hist贸rias contadas
Celebrando a Vida e Aprendendo com o C芒ncer
Centron - Centro de Tratamento Oncológico Ltda. IDEIA: Felipe Behar Wasserman INCENTIVADORES: Alberto Wasserman Daniel Tabak ORGANIZADO POR: Bete Wasserman Claudia Waymberg Karen Athié Michel Malta Monica Rodrigues Sandra Falcão Simone Correa REVISOR: Alexandre Mello DESIGN GRÁFICO: Maria Eduarda Carneiro da Cunha e Bruno Ayres maria.eduarda.cdacunha@gmail.com Este livro não pode ser reproduzido, total ou parcialmente por qualquer meio sem autorização prévia do Centron - Centro de Tratamento Oncológico Ltda
Agradecimentos Aos pacientes e familiares, pela coragem e confiança em compartilhar suas experiências.
1
Gloria Perez
21 Barbara Magalhães
2
José Otavio Sampaio
22 Ana Caroline Fossoux
3
Suzanna Brito M. de Oliveira Abreu
23 Marília Cantisano
4
Rachel Martins Jordan
24 Gisela Café
5
Conceição Carneiro
25 Eliana Wrobel
6
Maria Regina Messias Gonçalves Silva
26 Sami Zajdenweber
7
Fernanda Latini Alonso
8
Rosana Oakim Jaimovich
9
Katia Maria Rodrigues de Albuquerque
10 Flávia Maria Dias da Silva Ferreira 11 Ilana Ryfer 12 Luppe Gigliotty 13 Annelisie Aiex Correa 14 Antonio Albino Alves 15 Lea Maria de Oliveira Castro Lemgruber
27 Fernanda Laidens 28 Antonio Muiño 29 Victor Ghazi 30 Jorge Hausen 31 Diego Rosas Marcondes 32 Naraiana Petrucci Braga 33 Manoel Esteves 34 Moisés Ninio 35 Maria José da Silva Ferreira
16 Felippe Garschagen
36 Leticia de Castro Maia
17 Nicole Gerbauld
37 Maria Ismenia Fernandes Ferraço
18 Carmen Brollo
38 Humberto Mandaro
19 Alpha Alcantara
39 Adriana Tofani
20 Carlos Roberto Andrade Guerra
40 Aurélio Wander Bastos
41 Cristina Lemos Lucidi 42 Orlindo José de Carvalho 43 Eliana Azeredo Augusto da Silva 44 Walter de Freitas e Silva 45 Giselaine Suares Linhares 46 Ézio da Rocha Araújo 47 Gaby Atherton 48 Soraia B. Ferme 49 Lino Romano 50 Francis Farias Velloso 51 Geni Sihman 52 Marcia Oliveira dos Santos Galvão 53 Luigina Martino 54 Katia Pimenta Jose 55 Maria Elisa Casaes Mendes Pimentel 56 Teresa Nunes Ferreira 57 Claudia Ryfer
Nota A concretização desse livro é resultado de um trabalho feito por muitas mãos e corações.
58 Lucia Zarur
Os autores deste livro são pessoas que têm ou tiveram
59 Felicia Beatriz de C. Sampaio
em sua vida alguma experiência com o câncer e que decidiram doar voluntariamente alguns de seus pensamentos.
Aprendendo com o Câncer e Celebrando a
Vida?! Um
introdução
paradoxo
, afirmariam os incautos.
De fato, o câncer, apesar dos avanços terapêuticos noticiados diariamente pela comunidade científica, ainda representa um dos diagnósticos médicos mais temidos. Na verdade, “aquela doença” como o câncer costumava ser denominado, representa o estereótipo de uma má notícia - um fato que parece sempre comprometer a nossa visão de futuro. Ao receber o diagnóstico, nossos pacientes precisam lidar com um volume gigantesco de informações complexas e tomar decisões difíceis que irão modificar a sua rotina diária. Precisam ainda enfrentar um adversário poderoso em um ambiente repleto de emoções caóticas:
medo, frustração, depressão e impotência. Um em cada 3 indivíduos enfrentará este inimigo ao longo de suas vidas. Portanto, é muito provável que cada um de nós viva esta
experiência - seja através de nossos familiares, de amigos próximos
vários aspectos em comum, apesar das circunstâncias tão diver-
ou distantes ou ao realizar o nosso próprio exame rotineiro anual.
sas para cada indivíduo. Ele descreve a sobrevivência em vários
Desta forma, somos todos S O B R E V I V E N T E S de câncer!
estágios. Mas não os descreve no sentido clínico formal e os
O termo “sobrevivente de câncer” deve ser aplicado a todos os
define como as “Estações da Sobrevivência.”
pacientes diagnosticados com câncer, desde o momento do
A primeira estação, segundo Mullan, começa com o diagnósti-
diagnóstico e por toda a sua vida. Ele também se adequa aos
co. Mullan a denomina a Sobrevivência Aguda. Nesta etapa, as me-
membros da família, amigos e cuidadores, pois como veremos
didas terapêuticas são introduzidas para interromper a progressão
em vários relatos deste livro, eles também são parte daquela ex-
da doença. Medo e ansiedade são os elementos predominantes,
periência. A palavra “sobrevivente” traz uma conotação incerta
pois é fácil identificar a gravidade e o potencial transformador do
para muitos indivíduos. Talvez por estar frequentemente asso-
câncer. Ele descreve ainda o estado de mal estar mental que cons-
ciada ao Holocausto ou a vítimas de um crime violento.
titui por vezes um fator ainda mais punitivo que a própria pre-
sença biológica da patologia. A dor é um elemento frequente e as-
Eu acredito, entretanto, que a palavra sobrevivente nos ajuda a
sociada habitualmente ao quadro clínico e ao tratamento. Mullan
pensar em como abraçar as nossas vidas além da doença.
relata que este é o momento no qual pacientes são convocados a enfrentar a sua própria mortalidade. Lidar com as intervenções
O Dr. Fitzhugh Mullan, médico e sobrevivente de câncer, escreveu
cirúrgicas, quimioterapia e radioterapia consome grande parte
um artigo primoroso publicado em 1985 no New England Journal
das energias neste período. O apoio da família e da comunidade
of Medicine, e afirmou: “O desafio em vencer o câncer consiste
constitui um bálsamo poderoso para aplacar a dura realidade que
não apenas em identificar tratamentos que previnam ou elimi-
está sendo enfrentada. Mullan ressalta com propriedade as ne-
nem o mal rapidamente, mas também em mapear a trajetória da
cessidades dos familiares, estes “pacientes secundários” cujas
sobrevivência e minimizar as suas dificuldades médicas e sociais.”
carências podem assumir diversas formas e que também são,
O Dr. Mullan menciona ainda que pacientes diagnosticados com
frequentemente, negligenciadas pela equipe médica na ânsia de
câncer, sejam aqueles recentemente diagnosticados ou aqueles
demonstração de simpatia pelo novo paciente.
que não apresentam sinais de atividade da doença, apresentam
A segunda estação é denominada pelo médico-sobrevivente de
Sobrevivência Estendida. Quando o paciente entra em remissão
ção ocorre em diversos padrões e tonalidades seja no trabalho ou
ou termina o curso inicial de tratamento e inicia um período de
nas relações pessoais.
observação com exames periódicos ou de tratamentos intermié dominado pelo terror psicológico - o medo de uma recidiva. Pre-
O câncer também tem um impacto dramático em nossas vidas como oncologistas. Precisamos nos man-
valecem ainda limitações físicas determinadas pelo tratamento e
ter atualizados para oferecer aos nossos pacientes o melhor do
a imagem alterada do corpo. O retorno ao trabalho requer ainda
tratamento especializado, ajustado continuamente aos avanços
mais força, paciência e senso de humor. Mullan ressalta muito bem
terapêuticos. Oncologistas precisam também responder às
tentes, a fase aguda é considerada encerrada. O período seguinte
que neste período, ao contrário da fase aguda quando os elementos eram mais uniformes e previsíveis, as experiências individuais são bem mais diversas e as respostas variam desde o isolamento e depressão a distúrbios menores de ansiedade. Nesta fase, mais afastados dos seus médicos e enfermeiras, pacientes e familiares precisam lidar com o chamado “mundo saudável.” A importância dos grupos de apoio já em 1985 era valorizada como essencial para garantir a reentrada dos pacientes no seu universo psicosocial. A última estação foi definida como a Sobrevivência Permanente. Embora reconhecida frequentemente como cura, esta estação mantém uma grande proximidade com as estações que a precederam. O paciente é de fato um sobrevivente, e como Mullan enfatiza, um paciente que ultrapassa o tratamento de câncer deixa a arena marcado de uma forma indelével. Pacientes precisam enfrentar problemas no seu emprego ou na sua comunidade. A discrimina-
necessidades pessoais e humanas de seus pacientes. Como oferecer tratamentos que parecem ser mais danosos que a própria doença? Como trazer de forma honesta, porém sem perder a compaixão, a notícia de que o curso do tratamento não está fluindo da forma esperada? Como falar sobre morte e perdas quando fomos treinados para realizar o milagre da cura? Como discutir os efeitos tardios e como lidar com as nossas próprias emoções? Jerome Groopman, em seu livro a “A Anatomia da Esperança”, aborda estas questões de uma forma clara e contundente. Oncologistas são fascinados pelo poder da vontade de viver. E o que permite que pessoas comuns consigam vencer obstáculos aparentemente intransponíveis?
A resposta pode ser resumida em uma palavra cuja definição é
O câncer é um lembrete em nossas vidas que não somos imor-
frequentemente confundida com otimismo.
tais. Muitos sobreviventes respondem a esta convocação de uma
esperança
forma criativa, uma lembrança de como a vida é preciosa. Apesar
Groopman descreve que ao encontrar um novo paciente, escutar
eles amam, como eles encontraram forças para vencer o medo
a sua história, realizar o exame físico, revisar os exames laborato-
e a coragem para superar as decepções.
riais e estudar as radiografias, ele está realizando algo mais que
Este livro contêm relatos reais de pessoas corajosas.
reunir informações clínicas relevantes para traçar o programa de
Através da sua leitura, poderemos aprender com elas.
das agruras do tratamento, muitos pacientes descrevem como agora eles apreciam o desabrochar de cada novo dia. Muitos relatam como aprenderam a cuidar melhor de si e de todos que
tratamento. Ele está procurando pela esperança. “Esperança, tão vital quanto o oxigênio que respiramos.” Esta também é a minha opinião. No seu livro, Groopman estabelece com clareza a distinção entre a esperança e o otimismo cego. Ele descreve a esperança como uma emoção energizante, reconfortante que nos envolve quando projetamos a nossa mente para um futuro positivo. Mas a esperança também contém um
E, como elas, celebrar a
vida
.
Dr. Daniel Tabak
elemento cognitivo que surge ao processarmos as informações relevantes para aquele evento futuro desejado. É da união destes dois elementos- emoção e razão - que surge este componente poderoso que nos impulsiona na direção das nossas conquistas. Assim como Groopman, eu vejo a esperança no verdadeiro coração do cuidar: ela pode ajudar alguns pacientes a viver por mais tempo e certamente ela permite que todos os pacientes vivam melhor.
