Revista Ruah 2015

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RUAH ANO XXIV – Nº 59 – PRIMEIRO SEMESTRE DE 2015

Jovens construindo Políticas Públicas de/para/com Jovens Pág. 5

ética

ciência inovação neurociência

tecnologia religião

Inovação, Ciência e Transcendência Divergentes ou complementares? As relações entre ciência e transcendência Pág. 14

O Ir. Evilázio Teixeira, Vice-Reitor da PUCRS, conta sua trajetória, fala sobre o contexto da Universidade e dá dicas para universitários que estão ingressando na PUCRS. Pág. 11

ISNN 1808 – 7868 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA


/editorial

/primeira pessoa_

Olá!

Intercâmbio:

Você tem em mãos a edição 2015 da Revista Ruah, uma publicação do Centro de Pastoral e Solidariedade (CPS), que tem como objetivo comunicar experiências e saberes que brotam da vida, da fé, do amor, da solidariedade e da alegria, e as ações do CPS, contribuindo na formação da comunidade universitária. Na reportagem especial, podes conferir uma temática muito atual e interessante: Inovação, Ciência e Transcendência. Quer saber como elas se conectam? Leia mais na página 14. E você conhece alguma política pública para juventude? Para que serve? Na página 5, podes ficar por dentro deste tema tão importante. Este ano, trazemos uma novidade na Ruah: é a editoria entrevista, onde podes conhecer mais do Ir. Evilázio Teixeira, vice-reitor da PUCRS, na página 11. E tem muito mais para ler e curtir na Revista Ruah em todas as páginas! Você também pode colaborar com a revista, enviando sugestões, dicas, pautas e comentários para o email pastoral@pucrs.br. Espero que aproveites a leitura! Um grande abraço, Ir. Dionísio Rodrigues

Expediente Publicação do Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS Av. Ipiranga 6681 – Prédio 17 – sala 101 Porto Alegre, RS – CEP 90619-900 Fone: (51) 3320-3576 www.pucrs.br/pastoral pastoral@pucrs.br Ano XXIV – n° 59 – 2015 Direção: Ir. Dionisio Roberto Rodrigues Supervisão Editorial: Assessoria de Comunicação Corporativa da Rede Marista Conselho Editorial: Ir. Dionisio Roberto Rodrigues, Maurício Perondi, Rafael Rossetto e Sophia Kath Jornalista Responsável: Flavia Polo (Registro Profissional 12.732) Reportagem: Flavia Polo Revisão: Ir. Salvador Durante Fotos: Arquivo Centro de Pastoral e Solidariedade, Comunicação Corporativa da Rede Marista, Gilson Oliveira/ Arquivo Fotográfico/ASCOM/PUCRS e Felipe Dalla Valle Projeto Gráfico e Editoração: Design de Maria www.designdemaria.com.br Impressão: Gráfica Epecê Tiragem: 7 mil exemplares Periodicidade: Anual

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Bagagem Muito além de uma viagem para estudos, fazer um intercâmbio em um outro país dá ao aluno a rica oportunidade de conviver e dialogar com culturas diferentes da sua, proporcionando uma bagagem para a vida inteira Todo mundo diz que depois de uma viagem você volta diferente. E é verdade. A bagagem cultural e emocional aumentam. E muito! Esse aprendizado é tão natural que muitas vezes o universitário só se dá conta do quanto aprendeu quando volta ao país de origem e compara as muitas diferenças entre uma e outra forma de encarar a vida. Essa bagagem não é tangível, não se toca, não se mostra, mas se sabe que ela existe quando se conversa com alguém, quando se analisa culturas distintas, quando se vê mais tolerante com o diferente, quando se valoriza ainda mais o que se tem. A família e os amigos são os primeiros a notar essa diferença. Mas não são os únicos. Os intercâmbios estão cada vez mais valorizados dentro das instituições, tanto multinacionais quanto nacionais. Pode não ser um requisito obrigatório, mas departamentos de Recursos Humanos veem com bons olhos os candidatos que já realizaram uma experiência internacional. A diretora da faculdade de Psicologia da PUCRS e psicóloga organizacional Ana Maria Pereira reforça a importância de morar fora do país. “Quando entrevisto alguém que tenha tido uma experiência no exterior busco entender quais ferramentas ele utilizou para se adaptar às situações novas que vivenciou em outro país. Em uma organização, essa capacidade de adaptação a ambientes diferentes, e por vezes adversos, é muito importante”.


para a vida inteira Coração verde amarelo

Além disso, Ana destaca que se relacionar com pessoas de outras culturas, atender a diversas demandas de forma simultânea, superar uma situação difícil e lidar com imprevistos, desenvolvem o indivíduo de forma complementar aos estudos acadêmicos, e são características apreciadas pelas instituições. Isso sem falar que aprender um novo idioma desenvolve uma capacidade de raciocínio mais ágil. “Para as organizações, interessa saber quais recursos o estudante mobilizou para desenvolver habilidades e competências que podem ser úteis ao ambiente corporativo”, analisa a psicóloga.

Intercâmbio na PUCRS A PUCRS tem convênio com universidades no mundo inteiro. Confira alguns programas: • BRAFITEC – Bolsa Capes, específico para a Engenharia. • PMA – Programa da PUCRS com universidades conveniadas. Sem bolsa. • ELAP – Programa do governo canadense para qualquer área de conhecimento. • CIÊNCIAS SEM FRONTEIRAS – Bolsa Capes ou Cnpq para qualquer área de conhecimento.

Em setembro de 2014, quando Débora Kunz estava no quinto semestre do curso de matemática, conseguiu uma bolsa para ir à Alemanha. Mesmo falando só um pouco do idioma, ela se inscreveu no programa do governo federal Ciências sem Fronteiras e recebeu auxílio financeiro para cobrir todas as despesas fixas no período em que esteve no País. No primeiro semestre, ela fez um curso de alemão para dominar a língua conhecida no mundo inteiro pela dificuldade em ser aprendida. Depois, vai ter mais um ano de graduação na Frei Universität, em Berlim. Para ela, a experiência tem sido maravilhosa. “Me apaixonei pela cidade em que estou morando, Marburg, na primeira semana em que cheguei. Percebi que aqui a confiança é a base de tudo”. Ela cita uma situação simples que a surpreendeu: o deslocamento de ônibus. Na Alemanha, as pessoas compram um cartão que dá direito a usar o transporte durante um mês. Mas lá não existe um cobrador, como aqui no Brasil. Não é necessário passar por catraca, nem mostrar o ticket para ninguém. A fiscalização ocorre de vez em quando, e só se passar pelos fiscais e não tiver o ticket é que recebe multa. Lá, parte-se do pressuposto de que os usuários têm consciência e usam o transporte com o devido respeito. Para manter vivo o laço com a fé, Débora encontrou um grupo de jovens chamado INCO, voltado a todas as religiões cristãs. Os encontros são realizados todos os domingos à noite. “É muito interessante, porque juntam-se pessoas de várias nacionalidades, fazendo com que eu tenha a oportunidade de conhecer muitas pessoas com algum princípio em comum”, salienta. Mas mesmo adorando este país, seus planos não são de permanecer na Alemanha. “Aqui é tudo maravilhoso, mas eu sinto muita falta da minha família e amigos”.

