0 69,0 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
841 1068 810 1026 862 1389
12 16 12 15 13 20
999
15
Quadro 12 - Culturas Anuais.
O tomate é a principal cultura. Com o início da rega em 1979 nas várzeas do Sado, o arroz tornase nesse ano a principal cultura do Aproveitamento. A adesão ao regadio é bastante frágil. Como se vê, nesta década o tomate é, com 69 %, a cultura dominante, seguida pelo arroz, devido às circunstâncias já referidas
Gráfico 18 - Culturas Anuais em percentagem
42
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.2 A década de 80 do século XX
ANO 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989
ÁREA BENEFICIADA (ha)
6846
ARROZ 1073,0 1404,0 792,0 0 1081,0 1235,0 1163,0 1098,0 1230,0 1251,0
CULTURA (ha) TOMATE MILHO MELÃO 419,0 100,0 0 679,0 53,0 0 417,0 24,0 0 504,0 14,0 0 602,0 108,0 0 580,0 141,0 0 221,0 352,0 98,0 173,0 560,0 193,0 334,0 309,0 186,0 285,0 313,0 121,0
OUTRAS 103,0 201,0 179,0 222,0 114,0 177,0 151,0 188,0 182,0 182,0 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
1695 2337 1412 740 1905 2133 1985 2212 2241 2152
25 34 21 11 28 31 29 32 33 31
1881
27
Quadro 13 - Culturas Anuais.
Nesta década, o arroz torna-se a principal cultura no Aproveitamento. O tomate mantém a sua importância e o melão revela-se como cultura emergente neste Aproveitamento, com boas produções e com dotações inferiores às principais culturas (3000 m3 ha).
Como se vê, as áreas regadas pelo arroz e tomate representam quase 80 % das áreas regadas neste território. A adesão ao regadio continua bastante fraca, a que não é alheia a gestão do Aproveitamento ser do Estado.
Gráfico 19 - Culturas Anuais em percentagem
43
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.3 A década de 90 do século XX ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
ARROZ 1254,0 1270,0 1352,0 1259,0 1095,0 0 895,0 654,0 415,0 345,0
6846
TOMATE 438,0 348,0 118,0 95,0 244,0 179,0 104,0 117,0 99,0 102,0
CULTURA (ha) MILHO GIRASSOL 484,0 0 437,0 0 529,0 0 365,0 717,0 300,0 2213,0 273,0 1184,0 837,0 1045,0 1343,0 238,0 1706,0 436,0 1452,0 437,0
MELÃO 107,0 223,0 482,0 420,0 230,0 273,0 194,0 176,0 260,0 219,0
OUTRAS 313,0 506,0 576,0 179,0 146,0 223,0 180,0 167,0 543,0 1160,0 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
2596 2784 3057 3035 4228 2132 3255 2695 3459 3715
38 41 45 44 62 31 48 39 51 54
3096
45
Quadro 14 - Culturas Anuais.
A primeira nota para o facto de, a partir de 1991, serem os agricultores a gerir este Aproveitamento. Coincidência ou talvez não, as áreas regadas aumentaram substancialmente. Mantém-se o arroz como principal cultura, mas logo seguido pelo milho, que ganha um peso que não tinha tido até à data, sendo mesmo a principal cultura na segunda metade da década.
O melão mantém-se com números interessantes e a crescer, e o tomate perde importância, por um lado devido ao preço que baixa e ao mercado internacional, bem como à falência de fábricas da indústria transformadora. De qualquer modo não existe um ascendente claro de uma cultura sobre outra.
Gráfico 20 - Culturas Anuais em percentagem
44
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.4 A primeira década do século XXI ÁREA BENEFICIADA (ha)
6846 CULTURA (ha)
ANO
ARROZ
TOMATE
MILHO
GIRASSOL
MELÃO
TRIGO
OLIVAL
OUTRAS
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
395,0 370,0 346,0 320,0 316,0 305,0 260,0 310,0 308,0 328,0
122,0 102,0 83,0 93,0 79,0 0 5,0 20,0 7,0 42,0
1209,0 1225,0 1279,0 1103,0 852,0 698,0 574,0 505,0 768,0 420,0
642,0 659,0 614,0 596,0 605,0 103 6,0 136,0 121,0 95,0
185,0 147,0 117,0 101,0 54,0 34,0 27,0 52,0 43,0 35,0
847,0 398,0 170,0 134,0 535,0 324,0 0 10,0 115,0 137,0
0 0 0 0 0 0 970,0 1842,0 2203,0 2344,0
557,0 945,0 778,0 762,0 648,0 1604,0 752,0 865,0 1170,0 1682,0 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
3957 3846 3387 3109 3089 3068 2594 3740 4735 5083
58 56 49 45 45 45 38 55 69 74
3661
53
Quadro 15 - Culturas Anuais.
