Pierre David Richard Stewart
LOGÍSTICA Internacional Tradução da 2ª edição norte-americana
Sumário
Prefácio ........................................................................................................................
XV
Sobre os autores...........................................................................................................
XIX
Capítulo Um Introdução ....................................................................................................................
1
1-1
Expansão do Comércio Internacional .............................................................
2
1-2
Marcos do Comércio Internacional .................................................................
3
1-3
Países que mais Exportam e Importam ............................................................
4
1-4
Fatores Determinantes do Comércio Internacional..........................................
5
1-5
Teorias do Comércio Internacional .................................................................
10
1-6
O Ambiente de Negócios Internacionais .........................................................
13
Questões para Revisão e Discussão ............................................................................
14
Referências ...............................................................................................................
15
Capítulo Dois Gestão da Cadeia Internacional de Suprimentos...........................................................
17
2-1
História do Desenvolvimento da Logística Internacional .................................
17
2-2
Definições de Logística e Gestão da Cadeia de Suprimentos ............................
22
2-3
Definição de Logística Internacional ...............................................................
25
2-4
Definição de Gestão da Cadeia de Suprimentos Internacional .........................
25
2-5
Elementos de Logística Internacional ..............................................................
27
2-6
Importância Econômica da Logística ..............................................................
28
2-7
Importância Econômica da Logística Internacional .........................................
29
Questões para Revisão e Discussão ............................................................................
29
Referências ...............................................................................................................
30 VII
VIII
Logística Internacional
Capítulo Três Infraestrutura Logística Internacional ...........................................................................
31
3-1
Definições ......................................................................................................
31
3-2
Infraestrutura de Transportes ..........................................................................
32
3-3
Infraestrutura de Comunicação ......................................................................
49
3-4
Infraestrutura de Serviços Públicos .................................................................
52
Questões para Revisão e Discussão ............................................................................
54
Referências ...............................................................................................................
55
Capítulo Quatro Métodos de Entrada em Mercados Estrangeiros ...........................................................
59
4-1
Fatores Estratégicos de Entrada .......................................................................
59
4-2
Exportação Indireta ........................................................................................
60
4-3
Exportação Ativa ............................................................................................
63
4-4
Produção no Exterior .....................................................................................
70
4-5
Importação Paralela ........................................................................................
78
4-6
Mercadoria Falsificada ....................................................................................
80
4-7
Outras Questões Relativas a Métodos de Entrada ............................................
81
Questões para Revisão e Discussão ............................................................................
82
Referências ...............................................................................................................
83
Capítulo Cinco Contratos Internacionais ...............................................................................................
85
5-1
Lex Mercatoria ................................................................................................
85
5-2
Contratos de Venda Internacionais e o CISG ..................................................
86
5-3
Questões Legais Relativas a Agenciamento versus Distribuição.........................
89
5-4
Elementos de um Contrato de Agenciamento ou de Distribuição ....................
91
5-5
Término ......................................................................................................... 100
5-6
Arbitragem ..................................................................................................... 101
5-7
Mediação ....................................................................................................... 103
Questões para Revisão e Discussão ............................................................................ 103 Referências ............................................................................................................... 104
Sumário
Capítulo Seis Termos de Comércio ou Incoterms ................................................................................