Bibliografia 1.Mullan F Seasons of survival: reflections of a physician with cancer. N Engl J Med. 1985;313:270-3. 2.Groopman,J The anatomy of Hope: How People Prevail in the Face of illness The Random House Publishing Group, 2004 3.Loprinzi, CL Art of Oncology:Honest and Compassionate Responses to the Daily Struggles of People Living With Cancer, Volume 1, Kindle Edition,2010
Todo livro tem uma história. Esse também tem. Ele reune depoimentos e algumas imagens de pessoas que tiveram proximidade com um diagnóstico: o câncer. Sua organização foi pensada
profissionais, pacientes, familiares e amigos em reuniões
e construída com a presença de
que aconteceram durante quatro semanas na Biblioteca do CENTRON. A produção escrita, a ser compartilhada aqui, é re-
prefácios
sultado de um processo voluntário vivido por todos como um aprendizado. A idéia foi se concretizando na medida em que os relatos iam engrossando essas páginas e que íamos percebendo a importância de dividir os SIGNIFICADOS dessas experiências
Falamos de amor, amizade, medo, raiva, dúvida, cuidado, esperança e em tempos diferentes.
em grupo.
Percebemos nesse caminho que solidariedade e a possibilidade de compartilhar tais sentimentos alivia e motiva a todos. O que vocês verão aqui são histórias sem começo e nem fim, com
paisagem semelhante, mas cada uma única.
Karen Athié
Histórias familiares me levaram a conhecer precocemente o
A cada página mergulharemos na história de alguém. Apesar
significado da palavra câncer
de não ter sido a intenção inicial do livro, os depoimentos têm
e o sofrimento que
esta doença trazia consigo. Por outro lado, descobri também que era possível enfrentá-la com dignidade, coragem, perseverança e esperança. Hoje, como psicóloga do Centron, lido quase que diariamente com o sofrimento, com os medos, angústias, ansiedades, estresses, mas também com muitas alegrias. Todos os dias aprendo uma lição. São
lições de vida, de valores, de paciência, de tolerância, de aceitação, de fé, de confiança,
que deixam marca na minha trajetória de vida. Os ensinamentos que aprendo a cada dia ajudam a preencher as páginas do meu livro da vida. A riqueza de acompanhar a singularidade com que
a importância de quebrar paradigmas. São
relatos corajosos
de pessoas que se dispuseram a contar e repensar suas experiências pessoais sob vários ângulos diferentes, quebrando o tabu de que o assunto não deve ser falado. Cada depoimento é um convite para aproveitarmos ao máximo o que a vida tem de melhor e, ao mesmo tempo, um ensinamento de como enfrentar os obstáculos que a vida nos impõe. Este livro não tem o propósito de ensinar ninguém a viver, mas oferece diferentes
maneiras de olhar o mundo.
cada paciente e cada família enfrentam sua jornada fazem com
Um agradecimento especial a cada um que nos confiou a divul-
que eu me sinta uma privilegiada.
gação de sua história, ao mesmo tempo deixando sua marca em nossas vidas.
Quando nós da equipe Centron pensamos em fazer um livro com depoimentos, logo percebi que seria uma forma de compartilhar esse privilégio. Este livro nasceu com a intenção de ser um presente de nós para nós mesmos. Nos presentearmos com um registro concreto de nossas experiências.
Claudia Waymberg Goldman
hist贸rias contadas Celebrando a Vida e Aprendendo com o C芒ncer
1
Estava no meio de uma novela que escrevia
me permitia olhar minha vida como um
sozinha, tendo de produzir 32 páginas por
todo acabado, como se já estivesse do lado
dia, quando veio o diagnóstico: linfoma não
de fora, e perceber lacunas que o atropelo
-Hodkin na tireóide.
do cotidiano camuflava.
Eu nem sabia o que era linfoma. E sendo
Nesse estado de espírito entrei para consulta.
muito saudável, as doenças não faziam parte
E veio o segundo susto, quando o Dr Tabak me
das minhas preocupações. Era como se me
deu a porcentagem de possibilidades de cura.
sentisse à salvo. A imagem que fazia de mim
era a de uma árvore forte, como aquelas que me viram crescer - durando muito!
Cura?câncer pode ter cura?
Em minutos aquelas fantasias antigas foram
Foi um susto ouvir que era um câncer. Cresci sabendo que o
demolidas, enquanto ele falava sobre os
câncer era condenaçao certa, evitava-se até pronunciar a palavra,
avanços conquistados na área, e afirmava
como se até a palavra trouxesse malefícios: as pessoas abaixa-
que eu poderia e deveria continuar meu tra-
vam a voz como se murmurassem um segredo atemorizante,
balho: havia uma parte que não estava ao al-
para dizer “aquela doença”. E seguia-se um silêncio consternado.
cance dos remédios, devia ser feita por mim
O medo ficava no ar e era quase palpável.
– essa de manter uma postura positiva, o
Foi assim que cheguei ao consultorio do Dr. Tabak e me postei na
que me daria mais capacidade para suportar
sala de espera: confusa, tentando adivinhar quanto tempo eu te-
os efeitos do tratamento. E é verdade, a ex-
ria e se teria tempo de fazer tudo o que precisava ser feito. Como
pêriencia nos mostra a cada momento que
alguém surpreendido pela ordem de arrumar as malas a toque
manter a esperança, a chama interna acesa,
de caixa, tendo que ir embora sem conseguir deixar a casa em
faz com que a gente consiga suportar o que
súbita tomada de consciência da minha finitude,
se afigura insuportável no terreno das hipó-
ordem. Essa urgência, essa
teses. Então, se uma parte dependia de mim, eu ia fazer essa parte.
Continuei a escrever meus capítulos na cadeira da quimio. Com
os finais das minhas personagens fictícias –mas ninguém pode,
mais esforço, com mais dificuldade, mas consegui, mantendo na
essa não é uma limitação dos que enfrentam ou enfrentaram um
mente a ideia de que aquela droga potente, se trazia tanto cansço,
câncer: faz parte da condição humana.
tanto mal estar, era porque a batalha contra a doença estava sendo travada. Não senti absolutamente nada quando perdi os cabelos, e os cabelos sempre tinham sido minha vaidade maior: cabelos nascem de novo, o fato de terem caído era um sinal benéfico:
a doença estava sendo atacada. Não se podia saber quem ia vencer, mas estava sendo atacada! Preciso dizer que toda essa força de resistência foi uma construção que
não fiz sozinha. Começou com o Dr.
Tabak desfazendo mitos e me incentivando a me sentir capaz de
O que eu sei é que tomar consciência de que tenho prazo de validade - como todo mundo - me aguçou a capacidade de saborear mais a vida, de valorizar cada dia, cada momento, sabendo que ele será único e irrepetível. E o que eu gostaria de dizer aos que estão começando agora, é que apostem na esperança, na sua capacidade de persistir e resistir aos incômodos do tratamento. Se foi possivel para mim, se é possível para tanta gente, há de ser possível para você também!
seguir em frente com meu trabalho. Tive um anjo da guarda muito especial, o José Otavio, que já tinha passado pelo tratamen-
Obrigada , Dr. Daniel Tabak! Obrigada família CENTRON!
to no CENTRON, e que sem nem me conhecer, acolheu meus medos e minhas ansiedades, pondo seu telefone à disposiçao para que ligasse para ele a cada dúvida nova. E no decorrer do tratamento, foi fundamental o fortalecimento dos
dariedade com os
laços de carinho e soli-
outros pacientes e com os profissionais que
nos atendem. Somos uma família. Tudo no CENTRON respira incentivo a que você se fortaleça e persista. Aqui estou eu, um ano depois de terminada a quimio, fazendo o acompanhamento de praxe, de tempos em tempos. Não posso determinar o final da minha história como podia determinar
Gloria Perez
Era fevereiro de
2
008
estava interinamente na Presidência da Willis no Brasil, quando após uma consulta com o Dr. Daniel, a biópsia e alguns exames, seria o meu grande momento profissional, e o Dr. Daniel fez o diagnóstico de Linfoma. Nesta época estava muito envolvido com o meu trabalho, pois não
apoio de meu CEO Global Joe Plumeri que acreditou na minha recuperação, pela minha atitude de otimismo e por não ter desistido e perdido um dia de trabalho durante as 6 quimios, tendo até melhorado minha performance com meu entusiasmo pela vida e dedicação ao direcionamento da cura. O Dr. Daniel, um ser iluminado que parecia naquele momento, segundo minha mãe o São Lucas Evangelista, me deu a noticia que meu tratamento tinha chegado ao Fim. Em resumo, fui efetivado como Presidente em outubro de 2008 e estou monitorando há 3 anos e sempre tentando passar a mensagem que
vida
estava nomeado de forma definitiva, e numa Multinacional, estava passando por uma série de entrevistas dentro da empresa. Naquele momento fui colocado no “corner” da vida, no momento mais importante de minha vida profissional. O Dr. Daniel, muito claro e firme, me afirmou: isto tem cura. E
nada na
a partir daquele momento uma força interior sem precedentes tomou conta de mim, e com apoio de minha familia, principalmente minha mãe Ticiana, que se dedicou inteiramenta a cuidar de mim, e com uma fé inabalável, que tudo era passageiro, me ajudou de forma extraordinária . Em resumo, minha vida não mudou em nada no tratamento. Continuei trabalhando, viajando Rio/São Paulo regularmente, visitando cliente, e o Dr. Daniel ainda forneceu um laudo que fez a minha empresa aguardar meu tratamento. Neste momento tive um grande
é impossível;
basta focar e querer e não desistir jamais, por mais difícil seja a dificuldade. O meu carinho especial por todos os anjos da família Centron que transformou uma adversidade, num momento de reencontro com a Luz.
José Otavio Sampaio
3
Não existe
receita
para viver, tampouco para passar por
nas causas da doença. Não tenha pena de si e tire a culpa da sua vida. Não foi nada que você fez, deixou de fazer, comeu ou deixou de comer.
um tratamento contra um câncer.
Existem uma série de elementos alheios à sua
Mas, quando me pediram para escrever
vontade que podem ter causado a doença
sobre o que passei, pensei logo em dizer
(como foi bom ouvir isso na primeira consulta!).
coisas que me
ajudaram na minha trajetória que, apesar de todos os percalços e do caminho ainda a percorrer (ainda faltam os 5 anos de controle), encaro como vitoriosa. Não quero dar aula de nada, mas, se possível, ajudar. I Chegue (nas sessões ou nas consultas) distribuindo sorrisos. Afinal, você descobriu que quimioterapia não é uma cadeira elétrica e seu sorriso pode ajudar a quem ainda vai começar o tratamento. Sem falar que seu sorriso, por certo, vai reverter em muito carinho e vibrações boas para você. II Coloque uma roupa bem bacana e se faça bem bonita (ou bonito). Se possível, se maquie. III Não pense que você não merecia passar por isso, nem pense
IV A grama do vizinho nem sempre é mais verde do que a sua (foi a minha querida “enfermeira má” que me disse isso).
Olhe à sua volta
e perceberá que, de algum modo, você não está tão mal como pode ter passado na sua cabeça. V Agradeça sempre: você teve oportunidade de se tratar, num lugar bom, seu estado de saúde é até melhor do que o de outras pessoas, você tem apoio, tem família e/ou amigos... VI Encontre uma maneira de passar o tempo: livro, DVD, papo com seu “colega” ou com as enfermeiras, jogar baralho...
VII Se tiver que chorar, chore. Só não desanime.