Temos, no que concerne a esta década, algumas considerações a tecer: a) O milho é a principal cultura da década; b) O “boom” do olival dá-se a partir de 2006, tornando-se nesses anos a principal cultura deste Aproveitamento; c) O arroz cai para menos de metade em relação à década anterior; d) Verificam-se áreas significativas de trigo de regadio; e) O melão continua a ter importância na economia deste Aproveitamento, nomeadamente junto dos pequenos agricultores; f) A produção de tomate torna-se marginal. No entanto, deve referir-se que houve como que uma transferência desta cultura para a já mencionada Infraestrutura 12. Continua a verificar-se uma grande variedade de culturas, sem o predomínio evidente de nenhuma, embora o milho e o olival sejam as únicas culturas acima dos 20 %. O trigo de regadio tem números interessantes, pelo que o individualizámos.
Gráfico 20 - Culturas Anuais em percentagem
45
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.5 Conclusões 6000 5000 4000 3000 2000 1000
19 74 19 76 19 78 19 80 19 82 19 84 19 86 19 88 19 90 19 92 19 94 19 96 19 98 20 00 20 02 20 04 20 06 20 08
0
Gráfico 22 - Áreas regadas
2008
2006
2004
2002
2000
1998
1996
1994
1992
1990
1988
1986
1984
1982
1980
1978
1976
1974
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
Gráfico 23 - Áreas regadas em percentagem
A análise gráfica mostra-nos que, apenas a partir da década de 90, a adesão ao regadio atinge números aceitáveis, a que não será indiferente a transferência da gestão do Aproveitamento para os agricultores (ABORO). Os últimos anos são disso prova, como se vê no gráfico 23. O olival e o milho são actualmente as culturas mais relevantes neste Aproveitamento Hidroagrícola.
46
Os Aproveitamentos HidroagrĂcolas no Baixo Alentejo
Fotografia 12 - MelĂŁo
Fotografia 13 - Trigo
47
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
Fotografia 14 - Olival
Fotografia 15 - Tomate
PERÍMETRO DE REGA DE ODIVELAS
48
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
V APROVEITAMENTO HIDROAGRÍCOLA DO MIRA
Capítulo 1 Caracterização Geral Comece-se por dizer que este Aproveitamento Hidroagrícola, cuja área beneficiada de 12000 ha é a maior de todo o Alentejo, tem cerca de 1300 no concelho de Aljezur, Algarve. A área beneficiada desenvolve-se na faixa costeira, entre Vila Nova de Milfontes (Odemira) e a povoação de Rogil (Aljezur). A sua exploração iniciou-se em 1970, a cargo da Direcção Geral dos Serviços Hidráulicos e a gestão da obra passou apenas em 1991 para a Associação de Beneficiários do Mira. A origem da água para rega é a albufeira de Santa Clara (ou Marcelo Caetano), localizada no troço do Rio Mira, a montante de Santa Clara-a-Velha. Esta albufeira tem as seguintes capacidades:
Capacidade total Capacidade útil Capacidade morta 485 x 10 6 m3
240 x 10 6 m3
245 x 10 6 m3
Esta albufeira fornece água também para abastecimento às populações e à indústria. Este Aproveitamento tem uma Central Hidroeléctrica, a Central Hidroeléctrica de Bugalheira, localizada entre dois reservatórios existentes (Odeceixe e Milfontes). Fica a referência à pequena barragem de Corte Brique que beneficia 80 ha, sendo marginal neste Aproveitamento.
