MELHORE
SUA MEMÓRIA
Tradução da 5ª edição norte-americana
RON FRY
Melhore sua MeMória Tradução da 5 edição norte-americana a
Sumário
Introdução: Algo a lembrar
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Capítulo 1. Capítulo 2. Capítulo 3. Capítulo 4. Capítulo 5. Capítulo 6. Capítulo 7.
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Construa os seus bancos de memória E agora um teste rápido Vlavaav e seus amigos Lendo e lembrando Para um vocabulário melhor Anotando para se lembrar do texto Como lembrar números pelo método mnemônico Capítulo 8. Como lembrar nomes e fisionomias Capítulo 9. Não vamos esquecer o DDA Capítulo 10. Teste o seu progresso Índice remissivo
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Introdução
Algo A lembrAr
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ão fosse o fato de que a leitura é a base de qualquer habilidade de estudo, eu poderia fazer a maior campanha a favor da ideia de que dedicar tempo para melhorar a memória oferece a melhor relação custo-benefício no que diz respeito a estudo. Não importa a rapidez com que você percorre os livros que precisa ler para a escola ou faculdade, se não consegue se lembrar da matéria que acabou de estudar. Organizar-se é essencial, mas não é tão eficaz se você esquece sua agenda e atrasa as lições de casa. E, é claro, passar horas procurando chaves, óculos e outros objetos não é a forma mais eficiente de iniciar o seu dia de estudos. Tão importantes quanto esses aspectos, as técnicas de memorização são pouco abordadas nas escolas, mesmo em cursos que ensinam a estudar. Ainda que os melhores colégios e professores o orientem em relação a técnicas de leitura, escrita, organização e provas, muitos “se esquecem” de ajudá-lo em relação a sua memória... ou a encontrar óculos, chaves etc. Além de lhe mostrar maneiras simples de se lembrar das coisas, este pequeno livro fará você pensar em porquê não se tornou um “bom lembrador” anos atrás. vii
Sinto orgulho em dizer que tenho ajudado estudantes de todas as idades a melhorar a capacidade de estudo desde o dia que entrei em uma livraria e percebi que não havia um livro específico que ensinasse as pessoas a estudar. O meu público é muito mais variado do que planejei atingir. Vários leitores são estudantes, não apenas do Ensino Médio, como pensei que seriam, mas também universitários, que deixaram de aprender algo nos anos anteriores, e estudantes prestes a sair das últimas séries do Ensino Fundamental, que estão tentando dominar as técnicas de estudo antes de ir para o próximo nível. Muitos são adultos retomando os estudos. Eles descobriram que, se é possível aprender hoje o que os professores não ensinaram, poderão se sair melhor em suas carreiras. Não seria bom lembrar-se de coisas importantes sem ter de tomar notas dos pontos principais para sua apresentação ou lembrar-se dos nomes dos clientes potenciais que você acabou de conhecer em um coquetel? Entre meus leitores, muitos são pais com a mesma reclamação: “Como faço o Joãozinho melhorar na escola? Ele não consegue nem se lembrar do meu aniversário, quanto mais da próxima prova de trigonometria”. Se você está no Ensino Médio, não terá problemas nem com a linguagem nem com o formato deste livro – as frases e os parágrafos são relativamente curtos, os títulos e subtítulos (espero eu), divertidos, e o vocabulário é razoável. Pensei em você, leitor, quando o escrevi. Se você está na segunda fase do Ensino Fundamental – sexto, sétimo, oitavo e nono anos –, antes da mudança, por vezes radical, para o Ensino Médio, precisa dominar mais do que nunca as habilidades de estudo. Se leva a sério os estudos a ponto de ler este livro, duvido que terá problemas com os conceitos abordados aqui. viii
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Um estudante universitário comum (entre 18 e 25 anos, mais ou menos) enfrentará problemas na graduação se não conhecer as técnicas de estudo tratadas neste livro, em especial as básicas relacionadas à memorização. Se você nunca teve tempo de aprendê-las (e se já sabe algumas, mas não conhece os truques e as manhas), garanto que dominar as técnicas de memorização irá ajudá-lo até depois de se graduar (com notas máximas, claro). É provável que os pais leitores deste livro estejam preocupados com as notas de seus filhos, e eles têm de se preocupar com isso mesmo – a escola não dedica tempo suficiente; quando o faz, para ensinar técnicas básicas de estudo, isso significa que os alunos não aprendem a aprender. Como consequência, não aprendem a ter sucesso. Nem por um minuto subestime a importância do seu compromisso com o sucesso do seu filho. O seu envolvimento é fundamental para que ele seja bem-sucedido. Sua ajuda é muito valiosa, mesmo que não tenha sido um estudante excelente nem nunca tenha conseguido dominar as técnicas de estudo. Agora você pode aprender com seu filho – isso não será bom apenas para ele, ajudará você também no seu trabalho.
