Do projecto pombalino de inspiração iluminista à arquitectura neoclássica em Portugal As características da pintura e da escultura deste período. Ficha formativa de aplicação de conhecimentos.
Imagem de D. José I Paço
- Estátua Equestre no Terreiro do
O Paço da Ribeira e imediações, antes do terramoto de 1755
Segundo registos da época …
É dia 1 de Todos os Santos e a manhã de sábado, 1 de Novembro de 1755, surgiu límpida e amena, ainda a lembrar um longo Verão sem pinga de chuva. “Os ares da atmosfera estavão mui subtis e puros”, registou um lisboeta. “Fazia um tempo sereno e o céu não tinha uma nuvem”, descreveu um comerciante inglês. Um abalo sacode Lisboa por minuto e meio. Pouco depois, a terra volta a tremer com mais força durante mais de dois minutos. Os edifícios, muitos de três e quatro andares, começam a ruir com estrondo. A acalmia dura um minuto. Segue-se nova réplica, “que dura uma eternidade” – três minutos. O pico da crise sísmica teve três impulsos, demorou nove minutos e, sabe-se hoje, terá tido uma magnitude de 8,7 da escala de Richter.
Grande parte de uma das mais opulentas capitais da Europa está no chão. Pouco resta da parte baixa, do Rossio ao Terreiro do Paço as muitas casas de três e quatro andares e os casebres dos bairros sobrepovoados que acompanhavam as colinas vieram por aí abaixo. Os símbolos também caem: o Palácio Real da Ribeira, com os seus armazéns de especiarias e a sua grande biblioteca, desabou em parte e, no Rossio, ruiu o da Inquisição – hoje lembrado na varanda de pedra retirada dos escombros que decora a sede do Grémio Lusitano, do outro lado da praça. Dos 65 conventos de Lisboa, só cinco ficam em condições de dar abrigo aos milhares de desalojados. No Carmo ficam de pé os arcos góticos, mas as abóbadas despenham-se sobre os crentes que assistiam à missa. Mais de 30 palácios vêm abaixo, como o dos duques de Bragança, o maior de Lisboa (ao fundo da Rua António Maria Cardoso). Cai a Ópera do Tejo, perto da Ribeira das Naus, inaugurada apenas há sete meses. Caem prisões, como a do Tronco e do Limoeiro. Os seis hospitais da cidade estão no chão. No grandioso Hospital de Todos os Santos, no lado nascente do Rossio, dez acamados ficam sob os escombros
Das cerca de 20 mil casas de Lisboa, mais de duas mil foram destruídas e apenas três mil continuam habitáveis. . Das 40 igrejas paroquiais (algumas de interiores riquíssimos, como a Patriarcal) 35 ficam destruídas. Procura-se segurança nos poucos largos e praças, no alto de Santa Catarina, na Cotovia (ao Príncipe Real), no Campo Grande. Os que vão para as bandas do rio – uma multidão junta-se no Terreiro do Paço, onde se vêem “pessoas quase nuas” e padres ainda paramentados, e também no Largo de S. Paulo – são colhidos por uma onda enorme que por pouco afogava os vigias do Bugio. Não se sabe ao certo, mas o sismo terá vitimado dez mil dos cerca de 250 mil habitantes de Lisboa, sobretudo gente das classes mais baixas Noventa minutos depois do terramoto, seriam umas 11h00, dá-se uma forte réplica e o Tejo, que estava na vazante, retira-se para o largo, ao ponto de se lhe ver o fundo, para logo voltar numa vaga enorme com “mais de 20 pés de altura” (seis metros), varrendo de lama e restos de embarcações as zonas baixas. “
No Tejo apareceu “uma enorme massa de água a erguer-se como uma montanha” que arrastou muitos com ela. Alguns barcos fundeados, apanhados em redemoinhos, mergulham a pique no fundo Horas depois dos abalos, outro véu encobre o céu azul. Os círios e as velas dos altares e os fogões das casas atearam fogos que lançam no ar rolos negros de fumo. Arde o palácio do marquês de Louriçal, arde a Igreja de S. Domingos, arde a Boa Hora. A brisa de Nordeste junta os fogos isolados. As cinzas volteiam no ar para se depositarem pelas ruas e praças.