49
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
Capítulo 2 Ocupação Cultural: evolução das áreas regadas 2.1 A década de 70 do século XX ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979
ARROZ 667,0 1287,0 1459,0 996,0 813,0 747,0 640,0 540,0 523,0 415,0
12000 CULTURA (ha) TOMATE AMENDOIM 209,0 0 104,0 0 147,0 0 164,0 0 149,0 0 416,0 65,0 238,0 88,0 267,0 101,0 209,0 123,0 290,0 211,0
MILHO FORRAGENS OUTRAS 736,0 0 209,0 986,0 0 610,0 1236,0 0 701,0 1220,0 0 641,0 1246,0 0 508,0 1724,0 0 469,0 1928,0 0 571,0 1754,0 0 890,0 1734,0 0 963,0 1257,0 537,0 641,0 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
1821 2987 3543 3021 2716 3421 3465 3552 3552 3351
15 25 30 25 23 29 29 30 30 28
3143
26
Quadro 16 - Culturas Anuais.
A principal cultura nesta década é o milho, seguida pelo arroz. No final da década surgem com grande significado as forragens, que aliás se vão manter em crescimento nas décadas seguintes. Tal facto deve-se à produção de bovinos da raça “limousine”, que têm aqui o seu território de eleição em Portugal. O peso das “Outras Culturas” é sempre grande neste Aproveitamento, não só devido à sua grandeza (12000 ha), mas também porque as condições são muito boas para o cultivo (batata branca e batata doce, hortícolas várias, etc.). A referência ao amendoim justifica-se por ser exclusivamente cultivado na parte algarvia do Aproveitamento. O milho e o arroz representam 69 % da área cultivada no Aproveitamento. O tomate, não tendo a importância que apresenta noutros Aproveitamentos já estudados, nomeadamente na década de arranque, representa ainda assim 7 %.
Gráfico 24 - Culturas Anuais em percentagem
50
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.2 A década de 80 do século XX ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989
ARROZ 538,0 433,0 652,0 546 525,0 458,0 598,0 452,0 500,0 532,0
12000
CULTURA (ha) TOMATE MILHO FORRAGENS FEIJÃO AMENDOIM OUTRAS 186,0 1269,0 705,0 77,0 210 435,0 93,0 1332,0 1498,0 120,0 257 424,0 197,0 1445,0 1551,0 149,0 329 509,0 272,0 1889,0 1767,0 163,0 480 538,0 236,0 2068,0 1111,0 131,0 773 520,0 163,0 2152,0 1087,0 120,0 808 526,0 114,0 2101,0 1021,0 101,0 595,0 603,0 0 1590,0 848,0 99,0 537,0 560,0 0 2085,0 832,0 115,0 200,0 883,0 85,0 2396,0 935,0 89,0 229,0 953,0 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
3420 4157 4832 5655 5364 5314 5133 4086 4615 5219
29 35 40 47 45 44 43 34 38 43
4780
40
Quadro 17 - Culturas Anuais.
Mantém-se o milho como principal cultura, mas agora já com as “Forragens” em claro crescimento e importância. Mantém-se o peso das “outras culturas”, diminui o peso do arroz. O amendoim tem aqui a sua melhor década e individualizámos a cultura do Feijão não só pela área média ocupada na década, mas também para sinalizar a extrema variedade cultural deste Aproveitamento.
O milho e as forragens abrangem 63 % de ocupação cultural, chegando aos 75 % com as outras culturas.
Gráfico 25 - Culturas Anuais em percentagem
51
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.3 A década de 90 do século XX É nesta década que a Associação inicia a gestão do perímetro de rega. ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
ARROZ 461,0 326,0 400,0 243,0 231,0 231,0 244,0 2186,0 148,2 136,0
12000 CULTURA (ha) TOMATE MILHO FORRAGENS HORTÍCOLAS OUTRAS 91,0 1744,0 1144,0 1425,0 233,0 1546,0 1211,0 2168,0 130,0 1378,0 1305,0 2129,0 0 976,0 875,0 2428,0 7,0 843,0 857,0 2831,0 17,0 1059,0 782,0 381,0 2946,0 0 2007,0 1820,0 2286,0 159,0 195,0 1276,0 512,0 2665,0 23,2 2428,6 1263,0 3346,0 0 2749,0 1488,0 315,0 3036,0 MÉDIA
TOTAL (ha)
%
4865 5484 5342 4522 4769 5416 6357 6993 7209 7724
41 46 45 38 40 45 53 58 60 64
5868
49
Quadro 18 - Culturas Anuais.