Viva
cada dia a sua batalha e
4
Ninguém espera ter câncer! O meu foi de mama, em 200
e uma metástase na
coluna em 2006. Eu, que sempre havia cuidado de todos ao meu redor, havia esquecido o principal, havia esquecido de
comemore todas as batalhas já vencidas.
cuidar de mim! Estava em uma época de muita realização, tan-
VIII Um cineminha numa sessão vazia também é muito bom
chorei sem parar..., me perguntando o que iria acontecer dali
para a alma!
to pessoal quanto profissional, estava feliz! Fiquei sem chão, pra frente. Quando conheci o Dr. Daniel foi muito difícil escutar coisas que davam muito medo. A empatia e a confiança
IX Eleja um “mantra”: quando um pensamento ruim ocorrer, imediatamente repita – silenciosamente que seja – o seu “mantra”. O meu foi (e é até hoje) o Pai Nosso.
que tive nele na hora foram importantíssimas para amenizar as minhas angústias! Lembro que, de tantas perguntas que fiz uma ficou marcada, perguntei, lógico, se meus cabelos iriam cair e a resposta foi positiva, mas que eu não me preocupasse,
X Por fim, saiba que você vai “tomar” muito remédio, mas a quan-
pois mesmo sem cabelo eu iria continuar bonita. No dia em que
tidade de
estava linda, então doei as perucas que eu tinha comprado!
amor e carinho
que você receberá será infinitamente superior à quantidade de química que entrará no seu corpo.
Suzanna Brito M. de Oliveira Abreu
raspei a cabeça, apareci careca para meu marido. Ele disse que eu
Me senti mais segura e forte. Durante o tratamento, foi muito duro. As 4 a 5 horas tomando a medicação, todo mês a expectativa pelo resultado do exame de sangue, as injeções na barriga... Na época entrava muda e saía calada da quimioterapia, não queria conversar, não queria trocar ideias, não queria falar da doença! O paciente em trata-
mento de câncer fica tão vulnerável e inseguro que tudo que
Achei uma ideia interessante e seria importante deixar o meu relato.
escuta ao seu redor pensa que pode acontecer com ele. Corria,
Desde que fomos surpreendidos com esse diagnóstico assustador
escrevia, ligava para o Dr. Daniel que sempre tinha uma pa-
fiquei desnorteado. Ouvir a palavra câncer, principalmente
lavra de conforto e positiva. Hoje depois de tanto tempo, me
para um leigo, é muito forte e chocante, pois para mim esta
sinto mais a vontade e falo até demais
palavra estava relacionada a algo sem solução. Como eu iria ficar
Meu marido foi meu
sem o Grande
anjo da guarda e até hoje está
sempre do meu lado. Minha assim como meus
família foi fundamental,
amigos. Mas a vontade de ficar boa e ver
minhas filhas
crescerem foi o que mais me motivou,
e motiva sempre! Tenho alegria de viver, sou positiva, pra frente, e tento passar isso adiante. Voltei a ser feliz! Mas não vou negar, tenho medo, muito
Amor da Minha Vida, o meu Norte!!
Tiveram muitos fatos marcantes que foram me mostrando e me
HOJE SEI QUE FOI TUDO PELO
Amor.
dando uma força interior que eu não imaginava ter. Estávamos na Clínica São Vicente e tínhamos acaba-
medo! O câncer abre uma lacuna na nossa vida que depois demora
do de receber o laudo de alguns exames que fizemos e que confir-
um pouco para cicatrizar... .
maram o que não gostaríamos de saber.
Me preocupo com tudo que é relacionado a minha saúde , tomo
Choramos muito e por um momento nossa vida parecia um
conta de mim. Confio no meu médico, sei que estou fazendo tudo
castelo de cartas desmoronando. Telefonamos para o Dr Daniel
que posso . Rezo. Tenho muita fé e esperança que tudo continuará
e ele disse que segunda-feira iríamos nos ver e que tinha uma
dando certo!
boa idea que iria dar certo. Foi exatamente o que eu queria e
Rachel Martins Jordan
precisava ouvir. Não foi o câncer que nos uniu, sempre fomos assim desde que nos conhecemos há 14 anos, mas com certeza absoluta ficamos muito
Hoje foi mais um dia de tratamento da Rachel e quando
mais unidos.
estávamos saindo encontramos com a Bete, que falou do livro de depoimentos de pacientes e acompanhantes que será lançado pela clínica.
Jorge Correa - marido da Rachel
5
A única certeza que temos na vida é que
tam como uma defesa natural, instintiva. Quando perdemos algo,
um dia vamos morrer,
mas ninguém quer fa-
aprendemos o valor do que nos foi tirado, aprendemos a valori-
lar, pensar ou mesmo imaginar a morte. Morte e vida
zar, aprendemos a agradecer, reconhecer cada segundo de vida:
caminham lado a lado, é como luz e sombra, são in-
conquistar, admirar, contemplar, aproveitar o tempo, ver com outros
separáveis; são complementares.
olhos, sentir diferente, transformar e se desfazer do lixo acumulado.
O trabalho é árduo, mas vale à pena. Medo de viver é medo de morrer... medo de morrer é medo de viver...
A cura percorre vários caminhos, abrange várias áreas, se processa de maneiras diferentes e em etapas distintas, é um caminho à Itaca.
Quando Vinícius de Moraes estava doente uma jornalista perguntou a ele se ele tinha medo da morte; e então calmamente, poeticamente falou: “não tenho medo da morte...tenho é saudade da vida”
vida
Como escolha, não quero falar de,
quero falar de morte ou doença, de cura...
No primeiro momento de um diagnóstico de câncer é como se fôssemos invadidos por uma enorme interrogação, E AÍ? o que
Quando nos aproximamos da nossa verdade, da nossa essência, quando aceitamos que somos luz e sombra e que o caminho é sinuoso... viver é uma entrega ao desconhecido... a vida nos é revelada a todo instante; viver é morrer o tempo todo, é como o dia e a noite. Só podemos falar do que passou; passado... só temos leitura do já vivido do que já “morreu”. Viver é presente, é surpresa, é mágico, é entrega... acreditar, aventurar-se no desconhecido... Graça Divina... renovação.
fazer? será que saio dessa? é como se tudo se transformasse, se
Construir uma história, marcar presença, atravessar tempestades, fi-
diluísse, o chão desaparecesse sob os nossos pés... sentimen-
car atento, aprender a ler os sinais, criar, ampliar nossa consciência,
tos de raiva, medo, pânico, dor, desamparo, desespero...etc.
lidar com nossos medos, acender nossa luz interna, intuir, brincar,
Quando a dúvida aparece temos a chance de encontrar respos-
cair, levantar... caminhar com fé, se perdoar... doar,
tas. Uma força, uma coragem que estavam adormecidas desper-
perder e ganhar... aceitar....
6
O indesejado
ser imperfeito...
ser ímpar...
ser par...
ser parte...
ser arte...
ser ar...
ser!
Dentro de mim, ele já se instalara. Silenciosa e sorrateiramente, expandia-se pelo pulmão direito, querendo atravessar fronteiras. Como ocorrera tal “apropriação”???
Eu, sempre
bem disposta, bem-humorada, com apetite normal, bem informada, com hábitos saudáveis, atenta aos exames de rotina... não percebi (ou não quis admitir?) que a magreza e os suores noturnos poderiam ser maus sinais. Assim, num exame dos pulmões, foi anunciada a volumosa sombra. O susto, a suspeita, ou melhor, a quase certeza do que era, mas o querer acreditar que não era um tumor, que não era câncer. Começa a corrida contra o tempo, a busca pelo correto diagnóstico. Realizada a biópsia, saiu, no dia 17 de novembro de 2009, o resultado que o médico não gosta de dar (ingrata missão, não é Dr. Nigri?) e o paciente não gosta de escutar: adenocarcinoma de pulmão. Não senti medo, tampouco revolta – eu nunca fumara, nem convivera com fumantes. Identificado o agressivo adversário, não titubeei em aceitar o desafio e as armas que me sugeriram os médicos. Aprendi, em meus 63 anos de existência, que imprevistos acontecem e que a serenidade é um grande aliado na administração
Conceição Carneiro
dos problemas e na solução deles.
As adversidades precisam ser enfrentadas
Com rígida disciplina, muita paciência e aceitação estou enfren-
com equilíbrio e muita garra.
tando o invasor, parece que o indesejado diminuiu de tamanho,
“O homem só se conhece quando se
tanta a persistência em convencê-lo a ir-se embora
mede com o obstáculo”. Chegara a minha
NADA DE USUCAPIÃO, HEM
MATREIRO!
vez, a oportunidade de me conhecer realmente, de avaliar minhas capacidades. Veio um Natal com muita emoção – todos os entes queridos muito impactados, querendo
O apoio, o carinho, a dedicação, as preces em diferentes credos,
disfarçar a angústia pelas sombrias perspec-
quer da família, quer dos amigos, reforçam a minha coragem, a
tivas. Irmã querida, fiel escudeira, quanto
minha fé e a minha esperança.
abafado sofrimento nos beijos que me dava,
Grata sou ao querido e admirável Dr. Daniel Tabak e a todos os
nos afagos que me fazia, nas vãs tentati-
profissionais do CENTRON, os quais, com competência e profun-
vas de se mostrar alegre e despreocupada!
do senso de humanidade, vêm-me ajudando na difícil caminhada
No Ano Novo fechamos o compromisso de
para a cura.
vitória, de alguma forma seremos vitoriosos. Já se vão nove meses de tratamento: exames,
Confiante em Deus – meu parceiro maior
prossigo na luta.
injeções, sessões de quimioterapia, acompanhamento
psicológico
e
nutricional.
Não perdi os cabelos (dizem, e eu também acho, que até embelezei com as cãs), a pele está mais sedosa, engordei (seguindo as instruções da nutricionista Viviane), conservando-me no peso ideal, permaneço serena e de bem com a vida.
Maria Regina Mesias Gonçalves Silva
7
viver um dia de cada vez.
já tinha ouvido muita coisa ruim e negativa de vários médicos que havia visitado. Graças a Deus, a simpatia com o novo médico foi imediata e pude voltar a acreditar que ‘sim’, eu tenho jeito. Hoje, já passados uns 6 meses, estou tendo uma vida boa, aprendendo a ser paciente, aceitar as limitações que a doença/tratamento me impõem e, de fato, viver um dia de cada vez.
Faz 4 anos que minha vida mudou de uma forma
Durante bastante tempo corri como uma louca atrás de
que nunca poderia imaginar. Aos 25 anos eu era daquelas pes-
qualquer chance de cura - e achava que a última coisa que
soas ligadas no 220v, sempre disponível e fazendo mil coisas ao
queria na vida era ser uma dessas pessoas que ficam dependen-
mesmo tempo. É até engraçado lembrar dos primeiros indícios
tes de tratamentos, etc e tal. Mas aí, a vida me mostrou que
de que alguma coisa estava errada comigo - os amigos recor-
as coisas não são como a gente quer, mas sim como têm
dam de eu chegar no trabalho dizendo que ia tomar Targifor
que ser (e a vida em algum momento, de formas diferentes,
(um tipo de ‘vitamina C’ que promete te deixar ‘com pique total
mostra isso pra todo mundo).
para o dia-a-dia), porque eu andava meio lerda...rsrs. Enfim, tive uma sorte enorme de ter sido diagnosticada super rápido
Agradeço toda manhã pela oportunidade de mais um dia e
- pasmem! - pela minha pediatra homeopata ma-ra-vi-lho-sa
faço de tudo um pouco para ajudar meu corpo e minha alma
que eu nunca fui capaz de largar (Tia Vera, querida). De lá pra
a seguirem bem (sucos verdes, terapias alternativas, medita-
cá venho numa história de altos e baixos com um Linfoma
ção...ficar mais próxima de mim mesma e de Deus).
de Hodgkin que resolveu ser diferente de tudo que lemos nos livros. E cada nova fase traz novas perspectivas e ensinamentos. No comecinho desse ano - depois de um tratamento completo e de um transplante autólogo - quando cheguei ao Dr. Daniel,
Assim, tenho uma vida feliz e aguardo, paciente e confiante, um futuro bom.” Fernanda Latini Alonso
8
Lugares pra conhecer Novas receitas fazer Muitas noites de luar De “Fernando Pessoar”...