IX
105
6-1
Termos de Comércio Internacional ................................................................. 105
6-2
Entendendo os Incoterms ............................................................................... 106
6-3
Estratégia de Escolha dos Incoterms................................................................ 106
6-4
EXW (Ex-Works – Ex-Fábrica) ........................................................................ 107
6-5
FCA (Free Carrier – Livre no Transportador) .................................................. 110
6-6
FAS (Free Alongside Ship – Livre ao Costado do Navio) ................................... 111
6-7
FOB (Free On Board – Livre A Bordo) no Porto de Partida ............................. 113
6-8
CFR (Cost and Freight – Custo e Frete) ........................................................... 114
6-9
CIF (Cost, Insurance, and Freight – Custo, Seguro e Frete) ............................... 116
6-10 CPT (Carriage Paid To – Transporte Pago Até) ................................................ 117 6-11 CIP (Carriage and Insurance Paid To – Transporte e Seguro Pagos Até) ............ 119 6-12 DES (Delivered Ex-Ship – Entregue no Navio) ................................................ 120 6-13 DEQ (Delivered Ex-Ship – Entregue no Cais) ................................................. 121 6-14 DAF (Delivered At Frontier – Entregue na Fronteira) ...................................... 122 6-15 DDU (Delivered Duty Unpaid – Entregue com Imposto Não Pago) ................ 123 6-16 DDP (Delivered Duty Paid – Entregue com Imposto Pago) ............................. 125 6-17 Intercâmbio Eletrônico de Dados ................................................................... 126 6-18 Erros Comuns no Uso de Incoterms ............................................................... 127 6-19 Incoterms como Ferramenta de Marketing...................................................... 128 Questões para Revisão e Discussão ............................................................................ 129 Referências ............................................................................................................... 130 Capítulo Sete Condições de Pagamento ..............................................................................................
131
7-1
Características das Questões de Pagamento Internacional ................................ 131
7-2
Condições Alternativas de Pagamento ............................................................. 133
7-3
Riscos do Comércio Internacional .................................................................. 134
7-4
Pagamento Antecipado ................................................................................... 137
7-5
Faturamento................................................................................................... 138
7-6
Carta de Crédito ............................................................................................ 139
7-7
Cobrança Documentária ................................................................................ 147
X
Logística Internacional
7-8
Cartão de Compras ........................................................................................ 152
7-9
TradeCard ...................................................................................................... 153
7-10 Garantias Bancárias ........................................................................................ 154 7-11 Condições de Pagamento como Ferramenta de Marketing............................... 155 Questões para Revisão e Discussão ............................................................................ 156 Referências ............................................................................................................... 157 Capítulo Oito Moeda de Pagamento (Gestão de Riscos das Transações) ............................................
159
8-1
Moeda de Cotação do Contrato de Venda ....................................................... 159
8-2
O Sistema de Taxas Cambiais ......................................................................... 164
8-3
Teorias para Determinar a Taxa Cambial ......................................................... 172
8-4
Previsão da Taxa de Câmbio ........................................................................... 179
8-5
Gestão do Grau de Exposição da Transação ..................................................... 182
8-6
Instituições Bancárias Internacionais ............................................................... 187
8-7
Moeda de Pagamento como Ferramenta de Marketing .................................... 189
Questões para Revisão e Discussão ............................................................................ 190 Referências ............................................................................................................... 190 Capítulo Nove Documentos Comerciais Internacionais ........................................................................
193
9-1
Documentação Exigida ................................................................................... 193
9-2
Faturas ........................................................................................................... 194
9-3
Documentos de Exportação ............................................................................ 198
9-4
Documentos de Importação ........................................................................... 206
9-5
Documentos de Transporte ............................................................................. 214
9-6
Intercâmbio Eletrônico de Dados ................................................................... 222
9-7
Preparação de Documentos como Ferramenta de Marketing ........................... 224
Questões para Revisão e Discussão ............................................................................ 225 Referências ............................................................................................................... 226
Sumário
Capítulo Dez Seguro Internacional .....................................................................................................
XI
229
10-1 Armadilhas do Seguro Internacional ............................................................... 229 10-2 Glossário de Termos da Área de Seguros.......................................................... 230 10-3 Perigos que Podem Ser Causados pelo Mar ..................................................... 231 10-4 Perigos Associados ao Transporte Aéreo........................................................... 245 10-5 Interesse Segurável .......................................................................................... 246 10-6 Gerenciamento de Riscos................................................................................ 248 10-7 Apólices de Seguro Marítimo .......................................................................... 250 10-8 Coberturas sob Apólice de Seguro de Carga Marítima ..................................... 252 10-9 Elementos de uma Apólice de Frete Aéreo ....................................................... 259 10-10 Apresentação de uma Reclamação de Sinistro .................................................. 260 10-11 Lloyd’s ........................................................................................................... 263 10-12 Seguro de Crédito Comercial .......................................................................... 265 Questões para Revisão e Discussão ............................................................................ 269 Referências ............................................................................................................... 269 Capítulo Onze Transporte Marítimo Internacional ................................................................................
