Pedagogia Empresarial - Qualidade, Aprendizagem e o Capital Intelectual das Empresas

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PEDAGOGIA EMPRESARIAL –

QUALIDADE, APRENDIZAGEM E O CAPITAL INTELECTUAL DAS EMPRESAS


PEDAGOGIA EMPRESARIAL –

QUALIDADE, APRENDIZAGEM E O CAPITAL INTELECTUAL DAS EMPRESAS


Apresentação

Apresentação Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva a vida em constante movimento: esse parece ser o sonho de todo leitor que enxerga o estudo como fonte inesgotável de conhecimento. Pensando na imensa necessidade de atender ao desejo desse exigente leitor é que foi criado este produto, voltado para os anseios de quem busca informação e conhecimento com o dinamismo dos dias atuais. Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning, com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada. Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente, associada a uma leitura agradável e organizada, visando a facilitar o aprendizado e a memorização de cada disciplina. A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a interação com o assunto tratado. Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos Atenção, que o alertam sobre a importância do assunto abordado, e Para saber mais, que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosidades bem bacanas para aprofundar a apreensão do assunto, além de recursos ilustrativos, que permitem a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-chave em negrito, o leitor será levado ao Glossário para ter acesso à definição da palavra. Para voltar no mesmo ponto em que parou no texto, o leitor deve clicar na palavra-chave do Glossário, em negrito. Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance do conhecimento de maneira objetiva, concisa, didática e eficaz. Boa leitura!

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Prefácio

Prefácio Para dar continuidade ao estudo de Pedagogia empresarial é importante abordar assuntos essenciais e relevantes ao profissional que compreendem melhor a disciplina. Neste material, serão apresentados assuntos como as competências profissionais e o mercado de trabalho; a inovação e a criatividade; a criatividade e suas espécies; as competências profissionais e educação profissional; as teorias de aprendizagem; a transformação no processo de aprendizagem; a aprendizagem significante e a organizacional. Serão estudados, também, os princípios de qualidade, as eras da inspeção, do controle estatístico de qualidade, da garantia da qualidade e da qualidade total. Além disso, serão explorados: os conceitos de gestão do conhecimento e de capital estrutural; o capital humano a serviço da empresa; o desenvolvimento profissional; e-learning, entre outros. Fechando o aprendizado de Pedagogia empresarial, desejamos bons estudos!

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Unidade 1 – Competências profissionais e o mercado de trabalho

UNIDADE 1

COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS E O MERCADO DE TRABALHO Capítulo 1 Inovação e criatividade, 10 Capítulo 2 Competências profissionais, 15 Capítulo 3 Educação profissional, 20

Glossário, 26

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1. Inovação e criatividade Antes de iniciarmos a discussão sobre as competências profissionais, vale a pena tratarmos de dois conceitos que, atualmente, aparecem nas diversas discussões e são sempre abordados quando o assunto é sociedade do conhecimento: inovação e criatividade. Apesar de serem usados com frequência, não há um consenso definido sobre o significado deles. Inovação pode ser entendida como fazer algo novo, renovar algo. Trata-se de um termo bastante utilizado para dar ênfase à comercialização de uma nova ideia, que encontra adesão frequente nas organizações.

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TENÇÃO! Devemos entender claramente que invenção e inovação não possuem o mesmo significado: invenção está ligada à criação de novas ideias e novos conceitos, já inovação envolve a aplicação destes conceitos em algo que possa ter valor comercial.

Já a criatividade tem sido entendida como geração de ideias novas, sem existir uma preocupação com a utilidade delas (WECHSLER, s.d.). A inovação deve ser vista como um subconjunto da criatividade. Assim, deve existir um equilíbrio, ou seja, uma organização que visa criar um ambiente propício à inovação deve considerar os diversos fatores necessários para que ela ocorra, a saber, a pessoa, o processo e o ambiente.