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Fora da zona de conforto Em 2014, a PUCRS teve 372 alunos em intercâmbio, um aumento de 54% em relação ao ano anterior. A Espanha é o país que mais ofereceu oportunidades de intercâmbio com a PUCRS, mas os destinos mais procurados pelos estudantes foram Estados Unidos, Canadá e Austrália. O curso de Engenharia é o que mais apresenta opções. A grande maioria dos estudantes decide fazer as malas e apostar no exterior quando está na metade do curso. Gustavo Messias se enquadra nesse perfil. No quinto semestre do curso de Engenharia Química, conseguiu uma bolsa pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para estudar nos Estados Unidos. Desde junho de 2014 está morando no estado de Michigan e deve ficar até o final de 2015. Ele conta que está impressionado, não só pelo ambiente acadêmico, mas pela própria diversidade cultural em que está envolvido. “No grupo de pesquisa em que participo, meus colegas são americanos, iranianos e turcos. Quando não estamos trabalhando nos laboratórios, discutimos política, hábitos culturais e diferenças entre nossos países. É, realmente, uma experiência difícil de expor em palavras”. Além dessa riqueza cultural, ele encara um ritmo mais intensivo de estudos. Os professores dão muitas atividades para serem feitas em casa e os incentivam a criar grupos de estudo. “Quando o aluno precisa de um plano de estudos, ele pode ele ir no setor de desenvolvimento de carreiras, onde especialistas ajudam a desenvolver um regime de estudos e orientam os alunos em como se introduzir no mercado de trabalho”. Também oferecem a oportunidade de

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“Se todos tivéssemos a oportunidade de entender as diferenças entre culturas, seríamos seres humanos muito mais pacíficos e compreensíveis.” GUSTAVO MESSIAS fazer qualquer esporte sem ter que pagar taxas extras. Gustavo está tão impressionado com o aprendizado que tem junto a pessoas do mundo inteiro que imagina voltar com a cabeça mais aberta e mais flexível em suas opiniões. “Se todos tivéssemos a oportunidade de entender as diferenças entre culturas, seríamos seres humanos muito mais pacíficos e compreensíveis.” Gustavo está certo. A oportunidade de lidar com culturas diferentes das que se está acostumado, ajuda a moldar indivíduos mais tolerantes e respeitosos em relação ao próximo.

Para saber mais informações sobre o intercâmbio na PUCRS acesse: www.pucrs.br/pma


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Jovens construindo Políticas Públicas de/para/com

JOVENS

Para que as políticas públicas sejam efetivas em relação às realidades juvenis, é necessário que os próprios jovens estejam envolvidos nessa construção. O mês de junho de 2013 vai ficar para sempre na memória de todo o brasileiro. Vários grupos de jovens saem às ruas, indignados pelo aumento das passagens de ônibus. A concentração de pessoas aumenta. Aos poucos, o movimento vai ganhando a mídia em muitas cidades do país: Porto Alegre, Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, entre outras. Muitas são as capitais que se juntam para protestar contra o que consideram injusto: corrupção, altos impostos, poucos investimentos, baixos salários. O povo vê nesses protestos uma via de escape para mostrar que não está acomodado. Em 2013, a importância dos protestos que pararam o Brasil expressa uma força que existe na juventude de querer mudar o contexto em que vive. Iniciativas em todo o país mostram que os 50 milhões de jovens querem ser ouvidos. Ainda que toda essa mobilização tenha sido em termos numéricos, a maior desde o Fora Collor, em 1992, os movimentos juvenis não estavam “dormindo”, como supostamente deram a entender alguns dos principais veículos de comunicação. Desde o início dos anos 2000, inúmeras organizações juvenis e entidades que atuam com jovens trabalham arduamente para efetivar Políticas Públicas de Juventude no Brasil. A partir desse esforço, muito já se tem evoluído no que se refere aos direitos dessa

parcela da população, com a criação do Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE), da Secretaria Nacional de Juventude e dos primeiros programas nacionais de juventude. Em 2013, foi sancionada a lei que institui o Estatuto da Juventude, que regulamenta os direitos à justiça, educação, saúde, lazer, esporte, liberdade de expressão e trabalho. Concede também dois benefícios diretos aos estudantes: o direito de pagar a metade do valor nas passagens dos ônibus interestaduais, e àqueles que têm renda familiar de até dois salários mínimos, meiaentrada em atividades culturais. Além do estatuto, foram criados programas educacionais, como o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

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Curso do IPJ de Surubim

Movimentos no Brasil

Para saber mais sobre o projeto acesse: juventude.gov.br/ juventudeviva Na PUCRS, o Grupo Universitário Marista integra a PJM e também está engajado nessa importante discussão. Para saber mais, acesse: www.pucrs.br/pastoral

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O Conselho Nacional de Juventude, o Conjuve, é uma das ações do governo federal que agrupa sociedade civil e poder público para promover ações em favor dos jovens. Em 2013, o Rio Grande do Sul foi o último a criar o Conjuve estadual, com o intuito de representar os 300 mil jovens do Estado. Por ser ainda recente, o conselho primeiramente organizou as demandas internas, mas já conseguiu avanços importantes, como a adesão do Estado ao Plano Juventude Viva que combate a violência contra os jovens negros, além de outras ações como a realização de debates sobre a situação da juventude gaúcha, um diagnóstico das políticas já existentes e a articulação na criação de diversos Conselhos Municipais. “Nossa prioridade para o próximo período é intensificar o debate e a construção de políticas para o enfrentamento e a prevenção à violência contra a juventude negra e da periferia, bem como políticas para a juventude rural e jovens mulheres. Ainda trabalhamos com o estímulo à participação social dos jovens, através da criação de conselhos municipais de juventude”, afirma Rossana Prux, diretora do Conjuve/RS. Os Maristas no Brasil, ocupam 2 das 40 vagas do Conjuve Nacional destinadas à sociedade civil: uma com a Pastoral Juvenil Marista (PJM) na cadeira de Movimentos Religiosos e outra com a União Marista do Brasil na cadeira de Educação.

