O Olhar / Le Regard

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O

Olhar Retorno de um sociólogo ao espaço das periferias romanas

16 de novembro a 19 de novembro de 2014 De domingo a quarta, 8h às 20h

Homengem do VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE PESQUISA (AUTO)BIOGRÁFICA a Franco Ferrarotti Curadoria Christine Delory-Momberger

Departamento Cultural – Decult Foyer do Teatro Odylo Costa, filho – UERJ Rua São Francisco Xavier, 524 Maracanã – Rio de Janeiro


CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/NPROTEC

F376

Ferrarotti, Franco, 1926O Olhar / texto Christine Delory-Momberger.– Rio de Janeiro : UERJ, DECULT, Foyer do Teatro Odylo Costa, filho, 2014. 32 p. : il. ISBN 978-85-85954-53-1 Catálogo da exposição realizada no período de 16 de novembro a 18 de dezembro de 2014. 1. Ferrarotti, Franco, 1926- – Exposições. 2. Fotografia artística - Exposições. I. Delory-Momberger, Christine. III. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Departamento Cultural. CDU 069.9:77.04(81)


O Olhar

“A forma de uma cidade. Muda mais rápido – ai de mim! Que o coração de um mortal.”

A fotografia não é necessariamente a reprodução mecânica de uma atitu-

Baudelaire, Le Cygne

de humana. Precisa-se ler uma foto como se lê um ensaio de Montaigne. A foto pode fazer compreender que o olhar é uma mensagem. Propertius

Eu não sou homem de retornar frequentemente ao meu caminhar. Para

tem razão: Oculi sunt in amore duces. No amor, os olhos são os nossos

mim é difícil, quase impossível olhar para trás, considerar o que eu era,

guias. Mas há mais do que isso.

o que eu fiz. Pode ser que eu me sinta ainda demasiadamente jovem para um exame de consciência, ou, simplesmente para uma avaliação

É no olhar que acontece o primeiro encontro, a participação do humano

tranquila do passado. Por temperamento, eu olho sempre para frente.

ao humano. Em Phèdre de Platão, se encontra essa passagem crucial: eu

Instintivamente, penso que a busca do tempo perdido é uma maneira de

só posso ver minha pupila na pupila do meu amigo. É no olhar do outro

perder aquele tempo em que vivemos e o que nos resta viver.

que nasce a consciência de si mesmo. O olhar é, então, a presença e o sentido dessa presença.

Assim, quando os amigos franceses e brasileiros propuseram uma exposição no Rio de Janeiro de minhas fotografias de quarenta e cinquenta

A verdade como ciência se torna consciência. Ela começa como uma

anos atrás, quando os amigos italianos, aqui em Roma, fizeram de tudo

verdade privada para se tornar, através do olhar e da mensagem que

para acompanhar a realização e comentários dessa exposição, eu vivi

nos dirige uma verdade intersubjetiva. O sujeito sai de sua solidão e se

uma mistura de sentimentos. De alegria e de gratidão certamente pelo

abre ao outro. Identidade e alteridade se encontram. O olhar é o primeiro

reconhecimento dado a esta parte pouco conhecida do meu trabalho.

passo, um passo essencial para a construção da comunidade humana.

Mas também de embaraço e de perplexidade. Essas fotografias de quase outrora, o que elas tinham a me dizer, à mim que as (re)encontrava e me (re)encontrava talvez, “à distancia”? E sobretudo, o que podiam elas

Franco Ferrarotti

dizer a eles que as descobririam, que as olhariam pela primeira vez?

Pois bem, é isto justamente: o mundo mudou, os homens mudaram. E mais precisamente a cidade, que é o mundo moderno dos homens, e que os homens da cidade mudaram. O desconforto ou mal-estar que eu sinto frente as fotografias das periferias de outrora não é uma questão de nostalgia ou de narcisismo. O fato é que nesse longo tempo de uma existência, que é tão pouco tempo na história da humanidade – o homem 5


da periferia mudou. Ele era de uma certa forma um inventor artístico das

É no espaço que acontece o sofrimento e o privilégio do fotógrafo. De

suas práticas de vida dia a dia. Ele estava fora de tudo. Socialmente ex-

bicicleta ou a pé, o fotógrafo pratica, ainda hoje, a viagem como a pra-

cluído, politicamente ausente, totalmente livre. Os pesquisadores acadê-

ticavam os peregrinos da Idade Média. Ele sente o chão sob seus pés.

micos o consideravam como um membro dessa sociedade decomposta

O mesmo lugar. Na realidade, não se viaja mais, se é catapultado de

que se momeava o Lumpenprolétariat. Mas olhe os olhos, os rostos, as

um lugar ao outro. Essa retração do espaço caminha para a tendência

mãos: esses grupos humanos estavam vivos, formigantes, alegres, im-

isomórfica, que pouco `a pouco, misteriosamente, mas inexoravelmente,

previsíveis, inclassificáveis.

ataca e destrói a diversidade, transforma os lugares e os humanos e os torna semelhantes, se não idênticos.

