Psicologia Cognitiva Tradução da 7 a edição norte-americana
Muitas temáticas foram atualizadas, como anatomia do cérebro, fisiologia ocular, reconhecimento de rostos, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, neurociência e memória de trabalho, recuperação da memória de curto prazo, mapas mentais, propriedades da língua, efeito de obscurecimento verbal e bilinguismo, solução de problemas, raciocínio e tomadas de decisão, inteligência humana e artificial, entre outras. Trata-se de uma obra fundamental para o leitor que deseja reconhecer as tendências tradicionais e, ao mesmo tempo, atualizar-se com aquelas emergentes no âmbito da Psicologia. Aplicações: Livro-texto para as disciplinas psicologia cognitiva, psicologia fisiológica, psicologia da percepção, psicologia experimental e processos psicológicos básicos nos cursos de graduação em Psicologia e em cursos de Enfermagem, Medicina, Pedagogia, Recursos Humanos e leitura complementar para as disciplinas psicometria, linguagens e psicologia educacional nos cursos de Psicologia. Material de apoio on-line para professores
ISBN 13 978-85-221-2559-3 ISBN 10 85-221-2559-7 Para suas soluções de curso e aprendizado, visite www.cengage.com.br
Psicopatologia: Uma Abordagem Integrada Tradução da 7a edição norte-americana
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Tradução da 15a edição norte-americana
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História da Psicologia Moderna Tradução da 10a edição norte-americana
Duane P. Schultz e Sydney Ellen Schultz MATERIAL DE APOIO ON-LINE
Dicionário de Psicologia (prelo) Tradução da 5a edição norte-americana
Robert J. Sternberg e Karin Sternberg
Psicologia cognitiva Tradução da 7 a edição norte-americana
9 788522 125593
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Outras Obras
Introdução à Psicologia: Atkinson & Hilgard
Psicologia cognitiva
Esta 7 edição do livro Psicologia Cognitiva apresenta, além dos conceitos essenciais acerca da psicologia cognitiva como Ciência, discussões atuais que fazem desta obra referência para os estudos da Psicologia. Destaca-se um capítulo dedicado exclusivamente ao conteúdo sobre inteligência humana e artificial; todos os boxes No Laboratório foram revisados e a maioria das imagens foi trocada, revisada ou ajustada. As importantes descobertas da Neurociência Cognitiva adicionadas por toda a obra são um diferencial que garante a vanguarda nesta obra. a
Robert J. Sternberg e Karin Sternberg
Robert J. Sternberg e Karin Sternberg
Peter Stratton e Nicky Hayes
Psicologia do Desenvolvimento: Infância e Adolescência Tradução da 8a edição norte-americana
David R. Shaffer e Katherine Kipp
11/25/16 11:49 AM
Tradução da 7a edição norte-americana
Psicologia Cognitiva
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) S839p
Sternberg, Robert J. Psicologia cognitiva / Robert J. Sternberg, Karin Sternberg; revisão técnica Marcelo Fernandes da ; tradução Noveritis do brasil. – 2. ed. – São Paulo, SP : Cengage Learning, 2016. 600 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia, índice e glossário. Tradução de: Cognitive psychology (7. ed.). ISBN 978-85-221-2559-3
1. Psicologia cognitiva. I. Sternberg, Karin. II. Costa, Marcelo Fernandes da. III. Título.
CDU 159.9
CDD 153.4 Índice para catálogo sistemático:
1. Psicologia cognitiva 159.9 (Bibliotecária responsável: Sabrina Leal Araujo – CRB 10/1507)
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Tradução da 7a edição norte-americana
Psicologia Cognitiva
ROBERT J.
KARIN
STERNBERG
STERNBERG
Cornell University
Cornell University
Tradução Noveritis do Brasil
Revisão técnica Marcelo Fernandes da Costa Graduado em Ortóptica pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM). Mestre e doutor em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP/SP). Pós-doutorado em Neurociências pela Universidade de Coimbra, Portugal. Livre-Docente em Psicologia Sensorial e da Percepção pelo Instituto de Psicologia da USP. Professor associado da área de Psicofisiologia Sensorial do Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da USP.
Austrália • Brasil • Japão • Coreia • México • Cingapura • Espanha • Reino Unido • Estados Unidos
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Psicologia cognitiva – Tradução da 7a edição norte-americana
© 2017, 2014 Cengage Learning © 2017 Cengage Learning Edições Ltda.
2a edição brasileira Robert J. Sternberg e Karin Sternberg Gerente editorial: Noelma Brocanelli Editora de desenvolvimento: Viviane Akemi Uemura Supervisora de produção gráfica: Fabiana Alencar Albuquerque Título original: Cognitive psychology – 7th edition (ISBN 13: 978-1-305-64465-6; ISBN 10: 1-305-64465-4) Tradução: Noveritis do Brasil
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, sem a permissão por escrito da Editora. Aos infratores aplicam-se as sanções previstas nos artigos 102, 104, 106, 107 da Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Esta editora empenhou-se em contatar os responsáveis pelos direitos autorais de todas as imagens e de outros materiais utilizados neste livro. Se porventura for constatada a omissão involuntária na identificação de algum deles, dispomo-nos a efetuar, futuramente, os possíveis acertos. A Editora não se responsabiliza pelo funcionamento dos links contidos neste livro que possam estar suspensos.
Revisão técnica: Marcelo Fernandes da Costa Copidesque: Andrea Pisan Revisão: Sirlaine Cabrine Fernandes e Bel Ribeiro Diagramação: Alfredo Carracedo Castillo Indexação: Casa Editorial Maluhy
Para informações sobre nossos produtos, entre em contato pelo telefone 0800 11 19 39 Para permissão de uso de material desta obra, envie seu pedido para direitosautorais@cengage.com
Capa: BuonoDisegno Imagem da capa: agsandrew/Shutterstock Especialista em direitos autorais: Jenis Oh Editora de aquisições: Guacira Simonelli
© 2017 Cengage Learning. Todos os direitos reservados. ISBN 13: 978-85-221-2559-3 ISBN 10: 85-221-2559-7 Cengage Learning Condomínio E-Business Park Rua Werner Siemens, 111 – Prédio 11 – Torre A – Conjunto 12 Lapa de Baixo – CEP 05069-900 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3665-9900 Fax: 3665-9901 SAC: 0800 11 19 39 Para suas soluções de curso e aprendizado, visite www.cengage.com.br
Impresso no Brasil Printed in Brazil 123 16 15 14
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Sumário
1 Introdução à psicologia cognitiva 1 capítulo
n
ACREDITE OU NÃO: Agora você vê, agora não vê! 2 Definição de psicologia cognitiva 3 Origens filosóficas da psicologia: racionalismo versus empirismo 5 Origens psicológicas da psicologia cognitiva 6 Primeiros posicionamentos dialéticos na psicologia cognitiva 6 n Aplicações práticas da psicologia cognitiva: Pragmatismo 10
O que conta é o que se vê: do associacionismo ao behaviorismo 11 n
ACREDITE OU NÃO: Progresso científico!? 12 O todo é diferente da soma das partes: psicologia da Gestalt 13
Surgimento da psicologia cognitiva 13 Papel inicial da neurociência cognitiva 14 Uma pitada de tecnologia: engenharia, computação e psicologia cognitiva aplicada 14
Métodos de pesquisa em psicologia cognitiva 16 Objetivos da pesquisa 16 Métodos distintivos de pesquisa 20 n No laboratório de Henry L. Roediger, III 21 n Investigação − Psicologia cognitiva: Autorrelatos 25 Ideias fundamentais na psicologia cognitiva 27 Temas-chave na psicologia cognitiva 29 Resumo 30 Pensando sobre o pensamento: questões analíticas, criativas e práticas 31 Termos-chave 31
v
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Sumário
2 Neurociência cognitiva 33 capítulo
n ACREDITE
OU NÃO: O cérebro utiliza menos energia do que a lâmpada de mesa? 34 Cognição: anatomia e mecanismos cerebrais 35 Anatomia do cérebro: prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo 35 Córtex cerebral e localização da função 40 n No laboratório de Martha Farah 41 Estrutura e funções neuronais 48
Observação das estruturas e das funções cerebrais 51 Estudos post-mortem 51 Estudo em animais vivos 52 Estudo em humanos vivos 52
Distúrbios cerebrais 61 AVC 61 n ACREDITE
OU NÃO: A cirurgia cerebral pode ser realizada enquanto você estiver acordado! 62
Tumores cerebrais 62 Lesões na cabeça 62
Temas-chave 63 Resumo 64 Pensando sobre o pensamento: questões analíticas, criativas e práticas 65 Termos-chave 65
3 Percepção visual 67 capítulo
n ACREDITE
OU NÃO: Se encontrasse um Tiranossauro rex, ficar parado salvaria você? 68
n Investigação − Psicologia cognitiva: Percepção 69
Da sensação à percepção 69 Alguns conceitos básicos sobre percepção 70 n Investigação − Psicologia cognitiva: O efeito de Ganzfeld 72 Ver objetos que não estão ali... ou estão? 72 Como nosso sistema visual funciona? 74 Vias para perceber o que e onde 75
Abordagens da percepção: como damos sentido ao que vemos? 76 Teorias ascendentes 77 Teorias descendentes 86 Como as teorias ascendentes e descendentes se combinam? 88 n No laboratório de Marvin Chun 89
Percepção de objetos e formas 90 Percepção centrada no observador versus percepção centrada no objeto 90 A percepção de grupos − leis da Gestalt 91 Reconhecimento de padrões e rostos 94 n ACREDITE
OU NÃO: Dois rostos diferentes podem parecer iguais para você? 97 O ambiente ajuda você a enxergar 98 Constância perceptual 98 Percepção de profundidade 100
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Sumário
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n Aplicações práticas da psicologia cognitiva: Pistas de profundidade na
fotografia 100 n Investigação − Psicologia cognitiva: Pistas de profundidade binoculares 103 Déficits perceptivos 104 Agnosia e ataxia 104 Anomalias na percepção de cores 105
Por que importa? percepção na prática 106 Temas-chave 107 Resumo 108 Pensando sobre o pensamento: questões analíticas, criativas e práticas 109 Termos-chave 109
4 Atenção e consciência 111 capítulo
n ACREDITE
OU NÃO: As melhores decisões são tomadas quando prestamos atenção? 112 A natureza da atenção e da consciência 113 Atenção 114 Observar os sinais no curto e no longo prazos 115 Busca: procurando ativamente 117 Atenção seletiva 120
n Investigação − Psicologia cognitiva: Modelo de atenuação 124 Atenção dividida 125 n No laboratório de John F. Kihlstrom 126 n Investigação − Psicologia cognitiva: Divisão da atenção 127 n ACREDITE
OU NÃO: Você é produtivo quando é multitarefas? 129
Fatores que influenciam a nossa habilidade de prestar atenção 131 Neurociência e atenção: um modelo de rede 132
Quando a nossa atenção falha 133 Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade 133 Cegueira de mudança e cegueira inatencional 134 Negligência espacial − metade do mundo equivocado 135
Processos automáticos e controlados na atenção 136 Processos automáticos e controlados 136 Como a automatização ocorre? 138 Automatização na vida diária 138 Erros que cometemos nos processos automáticos 140
Consciência 142 Consciência dos processos mentais 142 Processamento pré-consciente 143
Temas-chave 146 Resumo 146 Pensando sobre o pensamento: questões analíticas, criativas e práticas 148 Termos-chave 148
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Sumário
5 Memória: modelos e métodos de pesquisa 149 capítulo
ACREDITE OU NÃO: Problemas com a memória? E sobre voar menos? 150 Tarefas que permitem medir a memória 151
n
Tarefas de recordação versus tarefas de reconhecimento 151 Tarefas de memória implícita versus tarefas de memória explícita 153
Dois modelos contrastantes de memória 156 Modelo de armazenamento de Atkinson e Shiffrin 156 Modelo de níveis de processamento 163 n Investigação − Psicologia cognitiva: Nível de processamento 164 n Aplicações práticas da psicologia cognitiva: Estratégias de
elaboração 165 Memória de trabalho: um modelo integrador 165 Componentes da memória de trabalho 166 Neurociência e memória de trabalho 169 Medição da memória de trabalho 172
Outros modelos de memória 172 Sistemas de memória múltipla 172 n No laboratório de Marcia K. Johnson 175 Uma perspectiva conexionista 176
Memória excepcional e neuropsicologia 179 Memória extraordinária: mnemonistas 179 Déficit de memória 180
ACREDITE OU NÃO: Você também pode ser um campeão de memória! 181 Temas-chave 187 Resumo 187 Pensando sobre o pensamento: questões analíticas, criativas e práticas 188 Termos-chave 189
n
6 Processos mmemônicos 191 capítulo
ACREDITE OU NÃO: Existe uma razão pela qual nos lembramos de músicas irritantes 192 Codificação e transferência de informações 193
n
Formas de codificação 193 n Aplicações práticas da psicologia cognitiva: Estratégias de
memorização 201 n Investigação − Psicologia cognitiva: Teste a sua memória de
curto prazo 202 Neurociência: como a memória é armazenada? 203
Recuperação 206 Recuperação da memória de curto prazo 206 Recuperação da memória de longo prazo 208
Processos de esquecimento e de distorções de memória 209 Teoria da interferência 209 n Investigação − Psicologia cognitiva: Você se recorda da
lenda de Bartlett? 212
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Sumário
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Teoria do declínio 212 n Investigação − Psicologia cognitiva: A curva da posição serial 213 n Investigação − Psicologia cognitiva: Efeitos de primazia
e de recência 213 A natureza reconstrutiva da memória 214 Memória autobiográfica 215 n ACREDITE
OU NÃO: Preso ao passado? 218
Distorções da memória 218 n No laboratório de Elizabeth Loftus 222 O efeito do contexto na memória 224
Temas-chave 227 Resumo 228 Pensando sobre o pensamento: questões analíticas, criativas e práticas 229 Termos-chave 229
7 Imagens mentais e proposições 231 capítulo
n
ACREDITE OU NÃO: Mapas da cidade em forma de música para deficientes visuais 232 Representação mental do conhecimento 233 Comunicação do conhecimento: imagens versus palavras 234
n Investigação − Psicologia cognitiva: Representações na forma de
imagens e palavras 235 Imagens mentais 236 n Investigação − Psicologia cognitiva: Representações analógicas e
simbólicas de gatos 237 n Investigação − Psicologia cognitiva: O cérebro pode armazenar as
imagens do seu rosto? 238 Teoria do código dual: imagens e símbolos 238 n Investigação − Psicologia cognitiva: Codificação dual 240 Armazenamento do conhecimento como conceito abstrato: teoria propositiva 240 n No laboratório de Doug Medin 241 A teoria propositiva e as imagens sustentam as promessas? 243
Manipulação mental de imagens 246 Princípios de imagem visual 247 Neurociência e equivalência funcional 247 Rotação mental 248 n Investigação − Psicologia cognitiva: Teste suas habilidades na rotação
mental 250 n Investigação − Psicologia cognitiva: Gradação de imagens 252 Aumento das imagens mentais: gradação de imagens 253 n Investigação − Psicologia cognitiva: Mapeamento de imagens 253 Exame de objetos: mapeamento de imagens 255 Negligência representacional 256
Sintetização de imagens e proposições 257 As expectativas dos pesquisadores influenciam nos resultados dos experimentos? 257 Modelos mentais de Johnson-Laird 258
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Sumário n Aplicações práticas da psicologia cognitiva: Códigos duais 260 Neurociência: evidências para códigos múltiplos 261
Cognição espacial e mapas cognitivos 264 Sobre ratos, abelhas, pombos e humanos 264 Regras básicas para a utilização de mapas mentais: heurística 266 n
ACREDITE OU NÃO: Teste de memória? Não tenha um chimpanzé como concorrente! 266
n Investigação − Psicologia cognitiva: Mapas mentais 269 Criação de mapas com base no que ouvimos: mapas de texto 270
Temas-chave 271 Resumo 271 Pensando sobre o pensamento: questões analíticas, criativas e práticas 273 Termos-chave 273
8 A organização do conhecimento na mente 275 capítulo
ACREDITE OU NÃO: O Savant em todos nós 276 Conhecimento declarativo versus conhecimento processual 277 n
n Investigação − Psicologia cognitiva: Teste seu conhecimento
declarativo e processual 277 Organização do conhecimento declarativo 278 Conceitos e categorias 279 n
ACREDITE OU NÃO: Alguns números são ímpares, outros são mais ímpares 284 Modelos de redes semânticas 287 Representações esquemáticas 290
n Investigação − Psicologia cognitiva: Roteiros: o médico 293 n Aplicações práticas da psicologia cognitiva: Roteiros na vida diária 294 Representações de como realizamos as ações: conhecimento processual 295 A “produção” do conhecimento processual 295 Conhecimento não declarativo 296 n Investigação − Psicologia cognitiva: Conhecimento processual 297 n Investigação − Psicologia cognitiva: Primação 298 Modelos de integração para representação do conhecimento declarativo e não declarativo 298 Combinando representações: CAP-R 298 Processamento paralelo: o modelo conexionista 302 n No laboratório de James L. McClelland 306 O quanto da cognição é de domínio geral ou específico? 308
Temas-chave 309 Resumo 309 Pensando sobre o pensamento: questões analíticas, criativas e práticas 310 Termos-chave 311
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9 Linguagem 313 capítulo
n
ACREDITE OU NÃO: Os chineses pensam em números diferente dos norte-americanos? 314 O que é língua? 315 Propriedades da língua 315 Componentes básicos de palavras e frases 318
Compreensão da língua 319 Compreensão das palavras 319 n Investigação − Psicologia cognitiva: Compreensão de esquemas 323 Compreensão do significado: semântica 324 n
ACREDITE OU NÃO: Pode ser realmente difícil parar de xingar? 325 Compreensão das frases: sintaxe 326
n Investigação − Psicologia cognitiva: Senso gramatical 327 n Investigação − Psicologia cognitiva: Sintaxe 329 n Aplicações práticas da psicologia cognitiva: Falando com uma pessoa
não nativa na língua dela 332 n No laboratório de Steven Pinker 333
Leitura 334 Questões de percepção na leitura 334 Processos lexicais na leitura 335 Ensinar a ler 338 Quando a leitura é um problema − dislexia 338