“A participação da PJM tem o objetivo de colaborar e contribuir no estudo de elaboração de propostas e temas relacionados à juventude brasileira e, claro, inserir na própria PJM uma cultura de participação política”, observa Virgílio Peixoto, representante da PJM no Conjuve Nacional. Destacou a discussão do texto Pacto da Juventude, documento que tem como objetivo sensibilizar os governos federal, estadual, municipal e parlamentares no comprometimento com as políticas públicas da juventude, em suas ações e programas. Muito além das dificuldades pessoais em conciliar o trabalho com os compromissos da PJM no Conjuve, Virgílio é incisivo em relação aos desafios que têm a sua frente: “elaborar estratégias efetivas que resultem numa melhoria de nossas políticas públicas, que possam beneficiar nossa juventude brasileira, que é tão plural. E também na conscientização de nossos governantes no que tange à juventude, sua importância e força dentro do cenário brasileiro.” Na cidade de Surubim, em Pernambuco, foi criado o Instituto de Protagonismo Juvenil (IPJ) que, como o próprio nome diz, coloca os jovens no principal lugar do palco da vida. “O ‘carro-chefe’ do IPJ é o protagonismo juvenil, portanto todas as ações e atividades desenvolvidas buscam evidenciar o trabalho feito pelas diversas


juventudes, seja na coordenação das ações, seja na execução ou avaliação das mesmas”, observa Aniervson Santos, coordenador do IPJ Surubim. Nestes cinco anos do movimento foram realizadas várias ações: seminários, publicações de material de formação, assessorias, encontros, conferências, cursos, desenvolvimento de pesquisas e uma revista tecnocientífica que tem dimensão internacional. O IPJ também participa do Conselho Municipal da Juventude de Surubim, mobiliza a articulação de conselhos em outras cidades e acompanha o processo de criação do Conselho de Juventude no Estado de Pernambuco. Além de ter uma ação local, o movimento já abriu uma filial na cidade de Marília (SP) e atinge mais pessoas por meio dos cursos online e da Revista Geração Z, com publicações em Inglês, Português e Espanhol. Tudo isso sem nenhum apoio financeiro a não ser o dos próprios membros. Um dos maiores desafios que encontra é lidar com a crença social de que os jovens são despreparados e pouco confiáveis. “Manter uma organização que se pretende emancipar o jovem em uma sociedade muito capitalista que pouco acredita em seu potencial não tem sido nada fácil. E acreditamos que esse ainda será o desafio que nos acompanhará pelos próximos anos”, afirma Aniervson Santos. Além dessas ações descritas, o desafio para a construção de políticas de/para/ com juventude continua aberto, dadas as grandes demandas ainda existentes. Uma das formas que contribui neste processo são as Conferências Nacionais de Juventude, que foram realizadas em 2008 e 2011, com previsão de uma terceira no segundo semestre de 2015. As mesmas são precedidas por conferências municipais e estaduais, que se constituem como espaços de diálogo, em que os jovens e as entidades juvenis são convidados a debater as prioridades para as Políticas de Juventude.

Jovens debatendo políticas públicas

Protagonismo Juvenil Virgílio Peixoto, representante da PJM no CONJUVE

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Juntos pela proteção direitos

de

A União Marista do Brasil (Umbrasil) e a Rede Marista, das quais a PUCRS faz parte, estão mobilizadas contra a redução da maioridade penal. Confira abaixo as 18 razões para ser contra a Redução da Maioridade Penal 1. Porque os jovens que cometem ato infracional já são responsabilizados O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) responsabiliza por ato infracional todo o adolescente a partir dos 12 anos que entrar em conflito com a lei. A responsabilização é executada por meio de seis medidas socioeducativas previstas: advertência; obrigação de reparar o dano; prestação de serviços à comunidade; liberdade assistida; inserção em regime de semiliberdade; internação em estabelecimento educacional.

2. Porque o índice de reincidência no sistema socioeducativo é menor Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (2012), cerca de 70% das pessoas que cumprem pena no sistema prisional voltam a delinquir quanto adquirem a liberdade. Já no sistema socioeducativo, o índice é de apenas 20%.

3. Porque o sistema prisional já está superlotado O Brasil possui a 4° maior população carcerária do mundo, com um sistema prisional precário e superlotado, com mais de 500 mil presos. Deste modo, o sistema 8

penitenciário brasileiro não cumpre sua função social de controle, reinserção e reeducação dos agentes da violência, ao contrário, apresenta-se como caminho sem volta, dados os índices de reincidência.

4. Porque reduzir a maioridade penal é tratar a consequência e não a causa O Brasil não investiu o suficiente em programas e políticas necessárias para garantir à sua população, principalmente crianças, adolescentes e jovens o pleno exercício de sua cidadania, o acesso aos direitos fundamentais como educação, saúde, moradia entre outros. O adolescente marginalizado não surge do acaso, é fruto de um estado de injustiça social em que sobrevive grande parte da população.

5. Porque a redução da maioridade penal fere uma das cláusulas pétreas, aquelas que só podem ser alteradas em uma Assembleia Nacional Constituinte Cláusulas pétreas não podem ser modificadas por congressistas, e o artigo 228 da Constituição federal estabelece que “São penalmente inimputáveis os menores de 18 anos”, ou seja, é um direito


do adolescente menor responder por seus atos mediante o cumprimento de medidas socioeducativas e não em relação ao sistema penal convencional.

6. Porque leis não podem se basear na exceção Ao contrário do que se propaga, os atos criminosos cometidos por adolescentes representam 4% do total dos crimes no Brasil, sendo eles responsáveis por menos de 1% dos homicídios praticados. O Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a Lei (CNACL-CNJ) aponta que apenas 0,5 % da população jovem do país tem registro de ocorrência infracional.

7. Porque isenta o Estado do compromisso com as juventudes A desigualdade social está na gênese do aumento dos índices criminalidade da juventude em nosso país. Entretanto, o que vemos é uma mudança de um tipo de Estado que deveria garantir o acesso aos direitos constitucionais para um Estado penal, que busca através da coerção administrar os efeitos de uma sociedade desigual. O Estatuto da Juventude surge, nesse contexto, como um instrumento legal que busca determinar (e garantir) os direitos dos jovens em nosso país.

8. Porque poder votar não tem a ver com ser preso com adultos

O voto aos 16 anos é opcional e não obrigatório, direito adquirido pelos jovens. Ele pode votar aos 16, mas não pode ser votado. Mas se tem maturidade para votar não teria para responsabilizar-se por um ato infracional? Sim, porque em nosso país, qualquer adolescente a partir dos 12 anos, pode ser responsabilizado pelo cometimento de um ato contra a lei, através de medidas socioeducativas.

9. Porque educar é melhor e mais efetivo do que simplesmente punir A educação é um direito fundamental que possibilita ao indivíduo tornar-se cidadão, compreender sua cidadania e

comprometer-se politicamente com a sociedade. Entretanto, muitos jovens não têm acesso à uma educação plena e de qualidade e excluídos deste processo, perdem a chance de se tornarem cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. Não se pode “desistir” dos jovens brasileiros, colocando-os como “vilões” que colocam a nação em risco, mas é preciso valorizá-los e investir neles como parte importante na construção de uma sociedade melhor.

10. Porque reduzir a maioridade penal não afasta os adolescentes do crime Estudos nas áreas da criminologia e das ciências sociais não encontram relação direta entre o aumento da punição com a diminuição da violência, ou seja, a tendência é de que um adolescente não deixará de cometer uma infração simplesmente porque existe uma lei punitiva.

11. Porque os adolescentes são as maiores vítimas, e não os principais autores da violência

A maioria dos adolescentes que comete infrações é recrutada por alguma organização ou grupo criminoso, portanto, também são vítimas de um sistema complexo de violência. Os homicídios de crianças e adolescentes brasileiros cresceram vertiginosamente nas últimas décadas: 346% entre 1980 e 2010. De 1981 a 2010, mais de 176 mil foram mortos e só em 2010, o número foi de 8.686 crianças e adolescentes assassinadas, ou seja, 24 POR DIA!