“O médico também fica doente” Beijos no meu amor
Descobri este danado
Chamegos no meu irmão
Num exame de rotina
Xô, linfoma, por favor
E pensei: ”pobre coitado,
Não estaciona aqui não...
Vai ver se eu tô lá na esquina...” Dr.Tabak, obrigada Vou lutar feito um leão
Pelo modo que conduz
Xô, linfoma, não vem não
Essa dura caminhada
Quero muito trabalhar,
Fica repleta de luz...
Muita gente pra eu tratar... A minha serenidade Muito ainda o que aprender
Vem da confiança e fé
Muito tênis pra eu jogar
E com toda humildade
Muitos vinhos por beber
Aplaudo tua equipe de pé...
Muitas coisas pra estudar...
Rosana Oakim Jaimovich
9
Fazer um depoimento sobre o seu tempo de con-
Perguntei ao porteiro se o Dr. Tabak estava. Aí ele respondeu que
vivência com o câncer, em 15 linhas acho impossível.
não. Então pedi que ele entregasse aquele bilhete assim que ele
É um período que nos parece imenso, cheio de medos,
chegasse, e fui embora.
inseguranças, raiva, mal estares, carências, etc.
No dia seguinte, sábado cedinho, ele me ligou dizendo:
Como não consigo fazer nenhum poema ou poe-
- “Katia, aqui é o Dr. Tabak. Recebi seu bilhete. Estou indo
sia como as que escutei ontem à noite, por sinal lindíssimas,
agora para o hospital X ver alguns pacientes. Você quer ir até lá?”
tentarei ser breve. Aí vai a minha história.
Respondi que sim.
Bem, quando tive em mãos o diagnóstico de linfoma de Hodgkin
Ele me examinou e confirmou o diagnóstico.
foi um verdadeiro alvoroço na minha casa. Imediatamente per-
Perguntei-lhe que chances teria para sobreviver. Ele respondeu:
guntei a uma amiga médica, Dra. Lourdes, que profissional pro-
60 ou 70%, não me lembro exatamente. Então respondi:
curar. Então ela disse: “Temos que achar o Tabak, ele
EU VOU SOBREVIVER. Eu vou ficar boa, você vai ver.
é o melhor do Brasil. Só que eu não o conheço pessoalmente,
Não quero morrer agora. Estou com 50 anos e acho que ainda
mas vamos dar um jeito”.
sou muito útil na minha profissão e para algumas pessoas.
Naquela época, em julho de 1998, não tínhamos computador
E a partir daí começou a minha luta, a minha batalha.
em casa, então o que fizemos? Fomos procurar o nome dele na
Fiz seis meses de quimioterapia, de 15 em 15 dias. É um período
lista telefônica. É verdade!
muito chato, muito doloroso. Você passa todo esse tempo com
Nesta época eu morava em Copacabana e o endereço dele que
gosto de “cabo de guarda chuva” na boca. Não sente o paladar
constava na lista era pertinho do meu. Na mesma hora peguei uma
da comida, mas sabe que tem que se alimentar. É uma barra!
caneta e fiz um bilhete pra ele mais ou menos assim: -“Dr. Tabak,
O mal estar é inevitável, mas
boa noite (era uma 6ª feira à noite). O senhor não me conhece. Estou com um resultado de um exame em mãos dizendo que tenho doença de Hodgkin. Soube que o senhor é especialista nesta área e eu gostaria de ser sua paciente. Meus telefones são...” Peguei o carro e fui até o edifício onde constava o endereço dele.
você luta! Katia Maria Rodrigues de Albuquerque
10
Minha
Caminhada
maiores nossas chances de sucesso. Entenda que os médicos e suas equipes não são nossos inimigos! Não tenha medo deles e não vá para outros tipos de “tratamento”, isso é o pior que você pode fazer! Lembra do tempo que estamos combatendo? Tive a dádiva de cair na mão de um médico que fora a competência inquestionável, é de uma Humanidade ímpar
Nunca soube quando, como, e se ele me abraçaria um dia, mas
e uma parceria inigualável com seus pacientes, sempre deixando
sempre tive medo deste dia. O que nunca pude imaginar é que
claro a situação real das coisas. Sua equipe nada mais é que a
este dia chegaria tão cedo e tão repentinamente aos meus 32 anos,
continuação dele mesmo. Todos, desde a moça do café, as recep-
sem aviso prévio, sem uma dor, às vésperas de uma viagem dos
cionistas, nossas queridas enfermeiras, a equipe da farmácia, da
sonhos de 40 dias pela Alemanha, desenhada dia-a-dia, com todo
administração, os demais médicos e a querida “mãezona” Sandra,
carinho pela minha irmã mais velha. Imaginava que se um dia
sempre sabiam quando dar uma palavra de carinho, fazer um
tivesse que travar uma guerra contra ele seria com uma vida já
gesto amigo, dar um abraço carinhoso, um beijo sincero ou mes-
vivida, com filhos criados, com um companheiro para dividir o
mo chamar para uma conversa a dois. Ao Dr. Tabak devo meu Re-
peso... grande engano !!
nascer e nunca, nunca, terei como agradecer a altura. À ele, meu
Não dá para brincar de Poliyana e dizer que não foi muito doloroso, tanto fisicamente quanto n’alma, mas também foi um período de grande crescimento, e é aí que quero me ater neste momento.
A força para vencer,
acredite, nós está dentro de
mesmos!!!
Aprendi que temos que ouvir, sentir e respeitar os sinais que nosso corpo nos dá. Ele nunca nos abandona, e acreditem, o tempo é o nosso maior inimigo! Quanto mais rápido agirmos, muito
MUITO OBRIGADA de todo o coração!!!! Uma vez que decidi meu médico, coloquei toda a minha convicção em suas mãos e me tornei mais uma da equipe. A confiança e cumplicidade era absoluta naquele grande homem. Entendi que não podemos colocar expectativas e a força para vencer em outras pessoas. Provavelmente vamos nos machucar, elas não vão retribuir ao que esperamos. A força para vencer, acredite,
está dentro de nós mesmos!!! Podemos estar um trapo fisicamente
descobrir que uma série de pessoas que passaram ou fazem parte
mas viramos verdadeiras leoas para continuar vivendo.
da sua vida, mas que você não tinha ideia de que era importante
Quando pensamos que não aguentamos mais, arranjamos mais
FORÇA
de lugares
que nem
imaginávamos existir
e seguimos em frente. É importante se dar conta que não somos os únicos que estamos sofrendo, nem somos os piores. Faça a experiência de olhar para os lados que verá que tem pessoas precisando de muito mais ajuda que você, e que talvez você possa ajudá-lo. Você irá reconfortá-lo e acima de tudo vai se ajudar por se sentir útil! Quanto a família, eu reafirmei o que já sabia... Independente da personalidade diferente de meu pai e minha mãe, eles certamente, sem pestanejar, dariam a própria vida por mim. Fizeram o possível e impossível para tentar criar o meu ambiente o melhor possível. Já meus irmãos, cada um agiu de um jeito diferente, descobrimos que temos uma ótima contadora de histórias para crianças e sinto que meu irmão foi tocado e modificado para sempre. Por outro lado, você vai descobrir uma coisa maravilhosa!!!!! Vai
para elas, vão aparecer e se juntar em uma grande corrente de oração, de várias religiões, pedindo fortemente para sua cura. Isto não tem preço!!! São pessoas que verdadeiramente te amam como ser humano. Você pode até descobrir um grande amor, e não ser correspondida. Mas não tem problema.... pois
todo amor vale a pena!!!
Flavia Maria Dias da Silva Ferreira
11
Ilana e eu nos conhecemos faz 25 anos.
quem fosse, um parente, um prestador de serviço, enfim, qualquer um. Ela sabia criar um ambiente acolhedor. Era comum vê-la à mesa almoçando ou lanchando com uma destas pessoas. E, por mais simples ou tímida que fosse, esta pessoa aceitava o oferecimento, quase uma amorosa imposição. E lá ficava ela, conversando, brincando, sorrindo, fazendo amigos.
De casados comemoramos 22 anos.
Sua agenda era infalível. Lá constavam não somente seus compro-
De vida ela tinha acabado de celebrar seus 45.
missos, mas também todos os aniversários e datas importantes.
Tivemos uma relação muito bonita e apaixonada e desenvolvemos
Todo ano esta agenda era passada à limpo minuciosamente, pois
uma linguagem própria. Nos entendíamos por um simples olhar
nada podia ser esquecido. Minuciosa era também sua lista de pre-
e apenas isto era o bastante para saber como estávamos.
sentes de fim de ano e para cada um a lembrança era criteriosa-
Outro dia, o Rabino Stauber disse não haver uma explicação
mente estudada.
lógica que justificasse porque uma pessoa de qualidade tem
Não estamos acostumados a ver médicos e enfermeiras chorarem
uma passagem tão breve.
pela perda de um paciente, mas quem disse que a Ilana foi uma
E que cada um deveria buscar o consolo acreditando que Deus
paciente?
sabe o que faz, porque os seus desígnios estão muito além da
Aliás, poucos sabiam ou acreditavam que ela desenvolvera uma
lógica humana.
doença tão grave. Nestes últimos dias foi comum eu escutar fra-
Ilana teve uma trajetória marcante. Por onde passou deixou amigos.
ses como: “Sua voz estava ótima ao telefone!” ou “Não parecia que
Impossível alguém não gostar dela.
ela estava tão doente!” Claro que não parecia. Não parecia porque
Sempre gentil, carinhosa, atenciosa e principalmente generosa, Ilana se preocupava com detalhes que para a maioria passavam desapercebidos. Todos ficavam à vontade perto dela. Ela tinha real interesse pelo próximo. As pessoas vinham em nossa casa e acabavam ficando. Podia ser
ela não demonstrava. E, principalmente, não se lamentava. Ilana viveu intensamente e adorava a vida. Enfrentou todo o penoso tratamento com coragem e determinação. Foi uma professora inesquecível para os seus alunos. Participou ativamente por muitos anos da Diretoria de Pais da Escola Eliezer. Foi uma mãe
exemplar e, acima de tudo, amiga das filhas.