Depois do caos que se seguiu, o Marquês de Pombal tomou as rédeas à situação. D. José I dá plenos poderes ao seu ministro e delega-lhe , efectivamente a gestão do Estado. Este fica ainda encarregue da reconstrução da capital.
Planta antiga da Cidade, onde ĂŠ visĂvel o emaranhado de ruas
Questões Tomando como referência a página 105 do manual, responde: 1. Indica as prioridades de Sebastião José de Carvalho e Melo, após o terramoto. 2. A quem encarregou de elaborar os projectos para a reconstrução de Lisboa? 3. Indica as 3 propostas que mereceram maior aceitação? 4. A quem se deveu o plano definitivo da reconstrução da Baixa. 5. Que inovações foram introduzidas na reconstrução? 6. Explica de que forma se verificam no projecto de reconstrução da cidade as preocupações urbanísticas do Iluminismo.
Respostas
1.” Enterrar os mortos e cuidar dos vivos”; remover os cadáveres das ruas para evitar a propagação de doenças; assegurar o abastecimento de alimentos à população; manter a ordem pública e evitar o seque aos destroços ( para isso mandou erguer forcas nas principais praças e enforcar os prevaricadores; promover a reedificação da cidade.
2. A Manuel da Maia experiente engenheiro militar, encarregou de apresentar soluções. Apresenta cinco propostas das quais se destacam: 3. a)A construção de uma nova cidade em Belém; b)A reedificação da Baixa Pombalina segundo novos planos. c) A edificação da cidade onde era antes do terramoto. 4. A Eugénio dos Santos e a Carlos Mardel, que pertenciam a uma equipa de engenheiros e Praticantes da Academia Militar.
5. Os edifícios e arruamentos obedeciam a um traçado claramente geométrico e rectilíneo, que se desenvolve entre duas praças: o Rossio e o Terreiro do Paço. O Terreiro do Paço, mais tarde chamado de Praça do Comércio a fim de homenagear os comerciantes que tanto tinham contribuído para a reconstrução da cidade, foi concebida para ser a sala de entrada da cidade. Foi concebida por Eugénio dos Santos e nela se encontram os emblemas do poder: a) Estátua Equestre de D.José I: b) Os torreões junto à água encimados por troféus militares ; c) O Arco do triunfo construído posteriormente ; d) As arcadas enquadram os sinais reais : arco do triunfo e Estátua equestre. Nos edifícios foram introduzidas alterações como: alguma uniformização das fachadas variando consoante a importância das ruas; foram tomadas medidas quanto ao saneamento básico; foi elevada a cota em relação ao rio, aproveitando o entulho dos escombros; as ruas foram construídas largas e dotadas de abastecimento de água.
Para reduzir os riscos de destruição provocado por sismos, foi criada a estrutura em gaiola.
Foram produzidas em série os elementos construtivos ( cantarias, azulejos, portas, janelas, sacadas de modo a reduzir os custos e facilitar a uniformização. Os prédios tinham geralmente 4 pisos e águas furtadas sendo o piso térreo reservado ao comércio. Geralmente os grupos sociais distribuiam-se consoante as suas posses, ocupando a burguesia o andar nobre, com varandas.
As ruas eram definidas pelas profissões. 6. Rigor geométrico no traçado das ruas e quarteirões; a racionalidade e a funcionalidade dos elementos construtivos; Na uniformidade das fachadas; nas preocupação de salubridade; com novas prioridades mais adaptadas á nova realidade social emergente, a burguesia.
Planta original da Baixa Pombalina, de EugĂŠnio dos Santos
Fachadas de prĂŠdios Pombalinos
Estrutura de “ gaiola”
Arco da Rua Augusta e Arcadas .
Autêntico ex-libris da cidade de Lisboa, o Arco da Rua Augusta condiz inteiramente com a monumentalidade da Praça do Comércio. Começou a ser programado quando, após o Terramoto de 1755, se iniciou a reconstrução da cidade. Só em 1873 se finalizou a sua construção e para ela se conjugaram desenhos e esculturas de vários artistas. Após alguma polémica académica foram escolhidas da História de Portugal para as figuras laterais, Viriato, Vasco da Gama, Nuno Álvares Pereira e Marquês de Pombal, ladeadas pelas alegorias dos rios Tejo e Douro, esculpidas por Victor Bastos. A inscrição latina que exorna o Arco Triunfal do Terreiro do Paço simboliza a importância da expansão portuguesa ao encontro de povos desconhecidos e de civilizações diferentes, um feito universal que determinou a origem de outra fase da história da Humanidade: VIRTVTIBVS MAIORVM VT SIT OMNIBVS DOCVMENTO.PPD« Às Virtudes dos Maiores, para que sirva a todos de ensinamento. Dedicado a expensas públicas».
