DIVERSIDADE, CURRÍCULO ESCOLAR E PROJETOS PEDAGÓGICOS: A RELAÇÃO FAMÍLIA, ESCOLA E COMUNIDADE

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DIVERSIDADE, CURRÍCULO ESCOLAR E PROJETOS PEDAGÓGICOS: A RELAÇÃO FAMÍLIA, ESCOLA E COMUNIDADE


Apresentação

Apresentação Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva a vida em constante movimento: esse parece ser o sonho de todo leitor que enxerga o estudo como fonte inesgotável de conhecimento. Pensando na imensa necessidade de atender ao desejo desse exigente leitor é que foi criado este produto, voltado para os anseios de quem busca informação e conhecimento com o dinamismo dos dias atuais. Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning, com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada. Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente, associada a uma leitura agradável e organizada, visando a facilitar o aprendizado e a memorização de cada disciplina. A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a interação com o assunto tratado. Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos Atenção, que o alertam sobre a importância do assunto abordado, e Para saber mais, que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosidades bem bacanas para aprofundar a apreensão do assunto, além de recursos ilustrativos, que permitem a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-chave em negrito, o leitor será levado ao Glossário para ter acesso à definição da palavra. Para voltar no mesmo ponto em que parou no texto, o leitor deve clicar na palavra-chave do Glossário, em negrito. Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance do conhecimento de maneira objetiva, concisa, didática e eficaz. Boa leitura!

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Prefácio

Prefácio Sem fugir do cerne do debate que remete ao tema desta disciplina, Diversidade, currículo escolar e projetos pedagógicos: a relação família, escola e comunidade vai dar ênfase a importantes debates, sem perder de vista a base desse conteúdo, que foca a questão do dinamismo a qual se submete a sociedade contemporânea. Visando atender e acompanhar as mudanças, na área da educação, é importante ter em mente que um dos personagens principais do cenário, o professor, tem de se preparar adequadamente para que as gerações de alunos não percam o compasso da evolução humana. A Unidade 1 vai tratar justamente da adaptação e da avaliação curricular, tratando de tópicos importantes para reflexão. A cidadania e o seu exercício é assunto estudado na Unidade 2. O papel da família no contexto do processo educacional é colocado em xeque na Unidade 3. Finalmente, a Unidade 4 propõe um importante estudo sobre a construção coletiva e participativa do projeto político-pedagógico, na perspectiva da Educação Especial. Bons estudos.

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Unidade 1 – Adaptação curricular e avaliação

UNIDADE 1

ADAPTAÇÃO CURRICULAR E AVALIAÇÃO Capítulo 1 Adaptação curricular, 10 Capítulo 2 Avaliação, 19 Capítulo 3 O sentido da avaliação, 21

Glossário, 23

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1. Adaptação curricular O panorama atual da educação é caracterizado por constantes mudanças e, consequentemente, fazem-se necessárias práticas mais críticas e reflexivas que levem à educação a possibilidade de construção do saber, almejando uma qualidade de fato, visando a uma aprendizagem que alcance os reais objetivos para a construção do conhecimento. Segundo Freire (1996), o processo de aprendizagem é uma via de mão dupla, ou seja, o professor deve aderir a uma postura dialética na qual o aluno traz consigo uma bagagem que não pode ser ignorada. Isso significa que o professor passa de um transmissor de conhecimentos, como determina a abordagem tradicional, para um mediador entre o aluno e o conhecimento. Nessa interação dialética entre o professor e o aluno e entre o aluno e o professor é que a prática se torna desafiadora, favorecendo e estabelecendo vínculos entre o processo de ensino e aprendizagem. Tal ação desperta e direciona no aluno caminhos que fazem parte de suas relações, em convívio com a sociedade atual, exigência essa que o levará a compreender o mundo em que vive, assim como a perceber que o indivíduo, como agente histórico e social, se faz e se refaz constantemente em um processo de autoformação. No ato de ensinar, atualmente, deve estar implícita a constante reflexão sobre os conteúdos a serem ensinados e como ensinar de maneira a proporcionar ao indivíduo uma formação de cidadão do mundo. Pensar e repensar a prática educativa e as formas de ação para atingir objetivos devem estar constantemente no dia-a-dia dos educadores. A prática de ensinar deve ser direcionada pela ação e pela reflexão, com o objetivo de se reinventar, tendo como sujeito principal o aluno, buscando refletir sobre a realidade na qual se insere, adequando essa prática conforme o contexto, dando condições para que os alunos possam construir seus conhecimentos a partir de um processo de ensino e aprendizagem que faça sentido na vida de cada um. Para a viabilização dessa ação, é imprescindível que os saberes docentes sejam construídos por meio da prática do professor, de forma que possam desempenhar um papel significativo durante a formação de cada indivíduo, pois a partir de uma práxis educativa comprometida com o saber/fazer, os resultados serão satisfatórios no âmbito escolar. Assim, refletir sobre a própria ação requer que o profissional se confronte com as formas de organização de seu pensamento, reflexão essa que se configura um processo delicado, que leva o educador a se libertar de suas amarras e de suas subjetividades. Porém, é necessário estabelecer compromissos