o que os pais podem fazer? É provável que existam por aí mais pais dedicados do que estudantes dedicados, já que a primeira ligação que recebo quando estou em programas de rádio ou de televisão é de um pai ou de uma mãe preocupados em ajudar os filhos a irem bem na escola. Eis as regras para os pais de estudantes de qualquer idade.
1. Defina um local para as tarefas de casa. Sem distrações, bem arrumado e que disponha de tudo o que for necessário para a tarefa. algo a lembrar
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2. Determine uma rotina. Quando e onde o trabalho deve ser feito. Algumas pesquisas demonstraram que estudantes que seguem uma rotina são mais organizados e, por consequência, mais bem-sucedidos. 3. Estabeleça prioridades. Deixe claro que as tarefas da escola são prioridade – antes do namoro, da televisão, de brincar ou do que quer que seja. 4. Faça da leitura um hábito – para eles e para vocês, pais e mães. As crianças farão o que vocês fazem, não o que vocês dizem para fazer (mesmo quando vocês dizem para não fazer o que vocês fazem). 5. Desligue a TV. Ou pelo menos reduza sua utilização a uma frequência apropriada. Essa pode ser a sugestão mais difícil de se pôr em prática. Eu sei, como pai de adolescente que sou. 6. Converse com os professores. Saiba o que os seus filhos deveriam estar aprendendo. Se você não souber os livros que eles devem ler, o que se espera deles em sala e a quantidade de tarefas programadas, não poderá ajudá-los da forma adequada. 7. Estimule e motive, mas não implique com eles em relação às tarefas de casa. Isso não funciona. Quanto mais você insistir, mais rápido eles vão se dispersar. 8. Supervisione o trabalho, mas não caia na armadilha de fazer a tarefa de casa para eles. Verificar (ou seja, revisar) a lição, por exemplo, é uma forma positiva de ajudá-los. Se você simplesmente fizer as correções sem que eles aprendam com os erros, não os estará ajudando... exceto se acreditar que eles não são responsáveis pelo próprio trabalho.
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9. Elogie quando se saírem bem, mas não exagere no caso de um trabalho medíocre. As crianças sabem quando você não está sendo sincero e vão ignorá-lo se agir dessa forma. 10. Convença-os da realidade. (Isso serve para estudantes com mais idade.) Tudo bem, admito que isso é quase tão difícil quanto desligar a TV. Entretanto, aprender e acreditar que o mundo real não vai ligar para as notas deles, mas vai avaliá-los pelo que eles sabem e pelo que são capazes de fazer, é uma lição que irá poupá-los de muito sofrimento (e você também). Nunca é cedo demais para informar (com jeitinho) seus filhos de que a vida nem sempre é justa. 11. Se tiver condições, dê a seus filhos um computador e todos os softwares com que eles possam lidar. Não há como evitar: seus filhos, independentemente da idade, devem saber usar computadores para sobreviver na escola e fora dela. 12. Desligue a TV agora! 13. Fique antenado. A internet é a maior invenção de nossa era e é uma ferramenta incrível para estudantes de qualquer idade. É impossível um universitário se dar bem sem saber navegar na web e quase impossível para estudantes mais jovens. Eles têm de estar conectados. 14. Mas desligue o MSN enquanto estiver fazendo a lição de casa. Eles tentarão convencê-lo de que conseguem fazer um trabalho, a lição de geometria e enviar mensagens instantâneas para os amigos, tudo ao mesmo tempo. Os pais que acreditarem nisso também serão persuadidos de que o melhor local para se estudar é na frente da TV.