12. Porque fixar a maioridade penal em 18 anos é tendência mundial Grande parte dos países e dos organismos internacionais que atuam na área da infância e da adolescência coloca a idade de 18 anos como um parâmetro para a maioridade penal. Reduzir a maioridade penal também vai contra a Convenção sobre os Direitos da Criança e do Adolescente da 9 próxima>


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Organização das Nações Unidas (ONU) e a Declaração Internacional dos Direitos da Criança compromissos assinados pelo Brasil.

13. Porque os países que reduziram a maioridade penal não reduziram a violência Numa análise realizada pela ONU com 57 legislações de diferentes países, apenas 17% adotam idade menor do que 18 anos como critério para a definição legal de adulto. Caso recente aconteceu na Alemanha e na Espanha, que haviam reduzido para 16 anos, mas voltaram atrás e tornaram a fixar em 18 anos.

14. Porque a adolescência é uma fase que necessita de atenção especial Todos os adolescentes são sujeitos de direitos em situação peculiar de desenvolvimento e devem ser protegidos pelo Estado, pela Sociedade e pela Família. A Redução da Maioridade Penal, portanto, é a negação da Doutrina da Proteção Integral que fundamenta o tratamento jurídico dispensado às crianças e adolescentes pelo Direito Brasileiro.

15. Porque queremos soluções para as causas da violência e não apenas para os seus efeitos Cotidianamente vivemos situações de violência e de insegurança. Estas se devem a inúmeros fatores estruturais que envolvem a política, a economia e o social, configurando-se como um fenômeno complexo. Sendo assim, para resolvê-lo precisamos de soluções amplas e não de ações simplistas, que seria capaz de diminuir a violência.

16. Porque importantes órgãos já se posicionaram contra a Redução Inúmeras instituições e organizações que trabalham, fazem pesquisas e produzem dados sobre os adolescentes, portanto, tem conhecimento de causa, se posicionaram contra a redução da maioridade penal. Entre estas, pode-se destacar a UNICEF, a 10

Organização dos Estados Americanos (OEA), o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), o Conselho Federal de Psicologia (CFP), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entre outros.

17. Porque falta democratizar as informações sobre os efeitos da redução da maioridade penal Percebe-se na sociedade brasileira um forte apelo pela redução da maioridade penal. As informações estão demasiadamente centradas em programas dos meios de comunicação de massa que repercutem notícias e fatos de forma sensacionalista, apelando para a emoção e para um desejo social de vingança. Cabe às instituições educativas, às famílias e aos meios alternativos de comunicação aprofundarem o acesso à informações mais qualificadas para que se tenha um conhecimento mais profundo sobre o assunto.

18. Porque as razões favoráveis à redução são pouco fundamentadas Diversas áreas conhecimento tais como o direito, a neurociência, a sociologia, a psicologia, a pedagogia, entre outras realizam pesquisas e estudos em profundidade, demonstrando o quão prejudicial seria a redução da maioridade penal. No entanto, os argumentos de quem é favorável tem se pautado em exceções e no desejo de vingança contra uma suposta impunidade dos adolescentes que cometem infração, que não é verdadeira.

* Texto adaptado do material divulgado pela União Marista do Brasil. Saiba mais em: www.umbrasil.org.br/


/entrevista

vivam intensamente o ambiente universitário Ir. Evilázio Teixeira, Vice-Reitor da PUCRS

indivíduo distante. Ao contrário, as palavras afáveis e o sorriso franco marcam um perfil importante nas delicadas tarefas do dia a dia em que lida com as mais distintas questões da Instituição, entre elas, auxiliar o Reitor na gestão da Universidade, coordenar o Planejamento Estratégico e integrar comissões de projetos institucionais. Além disso, atua como Conselheiro da Rede Marista. Nesta entrevista, você vai conhecer um pouco mais do Irmão Evilázio, que transparece sabedoria na simplicidade de suas respostas.

Quando surgiu o convite para trabalhar na PUCRS?

P

ara alcançar grandes objetivos, é necessário ter grandes sonhos. O Irmão Evilázio Teixeira, atual Vice-Reitor da PUCRS, tinha um desejo imenso de ser missionário na África, mas sua missão acabou se realizando perto de casa. Leitor ávido, estudante aplicado, com dois doutorados no exterior, a imersão acadêmica não o transformou em um

Vim para a PUCRS em 1995. Na época, fazia a formação como jovem Irmão Marista, e o grande desejo que eu tinha era o de ser missionário na África. Houve uma mudança na animação da Província naquele período, então meu novo Superior Provincial, Ir. Antonio Silva (que, por ironia do destino, ou daqueles mistérios da vida que nem sempre

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/entrevista

conseguimos explicar, está há doze anos atuando na missão em Angola), disse que precisava de mim para trabalhar na Universidade. Quando cheguei, com 28 anos, havia acabado de me formar em Filosofia e Teologia e estava fazendo o Mestrado em Filosofia. Comecei trabalhando no Centro de Pastoral e dava aulas de Cultura Religiosa e Filosofia da Educação. Em 1998, viajei ao exterior para fazer doutorado, mas continuava acompanhando a distância a caminhada da Universidade e, de modo especial, do Centro de Pastoral e Solidariedade. Voltei em 2002, com dois doutorados e outro mestrado (já havia feito um antes), para atuar na Direção da Pastoral até 2004. Em dezembro desse ano , fui nomeado Vice-Reitor e, em 2010, ingressei no Curso de Direito da PUCRS. A vida religiosa marista me propõe alguns desafios interessantes: na centralidade do seguimento de Jesus Cristo, trabalhar com a juventude e tornar o mundo melhor, mais justo, e é isso o que eu chamo de evangelizar.

No contexto da PUCRS, que trabalha a formação integral dos universitários, como vê a atuação da Pastoral? A Universidade é um espaço de evangelização. Por isso, dentro do marco de liberdade que implica toda opção de fé, ela quer propiciar aos jovens uma vivência autêntica do Cristianismo, em um ambiente marcado pelos valores evangélicos, a explicitação sistemática da fé e o acompanhamento em seu compromisso de vida. Os estudantes devem reconhecer em sua identidade pessoal a dimensão transcendente que os abre para a realidade, para as demais pessoas e para Deus. Também precisam descobrir os seus projetos de vida, participando da construção da humanidade e sendo capazes de

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experimentar a proposta de valores evangélicos. A Pastoral tem um papel extremante importante, pois ela é o coração da Universidade. Ela deve ajudar na construção de uma sociedade mais justa, como também na evangelização da cultura e na recuperação da dimensão simbólica do Cristianismo. Estamos vivendo uma época em que a espiritualidade é cada vez mais importante, o ser humano é sedento de Deus, e a Pastoral tem esta responsabilidade: a de ajudar a Universidade a ser melhor espiritualmente. Muito além de ser apenas um setor, temos que falar de uma Universidade em Pastoral. Isto é, todos os que fazem parte da Universidade precisam se comprometer e desenvolver ações que vão ao encontro da Missão da PUCRS.