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Por outro lado, a criatividade não se restringe à produção de ideias novas, mas se volta, também, para a produção de problemas reais. A inovação necessita da criatividade para acontecer. Não há a possibilidade de gerar algo novo e útil para a sociedade sem que tenha havido um processo criativo (KIRTON, 2006). O impacto causado no ambiente por uma inovação deve ser levado em conta. O seu motivo pode ser tanto um conhecimento tecnológico quanto científico, portanto, o conceito de inovação deve ser flexível e abrangente e não um produto derivado somente da ciência e tecnologia. O foco passa das façanhas individuais para as atitudes, os comportamentos e as práticas que evidenciam capacidades dinâmicas de mudanças, trazendo melhorias para a empresa e o local onde ela está localizada. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) diferencia os vários tipos de inovação: • por produtos; • de processos; • organizacional; • em vendas.

Tipos de inovação A inovação por produtos é a aplicação de uma ideia que passou por um processo de desenvolvimento. Por sua vez, a inovação de processos se dá pelo estabelecimento de novos métodos com a finalidade de alcançar determinada produção. Já na inovação organizacional há o desenvolvimento de novos tipos de organização ou novas maneiras de administrá-la. Por fim, na inovação em vendas, aplicam-se novas formas para o desenvolvimento de produtos, sua embalagem, custeio e veículos promocionais. A inovação por produto possui um efeito na economia: geração de empregos. A inovação de processo é vista como aquela que traz algum benefício para a empresa – redução de custo e de tempo, por exemplo –, otimizando a realização de alguma atividade. Observe que a inovação de produto ou de processo é baseada no impacto social que cada um deles pode ter.

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TENÇÃO! Observe que existe sempre um novo elemento, inserido em determinado ambiente, modificando-o, de forma temporária ou não, alterando o custo e a efetividade das transações dos seus participantes.

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As organizações necessitam estar dispostas para que a inovação ocorra, pois a maioria se concentra apenas na resolução de problemas do dia a dia, não abrindo espaço para criar o futuro. Dessa maneira, as pessoas permanecem numa zona de conforto. Não há estímulo aos desafios, novas visões ou, até mesmo, quebra de paradigmas. Ambientes assim são voltados para atingir a qualidade, excelência e perfeição do que já existe, não criando novas possibilidades.

A criatividade e suas espécies Ao voltarmos nossa análise para a criatividade, notamos que não há uma definição simples que possibilite abarcar todas as suas dimensões. No entanto, podemos articular as características da criatividade nas diferentes áreas: • a criatividade artística, que engloba a imaginação e a capacidade de gerar ideias originais, bem como novas maneiras de interpretar o mundo, expressas em texto, som e imagem; • a criatividade científica, que envolve a disposição de fazer novas conexões ao solucionar problemas; e


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• a criatividade econômica, processo dinâmico que leva à inovação em tecnologia, práticas de negócios, relacionadas às vantagens competitivas na Economia (RELATÓRIO DE ECONOMIA CRIATIVA, 2010). Podemos dizer que todas as características citadas estão inter-relacionadas, possuindo uma maior ou menor quantidade de criatividade tecnológica. Ainda de acordo com o Relatório da Economia Criativa (2010), a criatividade pode ser determinada como o processo pelo qual as ideias são geradas, conectadas e transformadas em coisas que possam ser valorizadas, portanto, a criatividade é a utilização de ideias para produzir novas ideias. Diante desse contexto, a inovação e a criatividade são cada vez mais valorizadas. Vale ressaltar um exemplo de novo tipo de indústria que está surgindo: as chamadas indústrias criativas.

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ARA SABER MAIS! Sobre o tema, vale a pena consultar o relatório de 2010 sobre a Economia Criativa disponível no site: <www.abedesign.org.br/Pt/noticias/listanoticias/110>. Acesso em: 17 jul. 2015.

A definição mais utilizada por quem estuda as indústrias criativas, segundo Latoeira (2007), é a do Departamento de Cultura, Mídia e Esporte do Reino Unido: [...] indústrias que têm sua origem na criatividade, habilidade e em talentos individuais e que apresentam um potencial para a criação de riqueza e empregos por meio da geração e exploração da propriedade intelectual (DCMS, 1998, p.5).