A periferia não é periférica. Em Roma, por exemplo, para dois milhões e oitocentos mil habitantes, quase um terço vive nas periferias. Se a peri-

É graças ao fotógrafo que a contingência histórica, que o acidente hu-

feria para, toda a cidade fica paralisada. A periferia tornou-se central. Em

mano, que a singularidade individual pode ser preservada, é a fotografia

Acquedotto Felice, havia barracos, sustentados e protegidos, por assim

que pode ainda testemunhar o carater dramático da condição humana.

dizer, pelas ruínas do mundo antigo. Agora se pratica alí jogging pela manhã. Passou-se do subproletariado ao pequeno burgues, da invenção do cotidiano à banalidade urbana.

Bem entendido que havia a pobreza. Mas era uma pobreza paradoxalmente feliz, aceita com dignidade como um modo de vida, como o sinal de um destino comum. Hoje ainda existe pobreza, mas é uma pobreza que não conhece a solidariedade. É aquela de uma população explorada e desejosa, que queria sair dela mesmo, tornar-se burguesa e explorar os outros, por sua vez. É uma pobreza com flores na janela, um cachorrinho à passear, e que considera tanto o lixo como a sujeira miserável de “ontem e de antes de ontem” como assuntos vergonhosos.

O fotógrafo é obrigado a trabalhar no campo, no lugar. É necessário “ir lá”. Ele não pode teorizar, sentado calmamente na penumbra silenciosa do seu gabinete de trabalho. Ele deve “ir lá” e “se estabelecer no lugar”. 6

Franco Ferrarotti Roma, julho 2014


Franco Ferrarotti, flâneur planetário

objetivo fixo o obriga a uma avaliação precisa da distância adequada.

Olhar. Ver. Franco Ferrarotti olha. E ele vê. Ele está. Presente. Na vida,

Aquela que precisa aquele momento naquele lugar lá. Ele prepara o seu

antes de tudo na vida. Com acuidade, inteligência, justiça, sensibilidade.

olhar, ele está lá. Ele se faz ver, ele é visto. Em suas numerosas fo-

Pelo mundo também, no curso das numerosas viagens que ele efetua du-

tografias, um olhar se junta ao seu. Colocado fora do quadro, ele está

rante vinte anos, num espírito de errância que ele reivindica. Ele se diz

todavia na imagem. Presença-ausência. Que se mistura no momento, no

um flâneur planetário: Estados Unidos, América Latina, Europa. Sobre os

instante da vida, que une seres. Cada imagem é uma história de huma-

espaços que explora enquanto sociólogo, alertado pela condição huma-

nidade compartilhada. Estas são testemunhos. Instantes capturados na

na, nos bairros periféricos de Roma com grandes precariedades sociais e

sua fulgurância, de momentos singulares que tornam tangível a realidade

econômicas: Aqueduto Felice, São Policarpo, Borghetto Alessandrina. Ele

humana, que transmitem a mystérieuse vibration de la totalité 2 , O frag-

chega lá pela primeira vez nos anos de 1960 e depois retorna em 2005-

mento como um sinal, uma marca da história social. A imagem como um

2006. Um flâneur planetário que confia na intuição e no acaso dos seus

texto. Uma escrita com a sombra e a luz, dos primeiros e dos segundos

passos, que vaivém, que encontra pessoas, lugares, espaços, mundos.

planos, dos detalhes, das nuances, das imagens difusas. Para analisar

Que olha, que vê.

como um texto, minuciosamente. Para olhar, para ver e para rever, antes que a história comece a se contar antes que “a imagem se erga 3 ”. Sem

Franco Ferrarotti é um sociólogo, escritor. Ele ocupou a primeira cadei-

a fotografia, Franco Ferrarotti diz que não teria sabido perceber o sentido

ra de sociologia criada na Itália, em 1961, em La Sapienza de Rome.

do mundo.

Fundador e diretor da revista La critica sociologica, ele é autor de mais de sessenta obras (sociologia, política, poesia, obras autobiográficas). O

As vinte e seis fotografias reunidas para a exposição “O olhar. Retorno de

seu livro Histoire et histoires de vie. La méthode biographique dans les

um sociólogo ao espaço das periferias romanas“ são imagens que Franco

sciences sociales 1 tornou-se uma referência para a pesquisa biográfica.

Ferrarotti fez durante suas investigações nos bairros de muita pobreza, situados em áreas limítrofes de Roma. Esses espaços estão ocupados por

E ele é fotógrafo. E, para ele, fotografar é ir além da observação socioló-

barracos, construídos com materiais precários, sem água nem eletricida-

gica e de (re)enviar o que ele vê, sente face ao humano, pensa também.

de. Surgidos de qualquer modo, da necessidade que tiveram os habitantes

Ele não faz uma fotografia documental, ele se coloca numa relação com

de ter um lugar e um teto, mesmo que bastante precários, após a expulsão

as pessoas, os lugares. Seu aparelho fotográfico argentique lhe pede o tempo que precisa para o enquadramento, as configurações de luz; seu 1 Ferrarotti, F. (2013) [1981]. Histoire et histoires de vie. La méthode biographique dans les sciences sociales. Paris: Téraèdre