273
11-1 Tipos de Serviço ............................................................................................. 273 11-2 Tamanho dos Navios ...................................................................................... 274 11-3 Tipos de Navio ............................................................................................... 279 11-4 Bandeira......................................................................................................... 294 11-5 Carteis ........................................................................................................... 298 11-6 Convenções de Responsabilidade .................................................................... 299 11-7 Transportadora Não Proprietária de Navios..................................................... 302 11-8 Exigências em Relação à Segurança ................................................................. 303 Questões para Revisão e Discussão ............................................................................ 306 Referências ............................................................................................................... 307 Capítulo Doze Transporte Aéreo Internacional .....................................................................................
309
12-1 Tipos de Serviço ............................................................................................. 310
XII
Logística Internacional
12-2 Tipos de Aeronave .......................................................................................... 312 12-3 Regulamentações Internacionais ..................................................................... 316 12-4 Tarifas de Frete ............................................................................................... 318 Questões para Revisão e Discussão ............................................................................ 320 Referências ............................................................................................................... 320 Capítulo Treze Transporte Internacional Terrestre e Multimodal ...........................................................
321
13-1 Transporte por Caminhão............................................................................... 321 13-2 Transporte Ferroviário .................................................................................... 326 13-3 Transporte Intermodal .................................................................................... 329 13-4 Fretistas .......................................................................................................... 339 13-5 Carga Projetada .............................................................................................. 339 13-6 Meios de Transporte Alternativos .................................................................... 340 Questões para Revisão e Discussão ............................................................................ 342 Referências ............................................................................................................... 342 Capítulo Quatorze Embalagem para Exportação.........................................................................................
345
14-1 Funções da Embalagem .................................................................................. 345 14-2 Objetivos da Embalagem ................................................................................ 346 14-3 Carga Marítima .............................................................................................. 348 14-4 Transporte Aéreo ............................................................................................ 360 14-5 Transporte Rodoviário e Ferroviário ................................................................ 362 14-6 Segurança ....................................................................................................... 363 14-7 Carga Perigosa ................................................................................................ 364 14-8 Produtos Refrigerados .................................................................................... 366 14-9 Questões sobre Embalagem no Varejo Doméstico ........................................... 367 14-10 Embalagem como Ferramenta de Marketing ................................................... 369 Questões para Revisão e Discussão ............................................................................ 370 Referências ............................................................................................................... 370
Sumário
Capítulo Quinze Desembaraço Alfandegário ...........................................................................................
XIII
373
15-1 Imposto de Importação .................................................................................. 373 15-2
Barreiras Não Tarifárias ................................................................................. 386
15-3 Processo de Desembaraço Alfandegário ........................................................... 392 15-4 Zonas de Comércio Exterior ........................................................................... 399 Questões para Revisão e Discussão ............................................................................ 400 Referências ............................................................................................................... 401 Capítulo Dezesseis A Logística Internacional como Vantagem Competitiva .................................................