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com as mudanças que o permeiam, pois a educação é constantemente cercada por elas, que são pensadas e estabelecidas para melhorar o ensino em um contexto global. É importante que o professor pense nos alunos como sujeitos ativos, que participam e intervêm no que acontece ao seu redor, porque suas ações são a forma de reelaboração e de criação de mundo. Dessa forma, o sujeito (aluno) não pode ser entendido apenas isoladamente em seu desempenho e comportamento, mas como um ser que pensa a relação que tem com o outro e que estabelece, por meio dessa inter-relação, produções que acompanham a sociedade no tempo e no espaço. Nota-se que para haver a construção do conhecimento é preciso mediar as relações dos educandos, apresentando as diferentes formas e maneiras de aprendizagem, que devem garantir as trocas e descobertas, cuja ação e reflexão levam à capacidade de aprender e não apenas a ensinar os conteúdos, mas ensinar a pensar corretamente, pois quando o professor apresenta desafios para os alunos, esses irão construir e reconstruir o saber ensinado. Porém, não é simplesmente selecionar o que será ensinado, mas, sim, refletir sobre quais saberes serão relevantes para a construção do conhecimento. Para tanto, é fundamental que cada professor se sinta desafiado a repensar sobre sua prática, analisando as situações didáticas, considerando o desenvolvimento integral dos alunos, contemplando as características culturais e individuais, tanto no que se refere aos modos como interagem na escola, quanto às bagagens de saberes de que dispõem, pois muitas vezes os alunos chegam à escola com esses saberes socialmente construídos, que devem ser respeitados. Nessa linha de pensamento, Freire aponta que “o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática” (FREIRE, 1996, p.43). O autor reconhece, então, a necessidade da reflexão sobre a prática, pois à medida que o professor reconhece e assume suas ações, ele se encontrará em um processo constante de mudanças, favorecendo o desenvolvimento de seu trabalho e a organização do currículo escolar. Portanto, quando não se pratica a reflexão sobre a prática, não se pode exercer o papel de formador de indivíduos pensantes em uma sociedade democrática.

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ARA SABER MAIS: Sobre a postura ideal de um professor, leia a obra de Paulo Freire: Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários à Prática Educativa.

Dessa forma, o ato de ensinar requer, a priori, o exercício constante sobre as práticas docentes, de modo que esse ato esteja inserido no processo de formação, para que o professor possa aprimorar seus conhecimentos, partindo da busca de novos saberes, levando em consideração as novas estratégias de ensino e aprendizagem a serem realizadas com os discentes e, na medida do possível,

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realizando as adaptações curriculares necessárias para que a produção escolar seja concretizada com eficácia. Nesse contexto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (Lei n. 9.394/96) estabelece que a educação deve estar vinculada à prática social. No artigo 12, a Lei destaca que as unidades escolares são responsáveis por diversas ações, das quais se podem destacar os incisos I, IV, VI e VII, visto que tratam da articulação com as famílias e a comunidade, conforme segue: I – elaborar e executar sua proposta pedagógica. IV – velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente. VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola. VII – informar pai e mãe sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola.