Nesse contexto, quais os principais desafios da Universidade? O final do século XX se caracteriza por transformações rápidas e de grande profundidade, que impactam a vida social e trazem novas diretrizes para a educação superior. Frente a estes novos desafios, uma educação superior eficaz e coerente com as novas demandas sociais, culturais e laborais, implicará as universidades cultivarem definidamente a sua vocação científica e humanista. Podemos caracterizar três processos, talvez os mais importantes: a globalização, a revolução científica e tecnológica, e a redefinição do papel do Estado. Juntamente com esses três processos, podem-se agregar outros cinco processos fundamentais que estão transformando a educação superior: a aplicação tecnológica à vida acadêmica, a mobilidade real e virtual de estudantes e professores, o imperativo de uma educação


permanente, a questão do mundo do trabalho – da empregabilidade –, e por fim, o novo papel de professores e alunos no processo de ensino e aprendizagem. Em uma sociedade como a nossa, não existe mais uma formação dentro dos muros da Universidade e outra formação fora deles. Tudo está conectado. Pensar globalmente, agir localmente. Precisamos saber o que acontece em todo o mundo e, nesse sentido, somos pioneiros em muitas pesquisas, participamos ativamente da inovação e do desenvolvimento da ciência em nível nacional e mundial. Tudo isso é importante, mas precisamos fazer diferença no nosso entorno e descobrir que somos seres comprometidos com uma formação integral, que passa não apenas pela dimensão acadêmica, mas também pela dimensão espiritual.

Como vê os alunos da PUCRS? Dois aspectos devem ser considerados quando falamos do estudante universitário: primeiro há que encará-lo como um sujeito temporal da vida universitária. A Universidade é um espaço curto em sua vida como jovem. Segundo: falar do estudante universitário é muito complexo, frente à diversidade que se apresenta na realidade. Não são somente de idades distintas, ou de carreiras distintas. São contextos socioculturais diferentes. O universitário brasileiro é um batalhador. A grande maioria concilia trabalho e estudos. Em algumas partes do mundo, não é assim, o universitário só estuda e se dedica de forma exclusiva ao estudo. O aluno da PUCRS possui um diferencial, que é a possibilidade de realizar intercâmbios com

universidades internacionais. Importante frisar que, no que se refere à qualidade, os alunos da nossa Universidade possuem oportunidades equivalentes aos demais estudantes do exterior.

O que diria aos universitários que estão ingressando na PUCRS? Eu diria para eles viverem intensamente o ambiente universitário. Visitem a Biblioteca, participem de grupos de pesquisa, explorem o Museu de Ciências e Tecnologia, interajam com os professores e com os colegas de aula. Façam da Universidade um espaço de convivência de qualidade, participando de grupos de voluntariado, alargando seus horizontes. Os colegas são pessoas importantes, muitos se tornarão amigos para toda a vida. Façam amigos, mas também estudem, e estudem muito, esse é o momento! E, no fim das contas, sejam felizes, pois de nada adianta você passar tantos anos dentro de uma universidade sem estar feliz!

Algumas obras e escritos: • O gemido de Jó, o gemido do povo – Paulinas, 1997. • Imago trinitatis: Deus, sabedoria e felicidade – Porto Alegre, Edipucrs, 2003. • A Educação do Homem segundo Platão São Paulo, Paulus, 2004 – 3ª edição. • A Fragilidade da Razão – Porto Alegre, Edipucrs, 2005. • Aventura Pós-Moderna e sua Sombra – São Paulo, Paulus, 2005.

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/especial

É possível uma relação

entre ciência e transcendência?

Em um momento em que as diferenças parecem abismos que separam pessoas, cientistas e religiosos se aproximam por meio dos avanços no campo da neurociência.

O

s embates entre a ciência e a religião têm sido fontes inesgotáveis de discussão há pelo menos 300 anos, quando a fé começou a ser questionada publicamente no período Iluminista. Desde então, muitos cientistas e teólogos divergem em seus pontos de vista, mas está cada vez mais claro que ambos devem andar juntos – e que os avanços científicos não diminuem em nada a dimensão espiritual do homem. Seria pretensioso organizar um seminário que consiga resolver 300 anos de discussão, mas relançar o debate à luz de avanços recentes nas ciências humanas e, especialmente, nas neurociências é o principal objetivo do Simpósio

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Internacional Inovação, Ciência e Transcendência, que vai ocorrer na PUCRS no segundo semestre de 2015. Palestrantes conceituados do Brasil e do exterior participarão com pesquisas que buscam instigar o público. Por que você pode ser um cientista religioso?, e O que a neurociência pode nos ensinar sobre como funciona o cérebro: os fatos e a ética, são duas das questões que serão abordadas durante o seminário. Por que você pode ser um cientista religioso?, e O que a neurociência pode nos ensinar sobre como funciona o cérebro: os fatos e a ética, são duas das questões que serão abordadas durante o seminário.


O papel da Universidade A PUCRS é nacional e internacionalmente conhecida pela excelência de seus pesquisadores, possuindo, entre outros, um Parque Tecnológico que produz conhecimentos relevantes e inovação. “Mas se ela não desenvolver, junto a isso, uma competência para lidar com o ser humano, vai se tornar apenas uma engrenagem de um quadro mais geral. A Universidade quer contribuir para o avanço das ciências, mas quer, sobretudo, incluir o ser humano nisso, e como tal, um ser aberto à transcendência”, expõe o doutor em Teologia, professor e um dos organizadores do seminário, Erico Hammes. Para ele, a abertura à transcendência é o que possibilita, em última instância, que

o ser se veja na sua própria qualidade de ser, “na medida em que percebe que não é a última razão de tudo, mas uma razão relacionada a uma realidade maior que ele”, observa Hammes. Preocupado com a sociedade atual em que tudo é descartável, inclusive as pessoas, ele salienta que é importante o questionamento do aspecto espiritual, no diálogo entre o que é correto ou não, inclusive no que tange às pesquisas realizadas dentro da própria Universidade. “Temos uma Universidade excelente, que faz todo tipo de pesquisa, mas pode incorrer no equívoco de não se questionar sobre a sua responsabilidade enquanto Instituição católica em fazer tais pesquisas”, sustenta o professor Erico Hammes.

Erico Hammes

A era do ateísmo científico André Palmini, chefe do serviço de Neurologia do Hospital São Lucas da PUCRS, complementa que este é um momento especialmente adequado para falar sobre a dimensão espiritual nas ciências, pois tem havido uma confusão entre avanços científicos e um certo descaso com a dimensão transcendental do ser humano. “Como se fosse preciso que, para a ciência evoluir, o aspecto espiritual tenha que recuar. O seminário quer mostrar que não precisa ser assim. A ciência não necessariamente exclui a dimensão religiosa”, enfatiza. Para ele, a popularização do que se denomina “ateísmo com bases científicas” é um fenômeno que cresceu nos últimos anos com a chegada ao mercado editorial de livros como Deus, um delírio, de Richard Dawkins e Quebrando o encanto, de Daniel Dennett. Esses livros tentam provar, cientificamente, que a religião teria se tornado um dos principais males do mundo e que Deus não passa de uma invenção criada pelos homens.