No estudo desenvolvido pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD (2004), as indústrias criativas não se restringem somente às atividades de forte componente artístico, mas envolvem qualquer atividade econômica, produzindo produtos simbólicos com uma forte dependência da propriedade intelectual e para mercados tão amplos quanto possível (UNCTAD, 2004). Para o DCMS (1998), as atividades que compõe as indústrias criativas são: mercado de artes e antiguidades, artesanato, design, indústria editorial, música, artes cênicas, televisão, rádio, cinema e vídeo, softwares e sistemas de informática, softwares interativos de entretenimento, publicidade, arquitetura e moda. Há de se ressaltar que essas atividades econômicas não são recentes, mas adquiriram dimensões econômicas e sociais novas a partir do surgimento da sociedade da informação, passando a conceituar a criatividade como principal fonte.

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Como destaca Bendassolli (2008), o surgimento das indústrias criativas deve-se ao que ele denominou “virada cultural”, ou seja, uma transformação de valores sociais e culturais promovida pela emergência da sociedade da informação e a transição para valores pós-materialistas, ou bens-simbólicos, (BENDASSOLLI; WOOD JR; KIRSCHBAUM; CUNHA, 2008).

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TENÇÃO! O termo “indústrias criativas” possui várias definições, pois está ligado ao contexto, ao país e à estratégia política em que é utilizado.

A importância da criatividade e da inovação na sociedade atual Vimos que a inovação e a criatividade passam a ser decisivas na sociedade do conhecimento. Contudo, para se construir uma sociedade na qual a inovação constitui parte do processo de desenvolvimento econômico, não basta só destinar recursos para o desenvolvimento da ciência e aumentar a capacidade de gerar empregos para os jovens, mas também é necessário disponibilizar e investir em educação de qualidade. De acordo com Weschler, diante dos dilemas econômicos e sociais enfrentados em todos os países, a criatividade e inovação envolvem decisões de grande impacto para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Tais decisões derivam de diferentes áreas do conhecimento, ou seja, iniciam-se na educação, culminando na inovação, marcando mudanças essenciais no curso da história. Portanto, o potencial inovador que existe nos indivíduos e seus grupos pode modificar o curso de vida de sua geração e das posteriores (WECHSLER, 2009).

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TENÇÃO! A inovação teve sua importância reconhecida com a Lei n. 10.973, sancionada para o incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm>. Acesso em: 16 jan. 2016.

No cenário da sociedade do conhecimento, a inovação e a criatividade passam a ser recursos importantes nas organizações. Contudo, é necessário que haja uma valorização da qualidade da educação, para que se incentive cada vez mais produções criativas nos diferentes níveis de ensino, valorizando a pesquisa e a vontade de testar novas ideias, passando de meros reprodutores para produtores de inovação.

2. Competências profissionais A adoção da noção das competências traz um novo discurso sobre a formação profissional, que visa atender às demandas do mercado de trabalho, fornecendo novas ideias sobre a formação da classe trabalhadora. Note que este discurso


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se coloca como um novo elemento presente na sociedade capitalista pós-fordista, respondendo às exigências dessa nova realidade e estabelecendo novas práticas formativas. Nesse sentido, há um aumento na quantidade de formulações e orientações pedagógicas estruturadas na noção de competência, que, por sua vez, não possui uma definição totalmente fechada. Vale a pena ressaltar, no entanto, algumas considerações sobre esse conceito. Atualmente, o significado da palavra competência passou a evidenciar uma nova forma de tratar as capacidades humanas e os seus processos de desenvolvimento.

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TENÇÃO! A noção de competência não é nova. Tradicionalmente, o termo foi utilizado para demonstrar o poder de uma instância para decidir ou julgar um fato, bem como o direito das pessoas exercerem uma determinada atividade profissional (MACHADO, 1998).