Ela nunca deixou de fazer planos para o futuro e mais próximo do
Ilana era uma mulher vaidosa, mas nunca teve medo de enve-
final, me perguntava se chegaria a ver o casamento das filhas. Eu
lhecer. Pelo contrário, ela desejava chegar logo aos 40 anos, pois,
dizia sempre: “Claro que sim!... temos muita luta ainda pela frente.”
assim, com suas filhas já adultas, poderia ter com elas uma rela-
Ela acreditava nisto e vivia o máximo que podia, pelo compromisso de
ção de verdadeira cumplicidade feminina.
deixar as filhas crescidas. Hoje, Julia já começou o curso de Direito e
Ilana aproveitou ao máximo a companhia de Marina e Julia. Elas
Marina já dá os primeiros passos no mercado de trabalho. Ilana me
frequentemente saíam juntas, passeavam, se divertiam. E, à me-
entregou este que é o maior patrimônio que uma pessoa pode deixar:
dida que as nossas filhas cresciam, cada vez mais os nossos laços
filhas maduras e queridas.
de amizade se solidificavam.
Ilana era plena de qualidades e poucos, muito poucos, foram os
Era fácil receber o sorriso largo e descontraído da Ilana. Mesmo
seus defeitos. Pois foi exatamente esta pessoa quase sem defei-
durante as sessões de seu longo tratamento. No início até me
tos e cheia de qualidades que a mão de Deus levou. Com certeza
intrigava: “Mas sorrindo de quê?”
ela já está lá, em um lugar honrado, junto a outras pessoas queri-
Logo, logo, aprendi com ela que, acima de tudo, devíamos
das que já se foram.
celebrar a vida. E Ilana era a própria celebração.
E nós ficamos aqui, órfãos e carentes da presença dela, incon-
Seu sorriso farto e generoso jamais se apagará de nossas
memórias.
Se existia tratamento, havia esperança. E se havia esperança ela continuava olhando para a frente. Sempre para frente.
soláveis, buscando entender os desígnios de Deus e tentando acreditar que ELE sabe o que faz.
“Ilana, como vou sentir sua falta... que em seu nome eu possa assistir a todos os casamentos e ver crescer todos os netos com que você tanto sonhou!”.
Eduardo Ryfer, marido de Ilana Ryfer
12
A página
Termina a Quimio Mas... febrículas Dores de cabeça Astenia ... Vira a página Alternativos... Operações espirituais
Água na pleura
Sangues inexplicáveis
Tumor na pleura
“Passes”
Câncer
Vira a página
Desespero... Medo Vira a página Começa a Quimioterapia Mal estar Náuseas... Vômitos Vira a página Boca doce Enjôos Sonolência
Finalmente chega o dia do PET scan Vai ser examinado todo o corpo Vontade de perguntar ao Dr. Tabak Meu adorável, dedicado e competente médico Ainda há tempo para despertar olhares Com a cura esperada que chegou? Abraços apertados... beijos na boca... Alegria, beleza, prazer em estar sadia?
Um chá é pouco pra tanto sono
Será? ... Então...
Vira a página
Segura a página
Luppe Gigliotty
13
a desfrutar com muita intensidade os bons momentos e a curtir
A vida é injusta e
por que
?
deveria ser diferente comigo
cada transformação que o tratamento me oferece, assim os maus momentos passam despercebidos. Hoje consigo viver o lado bom do câncer, não digo que ainda não sonho com um filho biológico, mas se não for este o caminho a ser seguido, terei outros sonhos possíveis.
só eu podia percorrê-lo. Como iria fugir de minha própria vida? A
Sonhar a vida.
única solução foi aceitar o câncer e todas as suas frustrações. Es-
Costumava arrogantemente dizer que uma pessoa só tem aquilo
tava me preparando para minha primeira gravidez e desejava outro
que quer. Minha experiência com o câncer reforçou ainda mais
destino para mim, foi minha primeira frustração. Depois vieram
esta crença. Agora repito de uma maneira mais delicada: “só pos-
muitas outras. Paciência é a única atitude sábia nessas horas.
suímos aquilo de que temos consciência”. Desconheço o que o
Na verdade, a lucidez da morte tão presente no dia-a-dia fez com
futuro me reserva, mas aceitar a vida como ela está sendo foi o
que minhas frustrações se tornassem insignificantes. Agora en-
caminho que escolhi para suavizar esta luta.
Apesar da má notícia ser esperada, o momento do primeiro diagnóstico foi uma de minhas piores experiências. Por alguns dias minha vida deixou de fazer sentido. Meu chão desabou e não havia ninguém para reconstruí-lo com a velocidade que desejava. Estava só. Custei a compreender que este era o meu caminho e
é necessário,
motiva
tendo o câncer como um grande aliado à busca pela felicidade. É um momento de reflexões, autoconhecimento e mudanças. Uma oportunidade para se reinventar, para abandonar valores antigos, para resgatar sentimentos atropelados pelas ambições da vida moderna e, além de tudo, uma oportunidade para se respeitar. Tornei-me prioridade em minha própria vida. Comecei
Annelisie Aiex Correa
14
Quando as paredes nos
libertam
ª andar
A sala de espera do 10
Aconteceu comigo, acompanhando o tratamento de meu marido,
Quando os dias eram mais difíceis no hospital, eu olhava para as
e talvez tenha acontecido com você.
paredes do meu quarto, e as fotos de minha família coladas sobre
Logo à entrada fiquei imaginando que, ali, por estarem tratando
as paredes emanavam uma energia impossível de ser descrita.
de alguma doença mais séria, não haveria conversa, não haveria
Vendo as fotos dos netos, sorridentes, lendo os bilhetes cari-
alegria. Puro engano meu – nunca antes senti tanta força, tanta
nhosos que escreviam com aqueles garranchos maravilhosos, típi-
disposição para a luta!
cos dos 6 e 7 anos, minha alma transbordava com uma sensação
Nas visitas subsequentes, num crescendo inacreditável e abençoa-
magnífica de bem estar. Sem contar com os desenhos do neto
do, eu já estava, de fato, entre amigos - todos empenha-
menor, sempre emoldurados com pequenos corações. Ali, cercado pela inquestionável competência e dedicação dos
dos em vencer, dividindo positividade, carinho, ânimo, trocando histórias de superação.
médicos e pelo carinho da minha “tropa”, as paredes,
Na salinha do 10º andar ainda há o prêmio especial – a presença
repletas de fotos, em vez de me prenderem,
do nosso querido Dr. Tabak - cientista e humanista - que, através
me libertavam.
de uma rápida passagem entre nós, pacientes e acompanhantes, deixa fluir um sopro de tranquilidade, de estímulo, de esperança,
Se precisar ficar em algum quarto de hospital, não deixe de levar
deixando a certeza de que ele é, sem sombra de dúvida, uma luz
sua família, seus amores, seus registros de felicidade, para não se
que ilumina nossas vidas.
esquecer de quanto você é amado.
Maria Helena Alves, esposa de Antonio
Prove dessa força em sua vida.
Antonio Albino Alves
A jornada é imprevisível, o caminho tortuoso. Por vezes nos reQuando meu pai recebeu o diagnóstico de leucemia eu estava
voltamos, mas não perdemos a coragem, a fé e o desejo profundo
numa gravação de novela e, quis o destino, o cenário era um cor-
de derrotar o inimigo.
tejo fúnebre no Projac. Chovia muito e aquele contexto todo só
Existe um “tripé” que nos mantêm erguidos e dispostos para a
aumentou minha tristeza.
batalha e, sem ele, não acredito que poderíamos enfrentar todo
Nunca imaginei qualquer doença alcançando meu amado pai, um
esse doloroso processo.
homem digníssimo, justo, bom. Lembro da conversa ao telefone com minha irmã, entremeada de silêncios profundos interrompidos por soluços de tirar o ar entre espasmos de dor em forma de choro. Entre a notícia e a chegada ao Dr. Daniel Tabak passaram menos de 24 hs e nunca minhas lágrimas doeram tanto como naquela tarde. Não poderia transpor em palavras a importância que o Dr. Tabak e sua equipe tem para nós, mas posso afirmar que a confian-
ça no médico é o pilar imprescindível na saga que é o tratamento dessa doença.
“tripé”
Esse
é a família unida, a confiança no médico e a fé indubitável de que
vai dar certo.
Quando o mundo parecia ruir à nossa volta, foi nesses médicos que amarramos nossas esperanças, também na competência, disponibilidade, amabilidade e compreensão deles. Passado o primeiro susto do devastador diagnóstico, nos apoiamos no Dr. Tabak e a ele entregamos nossas vidas e nossas esperanças de sonhos ainda não realizados.
Christine Fernandes, filha de Antonio
15
Estou triste. De novo? Que re-
toma é de dever cumprido. Cumprido tão naturalmente quanto o
missão é esta? Seis meses de
ato de respirar, mas vital. Límpido e cristalino.
distância. Lutar pelo direito de
Fico chorosa. O tempo é muito lento para cicatrizar feridas. Tempo
fazer o tratamento. Bradesco.
de lutos. Paradoxalmente foi muito rápido chegar aos 73 anos.
Consegui, através, como sem-
Idosa, sou velha? Não, meu
pre, de amigos. É o que temos de mais precioso.
Leio no jornal de hoje, 19 de junho de 2010.
“Saramago está morto.” Sinto um arrepio. Estou viva e
penso nele com respeito. Então viva Saramago! Sou, pela minha lembrança, um instrumento que prolongará sua existência.
Cole Porter toca no cd. Em frente a mim a estante do escritório de Ivan. Cheia de retratos. Quantos mortos, tão queridos. Ivan, mamãe e... Mas o momento que a foto mostra foi um momento de glória para minha família. Posse na Academia Nacional de Medicina. Ivan ainda jovem em seus 50 anos. Garboso, feliz, vitorioso. Meus filhos, sentados a nosso lado envergando suas roupas domingueiras. Sinto que são minha obra prima, à qual me devotei, menina ainda, com aquele arrebatamento bem meu. O sentimento que me
coração
está
cheio de
sonhos, anseios e futuro Entretanto esbarro numa palavra: o linfoma.
Atordoada. Estão falando de mim. Está escrito no exame, com todas as letras. Olho para a imagem da endoscopia e não vejo nada. Santa ignorância. Cegueira seletiva. Não, eu não tenho linfoma. Não agora, ainda não. Eu tenho uma distensão abdominal. Faço este quadro desde menina. Seriam filhos fantasmas, que gero e que se perdem no ar. Tem um outro nome: hérnia de hiato, compatível com a idade. Que idade/ qual delas? A da cronologia, de minha história, a das paixões, das dores engolidas? Agora isso! Linfoma. Nem sei o que é isto. E aos poucos esta palavrinha vai tomando forma, vai-se tornando mais um personagem na minha vida. Me arrasta à consulta com um hemato-oncologista. Dr. Daniel Tabak. Em condições internas de guerra mundial, tenho que me render. Foi um belo encontro. Direto, objetivo, acolhedor. Com delicadeza firme Dr. Tabak vai me informando sobre minha própria vida de hoje em diante. Quimio agressiva, pesada. É um tumor agressivo. Pode ter cura ou não. Vamos começar já.
Penso: estou me sentindo bem. Só um certo cansaço. E
se eu não quiser?
de mim. Não posso decepcioná-los. Sou mãe e avó. Até nesta hora tenho que dar exemplo? Não sei pedir. Sei cuidar, o que fiz
Como que adivinhando minhas conjeturas ele interrompe o fluxo de
minha vida inteira, desde que nasceram meus irmãos menores.
meus pensamentos e diz: você pode escolher não fazer a quimio.
Vou exigir muito de meus filhos, dar trabalho, alterar suas vidas, já
Pergunto: sim, e então?
tão trabalhosas.
Ele: os tumores vão crescer...