Compreensão de textos orais e escritos: discurso 339 n Investigação − Psicologia cognitiva: Discurso 339 n Investigação − Psicologia cognitiva: Decifrando o texto 340 Compreensão de palavras conhecidas: recuperação do significado 340 n Investigação − Psicologia cognitiva: Efeitos da expectativa
na leitura 341 Compreensão de palavras desconhecidas: significado baseado no contexto 341 Compreensão de ideias: representação propositiva 342 Compreensão do texto com base no contexto e no ponto de vista 343 n Investigação − Psicologia cognitiva: Utilização da redundância
para decifrar textos ocultos 343 Representação de textos por meio de modelos mentais 343
Temas-chave 345 Resumo 345 Pensando sobre o pensamento: questões analíticas, criativas e práticas 346 Termos-chave 347
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Sumário
10 A linguagem no contexto 349 capítulo
ACREDITE OU NÃO: É possível contar os números sem usar palavras? 350 Linguagem e pensamento 351
n
Diferenças entre línguas 351 n
ACREDITE OU NÃO: Você vê as cores do lado esquerdo de forma diferente como as vê do lado direito? 354 Bilinguismo e dialetos 356
n No laboratório de Keith Rayner 357 Lapsos da língua 363 Linguagem metafórica 364
A linguagem no contexto social 365 n Investigação − Psicologia cognitiva: Linguagem em diferentes contextos 366 Características de conversas bem-sucedidas 367 Gênero e linguagem 368
Os animais têm uma linguagem? 369 Neuropsicologia da linguagem 372 Estruturas cerebrais envolvidas na linguagem 372 Afasia 374 Autismo 375
Temas-chave 376 Resumo 377 Pensando sobre o pensamento: questões analíticas, criativas e práticas 378 Termos-chave 378
11 Solução de problemas e criatividade 379 capítulo
n
ACREDITE OU NÃO: Novatos têm vantagem sobre especialistas? 380
Ciclo da solução de problemas 381 Tipos de problemas 383 Problemas bem estruturados 383 n Investigação − Psicologia cognitiva: Problemas de movimento 384 Problemas mal estruturados e o papel do insight 389
Obstáculos e auxílios à solução de problemas 394 Configuração mental, entrincheiramento e fixação 394 n Investigação – Psicologia cognitiva: Problemas das jarras de
água de Luchins 395 Transferência negativa e positiva 396 n Investigação – Psicologia cognitiva: Problemas que envolvem
transferência 397 Incubação 399 Cognição corporificada e solução de problemas 400 Neurociência e planejamento durante a solução de problemas 401
Expertise: conhecimento e solução de problemas 402 Organização do conhecimento 402 n No laboratório de K. Anders Ericsson 405 Memória de trabalho de longo prazo e especialização 407
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Sumário
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Talento inato e habilidade adquirida 409
Criatividade 411 Características de pessoas criativas 411 n
ACREDITE OU NÃO: Quando você fará o seu melhor trabalho? 413
n Investigação − Psicologia cognitiva: Criatividade na solução
de problemas 414 Neurociência e criatividade 414
Temas-chave 415 Resumo 416 Pensando sobre o pensamento: questões analíticas, criativas e práticas 417 Termos-chave 417
12 Tomada de decisão e raciocínio 419 capítulo
n
ACREDITE OU NÃO: Uma simples regra básica pode superar a estratégia de investimento do ganhador do Nobel? 420
n Investigação − Psicologia cognitiva: Falácia da conjunção 420
Julgamento e tomada de decisão 421 Teoria clássica da decisão 421 Heurísticas e vieses 422 n Investigação − Psicologia cognitiva: Efeito de configuração 429 Falácias 430 Falácia do jogador e a “mão quente” 431 Falácia da conjunção 431 A heurística nos ajuda ou nos tira do caminho certo? 432 Custos de oportunidade 433 Tomada de decisão naturalista 433 Tomada de decisão em grupo 434 n No laboratório de Gerd Gigerenzer 434 Neurociência da tomada de decisão 436
Raciocínio dedutivo 438 O que é raciocínio dedutivo? 438 Raciocínio condicional 438 Raciocínio silogístico: silogismos categóricos 443 Auxílios e obstáculos ao raciocínio dedutivo 446 n Aplicações práticas da psicologia cognitiva: Melhorias na habilidade de
raciocínio dedutivo 446 Raciocínio indutivo 447 O que é raciocínio indutivo? 447 Inferência causal 448 Inferência categórica 449 Raciocínio por analogia 449
Ponto de vista alternativo do raciocínio 450 Neurociência do raciocínio 451 n Investigação − Psicologia cognitiva: Quando não há escolha “certa” 452 Temas-chave 453 Resumo 453 Pensando sobre o pensamento: questões analíticas, criativas e práticas 455 Termos-chave 455
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Sumário
13 Inteligência humana 457 capítulo
n ACREDITE OU NÃO: As nossas expectativas realmente afetam o nosso desempenho cognitivo? 458 n Investigação − Psicologia cognitiva: Inteligência 459
Medidas e estruturas da inteligência 461 Spearman: fator “g” 464 Thurstone: capacidades mentais primárias 464 Cattell, Vernon e Carroll: modelos hierárquicos 467
Processamento da informação e inteligência 467 Teorias do tempo de processamento 467 Memória de trabalho 470 Teoria componencial e resolução de problemas complexos 470 n No laboratório de Ian Deary 471 Bases biológicas da inteligência 472
Abordagens alternativas da inteligência 474 Contexto cultural e inteligência 474 Gardner: inteligências múltiplas 478 Sternberg: teoria triárquica 479 n Aplicações práticas da psicologia cognitiva: Inteligência e cultura 482
Aperfeiçoando a inteligência: estratégias eficazes, ineficazes e questionáveis 482 Melhoria na inteligência infantil 483 n Investigação – Psicologia cognitiva: Ensino de inteligência 483 Desenvolvimento da inteligência em adultos 484
Inteligência artificial: simulações por computador 487 Um programa de computador pode ser “inteligente”? 487 Aplicações da inteligência artificial 488 Inteligência versus aparência de inteligência 488 n Aplicações práticas da psicologia cognitiva: Estilos cognitivos 489
Temas-chave 489 Resumo 490 Pensando sobre o pensamento: questões factuais, analíticas, criativas e práticas 491 Termos-chave 492 Glossário 493 Referências bibliográficas 501 Índice remissivo 553 Encarte colorido 561
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Prefácio Para o professor Seja bem-vindo à 7ª edição norte-americana de Psicologia cognitiva. O foco principal dessa revisão foi a legibilidade e a compreensão do texto. Reescrevemos e modificamos muitas seções e diminuímos a quantidade de tabelas, que eram muitas. Nos tópicos a seguir, destacamos as mudanças para lhe proporcionar uma visão geral desta edição.
Objetivos deste livro Os psicólogos cognitivos estudam muitos fenômenos psicológicos, como percepção, aprendizagem, memória e pensamento. Além disso, investigam fenômenos, como emoção e motivação, que parecem, do ponto de vista cognitivo, menos orientados. De fato, quase todos os tópicos de interesse psicológico podem ser estudados com base em uma perspectiva cognitiva. Neste livro, descrevemos algumas das respostas preliminares a perguntas feitas por pesquisadores das principais áreas da psicologia cognitiva. Os objetivos a serem alcançados nesta obra são: • apresentar a área da psicologia cognitiva de maneira abrangente, mas interessante; • integrar a apresentação da área ao tópico geral sobre inteligência humana; e • relacionar os principais temas e ideias que permeiam a psicologia cognitiva.
Missão da revisão de texto Na revisão deste livro, norteamo-nos por alguns objetivos, como: • tornar o texto mais acessível e compreensível; • tornar a psicologia cognitiva mais fascinante e menos intimidadora; • integrar a cobertura da neurociência cognitiva em cada capítulo; e • desenvolver imagens, ilustrações e tabelas atraentes.
Organização e características pedagógicas especiais As diversas características deste livro são: • O boxe “Acredite ou não” apresenta informações fantásticas e fatos da psicologia cognitiva. • O boxe “Aplicações práticas da psicologia cognitiva” ajuda os estudantes a pensarem sobre as aplicações da psicologia cognitiva nas suas próprias vidas. • O boxe “Investigação – Psicologia cognitiva” apresenta miniexperimentos e tarefas que os estudantes podem finalizar. • O tópico “Neurociência e...”, presente em pelo menos uma seção por capítulo, destaca a apresentação do material neurocientífico. • A verificação de conceitos, após cada seção principal, ajuda os alunos a verificarem a compreensão do material.
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Prefácio
O que há de novo nesta edição A seguir, apresentamos um panorama das mudanças desta edição seguido de detalhes do que foi modificado em cada capítulo: • Todos os boxes “No Laboratório de...” foram revisados e dois são completamente novos: Capítulo 7, “No Laboratório de Doug Medin”, e Capítulo 13, “No Laboratório de Ian Deary”. • Em razão da demanda dos leitores, o conteúdo sobre inteligência humana e artificial foi removido do Capítulo 12 e agora consta em um capítulo à parte (Capítulo 13, Inteligência humana). • Quase todas as imagens foram trocadas, revisadas ou ajustadas. • A linguagem foi revisada e muitas seções foram modificadas ou reescritas para facilitar a compreensão da leitura. • Todo o texto foi rigorosamente atualizado. • Por fim, elencamos as mudanças detalhadas em cada capítulo:
Capítulo 1 • Reescrevemos a definição de heurística e partes da seção “Definição de psicologia cognitiva” para facilitar a compreensão. • Acrescentamos uma figura sobre as origens da psicologia cognitiva. • Atualizamos as seções sobre as primeiras dialéticas na psicologia cognitiva, no estruturalismo, no associacionismo e no behaviorismo. • Acrescentamos uma nova figura sobre ciclo investigativo. • Editamos a seção “Temas-chave” na psicologia cognitiva.
Capítulo 2 • Atualizamos a seção sobre anatomia do cérebro − prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. • Atualizamos a seção sobre o córtex cerebral e reorganizamos as informações sobre os quatro lobos. • Atualizamos as seções que tratam de animais não humanos, imagem metabólica e lesões na cabeça. • Adicionamos uma descrição das novas técnicas de mapeamento, incluindo a combinação de imagem de ressonância magnética funcional (IRMf) e magnetoencefalografia (MEG), sonografia por doppler transcraniano funcional (fTCD) e espectroscopia por infravermelho próximo (NIRS).
Capítulo 3 • Atualizamos a introdução que esclarece a diferença entre sensação e percepção. • Atualizamos a seção que trata das vias o que e onde. • Ampliamos a explicação sobre o modelo de combinação de características de Selfridge. • Atualizamos a seção sobre fisiologia ocular. • Atualizamos a seção sobre teorias de combinação de características. • Adicionamos um novo conteúdo sobre CAPTCHAs (teste de Turing público totalmente automatizado para diferenciação entre computadores e humanos) para ilustrar as teorias dos modelos. • Atualizamos as seções sobre geons, percepção centrada no observador versus percepção centrada no objeto, prosopagnosia, constância de tamanho e de formato e ataxia óptica. • Acrescentamos à seção de reconhecimento de rostos uma nova seção sobre reconhecimento de emoções em rostos de pessoas com esquizofrenia. • Atualizamos a seção sobre percepção na prática.
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Capítulo 4 • Atualizamos a seção sobre a natureza da atenção e da consciência. • Reorganizamos e simplificamos a Tabela 4.1 sobre as quatro principais funções da atenção. • Atualizamos, sintetizamos e reescrevemos a seção sobre vigilância. • Revisamos a seção sobre atenção seletiva. • Reorganizamos e revisamos a seção sobre atenção dividida. • Acrescentamos, na seção sobre atenção dividida, uma pesquisa recente sobre enviar mensagem de texto por celular e dirigir ao mesmo tempo. • Atualizamos a seção sobre negligência espacial. • Atualizamos a seção sobre transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) • Ampliamos a legenda da figura sobre os modelos de Treisman e de Broadbent.
Capítulo 5 • Reestruturamos a Tabela 5.1 sobre medição da memória. • Aprimoramos a abordagem da memória de trabalho. • Acrescentamos novas seções sobre modelos alternativos da memória de trabalho, neurociência e memória de trabalho e pesquisa sobre amnésia, para darmos suporte à distinção entre memória de curto prazo e de longo prazo.
Capítulo 6 • Revisamos a discussão sobre o armazenamento de curto prazo. • Revisamos a discussão sobre o estudo de Roediger acerca dos dispositivos mnemônicos. • Revisamos a seção sobre dispositivos mnemônicos. • Atualizamos a abordagem da recuperação da memória de curto prazo. • Acrescentamos uma nova abordagem da conexão entre especificidade de codificação e níveis de processamento, assim como a pesquisa cerebral, à seção sobre consolidação da memória. • Adicionamos uma nova pesquisa sobre a especificidade de codificação, monitoramento da realidade e memória autobiográfica, sono e consolidação da memória, dispositivos mnemônicos, teoria da interferência e memória flashbulb. • Adicionamos pesquisas sobre bilíngues na seção que trata do executivo central, sobre como as memórias são armazenadas, como ocorre a formação de novas sinapses ou a perda delas e como ocorrem as oscilações cerebrais.
Capítulo 7 • Reelaboramos a Tabela 7.1 em relação às representações propositivas. • Acrescentamos um novo conteúdo na seção sobre mapas mentais. • Incorporamos uma nova discussão sobre neurociência e equivalência funcional. • Atualizamos e ampliamos as seções sobre neurociência e rotação mental, diferenças de gêneros na rotação mental e mapeamento de imagens. • Adicionamos uma discussão sobre viés de fronteira na seção sobre mapas cognitivos.
Capítulo 8 • Esclarecemos a diferença entre conceitos e categorias. • Esclarecemos a diferença entre protótipos e exemplares. • Acrescentamos uma semelhança familiar à seção de categorização. • Ampliamos a explicação sobre conceitos.
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• Atualizamos as seções sobre essencialismo, modelos de rede, esquemas e roteiros, efeito de tipicidade, controle adaptativo do pensamento racional (CAP-R) e processamento distribuído paralelamente (PDP). • Adicionamos a extensão de fronteira na seção sobre esquemas. • Aprimoramos a discussão sobre as diferenças entre representações conexionistas e de rede e as dificuldades com relação à aprendizagem.
Capítulo 9 • Atualizamos as seções sobre propriedades da língua, idiomas falados no mundo e exemplos de palavras recentemente inventadas. • Simplificamos e atualizamos as seções sobre componentes básicos das palavras, percepção da fala vista como especial e percepção da fala vista como comum. • Reescrevemos partes da seção sobre gramática transformacional. • Acrescentamos a seção sobre abordagens básicas para o ensino da leitura. • Reorganizamos a seção sobre leitura. • Adicionamos o modelo de simulação de Zwaan para representar o texto em modelos mentais.
Capítulo 10 • Atualizamos a seção sobre efeito de obscurecimento verbal e bilinguismo. • Simplificamos e atualizamos as seções sobre relatividade linguística e universal relacionada à hipótese Sapir-Whorf, metáforas, cérebro e linguagem, bem como sobre autismo e linguagem. • Eliminamos a seção sobre atos de fala.
Capítulo 11 • Acrescentamos, no início do capítulo, uma tabela para representar melhor o problema relacionado aos medicamentos e elaboramos uma descrição do problema. • Adicionamos definições e explicações sobre termos importantes, como estado inicial, estado de meta e obstáculos. • Atualizamos a seção sobre o ciclo de solução de problemas. • Ampliamos a explicação e as figuras relacionadas à torre de Hanói. • Acrescentamos uma figura para ilustrar o conceito de espaço do problema. • Atualizamos a seção sobre tipos de problemas. • Atualizamos o problema da vela de Duncker e duas imagens que ilustram o conceito. • Adicionamos a ameaça ao estereótipo na seção de configuração mental, entrincheiramento e fixação. • Acrescentamos uma nova seção sobre cognição corporificada e solução de problemas. • Reescrevemos a seção sobre transferência de analogias. • Reelaboramos a Tabela 11.2 sobre a correspondência entre a radiação e o problema militar. • Atualizamos a pesquisa sobre solução e incubação de problemas analógicos. • Revisamos a seção sobre especialização. • Acrescentamos uma nova seção relacionada à especialização e à memória de trabalho de longo prazo. • Atualizamos a seção sobre criatividade.
Capítulo 12 • Ampliamos e atualizamos as informações relacionadas à vida cotidiana nas seções sobre disponibilidade, satisfação e ancoragem heurística, bem como as relacionadas ao efeito de configuração.
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• Ampliamos a explicação sobre o efeito de configuração com base no exemplo da vacina. • Acrescentamos uma nova seção sobre viés de confirmação na seção sobre vieses. • Adicionamos uma nova seção sobre maximizadores e satisfacientes e os efeitos de suas estratégias no bem-estar. • Atualizamos as seções sobre viés de retrospectiva, falácia do jogador e falácia da conjunção. • Ampliamos e atualizamos a seção sobre o raciocínio condicional na vida diária.
Capítulo 13 • Acrescentamos um capítulo em que abordamos a inteligência humana e artificial.
Recursos Como professor, você terá recursos disponíveis para ajudá-lo na sala de aula: Manual do Professor com Banco de Testes (em inglês) − O Manual do Professor traz os destaques de cada capítulo, demonstrações para sala de aula, discussão de tópicos e sugestões de sites. O banco de testes inclui aproximadamente 75 perguntas de múltipla escolha e 20 perguntas de resposta breve por capítulo. Cada item de múltipla escolha é designado com uma referência de página e nível de dificuldade. PowerPoint (em português) − Com essa ferramenta de apresentação, é possível reunir, editar e apresentar aulas com facilidade. Há, ainda, imagens e tabelas relacionadas ao texto, assim como slides de leitura pré-montados no Microsoft PowerPoint®. Os professores podem utilizar esse material ou acrescentar seu próprio material para uma apresentação personalizada.