A primeira menção de competência ocorreu na França da década de 1930. Porém, é a partir dos anos 1980 que a noção de competência surge com mais força no debate sobre os sistemas de ensino e formação profissional, ou seja, quando passa a ser referência para as redefinições das políticas educacionais, gestão e formação dos recursos humanos, questionando a noção de qualificação utilizada tanto no mundo da produção como nas escolas (ARAUJO, 2001). De acordo com Isambert-Jamati (1997), o termo competência tem sido empregado de diferentes maneiras, ora para designar os conteúdos particulares de cada qualificação numa organização de trabalho especifica, ora com significado genérico. Portanto, evidenciamos nesse fato uma incerteza conceitual e a falta de consenso sobre a utilização do termo.

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TENÇÃO! Ao mesmo tempo em que pode representar uma imprecisão, a falta de consenso sobre a noção de competência pode ser uma das chaves para explicar a força que essa noção tem tomado atualmente.

Para Araujo (2001), pode-se apontar os seguintes aspectos para a noção de competência se considerarmos sua configuração no debate contemporâneo na sociologia do trabalho: a ideia de uma capacidade efetiva em oposição à ideia de capacidade potencial, o entendimento das capacidades profissionais em movimento, e não mais restritas a um posto de trabalho, além do enfoque no indivíduo e na associação a capacidades humanas, que antes eram desvalorizadas nos ambientes produtivos. No primeiro aspecto, a noção de competência está vinculada ao seu entendimento como capacidade humana de realização nas situações cotidianas e singulares, identificada com a ideia de saber/fazer, ou seja, está relacionada à capacidade de um indivíduo desempenhar uma tarefa de fato. Já no segundo aspecto, as

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capacidades profissionais são compreendidas em movimento, assim, a educação profissional busca métodos que desenvolvam capacidades que favoreçam a automobilização dos indivíduos nas atividades de trabalho, por meio da circulação de saberes, habilidades e qualidades pessoais (ARAUJO,2001). O que antes era um trabalho marcado pela rotina e repetição, hoje é marcado pelo movimento e também desenvolvimento de outras capacidades dos trabalhadores, aumentando o uso de sua força de trabalho e colocando-os em condições de responder às necessidades constantes que surgem com as alterações tanto nas formas de organização do trabalho como nas tecnologias. Outro fator importante a ser destacado é o fato das competências promoverem a individualização da educação profissional, responsabilizando os próprios indivíduos pelo desenvolvimento de suas capacidades, pelo ingresso e pela permanência no mercado de trabalho. A noção de competência, em alguns momentos, tem sido vista como uma alternativa ao conceito de qualificação, havendo a necessidade, portanto, de diferenciar os dois conceitos. Este último está ligado às capacidades esperadas, que, no entanto, não são colocadas em prática, e tem o seu suporte principalmente na formação inicial, constituindo-se como a base de uma escala de salários, possibilitando oportunidades de crescimento. Já a competência é vista frequentemente como propriedade individual, não totalmente vinculada à subjetividade dos trabalhadores. Observe o quadro com as diferenças entre qualificação e competências: Quadro 1 – Competência  Qualificação

Competência

Qualificação

Mobilização de amplas qualidades subjetivas dos trabalhadores

Conhecimentos teóricos formalizados

Qualidades não ligadas diretamente aos saberes profissionais

Valorização de um saber acadêmico

Caráter individual

Caráter coletivo

Saber/ser

Saber/fazer

Fonte: Elaborado pela própria autora a partir das considerações de ARAUJO, 2001.

A partir da noção de competência, observamos o desenvolvimento do enfoque na educação profissional, que anteriormente era fundada sobre o conceito de qualificação, com a finalidade de formar trabalhadores adaptados aos processos de trabalho fortemente marcados por funções parcelares e atividades fragmentadas que pouco se modificavam com o tempo (ARAUJO, 2001). Atual­mente, há a exigência de uma formação voltada para o ambiente, contexto e compreensão do processo de modo integral.


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TENÇÃO! Anteriormente, o mais importante era saber como fazer e não o porquê de fazer.

