LE CORBUSIER e os princípios do FUNCIONALISMO A primeira doutrina a marcar a arquitectura moderna ficou a dever-se a
Le Corbusier.
Suíço de nascimento, cedo se radicou em Paris iniciando aí a sua
actividade artística nas áreas da pintura e da gravura.
Trabalhou com Auguste Perret, e depois em Berlim , com Peter
Behrens.
Escreveu em 1918 a obra “ Aprés le Cubisme” onde defendeu a
estrutura rigorosa dos objectos e a clareza das composições num espírito de grande racionalidade. Em 1920 expôs as suas teorias na revista “ L’ Esprit Nouveau”. A compilação das suas ideias deu origem à obra” Para uma Arquitectura”, que constituiu o embrião do Funcionalismo.
Procurou criar uma relação estreita entre a arquitectura e a indústria na procura de uma construção que correspondesse de forma técnica , racional e materialista aos problemas da sociedade do seu tempo.
Defendeu uma arquitectura prática, preocupada com a economia de
meios e de gastos, socialmente comprometida, ou seja apostada em encontrar soluções viáveis para, com qualidade e economia, resolver os problemas da construção nas grandes cidades. Os seus estudos incidiram sobre os comportamentos colectivos,
hábitos e necessidades e ritmos de vida das pessoas, assim como a melhor forma de racionalizar os espaços.
O resultado dessas pesquisas encontra-se descrito nas suas obras “
Para uma Nova Arquitectura “,(1923) e o Modulor(1940).
O MODULOR
Viajou pela Europa e na sua passagem pela Alemanha trocou com Peter Behrens alguns conhecimentos sobre a razão de ouro. Depois disso, Le Corbusier foi para Atenas estudar o Partenon e outros edifícios da Grécia Antiga. A forma como os gregos usaram a razão de ouro nos seu trabalhos foi fonte de inspiração para este arquitecto, chegando mesmo a afirmar que foi a forma como os gregos usaram uma escala, a medida grega do homem, que o impressionou. O livro «Vers une Architecture» mostra uma nova forma da arquitectura baseada em muitos edifícios antigos que incorporam a razão de ouro. Entre 1942 e 1948, Le Corbusier desenvolveu um sistema de medição que ficou conhecido por «Modulor». Baseado na razão de ouro e nos números de Fibonacci e usando também as dimensões médias humanas (dentro das quais considerou 183 cm como altura standard), o Modulor é uma sequência de medidas que Le Corbusier usou para encontrar harmonia nas suas composições arquitecturais. O Modulor foi publicado em 1950 e depois do grande sucesso, Le Corbusier veio a publicar, em 1955, o «Modulor 2».
Características do sistema modular Uma das propostas de LeCorbusier, a Casa Dom-ino de 1915, apresentava alguns elementos estandardizados como pisos, colunas, escadas e esquadrias. A partir destes elementos formava-se uma planta livre, permitindo uma variedade de configurações internas e externas e liberdade de orientação. O seu interior era composto por divisórias leves e por portas e armários embutidos, produzidos em série pela industria. Seriam esses elementos que definiriam a modulação da casa.
Casa Dom-Ino
Nas suas obras teóricas definiu o seu objectivo: o de encontrar
normas padronizadas para desenhar e projectar habitações económicas, acessíveis à maioria das pessoas, onde estas pudessem viver com padrões de conforto, higiene, salubridade e funcionalidade.
Estas concepções, marcadas por uma grande racionalidade e
pragmatismo, levaram-no a definir as habitações como “ máquinas para viver”.
Le Courbusier pôs as suas ideias em prática pela primeira vez na
construção da casa Dom-Ino, de 1914, e definiu os aspectos que considerava essenciais numa construção nos” Cinco Pontos da Nova Arquitectura, “datado de 1926.
Assim a casa devia ser apoiada em pilotis ( pilares) que serviam para sustentar e isolar o edifício das humidades; os tectos planos eram aproveitados para terraços e jardins na cobertura: as plantas livres assim como as fachadas; As janelas eram colocadas em longas faixas horizontais; ( ver Casa Savoye , página 237). •
Na obra de Le Corbusier contam-se: moradias unifamiliares e prédios de habitação social; blocos de apartamentos e pavilhões para exposições.
