Albergue Casa Noturno de Passagem Encarte comemorativo - 2016
65
anos
Acolhendo vidas, mudando histรณrias!
Editorial
Casamento Perfeito
ALBERGUE NOTURNO - CASA DE PASSAGEM - CEAC/BAURU
Em 1949 o senhor Homero Escobar, representando como presidente a diretoria do Centro Espírita Amor e Caridade, firmou um acordo com a Prefeitura Municipal de Bauru, na pessoa do então prefeito Octávio Pinheiro Brizola. Objetivo: instalar novo Albergue Noturno. Era uma união às pressas para resolver delicado problema: o prédio onde funcionava o antigo albergue, mantido pela Prefeitura, na confluência das ruas Rio Branco e Marcondes Salgado, ruíra durante um temporal. Adaptações foram feitas no edifício sede do CEAC ao longo de 1950 e no dia 25 de fevereiro de 1951 o novo albergue abria suas portas. Deu certo e o que era para ser mera solução para uma emergência, consolidou-se ao longo de decênios, naquela que é a parceria ideal, quando se pretende promover o progresso e o bem-estar de uma população: o governo associado a uma entidade filantrópica orientada por ideal religioso. Fica consideravelmente menos dispendioso para o poder público, que se faz representar por voluntários que assumem a condução do serviço e dele participam, empenhando-se até mesmo em arrecadar recursos complementares para a sustentação da atividade, mediante promoções beneficentes e quadro de contribuintes. Por outro lado, há uma valiosa humanização do serviço, porquanto a motivação dos voluntários não é de ordem pecuniária. Participam por ideal de servir. Ao longo destes 65 anos de funcionamento o Albergue registrou dezenas de milhares de atendimentos, passando por várias transformações, atendendo às necessidades da população carente. Era Albergue Noturno em princípio, com alimentação e pouso. Hoje Casa de Passagem, com uma amplitude bem maior, socorrendo migrantes, moradores de rua, dependentes químicos… Não mais mero atendimento de necessidades imediatas, mas empenho por reintegrar o assistido na sociedade. Um trabalho feito com amor e dedicação de voluntários e funcionários promoveu ao longo destes decênios uma identificação tão perfeita entre os parceiros desse feliz casamento, que o nome inicial tornou-se sinônimo do próprio Centro. Quando alguém se refere ao Centro Espírita Amor e Caridade diz simplesmente: o Albergue!
65 anos de acolhimento, respeito e esperança
Richard Simonetti
2 Encarte comemorativo - 65 anos do Albergue Noturno - Casa de Passagem - CEAC/Bauru
Encarte comemorativo - 65 anos do Albergue Noturno - Casa de Passagem - CEAC/Bauru 3
Preconceito ainda é grande, mas a reabilitação é uma realidade possível “Ouvimos muito que quem chega no crack ou nas ruas, não sai mais. Isso não é verdade. Temos vários exemplos de pessoas que conseguiram se reerguer e hoje estão aí, trabalhando, têm família. Aqui na Casa (de Passagem – Albergue Noturno) mesmo temos um ex-usuário que agora é voluntário”, diz A.G.F, 37, reabilitando. O preconceito em relação à pessoa em situação de rua ainda é um entrave no processo de reabilitação. Solidão, indiferença ou medo expresso pelo cidadão comum desumanizam e destroem a autoestima já fustigada pelas dores íntimas daqueles que lutam diariamente contra suas tendências autodestrutivas. Outro entrave é o desconhecimento de que a reabilitação é possível, embora não seja fácil e não raro um processo longo, com quedas frequentes. “Muitos dos que hoje procuram a reabilitação são reincidentes”, diz Francine Tamos, coordenadora do serviço. “No entanto, entendemos que este indivíduo que caiu e voltou está ainda um passo a frente, em sua reabilitação, do que aqueles que ainda não se dispuseram pela primeira vez.Ainda mais se compreendermos que o primeiro passo, o de que sair da “liberdade” da rua para um mundo cheio de regras, é um passo gigantesco para qualquer ser humano”, complementa. Para Marcio Guaranha Merighi, diretor do Albergue, “O grande desafio do reabilitando é vencer seus vícios, seus fantasmas, encontrar a sua essência como pessoa, que muitas vezes não é o que ele se tornou para conseguir sobreviver nas ruas. Além disso, conviver com a desconfiança da sociedade também pesa muito. É ter força de vontade superior às suas fraquezas
e agarrar-se às oportunidades que surgem de reabilitação”, explica.