2  Cannizzaro, A. (2014). L’instante fatale de la photo istantanea. Curta metragem (29mm) realizado para a exposição de fotografias – O olhar: retorno de um sociólogo ao espaço das periferias romanas – do VI CIPA. 3  Arasse, D. (2005). Histoire(s) de peinture. Paris: Denoël 7


do bairro central de Subura e das antigas vilas nas cercanias do Vaticano.

imagens de pessoas que estão ocupadas com suas vidas, crianças que

Franco Ferrarotti tinha acabado de criar a cadeira e o Instituto de Sociolo-

brincam, cachorros que vêm e vão, barracos que são um lar. Mais tarde,

gia, e ele partiu com uma pequena equipe de colaboradores ao encontro

ele voltará, terão se construídos blocos de apartamentos de três andares,

destes habitantes. Lá, ele desloca as práticas da enquete sociológica que

que rapidamente se deterioram, se fissuram. Sobre a rampa de ferro

lhe parecem rapidamente impróprias para compreender a vida, o modo e

preto das varandas, roupas secam, os habitantes se debruçam.

as estruturas de organização desses bairros. Ele cessa, então, de antecipadamente elaborar questionamentos no espaço universitário, ele se cala.

Pode-se dizer que cada imagem tem o “momento totalizante 7 ” de uma

Ele está lá, na periferia de Roma. Ele fica lá. Ele fotografa.

história social. Um gesto, um olhar, um corpo. A humanidade em ato. Franco Ferrarotti dirá que estar com os homens, as mulheres e as crian-

A fotografia o leva a um deslocamento. De pesquisador acadêmico,

ças em suas atividades, ao longo das jornadas passadas com eles, o

torna-se um pesquisador do campo, do espaço. Ele diz: “Eu devo ser

permitiu compreender que a pobreza era funcional. Que ela era a chave

ignorante, eu devo reconhecer que eu não sei 4 ”. Ele abandona toda a

central de um sistema radical de relações de classe, onde os ricos man-

teoria, toda a ideia preconceituosa sobre essa população. Ele se instala

têm os pobres e os pobres, os ricos, em uma interdependência que não

no bairro, ele vive e estabelece relações com as pessoas “sobre a base

abre nenhum espaço de mudança possível. Ele segue as mulheres que,

mesma da vida ”. Ele olha. Ele vê. Ele sente. Ele compreende pouco a

a noite, vão arrumar as repartições públicas, ele vê os homens que tra-

pouco. Não há mais pesquisas “de cima para baixo”, de quem mais sabe

balham nos alojamentos de rua. Tuscolan, limitrofe dos bairros onde os

e de quem não sabe, Tem um humano com os humanos, que conversa,

imóveis de luxo foram construídos sob a pressão da especulação imobili-

troca o cotidiano, compartilha pontos de vista, incertezas, desesperos,

ária, frente a frente, dois mundos que em nada se religam e, no entanto,

que vive internamente as extremas precariedades às quais são submen-

são indissociavelmente ligados. Ele tem consciência também das redes

tidas as pessoas, suas dificuldades, suas angustias, suas felicidades,

mafiosas que infiltram os espaços urbanos. Mais tarde, ele fará um livro

sua invenção, sua “resistência existencial ”. Ele entra na tessitura das

sobre isso 8 . Ele faz a analogia entre a imagem fotográfica, que numa

relações e das ligações sociais que constitui o lugar, onde as pessoas

vez só, captura o efêmero e lhe promove uma eternidade, e a cidade de

pensam e agem. Um humano. Exterior-interior. A fotografia lhe permite

Roma, que une esses dois opostos numa simbiose do cotidiano e do seu

fazer a ligação. Em nenhum momento, ele fotografa a pobreza, ele faz

histórico. O uso da fotografia sobre suas primeiras inserções no campo

4  Ferrarotti, F. & Delory-Momberger, C. (2013b). Partager les savoirs, socialiser les pouvoirs. Le sujet dans la Cité. Revue internationale de recherche biographique, n°4, p. 21.

7  Ferrarotti, F. (2013a) [1981]. Histoire et histoires de vie. La méthode biographique dans les sciences sociales. Paris: Téraèdre, p. 56.

5  Ibid., p.21

8  Ferrarotti, F. (1978). Rapporto sulla mafia: da costume locale a problema dello sviluppo nazionale, Napoli: Liguori.

5

6

6  Ibid., p.21 8


constituiu o sociólogo que Franco Ferrarotti se tornou. Ele continuará e

da imagem. Homens, o olhar aguçado, sentados no chão, de boné na

afinará seu método em outros espaços, como as favelas do Rio de Janei-

rua; com gola roulé, em um trio animado, cigarro na boca de um deles.

ro, os conjuntos habitacionais populares do Chile, os guetos da Argentina.