405
16-1 Desafios da Comunicação............................................................................... 405 16-2 Inglês Internacional ........................................................................................ 406 16-3 Inglês Especial ................................................................................................ 409 16-4 Sistema Métrico ............................................................................................. 410 16-5 Sensibilidade Cultural .................................................................................... 412 16-6 Conselhos Específicos ..................................................................................... 413 Questões para Revisão e Discussão ............................................................................ 416 Referências ............................................................................................................... 416
Introdução Capítulo Um
N
os anos posteriores à Segunda Guerra Mundial, assistimos ao crescimento sem precedentes do comércio internacional, acompanhado de uma melhora do desenvolvimento econômico da maioria das nações. Países que há 60 anos mal conseguiam alimentar sua população são, agora, potências econômicas cujos habitantes desfrutam de um padrão de vida moderno e cujas empresas fazem negócios no âmbito internacional. Em muitos países em desenvolvimento, as preocupações políticas deixaram de ser a fome e a miséria e se voltaram para a poluição e para o caos urbano, que antes eram problemas dos países desenvolvidos. O crescimento do comércio internacional foi impulsionado pela noção de que os países se beneficiam, economicamente, com as trocas mútuas e pela noção de que o comércio contribui para o bem-estar da população mundial. A Figura 1-11 ilustra o crescimento do comércio internacional e a participação de 25 países da Europa, além dos Estados Unidos, do Japão, da China e do restante do mundo. Os profissionais de logística internacional foram os principais facilitadores desse crescimento. Eles são os gestores que garantem a entrega segura e pontual de milhões de dólares em mercadorias. São responsáveis por: • • • • • • • •
providenciar o transporte das mercadorias por longas distâncias conhecer as vantagens e desvantagens das diferentes modalidades de transporte disponíveis e fazer a escolha correta garantir que as mercadorias sejam embaladas adequadamente para o transporte providenciar seguro apropriado das mercadorias em trânsito e estar ciente dos riscos a que estão sujeitas minimizar os riscos associados a pagamentos internacionais selecionando a moeda correta para pagamento ou a melhor estratégia de proteção cambial (hedging) garantir que as mercadorias sejam acompanhadas dos documentos adequados, para que possam ser liberadas pela alfândega, no país destinatário. definir as responsabilidades das partes locais e estrangeiras pelos diversos aspectos da remessa da carga e da documentação determinar qual método é mais adequado para a operação de pagamento entre exportador e importador.
Embora as responsabilidades de um gestor de logística internacional sejam discutidas ao longo deste livro, este capítulo oferece uma visão geral da extensão do comércio internacional, 1
Logística Internacional
2
2003: 7.342 1993: 3.670 1983: 1.838 1973: 579 1953: 84
1963: 157
Europa
Estados Unidos
Japão
China
Restante do mundo
Figura 1-1 Crescimento do comércio mundial, em bilhões de dólares americanos (1953-2003)
das teorias econômicas da área e de algumas das dificuldades relacionadas à condução dos negócios no cenário internacional.
1-1 Expansão do Comércio Internacional Tomando por base o dólar americano a valor constante, o comércio internacional cresceu 2.400% entre 1950 e 20052, e mais de 225% desde 1980 (ver tabelas 1-13, 1-24 e 1-35), o que representa uma taxa de crescimento anual de 5% (as diferenças entre exportação e importação refletem as variadas formas de se calcular os valores importados e exportados). Esse crescimento foi desencadeado pela maciça liberalização do comércio internacional após a Segunda Guerra Mundial e pela criação de várias organizações destinadas a facilitar as transações comerciais entre países. Além disso, observou-se queda significativa nos custos de transporte e nos tempos de trânsito (lead times). Nesse período, a crescente aceitação, por parte do consumidor, de produtos “estrangeiros”, de alimentos a automóveis, permitiu que um número cada vez maior de empresas expandisse suas vendas para além das fronteiras domésticas.
Tabela 1-1 Comércio internacional mundial total em mercadorias Volume de mercadorias comercializadas internacionalmente em bilhões de dólares Ano
Exportações
Importações
1980
2.028,53
2.067,43
1985
1.937,08
1.995,84
1990
3.388,15
3.488,46
1995
4.967,42
5.078,02
2000
6.245,47
6.517,99
2004
6.642,00
6.985,00
Introdução
3
Tabela 1-2 Comércio internacional mundial total em serviços Volume de serviços comercializados internacionalmente em bilhões de dólares Ano
Exportações
Importações
1980
364,30
400,40
1985
381,80
399,30
1990
783,20
817,90
1995
1.190,80
1.200,10
2000
1.457,30
1.453,10
2004
2.125,00
2.095,00
Tabela 1-3 Comércio internacional mundial total em mercadorias e serviços Volume total comercializado internacionalmente em bilhões de dólares Ano
Exportações
Importações
1980
2.392,83
2.467,83
1985
2.318,88
2.395,74
1990
4.171,35
4.306,36
1995
6.158,22
6.378,12
2000
7.702,77
7.971,09
2004
8.767,00
9.080,00
1-2 Marcos do Comércio Internacional O desenvolvimento do comércio internacional teve, ao longo dos anos, vários marcos críticos, como a ratificação de importantes tratados internacionais e o estabelecimento de organizações internacionais destinadas a facilitar e apoiar as atividades do comércio internacional.
