Pilates e a terapia manual na Hérnia de Disco Lombar

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Patologias

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Capítulo 02 GLOBALIDADE Antes de entrar especificamente no objetivo proposto, deste livro, ou seja, nos problemas de coluna no Pilates, é imprescindível conhecer o conceito de globalidade para entender o processo de reeducação ou c ondição global no Pilates. Segundo os osteopatas, os primeiros a ter noção sobre a fáscia, anatomicamente, a palavra „fáscia‟ representa não uma entidade fisiológica, mas um conjunto membranoso do tecido conjuntivo muito extenso no qual tudo está ligado em continuidade numa entidade funcional. Esse conjunto de tecidos que constitui uma peça única trouxe a noção de globalidade. A globalidade é representada pela fáscia, onde qualquer tensão, seja ativa ou passiva, repercute sobre o conjunto, dessa forma, a noção de unidade tornouse base fundamental para todas as técnicas modernas de terapia manual, pois com a evidência de que o tecido conjuntivo representa 70% dos tecidos humanos é um modelo perfeito da globalidade funcional. Não é a nossa função neste momento de fazer uma recapitulação anatomofisiológica do tecido conjuntivo, porém de mostrar evidências básicas para o entendimento. É importante, no entanto recordar a função musculoapneurótica que está ligado à globalidade. Segundo Bienfaif, não podemos mais considerar o músculo como uma entidade funcional e sim como um elemento constitutivo de um conjunto funcional indissociável. O tecido conjuntivo fibroso, isto é, aponeuroses, tendões, etc. e o tecido musculoso contrátil incluído nesse tecido fibroso. O primeiro é o elemento elástico que transmite, coordena e distribui as tensões pelo esqueleto e o outro é o elemento motor que realiza essas tensões. O conjunto aponeurótico dispõe de duas musculaturas totalmente diferentes por uma fisiologia nervosa (controle nervoso), é daí a classificação dos músculos em fásicos, controle voluntário, e tônicos ou estáticos, (controle reflexo) permanente para controlar os desequilíbrios segmentares e manter a estática, as duas funções são totalmente globais .

FUNÇÃO DINÂMICA Cada gesto do ser humano é global recrutando grupo de músculos e cadeias musculares de todo o corpo desde a simples preensão à locomoção. A cintura escapular e pélvica está ligada por um sistema mioapneuróticos cruzados promovendo a coordenação motora na realização dos movimentos leitura da obra de Piret e Béziers. Toda a patologia mecânica que nos concerne encontra-se nessa concepção, onde será explicado nas fisiopatologias dos músculos, no capítulo 7. 3


FUNÇÃO ESTÁTICA Nosso corpo é um sólido ereto articulado. Um empilhamento de segmentos uns sobre os outros, no qual cada peça é equilibrada sobre a de baixo controlado pela musculatura tônica para garantir esse equilíbrio. O controle desse equilíbrio móvel é decorrente do conjunto de reflexos miotáticos tônicos dos músculos antigravitários. O nosso equilíbrio estático (responsabilidade dos músculos tônicos) é constituído de equilíbrios instáveis (realizado pelos músculos fásicos) levando às compensações: a lei das compensações. Essa necessidade absoluta da adaptação estática é regulada pelo tônus postural cujo ponto de partida é a posição da cabeça “o olhar horizontal”. Esse entendimento se faz necessário em qualquer avaliação postural para detectar as compensações, as desarmonias funcionais e restrições articulares para desenvolver um programa adequado no Pilates.