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ARA SABER MAIS: Sobre a LDBEN, visite o site do Planalto para ter acesso à lei na íntegra, bem como as alterações feitas ao longo dos anos. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm. Acesso em 14 fev. 2016.

Nota-se que nesses incisos estão implícitos os processos de integração da sociedade com a escola. Desse modo, constata-se que a lei de diretrizes e bases dialoga com o currículo, segundo o qual a escola se integra à sociedade que educa, formando uma relação de mútua responsabilidade e proteção. A escola, mediante esse cenário, é responsável por mobilizar a comunidade e conscientizar a sociedade para o exercício de sua responsabilidade, visando a garantir que crianças e adolescentes tenham todas as condições necessárias para o seu desenvolvimento integral, envolvendo as competências e habilidades que despertem as potencialidades cognitivas, físicas, dentre outras habilidades socioemocionais. Dependendo do currículo utilizado pela instituição educacional, as formas de produção de conhecimento podem variar nos seus segmentos pedagógicos e tendem a seguir uma ideologia implícita no currículo oculto das escolas, o que diz respeito àquele currículo que não consta nos referenciais do ensino e nos documentos oficiais, mas que é praticado constantemente pela equipe educativa das unidades escolares. Assim, este texto se valerá do conceito de currículo proposto por Sacristán (2000), no qual esse autor salienta a importância de ter uma “concepção processual” do currículo para que esse não seja visto apenas como um material, mas um instrumento real e significativo para o aprendizado ao aluno.


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Diante do exposto, é impraticável, por parte dos docentes, lecionar, em uma instituição ou rede de ensino, desconhecendo o currículo que se aplica nessa rede ou instituição. É de suma importância que o docente procure a equipe gestora e seus pares, para conhecer o Projeto Político Pedagógico da instituição, as incumbências dos envolvidos no processo educacional e qual a linha pedagógica seguida pela escola. Segundo Sacristán (2000), o currículo não pode ser visto como algo distante do seu desenvolvimento, sendo assim, essencial que professores e gestores entendam que o currículo e a aplicação do mesmo para que ambos estejam em sintonia. O Currículo Oficial das Escolas Estaduais de São Paulo difere do Currículo Oficial da Prefeitura de São Paulo. Embora existam muitos aspectos semelhantes entre eles, suas especificidades interferem na organização do trabalho pedagógico, nas condições de trabalho, no material didático e na formação dos docentes. O currículo oficial é influenciado pela política pública e pela gestão administrativa do local onde o currículo rege, dependendo do tipo de investimento que o município ou o Estado fazem com relação ao material didático-pedagógico, à capacitação e à formação de docentes. Essa influência depende, ainda, da forma com a qual a Secretaria de Educação produz a educação da rede de ensino, sendo que o olhar para o currículo se altera e as mudanças política e social sofrem consequências que chegam até o espaço da sala de aula. Um currículo não é imparcial, ele destaca a complexidade da sociedade, pois lida com um conjunto de saberes, vivências e experiências culturais, sociais e históricas. Um trabalho colaborativo entre a formação dos docentes e um currículo que atenda às necessidades dos discentes é fundamental. Esse tipo de parceria pode ser observado quando se desenvolve uma política educacional de projetos no ambiente escolar, visto que o trabalho com projetos possibilita: • Quebra da linearidade e fragmentação curriculares; • Flexibilização de tempos e espaços escolares; • Interdisciplinaridade; • Contextualização; • Construção de competências; • Problematização como ponto de partida.