O papel da Casa de Passagem Imagine o saguão principal de uma estação de trem gigantesca, com diversas linhas que levam a destinos diferentes. A Casa de Passagem é o balcão de informações central – com uma sala de espera bem equipada - , onde o indivíduo que desejar dar novo rumo à sua vida vai em busca do primeiro acolhimento, apoio e orientação. “O Albergue Noturno, por ser tradicional na cidade, é a referência não só da população como também de órgãos públicos, mas principalmente, do próprio cidadão em situação de rua, para o primeiro acolhimento. Nossa maior demanda é espontânea”, explica Francine. Ao chegar no Albergue, o indivíduo irá passar por um diagnóstico social no setor de Serviço Social para identificar qual é o destino mais apropriado para ele, caso queira ficar (sim, a vontade do cidadão é soberana): se for de idade avançada e não há vínculos familiares possíveis, solicita-se vaga em abrigo para idosos da região; se o indivíduo apresenta problemas de ordem psiquiátrica, solicita-se tratamento ou vaga em clínica especializada; se trata-se de dependência de álcool ou drogas, solicita-se vaga em comunidades terapêuticas – hoje a Comunidade Bom Pastor, o Esquadrão da Vida e a Comunidade Vida e Paz. “Entendemos ser de suma importância, uma vez que o Albergue executa o Serviço de Acolhimento Institucional na modalidade Casa de Passagem. Este Serviço tem como
público alvo indivíduos e famílias em situação de rua, com a proposta de acolher e proporcionar oportunidades aos mesmos, através da construção da autonomia e da redução das violações dos direitos socioassistencias, realiza também encaminhamentos para outras políticas públicas e para o Sistema de Garantia de direitos. Tem por objetivo também realizar o acompanhamento as famílias de origem com vistas a reintegração familiar”, explica a Diretora da Diretoria Regional de Assistência e Desenvolvimento Social (DRADS), Maria Moreno Perroni. Mas o papel mais importante no Albergue, neste sentido, é o acolhimento. Enquanto o ‘trem’ de cada um não chega, a entidade o mantém ocupado e inicia o processo de dignificação (veja matéria da página 6). “Sem a Casa de Passagem, a pessoa teria de esperar uma vaga na rua, sem mínimas condições de resistir aos arrastamentos”, esclarece Francine.
Parcerias entre poderes públicos e ONGs No caso de dependência química, o processo de reabilitação não seria possível sem a parceria de órgãos públicos e ONGs. “O tratamento de dependência química é feito pelo CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas), da Prefeitura, que dispõe de atendimento médico e psiquiátrico, bem como o psicológico, fundamentais para o suporte do indivíduo em abstinência nas primeiras semanas de acolhimento”, explica a psicóloga Cintia Costalino. As comunidades terapêuticas, por sua vez, de diferentes religiões, trabalham em
“O serviço é um referencial no município, por isso se firma como um elo importante na assistência social com um histórico de 65 anos de atuação ininterrupta. Não só enquanto cidadão, mas como gestor público, reconhecemos o trabalho de excelência ali desenvolvido e nos orgulhamos de fazer parte dessa história, como parceiros, desde 1990, ou seja, há 16 anos. Somente neste ano estão destinados quase R$ 1,2 milhão à instituição, distribuídos em repasses mensais. Queremos parabenizar a instituição por esse histórico e destacar que nos orgulhamos dessa parceria.” Rodrigo Agostinho - Prefeito de Bauru 4 Encarte comemorativo - 65 anos do Albergue Noturno - Casa de Passagem - CEAC/Bauru
prol de qualquer indivíduo e em perfeita parceria com o Albergue Noturno, do Centro Espírita Amor e Caridade.
Infográfico Em Oficina de Arte e Comunicação realizada pelo projeto “Nossa Voz no Mundo”, coordenado pela jornalista Ângela Moraes, os reabilitandos produziram um infográfico em que apontam o caminho da reabilitação. “Desenhar essa escada me fez perceber em que degrau eu parei, de outras vezes, e o pouco que faltava para chegar lá... percebemos também, conversando entre nós, que muitas vezes queremos pular degraus e ir direto lá pra cima, mas não conseguimos sustentar porque queimamos etapas... então foi muito bom, e eu vou trazer isso para minha vida”, testemunhou R.G. D., 33, reabilitando.