Agradecimentos Agradecemos aos membros das equipes editorial e de produção da Cengage Learning: Tim Matray, gerente de produto; Tangelique Williams-Grayer, desenvolvedora de conteúdo; Michelle Clark, gerente de projeto do conteúdo, e Kimiya Hojjat, assistente de produto. Também agradecemos aos revisores que nos ajudaram a desenvolver esta edição: Thomas C. Davis, Nichols College Jocelyn Folk, Kent State University Stephen Brusnighan, Kent State University Heather Labansat, Tarleton State University Michael Poulakis, University of Indianapolis Heather Bailey, Kansas State University Kevin DeFord, King University Charles P. Kraemer, LaGrange College Natalie Costa, University of New Orleans Sara Margolin, College of Brockport, SUNY Xiaowei Zhao, Emmanuel College Darryl Dietrich, College of St. Scholastica Andreas Wilke, Clarkson University Jennifer Perry, Baldwin Wallace University John Lu, Concordia University, Irvine Lisa Topp-Manriquez, University of Arkansas, Fort Smith Kristi Bitz, University of Mary, Bismarck
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Prefácio
Também agradecemos aos revisores que contribuíram com feedback e sugestões para as edições anteriores de Psicologia Cognitiva: Jane L. Pixley, Radford University Martha J. Hubertz, Florida Atlantic University Jeffrey S. Anastasi, Sam Houston State University Robert J. Crutcher, University of Dayton Eric C. Odgaard, University of South Florida Takashi Yamauchi, Texas A & M University David C. Somers, University of Boston Michael J. McGuire, Washburn University Kimberly Rynearson, Tarleton State University
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Prefácio Para o aluno Por que nos recordamos de pessoas com quem encontramos anos atrás, mas, às vezes, parece que esquecemos o que aprendemos no curso logo depois de fazer a prova final (ou pior, até um pouco antes)? Como administramos uma conversa com alguém em uma festa ao mesmo tempo que ouvimos casualmente outra conversa mais interessante bem ao lado? Por que as pessoas dizem que estão certas em determinada resposta quando, na verdade, não estão? Essas são três de muitas questões pertinentes à psicologia cognitiva. A psicologia cognitiva estuda como as pessoas percebem, aprendem, se lembram e pensam. Embora seja uma área unificada, permeia muitas outras áreas, mais notavelmente neurociência, ciência da computação, linguística, antropologia e filosofia. Assim, neste livro você encontrará alguns dos pensamentos dessas áreas. Além disso, a psicologia cognitiva interage com outros campos dentro da própria psicologia, como neurociência cognitiva, psicologia desenvolvimental, psicologia social e psicologia clínica. Por exemplo, é difícil ser psicólogo clínico no século XXI sem ter um sólido conhecimento do desenvolvimento da psicologia cognitiva porque muitos dos pensamentos da área clínica estão relacionados com as ideias cognitivas, tanto no que se refere ao diagnóstico quanto no que se refere à terapia. A psicologia cognitiva também proporciona meios para os psicólogos investigarem experimentalmente algumas das ideias estimulantes que surgiram da teoria e da prática clínica, como noções de pensamento inconsciente. A psicologia cognitiva é importante não apenas por si mesma, mas também por lhe proporcionar auxílio na vida diária. Por exemplo, o conhecimento sobre psicologia cognitiva pode ajudá-lo a compreender melhor como estudar para as provas, como ler de modo eficiente e como se recordar de um conteúdo difícil. Os psicólogos cognitivos estudam muitos fenômenos psicológicos, como percepção, aprendizagem, memória e pensamento. Além disso, investigam fenômenos, como emoção e motivação, que parecem, do ponto de vista cognitivo, menos orientados. De fato, quase todos os tópicos de interesse psicológico podem ser estudados com base em uma perspectiva cognitiva. Neste livro, descrevemos algumas das respostas preliminares a perguntas feitas por pesquisadores das principais áreas da psicologia cognitiva. • Capítulo 1, Introdução à psicologia cognitiva: Quais são as origens da psicologia cognitiva e como as pessoas fazem pesquisa nessa área? • Capítulo 2, Neurociência cognitiva: Quais estruturas e processos do cérebro humano subjazem às estruturas e aos processos da cognição? • Capítulo 3, Percepção visual: Como a mente humana percebe o que os sentidos captam? Como ela percebe formas e padrões? • Capítulo 4, Atenção e consciência: Quais processos mentais básicos administram como as informações entram na mente, na consciência e no processo de alto nível de manuseio de informações? • Capítulo 5, Memória: modelos e métodos de pesquisa: Como os diferentes tipos de informação (por exemplo, nossas experiências relacionadas a um evento traumático, os nomes dos ex-presidentes ou as etapas para andar de bicicleta) são representados na memória? • Capítulo 6, Processos mnemônicos: Como deslocamos as informações para a memória e as mantemos, além de conseguirmos recuperá-las quando necessário?
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• Capítulo 7, Imagens mentais e proposições: Como representamos as informações na mente? Fazemos isso por meio de palavras, de imagens ou de outra forma para representar o significado? Dispomos de diversas formas de representação? • Capítulo 8, A organização do conhecimento na mente: Como organizamos mentalmente o que sabemos? • Capítulo 9, Linguagem: Como deduzimos e produzimos significados por meio da língua? Como adquirimos a linguagem − pela língua primária ou por línguas adicionais? • Capítulo 10, A linguagem no contexto: Como o uso da linguagem interage com a maneira como pensamos? Como o mundo social interage com nosso uso da linguagem? • Capítulo 11, Solução de problemas e criatividade: Como resolvemos problemas? Quais processos ajudam na solução de problemas e quais nos impedem de alcançá-la? Por que alguns são mais criativos do que outros? Como nos tornamos e nos mantemos criativos? • Capítulo 12, Tomada de decisão e raciocínio: Como tomar decisões importantes? Como desenhamos conclusões razoáveis sobre informações que temos disponíveis? Por que e como tomamos decisões inapropriadas e chegamos a conclusões imprecisas? • Capítulo 13, Inteligência humana: O que é inteligência? Como medimos a inteligência? Ela pode ser melhorada? Para adquirir o conhecimento destacado na lista anterior, sugerimos que você explore as seguintes características pedagógicas deste livro: 1. Resumo do capítulo − no começo de cada capítulo, há uma síntese dos principais tópicos, dessa forma é possível ter uma visão geral do que será abordado. 2. Questões introdutórias − enfatizam as principais questões de cada capítulo. 3. Termos em negrito − indexados no fim dos capítulos e definidos no glossário, eles vão ajudar na aquisição do vocabulário da psicologia cognitiva. 4. Resumos no fim do capítulo − retomam as questões introdutórias e evidenciam o atual estado de conhecimento com relação a tais questões. 5. Questões no fim do capítulo − ajudam você a se certificar de que aprendeu o básico e de que é capaz de pensar de várias formas (factual, analítica, criativa e prática). 6. Demonstrações nos boxes “Investigação − Psicologia Cognitiva” − ao longo dos capítulos eles ajudam na percepção de como a psicologia cognitiva pode ser utilizada para demonstrar diversos fenômenos psicológicos. 7. Demonstrações nos boxes “Aplicações práticas da Psicologia Cognitiva” − mostram como é possível aplicar a psicologia cognitiva na vida diária. 8. Boxes “No laboratório de...” − sempre há o relato de como fazer pesquisa no campo da psicologia cognitiva. Pesquisadores proeminentes falam sobre a pesquisa − que problemas de pesquisa os estimulam e o que estão fazendo para lidar com tais problemas. 9. Boxes “Acredite ou não” − apresentam informações fantásticas e fatos do mundo da psicologia cognitiva. 10. Seção Temas-chave − quase no final de cada capítulo, relaciona o conteúdo estudado aos temas principais determinados no Capítulo 1. Essa seção vai ajudá-lo a visualizar a continuidade das principais ideias da psicologia cognitiva nas diversas subáreas. Este livro tem um tema primordial que unifica os diversos tópicos abordados nos capítulos: a cognição humana evolui ao longo do tempo como um meio de adaptação ao ambiente; podemos chamar essa habilidade de adaptação de inteligência. Com a inteligência, superamos de modo integrado e adaptativo muitos desafios com os quais nos deparamos. Embora os psicólogos cognitivos discordem em relação a muitos aspectos, existe um ponto com o qual a maioria concorda: a cognição permite que nos adaptemos com sucesso aos ambientes nos quais nos encontramos. Assim, precisamos de um constructo, como
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a inteligência, apenas para fornecer uma maneira abreviada de expressar essa unidade fundamental da habilidade adaptativa. Podemos ver essa unidade em todos os níveis no estudo da psicologia cognitiva. Por exemplo, diversas medidas do funcionamento psicofisiológico cerebral mostram as correlações com as pontuações em diversos testes de inteligência. A atenção seletiva, a capacidade de considerar determinado estímulo e ignorar outro, também está relacionada à inteligência e, como tem sido afirmado, uma pessoa inteligente é aquela que sabe qual informação considerar e qual ignorar. Diversas linguagens e habilidade para solucionar problemas também estão relacionadas à inteligência praticamente sem se levar em conta como é medida. Em suma, a inteligência humana pode ser vista como uma entidade que unifica e direciona o trabalho do sistema cognitivo humano. Esperamos que goste deste livro e perceba por que estamos entusiasmados com a psicologia cognitiva e por que temos orgulho de sermos psicólogos cognitivos.
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Sobre os autores Robert J. Sternberg é professor de desenvolvimento humano na Cornell University e professor honorário de psicologia na Heidelberg University, Alemanha. Antes, foi professor IBM de psicologia e de educação no Departamento de Psicologia na Yale University. Obteve o summa cum laude na Yale e o PhD em psicologia na Standford University. Além disso, possui 13 doutorados honorários. Recebeu diversos prêmios, incluindo o prêmio James McKeen Cattell, pela American Psychological Society; os prêmios Early Career e McCandless, pela American Psychological Association (APA), e o prêmio Outstanding Book, Research Review, Sylvia Scribner e Palmer O. Johnson, pela American Educational Research Association. Foi presidente da APA, da Eastern Psychological Association e da Federation of Associations in Behavioral and Brain Sciences. Atualmente, é editor de Perspectives on Psychological Science e foi editor do Psychological Bulletin e da APA Review of Books: Contemporary Psychology. É membro da American Academy of Arts and Sciences, da National Academy of Education e da Society of Experimental Psychologists. Também faz parte da APA, da Association for Psychological Science e da American Association for the Advancement of Science. Foi diretor do Center for Psychology of Abilities, Competencies and Expertise na Yale University. Karin Sternberg é pesquisadora associada na Cornell University. É PhD em psicologia pela University of Heidelberg, Alemanha, bem como um MBA com especialização em banco pela University of Cooperative Education, em Karlsruhe, Alemanha. Finalizou sua pesquisa de doutorado na Yale e obteve pós-doutorado em psicologia pela University of Connecticut. Posteriormente, atuou como pesquisadora associada na Kennedy School of Government e na School of Public Health da Harvard University. Atualmente, trabalha com projetos relacionados a admissões em graduações, pós-graduações e escolas profissionais com base nas teorias da psicologia cognitiva.
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R E S U M O
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Introdução à psicologia cognitiva
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Definição de psicologia cognitiva Origens filosóficas da psicologia: racionalismo versus empirismo Origens psicológicas da psicologia cognitiva Primeiros posicionamentos dialéticos na psicologia cognitiva Compreensão da estrutura da mente: estruturalismo Compreensão dos processos da mente: funcionalismo Uma síntese integradora: associacionismo
O que conta é o que se vê: do associacionismo ao behaviorismo Proponentes do behaviorismo Críticas ao behaviorismo Behavioristas que se atreveram a espiar dentro da caixa preta
O todo é diferente da soma das partes: psicologia da Gestalt Surgimento da psicologia cognitiva Papel inicial da neurociência cognitiva Uma pitada de tecnologia: engenharia, computação e psicologia cognitiva aplicada Métodos de pesquisa em psicologia cognitiva Objetivos da pesquisa Métodos distintivos de pesquisa Experimentos com o comportamento humano Pesquisa neurocientífica Autorrelatos, estudos de caso e observação naturalística Simulações por computador e inteligência artificial Junção de tudo
Ideias fundamentais na psicologia cognitiva Temas-chave na psicologia cognitiva Resumo Pensando sobre o pensamento: questões analíticas, criativas e práticas Termos-chave
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CHAPTER 1 • Introdução à psicologia cognitiva
A seguir, algumas das questões abordadas neste capítulo: 1. 2. 3. 4.
O que é psicologia cognitiva? De que modo a psicologia evoluiu como ciência? Como a psicologia cognitiva se desenvolveu a partir da psicologia? Como outras disciplinas contribuíram para o desenvolvimento da teoria e da pesquisa na psicologia cognitiva? 5. Quais métodos a psicologia cognitiva utiliza para estudar como as pessoas pensam? 6. Quais são as questões atuais e os vários campos de estudo dentro da psicologia cognitiva?
A CRE DI T E O U N ÃO
Agora você vê, agora não vê!
OBSERVAÇÃO: leia só depois de ter assistido ao vídeo. A psicologia cognitiva proporciona todos os tipos de descobertas surpreendentes. Dan Simons, da University of Illinois, é mestre em surpresas (ver Simons, 2007; Simons e Ambinder, 2005; Simons e Rensink, 2005). Tente você mesmo! Assista aos vídeos a seguir e veja se você tem algum comentário sobre eles. viscog.beckman.illinois.edu/fiashmovie/23.php Você percebeu que a pessoa que atende o telefone não é a mesma que está à mesa? Observe que elas estão vestindo roupas diferentes. Você acabou de ver um exemplo de cegueira para mudanças − a inabilidade ocasional de reconhecer mudanças. Esse tema será abordado em detalhes no Capítulo 3.
Agora, assista ao vídeo a seguir. A tarefa é contar quantas vezes os estudantes de camiseta branca passam a bola de basquete. Não considere os estudantes com camiseta preta. viscog.beckman.illinois.edu/flashmovie /15.php Bem, não importa quantos passes foram dados. No vídeo, você observou uma pessoa com roupa de gorila passando enquanto os estudantes estavam jogando a bola? A maioria não percebe. Esse vídeo mostra o fenômeno chamado cegueira atencional. Esse tema será abordado no Capítulo 4. Neste livro, exploraremos esses e muitos outros fenômenos.
Lembre-se da última vez em que foi a uma festa ou a um encontro social. Havia a possibilidade de encontrar dezenas e talvez até centenas de estudantes em um espaço relativamente pequeno. É possível que com uma música de fundo você conseguisse ouvir toda a conversa em volta. Da mesma forma, ao conversar com os amigos, talvez pudesse descobrir o que falavam ou até se concentrar em suas palavras, filtrando todas as outras conversas ao fundo. No entanto, subitamente, sua atenção é desviada por ter ouvido alguém em outra conversa próxima mencionar o seu nome. Nessa situação, qual processo estaria em andamento? Como filtrar as vozes irrelevantes e focar apenas em uma das muitas vozes ouvidas? E por que você percebeu seu nome sendo mencionado, mesmo que não tenha ouvido as conversas propositalmente ao seu redor? Nossa habilidade em focar em uma das muitas vozes é o “efeito coquetel”, fenômeno mais impressionante na psicologia cognitiva. Os processos cognitivos ocorrem de modo contínuo na sua mente e na mente das pessoas ao seu redor. Seja prestando atenção a uma conversa, seja fazendo a estimativa da velocidade do carro que se aproxima ao atravessar a rua ou memorizando
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Introdução à psicologia cognitiva • CAPÍTULO 1
Quando se está em uma festa, é possível filtrar muitos fluxos de vozes irrelevantes para concentrar-se em determinada conversa. Ainda assim, é possível notar alguém dizendo o seu nome em outra conversa, mesmo que não a esteja ouvindo atentamente.
a informação para uma prova, você está percebendo as informações, processando-as, lembrando-se delas ou pensando nelas. Este livro aborda esses processos cognitivos, que normalmente ficam ocultos e que tomamos como certos por serem automáticos para nós. Neste capítulo, apresentamos algumas pessoas que ajudaram a formar o campo da psicologia cognitiva e a torná-lo no que é hoje. Além disso, discutimos os métodos utilizados na pesquisa relacionada à psicologia cognitiva.
Definição de psicologia cognitiva O que se estuda em um livro de psicologia cognitiva? Psicologia cognitiva é o estudo de como as pessoas percebem as informações, aprendem-nas, lembram-se delas e pensam nelas. O psicólogo cognitivo estuda as várias formas de como as pessoas percebem, por que se lembram de alguns fatos e se esquecem de outros ou por que aprendem uma língua. Vejamos alguns exemplos: • Por que os objetos parecem estar mais distantes do que realmente estão em dias conturbados? • Por que muitas pessoas conseguem se lembrar de uma experiência em especial (por exemplo, um momento muito feliz ou algum constrangimento na infância), mas esquecem dos nomes de pessoas que conhecem há anos? • Por que muitas pessoas têm mais medo de viajar de avião do que de carro? • Por que sempre me lembro mais de alguém da minha infância do que de alguém que conheci na semana passada? • Por que os executivos de marketing de grandes empresas investem tanto em propaganda? Essas são algumas das perguntas que podemos responder por meio do estudo da psicologia cognitiva.
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CAPÍTULO 1 • Introdução à psicologia cognitiva
Consideremos apenas a última pergunta. Por exemplo, por que a Apple investe tanto dinheiro na propaganda do iPhone? Afinal de contas, quantas pessoas se lembram dos detalhes funcionais do iPhone ou em que medida tais funções são diferenciadas das funções de outros celulares? Uma das razões pelas quais a Apple investe tanto é a heurística da disponibilidade, que estudaremos no Capítulo 12. Heurística é o atalho mental utilizado para processar as informações. Quando pensamos sobre uma questão e determinados exemplos vêm imediatamente à mente, estamos utilizando a “heurística da disponibilidade” (Tversky e Kahneman, 1973). Quando pensamos em comprar um celular novo, provavelmente compraremos uma marca e um modelo de um aparelho familiar. De modo similar, a Microsoft investiu muito dinheiro no lançamento do Windows 8.1 para disponibilizar o produto cognitivamente para os clientes potenciais e, assim, aumentar as chances de eles se tornarem clientes. O mais importante é compreender que a psicologia cognitiva pode nos ajudar com o que acontece na nossa vida diária. Por que estudamos a história da psicologia cognitiva? Se soubermos de onde viemos, podemos compreender melhor para onde estamos indo. Além disso, podemos aprender com os erros. Por exemplo, existem diversas histórias de jornais sobre como um programa educacional ou outro resulta em ganhos particulares na conquista do estudante. No entanto, é relativamente raro ler que um grupo de controle é utilizado. Um grupo de controle pode nos dizer algo sobre a conquista dos estudantes que não estiveram em um programa educacional ou em um programa alternativo. Pode ser que esses estudantes também tenham obtido um ganho. Precisamos comparar os estudantes do grupo experimental aos do grupo de controle para determinar se o ganho dos estudantes no grupo experimental foi maior do que o do grupo de controle. Podemos aprender com a história do nosso campo que é importante incluir grupos de controle, mas nem todos aprendem esse fato. As questões fundamentais na psicologia cognitiva permanecem as mesmas, porém as maneiras de direcioná-las estão modificadas. Basicamente, os psicólogos cognitivos, ao estudarem como as pessoas têm pensamentos sobre o pensamento, querem saber como elas pensam. Com o tempo, as abordagens que os cientistas utilizam para estudar as questões na psicologia cognitiva mudam. Normalmente, essas mudanças são resultado da dialética. A dialética é um processo de desenvolvimento no qual as ideias evoluem com o tempo pela troca de ideias; de certa maneira, é como uma discussão estendida por um período de tempo maior. O processo dialético tem o seguinte formato: 1. Propõe-se uma tese. A tese é o enunciado de uma opinião. Por exemplo, algumas pessoas acreditam que a natureza humana (ou seja, os efeitos dos nossos genes) influencia em muitos aspectos do nosso comportamento (por exemplo, inteligência ou personalidade; Sternberg, 1999). Entretanto, depois de algum tempo, alguns indivíduos observam falhas nessa tese. 2. Surge uma antítese. Por fim, ou talvez logo em seguida, surja uma antítese. A antítese é um enunciado que contrapõe a tese. Por exemplo, uma visão alternativa é que o ambiente (cujos efeitos são chamados de “criação”) determina quase inteiramente muitos aspectos do comportamento humano. 3. Uma síntese integra os pontos de vista. Cedo ou tarde, o debate entre a tese e a antítese leva à síntese, que integra as características mais confiáveis de cada um (ou mais) dos pontos de vista. Por exemplo, no debate sobre natureza versus criação, a interação entre a natureza inata (congênita) e a criação ambiental pode reger a natureza humana. É importante compreender a dialética porque podemos pensar que, se uma opinião está certa, outra, aparentemente contrastante, pode estar errada. No campo da inteligência, por exemplo, muitos tendem a acreditar que a inteligência é total ou em parte geneticamente determinada, ou total ou em parte ambientalmente determinada. Um debate similar também se dissemina no campo de aquisição da linguagem. É melhor examinar tais questões como forças diferentes que interagem e se influenciam em vez de visualizá-las como questões do tipo “ou-ou”. Na verdade, a alegação mais amplamente aceita é a de que os pontos sobre “natureza ou criação” são incompletos. Em nosso desenvolvimento, natureza e criação operam de maneira conjunta.