1-2a Conferência de Bretton-Woods Em julho de 1944, último ano da Segunda Guerra Mundial, os líderes aliados reuniram-se, na cidade de veraneio de Bretton-Woods, em uma conferência que levou à criação de várias instituições internacionais, duas delas especificamente desenhadas para facilitar o comércio internacional, a saber: •
Fundo Monetário Internacional (FMI) – Criado em 27 de dezembro de 19456, estabeleceu um sistema internacional de pagamento e introduziu taxas de câmbio entre moedas estáveis.
Logística Internacional
4
•
Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) – Após várias etapas de negociação (Genebra [1948], Annecy [1949], Torquay [1951], Genebra [1956], Rodada Dillon [1960-61], Rodada Kennedy [1964-67], Rodada Tóquio [1973-79] e Rodada Uruguai [1986-94]) levou à diminuição dos impostos, de 40%, em média, em 1947, para pouco mais de 4%, em média, em 2006.
1-2b Organização Mundial do Comércio A Organização Mundial do Comércio (OMC), criada oficialmente em 1o de janeiro de 19957, “substituiu” o GATT. Sua tarefa básica é “aplicar” as regras de livre-comércio. Desde 2001, vem trabalhando nas negociações multilaterais da Rodada Doha, cuja meta é melhorar o comércio de commodities agrícolas, dificultado por muitas barreiras não tarifárias e pelos múltiplos subsídios agrícolas dos países desenvolvidos.
1-2c Tratado de Roma O Tratado de Roma, de 1957, firmado entre Bélgica, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo e Holanda, levou à criação da União Europeia e foi copiado por outros grupos de países que tiveram maior ou menor sucesso na criação de seus próprios mercados comuns. A União Europeia se expandiu em 1973 (Dinamarca, Irlanda e Reino Unido), em 1981 (Grécia), em 1986 (Espanha e Portugal), em 1995 (Áustria, Finlândia e Suécia) e em 2004 (Chipre, República Tcheca, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia, Eslováquia e Eslovênia). Até agosto de 2006, o grupo contava, no total, com 25 países. A criação da União Europeia deu início a muitos outros grupos econômicos regionais e a acordos bilaterais ou multilaterais entre os quais os mais importantes são: a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), o Mercosul, o Pacto Andino e o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta). Vários exemplos são apresentados na Tabela 1-4.
1-2d Criação do Euro O euro, moeda europeia introduzida em 1999, entrou em circulação em 1o de janeiro de 2002, em 12 dos 25 países da União Europeia (Áustria, Europeia, instituída no fim Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Itália, Irlanda, Luxemburgo, dos anos 1990, entrou em Holanda, Portugal e Espanha). O euro também passou a ser usado como circulação em 1o de janeiro moeda oficial por vários países menores, que não fazem parte da União de 2002. Europeia. Além disso, vários países em desenvolvimento atrelaram a ele suas próprias moedas. Foi o primeiro esforço multinacional conjunto para substituir 12 moedas fortes e tradicionais e acabou por se tornar uma das moedas mais fortes do mundo. euro Moeda comum a 12 dos 25 países da União
1-3 Países que mais Exportam e Importam As figuras 1-28 e 1-39 mostram os países que mais exportaram e importaram em 2004; a maioria deles tem políticas de comércio liberais ou acordos de livre-comércio com muitos de seus parceiros.
