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Introdução

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Flora Süssekind

Flora Süssekind

A presente publicação é composta de textos e intervenções artísticas originalmente apresentados no ciclo de estudos Atos de tradução, que aconteceu entre os dias 25 e 29 de outubro de 2021, em formato online, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc (CPF).

Naquele ciclo, propusemos a realização de uma experimentação acerca da noção de tradução que atravessasse algumas áreas do saber — a literatura, a antropologia, a ciência, a psicanálise e a arte. Partimos do exercício realizado pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro quando, ao pensar na função da disciplina antropológica através de uma concepção do ato de traduzir oriunda do universo relacional de alguns povos indígenas brasileiros, propôs um outro entendimento desse termo1. Como consequência, traduzir é explicitar a zona de equivocação existente entre os diferentes universos ontológicos em questão, oferecendo à antropologia a possibilidade de pensar sua tarefa de uma outra maneira.

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Inspirados por esse procedimento, e interessados em seus efeitos epistemológicos e artísticos, o convite feito pelo ciclo aos diferentes pensadores, pensadoras e artistas foi o de um mergulho no modo como a noção de tradução opera (ou poderia operar) em cada uma dessas linguagens e áreas do pensamento. A aposta era que, com isso, a própria noção de tradução pudesse ser também contrainventada por meio das ferramentas internas a cada um desses saberes, em um movimento de mobilização de nossos conceitos e experiências de origem a fim de conseguirmos acessar outras formas do pensamento ou, ainda, outros regimes do que nomeamos como tradução.

Foi no fluxo desse movimento que estruturamos encontros específicos para cada um dos saberes escolhidos, com a intenção de constituir grupos com pessoas e linguagens ativas em cada um deles e, ao

1 VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A antropologia perspectivista e o método da equivocação controlada. Tradução de Marcelo Giacomazzi Camargo e Rodrigo Amaro. Aceno,

Revista de Antropologia do Centro-Oeste, v. 5, n. 10, p. 247-264, 2018.

mesmo tempo, heterogêneas entre si. Nesse ambiente, o ciclo se deu como um lugar onde experiências do pensamento, discussões e práticas acerca dessa problemática que se coloca como potência no debate contemporâneo — a tradução, entendida a partir do movimento de seus sentidos — pudessem acontecer.

O que se tem aqui, portanto, é o conjunto das falas proferidas naquela ocasião em suas respectivas versões escritas, o que justifica a grande diferença de formas, extensões e abordagens entre elas. Para os artistas, propusemos que pensassem traduções para a versão publicada daquilo que exibiram no ciclo. Em particular, na seção Antropologia como tradução, pudemos incorporar nesta publicação a tradução para o português do texto que a antropóloga Marisol de la Cadena trabalharia em sua intervenção no ciclo, a qual não pôde acontecer devido ao tornado que atingiu a região onde mora.

Agradecemos imensamente a todos os participantes e ao Sesc-SP, através do CPF, pela oportunidade de tornar este debate possível.

Bruno Siniscalchi e Maria Borba

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