São as “outras culturas” a maioria de área ocupada. Aqui se incluem culturas tão variadas como “Floricultura”, Hortícolas Variadas, Pomares, etc., dando um sinal claro do quanto este Aproveitamento é diferente dos restantes, não só pela dimensão, mas também pela variedade. Nas culturas individualizadas os destaques continuam a ser o milho e as forragens. O arroz torna-se praticamente marginal, excepção ao ano de 1997. O amendoim desaparece, bem como o tomate. As hortícolas sinalizadas não significa que nos restantes anos não existam; antes pelo contrário, estão em “outras culturas”. Mesmo nos 3 anos sinalizados é possível que em “outras culturas” continuem a estar incluídas culturas hortícolas. Outras culturas, milho e forragens abrangem 85 % das áreas ocupadas deste Aproveitamento. Duas notas ainda: a primeira para referir que no ano de 1998 a Associação não disponibilizou a ocupação cultural final. Foi feito um cálculo (utilizado pela Associação) de 80 % sobre as áreas inscritas. A segunda nota para referir que é nesta década, a partir de 1996, que se ultrapassam os 50 % de rega da área beneficiada.
Gráfico 26 - Culturas Anuais em percentagem
52
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
2.4 A primeira década do século XXI 12000
ÁREA BENEFICIADA (ha)
ANO
FORRAGENS
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
1477,0 1627,0 1658,0 2008,0 1828,0 2269,0 1912,0 1895,0 1717,0 1010,0
CULTURA (ha) HORTÍCOLAS MILHO MORANGO RELVA PROTEAS FLORICULTURA OUTRAS
388,0 268,0 94,0 564,0 326,0 105,0 324,0 88,0 107,0 452,0
2519,0 2740,0 2959,0 2825,0 3151,0 2718,0 2022,0 1944,0 1900,0 1422,0
103,0 130,0 126,0 110,0 112,0 161,0 84,0 93,0 90,0 137,0
0,0 0,0 105,0 111,0 122,0 166,0 111,0 100,0 159,0 208,0
0 0 0 0 0 0 42,0 49,0 65,0 97,0
96,0 156,0 189,0 220,0 199,0 21,0 69,0 0,0 0,0 49,0
2457,0 2185,0 2284,0 1955,0 1529,0 2050,0 1462,0 1963,0 1982,0 2963,0 M
TOTAL (ha)
%
7040 7106 7415 7793 7267 7490 6026 6132 6020 6338
59 59 62 65 61 62 50 51 50 53
6863
57
Quadro 19 - Culturas Anuais.
A diversidade cultural é de tal grandeza que não é fácil sistematizar num quadro o panorama deste Aproveitamento. Correndo o risco de alguma imprecisão, sem afectar as áreas regadas totais das principais culturas, mostramos separadamente as hortícolas, o morango, a relva e a floricultura, em lugar de as incluir em outras culturas, dada a relevância económica que têm neste Aproveitamento, sendo grande parte das produções destinadas ao mercado externo. Mantém-se o predomínio do milho e das forragens, bem como das outras culturas, em linha com o que dissemos anteriormente.
Apesar da diversidade cultural presente neste Aproveitamento, as culturas milho e forragens representam 59 %.
Gráfico 27 - Culturas Anuais em percentagem
53
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
9000 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 19 70 19 72 19 74 19 76 19 78 19 80 19 82 19 84 19 86 19 88 19 90 19 92 19 94 19 96 19 98 20 00 20 02 20 04 20 06 20 08
Ano
2.5 Conclusões
TOTAL ABSOLUTO (ha) Gráfico 28 - Áreas regadas
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 2008
2006
2004
2002
2000
1998
1996
1994
1992
1990
1988
1986
1984
1982
1980
1978
1976
1974
1972
1970
0
Gráfico 29 - Áreas regadas em percentagem
Estes gráficos sugerem-nos que, apenas a partir de meados da década de 90 do século passado, se alcançam os 50 % de área beneficiada regada, e os 60 % apenas são atingidos de forma consistente já no século XXI. Só em 1998 se ultrapassam os 7000 ha regados. Também aqui o atraso na gestão do Aproveitamento pelos agricultores para isto contribuiu. Dadas as características da barragem e albufeira de Santa Clara e à sua elevada capacidade de armazenamento, neste Aproveitamento não são sentidos, como nos restantes, os efeitos dos anos hidrológicos secos.