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Introdução à psicologia cognitiva • CAPÍTULO 1
A criação pode funcionar de diferentes maneiras em diferentes culturas. Algumas culturas, especialmente a asiática, tendem a ser mais dialéticas no pensamento; outras, como a europeia e a norte-americana, tendem a ser mais lineares (Nisbett, 2003). Em outras palavras, os asiáticos são mais propensos a tolerar crenças contraditórias e esperam que em algum momento a solução resolva o conflito entre as crenças. Já os europeus e os norte-americanos esperam que os sistemas de crenças sejam consistentes. De modo semelhante, as pessoas da cultura asiática tendem a ter um ponto de vista diferente dos ocidentais ao virem ou ouvirem algo novo (por exemplo, o filme de um peixe no oceano; Nisbett e Masuda, 2003). Ao assistirem ao filme de um peixe nadando no oceano, os europeus ou norte-americanos tendem a prestar mais atenção no peixe; já os asiáticos focam no que circunda o oceano em que o peixe está nadando. As pessoas que pertencem a culturas ocidentais tendem a processar os objetos independentemente do contexto, ao passo que pessoas que pertencem a culturas orientais olham para os objetos incorporados no contexto circundante (Nisbett e Miyamoto, 2005). Os asiáticos podem enfatizar o contexto mais do que os objetos incorporados nele. A evidência sugere que a cultura influencia muitos processos cognitivos, incluindo a inteligência (Lehman, Chiu e Schaller, 2004). Se uma síntese avançar em nosso conhecimento sobre determinado assunto, servirá como uma tese nova. Em seguida, surgirá uma nova antítese, e assim por diante. Neste capítulo, veremos que a psicologia também evoluiu como resultado da dialética: os psicólogos tiveram ideias sobre como as mentes trabalham e seguiram a linha de pesquisa; então, outros psicólogos apontaram os pontos fracos e desenvolveram as alternativas como uma reação às ideias anteriores. Por fim, as características de diferentes abordagens são, normalmente, integradas em uma abordagem mais recente e mais abrangente.
Origens filosóficas da psicologia: racionalismo versus empirismo Onde e quando começou o estudo da psicologia cognitiva? Os historiadores do campo da psicologia identificam as primeiras fontes segundo duas abordagens para a compreensão da mente humana: • filosofia, busca a compreensão da natureza geral de muitos aspectos do mundo, em parte pela introspecção, a análise das ideias e experiências internas (intro, “para dentro, dentro”, e specção, “olhar”); • fisiologia, busca o estudo científico das funções que sustentam a vida na matéria viva, principalmente pelos métodos empíricos (com base na observação).
Figura 1.1 Racionalismo e Empirismo. (a) Segundo o racionalista, o único caminho para a verdade é a reflexão contemplativa; (b) segundo o empirista, o único caminho para a verdade é a observação meticulosa. A psicologia cognitiva, assim como outras ciências, depende do trabalho tanto dos racionalistas quanto dos empiristas.
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CAPÍTULO 1 • Introdução à psicologia cognitiva
Dois filósofos gregos, Platão (428 a.C.-348 d.C.) e o aluno dele, Aristóteles, (384-322 a.C.), têm influenciado profundamente o pensamento moderno na psicologia e em muitos outros campos. Com relação a como investigar ideias, Platão e Aristóteles discordaram. Platão era racionalista. O racionalista acredita que o caminho para o conhecimento se dá por meio da análise lógica, ou seja, não é preciso fazer experimentos para desenvolver novos conhecimentos. Um racionalista interessado em processos cognitivos apelaria à razão como fonte de conhecimento ou justificativa. Em contrapartida, Aristóteles (naturalista e biólogo, além de filósofo) era empirista. O empirista acredita que se adquire conhecimento por meio da evidência empírica, obtida pela experiência e observação (Figura 1.1). Para explorar como a mente humana trabalha, os empiristas projetam experimentos e conduzem estudos por meio dos quais observam o comportamento e os processos que lhes interessam. Assim, o empirismo conduz diretamente à investigação empírica da psicologia. Mais adiante neste capítulo, discutiremos os métodos de pesquisa empírica utilizados na psicologia cognitiva. O racionalismo, por sua vez, é muito importante no desenvolvimento da fundamentação teórica. As teorias racionalistas sem conexão com as observações obtidas pelos métodos empiristas podem não ser válidas e montanhas de dados observacionais sem estrutura teórica organizacional podem não ser significativas. Podemos considerar a visão racionalista do mundo como a tese, ao passo que a visão empirista seria a antítese. A maioria dos psicólogos do século XXI busca a síntese das duas. Eles baseiam as observações empíricas na teoria para explicar o que foi observado nos experimentos. Tais observações lhes servem para revisar as teorias quando descobrem que elas não consideram as observações do mundo real. As ideias contrastantes do racionalismo e do empirismo tornaram-se notórias com o racionalista francês René Descartes (1596-1650) e com o empirista inglês John Locke (1632-1704). Descartes considerava o método introspectivo e reflexivo superior aos métodos empíricos para encontrar a verdade. A famosa expressão cogito, ergo sum (penso, logo existo) derivou de Descartes. Ele sustentou que a única prova de sua existência é que ele estava pensando e questionando. Para Descartes, uma pessoa não poderia confiar em seus próprios sentidos porque, com frequência, eles tendiam a ser enganosos (pense na ilusão ótica). Locke, por sua vez, era muito entusiasmado com o método da observação empírica (Leahey, 2003). Ele acreditava que os seres humanos nascem sem nenhum conhecimento, por isso precisam buscá-lo por meio da observação empírica. O termo com o qual Locke denominou essa situação é tábula rasa (que significa “lousa branca” em latim). A ideia é de que a vida e a experiência “registram” o conhecimento no indivíduo. Assim, para Locke, o estudo da aprendizagem era fundamental para a compreensão da mente humana. Segundo ele, não existiam ideias inatas. No século XVIII, o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) sintetizou dialeticamente as ideias de Descartes e Locke, argumentando que tanto o racionalismo quanto o empirismo têm lugar. Ambos devem trabalhar juntos com relação à verdade. A maioria dos psicólogos do século XXI aceita a síntese de Kant. As origens da psicologia cognitiva discutidas aqui e nas próximas seções estão resumidas na Figura 1.2.
Origens psicológicas da psicologia cognitiva A psicologia cognitiva origina-se de diferentes ideias e abordagens (ver, por exemplo, King, Woody e Viney, 2013; Leahey, 2012). As abordagens examinadas incluem as abordagens iniciais, como estruturalismo e funcionalismo, seguidas por uma discussão sobre associacionismo, behaviorismo e psicologia da Gestalt.
Primeiros posicionamentos dialéticos na psicologia cognitiva Só recentemente a psicologia surgiu como um campo de estudo novo e independente (Hergenhahn e Henley, 2013). Ela se desenvolveu de maneira dialética. Normalmente,
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Introdução à psicologia cognitiva • CAPÍTULO 1
seria desenvolvida uma abordagem para estudar a mente e as pessoas a usariam para explorar a psique humana. No entanto, em algum ponto, os pesquisadores descobriram que a abordagem utilizada apresentava alguns pontos fracos ou discordaram em relação a algumas hipóteses fundamentais dessa abordagem. Então, desenvolveram uma nova abordagem. As futuras abordagens seriam integradas às melhores características das abordagens anteriores, rejeitariam algumas ou até a maioria das características. Na próxima seção, exploraremos algumas formas de pensar dos primeiros psicólogos e traçaremos o desenvolvimento da psicologia com base nas diversas escolas de pensamento. Observe que não há, nem nunca haverá, apenas uma abordagem correta para estudar a psicologia cognitiva. Em vez disso, os pesquisadores utilizam pelo menos uma abordagem e consideram o valor de outras abordagens.
Compreensão da estrutura da mente: estruturalismo Uma dialética inicial na história da psicologia é aquela entre o estruturalismo e o funcionalismo (Kardas, 2013; Leahey, 2012; Morawski, 2000). A primeira grande escola de pensamento no campo da psicologia foi o estruturalismo. O estruturalismo busca compreender a estrutura (configuração de elementos) da mente e as percepções por meio da análise de tais percepções em seus componentes constituintes (afeição, atenção, memória e sensação). Consideremos, por exemplo, a percepção de uma flor. Os estruturalistas analisariam essa percepção em termos de cor, forma geométrica, relações de tamanho, e assim por diante. Em termos de mente humana, os estruturalistas buscavam desconstruir a mente em componentes elementares; também estavam interessados em saber como tais componentes trabalhavam juntos para criar a mente (Benjamin, 2014). Wilhelm Wundt (1832-1920) era um psicólogo alemão cujas ideias contribuíram para o desenvolvimento do estruturalismo (Wertheimer, 2011). Com frequência, Wundt era visto como fundador do estruturalismo na psicologia (Structuralism, 2009). Ele utilizou uma variedade de métodos na própria pesquisa. Um deles era a introspecção. Introspecção é a observação consciente dos processos de pensamento de uma pessoa. O objetivo da introspecção é buscar os componentes elementares de um objeto ou de um processo. A introdução da introspecção como método experimental foi uma mudança importante por conta da ênfase no estudo de a mente passar da abordagem racionalista para a abordagem empirista do comportamento observacional a fim de que fosse possível rascunhar as conclusões sobre o tema de estudo. Em experimentos que envolvem introspecção, as pessoas relatam os pensamentos enquanto trabalham em determinada tarefa (Goodwin, 2011). Os pesquisadores interessados em resolver problemas pediriam para os participantes pensarem alto enquanto estivessem montando um quebra-cabeças, assim, os pesquisadores obteriam o insight de pensamentos contínuos na mente dos participantes. Então, na introspecção, podemos analisar nossas próprias percepções. O método de introspecção tem algumas mudanças associadas. Primeira: nem sempre as pessoas conseguem dizer exatamente o que têm em mente ou podem não conseguir se expressar adequadamente. Segunda: o que dizem pode não ser exato. Terceira: o fato de as pessoas prestarem atenção nos pensamentos ou falarem em voz alta enquanto estão realizando uma tarefa pode, por si só, alterar o processo em andamento. Wundt teve muitos seguidores. Um deles era um estudante estadunidense, Edward Titchener (1867-1927). Às vezes, Titchener (1910) é visto como o primeiro estruturalista completo. De qualquer modo, ele ajudou a levar o estruturalismo para os Estados Unidos. Seus experimentos dependiam exclusivamente do uso da introspecção e exploravam a psicologia do ponto vantajoso da experiência individual. Outros psicólogos pioneiros criticaram o método (introspecção) e o foco (estruturas elementares da sensação) do estruturalismo. Tais críticas originaram um novo movimento: o funcionalismo.
Wilhelm Wundt não teve muito sucesso na escola, faltava e com frequência era alvo de brincadeiras de mau gosto. Considerado um dos mais influentes psicólogos de todos os tempos, mostrou que o desempenho escolar nem sempre prevê o sucesso na carreira.
Compreensão dos processos da mente: funcionalismo Desenvolvido como uma alternativa para o estruturalismo, o funcionalismo sugeria que os psicólogos se concentrassem mais nos processos do pensamento em vez de se concentrarem no conteúdo. Por meio do funcionalismo buscava-se compreender o que as pessoas fazem e por que fazem. Essa questão central sobre os processos estava
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CAPÍTULO 1 • Introdução à psicologia cognitiva
Métodos para obter conhecimento
Como o conhecimento era adquirido
Racionalismo
Por meio do pensamento reflexivo e da análise lógica
Empirismo
Por meio da observação
Síntese
Por meio da observação, do pensamento e da análise lógica
Aristóteles (384–322 a.C.)
Immanuel Kant (1724–1804)
René Descartes (1596–1650)
1500
1600
Platão (c. 428–348 a.C.)
1700
John Locke (1632–1704)
Abordagens para estudar a mente
Métodos utilizados
O que é estudado
Estruturalismo
Introspecção
Conteúdo/estrutura da mente
Funcionalismo
Diversos; depende da pergunta feita
Processos de como a mente trabalha
Pragmatismo
Diversos
Pesquisa que pode ser aplicada ao mundo real
Síntese: Associacionismo
Experimentos: Ebbinghaus foi o próprio participante; Thorndike utilizou gatos e humanos.
A forma como o aprendizado acontece pela associação de objetos
Behaviorismo (forma extrema de associacionismo)
Utilização de animais em pesquisa, além de humanos. Análise quantitativa
Relações entre o comportamento observável e os eventos/estímulos ambientais
Psicologia da Gestalt
Introspecção, experimentos
Fenômenos psicológicos estudados como um todo organizado
Síntese: cognitivismo
Experimentos, simulação por computador, análise de protocolos
Compreensão do comportamento pelo modo como a pessoa pensa
Figura 1.2 Origens da psicologia cognitiva. *Você pode visualizar esta imagem em cores no final do livro.
em desacordo com a abordagem dos estruturalistas, que perguntavam quais eram os conteúdos elementares (estruturas) da mente humana. Os funcionalistas sustentavam que a chave para o entendimento da mente humana e do comportamento era o estudo dos processos de como e por que a mente funciona como funciona em vez de estudar os conteúdos e os elementos estruturais da mente. Eles estavam interessados particularmente nas aplicações práticas da pesquisa. Os funcionalistas estavam unidos pelos tipos de perguntas que faziam, mas não necessariamente pelas respostas que encontravam ou pelos métodos que utilizavam para chegar a essas respostas. Como os funcionalistas acreditavam que utilizar qualquer método respondia melhor a determinadas perguntas dos pesquisadores, parecia natural para o funcionalismo ser conduzido ao pragmatismo. Os pragmáticos acreditam que o conhecimento é validado pela utilidade: O que você pode fazer com isso? Eles estão
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Introdução à psicologia cognitiva • CAPÍTULO 1
Wilhelm Wundt 1832–1920
Edward Titchener 1867–1927
Wolfgang Koehler 1887–1967
Max Wertheimer 1880–1943
George Miller 1920–2012
E. L. Thorndike 1874–1949
Hermann Ebbinghaus 1850–1909
1800
1900
Ulric Neisser 1928–2012
2000 Herbert Simon 1916–2001
John Dewey 1859–1952 William James 1842–1910
Ivan Pavlov 1849–1936
John Watson 1878–1958
B. F. Skinner 1904–1990
preocupados não somente em saber o que as pessoas fazem mas também com o que podemos fazer com o nosso conhecimento acerca do que as pessoas fazem. Por exemplo, os pragmáticos acreditam na importância da psicologia para a aprendizagem e para a memória. Por quê? Porque isso pode nos ajudar a melhorar o desempenho das crianças na escola. Também pode nos auxiliar a nos fazer lembrar do nome das pessoas que conhecemos. Um líder em guiar o funcionalismo em direção ao pragmatismo foi William James (1842-1910). Sua principal contribuição funcional para o campo da psicologia foi um único livro: o marcante Principles of Psychology (1890/1970). Mesmo mais de um século depois, os psicólogos cognitivos discutem os pontos centrais dos artigos de James, como atenção, consciência e percepção. John Dewey (1859-1952) foi outro pragmático que influenciou profundamente o pensamento contemporâneo no campo da psicologia cognitiva. Dewey é lembrado principalmente pela abordagem pragmática do pensamento e da educação. Embora os funcionalistas estivessem interessados em saber como as pessoas aprendem, eles não chegaram a especificar como a aprendizagem acontece. Essa tarefa foi realizada por outro grupo, o dos associacionistas.
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CAPÍTULO 1 • Introdução à psicologia cognitiva
Muitos psicólogos cognitivos consideram que William James, médico, filósofo e irmão do autor Henry James, está entre os maiores psicólogos, embora ele mesmo tenha rejeitado a psicologia posteriormente.
Uma síntese integradora: associacionismo Assim como o funcionalismo, o associacionismo era mais um influente modo de pensar do que uma escola de psicologia rígida. O associacionismo examina como os elementos da mente, por exemplo, eventos ou ideias, podem ser associados para resultar em uma forma de aprendizagem. As associações podem resultar de: • contiguidade (associação de situações que tendem a ocorrer ao mesmo tempo); • similaridade (associação de situações com características ou propriedades semelhantes) ou • contraste (associação de situações que mostram polaridades, como quente/frio, claro/escuro, dia/noite). No fim dos anos de 1800, Hermann Ebbinghaus (1850-1909) tornou-se o primeiro pesquisador a aplicar os princípios associacionistas de maneira sistemática (Benjamim, 2014). Especificamente, Ebbinghaus estudou os próprios processos mentais. Ele fez uma lista de sílabas sem sentido com uma consoante e uma vogal seguida por outra consoante (por exemplo, zax). Então, anotou quanto tempo levava para memorizar tais listas. Contou os próprios erros e registrou os tempos de resposta. Pela auto-observação, Ebbinghaus estudou como as pessoas aprendem e se lembram do material por ensaio, a repetição consciente do material a ser aprendido (Figura 1.3). Entre outros achados, descobriu que a repetição frequente possibilita fixar as associações mentais de maneira mais consistente na memória. Dessa forma, a repetição auxilia no aprendizado (ver Capítulo 6). Primeira aprendizagem Revisada
Revisada
Revisada
100%
Retenção
90% 80% 70% 60% 50%
1
2
3 4 Lembrete (Dia)
5
6
7
Figura 1.3 Curva de Esquecimento de Ebbinghaus. A Curva de Esquecimento de Ebbinghaus mostra que as primeiras novas repetições resultam em uma curva de aprendizagem íngreme. Posteriormente, as repetições resultam em um aumento menor das palavras lembradas.
aplicações práticas da PSICOLOGIA COGNITIVA Pragmatismo Imagine-se colocando a ideia do pragmatismo em prática. Como é possível tornar as informações do curso mais úteis? 1. Este capítulo começa e termina com as mesmas questões para tornar as informações mais coerentes e úteis. Apresente as suas perguntas e organize as suas anotações na forma de respostas. 2. Relacione o material deste capítulo a outros cursos e atividades. Por exemplo, se lhe for solicitado
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explicar um novo aplicativo a um amigo, uma boa maneira de começar seria perguntar-lhe “Você tem dúvidas?”. Assim, as informações que você apresentar serão mais úteis para seu amigo, em vez de obrigá-lo a buscar a informação de que necessita por meio de uma exposição longa e unilateral. Como o pragmatismo pode ser útil na sua vida (em vez do curso da faculdade)?