Mulheres, na rua, no meio da multidão, uma freira que vai. Crianças, uma

Também os subúrbios de Madrid, Lisboa, Coimbra e as periferias das

menina encostada na parede, virando o pescoço com olhar enviesado

grandes cidades da França.

para sua mãe, da qual só se vê a parte inferior do corpo; um trio de crianças sorridentes; um menino, o olhar iluminado pelas duas velas. Famílias

Franco Ferrarotti acredita na fotografia como meio de acesso ao conheci-

debruçadas nas varandas; um casal. O terreno baldio em frente aos pré-

mento para os sociólogos, ele escreveu um livro para explicar esta abor-

dios. Duas fotografias onde Franco Ferrarotti está na imagem abrindo e

dagem, mas ela só terá uma audiência moderada . Impossivel a aliança

fechando a série. Ele, o estrangeiro, o pesquisador. Perto de um homem

entre a fotografia tal como ele a concebe, aquela da relação humana e as

de braços cruzados, que esta na linha da soleira de sua porta; perto de

ciências sociais, tais como são concebidas, ele constrói uma sociologia

uma mãe e de seu filho em um carrinho. Em acordo. Ele está lá. Com toda

participativa que implica uma paridade de posições. Uma ciência de ob-

sua presença. Quem tirou essas fotografias?

9

servação conceitualmente orientada, que não dá “resultados “antes que o pesquisador não tenha entrado em relação com as pessoas, que ele

As faces carregam cada uma sua expressão. Estas não são as faces da

esteja falando com eles. Uma ciência que não pode ser a do questionário

miséria. Singulares. Todos. Rudes. Dignos. Às vezes alegres, divertidos.

e a da estatística, uma ciência do humano pelo humano, fundada na

Eles estão nas imagens. Na nossa frente. De acordo com Levinas, “o

noção de indeterminação do comportamento humano.

rosto é sentido nele só“ e “o acesso ao rosto é logo ético”. “O olhar do fotógrafo nos leva a estes rostos, a estes olhares. Ele os enquadra, se

Os rostos. São acima de tudo os rostos que estão na nossa frente nesta

aproxima deles. Judith Butler escreve que “a fotografia deve ter uma

exposição. E olhares. Frontais, enviesados. Em contato com o olho do

função transitiva que nos torna capazes da sensibilidade ética (ethical

fotógrafo. Jovens rapazes atrás de um carro, a direita de uma adoles-

responsiveness)”. “Nós somos tocados, nos apegamos a esses olhares

cente, com vestido de pois, desliza e estará em breve fora da imagem.

que nos dizem muito sobre os rostos, ficamos em frente a esses ros-

Outro, com o rosto repleto de juventude e de vida; um outro ainda, de

tos que nos levam aos olhares. Se a escrita sabe dizer as palavras, as

camiseta, o olhar sério, à sua direita uma parede que preenche um quarto

imagens sabem dizer as formas, e as fotografias transitivas de Franco Ferrarotti, que lhe deram acesso ao humano e lhe possibilitaram estabe-

9  Ferrarotti, F. (1974). Dal documento alla testimonianza. La fotografia nelle scienze sociali, Napoli : Liguori. Ele retornará sobre o tema da fotografia em 2014 com La parola e l’immagine. Nota sulla neo-idolatria del secolo XXI. Chieti: Solfanelli, denunciando o uso da fotografia numérica (digital) e sua circulação consumidora nas redes sociais e na internet.

lecer uma ciência, nos tornam humildes, conscientes também das vidas a margem, as quais nós podemos ter uma resposta ética, procurando levar em conta a humanidade dos outros e nos preocupar com isto. Resta 9


ao visitante, por sua vez, olhar as imagens e entrar no olhar de Franco Ferrarotti. No que a fotografia (re)envia do seu olhar através dos olhares que permanecem presentes nos homens, nas mulheres, nas crianças que ele conheceu. Ao visitante de (re)fazer o caminho, de experimentar a presença, de reatar o laço, desse momento onde ele descobre e olha por sua vez aquele momento onde se representou a instantaneidade da imagem e do que ela fixou de um olhar, e através dele de uma vida, de uma “vida digna de ser vivida”.

Christine Delory-Momberger

10


A espera L’attente

Uma jovem mamĂŁe, 1973 Une jeune maman, 1973 11


11 horas da manh達 11 heures du matin

12

O jovem casal Le jeune couple


Taberna como observat贸rio, 1973 Guinguette comme observatoir, 1973

13


ComĂŠrcio no centro Commerce dans le centre 14


O progresso dos bancos se constituiu na destruição do passado Le progrès des banques est fondé sur la destruction du passé

Entre artesanato e indústria Entre artisanat et industrie 15


A religiosa tecnológica no passeio à beira mar La religieuse technologique à la promenade du bord de la mer

Desmoronamento da rua 2 Éboulement de la rue 2 16


Ébouloment de la rue 1 Desmoronamento da rua 1

Le reinseignement (ruelles et voies de communication), 1973 A informação (ruelas e vias de comunicação), 1973 17


Apprenti Aprendiz

Garçonnes de la rue, 1973 “Garçonnes” da rua, 1973

Le vendeur des chandelles O vendedor de velas 18


En attendant l’avenir 1 Aguardando o futuro 1

Le maçon O pedreiro

Éboulement de la rue 3 Desmoronamento da rua 3 19


À la “Magliana” Niuova (Nouvelle) 1974 Na Magliana Nova, 1974 20


Jovens, o sĂĄbado Jeunes, le samedi

Éboulement de la rue 4 Desmoronamento da rua 4 21


En attendant l’avenir 3 Aguardando o futuro 3 22


L’employ sûr, 1973 O emprego seguro, 1973

En attendant l’avenir 2, 1975 Aguardando o futuro 2,1975 23


son regard à travers les regards demeurés présents des hommes, des femmes, des enfants qu’il a rencontrés. Au visiteur de refaire le chemin, d’éprouver la présence, de renouer le lien, de ce moment-ci où il découvre et regarde à son tour à ce moment-là, où s’est joué l’instantané de l’image, et de ce qu’elle a fixé d’un regard, et à travers lui d’une vie, d’une vie digne d’être vécue. Christine Delory-Momberger