Me lembro de cada um deles e já sinto uma enorme saudades de
E eu: como plantas carnívoras, destruindo tudo a sua volta.
todos nós.
Dor, sofrimento, um frio gélido na minha barriga. Tenho medo de morrer? Tenho medo de como. Não estava no meu script morrer assim devagarinho. Escolhi ser atropelada, ter um enfarte, um AVC
Ouço uma estrofe da música que toca ao fundo: “every time you say goobye I die a little”
fulminante. Não terei tanta sorte. Quantas vezes achei que morria de dor, decepção, esperas anOs quatro anos de doença de meu marido vêm à minha mente.
gustiosas. Desta vez é “à vera”. Em outros momentos me reinven-
A decadência, a dependencia, as inúmeras internações. Uma ba-
tei, renasci mais forte como a Fênix. Refiz os pedaços perdidos
talha perdida, mas enfrentada com coragem por nós. Meu cora-
como a salamandra.
ção bate acelerado. Não, eu não. Mas é de mim que se trata. É
Os amigos fazem um cerco à minha volta. Contritos, falando baixo.
minha vez.
É o medo da morte o que leio em seus rostos.
vida?
Me entrego Será por amor à
Nem sei, não tenho outra escolha.
Começamos. Quatro horas de injeções endovenosas. Mal-estar, náusea. Estou hiporética. Que diabo é isto nos exames? 200 leucócitos. Internação. Apago, estou em outra dimensão, dentro de mim fraqueza, exaus-
Os familiares, chocados me encorajam.
tão. Silêncio. A barriga enorme. Vejo preocupação nos olhos do
Você é forte, você aguenta. Entendo que é o que eles esperam
Dr. Tabak. A vida está indo embora? Mas, com ajuda, saio desta.
Morrer não é tão difícil. É triste sim. É estar sozinha cercada de gente por todos os lados.
não nos vitimizarmos? Semeando nesta seara colho frutos. Vivi,
Outra quimio. Passo a mão pelos meus cabelos, dos quais me or-
Interessante. Meus olhos estão secos. Não posso chorar por mim.
gulho. Meu apelido na infancia, dado por meu pai, leão, tremenda
Tive muitos privilégios. Com prazer, com dor. Enquanto eu puder
juba. Começam a cair, aos magotes. Eu já tinha sido avisada. Mas
respirar, este corpo, que é meu limite, vai ter que fazer acrobacias
vivenciar, na própria pele é bem diferente. Raspo tudo, estóica-
no ar. Sem rede.
mente. Estou no controle outra vez.
Remissão.
E meus pacientes? Tenho que lhes dizer a verdade, do jeito que
Vamos à luta.
amei, gerei, criei. Que bênção!
cada um pode ouvir. Então nem a psicanálise dá jeito? Nosso último bastião cai por terra e somos invadidos por esta realidade.
Meus agradecimentos a todos vocês, do Centron, que têm me
Se agarram em mim. Eles precisam que eu aguente. É uma oca-
acompanhado nesta jornada.
sião de aprendizado inestimável. Não querem meu desânimo, nem meu desespero. E as perguntas? Como é estar com câncer? Seu cabelo caiu? Voce está com medo? Como consegue ter sereni-
“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na
dade? Não consigo pensar em você doente.
intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos in-
E eu ali entregue à visitação pública.
Mas vamos, passo a passo, descobrindo novas fontes de vida.
esquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” Fernando Pessoa. Acrescento: como tem sido nossa experiência com vocês.
Isto me dá uma tremenda força. Se eu tiver que morrer que eu viva até a última gota deste cálice. Com medo e com coragem. Não mais preciso ser a heroína. Basta ser eu mesma. Isto deve dar conta desta passagem. Aprendo e ensino. Temos uma missão até nesses momentos derradeiros. Como nos despedirmos? Como
Léa Maria de Oliveira Castro Lemgruber
16
Um dia todos nos encontraremos no espaço para brindar a grandeza de Deus. Que todas as pessoas que estejam lendo essas palavras não desanimem de seus ideais, que não percam a esperança da cura, que lutem cada vez mais e que tenham mesmo a certeza que ainda que o corpo pereça, a alma continua, não temeis mal algum. Paz e bem a todos.
Aprendi que as grandes pessoas se tornam realmente grandes
“Mas se algum dia me faltar o seu abraço, não será triste a sau-
não por suas palavras, mas por seus exemplos. E o Felippe con-
dade, pois sei que nos encontraremos no espaço, pra que não falte
seguiu, em seu blog, ensinar a milhares de pessoas, através de
a alegria você vai estar para sempre dentro do meu coração”
palavras, o que ele colocava em prática: determinação, coragem e
Beijos com amor eterno do seu amigo, Pandã (J).
força para alcançar um objetivo.
Julian Pandã - amigo de Felippe Garchagen
Não, o Felippe não saiu derrotado desta luta! Ele nos ajudou a ser mais fortes e melhores. E o que mais pode-se esperar de alguém em sua passagem pela Terra? Não quero me estender em assuntos religiosos, até porque cada
um tem o direito de crer no que quiser, mas partindo da premissa
O Pi foi uma criança super saudável, que de doenças da in-
que Deus é soberanamente justo e bom, ninguém pode afirmar que
fância teve apenas crises de amigdalite até os sete (4 aos 7), que
a luta do Felippe foi em vão. Não foi e não é em vão.
foi curada
A vida continua aqui e mais além e o legado deste ‘cerumano’
teve! Saudável demais! Não gostava muito de esportes, futebol,
ecoará para sempre em nossas almas. A saudade é verdadeira,
vôlei, academia, etc. Ele era voltado totalmente para o desenvolvi-
a dor é imensamente grande, mas nenhuma das duas podem es-
mento intelectual! Lia muito...aos 9 anos pediu de presente de
tremecer esse amor que nos liga eternamente. Tempo e Espaço
aniversário assinatura do Jornal do Brasil, que fizemos até passar
pediram as contas desde que inventaram o amor.
a ler jornal e livros pela internet. Computador aos 10 anos. Como
definitivamente com vacina autógena. Nunca mais
pode ver na página do orkut dele, ele diz: leio até bula de remé-
Rio e conseguiu a vaga, disputando com inúmeros candidatos.
dios. Devorava livros! Logo cedo estudou inglês no Brasas. E era
Felippe se expressava muito bem sobre qualquer assunto, tinha
bom nisso! Desde cedo muito amoroso comigo e com o pai.
um conhecimento vasto, participava de lançamentos de livros e
Era meu amigão!
comprava muito livro! Não tinha grandes vaidades, não gostava
Fez judô por uns 3 anos, natação uns 4 anos, tocava teclado e
de tatuagens, brincos, coisas vulgares, era sério. Gostava de fazer
era um excelente aluno desde pequeno. Não estudava em casa
a trilha do Pão de Açúcar e chegava com aqueles tênis todos
nunca, apenas prestava atenção nas aulas e lia muito. Era cu-
imundos, lá ia eu dar um jeito! Ele lia tanto que, até na praia o ra-
rioso demais! Aos 16 foi estudar nos Estados Unidos (casa da tia),
paz estava com livros. Adorava jogar xadrez, vídeo game, assistiu
foi para conhecer mesmo pois dizia: Não quero ficar lá, não
a muitos filmes. Era católico, mas gostava do Kardecismo. Tinha
Mamy, mas o pai insistia muito pra que fosse! Eu não queria, mas
um carinho especial pela avó (93 e forte até hoje graças a Deus)!
deixei. Foi um dos melhores alunos da escola lá! Logo ao chegar
Brincava muito com a irmã, hoje com 13 anos! Os dois dentro
ele entrou como voluntário na NASA (curiosidade total), aprendeu
de casa era uma farra só, ela sempre no quarto dele, só obser-
muito lá! Tenho guardada a camisa e o crachá da NASA. Felippe
vando! Aprendeu muito. Pi curtia música demais, tinha todas as
sempre me pedia uma irmãzinha, pois eu só tinha ele (e eu sempre
músicas do Roberto Carlos (era um romântico), todas dos Bea-
quis um outro filho(a), mesmo ele já tendo uma irmã pela parte
tles, etc, bem eclético! Dava livros de presentes para irmã, daí
do pai, insistia comigo que queria uma aqui em casa e graças
veio também o gosto pela leitura que ela tem, a menina lê muito.
a Deus, quando ele tinha 12 anos, nasceu a irmã que ele tanto
Era muito amigo do pai dele (Yost), se viam quase diariamente,
queria e ele curtiu até viajar! Quando aconteceram os atentados
mesmo sendo filho de pais separados
nos EUA (ele estava aqui de férias) e aí ele decidiu não voltar, pra
ele não sentia diferente dos outros, o
minha felicidade! Foi muito namorador, desde os quinze nunca fi-
pai sempre deu muito carinho, acom-
cou só. Entrou na PUC pelos acertos do ENEM, cursava enge-
panhou de perto todas as fases dele,
nharia mecatrônica, gostava muito. Participou de vários campeo-
participou ativamente da vida do Pi até
natos de robôs pela PUC, inclusive ganharam prêmios. Aos 20
o último momento. Preocupava muito
participou de várias entrevistas para uma grande empresa aqui no
com o pai e comigo, se eu atrasasse
para chegar em casa, rapidamente estava me ligando: Dona Ivo,
aguentou tantos exames, tratamentos! Meu Deus. Que força!
cadê tu? Me dava uma força tão grande pra eu viver a vida, me
Eu não sabia que o meu Pi era tão forte, objetivo sim, sempre foi,
achava a mãe mais linda do mundo! Fotografava minhas peças
mas tive muito medo da reação dele ao saber do diagnóstico! Mas
de teatro do princípio ao fim e achava o máximo eu atuar, inclusive
a primeira coisa que ele disse pra mim, foi: Agora quero ver a for-
voltei para o teatro por ele. Era muito família! Adorava as tias e avó.
taleza que você é mãe! Você não vai chorar! Ao que eu respondi
Oh Deus!
com um nó na garganta: Claro filho, vamos enfrentar juntos! E en-
Aos 23 anos, com uma carreira promissora, após ter mudado da
frentei tudo junto com ele até o último momento! Foi muito difícil,
engenharia para administração (achava que no campo do traba-
mas ele me botava pra cima. No hospital me dizia: Ivo, (era um dos
lho tinha mais a ver), uma namorada linda e bacana demais, apa-
nomes que me tratava..Ivo, mama,mamy), vá pra casa descansar,
receram dois gânglios pequenininhos no pescoço, aí começou a
cuidar da Ina, ela precisa de você. Aqui você e meu pai não podem
procura do diagnóstico. Andamos muito! RJ, SP, Ribeirão Preto e
fazer nada, eu estou nas mão de Deus, do Tabak e das enfermei-
capital. Aqui no Brasil não conheciam o tipo raro desta leucemia.
ras, e você precisa descansar. Mas eu não me conformava, eu
Era ele que falava com os médicos e gravava as consultas. Eu
não me sentia bem em casa!
as tenho! Ele não desanimou, ele me dava forças. Sempre assim;
Em julho ele estava muito bem, parecia que não havia mais leu-
Calma mãe! Ele foi forte demais, não gostava que médico escon-
cemia e de repente ela voltou com força total e em 28/08/10, ele
desse qualquer coisa, ele leu tudo sobre a leucemia e linfomas! Se
entrou em coma, não saí do lado nos três dias e ele se foi naquele
cadastrou no REDOME, mas infelizmente nosso banco de medula
trágico sábado (30.08.08), me poupou o momento, pois eu vim
é muito pequeno! E na família não achamos. Ele teve um médico
em casa rapidinho (os amigos insistiam que eu tinha que sair de
maravilhoso, foi o úlltimo amigo que ele fez aqui. E nós (família),
lá um pouco), o pai dele estava lá! Eu vivi tudo com ele, tratamen-
nunca conhecemos um Dr. assim! De um carisma e humildade fora
tos, dava os medicamentos, era apenas eu, ele não sentia bem se
do comum.Trocou emails com doutores da França, EUA, atrás do
outras pessoas o ajudassem. E ele foi num momento que eu não
tratamento e foi dificil achar um lugar que tivesse tratado este tipo
estava presente!
de leucemia. E eu e o Pi, também vasculhamos EUA, a tia dele
O Pi, ao saber ser portador de uma enfermidade tão rara e difícil, fez
também. Apareceu um protocolo de quimio (acho da Itália), e ele
um Blog para dar forças, esclarecimentos e incentivos a quem es-
tivesse na mesma situação, e esta atitude mostrou mais uma vez pra
É extremamente doloroso revivermos momentos tão dramáticos,
nós, pais, como ele sentia feliz em sempre dividir e ajudar os outros.
desesperados, angustiantes e, até hoje, passados 2 anos de sua
O Blog é o
partida, inexplicáveis.
www.cerumano.com
e até hoje é muito acessado e eu quero que continue na internet. Deixou um vazio imenso na minha vida e na da irmã! Felippe era apaixonante, um menino de coração tão bom que aos 10 anos de idade eu o pegava com uma sacola na mão cheia de meias, cami-
?