“Como se fosse preciso que, para a ciência evoluir, o aspecto espiritual tenha que recuar. O seminário quer mostrar que não precisa ser assim. A ciência não necessariamente exclui a dimensão religiosa”

André Palmini

ANDRÉ PALMINI

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/especial

Palmini em palestra sobre neurociência no Projeto Fé e Cultura

A neurociência e a transcendência Entre o viés da ciência e da transcendência, existe um terceiro vértice em que entra a neurociência. Nos últimos anos, têm sido realizados estudos de imagem cerebral durante práticas religiosas. Equipamentos de neuroimagem têm conseguido mapear zonas do cérebro que são acionadas durante a oração ou a meditação profunda. “Por meio dessas imagens, tem-se chegado ao entendimento de que rezar, meditar ou fazer caridade mexem com o cérebro e ativam áreas que fazem a pessoa se sentir bem”, relata Palmini. É exatamente sobre isso que abordará a palestra do neurologista, que também é um dos organizadores do Simpósio Internacional Inovação, Ciência e Transcendência. Com o título Neurociência das crenças e valores sociais, André Palmini pretende trazer estudos neurocientíficos relacionados à noção de crença, mostrando quais circuitos se ativam no cérebro quando se acredita ou não em algo. Ele também vai abordar a relação entre comportamento moral e felicidade. Muitos desses circuitos que se ativam no 16

cérebro enquanto se tem uma experiência com o transcendente estão relacionados com a fé. Diz o ditado popular que a fé cura, mas será que é bem assim? “A fé ativa no cérebro áreas que provocam tranquilidade e bem-estar. Se o teu cérebro está funcionando de maneira mais tranquila, o teu sistema imunológico age de maneira mais eficaz e ajuda a te proteger contra doenças”, explica o neurocientista Palmini. Ou seja, a fé sozinha não é responsável pela cura, mas ela provoca tal sensação de paz que ajuda o organismo a se defender mais rápido contra alguma doença que esteja presente, ou mesmo prevenir que algum problema se desenvolva. “Logo, tudo o que tu fizeres, seja orar, ser caridoso ou ajudar alguém, tudo o que faça com que o teu organismo funcione de forma mais pacífica, é positivo”, observa Palmini. E ele ressalta que o inverso também é verdadeiro, já que existem muitos estudos indicando que o estresse, e uma vida de conflitos e outras interações sociais negativas são fatores desencadeantes de risco, por exemplo, para a doença de Alzheimer.


Dois paralelos Um médico que esteja diante de um paciente praticante de alguma religião e que tenha uma melhora surpreendente, contrariando as evidências clínicas, pode interpretar essa cura de duas formas: ou como um milagre, associado, portanto, ao lado transcendente desse paciente; ou simplesmente como o resultado de uma intervenção médica. Este ou é o que tem levado as pessoas a discutirem há muito tempo. “O objetivo deste simpósio é justamente mostrar que tu não precisas brigar para escolher qual dos dois lados tu tens que olhar. Tu podes olhar para os dois, porque a grande verdade é que essa questão não vai ser solucionada. Deus existe pra quem acredita que Ele exista”, acredita o neurocientista. Palmini costuma citar um autor com o qual se identifica: Stephen Gould. Biólogo norteamericano muito respeitado, ele criou um termo que ficou mundialmente conhecido: Non-overlapping magisteria (NOMA). O termo significa que religião e ciência não devem se sobrepor um ao outro, porque estão em dois planos distintos. “Para Gould, ciência e religião deveriam conviver pacificamente em uma posição respeitável de não interferência. A ciência define o mundo natural; a religião, o mundo moral. Nós deveríamos estar aptos a reconhecer suas diferentes esferas de influência”, afirma. O professor Erico Hammes ilustra essa ideia como o do mesmo sujeito que de segunda a sexta-feira é um cientista e trabalha com seu jaleco dentro do laboratório, e que de sexta a domingo deixa o jaleco na cadeira e coloca a roupa com que vai ser ministro da liturgia. É exatamente a mesma pessoa, capaz de separar os dois campos em que atua e conviver pacificamente com ambos. Kenneth Muller, um dos cientistas internacionais do seminário, fará uma palestra intitulada É possível ser um cientista religioso? “Ele diz que, enquanto cientistas, somos também seres humanos, e como tais há um espaço para o transcendente”, afirma Hammes.

“Quando a ciência quer se bastar por si mesma. Ela sozinha não chega à transcendência, e isso não é claro para as pessoas. A ciência não prova a transcendência por si mesma. Assim como a transcendência não produz a ciência, ela passa pelo homem, e o ser humano é que é um ser ao mesmo tempo transcendente e científico. Então a questão que se coloca é: como nós, enquanto seres humanos, vamos traduzir a nossa espiritualidade dentro de uma nova visão de mundo científica, tecnológica e inovadora?” ERICO HAMMES

Tanto a religião quanto a ciência são produtos humanos, sugere Erico Hammes, portanto, um Deus que se revela e que se comunica, sempre o faz na forma humana. Isso significa que a maneira como vivenciamos a fé é uma forma humana “inspirada”. A ciência é também um produto humano. Então, onde há o conflito? “Quando a ciência quer se bastar por si mesma. Ela sozinha não chega à transcendência, e isso não é claro para as pessoas. A ciência não prova a transcendência por si mesma, assim como a transcendência não produz a ciência, ela passa pelo homem. O ser humano é que é um ser ao mesmo tempo transcendente e científico. Então a questão que se coloca é: como nós, enquanto seres humanos, vamos traduzir a nossa espiritualidade dentro de uma nova visão de mundo científica, tecnológica e inovadora?” 17 próxima>


/solidariedade_

Espacos que que acolhem acolhem Espacos CONSTROEM SONHOS SONHOS EE CONSTROEM

Historicamente, a atuação Marista na Educação e na Assistência Social é marca da Instituição onde quer que esteja presente. Nesta matéria, vamos mostrar esse legado em duas Unidades Sociais: o Cesmar e o Centro Social Marista Irmão Antônio Bortolini. São dois dos muitos exemplos de inserção marista em regiões de vulnerabilidade social.

Q

uando os portões se abrem, os olhos se confundem. O lago na entrada, o chão de terra batida, patos, galinhas, gansos, coelhos, e até um pavão, dão a ideia de que não estamos em uma grande metrópole. No bairro Mario Quintana, afastado apenas 20 quilômetros do Centro da Capital, o Centro Social Marista Cesmar de Porto Alegre parece um lugar calmo e tranquilo. Mas basta uma pausa entre as muitas atividades para que o pátio bucólico, que chega a lembrar uma fazenda, seja tomado por centenas de crianças, adolescentes e jovens entre 7 e 18 anos. Com o símbolo marista estampado no peito, eles percorrem a extensa área para 18

ir de um prédio a outro, onde ocorrem as atividades educativas e de recreação. O espaço acolhe três unidades Maristas: o Colégio Marista Irmão Jaime Biazus, que atende gratuitamente a cerca de 320 jovens no Ensino Médio; o Polo Marista de Formação Tecnológica, que recebe outros 300 adolescentes e desenvolve diversas parcerias com empresas para a área da tecnologia; e o Centro Social Marista de Porto Alegre, que abrange oficinas educativas, que são desenvolvidas no turno inverso ao da escola para outros 600 jovens e crianças. Ou seja, por dia, todo o complexo recebe em torno de 1200 pessoas e contribui com a formação pessoal e profissional de cada uma.