se você estiver voltando a estudar Se estiver retornando para a escola, faculdade ou pós-graduação, – com 25, 45, 65 ou 85 anos –, provavelmente precisará, mais do algo a lembrar
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que ninguém, da ajuda de meus livros. Por quê? Porque quanto mais tempo ficou fora da escola, maior a probabilidade de não se lembrar do que esqueceu. E certamente já se esqueceu do que deve se lembrar. Assim como enfatizo que nunca é cedo demais para aprender bons hábitos de estudo, devo frisar que nunca é tarde demais para fazê-lo. Caso tenha de dar conta de uma carga ainda que parcial de disciplinas ao mesmo tempo em que trabalha e/ou cuida da família, há problemas específicos a enfrentar com os quais você não precisou lidar quando esteve na escola. Pressões ocasionadas por tempo e dinheiro. Quando tudo que você tinha a fazer era estudar, as coisas eram mais fáceis do que ir à escola, cuidar da família e trabalhar – tudo ao mesmo tempo. Sua capacidade organizacional e de memória é testada todos os dias. Medo da inadequação. Pode ser que você se convença de que está apenas “sem prática” em relação a assuntos escolares. Você nem se lembra mais o que fazer com um marca-texto! Embora alguns medos tenham fundamento, outros não têm. A realidade é que você está voltando para o ambiente acadêmico, do qual pode ter se ausentado por uma ou duas décadas. Trata-se de um mundo diferente (o que vou discutir mais adiante) do “mundo diário do trabalho”. É só uma questão de ajuste e – creia-me – levará alguns dias, talvez horas, para a sensação se dissipar. Suspeito que muitos leitores estejam com receio de não terem mais cabeça de “estudante”, de não “pensarem” mais da mesma maneira; ou, talvez algo mais pertinente a este livro: de estarem enferrujados para lidar com as habilidades necessárias para se dar bem no ambiente escolar. Esses medos não têm fundamento. Por muitos anos, você pensou em coisas e colocou-as em prática, talvez tenha tido sucesso, portanto, é ridículo pensar que na escola será diferente. Não xii
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será. Relaxe. Você pode achar que as suas habilidades de estudo estão enferrujadas, mas, provavelmente, elas estão sendo utilizadas todos os dias no seu trabalho. Talvez você esteja preocupado porque não acionou a energia acadêmica necessária da primeira vez. Bem, Thomas Edison ou Einstein, ou qualquer outra pessoa relativamente bem-sucedida, também não fizeram isso. Você mudou muito desde aquela época, não? Concentre-se no quanto você está mais qualificado. Como um peixe fora d’água. O medo de não se ajustar é um pouco diferente. Afinal, você não tem mais 18 anos. No entanto, saiba que a maioria dos estudantes universitários também se sente assim atualmente. O certo é que hoje você se encaixa ainda mais do que antes. Você verá os professores com outros olhos. O que provavelmente é um ganho. Sem dúvida, você ficará espantado como antes. A pior parte: vai considerar os professores como iguais. A melhor: vai achá-los mais jovens e não necessariamente tão bem-sucedidos ou experientes quanto você. Em qualquer situação, é provável que você não esteja pronto para tratá-los como se fossem ídolos menores. Há diferenças na vida acadêmica. No ambiente escolar, as coisas são mais lentas do que no mundo “real”, e você pode estar caminhando mais rápido do que o ritmo normal. Aos 18 anos, um dia sem aula significava jogo de futebol. Hoje pode significar adiantar as tarefas da semana, cozinhar (e congelar) para a semana inteira e/ou escrever os quatro relatórios da semana passada que estão atrasados. Independentemente de seu horário assoberbado, não espere que o ritmo acadêmico acelere da mesma maneira. Você terá de se acostumar a esquemas de trabalho e pessoas cuja vontade de acelerar é muito menor.