Como entender e aceitar
uma situação dessas
sas de frio pra dar pro pessoal que dormia na rua em Petrópolis, e
Perder um filho fantástico, maravilhoso, extremamente inteligente,
nem me pedia! Se deixasse dava o que podia e o que não. Nunca
caráter impecável e de uma bondade ímpar, com apenas 24 anos.
teve inimigos! Educadíssimo com todos, se alguma amiga minha
Talvez venhamos a compreender parte dessa situação em algum
precisasse que ele arrumasse um computador ele estava sempre
momento de nossas vidas. A saudade é eterna, ferida que nunca
pronto pra ajudar. As assistentes de casa, ele tratava com muito
vai cicatrizar. Parte da aceitação vem do fato de termos feito tudo
carinho desde que ele era pequenininho.
que foi possível e da enorme felicidade de nosso filho em estar aos
Mas Deus deve ter as razões pra tudo isto e sei que nunca acharei
cuidados do Dr. Daniel Tabak e equipe, diga-se Dra. Simone, Dra.
a resposta! Seguirei, pois ele sabe que tenho que cuidar da Ina! Sei que ele está ao lado do Pai Celestial nos guiando. Dói relatar tudo isto...
Isabela e Dr. Bruno e toda sua equipe no Centron. Falar do Dr.Tabak e o que ele representou para todos nós, e principalmente para nosso filho, é muito positivo. Um ser humano fantástico, um gênio e um grande cientista. Às vezes penso que se
Eva Pires - Mãe do Felippe Garschagen
a classe médica estivesse próxima da capacidade e dedicação do Dr.Tabak com certeza teríamos uma medicina mais humana e competente. Não mediu esforços, atenção, emoção e carinho por meu filho em momento tão difícil. Quando surgiram os primeiros sintomas da doença, após um exame de sangue em uma emergência hospitalar, começamos uma longa via crucis por vários
consultórios e clínicas no eixo RJ-SP. Chegamos ao Dr.Tabak, que foi quem conseguiu descobrir efetivamente o tipo de leucemia que acometeu meu filho e iniciamos o tratamento. Ocorreu um fato em uma consulta em São Paulo em que o médico, após examinar meu filho, disse que se ele tivesse um filho com o mesmo problema do
7 1
Felippe ele o entregaria aos cuidados do Dr.Tabak. Isso é apenas
O meu testemunho, na realidade, vem
um exemplo que ilustra a inesgotável capacidade profissional do
através das palavras da minha filha. Última de uma leva de cin-
Dr. Tabak. Digo inesgotável porque ele sempre está a procura dos
co, e por ter o mesmo nome que a mãe - Nicole - chamo-a de
melhores procedimentos para combater essa terrível doença. Nos
Pequena.
vários e alguns longos períodos em que Felippe esteve internado, Dr. Tabak sempre atencioso e solidário, inclusive ligando várias
Gostaria apenas de fazer um breve link dela com a doença: Tive
vezes de madrugada para conversar com meu filho e levantar seu
câncer pela primeira vez quando ela tinha apenas dez anos.
astral e trocando informações para os próximos passos do trata-
A Pequena estava acostumada a conviver com uma mãe super
mento. Através de seus amplos contatos no exterior, procurou to-
saudável e ativa.
das as soluções possíveis e impossíveis para tentar a cura de meu
Me viu de repente sem os seios, de cama por conta das quimios
filho. Fatalmente foi uma leucemia rara em que a doença mostrou
violentas, completamente careca, depois, queimada em função
seu lado mais terrível e cruel. Seremos eternamente gratos ao Dr.
das radios.
Tabak e sua equipe pelo imenso carinho e dedicação com nosso
filho e como bem colocou Evanilde, mãe do Felippe, o Dr. Tabak
A conscientização dela com a doença me surpreendeu. Ela sem-
foi o último amigo que meu filho teve aqui na Terra.
pre que me via um pouco quieta perguntava: Mamãe está tudo
Me recuperei e fomos reorganizando a vida.
bem? Você não está me escondendo nada, né? Ao ponto que certa
Yost Garschagen, pai do Felippe Garschagen
vez me pediu que marcasse uma consulta com meu médico pois, ELA gostaria de conversar com ele. E assim foi feito. Ela lhe per-
guntou: Doutor, gostaria de saber se está tudo bem mesmo? Não
tem nenhum exame que minha mãe poderia fazer? Para saber da
Tudo isso relatei com o intuito de deixar registrado que minha
doença? Desta forma ficou tudo, aparentemente, tranquilo.
mensagem para todos aqueles que tiverem o infortúnio de con-
Em julho de 2008 resolvi ir morar na França. A minha vida es-
viver com o câncer - com base na mensagem que recebi da minha
tava complicada... a única coisa que gostava e realmente sabia
Pequena - é: Sempre vale a pena optar pelo amor!
fazer bem era amar meus filhos... e a vida me cobrava mais. Orga-
O amor é a expressão mais primitiva da vida!
nizei a vida da galera e parti, mas deixei meu coração aqui.
Em setembro descobri o amargo retorno da doença.
O amor restaura, revigora.. o amor cura!
Dessa vez nos ossos e no fígado. Já estava fraca e tinha emagre-
O amor é vida!
cido muito.
Pensei em não vou voltar. Meu cunhado e minha irmã - onde
Confira agora a mensagem da minha Pequena, enviada pelo BBM
me encontrava morando - me disseram que eu poderia me tratar
no dia 29 de setembro de 2010; dia em que a moça completou seus
por lá. Quando, momentos depois da decisão tomada, inespera-
tão sonhados 18 anos!
damente a minha Pequena me liga; sendo que meus filhos não
beijos
sabiam de nada:
Mãe,BEM? tá tudo
Nicole Gerbauld
Mamy! Tava aqui refletindo sobre esses anos que vivi. Foram sim maravilhosos, tive uma infância linda e muito feliz! Não mudaria nada
Por favor não me esconde nada, eu te amo demais e preciso de
da minha adolescência, e essa fase adulta só tem me surpreendido
você!
a cada dia. A vida vai andando por caminhos inesperados, e
Claro que voltei. Na mesma hora liguei para meu irmão aqui no
isso assusta muito. Mas depois de um tempo a gente percebe que
Rio e ele pegou um avião e foi me buscar.
quem tem o controle dela somos nós, e nós iremos fazer dela aqui-
lo que plantarmos. Nunca gostei de aniversário, essa sensação de tempo perdido que não volta mais. Não que eu não queira crescer e seguir minha vida, ser independente, trabalhar, me encontrar, cuidar de mim, casar. E repetir esse ciclo incrível da vida. Escrevi tudo isso querendo chegar nesse ponto. Só quero te agradecer por ter sido tudo pra mim nesses 18 anos. Estamos em um patamar de relacionamento que acho pouco em resumí-lo como
Por isso hoje, acho que quem merece parabéns é você. Não se
só mãe. Você foi minha amiga, companheira e nunca me deixou
preocupe comigo, ainda tenho muito que aprender, muito
na mão. Me ensinou a amar a vida e as pessoas. Eu transbordo
mesmo. Mas já tenho o suficiente pra começar.
amor mamy, minha vida gira em torno disso. De músicas, sonhos, planos, amores, fé. Eu sou apaixonada pelo amor e por todos aqueles que me passam ele. Eu sou muito feliz, e quero que você nunca se esqueça disso. Você me formou numa pessoa completa. Nunca me faltou nada. Não mudaria nada da minha vida.
, A D IGA igada.
BrigRada, obr O ob
Por ter sido muito mais do que um dia eu pedi, por ter preenchido todos os vazios do meu peito, por ter me mostrado esse amor incondicional que eu vou levar por toda a minha vida!
A
vida
já começou e te prometo fazer dela
maravilhosa!
Muitos beijos, Pequena
Pequena - filha da Nicole
18
A não ter problemas de falar
de doença; as pessoas
que são nossas amigas vão nos apoiar (às vezes o excesso de telefonemas cansa, mas faz bem).
O meu tratamento de câncer se transformou em um aprendizado.
Aprendi: A viver a vida usufruindo os bons momentos; a doença não pode nos impedir de viajar, ir a festas, cinemas.
Que tenho mais amigas do que imaginava.
A dizer não, para ficar com o que eu realmente quero e evitar tudo que pudermos para não nos aborrecer.
A não me preocupar com antecedência
Que cabelo cresce.
Lutar Deus só nos deu 2 escolhas: lutar ou sentar e chorar.
ou sentar e chorar.
Por isso o mais importante é acreditar que eu posso, que o tratamento vai dar certo e que há muitas pessoas passando pelo mesmo problema. Que isso é uma fase a ser superada e comemorada.
Carmen Brollo
19
Sei que sou muito pequena perante a imensidão do mundo, porém,
OS
quando estou com vocês sinto-me acolhida e esse sentimento me
ING
MENSA
GENS
RESP
OU
iste m tr
do oran
h
ou c
ué
ing er n
ov ia! quer o ã alegr a N s a n o o ape ofereç Quer vocês e d a um A cad resente riso de p r o s u e Om ue! ocê conseg v , ir rr so te Ten bem! Perceba como sorrir faz Veja como o seu sorriso é belo!
torna uma fortaleza, que fortifica meu coração e o faz pulsar,
transbordando de vontade de lutar, de amar, de sorrir, de viver ...
Acredito que o apoio, principalmente da família, é muito importante para a nossa cura! Agradeço todos os dias aos meus filhos, netos, genros e nora, pois sempre estão segurando minha mão com um afeto único, que me transmite a certeza do amor e da esperança! Agradeço, também, a família CENTRON que me proporciona total segurança. Dr. Daniel Tabak, meu eterno anjo da guarda, muito obrigada!