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Não é mais possível conceber a escola como aquela que recebe alunos que aprendem de maneira passiva. Hoje a escola está mais democrática recebendo indivíduos de todas as idades, origens e condições sociais. As matrizes curriculares da atualidade exploram as habilidades e as competências de forma global. O fato de se viver em uma sociedade em que os jovens nascem clicando, em um período de grande fluxo de informações, dominado pelas redes sociais, interfere na produção do conhecimento, tornando-o fragmentado e isolado, podendo acarretar na perda do sentido da aprendizagem. Sabe-se que as crianças e os adolescentes passam grande parte de seu tempo no ambiente escolar. Professores e equipe gestora muitas vezes vivenciam situações e observam o comportamento dos discentes de uma forma sistemática e minuciosa. A função das equipes educativas e sua importância na sociedade são inquestionáveis, pois oportunizam a construção de cidadãos comprometidos e críticos. Muitos teóricos relatam que a porta para a aprendizagem é emocional, evidenciando que são necessários vínculos entre docente e discente para que a produção do conhecimento em sala de aula seja eficiente. Pode-se dizer que é possível que um aluno produza conhecimento sem que tenha qualquer vínculo afetivo com seu professor, no entanto, quando o professor se aproxima dos alunos, faz amizade, cria pontes de comunicação, a aprendizagem torna-se divertida, produtiva, e os discentes produzem mais, pois dão significados às múltiplas vivências desenvolvidas em sala de aula. Crianças e jovens deste milênio necessitam saber o porquê das coisas, a razão de ser, o motivo pelo qual o docente irá utilizar determinado material. Tais fatores, que interferem no processo educacional, devem ser compartilhados com os alunos, oferecendo a eles a oportunidade de opinar, sugerir e participar das decisões que envolvem a sua aprendizagem. Dessa forma, os alunos se responsabilizam pela tomada de decisões e pela aprendizagem. A Instituição Escolar é um referencial na vida das crianças e jovens. Suas experiências afetivas, relacionamentos entre amigos, discussões éticas, debates, conflitos e percepção das diferenças são momentos vivenciados que comporão a formação integral do ser humano, assim como o diálogo com os espaços educativos, as relações de convivência com o outro e a aplicação dos pilares da educação. São essas reflexões que permitem que se verifiquem os significados que abrangem o currículo, pois esse traz consigo o influências “convergentes e sucessivas, coerentes ou contraditórias,” (SACRISTÁN, 2000) tornando-se um material complexo. O currículo é um instrumento que agrega diversos compromissos que se complementam, atendendo às necessidades da sociedade como um todo, e, por isso, não é possível que o olhemos de maneira estática.


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Por conseguinte, nota-se que a consolidação do currículo vai além da formação docente e abarca as opções políticas da rede de ensino, as concepções psicológicas, epistemológicas, os valores sociais e os modelos educativos. Se o pressuposto pedagógico que rege o currículo segue seus próprios códigos e conteúdos, por outro lado o currículo oculto não deixará de ser praticado. Desse modo, é importante que a gestão desenvolva regularmente um policiamento sobre suas fragilidades, seus pontos fortes, seus desafios e sobre os problemas que necessita enfrentar. Com o diagnóstico dessa realidade é possível mobilizar a equipe educativa para melhorar suas relações com a comunidade escolar e com o seu entorno. Portanto, a efetivação de um currículo educacional depende da atuação dos do­centes na aplicação de conceitos, já que é o professor o responsável por estimular que o aluno se desenvolva, uma vez que ele propõe os assuntos que estão ali descritos e, em conjunto com o repertório cultural do aluno, leva o mesmo a elaborar hipóteses sobre o assunto que contribuirão para a sua formação. É importante que o aluno entenda o porquê de refletir sobre os assuntos abordados