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Introdução à psicologia cognitiva • CAPÍTULO 1
Outro associacionista influente, Edward Lee Thorndike (1874-1949), sustentou que o papel da “satisfação” é a chave para formar associações. Thorndike nomeou esse princípio lei de efeito (1905): com o tempo, um estímulo tende a produzir determinada resposta se um organismo for recompensado por aquela resposta. Para Thorndike, um organismo aprende a responder de determinada maneira (o efeito) em determinada situação se for recompensado diversas vezes por isso (a satisfação, que serve como estímulo para as ações futuras). Assim, se a criança receber uma recompensa por resolver os problemas de aritmética corretamente, ela sempre pedirá a recompensa porque estabelece uma associação entre a solução válida e a recompensa. Essas ideias precederam o desenvolvimento do behaviorismo.
O que conta é o que se vê: do associacionismo ao behaviorismo Outros pesquisadores contemporâneos de Thorndike utilizaram os experimentos com animais para investigar as relações estímulo-resposta com métodos diferentes dos utilizados por Thorndike e colegas associacionistas. Esses cientistas transpuseram a linha entre o associacionismo e o campo emergente do behaviorismo. O behaviorismo foca somente na relação entre o comportamento observado e os eventos ou estímulos ambientais. A ideia era focar no aspecto físico, ao passo que outros focavam no “mental” (Lycan, 2003). Alguns desses pesquisadores, como Thorndike e outros associacionistas, estudaram respostas voluntárias (embora talvez carecessem de algum pensamento consciente, como no caso do trabalho de Thorndike). Outros estudaram as respostas desencadeadas involuntariamente em reação ao que parecia ser eventos externos não relacionados. Na Rússia, Ivan Pavlov (1849-1936), psicólogo que ganhou o prêmio Nobel, estudou o comportamento de aprendizagem involuntário desse tipo. Ele começou com a observação de que os cães salivavam ao verem o técnico de laboratório que os alimentava. Essa resposta ocorreu antes de os cães verem se o técnico tinha comida. Para Pavlov, essa resposta indicava uma forma de aprendizagem (aprendizagem classicamente condicionada) sobre a qual os cães não tinham controle consciente. Na mente dos cães, algum tipo de aprendizagem involuntária ligou o técnico à comida (Pavlov, 1955). O extraordinário trabalho de Pavlov abriu caminho para o desenvolvimento do behaviorismo. As ideias dele foram conhecidas nos Estados Unidos especialmente por meio do trabalho de John B. Watson (ver próxima seção). O condicionamento clássico compreende mais do que uma simples associação com base na contiguidade temporal (por exemplo, a ocorrência da comida e do estímulo condicionado quase ao mesmo tempo; Ginns, 2006; Rescorla, 1967). O condicionamento eficaz exige contingência (por exemplo, a apresentação da comida é contingente [ou seja, dependente] na apresentação dos estímulos condicionados; Rescorla e Wagner, 1972; Wagner e Rescorla, 1972). As contingências, na forma de recompensa e punição, ainda são utilizadas no século XXI, por exemplo, no tratamento de abuso de substâncias (Cameron e Ritter, 2007). O behaviorismo pode ser considerado a versão extrema do associacionismo. Foca-se na associação entre o ambiente e o comportamento observável. Segundo alguns behavioristas extremos (“radicais”), quaisquer hipóteses a respeito de pensamentos e formas de pensar internas são mera especulação (Benjamin, 2014). Os behavioristas radicais tentaram influenciar a maneira como as pessoas lidavam com os problemas na vida diária, desde a educação infantil à formação escolar e até as relações pessoais próximas (Benjamin e Baker, 2014).
Hermann Ebbinghaus, psicólogo experimental alemão.
Proponentes do behaviorismo O “pai” do behaviorismo radical é John Watson (1878-1958). Ele não utilizou conteúdos mentais internos (pensamentos) ou mecanismos. Acreditava que os psicólogos deveriam se concentrar somente no estudo do comportamento observável (Doyle, 2000). Ele descartou o pensamento como nada mais do que uma fala subvocalizada. O behaviorismo era diferente dos movimentos anteriores da psicologia por redirecionar a ênfase da pesquisa experimental focada em humanos para animais. Historicamente,
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CAPÍTULO 1 • Introdução à psicologia cognitiva
muito das pesquisas behavioristas foram conduzidas (e ainda são) com animais de laboratório, como ratos e pombos, pelo fato de esses animais possibilitarem um controle muito maior sobre a relação entre o ambiente e o comportamento em resposta a ele (embora os behavioristas também conduzissem experimentos em humanos). Contudo, um problema com relação à utilização de animais é determinar se a pesquisa pode ser generalizada para seres humanos (ou seja, aplicada de forma mais geral a seres humanos em vez de apenas aos tipos de animais não humanos estudados). B. F. Skinner (1904-1990), um behaviorista radical, acreditava que todas as formas de comportamento humano, não apenas a aprendizagem, explicariam as reações ao ambiente. Skinner conduziu pesquisas principalmente com animais. Ele rejeitou os mecanismos mentais. Acreditava que o condicionamento operante – que envolve a força ou a fraqueza do comportamento, contingente na presença ou ausência de reforço (recompensa) ou punições − explicaria todas as formas de comportamento humano. Skinner aplicou a análise experimental do comportamento a muitos fenômenos psicológicos, como a aprendizagem, a aquisição da linguagem e a resolução de problemas. Principalmente por causa da presença intensa de Skinner, o behaviorismo dominou o campo de estudos da psicologia por muitas décadas.
Críticas ao behaviorismo O behaviorismo foi desafiado por muitas frentes, como aquisição, produção e compreensão da linguagem. Primeiro, embora tenha parecido funcionar bem para determinados tipos de aprendizagem, o behaviorismo não contou com atividades mentais complexas, como aprendizagem da linguagem e solução de problemas. Segundo, mais do que compreender o comportamento das pessoas, alguns psicólogos querem saber o que se passa na mente. Terceiro, a utilização de técnicas do behaviorismo para estudar os animais mostrou-se mais fácil do que para estudar os humanos. Ainda assim, o behaviorismo continua sendo uma escola de psicologia, embora não seja solidário à abordagem cognitiva, que metafórica e às vezes literalmente espia a cabeça das pessoas para compreender como aprendem, se lembram, pensam e argumentam. Outras críticas surgiram, conforme será discutido na próxima seção. Processo científico!?
Às vezes, o progresso da ciência pode dar voltas inacreditáveis. Desde o início da década de 1930 até os anos de 1960, a lobotomia era um meio popular e aceitável de tratar distúrbios mentais. A lobotomia envolve o corte das conexões entre o lóbulo frontal do cérebro e o tálamo. O psiquiatra Walter Freeman desenvolveu um tipo particular de lobotomia em 1946 − a lobotomia transorbital ou lobotomia com “picador de gelo”. Nesse procedimento, ele inseria nos lobos frontais um instrumento parecido com um picador de gelo pela órbita dos olhos, e movimentava o instrumento para frente e para trás. Com um forte choque elétrico, o paciente era previamente colocado em estado de inconsciência. Nos últimos anos da década de 1950, milhares de norte-americanos foram submetidos a esse tipo de “psicocirurgia”. De acordo com alguns relatos, as pessoas sentiam menos tensão e ansiedade após a cirurgia; no entanto, muitas delas faleceram ou se tornaram permanentemente incapazes depois da lobotomia. Uma paciente famosa que passou por esse procedimento foi a irmã de John F. Kennedy, Rosemary. Inacreditavelmente, as lobotomias eram realizadas
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em pacientes que não estavam conscientes de que estavam sendo operados. Howard Dully foi lobotomizado aos 12 anos e só teve conhecimento do procedimento muitos anos depois (Helmes e Velamoor, 2009; MSNBC, 2005).
Bettmann/Corbis
ACRE DI T E O U N Ã O
Na lobotomia, as conexões entre os lobos frontais do cérebro e o tálamo eram cortadas.
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Introdução à psicologia cognitiva • CAPÍTULO 1
Behavioristas que se atreveram a espiar dentro da caixa-preta Alguns psicólogos rejeitaram o behaviorismo radical. Eles tinham muita curiosidade em relação a saber o que havia na caixa-preta. Os behavioristas consideram a mente como uma caixa-preta que é mais bem compreendida em termos de entrada e saída, mas cujos processos internos não podem ser precisamente descritos por não serem observáveis. Por exemplo, o crítico Edward Tolman (1886-1959) achava que o comportamento de compreensão exigia considerar a finalidade, o plano e o comportamento. Tolman (1932) acreditava que todo comportamento é direcionado a uma meta. Por exemplo: o objetivo do rato no labirinto seria encontrar alimento. Por vezes, Tolman é visto como precursor da moderna psicologia cognitiva. Bandura (1977) observou que o aprendizado parecia resultar não apenas em benefícios diretos para o comportamento, mas também em benefícios sociais, resultado de observações sobre benefícios ou punições dados a outros. A capacidade de aprender por meio da observação está bem documentada e pode ser comprovada em seres humanos, macacos, cães, pássaros e até mesmo em peixes (Brown e Laland, 2001; Laland, 2004). Em humanos, essa habilidade está presente em todas as idades, é observada tanto em crianças como em adultos (MejiaArauz, Rogoff e Paradise, 2005). Essa teoria enfatiza como observamos e modelamos o próprio comportamento com base no comportamento dos outros. Aprendemos pelo exemplo. Essa consideração de aprendizado social abriu caminho para se examinar o que acontece na mente do indivíduo.
O todo é diferente da soma das partes: psicologia da Gestalt Entre os inúmeros críticos do behaviorismo, os psicólogos da Gestalt estão entre os mais ávidos. De acordo com a psicologia da Gestalt, compreendemos melhor os fenômenos psicológicos quando os visualizamos de forma organizada e estruturada. Segundo essa visão, não se pode compreender totalmente o comportamento quando desmembramos os fenômenos. Por exemplo, os behavioristas tendem a estudar a solução do problema olhando o processo subvocal (quando as pessoas murmuram). Eles buscam um comportamento observável pelo qual a solução do problema pode ser compreendida. Em contraposição, os gestaltistas estudam os insights para compreender o evento mental não observável pelo qual alguém vai da situação de não ter ideia sobre como resolver um problema para a situação de compreendê-lo totalmente no que parece ser um mero instante no tempo. A máxima “o todo é diferente da soma das partes” resume muito bem a perspectiva gestaltista. Por exemplo, para entender a percepção de uma flor, teríamos que levar em conta a experiência como um todo. Não seria possível entender essa percepção apenas em termos da descrição de formas, cores, tamanhos, e assim por diante. Do mesmo modo, como mencionado no parágrafo anterior, não poderíamos entender a resolução de problemas simplesmente examinando os elementos isolados do comportamento observável (Köhler, 1927, 1940; Wertheimer, 1945/1959). Teremos uma visão mais aproximada dos princípios gestaltistas no Capítulo 3.
Surgimento da psicologia cognitiva No início dos anos de 1950, aconteceu um movimento chamado “revolução cognitiva”, em resposta ao behaviorismo. O cognitivismo é a crença de que boa parte do comportamento humano explica como as pessoas pensam. Rejeita a noção behaviorista de que os psicólogos devem evitar o estudo dos processos mentais apenas por não serem observáveis. O cognitivismo é, em parte, uma síntese das formas anteriores de análise, como o behaviorismo e o gestaltismo. Como o behaviorismo, adota a análise quantitativa precisa para estudar como as pessoas aprendem e pensam; como o gestaltismo, enfatiza os processos mentais internos.
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CAPÍTULO 1 • Introdução à psicologia cognitiva
Papel inicial da neurociência cognitiva Ironicamente, um dos ex-alunos de Watson, Karl Spencer Lashley (1890-1958), questionou de forma contundente a teoria behaviorista de que o cérebro humano é um órgão passivo que apenas reage às contingências comportamentais fora do indivíduo (Gardner, 1985). Lashley considerou o cérebro um organizador ativo e dinâmico do comportamento. Ele buscava entender como a macro-organização do cérebro humano possibilitava a execução de atividades planejadas e complexas, como apresentações musicais, jogos e o uso da linguagem. Na opinião dele, nenhuma delas poderia ser prontamente explicável em termos de condicionamento simples. No mesmo curso, mas em uma análise diferente, Donald Hebb (1948) propôs o conceito de conjuntos celulares como base para a aprendizagem no cérebro. Esses conjuntos são estruturas neurais coordenadas que se desenvolvem por meio da estimulação frequente. Eles se desenvolvem com o passar do tempo conforme a capacidade de um neurônio (célula nervosa), ao ser estimulado, de disparar outro neurônio conectado. Os behavioristas não dispensaram a oportunidade de concordar com teóricos como Lashley e Hebb. De fato, Skinner (1957) escreveu um livro em que descrevia como a aquisição e o uso da linguagem seriam explicados puramente em termos de contingências comportamentais. Esse trabalho levou a estrutura teórica de Skinner longe demais, deixando-o livre para ser contestado. E tal contestação estava a caminho. O linguista Noam Chomsky (1959) revisou de forma contundente as ideias de Skinner. Em seu artigo, Chomsky enfatizou a base biológica e o potencial criativo da linguagem. Ele destacou o número infinito de sentenças que produzimos com facilidade. Dessa forma, desafiou as noções behavioristas de que aprendemos a linguagem pelo reforço. Até uma criança produz continuamente sentenças novas que não foram reforçadas no passado.
Uma pitada de tecnologia: engenharia, computação e psicologia cognitiva aplicada No fim dos anos de 1950, alguns psicólogos intrigaram-se com a noção tentadora de que as máquinas poderiam ser programadas para demonstrar o processamento inteligente
Figura 1.4 Teste de Turing. Um interrogador comunica-se pelo computador com outra pessoa e com um computador. A tarefa do interrogador é descobrir, por meio de perguntas das mais variadas possíveis, quem é o computador.
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Introdução à psicologia cognitiva • CAPÍTULO 1
de informações (Rychlak e Struckman, 2000). Turing (1950) sugeriu que, em pouco tempo, seria difícil distinguir a comunicação das máquinas da dos seres humanos. Ele indicou um teste, hoje chamado de “teste de Turing”, que avaliava se a saída do programa de computador era indistinguível da saída dos humanos (Cummins e Cummins, 2000). Em outras palavras, suponha que você se comunicasse com um computador e não soubesse que se tratava de um equipamento. Então, o computador teria passado no teste de Turing (Schonbein e Bechtel, 2003). (ver Figura 1.4.) Por volta de 1956, uma nova expressão entrou para o nosso vocabulário. Inteligência Artificial (IA) é definida como as tentativas humanas de construir sistemas que mostrem inteligência e, particularmente, o processamento inteligente das informações (Merriam Webster’s Collegiate Dictionary, 2003). Os exemplos de IA são os programas de jogo de xadrez, que conseguem vencer os seres humanos na maioria das vezes. No entanto, especialistas subestimaram muito a dificuldade de desenvolver um computador que pudesse pensar como um humano pensa. Mesmo no século XXI, os computadores têm problemas em ler caligrafia e compreender e responder com a mesma facilidade dos humanos. Por exemplo, “Siri” é um programa para dispositivos móveis da Apple, como o iPhone. A Apple o chama de “assistente pessoal”. Você pode pedir para Siri fazer uma ligação, colocar os compromissos no calendário ou informar o clima de determinado local. Embora o programa seja aprimorado constantemente e possa entender muitas perguntas ou comandos, ainda não consegue compreender como o humano compreende − ou chegar a algo parecido. Muitos dos primeiros psicólogos cognitivos se interessaram pela psicologia cognitiva por meio de problemas aplicados. Por exemplo, segundo Berry (2002), Donald Broadbent (1926-1993) dizia ter desenvolvido o interesse pela psicologia cognitiva por causa de um problema relacionado à aeronave AT6. Os aviões possuíam duas alavancas quase idênticas sob o assento. Uma servia para erguer as rodas e a outra para levantar os aerofólios. Aparentemente, quase todos os pilotos confundiam as duas e, consequentemente, acabavam causando enormes prejuízos decorrentes de acidentes na decolagem. Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos psicólogos cognitivos, incluindo os assessores do autor Wendell Garner, consultaram um militar para resolver problemas práticos de aviação e outros campos que surgiram fora da guerra contra as forças inimigas. A teoria da informação, que buscava entender o comportamento das pessoas em relação a como elas elaboram os tipos de elementos de informação processada pelos computadores (Shannon e Weaver, 1963), também cresceu em decorrência dos problemas de engenharia e de informática. A propaganda utiliza bastante a psicologia cognitiva aplicada. John Watson, após deixar a Universidade Johns Hopkins como professor, tornou-se um executivo bem-sucedido em uma agência de propaganda e aplicou o próprio conhecimento de psicologia para alcançar tal sucesso. De fato, muito da propaganda aplica os princípios da psicologia cognitiva para atrair consumidores (Benjamin e Baker, 2004). No início da década de 1960, o desenvolvimento se moveu rapidamente para o que chamamos de “psicobiologia”, que se expandiu e hoje é denominada neurociência cognitiva, linguística, antropologia e IA. Esse desenvolvimento, assim como as reações contra o behaviorismo por parte de muitos psicólogos importantes, criou uma atmosfera perfeita para a revolução. Os primeiros cognitivistas (como Miller, Galanter e Pribram, 1960; Newell, Shaw e Simon, 1957) afirmavam que as teorias behavioristas tradicionais sobre o comportamento eram inadequadas, principalmente porque não falavam sobre como as pessoas pensam. Um dos primeiros e mais famosos artigos sobre psicologia cognitiva tratava do “mágico número sete”. George Miller (1956) pontuou que o número sete aparecia em diferentes momentos da psicologia cognitiva, como na literatura sobre a percepção e a memória, por isso imaginou se havia algum significado oculto nessas frequentes ocorrências. Ele descobriu que a maioria das pessoas é capaz de se lembrar de cerca de sete itens de informação. Nesse trabalho, Miller também apresentou o conceito da capacidade de canal, ou seja, o limite superior no qual um observador consegue combinar a resposta para a informação a ele oferecida. Por exemplo, caso você consiga se lembrar de sete dígitos apresentados em sequência, sua capacidade de canal para memorizar números é o “sete”. O livro de Ulric Neisser, Cognitive Psychology (Neisser, 1967), foi especialmente importante na divulgação do cognitivismo, que
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estava em desenvolvimento, aos alunos de graduação, de pós-graduação e ao ambiente acadêmico em geral. De acordo com Neisser, a psicologia cognitiva é o estudo de como as pessoas aprendem, organizam, armazenam e utilizam o conhecimento. Posteriormente, Allen Newell e Herbert Simon (1972) propuseram modelos detalhados do pensamento humano, bem como da resolução de problemas, desde os mais simples até os mais complexos. Por volta de 1970, a psicologia cognitiva já era reconhecida como importante campo de estudos da psicologia e dispunha de um conjunto específico de métodos de pesquisa. Nos anos 1970, Jerry Fodor (1973) popularizou o conceito de modularidade da mente. Argumentava que a mente possuía módulos distintos ou sistemas de escopos diversos para tratar da linguagem e, possivelmente, de outros tipos de informação. A modularidade implica que os processos usados em um domínio de processamento, como o da linguagem (Fodor, 1973) ou da percepção (Marr, 1982), operam independentemente dos processos em outros domínios. Uma opinião contrária seria a do processamento de domínio geral, segundo a qual os processos que se aplicam a um domínio, como a percepção ou a linguagem, também se aplicam a muitos outros domínios. As abordagens modulares são úteis no estudo de alguns fenômenos cognitivos, como a linguagem, mas não são comprovadamente úteis no estudo de outros fenômenos, como a inteligência, que parece estar ligada às inúmeras e diferentes áreas do cérebro em inter-relacionamentos complexos. Curiosamente, a ideia da mente como modular volta pelo menos para o frenologista Franz Joseph Gall (ver Boring, 1950) que, no fim do século XVIII, acreditava que o padrão de impacto e de inchaço no crânio estava diretamente associado ao tipo de habilidade cognitiva. Embora a frenologia não tenha sido uma técnica cientificamente válida, a prática da cartografia mental persistiu e, finalmente, deu origem a noções de modularidade com base nas técnicas científicas modernas.
v e r i f i c aç ão de c on c ei tos 1. O que é pragmatismo e como está relacionado ao funcionalismo? 2. Em que medida o associacionismo e o behaviorismo são semelhantes e diferentes? 3. Qual é a ideia fundamental por trás da psicologia da Gestalt? 4. Qual é o significado da modularidade da mente? 5. Como o cognitivismo incorpora os elementos das escolas antecessoras?