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algumas ideias aleatórias sobre o aprender O processo de aprendizado não deve ser doloroso e, certamente, não precisa ser chato, embora acabe sendo as duas coisas: doloroso e chato. Também não será necessariamente indolor. Às vezes, você terá de dar duro para entender um tópico ou para terminar um projeto. Essa é a realidade. O fato é que, de imediato, nada fica claro ou é de fácil compreensão. Aprender de forma mais lenta não significa que exista algo errado com você. Pode ser que o próprio assunto imponha mais vagar. O bom estudante não entra em pânico quando algo parece não estar entrando nos eixos. Basta dar tempo ao tempo, seguir as etapas necessárias e se manter confiante de que, inevitavelmente, uma luz no fim do túnel vai se acender. Alguns pais me perguntam: “Como posso motivar o meu filho?”. No geral, minha resposta é a seguinte: “Se eu soubesse, já estaria rico e aposentado”. No entanto, acho que existe uma solução, mas não é algo que os pais possam fazer – o próprio estudante tem de decidir se vai passar as suas horas na escola interessado e atento ou entediado e ressentido. É simples assim. Como você tem de ir à escola mesmo, por que não tentar aprender o máximo possível em vez de se comportar como um pobre coitado? Para muitos estudantes, a diferença entre um 5, um 10 e um 8 é – acredito piamente – apenas uma questão de querer se sair bem. Como eu friso nas entrevistas, um dia você vai sair da escola. Rapidamente, perceberá que a recompensa está no que você sabe e no que é capaz de fazer. As notas não vão mais contar, nem as provas. Então, há duas possibilidades: aprender hoje ou se arrepender mais tarde. Quantas vezes você disse a si mesmo: “Não sei por que estou me matando para aprender cálculo, álgebra, geometria, xiv
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física, química, história, sei lá o quê. Nunca vou usar isso de novo!”? A menos que patenteie alguma engenhoca milionária, não há dúvida de que, no futuro, próximo ou distante, você terá de saber isso. Fico surpreso como as coisas que fiz sem nenhum propósito em mente (exceto, lógico, para ganhar dinheiro ou para arranjar uma namorada) e que, anos depois, tornaram-se não apenas algo muito valioso para o âmbito pessoal ou profissional, mas absolutamente fundamental. Como eu poderia saber, quando fiz o curso de alemão como matéria optativa no colégio, que a mais importante feira internacional de livros seria em Frankfurt, na Alemanha? Ou que as tarefas básicas que aprendi durante um ano em que trabalhei com contabilidade (enquanto tentava escrever meu primeiro livro) seriam essenciais mais tarde, quando abri quatro empresas? Ou como as habilidades em matemática seriam importantes para vender e negociar ao longo dos anos? (Tudo bem, admito: há uns 30 anos não uso uma equação diferencial, mas nunca se sabe...) Assim, aprenda tudo. E não fique surpreso se aquela matéria “sem importância” surgir como a chave para a fama e a fortuna em sua vida.
não há muitas regras de estudo Há muitos outros livros sobre o assunto. Inevitavelmente, esses livros promovem o “sistema” de seus autores. Em geral, descrevem o que eles fizeram ao passar pela escola. Esse “sistema”, seja básico, tradicional ou peculiar, pode ou não funcionar para você. Entretanto, como agir se as técnicas de fazer anotações que eles ensinam não fizerem sentido para você? Ou se você adotar os “Supersímbolos de estudo” e, ainda assim, continuar tirando 5?