“Borghetto Latino”, 1973 “Borghetto Latino”, 1973 24


Franco Ferrarotti croit en la photographie comme medium d’accès à la

balcons; un couple. Le terrain vague devant les immeubles. Deux photo-

connaissance pour les sociologues. Il écrit un livre pour expliquer cette

graphies où Franco Ferrarotti est dans l’image ouvrent et ferment la série.

approche mais il n’aura qu’une audience modérée . Impossible alliance

Lui, l’étranger, le chercheur. Près d’un homme aux bras croisés qui se tient

entre la photographie telle qu’il la conçoit, celle du rapport humain, et les

sur le seuil de sa porte; près d’une mère et de son enfant en poussette. En

sciences sociales, telles qu’elles sont conçues. Il construit une sociologie

entente. Il est là. Dans sa toute présence. Qui a pris ces photographies?

9

participative qui implique une parité de positions. Une science d’observation conceptuellement orientée, qui ne donne pas de résultats avant

Les visages portent chacun leur expression. Ce ne sont pas des visages

que le chercheur ne soit entré en relation avec les gens, qu’il ait été en

de la misère. Singuliers. Tous. Rudes. Dignes. Parfois joyeux, amusés.

parole avec eux. Une science qui ne peut être celle du questionnaire et de

Ils sont là sur les images. Face à nous. Selon Levinas, le visage est sens

la statistique, une science de l’humain par l’humain, fondée sur la notion

à lui seul 10 et l’accès au visage est d’emblée éthique 11 . Le regard du

d’indétermination dans les comportements humains.

photographe nous amène à ces visages, à ces regards. Il les cadre, s’en approche. Judith Butler écrit que la photographie doit avoir une fonc-

Des visages. Ce sont avant tout des visages qui nous font face dans cette

tion transitive qui nous rende capables de sensibilité éthique (ethical

exposition. Et des regards. Frontaux, de biais. En lien avec le regard du

responsiveness)12 . Nous sommes touchés, nous nous accrochons à ces

photographe. Des jeunes hommes derrière une voiture, à droite une ado-

regards qui nous en disent long sur les visages. Nous faisons face à ces

lescente, en robe à pois, glisse et sera bientôt hors de l’image. Un autre,

visages qui nous ramènent aux regards. Si l’écriture sait dire les mots, les

le visage plein de jeunesse et de vie; un autre encore, en chemisette, le

images savent dire les formes. Et les photographies transitives de Franco

regard sérieux, sur sa droite un mur qui remplit le quart de l’image. Des

Ferrarotti, qui lui ont donné accès à l’humain et lui ont fait en établir une

hommes, le regard affûté, assis par terre, en casquette dans la rue, en col

science, nous rendent humbles. Conscients aussi de vies à la marge,

roulé, en un trio enjoué, cigarette aux lèvres pour l’un d’eux. Des femmes,

auxquelles nous pouvons apporter une réponse éthique en cherchant

dans la rue, au milieu de la foule, une religieuse qui va. Des enfants, une

comment tenir compte de l’humanité d’autrui et nous en soucier.

petite fille collée contre un mur, tournant le cou pour regarder de biais sa

25

mère dont on ne voit que le bas du corps; un triolet d’enfants souriants; un

C’est au visiteur de regarder à son tour les images et d’entrer dans le

garçon, le regard illuminé par deux cierges. Des familles accrochées aux

regard de Franco Ferrarotti. Dans ce que la photographie renvoie de

9  Ferrarotti, F. (1974). Dal documento alla testimonianza. La fotografia nelle scienze sociali, Napoli : Liguori, Il reviendra sur le thème de la photographie en 2014 avec La parola e l’immagine. Nota sulla neo-idolatria del secolo XXI. Chieti : Solfanelli, en dénonçant l’usage de la photographie numérique et sa circulation consommatrice sur les réseaux sociaux et sur Internet.