Métodos de pesquisa em psicologia cognitiva Os pesquisadores empregam diversos métodos de pesquisa. Esses métodos incluem experimentos laboratoriais ou controlados, pesquisa neurocientífica, autorrelatórios, estudos de caso, observação naturalística, simulações por computador e IA. Cada um desses métodos será discutido com detalhes nesta seção. Quais métodos os pesquisadores usam depende dos objetivos deles. Assim, em um primeiro momento, focamos nos objetivos da pesquisa na psicologia cognitiva para depois nos voltarmos aos métodos utilizados para alcançá-los.
Objetivos da pesquisa De modo resumido, os objetivos da pesquisa compreendem a coleta e a análise de dados, o desenvolvimento de teorias, a formulação e o teste de hipóteses, e até mesmo a aplicação em ambientes fora do contexto da pesquisa. Com frequência, os pesquisadores
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buscam coletar a maior quantidade possível de informações a respeito de determinado fenômeno. Eles podem ou não ter noções preconcebidas com relação ao que encontrar enquanto coletam dados. A pesquisa foca na descrição de fenômenos cognitivos particulares; por exemplo, como as pessoas reconhecem um rosto ou como desenvolvem uma competência. A coleta de dados reflete um aspecto empírico do empreendimento científico. Uma vez que há dados suficientes sobre o fenômeno cognitivo de interesse, os psicólogos cognitivos utilizam diversos métodos para desenhar as inferências dos dados. De modo ideal, utilizam diversos tipos de convergência de evidências para suportar as hipóteses. Às vezes, apenas um lance nos dados nos leva a inferências intuitivas com relação aos tipos que surgem com base em tais dados. No entanto, de modo mais comum, os pesquisadores utilizam diversos meios estatísticos de análise de dados. Tanto a coleta de dados quanto a análise estatística auxiliam os pesquisadores na descrição dos fenômenos cognitivos. Nenhuma empreitada científica iria muito longe sem essas descrições. Todavia, a maioria dos psicólogos cognitivos deseja entender além da cognição; a maioria busca compreender o como e o porquê dos pensamentos, ou seja, os pesquisadores buscam formas de explicar e de descrever a cognição. Para ir além das descrições, os psicólogos cognitivos precisam dar um salto, passando daquilo que se observa diretamente para aquilo que pode ser inferido com relação às observações. Suponha que se queira estudar determinado aspecto da cognição. Um exemplo seria como as pessoas entendem as informações nos livros. Geralmente, começamos com uma teoria. A teoria é um corpo organizado de princípios explicativos relativos a um fenômeno geralmente baseado na observação. Testamos uma teoria para verificar se ela tem o poder de prever determinados aspectos do fenômeno em questão. Em outras palavras, o processo de pensamento é “se nossa teoria estiver correta, então, sempre que x ocorre, deve resultar em y”. Esse processo resulta na geração de hipóteses, propostas de tentativa com relação às consequências empíricas esperadas da teoria, como os resultados de pesquisa. Em seguida, testamos nossas hipóteses com experimentos. Mesmo se os achados particulares parecerem confirmar tal hipótese, eles devem estar sujeitos à análise estatística para determinar o significado estatístico. Significado estatístico indica a probabilidade de determinado conjunto de resultados ser obtido se somente os fatores de acaso estiverem em operação. Por exemplo, um nível de significado estatístico de 0,05 significaria a probabilidade de um conjunto de dados ser meros 5% se somente os fatores de acaso forem operantes. Assim, os resultados não são suscetíveis de serem meramente um acaso. Por esse método, podemos decidir por preservar ou rejeitar as hipóteses. Uma vez que as nossas previsões hipotéticas tenham sido testadas experimentalmente e analisadas estatisticamente, os achados desses experimentos poderão conduzir a outros trabalhos. Por exemplo, o psicólogo pode se empenhar na coleta adicional de dados, análise de dados, desenvolvimento de teoria, formulação de hipótese e teste de hipótese. Considerando que as hipóteses estão sendo preservadas ou rejeitadas, a teoria pode precisar de uma revisão (ver Figura 1.5). Além disso, muitos psicólogos cognitivos têm esperança de usar os insights obtidos por meio da pesquisa para auxiliar as pessoas Figura 1.5 Ciclo Investigativo. As teorias que deram origem às hipóteses podem ser testadas e normalmente conduzidas a uma revisão da teoria.
Teoria (Revisão) Indução
Dedução
Teste de hipóteses/ predições • coleta de dados • análise estatística
Observação
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Cortesia do autor
Hipóteses/ predições
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CAPÍTULO 1 • Introdução à psicologia cognitiva
AUTORRELATOS COMO PROTOCOLOS VERBAIS, AUTOAVALIAÇÃO, DIÁRIOS
METODO MÉ METHOD
EXPERIMENTOS LABORATORIAIS CONTROLADOS
Atribuição aleatória de sujeitos
Geralmente
Geralmente não
Controle experimental de variáveis independentes
Geralmente
Varia muito, dependendo da técnica particular
Provavelmente não
Tamanho da amostra
Pode ser de qualquer tamanho
Geralmente pequena
Provavelmente pequenos
Representatividade da amostra
Podem ser representativos
Geralmente não representativa
Podem ser representativos
Validade ecológica
Não são improváveis; dependem da tarefa e do contexto aplicado
Improvável em certas circunstâncias
Talvez; verificar os pontos fortes e fracos
Informação sobre diferenças individuais
Geralmente pouco enfatizados
Sim
Sim
Pontos fortes
Pontos fracos
Exemplos
PESQUISA NEUROCIENTÍFICA
• Fáceis de administrar, pontuar, analisar estatisticamente • Alta probabilidade de rascunhar as inferências causais válidas
• Proporciona evidências “concretas” de funções cognitivas • Aspecto alternativo dos processos cognitivos
• Dificuldade em generalizar resultados além de um local específico, tempo e definição de tarefa • Discrepâncias entre o comportamento na vida real e no laboratório
• Acesso limitado a sujeitos apropriados e equipamentos caros (para a maioria dos pesquisadores) • Pequenas amostras
Karpicke (2009) desenvolveu uma tarefa laboratorial na qual os participantes teriam de aprender e se lembrar das palavras em suaíli-inglês. Depois de os sujeitos se lembrarem do significado da palavra, aquele par de palavras era espalhado, apresentado mais duas vezes no estudo ou apresentado mais duas vezes no texto. Uma semana depois, os participantes realizaram o teste final.
New e colegas (New et al., 2009) descobriram que pacientes limítrofes (borderline) com transtorno explosivo intermitente respondiam mais agressivamente a uma provocação do que sujeitos normais controlados. Os pacientes apresentaram aumento no consumo de glicose nas áreas do cérebro associadas à emoção, como a amígdala, e menos atividade na região dorsal do cérebro, que serve para controlar a agressão.
Não se aplica
• Acesso aos insights introspectivos do ponto de vista do participante
• Possibilidade de desenvolver tratamentos para déficits cognitivos
• Diminuição da generalização quando cérebros anormais ou de animais são investigados
• Incapacidade para reportar processos que ocorrem fora da consciência • Protocolos verbais e autoclassificações: podem influenciar o processo cognitivo a ser reportado • Discrepâncias entre a cognição real e os processos e produtos cognitivos recordados Em um estudo sobre a relação entre os níveis de cortisol (que são dependentes de estresse) e o sono, autoavaliação de saúde, estresse, os participantes mantinham diários, e amostras de saliva foram coletadas ao longo de quatro semanas (Dahlgren et al., 2009).
Figura 1.6 Métodos de Pesquisa. Os psicólogos cognitivos usam experimentos controlados, pesquisa neurocientífica, autoavaliações, estudos de caso, observação naturalista e simulações por computador e IA para estudar os fenômenos cognitivos.
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Introdução à psicologia cognitiva • CAPÍTULO 1
SIMULAÇÃO POR
OBSERVAÇÃO CP COMPUTADOR ESTUDO DE CASO U John
Doe n Doe Joh
NATURALÍSTICA
Altamente improvável
Altamente improvável
Quase certo de ser pequeno
Não é provável que seja representativo Alta validade ecológica para casos individuais; baixa generalização para outros Sim; informações ricas em detalhes com relação a indivíduos
Não
Provavelmente pequena
Pode ser representativa
Sim É possível, mas a ênfase reside nas distinções ambientais, e não nas diferenças individuais
Não se aplica
Controle total de variáveis de interesse
Não se aplica
Não se aplica
Não se aplica
Não se aplica
• Acesso a informações contextuais ricas
• Exploração de possibilidades para modelagem dos processos cognitivos • Permite testes claros de hipótese • Ampla gama de aplicações práticas (por exemplo, robótica para realização de tarefas perigosas)
• Aplicabilidade para outras pessoas • Generalização limitada em razão do tamanho pequeno e da não representatividade da amostra
• Falta de controle experimental • Possível influência de comportamento em razão da presença do observador
• Limitações impostas pelo hardware (circuito de computador) e pelo software (programas desenvolvidos pelos pesquisadores) • As simulações podem modelar imperfeitamente o modo como o cérebro humano pensa
O estudo de caso de um paciente com câncer de mama mostrou que uma nova técnica (terapia de solução de problema) pode reduzir a ansiedade e a depressão em pacientes com câncer (Carvalho e Hopko, 2009).
Por meio de um estudo utilizando questionários e observação descobriu-se que os mexicanos se consideravam menos sociáveis que os norte-americanos; no entanto, os mexicanos se comportam de modo muito mais sociável do que os norte-americanos na vida diária (Ramirez-Esparza et al., 2009).
Simulações: Pelos cálculos detalhados, David Marr (1982) tentou simular a percepção visual humana e propôs uma teoria de percepções visuais com base nos modelos computacionais.
• Acesso a informações detalhadas sobre pessoas, incluindo os contextos históricos e atuais • Pode levar a aplicações específicas para grupos especiais (por exemplo, prodígios, pessoas com danos cerebrais)
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Não se aplica
U
E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
IA: Diversos programas de IA são desenvolvidos para mostrar perícia (por exemplo, jogar xadrez), mas provavelmente fazem isso por meio de processos diferentes dos utilizados pelos experts humanos.
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a utilizarem a cognição em situações reais. Algumas pesquisas na psicologia cognitiva são aplicadas desde o início. Elas buscam ajudar as pessoas a melhorarem de vida, bem como as condições em que vivem. Assim, a pesquisa básica pode levar a aplicações no dia a dia. Para cada um desses propósitos, diferentes métodos de pesquisa oferecem vantagens e desvantagens diferenciadas.
Métodos distintivos de pesquisa Os psicólogos cognitivos utilizam diversos métodos para explorar como os humanos pensam. Esses métodos incluem (1) experimentos laboratoriais ou controlados, (2) pesquisa neurocientífica, (3) autorrelatórios, (4) estudos de caso, (5) observação naturalística, (6) simulações por computador e IA. Para descrições de cada método, ver Figura 1.6. Como a figura mostra, cada método oferece vantagens e desvantagens diferenciadas.
Experimentos com o comportamento humano Nos projetos experimentais controlados, geralmente o experimentador conduz a pesquisa em um ambiente laboratorial. Ele controla o maior número possível de aspectos da situação experimental. Basicamente, dois tipos de variáveis em qualquer experimento são variáveis independentes e dependentes. Variáveis independentes são aspectos de uma investigação manipulada individualmente, ou cuidadosamente regulada pelo experimentador, ao mesmo tempo que outros aspectos da investigação são mantidos constantes (ou seja, não sujeitos à variação). Variáveis dependentes são respostas de resultados, os valores que dependem da forma como uma ou mais variáveis independentes influenciam ou afetam os participantes do experimento. Quando se diz a alguns alunos participantes da pesquisa que se sairão muito bem em uma tarefa, mas não se diz nada aos outros participantes, a variável independente é o volume de informação que os alunos absorvem a respeito do desempenho esperado. A variável dependente é a desenvoltura dos dois grupos para realizar as tarefas − ou seja, as notas na prova de matemática. Sempre que o experimentador manipula as variáveis independentes, ele controla os efeitos das variáveis irrelevantes e observa os efeitos das variáveis dependentes (resultados). Tais variáveis irrelevantes mantidas constantes são chamadas de variáveis de controle. Por exemplo, quando se conduz um experimento com a habilidade da pessoa para se concentrar em diferentes tipos de músicas de fundo, deve-se ter certeza de que a iluminação na sala seja sempre a mesma, sem variação de luz mais forte ou mais fraca. A variável de luz precisa ser constante. Outro tipo de variável é a variável de confusão. Variáveis de confusão são um tipo de variável irrelevante deixada sem controle em um estudo. Por exemplo, imagine que queira examinar a efetividade de duas técnicas para solucionar problemas. Você treina e testa um grupo com a primeira estratégia às 6 horas da manhã e o segundo grupo com a segunda estratégia às 18 horas. Nesse experimento, a hora do dia pode ser uma variável de confusão. Em outras palavras, a hora do dia pode causar diferenças no desempenho que não têm nada a ver com a estratégia de resolução do problema. Obviamente, quando se conduz uma pesquisa, todo cuidado é necessário para evitar a influência das variáveis de confusão. Ao implantar um método experimental, o pesquisador precisa utilizar uma amostra aleatória e representativa da população de interesse. Ele deve exercer um controle rigoroso sobre as condições experimentais de modo que saiba que os efeitos observados podem ser atribuídos às variações nas variáveis independentes e nada mais. Por exemplo, no experimento previamente mencionado, a habilidade em se concentrar não dependia das condições gerais de iluminação na sala por si só porque, durante as poucas sessões, o sol brilhava diretamente nos olhos dos sujeitos, então, eles teriam dificuldades para enxergar. Para tratar e controlar as condições o pesquisador deve designar aleatoriamente os participantes. Por exemplo, você não iria querer finalizar um experimento relacionado à concentração com muitas pessoas portadoras de transtorno do deficit de atenção com hiperatividade (TDAH) no grupo experimental, mas nenhuma delas no seu grupo de controle. Se esses requisitos forem atendidos para o método experimental, o pesquisador poderá inferir a causalidade provável, ou seja, a probabilidade de o efeito da variável
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no laboratório de HENRY L. ROEDIGER, III Ciência em mente Na nossa experiência, os estudantes aprendem Em 1620, Sir Francis Bacon escreveu: “Se você ler os materiais (ou pelos conjuntos simples de palavras um pedaço de texto vinte vezes, não o saberá de ou pelas passagens de livros mais complexas cor tão facilmente como se tivesse lido dez vezes − o material não importa) por meio de diversas enquanto tentava recitar de tempos em tempos e consultava o texto quando a memória falhava”. Como combinações de estudo e teste do material. O achado geral é que a recuperação (ou recitação, ele sabia disso? A resposta é que ele não sabia com como Bacon chamava) durante um teste proporciona toda certeza, mas sabia com base na avaliação da grande estímulo para a retenção posterior, mais do experiência pessoal. O caso é interessante porque que no estudo repetido (Roediger e Karpicke, 2006; Bacon foi um dos autores do método científico e ver Roediger e Butler, 2011 para revisão). explicou a estrutura da ciência experimental. Consideremos aqui apenas um A ciência no tempo de Bacon foi experimento para chamar a atenção. aplicada para o mundo natural, o que Zaromb e Roediger (2010) passaram hoje seria chamado de ciência física aos estudantes as listas de palavras (principalmente, física e química). para serem lembradas no teste que A ideia de que os métodos seria aplicado dois dias depois. científicos pudessem ser aplicados às Os estudantes de uma condição pessoas não era sonho e, com mais estudaram o material oito vezes com noção, seria motivo de gozação. Os intervalos curtos e os estudantes da seres humanos não são material bruto: outra condição receberam dois ou têm alma, livre-arbítrio − com certeza quatro testes no lugar dos ensaios não seriam estudados cientificamente! de estudo. Se S indicar um ensaio de Levou mais 250 anos antes de os estudo e T um teste (ou recitação), as pioneiros questionarem essa tentativa Henry L. Roediger, III três condições podem ser marcadas e darem um bravo passo para criar como SSSSSSSS, STSSSTSS ou a ciência da psicologia, o estudo STSTSTSTST. Se o estudo determina a recordação da mente. O ano normalmente informado é 1879, posterior, então as três condições listadas devem quando Wilhelm Wundt fundou o primeiro laboratório ser ordenadas em termos de diminuição da eficácia de psicologia em Leipzig, Alemanha. (de oito para seis para quatro ensaios de estudo). Edwin G. Boring, o grande historiador da No entanto, se Bacon estiver certo, as condições psicologia, escreveu que a “aplicação do método experimental para o problema da mente é um grande devem ser ordenadas por aumento de eficácia para retenção posterior (de zero para dois a quatro testes). e excepcional evento no estudo da mente, um O resultado: a proporção lembrada dois dias depois evento ao qual nenhum outro é comparável” (1929, era 0,17, 0,25 e 0,39 para as três condições na ordem p. 659). Boring estava certo, e o livro relata a história listada previamente. fascinante da psicologia cognitiva, o atual estudo Sir Francis Bacon estava certo: recitar é mais experimental da mente. eficaz que estudar (embora estudar um pouco Mas, e a afirmação de Bacon? Recitar um texto seja necessário). Pelo que sei, ninguém realizou o realmente ajuda a pessoa a aprender mais do que experimento sugerido por ele (20 ensaios), mas seria se o estudasse? A ideia parece curiosa porque, na um bom projeto de pesquisa considerar 20 ensaios educação, pensamos no estudo como algo que de estudo para uma condição ou 10 estudos e 10 aprendemos, e pensamos em testes somente para ensaios para outra. Aliás, o autoteste sobre o material medir o que foi aprendido. seria uma boa ideia para desenvolver um estudo. No Eu e meus alunos estamos estudando a possível nosso livro, Make it stick: the science of successful validade da afirmação de Bacon em diversos learning, sugerimos muitas outras estratégias contextos experimentais (embora, verdade seja dita, para melhorar a aprendizagem (Brown, Roediger e tenhamos descoberto a citação após os estudos McDaniel, 2014). estarem bem encaminhados).