Introdução
5
Tabela 1-4 Blocos econômicos de comércio Grupo econômico
Data de criação
Membros atuais
União Europeia
1958
Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia e Suécia
Mercado Comum CentroAmericano
1960
Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua
Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático)
1967
Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia, Vietnã
Pacto Andino
1969
Bolívia, Colômbia, Equador, Peru
Caricom (Comunidade do Caribe)
1973
Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago
Ecowas (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental)
1975
Benin, Burkina Fasso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo
Conselho de Cooperação do Golfo
1981
Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuait, Omã e Qatar
Nafta (Acordo de LivreComércio da América do Norte)
1994
Canadá, Estados Unidos e México
Comunidade Econômica e Monetária da África Central
1994
Camarões, Chade, Gabão, Guiné Equatorial, República CentroAfricana e República do Congo
Comunidade da África Oriental
2001
Quênia, Tanzânia, Uganda
1-4 Fatores Determinantes do Comércio Internacional Há muitas explicações para o enorme crescimento do comércio internacional na segunda metade do século XX. Algumas empresas tiveram razões para expandir suas vendas a países estrangeiros, outras tiveram motivos para comprar matérias-primas e suprimentos de outros países. Esses fatores determinantes do comércio internacional podem ser divididos em quatro categorias principais: custo, concorrência, mercado e tecnologia.
1-4a Fatores de Custo No caso de empresas que precisam de grandes investimentos de capital em fábricas e maquinário, ou seja, possuem estrutura cujos custos fixos dedicados são altos, há uma grande necessidade e, portanto, um forte incentivo, para diluir esses custos fixos entre um maior número de unida-
6
Logística Internacional
des. Por esse motivo, a indústria automobilística foi uma das primeiras a buscar clientes fora dos mercados domésticos. As empresas que dominam esse segmento estão presentes em quase todos os países: Ford Motor Company, Toyota Motors e Volkswagen produzem e vendem automóveis nas regiões mais remotas do planeta. As empresas que não têm presença internacional tão marcante tendem a ser compradas por seus concorrentes: a Chrysler foi comprada pela DaimlerBenz em 1998 e a Nissan, pela Renault em 1999. No final de maio de 2006, a General Motors e a Renault-Nissan estavam pensando em realizar uma operação semelhante. Esses fatores de custo não se limitam a fábricas e maquinário. Em indústrias nas quais os custos de desenvolvimento são muito elevados e os custos de fabricação são baixos, como na de software, as empresas estão sempre buscando desenvolver o mercado internacional para diluir os custos de desenvolvimento; é o caso, por exemplo, da Microsoft. Os demais incentivos de custo ao comércio internacional estão ligados à questão dos suprimentos; empresas que montam produtos de peças e subconjuntos (os fabricantes originais) buscam fornecedores que tenham os menores preços. Por isso, compram peças de empresas situadas em países onde os custos com mão-de-obra ou energia são baixos. Esse padrão de com-
Reino Unido
Bélgica
Holanda Alemanha Itália Oceano Ártico
Oceano Ártico
Canadá Oceano Pacífico Norte
Rússia
França Oceano Atlântico Norte
Estados Unidos
Coreia Japão
China
Oceano
Taiwan Pacífico Hong Kong Norte
México
Posição
País Importador União Europeia (25)
Oceano Pacífico Sul
Valor
Participação
1.203,8 Oceano Índico
18,1%
1
Alemanha
912,3
2
Estados Unidos
818,8
10,0% 8,9%
3
China
593,3
6,5%
4
Japão
565,8
6,2%
5
França
448,7
4,9%
6
Holanda
358,2
3,9%
7
Itália
349,2
3,8%
8
Reino Unido
346,9
3,8%
9
Canadá
316,5
3,5%
10
Bélgica
306,5
3,3%
11
Hong Kong
265,5
2,9%
12
Coreia
253,8
2,8%
13
México
189,1
2,1%
14
Rússia
183,5
2,0%
15
Taiwan
182,4
2,0%
Restante do mundo
3.062,5
33,4%
Total
9.153,0
100,0%
Figura 1-2 Países que mais exportaram mercadorias no mundo (2004) – em bilhões de dólares (inclusive reexportação)
Introdução
Reino Unido
Bélgica
Holanda Alemanha Itália
Oceano Ártico
Oceano Ártico
Canadá Oceano Pacífico Norte
França Espanha
Estados Unidos
Coreia
Posição 1
Japão
China
Oceano Atlântico Norte
México
Oceano Pacífico Sul
7
Oceano
Taiwan Pacífico Hong Kong Norte País Importador
Valor
Participação
Estados Unidos
1525,5
16,1%
União Europeia (25)
1280,6
13,5%
2
Alemanha
716,9
7,6%
3
China
561,2
5,9%
4
França
465,5
4,9%
5
Reino Unido
463,5
4,9%
6
Japão
454,5
4,8%
7
Itália
351,0
3,7%
8
Holanda
319,3
3,4%
9
Bélgica
285,5
3,0%