10  Levinas, E. (1982). Éthique et infini. Paris: Fayard, p. 91 11  Ibid, p. 90 12  Butler, J. (2010). Ce qui fait une vie. Essai sur la violence, la guerre et le deuil. Paris: Zones/La Découverte, p. 78.


l’Institut de sociologie, et il est parti avec une petite équipe de collabo-

trois étages, qui très vite se détériorent, se fissurent. Sur la rampe en fer

rateurs à la rencontre des habitants. Il y met à l’épreuve les pratiques de

noir des balcons, du linge sèche, des habitants s’accoudent.

l’enquête sociologique qui lui paraissent très vite inaptes à comprendre la vie, le mode et les structures d’organisation de ces quartiers. Il cesse

On peut dire que chaque image porte le moment totalisant 7 d’une histoire

donc de poser des questions élaborées à l’avance dans un bureau univer-

sociale. Un geste, un regard, un corps. L’humanité en acte. Franco Fer-

sitaire. Il se tait. Il est là. Il reste là. Il photographie.

rarotti dira qu’être avec les hommes, les femmes, les enfants dans leurs activités tout au long des journées passées avec eux lui a permis de com-

La photographie l’amène à un déplacement. De chercheur académique,

prendre que la pauvreté était fonctionnelle. Qu’elle était la clé de voûte d’un

il devient un chercheur de terrain. Il dit: Je dois être ignorant, je dois

système radical de rapports de classes, où les riches tiennent les pauvres

reconnaître que je ne sais pas 4 . Il abandonne toute théorie, toute idée

et les pauvres, les riches, dans une interdépendance qui n’ouvre aucun es-

préconçue sur cette population. Il s’installe dans le quartier, il y vit et y

pace de changement possible. Il suit les femmes qui vont faire le ménage

établit des rapports avec les gens sur la base même de la vie 5 . Il regarde.

la nuit dans les ministères, il voit les hommes qui travaillent dans les loge-

Il voit. Il ressent. Il comprend peu à peu. Il n’y a plus de recherche du haut

ments de la rue Tuscolan, limitrophe des quartiers où des immeubles de

vers le bas, plus de sachant et de non sachant. Il y a un humain avec

luxe ont été construits sous la poussée de la spéculation immobilière. Face

des humains, qui converse, échange le quotidien, partage des points de

à face, deux mondes que rien ne relie et qui, pourtant, sont indissociable-

vue, des incertitudes, des détresses. Qui vit de l’intérieur les précarités

ment liés. Il prend conscience aussi des réseaux mafieux qui infiltrent les

extrêmes auxquelles sont soumis les gens, leurs difficultés, leur désar-

espaces urbains. Il en fera plus tard un livre 8. Il fait l’analogie entre l’image

roi, leurs bonheurs, leur inventivité, leur résistance existentielle 6 . Il entre

photographique qui, à la fois, saisit l’éphémère et le promeut à une éter-

dans le tissu de relations et de rapports sociaux qui fait le lieu, dans

nité, et la ville de Rome qui rassemble ces deux opposés dans une sym-

lequel les gens pensent et agissent. Un humain. Extérieur-intérieur. La

biose du quotidien et de l’historique. L’usage de la photographie sur ses

photographie lui permet de faire lien. À aucun moment, il ne photographie

premiers terrains a forgé le sociologue que Franco Ferrarotti est devenu. Il

la pauvreté, il fait des images de gens qui s’affairent à leur vie, d’enfants

continuera et affinera sa méthode sur d’autres terrains, comme les favelas

qui jouent, de chiens qui vont et viennent. De baraques qui sont un chez

de Rio de Janeiro, les poblaciones du Chili, les ghettos d’Argentine. Aussi

soi. Plus tard, il reviendra, on aura construit des barres d’immeubles à

les périphéries de Madrid, Lisbonne, Coimbra et les banlieues de France.

4  Ferrarotti, F. & Delory-Momberger, C. (2013b). Partager les savoirs, socialiser les pouvoirs. Le sujet dans la Cité. Revue internationale de recherche biographique, n°4, p. 21. 5  Ibid., p.21. 6  Ibid., p.21

7  Ferrarotti, F. (2013a) [1981]. Histoire et histoires de vie. La méthode biographique dans les sciences sociales. Paris: Téraèdre, p. 56 8  Ferrarotti, F. (1978). Rapporto sulla mafia: da costume locale a problema dello sviluppo nazionale, Napoli: Liguori. 26


Franco Ferrarotti, flâneur planétaire

son objectif fixe l’oblige à une évaluation précise de la bonne distance.

Regarder. Voir. Franco Ferrarotti regarde. Et il voit. Il est là. Présent. Dans

Celle qu’il faut à ce moment-là dans cet endroit-là. Il prépare son re-

la vie, avant tout dans la vie. Avec acuité, intelligence, justesse, sensibili-

gard, il est là. Il se fait voir, il est vu. Dans nombre de ses photographies,

té. De par le monde aussi, au cours des nombreux voyages qu’il effectue

un regard rejoint le sien. Placé hors cadre, il est toutefois dans l’image.

durant une vingtaine d’années, dans un esprit de vagabondage qu’il re-

Présence-absence. Qui se mêle au moment de vie, qui noue des êtres.

vendique. Il se dit flâneur planétaire: États-Unis, Amérique latine, Europe.