Estátua Equestre de D.José I
O rei D.José I nasceu em Lisboa a 6 de Junho de 1714, filho de D.João V e de D.Mariana, arquiduquesa da Aústria e faleceu em 1777. Subiu ao trono em 1750, mas o seu governo foi exercido pela figura do seu ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, mais conhecido por Marquês de Pombal. Figura cuja acção governativa foi muito apagada, só imortalizado nesta estátua equestre da autoria de Machado de castro, inaugurada em Junho de1775. no inacabado Terreiro do Paço. Este conjunto escultórico está localizado no centro da Praça do Comércio. Na parte superior está o rei D.José I a cavalo, a olhar para o Tejo, um elegante e harmonioso conjunto, pela elegância do cavalo e o porte do cavaleiro, que a classifica como uma das mais belas da Europa. O pedestal, feito em pedra de lioz de Pêro Pinheiro, contém dois grupos alegóricos: o Triunfo e a Fama. Na face voltada para o arco da Rua Augusta, está uma alegoria em baixo relevo que representa a generosidade e o empenho do monarca na reconstrução da cidade destruída com o terramoto em 1755.Na frente do monumento estão as armas reais e a efígie do marquês, retirada após a queda do Marquês em 1777, depois reposta em 1833.
RESPONDE ÁS SEGUINTES QUESTÕES
1. A partir da página 98 d0 manual identifica: a) os factores que dificultaram a penetração da estética iluminista em Portugal.
b) os factores que deram origem à Revolução Liberal Portuguesa de 1820. 2. O neoclassicismo manifestou-se em Portugal através de duas vias de influência. Quais. Justifica. 3. Dá exemplos de edifícios representativos desta estética no Norte do país e em Lisboa. 4. Refere o nome de três arquitectos que se tenham destacado quer no Norte do país quer em Lisboa.
1 1, Identifica os edifícios e respectivos arquitectos.
A- Palácio das Carrancas / Joaquim da Costa Lima B – Teatro de S. Carlos / José da costa e Silva
C- Feitoria Inglesa/ John Whitehead. D- PalĂĄcio Nacional da Ajuda/ JosĂŠ da Costa e Silva e Francisco Fabri
E- Teatro D. Maria II/ Fortunato Lodi F Igreja de Nossa Senhora do P贸pulo / Carlos Amarante
G- Hospital de S. Ant贸nio/ John Carr H- Assembleia da Rep煤blica/ Ventura Terra
2 2- Faz a correspondência entre as colunas . A- Carlos Amarante B- José Costa e Silva
1-Teatro D. Maria II 2- Hospital de Santo António
C- Fortunato Lodi
3- Palácio Nacional da Ajuda
D- Ventura Terra
4- Câmara Municipal de Lisboa
E- John Carr F- Domingos Parente da Silva
5- Feitoria Inglesa 6- Teatro de S. Carlos
G- John Whitehaed 7- Assembleia da República 8- Igreja do Bom Jesus do Monte
3 Vieira Portuense
D. FILIPA ARMANDO OS FILHOS CAVALEIROS
3- Identifica três características da pintura neoclássica, representadas na figura. 4- Identifica a pintura neoclássica quanto ao tema.
A LEDA E O CISNE
Batalha de Ourique
4. Indica o nome de 2 pintores portugueses representativos do neoclĂĄssico. 5.Refere as principais influĂŞncias dos escultores e pintores deste periodo.
Conde de Farrobo
Domingos Sequeira Adoração dos Magos
A Escultura neoclĂĄssica em Portugal
Machado de Castro
6. Indica o nome de dois escultores portugueses deste perĂodo.
João José de Aguiar
D.Maria I
Encontram-se no Palácio de Queluz
Consideração
7 – Indica a principal fonte de inspiração da pintura e escultura neoclássica em Portugal. 8 Sintetiza as diferentes formações de cada um destes escultores (pág. 100 do manual)
Generosidade