Essa situação acabava refletindo no ambiente profissional, ou seja, a formação teórica dos trabalhadores não tinha relevância, já que a divisão do trabalho, de certa maneira, favorecia a facilidade das tarefas, que eram passadas de forma rigorosa e sem questionamentos. Portanto, o treinamento era fundamentado na repetição e na memorização de procedimentos, que atendiam perfeitamente às demandas da empresa. Os conceitos de ensino e aprendizagem passam a ser repensados a partir da ideia de desenvolvimento de competências, visto que há o rompimento do tipo de formação voltada para o trabalho baseado nos moldes tayloristas, que tinha como um dos fundamentos a separação entre as atividades intelectuais e instrumentais.

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TENÇÃO! Note que há uma relação entre educação e trabalho, medida pelas formas do fazer (ARAUJO, 2001).

Sendo assim, vemos surgir um novo referencial, denominado Pedagogia das Competências, com a finalidade de estreitar o vínculo entre sistema educacional e sistema ocupacional. Tal vínculo, na verdade, nunca deixou de existir, já que a educação profissional sempre esteve associada à história do desenvolvimento econômico e às formas de organização e gestão do trabalho. Portanto, não se pode ensinar nem aprender como antes, visto que a noção de competência exige uma formação voltada para a capacidade de estar em condições de responder aquilo que não está determinado, propensão não só para a resolução, mas também para a antecipação de problemas, demandando a mobilização de amplas dimensões da subjetividade dos trabalhadores (ARAUJO, 2001). O principal representante da Pedagogia das Competências é Philippe Perrenoud. Segundo ele, a competência surge na escola, como resposta ao problema da transmissão de conhecimentos, já que, para o autor, a escola não realiza uma ligação dos conhecimentos transmitidos com a vida do educando. Ainda de acordo com Perrenoud, a competência se constitui como a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos, dentre os quais saberes, capacidades e informações, para solucionar uma série de situações. A Pedagogia das Competências pode ser compreendida como conjunto de formulações que orientam a prática educativa com o objetivo de desenvolver capacidades humanas amplas, vistas como necessárias ao exercício profissional no cenário atual de flexibilização do mundo do trabalho. Assim, o

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processo formativo se dá definido nos termos das competências terminais que serão adquiridas no final do curso, e a avaliação se os objetivos foram alcançados ou não ocorre por meio da verificação de desempenho que resulte em produtos e serviços. A formação na Pedagogia das Competências é realizada a partir dos elementos de competências identificados e normalizados. O desenho dos programas formativos deve ser preparado para se ajustar às necessidades do contexto produtivo, assim como o conhecimento deve estar relacionado com o objetivo de uma empresa ou de um setor de atividade econômica. Nesse sentido, observamos cada vez mais um processo de racionalização dos processos formativos, que se voltam muito mais para as demandas das empresas, culminando em conteúdos vinculados à experiência e aos interesses dos alunos, que têm seu conhecimento colocado constantemente à prova por situações e tarefas especificas (ARAUJO, 2001). Esta pedagogia aborda muito mais os saberes relacionados ao trabalho e aos modos específicos de se colocar diante dele, promovendo a interação dos elementos do saber/fazer e do saber/ser. Os conteúdos deixam de ser focados nas disciplinas, passando a enfatizar atitudes, comportamentos e postura, enfim, todos os elementos com a possibilidade de compor uma capacidade de trabalho. Portanto, note que há uma transformação na forma de pensar os conhecimentos, estabelecendo uma relação com a capacidade efetiva de desempenho. Assim, os conteúdos de ensino são tratados de uma forma utilitarista, já que estão sempre vinculados ao atendimento das demandas dos processos produtivos, e é com base neles que as competências são pensadas e construídas. O tratamento utilitarista acaba refletindo na forma de organização dos conteú­ dos, que, além de ser definidos por demandas específicas, são repassados em módulos e de forma parcelada, não priorizando uma lógica sequencial e coerente, que muitas vezes facilita o entendimento da disciplina. Assim, a estruturação por meio de módulos se torna mais eficiente, pois cada um deles, de forma independente, representaria uma ou mais funções a serem desempenhadas pelo trabalhador no seu contexto, e, ainda, facilitaria o desenvolvimento individualizado de competências. É importante ressaltar que os currículos são direcionados para o desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas, comportando, além dos conhecimentos gerais, os profissionais e a experiência de trabalho, vista como essencial para alcançar o fim pretendido. Temos um cenário em que a aprendizagem é individualizada, já que a competência tem o enfoque no sujeito e não nos postos de trabalho.