“Eu caí nas drogas por curiosidade mesmo. Sou de família de classe média e comecei por molecagem, mas acabei ficando dos 14 aos 35 anos indo e vindo, sempre voltando para o crack. Passa um mar de coisas na cabeça da gente, desde “quero usar mais” até “que besteira eu fiz com a minha vida”... mas a vontade usar é sempre maior. Até que fiquei uns 10 dias andando, vagando, sem comer... aí fui na polícia e pedi ajuda. Eles me deram um lanche e me indicaram o caminho para o Albergue. Cheguei e fui acolhido, indo pra Casa de Passagem. Lá pelo terceiro mês, me sentia pronto pra voltar pro emprego que eu tinha, aí passei um bom tempo indo trabalhar das 8h às 18h, e voltava pro Albergue pra dormir. Até que um dia recaí... e acabei
voltando pras ruas e lá fiquei... até o dia em que eu estava com dois estranhos embaixo do pontilhão e eu soube que um era médico cardiologista e o outro bacharel de direito... aquilo foi um choque de realidade pra mim! Tirei as 52 pedras que tinha no bolso e atirei fora. Depois daquele dia, nunca mais. Depois de uns meses limpo, conheci a minha esposa – contei toda a minha história pra ela, e entenderia perfeitamente se ela não quisesse mais falar comigo... mas ela entendeu e aceitou começarmos uma nova história. E foi nesta época, também, que um voluntário do Albergue me convidou pra vir ajudar um dia... fui uma vez, duas, e não parei mais. Eu pensava mesmo isso... “um dia vou ser voluntário, e não usuário”... e graças a Deus, venho todos os sábados há
dois anos e meio, não só eu mas também minha esposa. Eu gosto de lidar com a população de rua, pois eu vejo a realidade que eu vivia e pra onde não posso voltar. Tenho muito carinho por eles, pois também já cuidaram muito de mim quando eu estava na rua. Hoje, quando posso, compro pão e mortadela e levo embaixo do pontilhão. Pego as drogas deles, só devolvo depois que comerem, e isso não me arrasta nem um pouco, de maneira alguma. Página virada. Só eu sei tudo o que eu tive, o que perdi e o que passei nas ruas.”
Pessoas que solicitaram sigilo tiveram seus nomes abreviados em respeito à sua privacidade.
A JORNADA DO PROGRESSO
Página Virada
F.P., 39 anos, casado, hoje tem dois empregos
“Eu estava no álcool, nas ruas, até que fui parar no Albergue. Eles me internaram, aconselharam, tinha palestras, a assistente social... foi uma jornada longa, mas uma experiência muito boa. Graças a Deus e ao Albergue, me recuperei e nunca mais voltei. Estou agora juntando um dinheirinho pra ver se eu compro minha casinha”. Carlos Alberto Ribeiro, 59, ajudante geral do CEAC há cerca de 10 anos
OFICINA DE ARTE E COMUNICAÇÃO “NOSSA VOZ NO MUNDO” Infográfico A jornada do progresso - o caminho da reabilitação
Reportagens, textos e layout: José D. Rodrigues, Rubem J. Albuquerque de Carvalho, André Luiz Tomaz, Rogério G. Domingos, Raimundo C. dos Santos, Ademir C. da Silva, Marcos R. de Oliveira, Roberson R. S. de Carvalho, Antônio G. P. Filho, Carlos A. Barbosa, Flávio M. de Andrade, Jorge A. Alfredo, Thiago I. Dias, Flávio Rodrigues, Alziro Zandone, Antônio R. S. da Silva, Paulo S. de Oliveira, Wagner da Silva. Encarte comemorativo - 65 anos do Albergue Noturno - Casa de Passagem - CEAC/Bauru 5
UM GRANDE PASSO PARA A REABILITAÇÃO Suporte técnico especializado e disposição para ouvir fazem a diferença no processo de dignificação humana Há dois tipos de público atendidos no Albergue hoje: os eventuais e os integrais. Os atendimentos eventuais destinamse a pessoas que optam em permanecer nas ruas, e/ou precisam dos serviços por poucos dias para alimentação, banho e pernoite. Em maio e junho deste ano, com as baixas temperaturas, este atendimento beneficiou 3.321 pessoas, numa média de 55 pessoas/dia. Nos demais meses, historicamente, cerca de 40 pessoas/dias passam pelo Albergue. Os atendimentos integrais, por sua vez, são destinados aos usuários que despertaram para a saída definitiva da rua e buscam a reconstrução de si mesmos. Após avaliação realizada pelo