independente ou variáveis (o tratamento) na variável dependente (o resultado) não ser um mero resultado do acaso, pelo menos para determinada população. Muitas e diferentes variáveis dependentes são utilizadas em pesquisa cognitivo-psicológica. Duas das mais comuns são a porcentagem correta (ou o elemento inverso, a taxa de erro) e o tempo de reação. Em outras palavras, o pesquisador investiga quantos itens o participante consegue responder corretamente ou quanto tempo ele leva para responder a um estímulo em circunstâncias particulares. Essas medidas são populares, pois podem dizer ao investigador, respectivamente, a precisão e a velocidade do processamento
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mental. É importante selecionar com muito cuidado as variáveis independente e dependente porque, seja qual for o processo observado, o que se aprende de um experimento depende quase exclusivamente das variáveis escolhidas para isolar o comportamento que está sendo observado. Geralmente, os psicólogos que estudam os processos cognitivos com tempo de reação utilizam-se do método da subtração, que estima o tempo de um processo cognitivo pela subtração do tempo do processamento da informação a partir do tempo que ele leva sem o processo (Donders, 1868/1869). Em um primeiro momento, você é solicitado a examinar cinco palavras − cachorro, gato, rato, hamster, esquilo − e dizer se a palavra esquilo aparece, então, você é solicitado a examinar seis palavras − cachorro, gato, rato, hamster, esquilo e leão − e dizer se leão aparece. Disso, pode ser obtida a diferença no tempo de reação em alguns modelos de processamento mental, o que indica quanto tempo o processo levou a cada estímulo. Suponhamos que os resultados nas condições experimentais mostrem uma diferença estatisticamente significativa dos resultados na condição de controle. O pesquisador, então, pode inferir a probabilidade de uma ligação causal entre as variáveis independentes e dependentes. Uma vez que o pesquisador consiga estabelecer uma provável ligação causal entre essas variáveis, os experimentos controlados em laboratório oferecem um excelente método para se testar hipóteses. Consideremos que desejamos verificar se barulhos altos e perturbadores influenciam na habilidade de realizar bem uma tarefa cognitiva particular (por exemplo, ler um trecho de um livro e responder a algumas perguntas). Em termos ideais, seria necessário selecionar uma amostra aleatória de participantes do total da população de interesse. Então, seriam designadas aleatoriamente a cada participante as condições de tratamento ou a condição de controle. Depois, introduziríamos um ruído alto para os participantes na condição de tratamento. Os participantes na condição de controle não receberiam isso. Apresentaríamos a tarefa cognitiva aos participantes na condição de tratamento e na condição de controle e, então, mediríamos o desempenho mediante alguns meios (por exemplo, velocidade e precisão de respostas em relação à compreensão das questões). Por fim, os resultados seriam analisados estatisticamente. A partir daí, seria possível examinar se a diferença entre os dois grupos atingiu significância estatística. Suponhamos que os participantes nas condições de tratamento tenham um desempenho mais fraco em um nível estatisticamente significativo em comparação aos participantes na condição de controle. Podemos concluir, então, que ruídos altos influenciam na habilidade de desenvolvimento dessa tarefa cognitiva particular. Na pesquisa cognitivo-psicológica, embora as variáveis dependentes sejam diversas, normalmente envolvemos diversas medidas de resultado de precisão (por exemplo, frequência de erros), de tempos de resposta, ou os dois. Entre as inúmeras possibilidades para as variáveis independentes estão as características da situação, da tarefa ou dos participantes. Por exemplo, as características da situação podem compreender a presença
Correlação Relação entre duas quantidades, de modo que quando uma muda a outra também muda
QI Quantidade de interrupções
Positiva Tempo de estudo
Zero Tempo de estudo
Negativa
Coloração escurecida do cabelo
Lembrança
Figura 1.7 Gráficos de Correlação. As correlações variam de -1 a 0 a 1.
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versus a ausência de determinados estímulos ou de certas pistas no decorrer de uma tarefa de resolução de problemas. As características da tarefa podem envolver leitura versus escuta de várias palavras e, em seguida, respostas às perguntas de compreensão. Já as características dos participantes podem incluir diferenças etárias, diferenças na situação de escolaridade ou até diferenças baseadas na classificação em testes. Por um lado, as características da situação ou da tarefa podem ser manipuladas pela designação aleatória de participantes para o tratamento ou grupo de controle. Por outro lado, as características dos participantes não são facilmente manipuladas de modo experimental. Suponhamos que o pesquisador queira estudar os efeitos do envelhecimento sobre a velocidade e a precisão na resolução de problemas. O pesquisador não pode designar aleatoriamente participantes para diversos grupos etários pelo fato de não ser possível manipular a idade (embora os participantes de diversos grupos etários possam ser designados em diversas condições aleatórias e experimentais). Em tais situações, os pesquisadores normalmente usam outros tipos de estudo, por exemplo, estudos que envolvem correlação (relação estatística entre pelo menos dois atributos, como as características dos participantes ou da situação). Normalmente, as correlações são expressas pelo coeficiente de correlação conhecido como correlação de Pearson r. A correlação de Pearson r é um número que pode variar de -1,00 (correlação negativa) a 0 (nenhuma correlação) a 1,00 (correlação positiva). Ver Figura 1.7 para ter a ilustração desse exemplo. A correlação é a descrição de uma relação. O coeficiente de correlação descreve a força dessa relação. Quanto mais próximo de 1 estiver o coeficiente (tanto positivo quanto negativo), mais forte será a relação entre as variáveis. O sinal (positivo ou negativo) do coeficiente descreve a direção dessa relação. Uma relação positiva indica que ao passo que uma variável aumenta (por exemplo, tamanho do vocabulário), outra variável também aumenta (por exemplo, compreensão de leitura). Uma relação negativa indica que à medida que uma variável aumenta (por exemplo, fadiga), a medida da outra diminui (por exemplo, vigilância). Quando não há correlação, ou seja, quando o coeficiente é 0, não existe padrão ou relação na alteração das duas variáveis (por exemplo, inteligência e comprimento do lóbulo da orelha). Nesse caso, ambas as variáveis podem mudar, mas não variam juntas dentro de um padrão consistente. Normalmente, os estudos correlacionais são o método escolhido quando os pesquisadores não querem enganar os sujeitos manipulando um experimento ou quando estão interessados em fatores que, por questões éticas, não podem ser manipulados (por exemplo, lesões em partes específicas do cérebro humano). No entanto, como os pesquisadores não têm quaisquer controles sobre as condições experimentais, a causalidade não pode ser inferida pelos estudos correlacionais. As conclusões sobre relações estatísticas são muito informativas. Seu valor não deve ser subestimado. Além disso, uma vez que os estudos correlacionais não exigem atribuição aleatória de participantes nas condições experimental ou de controle, esses métodos podem ser aplicados com flexibilidade. Entretanto, tais estudos geralmente não permitem inferências inequívocas com relação à causalidade. Como consequência, muitos psicólogos cognitivos, na maioria das vezes, preferem utilizar dados experimentais a dados correlacionais.
Pesquisa neurocientífica Por meio da pesquisa neurocientífica, os pesquisadores estudam a relação entre desempenho cognitivo e eventos e estruturas cerebrais. O Capítulo 2 descreve as diversas técnicas específicas utilizadas na pesquisa neurocientífica. Geralmente, essas técnicas se encaixam em três categorias: • técnicas para estudo post-mortem (após a morte de uma pessoa) do cérebro de uma pessoa, de forma a estabelecer relações entre a função cognitiva do indivíduo antes da morte e as características observáveis do cérebro; • técnicas para estudar imagens que mostram as estruturas ou as atividades no cérebro de um indivíduo com déficit cognitivo; • técnicas para obter informação a respeito dos processos cerebrais durante o desempenho normal de uma atividade cognitiva.
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CAPÍTULO 1 • Introdução à psicologia cognitiva
Estudos post-mortem ofereceram alguns dos primeiros insights em relação a como lesões específicas (áreas lesionadas no cérebro) podem estar associadas a déficits cognitivos particulares. Tais estudos continuam oferecendo insights úteis de como o cérebro influencia a função cognitiva. O desenvolvimento tecnológico recente também tem permitido que os pesquisadores estudem indivíduos in vivo (enquanto as pessoas estão vivas) com déficit cognitivo. Geralmente, o estudo de indivíduos com funções cognitivas anormais vinculadas a lesões cerebrais possibilita a compreensão das funções cognitivas normais. Além disso, os pesquisadores têm estudado alguns aspectos do funcionamento cognitivo normal por meio do estudo da atividade cerebral em animais. Em geral, a pesquisa é feita com animais no caso de experimentos que envolvem procedimentos neurocirúrgicos que não poderiam ser realizados em seres humanos por serem difíceis, antiéticos ou até mesmo impraticáveis. Estudos que mapeiam a atividade neural no córtex são realizados em gatos e macacos (por exemplo, a pesquisa neurocientífica sobre como o cérebro responde a estímulos visuais; ver Capítulo 3). O funcionamento cognitivo e cerebral de animais e de humanos com problemas cognitivos pode ser generalizado para ser aplicado ao funcionamento cognitivo e cerebral de humanos normais? Os neurocientistas responderam a essa questão de várias maneiras. A tecnologia permite aos pesquisadores estudar a atividade cerebral dinâmica dos participantes humanos normais durante o processamento cognitivo (ver técnicas de imagem do cérebro descritas no Capítulo 2) para determinados tipos de atividade cognitiva.
Autorrelatos, estudos de caso e observação naturalística Geralmente, os experimentos individuais e os estudos psicológicos concentram-se na especificação dos aspectos distintos da cognição. Para obter informações acerca de como as pessoas pensam em uma ampla gama de contextos, os pesquisadores podem utilizar outros métodos. Esses métodos incluem:
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• autorrelatos (justificativas dos processos cognitivos do indivíduo); • estudos de caso (estudos aprofundados do indivíduo); • observação naturalística (estudos detalhados do desempenho cognitivo nas situações diárias e em contextos não laboratoriais).
Figura 1.8 Phineas Gage. Quando uma explosão forçou a haste de ferro pela sua cabeça, Phineas Gage sofreu danos no lóbulo frontal. Gage participou de estudos de caso durante a própria vida e após a morte.
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A pesquisa experimental é mais útil para testar hipóteses; no entanto, geralmente a pesquisa com base em autorrelatos, estudos de caso e observação naturalística é útil na formulação delas. Esses métodos também são muito profícuos na geração de descrições sobre eventos raros ou de processos em que não se disponha de outra forma de mensuração. Em situações muito específicas, esses métodos podem ser a única forma de coletar informações. Um exemplo é o caso de Genie, uma menina que ficou trancada em um quarto até os 13 anos e acumulou graves e limitadas experiências sociais e sensoriais. Como consequência do aprisionamento, apresentava déficit físico e nenhuma habilidade linguística. Por meio de métodos de estudos de caso, coletou-se informação a respeito de como ela conseguiu aprender o idioma posteriormente (Fromkin et al., 1974; Jones, 1995; LaPointe, 2005). Do ponto de vista experimental, não seria ético privar uma pessoa de estímulos linguísticos nos primeiros 13 anos de vida. Assim, os métodos de estudos de caso são a única maneira razoável de avaliar os resultados de alguém a quem foi negada a exposição ao ambiente social e à linguagem. As lesões traumáticas no cérebro de humanos é outra condição que não pode ser manipulada em laboratório. Assim, sempre que uma lesão cerebral traumática ocorre, os estudos de caso são a única forma de coletar informação. Um exemplo é o caso de Phineas Gage, um operário de ferrovia que, em 1848, foi atingido no lóbulo frontal por uma enorme ponta de metal (Torregrossa, Quinn e Taylor, 2008; ver também Figura 1.8). Gage, surpreendentemente, sobreviveu; no entanto, seu comportamento e os processos mentais foram drasticamente modificados em decorrência do acidente. Certamente, em um experimento não é possível inserir uma ponta de metal no cérebro dos participantes. Assim, no caso de uma lesão cerebral traumática, deve-se confiar unicamente nos métodos de estudos de caso para a coleta de informações. A confiabilidade dos dados com base em autorrelatos depende da franqueza dos participantes. É possível que, por vários motivos, um participante não relate corretamente
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Introdução à psicologia cognitiva • CAPÍTULO 1
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a informação sobre os processos cognitivos. Esses motivos podem ser tanto intencionais como não intencionais. Os relatos incorretos do tipo intencionais podem incluir a tentativa de editar informações desagradáveis. Os relatos incorretos do tipo não intencionais podem ocorrer em razão de o indivíduo não compreender as perguntas ou de não se lembrar corretamente da informação. Por exemplo, no caso de ser solicitado a um participante dizer quais foram as estratégias utilizadas para resolução de problemas quando estava no ensino médio, é possível que ele não lembre. O participante pode tentar ser honesto nos relatos. Mas relatos que envolvem a coleta de informações (por exemplo, diários, contas passadas, questionários e pesquisas) são menos confiáveis do que os relatórios fornecidos durante o processamento cognitivo sob investigação. A razão é que os participantes, por vezes, se esquecem do que fizeram. Quando estudam processos cognitivos complexos, como a resolução de problemas ou a tomada de decisão, os pesquisadores geralmente usam um protocolo verbal. No protocolo verbal, os participantes descrevem em voz alta todos os pensamentos e ideias durante a realização de determinadas tarefas cognitivas (por exemplo, “Gosto de apartamento com piscina bacana, mas não posso arcar com isso; então tenho de escolher um apartamento sem piscina”). Uma alternativa para o protocolo verbal é os participantes relatarem informações específicas com relação a determinado aspecto do funcionamento cognitivo. Por exemplo, considerar um estudo perspicaz de solução de problemas (ver Capítulo 11). Foi solicitado aos sujeitos, em intervalos de 15 segundos, relatarem numericamente a indicação do quanto se sentiam próximos de alcançar a solução de determinado problema. Infelizmente, até mesmo métodos de autorrelato têm limitações. Quais tipos de limitações? Os processos cognitivos podem ser alterados na entrega do relatório (por exemplo, processos envolvendo formas sucintas de memória; ver Capítulo 5). Outro exemplo são processos cognitivos que ocorrem sem ação da consciência (por exemplo, processos que não exigem atenção consciente ou que ocorrem tão rapidamente que passam despercebidos; ver Capítulo 4). Para ter uma ideia de algumas das dificuldades com os autorrelatos, realize como tarefa o que apresentamos no boxe Investigação − Psicologia cognitiva: autorrelatos. Reflita a respeito das próprias experiências com autorrelatos. Os estudos de caso (por exemplo, em um estudo profundo de pessoas excepcionalmente dotadas) e as observações naturalísticas (como as observações detalhadas de desempenho de funcionários que trabalham em usinas nucleares) podem ser utilizados como achados complementares de experimentos laboratoriais. Esses dois métodos de pesquisa cognitiva oferecem alta validade ecológica, o grau no qual as conclusões específicas em um contexto ambiental podem ser consideradas relevantes fora dele. Como se sabe, a ecologia é o estudo da interação entre um organismo (ou organismos) e o
INVESTIGAÇÃO PSICOLOGIA COGNITIVA Autorrelatos 1. Sem olhar para os sapatos, tente relatar em voz alta as várias etapas envolvidas no ato de amarrá-los. 2. Lembre-se em voz alta do que você fez no último aniversário. 3. Agora, amarre os sapatos (ou qualquer outra coisa, como um barbante em volta do pé da mesa) relatando em voz alta todas as etapas que isso demanda. Você percebe as diferenças entre a tarefa 1 e a tarefa 3?
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4. Relate em voz alta como você tomou consciência de todas as etapas necessárias para amarrar o sapato ou das lembranças do último aniversário. Você consegue relatar exatamente como trouxe as informações até o nível consciente? Consegue identificar que parte do cérebro estava mais ativa durante a execução da cada tarefa?
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CAPÍTULO 1 • Introdução à psicologia cognitiva
ambiente. Muitos psicólogos cognitivos buscam entender a interação entre o funcionamento do pensamento humano e os ambientes nos quais o pensamento ocorre. Às vezes, os processos cognitivos comumente observados em um contexto (por exemplo, no laboratório) não são idênticos aos observados em outro (por exemplo, em uma torre de controle de tráfego aéreo ou em uma sala de aula).