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No mundo dos estudos, há poucos “acertos” e “erros”. Certamente, não há uma única maneira de lidar com testes de múltipla escolha ou de fazer anotações. Portanto, não se engane pensando que existe um modo correto, principalmente se o que você estiver fazendo funcionar para você. Nem preciso dizer para não ler meus livros procurando um sistema definitivo de “regras” que sirvam para todos. Isso não existe. Você vai encontrar uma profusão de técnicas, dicas, artimanhas, esquemas e coisas do tipo, alguns itens, ou mesmo todos, podem funcionar para você; outros, não. Examine e selecione, mude e adapte, descubra o que funciona para você, pois só você é responsável por criar a sua maneira de estudar, e não eu. Durante 15 anos, utilizei a frase “Não estude mais, estude de forma inteligente” como slogan para a promoção e publicidade para minha série de livros. O que isso significa? Que eu garanto que você vai passar menos tempo estudando? Ou que quanto menos estudar, melhor (e melhores serão as suas notas)? Ou, ainda, que estudar não é tão complexo? Dificilmente. Significa que estudar de forma ineficiente é desperdiçar o tempo que você poderia gastar fazendo outras coisas (concordo, coisas provavelmente mais divertidas) e que dar conta dos estudos da forma mais rápida e eficiente é uma meta realista, valiosa, que pode ser atingida. Conheço bem o trabalho pesado, mas não estou em retiro monástico para me autoflagelar. Tento não trabalhar mais do que devo.
o que tirar daqui Se você não consegue se lembrar nem do seu próprio número de telefone, este livro é ideal para você. Esta nova edição está ainda xvi
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mais completa – um livro sobre memorização simples, prático e fácil de usar, que irá ajudá-lo a:
• Lembrar números. • Lembrar datas e fatos. • Reter mais conteúdo na primeira leitura. • Fazer anotações para se sair melhor em provas e trabalhos finais.
• Lembrar números. • Ampliar o vocabulário. • Lembrar a grafia correta das palavras. • Lembrar nomes e fisionomias. • Lembrar números. (Tenho a impressão de que esse é o maior problema de todo mundo.)
Tudo isso sem demandar uma quantidade absurda de tempo e esforço. Os conselhos que este livro apresenta são fáceis de serem assimilados e aplicados. Com o tempo, você pode até desenvolver habilidades para lembrar a qualquer momento onde deixou os óculos, as chaves do carro ou a carteira. A melhor forma de lidar com este livro é ler os capítulos de 1 a 8; em seguida, voltar e rever alguns mecanismos de aprimoramento da memória contidos nos capítulos 3 a 8. Caso tenha déficit de atenção – ou seja pai de alguém que tenha –, é bom ler o Capítulo 10. Após essa revisão, faça os testes do Capítulo 10 e comprove o quanto a sua memória melhorou. Tenho certeza de que terá uma surpresa. Quando terminar a leitura deste livro, exercitará sem esforço os músculos mentais que nunca soube possuir. ron Fry algo a lembrar
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Capítulo 1
ConStruA oS SeuS bAnCoS de memóriA
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que você lembraria com mais facilidade: o primeiro encontro com sua futura esposa (mesmo que tenha sido há décadas) ou o que comeu no café da manhã na última quinta-feira? Provavelmente, o primeiro fato (a não ser que na última quinta-feira tenha sido sua primeira tentativa de comer manteiga feita com leite de iaque). Que acontecimento evoca o maior número de lembranças: a enchente de 1996 ou a última vez que choveu (a menos, é claro, que tenha mesmo chovido canivetes)? Que nome você acharia difícil esquecer: João da Silva ou Irina Khakamada? No Capítulo 5, vamos tratar de como lembrar a grafia de srta. Khakamada. O que nomes, datas, lugares e eventos “memoráveis” têm em comum? O fato de serem diferentes. O que faz algo se tornar memorável é seu caráter extraordinário – o quanto difere das experiências rotineiras. A razão pela qual muitos de nós esquecemos onde colocamos as chaves ou os óculos é que ignorar esses objetos é muito 1
comum, parte essencial dos aspectos mais monótonos de nossas vidas. (Acredite ou não, de acordo com a Reader’s Digest, o adulto médio gasta 16 horas por ano procurando chaves.) Pelo mesmo motivo, temos dificuldade para nos lembrarmos de fatos, fórmulas e aulas. Ir à escola é ser bombardeado com informações todos os dias. Como tornar essas informações memoráveis? (Aliás, sabe onde estão os meus óculos?)