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A Pedagogia das Competências está voltada para o ajuste dos indivíduos ao ambiente de trabalho, e o conhecimento adquirido passa a ser considerado por sua utilidade. Além disso, os conteúdos são tratados para possibilitar ao trabalhador ferramentas para a resolver os problemas, assim, o que lhes útil é muito mais valorizado e pode ser utilizado no ambiente corporativo. A Pedagogia das Competências prioriza o método por problema e a formação por alternância. No método por resolução de problema, há a possibilidade de articulação entre conhecimento, habilidade e atitudes em situações muito parecidas com a realidade, permitindo o desenvolvimento da experiência. Esse método tem quatro componentes básicos: identificação correta de obstáculos e restrições; identificação das alternativas viáveis para a superação dos obstáculos; seleção das alternativas e escolha da melhor opção de acordo com as possibilidades que podem ser utilizadas na superação de obstáculos (ARAUJO, 2001). A formação por alternância caracteriza-se por mesclar períodos de formação na empresa e outros realizados em instituições específicas de educação. Observamos que há uma complementaridade entre as capacidades alcançadas pela experiên­ cia profissional e a reflexão possibilitada pelo ambiente acadêmico. Assim, os projetos elaborados com base nesse método são feitos para identificar as situações-problema que necessitam da mobilização do conhecimento, atitudes e habilidades para serem resolvidas. Essas situações, por sua vez, são transformadas em didáticas, permitindo a quem as realiza atuar de forma prática, favorecendo a autonomia profissional e o desenvolvimento individual. Para finalizar a abordagem sobre a Pedagogia das Competências, vale citar como se dá o processo de avaliação, que na formação profissional tem grande relevância. Acompanhando as tendências observadas anteriormente, a avaliação é tida como um instrumento necessário para validar os saberes e as capacidades desenvolvidas. Assim, são propostos meios que possibilitam constatar os resultados práticos alcançados pelos alunos nas situações apresentadas. Portanto, o foco está no desempenho, nas capacidades efetivas que propiciaram o desenvolvimento de trabalho.

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TENÇÃO! O enfoque é avaliar a aptidão para aplicar o conhecimento, e não a sua apreensão.

O que vale é verificar o rendimento real do indivíduo, o seu saber/fazer. Provas operacionais são realizadas em situações reais, ou então programadas, com o objetivo de medir os saberes operacionais aplicados em determinadas situações, e o desempenho dos estudantes é avaliado por meio de indicadores de domínio pré-estabelecidos, que permitem examinar a sua atuação. Nesse contexto, se o trabalhador não atinge o resultado esperado na competência que

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avaliada, é considerado não competente pelas instituições responsáveis pela avaliação. Nesse cenário, o enfoque é muito maior na aprendizagem do que no ensino, já que os alunos devem saber utilizar o conhecimento de forma imediata para a resolução de problemas presentes no cotidiano. A Pedagogia das Competências é marcada por algumas características que favorecem a divulgação do seu ideário, entre as quais: a crise do modelo de acumulação do capital de produção em massa para o consumo de massa, a resistência dos operários ao trabalho fragmentado e repetitivo, o progresso das tecnologias, a globalização, o processo de reestruturação produtiva, entre outros fatores. Assim, esta pedagogia faz parte de um novo contexto social, inserindo-se como um elemento das relações entre capital e trabalho (ARAUJO, 2001).

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TENÇÃO! A Pedagogia das Competências busca realizar a aproximação entre educação e trabalho.