Chaque image est une histoire d’humanité partagée. Ce sont des témoi-

Sur les terrains qu’il explore en tant que sociologue, averti de la condition

gnages. D’instants saisis dans leur fulgurance, de moments singuliers

humaine, dans les quartiers périphériques de Rome à grandes précari-

qui rendent tangible la réalité humaine, qui transmettent la mystérieuse

tés sociales et économiques: Aqueduc Felice, San Policarpo, Borghetto

vibration de la totalité 2 . Le fragment comme signe, empreinte d’une his-

Alessandrina. Il y va, d’abord dans les années 1960, et puis y reviendra,

toire sociale. L’image comme un texte. Une écriture avec de l’ombre et de

en 2005-2006. Un flâneur planétaire qui s’en remet à l’intuition et au

la lumière, des premiers et des arrière-plans, des détails, des nuances,

hasard de ses pas, qui va et vient, qui rencontre, des gens, des lieux, des

des floutés. À analyser comme un texte, minutieusement. À regarder, à

espaces, des mondes. Qui regarde, qui voit.

voir et à revoir, avant que l’histoire ne commence à se raconter, avant que l’image [ne] se lève 3 . Sans la photographie, Franco Ferrarotti dit qu’il

Franco Ferrarotti est sociologue, écrivain. Il a occupé la première chaire de

n’aurait su percer le sens du monde.

sociologie créée en Italie en 1961 à La Sapienza de Rome. Fondateur et directeur de la revue La critica sociologica, il est l’auteur de plus de soixante

Les vingt-six photographies réunies pour l’exposition Le regard. Retour

ouvrages (sociologie, politique, poésie, œuvres autobiographiques). Son

d’un sociologue sur le terrain des périphéries romaines sont des images

livre Histoire et histoires de vie. La méthode biographique dans les sciences

que Franco Ferrarotti a faites lors de ses investigations dans des quartiers

sociales 1 est devenu une référence pour la recherche biographique

à grande pauvreté, situés dans des zones limitrophes de Rome. Ces espaces sont occupés par des baraques, construites avec des matériaux de

Et il est photographe. Il s’agit pour lui d’aller au-delà de l’observation so-

bord, sans eau ni électricité. Surgis de bric et de broc, dans la nécessité

ciologique et de rendre la matière de ce qu’il vit, ressent face à l’humain,

qu’ont eue les habitants d’avoir un lieu et un toit, même très précaire, à

pense aussi. Il ne fait pas de la photographie documentaire, il entre dans

la suite de leur expulsion du quartier central de la Subura et des anciens

une relation avec les personnes, les lieux. Son appareil argentique lui

bourgs autour du Vatican. Franco Ferrarotti venait de créer la chaire et

demande le temps qu’il faut pour le cadrage, les réglages de la lumière, 1  Ferrarotti, F. (2013) [1981]. Histoire et histoires de vie. La méthode biographique dans les sciences sociales. Paris: Téraèdre. 27

2  Cannizzaro, A. (2014). L’instante fatale de la photo istantanea. Court métrage (29 mn) réalisé pour l’exposition de photographies du VI CIPA. 3  Arasse, D. (2005). Histoire(s) de peinture. Paris: Denoël.


ce long temps d’une existence –qui est un si peu de temps dans l’histoire

de son cabinet de travail. Il doit y aller et demeurer sur place. C’est là

humaine – l’homme de la périphérie a changé. Il était en quelque sorte

la souffrance et le privilège du photographe. À vélo ou à pied, le pho-

l’inventeur artistique de ses moyens pratiques de vie au jour le jour. Il

tographe pratique encore aujourd’hui le voyage comme le pratiquaient

était en dehors de tout. Socialement exclu, politiquement absent, totale-

les pèlerins du Moyen Âge. Il sent la terre sous les pieds. À une époque

ment libre. Les chercheurs académiques le voyaient comme un membre

où la planète est devenue trop petite et où une poignée d’heures suffit,

de cette société décomposée que l’on nommait le Lumpenprolétariat.

sur un vol low-cost, pour la parcourir d’un bout à l’autre, le photographe

Mais regardez les yeux, les visages, les mains: ces groupes humains

reste fidèle au voyage de la tradition, au voyage lent et pénible, véritable

étaient vivants, fourmillants, joyeux, imprévisibles, inclassables.

travel – travail, travaglio, souffrance. Il sait que l’on voyage aujourd’hui si vite que l’on est toujours à la même place. En réalité, on ne voyage

La périphérie n’est plus périphérique. À Rome, par exemple, sur deux

plus, on est catapulté d’un lieu à l’autre. Ce resserrement de l’espace

millions huit-cent mille habitants, presque un tiers réside en périphérie.

rejoint la tendance isomorphique qui, peu à peu, mystérieusement mais

Si la périphérie s’arrête, la ville entière est bloquée. La périphérie est de-

inexorablement, attaque et détruit la diversité, transforme les lieux et les

venue centrale. À l’Acquedotto Felice, il y avait des baraques, appuyées et

humains et les rend semblables sinon identiques.

protégées, pour ainsi dire, par les ruines du monde antique. Maintenant on y fait du jogging le matin. On est passé du sous-prolétaire au petit

C’est grâce au photographe que la contingence historique, que l’accident

bourgeois, de l’invention du quotidien à la platitude urbaine.

humain, que la singularité individuelle peuvent être préservés, c’est la photographie qui peut encore témoigner du caractère dramatique de la

Bien entendu, il y avait la pauvreté. Mais c’était une pauvreté paradoxalement heureuse, acceptée avec dignité comme un mode de vie, comme le signe d’un destin commun. Aujourd’hui il y a encore la pauvreté mais

condition humaine. Franco Ferrarotti Rome, juillet 2014

c’est une pauvreté qui ne connaît pas la solidarité. C’est celle d’une population exploitée et désirante, qui voudrait sortir d’elle-même, devenir bourgeoise et exploiter les autres à son tour. C’est une pauvreté avec des fleurs à la fenêtre, un petit chien à promener, qui considère l’ordure et la saleté misérables d’hier et d’avant-hier comme des sujets honteux.