Compartimentalize a memória raM Para saber como memorizar informações importantes e como mantê-las armazenadas pelo menos até os exames finais, vamos dar uma olhada no cérebro, mais especificamente no funcionamento da memória. Pense no cérebro como se fosse o computador no qual você digitou seu último trabalho – um computador orgânico, conectado aos nervos, ligado a vários dispositivos de ENTRADA (os cinco sentidos), que possui memória ROM (memória apenas para leitura) e memória RAM (memória de acesso aleatório). A memória ROM corresponde aos dados que você não pode mudar – o sistema operacional, as informações que instruem seu coração a bater e seus pulmões a respirar. A memória RAM, por sua vez, é muito mais acessível. Como a maior parte dos computadores, seu cérebro armazena a RAM em dois lugares: na memória de curto prazo (o velho disquete de um lado só, com baixa densidade, do qual você quer se livrar) e na memória de longo prazo (a belezura de 500 gigabytes no disco rígido). Tudo bem, então, como inserir dados nesse sistema?
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Vamos jogar com rótulos de memória Dado o bombardeio de informações a que estamos sujeitos todos os dias, o cérebro faz escolhas constantes. As informações entram por um ouvido e saem pelo outro ou param na memória de curto prazo. Entretanto, quando o velho disquetinho lota, o cérebro tem de escolher: desfazer-se de algumas informações antigas ou passá-las para o disco rígido. Como decidir que informações devem ser gravadas e onde armazená-las? Bem, os cientistas ainda não são categóricos com relação a isso, mas, é claro, têm suas teorias. Os dados mais acessados e prontamente armazenados são os ensaiados – vêm e vão várias vezes. A maioria das pessoas acessa de imediato, sem nenhuma dificuldade, o conhecimento de como ler, dirigir, o “descobrimento” da América por Colombo, o nome do atual presidente e outras informações básicas. (Na pior das hipóteses, você se lembra de que “Cristóvão Colombo cruzou o oceano em 1492”. E não foi sorte ele ter feito isso? Caso contrário, se estivéssemos interessados apenas na exatidão histórica, teríamos de nos lembrar de algo como “Leif Eriksson desembarcou na região que hoje seria o Canadá entre 997 e 1003”. Utilizamos formas familiares em nossos bancos de memória para acessar esse tipo de informação. Por que, então, algumas pessoas conseguem citar nomes, símbolos e peso atômico dos elementos da tabela periódica − enquanto estão jogando (e ganhando) Trivial Pursuit 1? Voltando à analogia com o computador, essas informações foram “rotuladas” ou “codificadas” de alguma forma para serem recuperadas facilmente pelo usuário. Por exemplo, antes 1 Jogo de perguntas famoso, já comercializado no Brasil com esse nome (NT). Construa os seus bancos de memória
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MELHORE
SUA MEMÓRIA O livro Melhore sua Memória ensina os princípios básicos da memorização para que você aumente sua capacidade de reter o que lê e possa ter um bom desempenho nas provas ou apenas para se lembrar de onde colocou as chaves. Com ele, você conhecerá os diferentes tipos de memória e aprenderá as mais recentes técnicas e fórmulas, todas comprovadas pelo autor, que podem potencializar a capacidade de sua memória. Por meio dos testes oferecidos em cada capítulo, você poderá testar sua memória e identificar as áreas em que precisa melhorar. Este livro tem como público-alvo estudantes do Ensino Médio, universitários ou qualquer pessoa que queira aumentar sua capacidade de memorização.
ISBN 13 – 978-85-221-0630-1 ISBN 10 – 85-221-0630-4
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