Serviço Social, são admitidos como internos e passam a ser acompanhados de forma sistemática pelo serviço. A equipe técnica (assistentes sociais, psicólogos e terapeuta ocupacional) constrói um Plano de Acompanhamento Individual (PAI) juntamente com o usuário analisando e evidenciando os seus interesses, habilidades e grau de desenvolvimento para inserção nas atividades desenvolvidas e/ ou encaminhamentos necessários (comunidades terapêuticas, abrigo, assistência psiquiátrica, retorno à família ou ao mercado de trabalho). “Os desafios são muitos e se alteram com o passar do tempo. Por isso, precisamos nos manter informados, envolvidos, atualizados,
treinados a lidar com situações e público distintos, com problemas complexos e saber encaminhar todas essas situações para uma solução favorável ao usuário”, explica Marcio Guaranha Merighi – Diretor do Albergue Noturno. O tempo que permanecem na Casa varia: a Politica Nacional prevê cerca de três meses, porém o Albergue Noturno não atua com tempo determinado, valendo-se da evolução e atendimentos individuais.
Equipe de trabalho Os profissionais que trabalham na Casa de Passagem - Albergue Noturno têm sua composição regulamentada
pela Norma Operacional de Recursos Humanos do SUAS – NOB-RH/SUAS e embasada no Padrão Normativo estabelecido pela Prefeitura Municipal. A equipe técnica (psicóloga, assistentes sociais e terapeuta ocupacional) se reúne semanalmente para avaliar caso a caso, as evoluções e estágios de cada usuário interno e as ações necessárias ao melhor desenvolvimento de cada um. “São olhares complementares que permitem a construção de uma metodologia de trabalho individual e coletivo, onde planejamos atividades e intervenções com muito mais eficácia para o reabilitando”, explica Francine Tamos, coordenadora do serviço.
Terapia ocupacional O terapeuta ocupacional é o profissional que planeja e desenvolve a reabilitação dos usuários promovendo atividades de desenvolvimento motor, cognitivo, de concentração e aprendizagem, entre outras. Pela arteterapia, por exemplo, os usuários expressam suas emoções em pintura em tela, desenho livre e outras atividades que fazem com que o indivíduo mantenha sua mente ocupada, longe dos assuntos externos. A laborterapia, por sua vez, oferece trabalhos práticos como manutenção de horta, construção de móveis, confecção de tapetes, entre outras, sempre associando o trabalho ao prazer de produzir, de ser útil. “Estar em atividade é muito importante no processo de reabilitação, seja pela arte ou pelo trabalho. São meios de proporcionar o desenvolvimento de coordenação motora fina, atenção, foco e, sem dúvida, reativar a sensação de satisfação íntima pelo que foi realizado. Percebemos que muitos se reconectam com esse prazer íntimo”, revela Evandro Caversan, terapeuta ocupacional, que complementa: “Aproveitamos essas atividades também para abordar assuntos como os benefícios da alimentação saudável, prejuízos do álcool e drogas ao organismo, entre outros conteúdos relevantes à reconstrução de seus valores”.
Voluntários Psicologia
“A gente teve casos de pessoas que passaram pelo Albergue, se recuperaram e depois, no mercado de trabalho, chegaram a ser gerente de churrascaria; já empregamos vários aqui como funcionários do CEAC também, tivemos dois excelentes marceneiros. Tem muita gente boa nessa população! É claro que depende muito da pessoa, mas se ela tiver o apoio da família, das instituições ou da própria sociedade, as chances de recuperação são muito maiores. É uma questão de dar oportunidade também. É um trabalho complexo, mas quando a gente faz com amor, os frutos aparecem. Se de 100, conseguirmos recuperar um, damos graças a Deus e nos sentimos muito gratificadas com isso!”