GLOBALIDADE x PATOLOGIAS DA COLUNA Respaldada em todo princípio de globalidade através das fáscias e cadeias musculares, devemos ver a coluna como um todo e com todas suas conexões, partindo do princípio que os músculos envolvidos na coluna, como por exemplo, na cadeia posterior, os músculos espinhais, partem da nuca ao sacro, ou seja, passa pela região cervical, dorsal e lombo-sacra. Na cadeia anterior o diafragma e seu cordão diafragmático parte da nuca, posteriormente vai até o sacro e anteriormente até o centro tendíneo ligando-se as duas primeiras lombares, por outro lado existe o psoas ilíaco, músculo que liga todas as lombares aos MMII (membros inferiores), e o cinturão abdominal protetor da coluna. Isto se torna capital para não analisarmos a coluna por regiões, portanto didaticamente muitas vezes se faz necessário o conhecimento biomecânico até mesmo pelas particularidades anatômicas de cada região. As patologias que discutiremos serão vistas globalmente e, com o propósito do conhecimento básico sobre a clínica para saber dirigir seu programa de tratamento. No caso da hérnia de disco terá um destaque especial pela elevada incidência e por falta de orientação correta no que diz respeito às atividades físicas e também pela visão ortodoxa que dependendo do caso, é claro, impor o repouso absoluto não é o melhor caminho, quando sabemos que esse procedimento implicará em uma série de compensações e tensões que prejudicarão no seu prognóstico. É praticamente impossível mencionar aqui todas as patologias da coluna, porém selecionamos as mais conhecidas nos consultórios de fisioterapia, e nas academias.

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PILATES NAS PATOLOGIAS DA COLUNA ESPONDILITE ANQUILOSANTE Essa doença tem como características essenciais, a presença de sacroileíte bilateral e alterações inflamatórias nas articulações vertebrais. O início da doença, em geral, ocorre no final da primeira ou início da segunda década da vida e, é raro que comece após os 40 anos. A etiologia é desconhecida, sabe-se que é uma doença reumática (tecido conjuntivo) que se manifesta por dores nas costas com rigidez matinal e noturna prolongadas. A rigidez melhora com o exercício. Colin et al (1977) analisaram os fatores da história clínica que poderiam levar a um diagnóstico positivo da Espondilite. (1) Início de desconforto nas costas antes dos 40 anos. (2) Início insidioso e não abrupto (3) Persistência por mais de três meses (4) Rigidez matinal (5) Melhora com exercícios. As alterações inflamatórias ocorrem em um estágio inicial da entese, com envolvimento das inserções músculo-tendíneas principalmente ao redor da pelve, pode-se encontrar também na sínfise púbica e no manúbrio esternal. As articulações costovertebrais também são envolvidas com freqüência resultando em dor no peito e excursões respiratória restritas. Prognóstico: Doença progressiva leva a anquilose da coluna, quadril e fibrose pulmonar.

Pilates De acordo com os sintomas e o curso da doença, o Pilates tem grande importância nesta patologia por promover a mobilização segmentar, aumentar a capacidade respiratória, alongamento dos músculos e de adaptação das articulações melhorando seu estado geral, retardando as chances da progressão da doença.

ARTRITE REUMATÓIDE É uma doença sistêmica inflamatória de etiologia desconhecida que é caracterizado por seu padrão de envolvimento articular simétrico. Seu principal local de agressão é a sinóvia das articulações que no início fica inflamada e depois forma um pannus com invasão óssea causando as deformações. Na articulação atlantoaxial há eventos inflamatórios levando a uma afrouxamento do ligamento transverso, o que produz subluxação anterior da articulação atlantoaxial o que pode ocorrer em toda coluna cervical. 5


Às vezes as lesões cervicais podem ser assintomáticas. A principal queixa é dor no pescoço com rigidez, podem estar associados à vertigem estalido no pescoço. Na coluna lombar a discite pode causar instabilidade vertebral e destruição do disco.

Pilates Importante no fortalecimento dos músculos evitando as subluxações e instabilidades, porém os exercícios devem ser realizados com cautela e evitando todos os movimentos onde haja carga na coluna cervical.

FIBROMIALGIA É uma síndrome dolorosa difusa não-inflamatória, não auto-imune e crônica de etiologia desconhecida com presença de trigger points. Além da dor músculoesquelético crônica difusa, refere-se à rigidez matinal, fadiga intensa, sono nãorestaurador, parestesias. Existe um mapeamento de 11 a 18 pontos dolorosos e podem estar presente por pelo menos três meses. Há pesquisas de que existe relação neuro-psicoimunoendocrimas com a doença. Até o momento, não há evidências de que pacientes com fibromialogias, têm um distúrbio inflamatório ou metabólico do sistema músculo-esquelético. Há evidências de pacientes fibromiálgicos descondicionados, o que se dá provavelmente ao desuso como resultado da dor crônica. É postulado que o músculo descondicionado é mais suscetível à micro traumas como um resultado de atividades menores. Tais micro-traumas podem então resultar em maior dor que reduziria ainda mais a atividade levando a um ciclo vicioso de inatividade muscular, descondicionamento micro trauma e dor .