Com esse panorama, não podemos deixar de notar que a formação profissional baseada na noção de competências constitui uma ideia que está se disseminando internacionalmente, sendo muitas as propostas e ações de educação, apresentando características diferenciadas conforme a realidade dos países ou das regiões em que estão inseridas. Apesar disso, há também críticas voltadas para essa nova pedagogia, e, nesse sentido, vale a pena refletir sobre a temática. Para alguns, a Pedagogia das Competências está inserida na lógica da sociedade capitalista, reproduzindo as relações sociais alienadas e mascarando a verdadeira realidade dos trabalhadores que devem se submeter aos empregos para garantir sua sobrevivência. Isso fortalece ainda mais a alienação deles, reproduzindo a lógica da sociedade capitalista no sistema educacional. Assim, vale a pena refletir sobre essas questões, diante desse panorama que constantemente sofre transformações.

3. Educação profissional A educação profissional relaciona-se com a noção de competência. Nela, as determinações do setor produtivo passam a definir os conhecimentos e as necessidades de aprendizagem. Assim, temos a passagem de um ensino fundamentado em conhecimentos organizados por disciplinas para um currículo estruturado nas competências demandadas pelo mercado de trabalho. As iniciativas da educação para o trabalho no Brasil datam do período colonial. Com o passar do tempo, esse conceito foi revisto e, a partir da Constituição de 1988, reformulado, voltando-se para a ótica dos direitos à educação e ao trabalho.


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Em outubro de 1998 foi criada uma comissão especial, instituída pela Câmara de Educação Básica, do Conselho Nacional de Educação, para definir as diretrizes curriculares nacionais para educação profissional de nível técnico. Essa comissão fez reuniões com especialistas da área de educação profissional e demais pesquisadores, possibilitando a coleta de subsídios e fomentando debates com diferentes órgãos, a fim de estruturar os rumos da educação profissional no país.

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TENÇÃO! Dentre os eventos realizados, vale ressaltar as consultas públicas feitas em nível regional e nacional, em que os interessados encaminharam críticas, sugestões e recomendações. Ao final, além de analisadas e consideradas, as ponderações apresentadas por meio dos questionamentos fizeram parte na redação do parecer.

Assim, observamos a participação de especialistas de várias áreas, universidades, escolas técnicas e mercado de trabalho, caracterizando um grande debate em torno do tema. Houve amplo caráter participativo e democrático na elaboração das diretrizes, resultando no parecer e na resolução que instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Profissional de Nível Técnico. Essas diretrizes caracterizam-se por um conjunto articulado de princípios, critérios, definições de competências profissionais gerais e procedimentos a serem observados pelos sistemas de ensino e escolas, na organização e no planejamento da educação profissional de nível técnico. A educação profissional de nível técnico é regida por um conjunto de princípios: a articulação com o Ensino Médio, o desenvolvimento de competências para o mercado de trabalho, a flexibilidade, a interdisciplinaridade, a contextualização na organização curricular, a identidade dos perfis profissionais de conclusão, atualização permanente dos cursos e seus currículos e, finalmente, a autonomia da escola em seu projeto pedagógico. O desenvolvimento de competências para o trabalho se dá através da vinculação de educação e trabalho, bem como da utilização dos conteúdos aprendidos na prática, desenvolvendo capacidades de resolução dos problemas. A flexibilidade, interdisciplinaridade e contextualização dos conhecimentos estão inter-relacionadas, complementando-se e influenciando umas às outras, além de integrarem os estudos de diferentes de campos. A identidade será garantida pela demanda de competências diretamente necessárias pelas qualificações ou habilitações profissionais. No mundo marcado por mudanças, a atualização dos currículos constitui um desafio. Para que isso ocorra de forma efetiva, é necessário estabelecer um processo permanente com a participação de educadores, empregadores e trabalhadores, auxiliando as escolas na elaboração dos perfis profissionais e no planejamento

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Unidade 4 – O capital intelectual das empresas

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– QUALIDADE, APRENDIZAGEM E O CAPITAL INTELECTUAL DAS EMPRESAS

Esta obra conduz os leitores à compreensão das diferentes competências profissionais e o mercado de trabalho atual – quais são os princípios da qualidade na educação empresarial, a aprendizagem significante e o capital intelectual das empresas.


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