O lugar certo As salas de aula do Colégio Marista Irmão Jaime Biazus são bem equipadas e com um projeto pedagógico que procura atender as demandas de jovens que ali estudam. No Polo Marista de Formação Tecnológica existe uma farta oferta de programas, entre eles o Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC), o Jovem Aprendiz, com aulas que ensinam a ser um programador de software, e uma rádio interna para quem é voltado à comunicação. Alunos especiais, com alguma necessidade, intelectual ou física, também recebem conteúdo diversificado. E o terceiro setor do Cesmar é o socioeducativo: uma celebração à cultura por meio de diversas oficinas como de música, artes cênicas, dança, capoeira e grafitagem. Em meio à comunidade, que possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) de Porto Alegre, a unidade é como um sopro de vento que empurra para o alto os sonhos dos pequenos. “Aqui é o lugar certo pra gurizada não ir pro caminho errado”. Assim define Nederson Menezes Cardoso, 21 anos, sobre o lugar que o acolheu quando ainda era criança e o transformou em um dos vários educadores que hoje lá estão. Aos 7 anos começou a frequentar o Cesmar. Passou pelas oficinas de capoeira e futebol, fez um curso de educação ambiental e de auxiliar técnico em manutenção de computadores, passou pelas aulas de robótica, trabalhou como auxiliar administrativo e voltou à unidade há dois anos para partilhar com os outros o que aprendeu durante todo esse período. “O Cesmar mudou minha vida. Tive educadores que me deram um bom exemplo, e eu me espelho neles para também ser um exemplo para a garotada que está aqui”. Nederson é apenas um dos vários educadores que um dia foi educando. Muitos recebem uma formação tão intensa que querem contribuir ajudando, assim como foram ajudados. As oficinas e os momentos de integração são também uma forma de se descobrir

Jovens que participam do CESMAR

Foto aérea da área onde

“Champagnat seria um sorridente aqui dentro.”

fica o CESMAR.

IR. ODILMAR FACHI talentos que até então estavam adormecidos. Wesley Christian Garcia participa das atividades do Cesmar há apenas um ano, mas a aproximação com as artes cênicas foi tão grande que ele pretende ser ator. Antes, o menino de 15 anos só ficava na rua, “sem fazer nada”, como ele mesmo diz. “Hoje, o Cesmar é tudo pra mim. Aprendi muito, e pretendo aprender ainda muito mais. Aqui tive uma visão mais ampla do que quero para o meu futuro, e decidi seguir as artes cênicas como carreira”. Pamela Manjoli, de 12 anos, é uma frequentadora assídua do Cesmar. E ela não vai sozinha, leva junto mais cinco pessoas 19 próxima>


/solidariedade_

Ir. Miguel junto com jovens do CSM Ir. Bortolini

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da família! Como o amigo Wesley, antes ficava em casa dormindo, sem aproveitar o tempo livre. “Agora eu venho no Cesmar fazer o que gosto. Participo das aulas de teatro, artes marciais e dança gaúcha”. Existem muitos depoimentos como esses. Cada rosto esconde uma história pessoal, mas dentro dessa atmosfera de conhecimento e partilha, eles podem deixar de lado as limitações da vida e sonhar alto. Muito alto. “A gente quer que se crie um ambiente de valores, de convivência e de motivação diferente do que o mundo oferece. A forma como nós trabalhamos com os educadores faz com que se dê um resultado na sociedade por meio deles”, afirma o Irmão Odilmar Fachi, diretor do Cesmar. Há três anos atuando na unidade, Irmão Fachi conhece as crianças pelo nome e fala com orgulho de cada lugar por onde passa. Tudo tem uma história, tem um motivo. “Você tem que fazer uma matéria só sobre o Polo, o que eles fazem aqui é incrível! Essa gurizada aqui, ó, rende outra matéria só com eles”, dizia, chamando atenção

para as muitas pautas que poderiam ser feitas ali. Caminhando pelo espaço, percebese a estátua de São Marcelino Champagnat, bem em frente ao lago, com os braços abertos e crianças em volta acolhendo a todos que chegam ao local. Caso restasse alguma dúvida de que o Cesmar é um dos exemplos concretos dos ensinamentos do fundador da obra marista, o Ir. Fachi responde sem hesitar “Champagnat seria um sorridente aqui dentro.”.

Um passo de cada vez Bem ao lado da rodoviária, entre avenidas importantes de Porto Alegre, uma casa com os portões coloridos poderia até passar despercebida, se não fosse o belo trabalhado desenvolvido ali dentro. No meio de uma zona de muita pobreza, onde há graves problemas sociais, está instalado o Centro Social Marista Irmão Antônio Bortolini. A unidade, como muitas outras em todo o mundo, abriu suas


portas no meio de uma comunidade muito carente para ajudar a transformar o entorno com ações simples, mas eficientes. Desde que o Ir. Miguel Orlandi assumiu a direção da Unidade Social, em 2010, várias pequenas batalhas foram ganhas. Primeiro, teve que enfrentar a rispidez dos pequenos. Pontapés, socos e gritos eram o habitual. Só depois de muita paciência, disciplina e carinho é que as atitudes foram mudando. Mas o esforço deu resultado. “Nossa tarefa é a de mostrar que é possível ser diferente. Para nós, as pequenas coisas são coisas grandes”, afirma Ir. Miguel. No Centro Social Marista Irmão Antônio Bortolini, os educandos participam, além de atividades voltadas para a aprendizagem, reforço escolar no turno inverso ao da escola, de oficinas recreativas. E são muitas: capoeira, teatro, percussão, música, entre outras. Além de atividades pontuais, com voluntários que ensinam artes marciais, cortam os cabelos e dão aulas de idiomas aos 120 alunos. Também, tem grupo de jovens e turmas fazendo a Primeira Comunhão e Crisma. Apesar de o foco ser a criança e o adolescente, a proposta é trabalhar fortemente os vínculos com a comunidade. Quando notaram, por exemplo, que o problema do lixo era preocupante, foram atrás de parcerias para ensinar a população do bairro a reciclar. Não só conseguiram quem ensinasse, como formaram o primeiro curso para recicladores do Brasil! Construíram um galpão e, ali dentro, trabalham cerca de 40 pessoas que tiram seu sustento da reciclagem do lixo. Dessa iniciativa criaram a Rede de Sustentabilidade e Desenvolvimento que discute todos os problemas da comunidade. “O jovem recebe uma formação aqui, mas a gente está

preocupado em fazer com que essa formação cause impacto na casa deles”, sustenta o Ir. Miguel. Na vida de Maurício Silveira dos Santos, 24 anos, educador do Centro Social Marista Irmão Antônio Bortolini, o impacto foi sentido. Há cinco anos ele alia duas paixões: o ato de educar e o de tocar percussão. Quando criança, foi atendido por um Centro Social Marista, onde teve o contato pela primeira vez com os instrumentos que mudariam para sempre o seu futuro. “O esporte e a cultura nos abrem horizontes, nos dão um rumo e nos fazem aprender a distinguir o certo do errado. O Centro dá um contraponto ao que vemos no mundo. Se eu não o tivesse conhecido, talvez eu não estaria no caminho certo”, comenta Maurício. Hoje, o percussionista sente alegria e orgulho em poder retribuir o que aprendeu. “Eu me esforço para que a música atinja a eles como atingiu a minha formação humana. Se eu não tivesse conhecido o Centro, não sei se seria tão feliz quanto o sou hoje”. Como se vê, nas Unidades Sociais Maristas novas histórias são escritas todos os dias.