Desenvolve atividades individuais e coletivas para conscientizar o usuário de sua própria identidade psicossocial e fortalecê-los com vistas à superação de seus conflitos, bem como reconhecer fatores que funcionam como gatilhos para o uso de drogas, fortalecimento para os enfrentamentos que a vida irá propor, além do resgate de valores éticos e morais. O setor é responsável também pelo contato com a família do usuário, realizando visitas ou acolhendo os familiares em atendimentos semanais para prepará-los para o resgate dos vínculos rompidos, objetivo este trabalhado multidisciplinarmente. “Trabalhamos principalmente o protagonismo desse usuário, ou seja, a consciência de que tudo o que ele faz tem uma consequência e o poder de decisão é sempre dele”, enfatiza a psicóloga Cintia Costalino.
O serviço de voluntariado acontece todos os dias no período da noite, das 19h às 22h, horário em que o fluxo de usuários eventuais é alto. Contribuem na guarda de pertences pessoais, entrega de pijamas, toalhas, chinelos e itens de higiene pessoal, encaminham para o banho e refeição, ajudam a servir os pratos e direcionar para as camas. Além disso, podem disponibilizar-se para orações e conversas construtivas com os usuários que assim desejarem.
Diferencial: “O ‘não’ daqui a gente aceita” Em roda de conversa com os reabilitandos sobre as dificuldades do processo de reabilitação, uma opinião foi unânime: “Aqui, somos ouvidos. Temos espaço para conversar com a equipe técnica sempre que precisamos de uma orientação, ou quando estamos num dia em que precisamos desabafar. Dá pra ver que tudo é para o nosso bem. Depois daqui, a pessoa só recai se ela quiser, porque ela sai com todas as ferramentas para se manter em pé”, resume um dos internos.
Nilza Yafushi Oshiro - Assistente Social do Albergue de 1978 a 2010 (32 anos) 6 Encarte comemorativo - 65 anos do Albergue Noturno - Casa de Passagem - CEAC/Bauru
Serviço Social Analisa as condições de vida da população e orienta o indivíduo, família ou grupos sobre como ter informações, acessar direitos e serviços para atender às suas necessidades sociais, como retirada de documentos, inserção de programas e benefícios governamentais, elaboração de currículo e orientação para o mercado de trabalho. “Muitos chegam sem qualquer documento, ou seja, sem condições de qualquer direito cidadão”, explica a assistente social Joyce Artur Rosa.
“Com os assistidos, aprendi: • Não julgar pelas aparências • Há muito potencial humano perdido pela sociedade • Existem milhares de razões para que uma pessoa fique em situação de rua • Ter força para continuar lutando • Nossos problemas são infinitamente menores que os deles e que não devemos reclamar, mas agradecer • A sociedade os despreza e muitas vezes os teme • Falar palavras de incentivo, de força, de consolo • Que eles nunca foram bem tratados pela vida e quando são tratados com carinho e respeito, sabem reconhecer e retribuir... ... entre tantas outras coisas até difícil de enumerar!!!” Marcio Guaranha Merighi Diretor do Albergue Noturno
“Aqui passam pessoas das mais variadas. Certa vez passou um senhor de branco, muito educado. Acolhemos e depois soubemos que se tratava de um médico de Marília... já acolhemos o irmão de um senador da república, até recebemos uma carta oficial do governo em agradecimento depois... e certa vez apareceram três estrangeiros que foram roubados no trem e a polícia mandou pra cá, pra pernoitar. Só que eles não entendiam o que a gente falava, até que um albergado se aproximou e se ofereceu pra traduzir. Aceitei, e ele tentou em inglês... nada. Tentou em russo... nada. Tentou em francês, e aí um deles se manifestou: - ‘Oui!!!!’. Esse assistido que falava tantas línguas se chamava Armando Martins. Ele foi jogador de futebol do São Paulo e havia morado na França, casou lá e teve dois filhos, um deles era médico. Quando o casamento acabou, ele saiu pelo mundo, bebendo, e acabou vindo parar aqui...” Irani de Castro, 88 anos, o voluntário mais antigo, desde 1951. Participa do Albergue religiosamente uma vez por semana, há 65 anos.