54
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
O milho e as forragens são as culturas dominantes, mas a já referida variedade cultural e o facto de se dirigirem quase totalmente para o mercado externo (caso, por exemplo, da relva e das proteas), faz deste Aproveitamento Hidroagrícola um caso único no panorama dos regadios do Baixo Alentejo.
Fotografia 16 - Barragem de Santa Clara
Fotografia 17 - Gado Limousine
55
Os Aproveitamentos HidroagrĂcolas no Baixo Alentejo
Fotografia 18 - Gado Limousine
Fotografia 19 - Milho
Fotografia 20 - Proteas
56
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
Fotografia 21 - Relva
PERÍMETRO DE REGA DO MIRA
57
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
CONCLUSÕES FINAIS
9000 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0
ARBCAS ABORO ABM ABR ABVS
19 69 19 73 19 77 19 81 19 85 19 89 19 93 19 97 20 01 20 05 20 09
ÁREA REGADA (ha)
Foram analisados, com a profundidade e o rigor necessários e possíveis, 40 anos dos Aproveitamentos Hidroagrícolas do Baixo Alentejo, nas suas valências, em apreço ao longo deste trabalho. É, pois, o momento de retirar conclusões.
ANO Gráfico 30 - Valores globais (absolutos)
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
91 86 76 65 53 45
45 35 25 15
61
57 49 40 31
26
70
53 49
80 90
25
0
0 ARBCAS
ABORO
ABM
ABR
ABVS
Gráfico 31 - Valores globais (percentuais)
59
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
Assim: 1. É falsa a ideia de que existe fraca utilização das áreas beneficiadas dos Aproveitamentos Hidroagrícolas. Antes de Alqueva, os anos hidrológicos são muitas vezes decisivos no sucesso ou insucesso do regadio, mas de uma maneira geral todos eles apresentaram avanços significativos na última década; 2. O Aproveitamento Hidroagrícola do Mira é o que maior diversidade cultural apresenta e, dada a sua dimensão, o que mais área rega, acima dos 7000 ha; 3. O Aproveitamento Hidroagrícola do Vale do Sado apresenta, desde sempre, a maior adesão ao regadio, de todos os perímetros de rega estudados; 4. O arroz tem elevado significado no Aproveitamento Hidroagrícola do Vale do Sado e no de Campilhas. Perdeu importância ou desapareceu completamente em todos os outros; 5. O olival está a tornar-se a cultura dominante nos Aproveitamentos Hidroagrícolas de Odivelas e Roxo, e também no Aproveitamento Hidroagrícola do Alto Sado dominado pela Barragem do Monte da Rocha; 6. O milho tem muitíssima importância em todos os Aproveitamentos Hidroagrícolas estudados, com excepção do Vale do Sado; 7. O tomate tem importância nos Aproveitamentos Hidroagrícolas do núcleo central (Roxo, Odivelas e Alto Sado) e desaparece ou é residual nos Aproveitamentos Hidroagrícolas dos extremos (Mira e Vale do Sado); 8. A cultura do melão tem um peso importante no Aproveitamento Hidroagrícola de Odivelas e na economia do pequeno agricultor; 9. As forragens apenas têm algum significado, e relevante, no Aproveitamento Hidroagrícola do Mira; 10. No último ano analisado foram regados mais de 25000 ha, no conjunto dos Aproveitamentos Hidroagrícolas estudados, representando 70 % do total de áreas beneficiadas. Contudo, 67 % desses 25000 ha são ocupados pelas 4 culturas dominantes: arroz, olival, milho e tomate.
60
Os Aproveitamentos Hidroagrícolas no Baixo Alentejo
BIBLIOGRAFIA
1.
Rui Sanches e José Oliveira Pedro - Alqueva, Empreendimento de Fins Múltiplos EDIA, 2006;
2.
Associação de Beneficiários do Vale do Sado - A Obra de Rega do Vale do Sado no Quadriénio 1955-1958;
3.
Associação de Beneficiários do Vale do Sado - Relatórios Anuais;
4.
Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas e Alto Sado - Relatórios Anuais;
5.
Associação de Beneficiários do Roxo - Relatórios Anuais;
6.
Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas - Relatórios Anuais;
7.
Associação de Beneficiários do Mira - Relatórios Anuais;
Nota - As fotografias que ilustram este trabalho foram gentilmente cedidas pelas Associações respectivas.
61
Barragem do Pego do Altar
Barragem de Campilhas
Barragem de Santa Clara