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/primeira pessoa

MISSÃO:

LEVAR SORRISOS A QUEM PRECISA Os caminhos profissionais e a verdadeira vocação às vezes não se encontram tão cedo na vida. Muitas pessoas entram em um curso superior acreditando que vão exercer a profissão pelo resto de suas vidas, mas se dão conta, durante a graduação ou mesmo depois de formadas, que a sua vocação é outra. Mauricio sentiu que a sua missão estava além da formação em Direito. E foi atrás. O resultado você pode conferir no depoimento:

M

e formei em 2002 em Direito, mas nunca exerci a profissão. Me tornei empresário no ramo de escola de idiomas. Uma vez por semana era contador de histórias, de forma voluntária, no hospital da criança Santo Antônio. Um dia, em 2006, enquanto eu lia uma história, um paciente me perguntou: ‘Doutorzinho, você pode brincar comigo?’. A partir daí criei a ONG Doutorzinhos. Em 2012 a formalizei com estatuto e projeto aprovado no ministério da Cultura. Mas esse já era um projeto antigo. Em 1998, após eu assistir ao filme Patch Adams - O amor é contagioso, pensei que queria fazer aquilo para o resto da vida. O que fazemos chamamos de jogos de palhaços. Brincadeiras, músicas: fingimos que somos médicos para pacientes que fingem que acreditam. As crianças são o nosso público principal, porém, no caso do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), por exemplo, trabalhamos com muitos adultos. Quando atuamos com crianças, elas estão sempre acompanhadas de um adulto. Então podemos dizer que trabalhamos com bebês, adolescentes, adultos e idosos. 22

Começamos no HSL em 2012 e hoje temos 11 doutorzinhos voluntários lá. O nosso objetivo é o de levar sensibilidade, amor e alegria a todos. Para fazer parte do nosso time é preciso ter consciência que existe um trabalho a ser feito, compromisso com a missão da ONG e sensibilidade com amor para levar ao hospital. Voluntariado não é um ato de caridade, mas sim um ato de solidariedade. Acredito que a maior importância em trabalho voluntário seja a de ser solidário com quem precisa. Todos podemos aprender muito com o voluntariado: amor, compaixão, respeito, atenção, carinho, desejo por um mundo melhor e mais humano. Nesse processo de busca por mais voluntários, a Avesol (Asssociação do Voluntariado e da Solidariedade) é nossa parceira fundamental. Esta parceria representa a união de pessoas que buscam alternativas para um mundo melhor.” MAURICIO BAGAROLLO 38 anos, diplomado em Direito pela PUCRS Fundador da ONG Doutorzinhos

www.avesol.org.br


/bicentenário_

De 1817 a 2017:

dois séculos de missão marista no mundo

A

atuação marista no mundo vai completar 200 anos em 2 de janeiro de 2017, e nos mostra que a persistência de uma pessoa pode alcançar resultados extraordinários. O que iniciou a partir do sonho de São Marcelino Champagnat e foi compartilhado com um grupo de pessoas, hoje conta com mais de 3,5 mil Irmãos, espalhados em mais de 80 países dos cinco continentes, que partilham sua missão de maneira direta com mais de 72 mil Leigos e atendem em torno de 654 mil crianças, jovens e adultos. (Dados: www.champagnat.org.br) Mas é claro que um caminho tão longo não pode ter sido escrito só com alegrias. Muitos obstáculos foram ultrapassados para se chegar até aqui. E muitos outros serão necessários ultrapassar para perpetuar a missão marista. Evangelizar crianças e jovens por meio da educação permanece sendo a missão principal do Instituto Marista, mas ela deve ser constantemente reinventada para se manter viva. Neste momento de celebração, o convite que se faz é o de projetar um novo começo. “Novas circunstâncias históricas, sociais ou mesmo internas nos obrigaram a ser criativos e nos questionar sobre como devemos responder às novas necessidades. Tem sido muitos recomeços até agora e neste início do século XXI somos convidados a mais um”, diz o Irmão Emili Turú, SuperiorGeral do Instituto Marista. Para celebrar o caminho rumo ao bicentenário, foram definidos três ícones que devem guiar a trajetória marista nos próximos três anos: Montagne, Fourvière e La Valla. Cada um deles tem um significado e propõe uma reflexão. O ano Montagne vai de outubro de 2014 a julho de 2015 e relembra o encontro de Marcelino Champagnat com o jovem

João Batista Montagne, quando ele foi profundamente tocado pela situação de abandono social e religioso que o mesmo se encontrava e sentiu que sua missão deveria iniciar logo. “Inspirados por nosso fundador, que caminhou durante várias horas para atender ao jovem Montagne, também nós nos sentimos chamados a caminhar em direção aos jovens Montagne de hoje, onde quer que eles se encontrem. É um lembrete da importância e da urgência da nossa missão, tão atual hoje como no tempo de Champagnat”, explica o Ir. Emili. O ano Fourvière vai de julho de 2015 a julho de 2016 e se refere ao dia seguinte da ordenação de Champagnat. No Santuário de Fourvière, na França, um grupo de jovens sacerdotes fez a promessa de fundar a Sociedade de Maria. “As origens da Sociedade de Maria nos recordam que religiosos e leigos estão integrados para a missão e chamados a oferecer o rosto mariano da Igreja com a nossa maneira especial de ser e de construir Igreja”. E o terceiro suporte deste tripé vai de agosto de 2016 a agosto de 2017. É o ano La Valla, lugar em que o Instituto Marista nasceu, e que hoje convida a uma reflexão sobre a dimensão mística de nossas vidas. “Viver como Champagnat implica cultivar o silêncio, dar tempo suficiente à oração pessoal e comunitária, colocar-se na escuta da Palavra do Senhor, como Maria da Anunciação. Como ela, que guardava todas as coisas em seu coração, dispomo-nos a ser contemplativos na ação”, conclui o Ir. Emili, em um vídeo que está disponível a toda a comunidade marista para celebrar junto os 200 anos desta importante obra iniciada por São Marcelino Champagnat. Na PUCRS, haverá várias atividades alusivas à comemoração do bicentenário Marista, acompanhe pelo site www.pucrs.br 23 próxima>


Rumo aos 200 anos

de presença marista no mundo

O Ano Fourvière recorda que nosso futuro está nas mãos de todas as pessoas que acreditam e vivem hoje o projeto de Champagnat. A caminho do Bicentenário da atuação marista no mundo, até julho de 2016 celebramos o Ano Fourvière. O ano leva o nome do Santuário de Lyon, na França, onde Champagnat e um grupo de jovens sacerdotes realizaram a promessa de fundar uma associação religiosa em homenagem à Maria, que chamaram de Sociedade de Maria. Champagnat lutou para que essa sociedade contemplasse Irmãos dedicados à educação.

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