Le photographe est obligé de travailler sur le terrain. Il faut y aller. Il ne peut pas théoriser, tranquillement assis dans la pénombre silencieuse 28


Le Regard

“La forme d’une ville. Change plus vite, hélas! que le coeur d’un mortel.”

La photographie n’est pas nécessairement la reproduction mécanique

Baudelaire, Le Cygne

d’une attitude humaine. Il faut lire une photo comme on lit un essai de Montaigne. Elle peut faire comprendre que le regard est un message.

Je ne suis pas homme à revenir volontiers sur mes pas. Pour moi il est

Propertius a raison: Oculi sunt in amore duces. Dans l’amour les yeux

difficile, presque impossible de porter le regard en arrière, de considérer

sont nos guides. Mais il y a plus que cela.

ce que j’étais, ce que j’ai fait. Il se peut que je me sente encore trop jeune pour un examen de conscience ou, plus simplement, pour une évaluation

C’est dans le regard qu’a lieu la première rencontre, la participation de

paisible du passé. Par tempérament, je regarde toujours en avant. Ins-

l’humain à l’humain.

tinctivement, je pense que la recherche du temps perdu est une façon de perdre celui que nous vivons et qui nous reste à vivre.

Dans le Phèdre de Platon, on trouve ce passage crucial: Je ne puis voir

ma prunelle que dans la prunelle de mon ami. C’est dans le regard de

Alors, quand les amis français et brésiliens ont proposé une exposition

l’autre que naît la conscience de moi-même. Le regard est donc la pré-

à Rio de Janeiro de mes photographies d’il y a quarante cinquante ans,

sence et le sens de cette présence.

quand les amis italiens, ici à Rome, ont tout fait pour accompagner la réalisation et le commentaire de cette exposition, j’ai éprouvé des senti-

La vérité comme science devient conscience. Elle commence comme

ments mêlés. De joie et de gratitude certainement pour la reconnaissance

vérité privée pour devenir, à travers le regard et le message qu’il nous

accordée à cette partie peu connue de mon travail. Mais aussi d’embarras

adresse, vérité intersubjective. Le sujet sort de sa solitude et s’ouvre à

et de perplexité. Ces photographies d’un presque autrefois, qu’avaient-

l’autre. Identité et altérité se rencontrent. Le regard est le premier pas, un

elles à me dire, à moi qui les retrouvais et m’y retrouvais peut-être, à

pas essentiel vers la construction de la communauté humaine.

distance? Et surtout que pouvaient-elle dire à ceux qui les découvriraient, qui les regarderaient pour la première fois?

Franco Ferrarotti

Eh bien, ceci justement: que le monde a changé, que les hommes ont changé. Et plus précisément que la ville, qui est le monde moderne des hommes, et que les hommes dans la ville ont changé. Le malaise ou le mal-être que j’éprouve devant les photographies des périphéries de jadis n’est pas une question de nostalgie ou de narcissisme. Le fait est qu’en 29


Le Regard Retour d’un sociologue sur le terrain des périphéries romaines

Du 16 novembre au 19 novembre, 2014 Horaires: 9h-20h, lundi-mercredi

Hommage du VI CONGRÈS INTERNATIONAL DE RECHERCHE (AUTO) BIOGRAPHIQUE à Franco Ferrarotti Commissaire d’exposition Christine Delory-Momberger

Département de la Culture – Decult Foyer du Théâtre Odylo Costa, filho – UERJ Rua São Francisco Xavier, 524 Maracanã – Rio de Janeiro


Reitor Ricardo Vieiralves de Castro Vice-Reitor Paulo Roberto Volpato Dias Sub-Reitora de Extensão e Cultura Regina Lúcia Monteiro Henriques Diretor do Departamento Cultural Ricardo Gomes Lima Coordenadora de Exposições Cáscia Frade Curadoria Christine Delory-Momberger Fotografias Coleção privada de Franco Ferrarotti Comunicação social Amanda Neves Joyce Souza e Julianna Paes (bolsistas) Projeto gráfico Celeste Matos, Rodrigo Ashton e Sidiney Rocha Revisão de texto Amanda Neves Tradução Ana Luiza Grillo Balassiano Revisão de Tradução Brigitte Bentolila Produção Ana Luiza Grillo Balassiano Organização e projeto expositivo Leandro Almeida, Rejane Manhães, Roberto Reis e Salete Pena

Realização

Iluminação Equipe da Divisão de Teatro Monitoria Agnes Entrago, Bruna Gomez, Carolina Meira, Carolina Guarilha, Daniella Girard, Nacilene Cruz, Rafaela de Oliveira, Rejane Ribeiro, Thaís Pol, Vitória Perla Equipe técnico-administrativa Alexander de Souza e Heloísa Barboza

Apoio Impressão



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