10
Canadá
279,8
2,9%
11
Hong Kong
272,9
2,9%
12
Espanha
249,3
2,6%
13
Coreia
224,5
2,4%
14
México
206,4
2,2%
15
Taiwan
168,4
1,8%
Restante do mundo
2.950,8
31,1%
Total
9.495,0
100,0%
Figura 1-3 Países que mais importam mercadorias no mundo (2004) – em bilhões de dólares (inclusive reexportação)
pra é chamado terceirização. Por exemplo, a Royal Appliance Manufacturing, produtora dos aspiradores de pó da marca Dirt Devil, terceirização Prática que começou a fabricar seus produtos nos Estados Unidos. Em 2006 deixou de consiste na contratação, por uma empresa, de outra produzir no país e terceirizou toda a sua produção. empresa para executar Nos Estados Unidos, esse fenômeno de terceirização é também chaalgumas das operações que mado “efeito Wal-Mart”. Exige-se que o fabricante forneça os produtos a primeira costumava realizar segundo um determinado patamar de preços e há uma pressão implacá- por si mesma. vel para reduzir, todo ano, esses patamares, em resposta às preferências do consumidor. As empresas buscam, então, os fornecedores que ofereçam os preços mais baixos, invariavelmente fora do país. A busca por custos de fabricação mais baixos também provocou uma mudança substancial em outros setores, principalmente na indústria de produtos para venda no varejo: tecidos, brinquedos, utensílios domésticos etc.
8
Logística Internacional
1-4b Fatores de Concorrência Em alguns casos, é o incentivo da concorrência que determina a expansão da empresa para fora do país. Por exemplo, se um dos concorrentes de uma empresa, em um dado país, investir em um país específico, os outros podem ser obrigados a seguir o exemplo, para não perder mercado. Esse tipo de comportamento competitivo é mais comum na área de bens de capital do que na área de consumo; entretanto, é esse o fator determinante da forte competição entre os dois maiores varejistas do mundo. O Carrefour, da França, e o Wal-Mart, dos Estados Unidos, são concorrentes em vários países; assim que um entra em um mercado estrangeiro, o outro se vê obrigado a segui-lo. Em outros casos, as empresas aumentam as vendas para o exterior em resposta às atividades de seus concorrentes. Quando um novo concorrente estrangeiro entra no mercado doméstico de uma empresa, ela pratica a chamada “retaliação”, ou seja, entra no mercado doméstico do novo concorrente e compete com ele. Um exemplo é a Gap, que entrou no mercado italiano depois que a Benetton começou a concorrer com ela nos Estados Unidos. Fatores de concorrência também existem no tocante aos suprimentos. Se um concorrente lança no mercado um novo produto para o segmento de consumidores sensíveis a preço, a empre-
Negócios Globais A globalização dos mercados tornou-se tão universal que passou a ser inquestionável. Por exemplo, ninguém se surpreende se Tony, um executivo canadense, tiver uma reunião com Juria, seu colega da Indonésia, em um restaurante francês, em Londres. Uma observação mais atenta revelaria que um deles usa um terno italiano e sapatos produzidos no Brasil, ao passo que o outro usa um terno feito em Hong Kong e sapatos produzidos na Tailândia, as camisas de ambos são de algodão egípcio. Tony está hospedado em um hotel administrado por indianos, e Juria, em um hotel que pertence a um empresário palestino. A reunião pode muito bem ser acompanhada por uma xícara de café da Costa do Marfim, doces sírios, e terminar com um charuto cubano. Tony pode ter voado para Londres em um avião de fabricação europeia, mas de propriedade de uma empresa aérea americana, ao passo que Juria pode ter chegado em um avião americano, de propriedade de uma empresa
de Cingapura; ambos os aviões podem ter sido abastecidos com combustível da Arábia Saudita e da Nigéria. Um foi até o restaurante em um táxi fabricado por uma empresa sueca e o outro usou um carro alugado, produzido na Espanha. Ambos chegaram ao restaurante pontualmente – um com seu relógio suíço, o outro com seu relógio japonês. A reunião, para discussão da futura compra de um ferramental alemão para uma fábrica localizada na África do Sul, de propriedade da empresa coreana na qual Tony trabalha, gerou uma minuta de contrato preparada rapidamente em um computador produzido na Coreia com componentes de diversas origens. Após a reunião, eles combinaram assistir a um jogo de futebol entre Brasil e Costa Rica, transmitido por uma emissora australiana, em um televisor de tela plana feito na China, em um bar cujo dono é irlandês. Esses exemplos de globalização não são absurdos; têm apenas um certo exagero e infelizmente são baseados em estereótipos.
