O FILÓSOFO JEAN – JACQUES ROUSSEAU: vida, obra, importância do seu pensamento para a sua época e para a posteridade. VIDA E OBRA DE ROUSSEAU: . Nasceu em Genebra, na Suiça no ano de 1712 e morreu em França em 1778. . Infância e adolescência atribuladas. . Em 1728 deixou Genebra e acolheu-se sob a protecção de uma burguesa, Madame Warens. . Converteu-se ao catolicismo. . Foi um autodidacta, instruindo-se nas letras e nas artes e exerceu várias actividades como músico, autor de libretos para óperas; escreveu romances e outras obras literárias e foi sobretudo um filósofo inovador, com ensaios sobre Filosofia da Educação, Pedagogia e Filosofia e Teorias Políticas. . Homem viajado percorreu várias cidades francesas e italianas, chegando a ocupar o cargo de embaixador em Veneza. . Em 1748, regressa a Paris e contacta com os intelectuais da época como Voltaire, Diderot, D’Alembert, chegando a escrever artigos musicais para a Enciclopédia. . Em 1750, respondendo a um concurso da Academia de Dijon, publica o DISCURSO SOBRE AS CIÊNCIAS E AS ARTES. Nesta obra defende a teoria do” Bom Selvagem”, pela qual todos os homens nascem naturalmente bons, atribuindo à sociedade e aos vícios da civilização, as causas da corrupção e dos males que afligem os Homens. Considerava que o desenvolvimento das ciências e das técnicas favorecera a moleza dos costumes e a ociosidade e promovera a decadência moral. . Em 1755 publicou o DISCURSO SOBRE A ORIGEM DA DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS, sugerindo que este facto se deveu ao surgimento da propriedade privada que originou o aparecimento e organização de poderes despóticos que oprimiram a Humanidade com as suas leis. Para resolver este problema propôs: a reforma das sociedades segundo os principios da ordem natural, assente num “ CONTRATO SOCIAL”, ou seja num acordo tácito ou explicíto celebrado entre individuos ( iguais e livres ) e a sociedade, pelo qual se legitima a tranferência de poder destes para a comunidade e desta para o governante, com a condição de este exercer o poder em função do interesse dos governados. O Estado e os seus Orgãos deixam de ser a origem do poder mas apenas seus depositários, competindo aos governados o direito de resistirem à opressão, sempre que os governantes não governam no interesse da comunidade. Porém, em casos excepcionais, e sempre que esteja em causa a defesa dos direitos fundamentais, o Estado pode agir contra a vontade da maioria e pode inclusive, aplicar sanções rigorosas a fim de manter a estabilidade política. . Em 1756 incompatibiliza-se com alguns filósofos. . No ano de 1761 publica o romance LA NOUVELLE HÉLOISE, inspirado na sua paixão por Madame d’Houdetot, onde criou um novo tipo de romance que pôs em moda a supremacia da paixão amorosa e se torna em conjunto com as CONFISSÕES publicadas em 1782, o paradigma do Romantismo europeu. . O CONTRATO SOCIAL e EMÍLIO, obras publicadas em 1762, foram condenadas pelo Parlamento e pelo bispo de Paris. Rousseau refugiou-se
primeiro na Suiça e depois na Inglaterra, seguindo-se um período de errância nas províncias francesas. Iniciador dos ideais democráticos, Rousseau considerava que o regime ideal seria uma aristocracia electiva, cuja autoridade fosse periodicamente controlada pela assembleia de cidadãos. . Na sua obra EMÍLIO, desenvolveu o seu pensamento sobre a educação e os seus objectivos. . Considerava que as crianças deviam ser educadas longe da civilização, em ambiente rural de modo a serem perservadas a sua bondade natural e as suas potencialidades. Para isso, propunha que esse contacto só se fizesse na puberdade onde a tendência para a sociabilização é mais forte. . Devia ser estimulada na criança a vontade de aprender e de procurar dar resposta às suas interrogações, prevalecendo um ambiente de liberdade, sinceridade, pois estas eram as condições ideais para atingirem o seu pleno desenvolvimento. Para além das obras mencionadas Rousseau escreveu ainda comédias como NARCISSE; obras musicais como DISSERTAÇÃO SOBRE MÚSICA MODERNA; a ópera MUSAS GALANTES e operetas como LE DEVIN DU VILLAGE etc. IMPORTÂNCIA DO PENSAMENTO DE ROUSSEAU PARA A SUA ÉPOCA E PARA A POSTERIDADE Rousseau foi considerado uma das figuras mais marcantes do Iluminismo francês. O seu pensamento em conjunto com o dos outros filósofos, influenciou profundamente a mudança das estruturas sociais, políticas e culturais que permitiram por fim ao Antigo Regime, e influenciou a eclosão e evolução da REVOLUÇÃO FRANCESA. As suas teorias políticas foram uma das principais inspirações ideológicas da segunda fase da Revolução Francesa, que ficou marcada pelo periodo do Terror e de uma grande instabilidade política, que conduziu à DITADURA DE NAPOLEÃO. O CONTRATO SOCIAL , inspirou muitos dos revolucionários dos regimes nacionalistas e opressivos subsequentes a esse período, um pouco por toda a Europa Continental. Inspirados nas ideias de Rousseau, os revolucionários defendiam o princípio da soberania popular e a igualdade de direitos. Este filósofo foi frequentemente associado às ideias anti-capitalistas e considerado um antecessor do socialismo e do comunismo, sendo um dos primeiros pensadores a atacar a propriedade privada. Rousseau questionou a suposição de que a maioria está sempre correcta, e argumentou que o objectivo do governo era assegurar a liberdade, igualdade e justiça para todos, independentemente da vontade da maioria. Estas ideias tiveram a aprovação da CONVENÇÃO, que delas fizeram o seu guia ideológico e lhe valeram uma homenagem póstuma . Foi ainda considerado percursor do ROMANTISMO, pelo modo com destacou a importância dos sentimentos e das emoções nas obras” CONFISSÕES” e “ LA NOUVELLE HÉLOISE”. Conclusões a partir da análise da biografia de Rousseau.