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em sala de aula para que o mesmo dê um significado e se aproxime do assunto estudado.Por esse motivo, acredita-se que a escola possa transformar a comunidade por meio da aplicação de um currículo integrado à comunidade, na qual os agentes educacionais e a comunidade escolar saibam os princípios da escola, o que ela persegue, como organiza seus alunos e seu tempo escolar, dando condições aos discentes para compreender o mundo em que vivem. Desse modo, pensar o currículo é refletir a respeito da postura do educador e de seu processo formador, considerando que atualmente a educação sofre profundas mudanças na sociedade em que está inserida, convivendo com as mais diversas gerações e com o perfil de um alunado jovem que clama por mudanças na educação. Mas será que apenas a formação continuada garantirá a qualidade do processo ensino e aprendizagem? Essa questão é relevante e necessária, porém, sabe-se que não será a formação continuada, exclusivamente, que garantirá o sucesso nesse contexto. Mesmo sendo importante na vida do professor, de nada valerá essa formação se os conhecimentos adquiridos não forem colocados em prática e aprimorados no decorrer de sua trajetória. Portanto, é possível constatar a importância do professor e de sua formação, uma vez que esse atua em uma escola que representa o reflexo da sociedade. O professor lida com o coletivo, com o público e com a sociedade, consequentemente, o professor deve ser um cientista social, dialético, globalizado, informado, ter conhecimento dessa contemporaneidade e saber explanar diversos assuntos que possam surgir em sala de aula. Para atender a essas exigências, o professor deve refletir constantemente sobre a sua prática pedagógica, muitas vezes garantida por meio da formação continuada, dando prosseguimento à sua formação inicial, o que muitas vezes se adquire por meio de horas de estudos oferecidas nas escolas, nos cursos online, ou em pesquisa própria do professor. O sucesso no processo de ensino e aprendizagem escolar, no entanto, não se garante apenas pelas horas de estudo, mas também a partir da prática do professor associada às estratégias diversificadas, em outras palavras, aos conhecimentos por ele adquiridos em sua trajetória formativa. Portanto, esse processo não depende unicamente da formação continuada, mas perpassa também pelo propósito do professor em estabelecer intervenções a partir de suas experiências adquiridas e trocadas com outros profissionais no seu próprio processo de aprendizagem. Uma vez que o conhecimento é construído, e não transmitido, o professor deve estar preparado para lidar com essa nova realidade, deve ter claros os seus objetivos, os seus procedimentos e as suas estratégias. O professor deve incorporar ao seu trabalho a prática constante da ação investigativa e reflexiva. Tais


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práticas devem ser investigativas e norteadoras da reflexão para a sua ação. Por meio da pesquisa, o professor deve buscar novos conhecimentos, refletir sobre a sua prática, aprender a aprimorar novas intervenções, manter-se atualizado, sempre em contato com a realidade, ou seja, com as mudanças, buscar novas fontes de saber, desenvolver seus conhecimentos, aprimorar o raciocínio e também a sua escrita, tornando-se um profissional mais preparado para atuar em sala de aula. Entretanto, essa deve ser uma prática constante na vida de um professor, e todo o conhecimento construído deve ser também refletido, pois, caso contrário, de nada valerá tanto preparo. Por meio da formação continuada, o professor desenvolverá práticas pedagógicas eficientes, que deverão ser trabalhadas em sala de aula como meio de nortear a aprendizagem, constando de estratégias inovadoras e reflexivas que conduzam os seus alunos à construção do conhecimento. Mediante o exposto, pode-se destacar a importância da formação inicial do professor, porém, devemos deixar clara a importância do aprimoramento ao longo de sua trajetória, que se dará por meio de outras formações, mas principalmente pela prática construída durante toda a formação que deverá estar, da mesma forma, embasada em estratégias investigativas e reflexivas para que possa acompanhar o processo de ensino e aprendizagem dos seus alunos, dando a eles diretrizes significativas em uma base processual dialética e interativa. Assim, entende-se que a construção do saber não acontece sozinha, tão pouco o conhecimento está centrado no professor, uma vez que essa construção do conhecimento acontece entre professor e aluno e que, nesse processo, devem construir também diversos saberes que levam à interatividade. O professor, então, reflete sobre práticas mais eficientes, que favoreçam essa construção com os seus alunos e entre eles, levando-os a agir e a buscar novos conhecimentos, tornando-os indivíduos dinâmicos, ativos e reflexivos. Nos próximos parágrafos serão destacados os pensamentos de alguns teóricos que contribuíram para a desmistificação do currículo e permitiram que a produção do conhecimento ultrapassasse os limites educacionais, influenciando as concepções filosóficas, culturais e ideológicas de alguns educadores que influenciaram as mudanças relativas ao currículo ao longo dos tempos. Na obra Convite à leitura de Paulo Freire, o educador Moacir Gadotti, discorre sobre as diferenças entre a educação bancária e a educação problematizadora e menciona que a educação necessita transformar a sociedade e que o professor é o profissional que detém a responsabilidade de compreender que o processo de ensino e aprendizagem ocorre por meio do diálogo, da construção coletiva e do respeito ao outro.