Introdução
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sa pode retaliar oferecendo um produto semelhante, para manter sua fatia de mercado. Como o novo produto do concorrente tende a ser fabricado em países onde os custos de produção são baixos, a empresa tem poucas opções, senão também recorrer a fornecedores estrangeiros.
1-4c Fatores de Mercado Com a explosão do turismo internacional, os interesses dos consumidores tornaram-se cada vez mais globais, e seus gostos e preferências, quase uniformes, em todo o mundo. Esse fenômeno foi observado, originalmente, no caso de produtos que refletiam a mobilidade do consumidor, como filme para máquina fotográfica e quartos de hotel. Se o consumidor quiser comprar filme em qualquer país existem, essencialmente, apenas três opções em todos os lugares (Kodak, Agfa e Fuji), mas é fácil comprar porque os filmes têm o mesmo tamanho, sensibilidade e usam as mesmas técnicas de revelação. Em relação a quartos de hotel, o número de marcas alternativas é muito maior, mas há certa uniformidade das opções. As empresas cujos clientes queriam encontrar produtos delas em todos os lugares tiveram de se lançar no mercado internacional. Na década de 1970, as lanchonetes McDonald’s da Alemanha, Grã-Bretanha e França eram frequentadas, principalmente, por estrangeiros que procuravam um padrão de refeição com o qual estavam familiarizados. Embora atualmente os estrangeiros ainda representem uma boa proporção das vendas, o McDonald’s atende principalmente consumidores locais que passaram a apreciar a conveniência da rede de fast-food. Esse fenômeno de padronização das preferências é generalizado: programas de televisão, vestuário, livros, música, alimentação, esportes etc. Por fim, conforme aumenta o grau de conhecimento dos consumidores em relação aos produtos, maior é a probabilidade de que comprem produtos com os quais ainda não estão familiarizados. Esse aspecto é típico da indústria de vinhos. Os vinhos franceses e italianos dominavam os segmentos mais elevados do mercado, mas o modo como eram comercializados exigia que o consumidor aprendesse um complexo sistema de classificação. Quando os produtores de vinhos dos Estados Unidos “simplificaram” a atividade colocando rótulos nas garrafas com o nome da variedade de uva utilizada, o mercado cresceu, pois comprar vinhos se tornou algo menos intimidante. O consumidor passou a correr menos risco de errar e passou a ter maiores chances de gostar do vinho escolhido. Uma consequência não intencional dessa simplificação foi o aumento substancial nas vendas de vinhos de países que, por tradição, vendiam exclusivamente para o mercado interno (por exemplo: Chile, África do Sul e Nova Zelândia).
1-4d Fatores Tecnológicos Outro motivo pelo qual as pessoas estão mais familiarizadas com produtos decorre do fato de a difusão da informação ter se tornado universal. Qualquer pessoa que tenha acesso à internet pode rapidamente consultar a Wikipédia ou qualquer outra página de informações. Os consumidores podem comprar produtos de qualquer lugar, com todo conforto. Ficou tão fácil comprar produtos do exterior quanto na loja ao lado. As empresas que mantêm páginas na internet atraem consumidores de todas as partes do mundo para que comprem seus produtos. Desenvolvendo o conceito de competição global entre empresas, Thomas Friedman escreve
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LOGÍSTICA Internacional Tradução da 2ª edição norte-americana
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