Encarte comemorativo - 65 anos do Albergue Noturno - Casa de Passagem - CEAC/Bauru 7
REFERÊNCIA EM AMOR E CARIDADE COM PROFISSIONALISMO O CEAC (Centro Espírita Amor e Caridade) caminha para seus 97 anos de filantropia, sempre alinhado às políticas públicas de desenvolvimento humano, tendo recebido relevantes reconhecimentos da sociedade como os prêmios Bem
Eficiente em 1998 e 2003, entre “As 50 melhores Entidades Beneficentes Sem Fins Lucrativos”; o Filantropia 400, em 2000, em 178º lugar e em 2001, em 219º; e no ano passado, Honra ao Mérito, concedida pela Batra (Bauru Transparente – entidade sem fins lucrativos ou políticos cujos principais objetivos são a defesa da probidade na administração pública
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e o desenvolvimento do senso de cidadania). Neste ano, o CEAC lançou em seus sites (www.ceac.org.br e www. radioceac.com.br) o Portal da Transparência, cumprindo o disposto no artigo 11 da Lei Federal 13019/2014 demonstrando para o público interno e externo as atividades e os recursos (públicos e próprios) empregados em
cada um de seus projetos filantrópicos, que hoje são sete, além do Albergue Noturno – Casa de Passagem. Conheça os núcleos de promoção humana instalados estrategicamente em pontos de vulnerabilidade social, na periferia de Bauru, atendendo a mais de 25 mil pessoas, com foco em fortalecimento de vínculos familiares e sociais: Projeto Crianças em Ação Jardim Ferraz
Projeto Crescer – Parque das Nações
Núcleos de Assistência
• 150 crianças e adolescentes de 5 anos e 6 meses a 14 anos e 11 meses.
• 140 crianças e adolescentes de 5 anos e 6 meses a 14 anos e 11 meses; • 80 adultos em preparação para trabalho e renda.
Projeto Seara de Luz Ferradura Mirim
• 160 crianças e adolescentes de 5 anos e 6 meses a 14 anos e 11 meses.
Projeto Esperança e Creche Berçário Nova Esperança – Nova Esperança
• 170 crianças de 1 a 5 anos e 11 meses.
Albergue Noturno
Projeto Crescer Girassol Projeto Colmeia – Vila São Paulo
• 180 crianças e adolescentes/dia, de 5 anos e 6 meses a 14 anos e 11 meses.
Projeto Crescer Girassol
• 200 crianças e adolescentes de 5 anos e 6 meses a 14 anos e 11 meses.
Mais de 25 mil pessoas assistidas
Fonte dos recursos Os núcleos mantidos pelo CEAC contam com subvenções públicas municipais, estaduais e federais, conforme exposto no Portal de Transparência da instituição. Conta ainda com importante captação junto à Nota Fiscal Paulista e à sociedade civil através de doações/ participação em campanhas para
despesas não cobertas pelas verbas públicas. Anualmente, o CEAC publica junto a seu periódico interno um relatório completo com a prestação de contas da instituição. Neste ano, as contribuições espontâneas podem ser realizadas diretamente para o projeto de simpatia do doador (veja no Portal da Transparência).
“A prestação de serviço aos mais necessitados é de fundamental importância, assim, entendemos que o Albergue de Bauru presta serviço de relevância, sendo de suma importância para a sociedade Bauruense.” Capitão PM Edivaldo Francisco Chefe Comunicação Social do CPI 4 – Bauru
Expediente
Centro Espírita Amor e Caridade Rua 7 de Setembro, 8-30 – Bauru/SP www.ceac.org.br www.radioceac.org.br www.tvceac.org.br www.editoraceac.com.br Blog: http://ceacbauru.wix.com/ceac-albergue
Apoio:
Newletter digital: cadastre-se enviando-nos um email para ceacnews@ceac.org.br
PREFEITURA MUNICIPAL DE BAURU / SEBES
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Encarte Especial – Albergue Noturno - 65 anos
SEJA PARCEIRO
www.ceac.org.br
8 Encarte comemorativo - 65 anos do Albergue Noturno - Casa de Passagem - CEAC/Bauru
Este encarte é parte do projeto “Nossa voz no mundo” realizado em Oficina de Arte e Comunicação no Albergue Noturno – Casa de Passagem - CEAC Bauru/SP.
Jornalista responsável: Ângela Moraes Diagramação: Alex Rodrigues Ilustrações: Roni Silva – Nucleart Impressão: Full Graphics Tiragem: 30.000 exemplares