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ARA SABER MAIS: Leia Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire.

O autor destaca que o educador “não pode se colocar na posição ingênua de quem se pretende detentor de todo o saber, deve, antes, colocar-se na posição humilde de quem sabe que não sabe tudo” (FREIRE, 1991, p. 69). Os docentes precisam ter a clareza de que todo aluno tem uma bagagem e traz suas experiências para o universo escolar. São os docentes que devem aproximar o universo trazido pelos alunos e fazer uso desses conhecimentos ao dialogar com um currículo diferenciado. Toda a cultura dos povos e suas vivências também são currículo. Quando o aluno percebe que suas experiências são valorizadas atribui sentido à escola e consegue produzir significativamente. Destacamos também o estudioso Coll, na obra intitulada Psicologia e Currículo (1996), que questiona as finalidades da educação e reflete sobre as relações entre os processos de ensino e aprendizagem. O autor estabelece relações com o currículo em seu sentido social e cultural, dentro do contexto da sociedade atual, o que equivale a dizer que o currículo não deve ser apenas de natureza puramente técnica. Para Coll, a elaboração curricular deve levar em conta a análise da realidade, conforme segue: • Socioantropológica, que considera os diferentes aspectos da realidade social em que o currículo será aplicado; • Psicológica, que se volta para o desenvolvimento cognitivo do aluno; • Epistemológica, que se fixa nas características próprias das diversas áreas do saber tratadas pelo currículo; • Pedagógica, que se apropria do conhecimento gerado na sala de aula em experiências prévias. Para finalizar, Sacristán (2000) discorre a respeito da forma como o currículo deve ser entendido, como a cultura real que surge de uma série de processos, mais do que como um objeto delimitado e estático que se pode planejar e depois implantar; aquilo que é, na realidade, a cultura nas salas de aula, fica configurado em uma série de processos: as decisões prévias acerca do que se vai fazer no ensino, as tarefas acadêmicas reais que são desenvolvidas, as formas como a vida interna das salas de aula e os conteúdos de ensino se vinculam com o mundo exterior, as relações grupais, o uso e o aproveitamento de materiais, as práticas de avaliação etc. O currículo pode seguir três eixos pedagógicos diferenciados que interferem na produção do conhecimento. São eles: • Multidisciplinaridade – Abordagem fragmentada


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• Interdisciplinaridade – Articulação sem perda da identidade disciplinar • Transdisciplinaridade – Quebra de fronteiras disciplinares Os docentes devem a fazer uso do eixo interdisciplinar e transdisciplinar, pois as abordagens relativas a esses eixos dialogam com o trabalho relacionado com projetos e, por consequência, flexibilizam o trabalho em sala de aula, voltado à problematização e à quebra com a linearidade, e a fragmentação curricular presentes nesse contexto. Freire (1996) ressalta que esse engajamento no processo de conscientização e de movimento de massas faz parte do papel do educador. Para o autor a educação também é um processo de humanização no qual o amor, a tolerância e o diálogo são imprescindíveis para o trabalho em grupo. Nessa perspectiva, o docente precisa se colocar no lugar do aluno e dar condições para que os discentes expressem seus sentimentos, emoções e compartilhem desejos. Os estudantes, no entanto, não estarão entregues a si próprios, mas terão suas responsabilidades. O foco no diálogo e na comunhão se opõe ao individualismo, e o aluno começa a ser olhado de forma diferente, respeitando-se suas potencialidades e sua experiência de vida.