Simulações por computador e inteligência artificial Os computadores digitais desempenharam importante papel no surgimento do estudo da psicologia cognitiva. Um tipo de influência é a indireta – ocorre por meio de modelos da cognição humana que tomam por base como os computadores processam informações. Outro tipo é a direta – ocorre por simulações por computador e IA. Nas simulações por computador, os pesquisadores programam computadores para imitarem determinada função ou determinado processo humano. Entre os exemplos estão o desempenho em tarefas cognitivas específicas (por exemplo, manipulação de objetos no espaço tridimensional) e o desempenho em determinados processos cognitivos (por exemplo, reconhecimento de padrões). Alguns pesquisadores, inclusive, já tentaram criar modelos de computador que envolvessem a arquitetura cognitiva da mente humana. Os modelos estimulam as discussões acaloradas com relação à maneira como a mente humana pode funcionar (ver Capítulo 8). Às vezes, a distinção entre a simulação e a IA é confusa. Por exemplo, certos programas são projetados simultaneamente para simular o desempenho humano e maximizar o funcionamento. Consideremos um programa de computador que jogue xadrez. Existem duas maneiras de conceituar o desenvolvimento desse programa. Uma delas é a força bruta: o pesquisador constrói um algoritmo que leva em conta uma quantidade extremamente alta de movimentos em tempos curtos, de modo a vencer os jogadores humanos pela quantidade de movimentos e pelas consequências potenciais futuras de tais movimentos. O programa seria considerado um sucesso à medida que vencesse os melhores jogadores humanos. Esse tipo de IA não busca representar como os seres humanos funcionam, mas, se bem-feita, pode produzir um programa que joga xadrez em alto nível. Uma abordagem alternativa, a simulação, foca em como os grandes mestres de xadrez resolvem os problemas e busca agir como eles. O programa tem sucesso se forem escolhidos, em uma sequência de movimentos do jogo, os mesmos movimentos do mestre. Também é possível combinar duas abordagens para produzir um programa que simule o desempenho humano e também use da força bruta para, se necessário, vencer o jogo.
Junção de tudo Geralmente, os psicólogos cognitivos ampliam e aprofundam o conhecimento por meio de pesquisas em ciência cognitiva. Ciência cognitiva é uma área interdisciplinar que utiliza as ideias e os métodos da psicologia cognitiva, da neurociência cognitiva, IA, filosofia, linguística e antropologia (Nickerson, 2005; Von Eckardt, 2005). Os cientistas cognitivos usam essas ideias e métodos para enfatizar o estudo de como os seres humanos adquirem e utilizam o conhecimento. Os psicólogos cognitivos também se beneficiam da colaboração com outros tipos de psicólogos. Os exemplos incluem não apenas os psicólogos sociais (por exemplo, na área interdisciplinar da cognição social), os psicólogos que estudam a motivação e a emoção e os psicólogos de engenharia (ou seja, psicólogos que estudam as interações humano-máquina), mas também os psicólogos clínicos interessados em distúrbios psicológicos. Existe, ainda, a troca e a colaboração em relação a outras áreas. Os psiquiatras interessam-se em saber como o cérebro funciona e em como ele influencia no nosso pensamento, sentimento e raciocínio. Os antropólogos, por sua vez, podem explorar como o raciocínio e os processos de percepção são diferentes de uma cultura para outra. Os especialistas em computador tentam desenvolver interfaces computacionais altamente eficientes, dada a maneira como os humanos percebem e processam as informações. Os planejadores de tráfego podem utilizar as informações da psicologia cognitiva para planejar e conceber situações de tráfego que resultem em uma visão ampla para os usuários e, assim, esperar ter menos acidentes.
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Introdução à psicologia cognitiva • CAPÍTULO 1
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V E R I F I C A Ç Ã O DE C O N C EI TOS 1. 2. 3. 4. 5.
O que é “significado estatístico”? Qual é a diferença entre variáveis independentes e dependentes? Por que o método experimental é apropriado para fazer inferências causais? Quais são algumas das vantagens e desvantagens do método de estudo de caso? Em que medida a teoria difere da hipótese?
Ideias fundamentais na psicologia cognitiva Certas ideias fundamentais são mantidas na psicologia cognitiva, independentemente dos fenômenos particulares. A seguir, elencamos o que pode ser considerado como as cinco ideias fundamentais. Essas ideias estão relacionadas com alguns dos temas-chave listados no fim deste capítulo. 1. Os dados empíricos e as teorias são importantes − na psicologia cognitiva, os dados podem ser compreendidos no contexto de uma teoria explicativa, porém de nada valem as teorias sem dados empíricos. As teorias dão sentido aos dados. Suponha que saibamos que as pessoas reconhecem melhor as informações vistas do que as lembradas. Elas se saem melhor ao reconhecer se já ouviram uma palavra constante de uma lista do que ao lembrar a palavra sem que ela lhe tenha sido apresentada. Essa é uma generalização empírica interessante, mas não proporciona, na ausência da teoria subjacente, a explicação. Outro objetivo importante da ciência é a predição. A teoria pode sugerir sob que circunstâncias podem ocorrer as limitações às generalizações. Assim, a teoria serve de auxílio tanto para a explicação quanto para a predição. Ao mesmo tempo, a teoria sem dados é vazia. Quase todos podem sentar-se em uma poltrona e propor uma teoria − mesmo que soe plausível. No entanto, a ciência exige o teste empírico de tais teorias. Assim, a teoria e os dados são dependentes. As teorias geram coleta de dados, que ajuda a chegar às teorias corretas, as quais podem ser conduzidas para coletas adicionais de dados, e assim por diante. 2. A cognição é adaptativa, mas não em todas as instâncias específicas. Podemos perceber, aprender, recordar, raciocinar e solucionar problemas com enorme precisão. Isso ocorre mesmo se formos constantemente distraídos por uma grande quantidade de estímulos. Todavia, os mesmos processos que nos levam a perceber, recordar e raciocinar com precisão na maioria das situações, podem nos levar ao erro. Nossas recordações e raciocínios, por exemplo, são suscetíveis a certos erros sistemáticos bem identificados. Tendemos a supervalorizar as informações facilmente disponíveis. Embora essa tendência geralmente nos ajude a tornar os processos cognitivos mais eficientes, fazemos isso mesmo quando essa informação não é relevante para determinado problema. 3. Os processos cognitivos interagem uns com os outros e também com processos não cognitivos. Embora tentem estudar e, muitas vezes, isolar o funcionamento de processos cognitivos específicos, os psicólogos cognitivos sabem como esses processos andam juntos. Por exemplo, a memória depende, em parte, da percepção. O que você se lembra depende, em parte, do que você percebe. Mas os processos não cognitivos também interagem com os cognitivos. Por exemplo, aprende-se melhor quando se está motivado a aprender. Assim, os psicólogos cognitivos
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CAPÍTULO 1 • Introdução à psicologia cognitiva
buscam estudar os processos cognitivos não de modo isolado, mas por meio da interação uns com os outros e com os processos não cognitivos. Umas das áreas mais estimulantes da psicologia cognitiva no século XXI é a interface entre os níveis cognitivo e biológico de análise. Nos últimos anos, tornou-se possível localizar a atividade cerebral associada a vários tipos de processos cognitivos. Entretanto, é preciso muito cuidado ao presumir que a atividade biológica é a causa da atividade cognitiva. As pesquisas mostram que o aprendizado muda o cérebro. Em outras palavras, os processos cognitivos podem afetar as estruturas biológicas assim como essas podem afetar os processos cognitivos. O sistema cognitivo não opera isoladamente. Trabalha em interação com outros sistemas. 4. A cognição deve ser estudada por meio de vários métodos científicos. Não há uma forma correta de estudar a cognição. Todos os processos cognitivos devem ser estudados por meio de diversos métodos. Quanto mais diferentes forem as técnicas que levem à mesma conclusão, maior será a confiança nelas. Suponha que os estudos de tempos de reação, percentual de correlação e padrões das diferenças individuais levem a uma conclusão. Assim é possível confiar muito mais na conclusão do que se se chegasse a ela por meio de apenas um método. Contudo, os métodos devem ser científicos. Eles nos permitem refutar as expectativas quando elas estiverem erradas. Os métodos não científicos não apresentam tal característica. Os métodos de investigação que confiam na fé ou na autoridade para determinar a verdade podem ter algum valor em nossas vidas, mas não são científicos. 5. Toda a pesquisa básica na psicologia cognitiva pode levar a aplicações, e toda pesquisa aplicada pode levar a conhecimentos básicos. Mas a verdade é que a distinção entre a pesquisa básica e a aplicada geralmente não é clara. Uma pesquisa que poderia ser básica quase sempre leva a aplicações imediatas. De modo semelhante, as pesquisas que aparentemente deveriam ser aplicadas, às vezes levam a conhecimentos básicos. Um achado básico de uma pesquisa sobre a memória é que a aprendizagem é superior quando distribuída ao longo do tempo se comparada a quando é concentrada em curtos intervalos de tempo. Essa conclusão tem aplicação imediata no estudo das estratégias. Ao mesmo tempo, a pesquisa sobre testemunhas oculares, que à primeira vista parece ser aplicada, melhorou o conhecimento básico sobre o funcionamento da memória bem como sobre até que ponto o ser humano constrói as próprias recordações. Neste livro, enfatizamos as ideias comuns subjacentes e organizamos os temas com base na psicologia cognitiva, em vez de simplesmente afirmarmos fatos. Seguimos esse caminho para ajudá-lo a perceber os padrões abrangentes e significativos dentro do domínio da psicologia cognitiva. Também tentamos dar uma ideia de como os psicólogos cognitivos pensam e de como eles estruturam a área no trabalho diário. Esperamos que essa abordagem ajude você a contemplar mais profundamente os problemas na psicologia cognitiva. Basicamente, a meta dos psicólogos cognitivos é compreender como as pessoas pensam não somente em um ambiente de laboratório, mas também como pensam em contextos reais.
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Introdução à psicologia cognitiva • CAPÍTULO 1
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Temas-chave na psicologia cognitiva
Se revisarmos as ideias importantes deste capítulo, identificaremos alguns dos principais temas que constituem a base da psicologia cognitiva, como natureza versus criação e racionalismo versus empirismo. Estes e outros tópicos listados aqui direcionam o núcleo da natureza da mente humana. Esses temas aparecerão de modo recorrente no estudo da psicologia cognitiva. À medida que lê cada capítulo, pense em como os tópicos se relacionam aos principais temas da psicologia cognitiva. Você se deparará com esses temas neste texto e poderá revisá-los em cada capítulo na seção “Temas-chave”. Observe que muitas das questões são apresentadas na forma “ou/ou” da tese/antítese, ou na forma “ambos/e” de uma síntese de opiniões ou de métodos. Geralmente, a síntese permite visualizar as provas de modo mais útil do que uma posição extrema ou outra. Por exemplo, a nossa natureza pode proporcionar uma estrutura hereditária de nossas características distintas e tipos de pensamentos e ação; a nossa criação pode nos moldar as maneiras específicas nas quais desenvolvemos tal estrutura. Podemos utilizar métodos empíricos para a coleta de dados e para o teste de hipótese e também podemos utilizar métodos racionalistas para interpretar dados, construir teorias e formar hipóteses com base nas teorias. O nosso entendimento da cognição se aprofunda à medida que consideramos tanto a pesquisa básica nos processos cognitivos fundamentais como a aplicada com relação às utilizações efetivas da cognição em contextos de mundo real. As sínteses evoluem constantemente. O que hoje pode ser uma síntese, amanhã poderá ser considerada uma posição extrema, e vice-versa. Lembre-se de que cada tópico deste texto (percepção, memória etc.) pode ser examinado com base em sete temas principais da psicologia cognitiva: 1. Natureza versus criação Podemos explorar como as covariações e as interações ambientais (por exemplo, um ambiente empobrecido) afetam adversamente uma pessoa cujos genes podem ter sucesso em muitas tarefas. 2. Racionalismo versus empirismo Podemos combinar a teoria com os métodos empíricos para aprender o máximo possível a respeito dos fenômenos cognitivos. 3. Estruturas versus processos Em vez de focar somente no estudo do conteúdo ou dos processos da mente, podemos explorar como os processos mentais operam nas estruturas mentais. 4. Generalidade versus especificidade do domínio Ao estudar os processos, podemos explorar qual processo pode ser de domínio geral e qual pode ser de domínio específico. 5. Validade das inferências causais versus validade ecológica Podemos combinar diversos métodos, inclusive os laboratoriais e os mais naturalísticos, para fazer convergir os achados sustentáveis, independentemente do método de estudo. 6. Pesquisa aplicada versus pesquisa básica Podemos combinar os dois tipos de pesquisa de modo que a básica conduza à pesquisa aplicada, o que levaria a mais pesquisa, e assim por diante. 7. Métodos biológicos versus métodos comportamentais Podemos tentar sintetizar os métodos biológicos e comportamentais para a compreensão dos fenômenos cognitivos em múltiplos níveis de análise.
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CAPÍTULO 1 • Introdução à psicologia cognitiva
RESUMO 1. O que é psicologia cognitiva? Psicologia cognitiva é o estudo de como as pessoas percebem as informações, aprendem-nas, lembram-se delas e pensam nelas. 2. Como a psicologia evoluiu como ciência? Começando com Platão e Aristóteles, as pessoas ponderavam como alcançar a compreensão da verdade. Platão sustentou que o racionalismo oferece um caminho claro para a verdade; Aristóteles abraçou o empirismo como o caminho para o conhecimento. Séculos depois, Descartes estendeu o racionalismo de Platão e Locke elaborou o empirismo de Aristóteles. Kant ofereceu a síntese dessas contradições aparentes. Décadas após Kant propôs sua síntese, Hegel observou como a história das ideias progrediu para um processo dialético. 3. Como a psicologia cognitiva se desenvolveu a partir da psicologia? Por volta do século XX, a psicologia emergiu como uma área distinta de estudo. Wundt focou nas estruturas da mente (direcionando para o estruturalismo), ao passo que James e Dewey focaram no processo da mente (funcionalismo). O associacionismo, adotado por Ebbinghaus e Thorndike, emergiu dessa dialética. Ele mostrou o caminho para o behaviorismo ao destacar a importância das associações mentais. Outra etapa em direção ao behaviorismo foi a descoberta de Pavlov sobre os princípios do condicionamento clássico. Watson e posteriormente Skinner foram os proponentes principais do behaviorismo. Este concentrava-se nas ligações observáveis entre as contingências ambientais comportamentais e particulares do organismo que fortalecem ou enfraquecem a probabilidade de um comportamento particular se repetir. A maioria dos behavioristas dispensa a noção de que existe mérito dos psicólogos na tentativa de compreender o que ocorre na mente da pessoa com tal comportamento. Tolman e pesquisadores behavioristas subsequentes observaram o papel dos processos cognitivos na influência do comportamento. A convergência do desenvolvimento em muitos campos levou ao surgimento da psicologia cognitiva como uma disciplina distinta, encabeçada por notáveis como Neisser. 4. Como as outras disciplinas contribuíram para o desenvolvimento da teoria e da pesquisa no campo da psicologia cognitiva? A psicologia cognitiva tem origem na filosofia e na fisiologia, que se fundiram para formar a corrente principal da psicologia. Como um campo distinto do estudo psicológico, a psicologia cognitiva também se beneficiou das investigações interdisciplinares. Áreas relevantes para o campo da psicologia cognitiva incluem a linguística (por exemplo, como a linguagem e o pensamento interagem?), a psicologia biológica (por exemplo, quais são as bases fisiológicas da cognição?), a antropologia (por exemplo, qual é a importância do contexto cultural para a cognição?) e os avanços tecnológicos, como a inteligência artificial (por exemplo, como os computadores processam as informações?). 5. Quais métodos a psicologia cognitiva utiliza para estudar como as pessoas pensam? Os psicólogos cognitivos utilizam vários métodos, incluindo experimentos, técnicas neurocientíficas, autorrelatórios, estudos de caso, observação naturalística, simulações por computador e inteligência artificial. 6. Quais são as questões atuais e os vários campos de estudo dentro da psicologia cognitiva? Algumas das questões principais no campo focam em como obter conhecimento. O trabalho psicológico pode ser feito: • por meio da utilização do racionalismo (que é a base para o desenvolvimento teórico) e do empirismo (que é a base para a coleta de dados); • por meio do destaque da importância das estruturas cognitivas e dos processos cognitivos; • por meio da ênfase no estudo do processamento de domínio geral e no de domínio específico; • por meio do empenho em um alto grau de controle experimental (que permite inferências causais melhores) e em um alto grau de validade ecológica (que
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Introdução à psicologia cognitiva • CAPÍTULO 1
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permite a melhor generalização dos achados para ajustes fora do ambiente de
laboratório); e
• por meio da condução da pesquisa básica, que busca insights fundamentais sobre a cognição e a pesquisa aplicada, de modo a identificar os usos efetivos da cognição em contextos do mundo real. Embora as posições em relação a essas questões possam parecer diametralmente opostas, os aspectos aparentemente antiéticos podem ser sintetizados de forma a oferecer o melhor de cada ponto de vista. Os psicólogos cognitivos estudam as bases biológicas da cognição, assim como a atenção, a consciência, a percepção, a memória, a imagem mental, a linguagem, a solução de problemas, a criatividade, a tomada de decisão, o raciocínio, as mudanças no desenvolvimento da cognição em relação ao tempo de vida, à inteligência humana, à inteligência artificial e a diversos outros aspectos do pensamento humano.
PENSANDO SOBRE O PENSAMENTO: QUESTÕES ANALÍTICAS, CRIATIVAS E PRÁTICAS 1. Descreva as principais escolas do pensamento psicológico que levaram ao desenvolvimento da psicologia cognitiva. 2. Descreva algumas maneiras pelas quais a filosofia, a linguística e a inteligência artificial têm contribuído para o desenvolvimento da psicologia cognitiva. 3. Compare e contraponha as influências de Platão e de Aristóteles no campo da psicologia. 4. Analise como os diversos métodos de pesquisa na psicologia cognitiva refletem as abordagens empirista e racionalista para obter conhecimento. 5. Faça um esboço de uma investigação psicológica cognitiva que envolva um dos métodos de pesquisa descritos neste capítulo. Destaque as vantagens e as desvantagens de utilizar esse método para a sua investigação. 6. Este capítulo descreve como o campo da psicologia cognitiva se mostra no presente. Quais seriam as suas suposições em relação às possíveis modificações na área nos próximos 50 anos? 7. Como um insight passa da pesquisa básica para os usos práticos na vida diária? 8. Como um insight passa da pesquisa aplicada para a compreensão mais profunda das características fundamentais de cognição?
TERMOS-CHAVE associacionismo, p. 10 behaviorismo, p. 11 ciência cognitiva, p. 26 cognitivismo, p. 13 dialética, p. 4 empirista, p. 6 estruturalismo, p. 7 funcionalismo, p. 7
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heurística, p. 4 hipóteses, p. 17 inteligência, p. 4 inteligência artificial (IA), p. 15 introspecção, p. 7 pragmáticos, p. 8 psicologia cognitiva, p. 3 psicologia da Gestalt, p. 13
racionalista, p. 6 significado estatístico, p. 17 teoria, p. 17 variáveis dependentes, p. 20 validade ecológica, p. 25 variáveis independentes, p. 20
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