Pilates Faz parte de uma das atividades mais indicadas, pois é uma modalidade de condicionamento gradual, evitando os micro-traumas, e alongando ao mesmo tempo para evitar a fadiga, o ritmo respiratório promove uma harmonia, equilíbrio mente corpo e um bem estar global. O fisioterapeuta deverá apenas cuidado com o condicionamento do paciente iniciar com o programa leve constando de alongamento e ritmo respiratório evoluindo gradualmente dependendo de cada caso.

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OSTEOPOROSE É uma doença sistêmica caracterizada pela diminuição da massa óssea com deterioração da sua estrutura, o que leva a uma redução de sua resistência mecânica, aumentando o risco de fraturas espontâneas ou perante traumas. Na osteoporose existe tanto um déficit na mineralização como na síntese da matriz colágena. Os principais fatores de risco: Histórico familiar Baixa estatura e pouco peso Pele clara Menopausa precoce Estilo de vida sedentária Ingestão baixa de cálcio Tabagismo Uso excessivo de álcool > 2 drinks/dia Medicamentos (corticóides, etc.)

Pilates Como já foi comprovado que o exercício físico é benéfico para a produção dos osteoblastos e a massa óssea, principalmente exercícios com carga. No Pilates a carga é oferecida pelas molas e ao mesmo tempo a coluna é poupada, pois os exercícios no início deverão ser feitos nas máquinas onde a coluna é apoiada, evitando movimentos com grandes amplitudes e carga direta na coluna.

OSTEOARTROSE É um distúrbio músculo-esquelético progressivo e lento que tipicamente afeta as articulações das mãos, colunas, quadril e joelho (articulações que suportam carga). É a principal causa de incapacidade dos idosos. É caracterizado por dor articular, rigidez após o repouso e limitação dos movimentos.

Pilates Um programa de condicionamento específico tem um papel significante na melhora da amplitude de movimento, função e dor. Estudos demonstraram a eficácia dos exercícios nesta patologia e também no bem-estar psicológico, entretanto exercícios com peso podem piorar a cartilagem articular e o osso subcondral. O correto deve ser exercício sem cargas que promovem amplitude alongamento de fácil execução. Tudo isso se encontra no Pilates, pois respeitando

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seus princípios, deverá ser feito um programa adaptado e sem carga nas articulações doentes.

ESPONDIOLISTESE É definida como um deslocamento anterior de um corpo vertebral sobre seu vizinho inferior. Qualquer vértebra pode ser envolvida, mas a L5 é mais comumente afetada. Pode-se apresentar em 4 graus. O principal fator para seu surgimento é a estrutura anatômica da região lombosacra. Na posição ortostática há constante pressão para baixo e para frente nas vértebras lombares e inferiores, principalmente nas articulações lombosacras onde existe uma inclinação de 30º de modo que o peso do corpo pode predispor à espondiolistese na presença de qualquer enfraquecimento mecânico. O deslizamento normal é compensado por um gancho ósseo formado pelos pedículos, pela parte interarticular do arco neural e pela face inferior que se prende a face superior à vértebra inferior. Quando esta estrutura de sustentação cede o corpo vertebral desliza anteriormente. É caracterizado por dor na coluna lombar e/ou nos MMII (membros inferiores). Os músculos espinhais e isquiotibiais tendem a encurtar na tentativa de estabilizar a pelve.

Pilates No primeiro e 2º graus com alongamento da cadeia posterior e os trabalhos abdominais que é realizado em todo programa, fortalece as cintura lombar, estabiliza a coluna, alonga psoas ilíaco se o paciente apresentar hiperlordose que geralmente é associada. Não deve fazer em hipótese alguma a extensão da coluna, pois provocará o deslizamento da vértebra pela pressão no gancho de sustentação.

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