2. Avaliação No que diz respeito ao pressuposto avaliativo, Coll (1996), quando apresenta os componentes do currículo, discorre sobre quando e como devemos utilizar a avaliação no processo pedagógico. O autor menciona que os docentes devem realizar atividade diagnóstica para conhecerem sua clientela, posteriormente os docentes precisam observar a evolução dos discentes na construção de conhecimento, pois, conforme os projetos são desenvolvidos, as necessidades dos alunos podem variar e o tipo de atendimento que o professor irá direcionar aos discentes pode ser alterado. O autor relata que professores com bastante experiência na área acabam desenvolvendo habilidades específicas que contribuem para o desenvolvimento dos alunos, como, por exemplo, perceber intuitivamente as dificuldades, habilidades ou bloqueios que um aluno pode apresentar. Existem dois grandes grupos de avaliações que frequentemente envolvem os professores em seu exercício profissional, a partir dos propósitos de uma ou mais formas de avaliação. A avaliação formativa, por ser contínua e considerar toda a produção dos alunos em um determinado período, facilita o processo de ensino e aprendizagem. Trata-se da avaliação baseada em princípios construtivistas, na qual importa mais o modo como os alunos se desenvolvem ao estudar um determinado tema do que propriamente o resultado que obtiveram.

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Segundo esse raciocínio, serão necessários instrumentos específicos que possibilitem aos alunos demonstrar suas aquisições ou dúvidas e, ao professor, avaliar seus alunos. Antes de selecionar os tipos de instrumentos a serem utilizados, é necessário conhecê-los, verificando, assim, suas possibilidades de uso. A partir desse conhecimento, é possível determinar se eles se adequam aos objetivos da avaliação. O intuito dessa avaliação é subsidiar a implementação e a consecução de políticas públicas, ao mesmo tempo em que oferece informações e recursos para que os diversos profissionais da educação possam aprimorar constantemente seu trabalho. Esse tipo de avaliação é considerado um ponto de partida de elementos de acompanhamento de um determinado programa ou política educacional. Os processos de autoavaliação institucional das escolas utilizam avaliações externas de desempenho discente como subsídio a professores, para a reflexão e a melhoria do trabalho pedagógico realizado e podem ser tomados como exemplos de uma avaliação formativa. Vale ressaltar que, além da avaliação formativa, é imprescindível a reflexão a respeito da avaliação somativa. A avaliação somativa leva em conta, basicamente, os resultados, sendo essa a ainda a avaliação mais comumente vista atualmente. Esse tipo de avaliação traz números e conceitos objetivos que auxiliam os órgãos gestores das escolas e do governo na tomada de decisões, uma vez que estabelece uma classificação para a análise do aprendizado.


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Coll (1996) ressalta que é possível acompanhar alguns processos educacionais quando o docente faz observações sistemáticas da rotina de sala de aula utilizando roteiros de observação e registro das informações em planilhas individuais ou grupais especialmente formuladas para facilitar o acompanhamento do processo. O registro docente colabora para o processo de reflexão do docente, bem como auxilia no processo de transformação do conhecimento no âmbito educacional. O autor salienta que esse registro é de uso pessoal do docente e que contribui para formalizar as observações do processo de aprendizagem dos seus alunos e para a utilização de um processo avaliativo transparente.

3. O sentido da avaliação A avaliação só tem sentido se a equipe educativa dela se valer como um meio para promover ações após a realização da avaliação. Nos dias atuais, ainda encontramos docentes que utilizam a avaliação como arma do processo de ensino e aprendizagem. Entretanto, a relevância que hoje se tem atribuído à avaliação de desempenho discente reside no entendimento comum, segundo o qual, o que se avalia é a própria “qualidade do ensino” ou da “educação”. Desse modo, quando alunos participam de avaliações externas, como, por exemplo, provas do Saresp, Enem, Enade, a avaliação abrange uma dimensão maior do que a avaliação propriamente dita. Nesses tipos de avaliações externas, o que está sendo medida é a avaliação de um sistema, ou de uma instituição, e o aluno é relegado a um segundo plano.

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O objetivo principal desta obra é trazer clareza a todo o corpo docente quando se trata de adaptação curricular e avaliação. Serão abordados ainda conhecimentos voltados ao exercício da cidadania, a importância do envolvimento escolar da família e da comunidade. Ao longo desse livro, o leitor terá contato com a construção coletiva e participativa do projeto político pedagógico na perspectiva inclusiva da educação especial.

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