Na Casa Savoye (1928-1931) podemos observar a aplicação “Dos Cinco Pontos da Nova Arquitectura“. ( pág.237) - pilotis - planta livre, possibilitando a articulação funcional entre as diversas áreas - janelas rasgadas horizontalmente de modo a favorecer a a iluminação - cobertura em terraço, destinada a zona de lazer
Le Corbusier, “ Unidade de Habitação de Marselha”, 1947-53 (pág.239)
Le Corbusier concebeu ainda projectos urbanísticos como o “Plan
Voisin”em Paris, e a”Ville Radieuse”. Uma série de arranha-céus de escritórios que alternam com edifícios de habitação colectiva, mais baixos, separados por zonas verdes, recintos desportivos e áreas de lazer, servidos por vias de circulação automóvel e férrea. Dentro desta planificação da cidade, integram-se igualmente o Plan
Obus para Argel, em 1931, e o da cidade de Chandigarh na India ( o único que foi concretizado), e que serviria de referência aos projectos de Lúcio Costa e Niemeyer, para a cidade de Brasília. Também desenhou pavilhões para a Exposição Internacional de
Artes Decorativas e Indústrias Modernas, em Paris, no ano de 1925.
Le Corbusier, planos para uma “ Cidade Contemporânea para 3 milhões de habitantes” e “Projecto para o Palácio da Sociedade das Nações”, Genebra 1927
“Igreja de Notre-Dame-du-Haut, Ronchamp, França 1950-54, neste edifício Le Corbusier utilizou o betão em superfícies exteriores de aparência inacabada ou de aspecto grosseiro.
· Capela de peregrinação Notre-Dâme du Haut, em Ronchamp – A nave pode abrigar 200 pessoas e é constituída por 3 capelas. Este projecto é uma das manifestações mais explícitas do conceito de inversão – nas paredes e nas aberturas que, alternando-se, conferem a iluminação.
Utilizando betão armado caiado e nas paredes curvas as pedras calcinadas pela guerra, é um testemunho arquitectónico do jogo inteligente e correcto das formas e a sua inter-relação interior/exterior.
Le Corbusier, Millowners association building
Nos projectos funcionalistas predominam: • Funcionalidade / função operativa • Racionalização • Simplificação da forma / purismo •Geometrização • Estandardização – serialização • Ortogonalidade de elementos • Fidelidade / respeito pela honestidade dos materiais. • A industrialização convergindo no aspecto tecnicista dos projectos.
O ESTILO INTERNACIONAL E OS MESTRES DO MODERNISMO Este termo foi usado na 1ª exposição de arquitectura moderna
realizada no MOMA ( museu de arte moderna de Nova Iorque), em 1932. Esta exposição tinha como objectivo revelar as características da
nova arquitectura, assim como a estética racionalista , o programa funcionalista, a regularidade das composições, a subordinação aos materiais, a importância da técnica, e o rigor das proporções. Nela estavam representadas obras de Corbusier, Gropius, Mies van
der Roer entre outros, e cujas obras vinham sendo divulgadas pelos “Congressos Internacionais de Arquitectura Moderna”- CIAM-, fundados em 1928.
Em 1933 os arquitectos e urbanistas que deles faziam
parte, elaboraram a “ Carta de Atenas”, que fixou durante décadas o programa de referência para a edificação da cidade: - construção em altura - grandes vias de circulação - divisão da cidade em zonas funcionais ( habitação, trabalho e cultura do corpo e do espírito) - circulação
Os pilares deste movimento foram os grandes mestres da Bauhaus, Gropius, Mies van der Rohe, e também, Adolf Loos, Le Corbusier, Marcel Breuer assim como Franck Lloyd Wright e Alvar Aalto, noutra perspectiva.
O ESTILO INTERNACIONAL REGEU-SE POR PRINCÍPIOS COMUNS: Usaram “ a estética da máquina” e os materiais modernos ( betão,
aço, vidro) , quase sempre deixados na sua cor e textura naturais. Valorizaram a estrutura construtiva interna ( o esqueleto estrutural,
princípio de toda a construção) , que permitia plantas flexíveis e um planeamento lógico e funcional dos interiores. Usaram janelas amplas, com armações metálicas leves e colocadas à
face das fachadas. Preferiram as cobertas planas, em terraço. Excluíram toda a ornamentação aplicada.
Walter Gropius
Mies van der Rohe
Marcel Breuer
Alvar Aalto
Adolf Loos
Oscar Niemeyer