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Os desafios da Qualidade

Desde há muitos anos que a “Qualidade” tem sido um dos elementos distintivos e diferenciadores da Indústria Portuguesa de Moldes, refletindo um posicionamento no mercado internacional que evidencia capacidades e competências das empresas do sector. No entanto, o mercado evolui, torna-se mais exigente e competitivo e não basta dizer que possuímos e apresentamos “qualidade” nos produtos e serviços que oferecemos. Há que ir mais longe, demonstrá-lo, para que tal possa ser percecionado, reconhecido e valorizado pelos nossos clientes.

A “Qualidade” deverá ser entendida como um elemento estratégico na organização, sendo determinante para ganhar competitividade, seja pelo contributo para a otimização e eficiência de processos, seja através da análise e medição de indicadores de performance, seja pela verificação de erros ou não conformidades, seja ainda na análise de riscos da atividade ou introdução de processos de melhoria contínua. Cada vez menos, a “Qualidade”, nas empresas de moldes, é encarada como um requisito a seguir para manter uma certificação exigida pelos clientes, tornando-se, cada vez mais, um elemento decisivo para uma boa gestão empresarial.

Vejamos, então, alguns fatores críticos que, neste contexto, podem ajudar uma empresa a enfrentar os desafios da “Qualidade”:

Ouvir o mercado: Satisfazer necessidades e expectativas dos clientes é sempre uma das prioridades e um dos principais indicadores de qualidade para qualquer empresa. Sem o fazer, dificilmente conseguimos negócios consistentes, preservando relações que se pretendem duradouras. Para tal, será necessário conhecer o mercado, as suas tendências, o que efetivamente esperam de nós, e isso, muitas vezes, varia de cliente para cliente, ou até de encomenda para encomenda. Torna-se, assim, importante criar sistemas de vigilância e acompanhamento de mercado;

Olhar para dentro: A eficiência e a produtividade são hoje fatores críticos para qualquer organização. As exigências dos clientes, os prazos de entrega e os preços praticados não deixam margem para erros. Temos de fazer bem à primeira, minimizando a utilização de recursos (humanos, técnicos ou financeiros). A otimização de processos assume preponderância extrema neste contexto e o sistema de gestão de qualidade da empresa será um elemento crucial para definir, controlar e apoiar esta intervenção;

Envolver as Pessoas: As Pessoas continuarão a ser o elemento fundamental e estrutural de qualquer organização. Sem o envolvimento e alinhamento das mesmas em torno de objetivos comuns, devidamente conhecidos, explicados e apreendidos, dificilmente uma empresa terá sucesso permanente ou passará para um estágio que permita alcançar clientes de maior valor acrescentado. Departamentos de Qualidade e Gestão de Pessoas deverão interagir e desenvolver políticas ativas que criem uma cultura comum e mobilizem diferentes áreas e níveis hierárquicos da empresa para trabalharem em conjunto na prossecução dos objetivos a atingir;

Integrar conhecimento: Cada vez mais os desafios que as empresas enfrentam são mais complexos e abrangentes, com variáveis distintas, seja a nível técnico e tecnológico, seja a nível financeiro ou negocial. Muitas decisões são tomadas em função de diferentes variáveis, sendo por isso fundamental que as empresas integrem competências distintas para garantir a eficiência dos processos. A constituição de equipas multidisciplinares assumirá grande preponderância na organização, podendo levar a empresa a assumir novas estruturas orgânicas e/ou de decisão;

Medir, medir, medir: A monitorização da performance, das atividades realizadas e dos resultados atingidos através dos dados disponibilizados pelos sistemas produtivos e de gestão da empresa, são elementos fundamentais para validar processos e decisões, permitindo, em caso de necessidade, e em tempo útil, o ajustamento necessário para corrigir desvios. Estabelecer e acompanhar a evolução de indicadores (KPI’s) é a base para um bom sistema de gestão da Qualidade numa organização.

Hoje, uma empresa tem que ser ágil e flexível, com capacidade para rapidamente se adaptar às circunstâncias e alterações de mercado. Temos que antecipar riscos e ser mais eficientes, e tal não se compagina com processos de gestão imutáveis, que estejam suportados em sistemas consolidados, é certo, mas preparados apenas para dar cumprimento a normas ou processos prédefinidos.

Os sistemas de gestão da Qualidade podem ser um apoio tremendo para a gestão das empresas como um todo, mas também, para a gestão de processos e operações. Saibamos então geri-la, porque “Qualidade”, essa nós temos!

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Texto: Manuel Oliveira (Secretário-geral da CEFAMOL)

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