Sinto a felicidade brota
r em meu coração, Diariamente, ao nascer do so l. Nesse in stante m ágico Aprov eito pa ra gua Em m rdar eu co ração As q a cha uais ve da ofer Pa r t alegr eço ilha a ia e d todo md o am s que am or. inha cam inha da...
“Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!” (Roberto Carlos)
Alpha Alcantara
20’
ções de forma até exagerada, sem me importar com o necessário equilíbrio na vida. Acho que até consegui
ria o suficiente na minha vida.
“meu objetivo”.
filha de 3 anos, maravilhosos;
Passei minha vida inteira
bons recursos para sobreviver
focado nos três conselhos,
com dignidade; enfim, somos
independentemente do que
felizes, há bastante tempo...
fosse, trabalho, lazer, educa-
Porém, descobri que não sei
ção, romances, amizades e
lidar com o tempo aliado à
até no convívio familiar. Tor-
disciplina, ainda muito pre-
nei-me uma pessoa diferen-
sente em minha vida.
ciada aos olhos alheios, um
inveja alheia, poucos amigos,
Continuei o mesmo menino de 15 anos. Querendo sempre me superar, querendo TUDO PRA ONTEM, achando que vai sempre vencer o tempo...
bons recursos, mas sem ob-
Hoje, estou passando por
jetivos definidos de como uti-
um processo de tratamento
lizá-los – às vezes, servi de
de uma doença rara, onde o
exemplo; mas, na maioria das
tempo é meu maior aliado ou
vezes, fui repudiado.
meu maior inimigo, caso não
Cheguei aonde achei que se-
consiga equilibrar (até elimi-
O TEMPO
Estou com 49 anos. Aos 11 anos, iniciei minha jornada de trabalho. Logo depois, aos 15 anos, resolvi que teria chan-
ces na vida se LUTASSE CONTA O TEMPO: enfrentasse todas as adversidades externas com bastante afinco, tendo em mente os três conselhos para suportar uma sobrevivência digna: 1º disciplina; 2º disciplina; e 3º disciplina. Agindo assim, venceria os fatores externos da minha vida e ganharia mais tempo para viver melhor no futuro. Sempre superei minhas limita-
pouco acima da média, considerando minhas condições iniciais de vida. PAGUEI UM ALTO PREÇO: solidão, introspecção,
Constituí uma belíssima família: tenho uma mulher nota mil; um filho de 9 anos e uma
21
nar, se necessário) meu culto
Estou aprendendo muito.
a disciplina que mexe com o
Já consigo entender que
meu tempo.
o tempo é um acúmulo de
Nos recentes primeiros dois
momentos. Cada segundo
meses que passei junto ao
vivido, adiciona para o tempo.
Centron, onde nunca imagi-
Independentemente de dis-
Há três anos estava no auge da minha vida,
nei que existiam pessoas de
ciplina, independentemente
curtindo muito, trabalhando, recentemente formada. Estava tudo
todos os níveis, tão bem pre-
de superação pessoal, in-
perfeito. A época da minha vida que eu estava me achando linda,
paradas para lidar com gente
dependentemente de nossa
quando comecei a emagrecer, apareceram manchas e por fim uma
com eu e que me levasse a
contagem, O TEMPO NUNCA
tosse. Nunca imaginei o que me esperava, achava que era uma
muita reflexão, não só pelo
CONCORRE CONOSCO. Na ver-
pneumonia ou alergia. Fui a uma emergência e numa radiografia foi
meu próprio problema, mas
dade, ESTÁ SEMPRE AO NOS-
constatado que o problema era mais sério do que eu pensava. Fiz
também pela infinidade e se-
SO FAVOR, POIS NOS LEVA AO
biópsia e foi confirmado, estava com Linfoma de Hodgkin.
riedade dos problemas de
FUTURO. Enfim, o tempo é
outras pessoas, num mesmo
Divino.
fazer quimioterapia é que ficaria careca. Fiquei desesperada.
tempo. Felizmente, a Equipe e os
A primeira coisa que pensei quando soube que teria que
Achei que estava morta, queria aproveitar cada segundo como se
Carlos Roberto A. Guerra
fosse o último. Na nossa vida quando, a gente acha que nada mais
pacientes do Centron me fi-
pode piorar, acontece uma tragédia. Três meses depois de saber
zeram entender muitas coisas
que tinha câncer meu paizinho faleceu de infarto fulminante. Nada
e conseguimos juntos superar
se comparou à dor que eu senti de ter perdido meu pai.
uma fase importantíssima do
meu tratamento, com muito
no coração e ter a compreensão de que todos nós temos a nossa
sucesso. Aproveito para agra-
hora. E eu estava doente sim, mas tinha que lutar pela minha
decer a todos, de coração.
vida e nunca perder a esperança e a fé, pois tudo na vida tem dois
Foi nesse momento que percebi a importância de ter Deus
lados, o bom e o ruim. Então, se existe o problema temos que buscar forças para resolver e não se entregar.
O que me incomodou um pouco foram as pessoas, que
na sua maioria não estão preparadas para lidar com pessoas que tenham câncer, ficam muito penalizadas e sem saber como agir. Sempre contei tudo com naturalidade e tentava explicar que es-
22 Prise au piège Preso numa armadilha
tava superando e levando minha vida o mais normal possível: trabalho, namoro, vou à praia, saio à noite, faço exercícios, aliás sou
Toujours pas fini
professora de educação física e muito feliz com meu trabalho.
Ainda não terminou
Hoje sou uma mulher que aprecio muito cada dia que acordo e
Je suis peut être libre
vou dormir e a todo o momento estou agradecendo a Deus, princi-
Talvez eu esteja livre
palmente por ter me dado um sobrinho que encheu minha vida de
Mais toi, tu n’es toujours pas reparti
alegria, uma família maravilhosa, amigos de verdade e um namo-
Mas você ainda não partiu
rado que encarou o carnaval no hospital comigo e me viu careca, e
Et je vois toujours ton ombre.
ainda assim eu via o brilho nos olhos dele, dizendo que me amava.
Ainda vejo sua sombra.
Me sinto muito feliz e realizada, a doença se tornou pequena perto
Que t’ai-je fais
de tanta coisa boa que acontece na minha vida. Peço a Deus pela cura, mas não me consumo pensando vinte quatro horas nesse assunto,
curto
minha
vida,
faço planos para o futuro e o mais importante nunca perco a
esperança.
Bárbara Magalhães
O que eu fiz? Laisse-moi tranquille Deixe-me tranquila Je ne demande que la paix Eu só peço paz Il n’y a pourtant rien de difficile. Não tem nada de difícil nisso.
Retourne d’où tu viens
Volto de onde você veio Ne me fais pas vivre cet enfer Não me faça viver este inferno Je ne te demande jamais rien Eu não peço nunca nada Alors qu’est-ce-que ça peut te faire. Então o que te custa. Retourne dans ton pays Retorne ao seu país Que l’on me delivre Que alguém me ajude a ser livre Et que enfin j’oublie. Para eu enfim esquecer.
Là je pourrais enfin revivre! Então poderia reviver!
Ana Caroline Fossoux
Que amor de filha Sol de nossa vida.
Viva!
Botão de flor radiante. Encanto quando ela canta. e os nossos corações palpitam ao ritmo de Ana Caroline
23
VIVENDO, APRENDENDO E RENASCENDO Uma vida feliz, tranquila, algumas preocupações e problemas comuns, mas repleta de muito amor e bênçãos divinas nas horas difíceis. De repente, o diagnóstico de um Mieloma Múltiplo, um câncer de medula óssea... Num primeiro momento, o chão parecia desaparecer debaixo dos pés; sentimentos de medo do Quando comecei este quadro em maio de 2007, tudo o que eu
desconhecido, ansiedade, preocupação, tristeza, insegurança...
queria era tirar todo o peso que tinha no coração. Minha filha começava um segundo protocolo de química... E o que encontrei foi a esperança. E fortificada por cada sorriso, pela coragem e a sede de viver de minha filha. E foi o presente que lhe dei antes do transplante da medula... Este quadro eu não o explicarei.
E agora, o que fazer? A quem recorrer?
QUE CAMINHO TOMAR?
Tudo parecia um grande pesadelo.
Como um semeador, as palavras do seu título serão as sementes da sua imaginação.
Patrícia Fossoux, mãe da Ana Carolina
Felizmente, foi apenas um momento assustador. Uma explosão interior de FÉ acendeu grande luz e trouxe a certeza:
“Eu vou ficar curada!”.
Fé
E um “anjo”, pela vontade divina, conduziu-me a esse brilhante médico, hoje um grande e querido amigo, Dr. Daniel Tabak, que sempre me acompanhou, com toda dedicação, firmeza, sabedoria
em suas decisões, tornando-se o “porto seguro” diante das fortes ondas que nos ameaçavam. Inúmeros exames, punções de medula, transfusões de sangue, quimioterapia e, finalmente, o esperado transplante de medula!
Tudo aconteceu com grande tranquilidade e segurança.
A cada passo, em todos os acontecimentos, muita FÉ e força na luta, uma permanente esperança e confirmação da certeza inicial. Foi uma batalha em que “combateu-se o bom combate” e alcançou-se a vitória tão fortemente almejada.
Agora, após oito anos e meio do bem sucedido transplante, elevo o meu coração para louvar e agradecer eternamente a Deus, e expressar, para sempre, meu profundo respeito, gratidão e amizade ao incansável Dr. Daniel Tabak e sua maravilhosa equipe.
À minha família e meus amigos, sempre ao meu lado, partilhando comigo seu amor, em todas as etapas dessa jornada, só Deus poderá recompensá-los...
Os MOMENTOS DIFÍCEIS do passado foram cuidadosamente guardados em bela caixa de presente, pois representam para mim FONTE DE VALIOSO APRENDIZADO e oportunidades de crescimento em minha nova vida,
meu verdadeiro renascimento! Marília Cantisano
Quando obtive o diagnóstico de Câncer de Mama foi muito difícil saber que eu teria que ser tratada por um oncologista e teria que fazer qui-
24 25
mioterapia. Como falar para os meus dois filhos, uma filha
de 17 (dezessete anos) e outro de 15 (quinze), que eu teria que passar por tudo isso?
Mas eu consegui vencer e consegui passar por todo tratamento de cabeça erguida e com muita fé e esperança, com a certeza de que depois eu estaria curada. De todo o tratamento, o momento mais difícil foi ter perdido o cabelo, mas tive o apoio de duas amigas muito queridas que me ajudaram muito. Nada foi fácil, mas ter tido a oportunidade de fazer o tratamento na Centron com a equipe do Dr. Daniel Tabak fez toda a diferença. O lugar tem uma energia positiva que faz com que os pacientes encarem a doença de uma maneira natural como uma doença que tem cura. Sem dúvida nenhuma mudei os meus valores e aprendi muito com a doença. O mais importante é acreditar no tratamento, confiar no médico e na sua equipe e
NUNCA DESISTIR.
Há 12 anos atrás, voltando de uma
viagem maravilhosa ao Canadá, uma
surpresa que nunca imaginei que poderia acontecer comigo, aconteceu! Já no final da viagem sentia muita dificuldade no caminhar e muita dor na virilha. Não tinha comigo qualquer analgésico ou anti-inflamatório. Faltavam dois “longos” dias para o retorno ao Brasil. Assim que chegamos, fui com a minha filha ao Dr. Carlos Giesta, ortopedista da família. Após completo exame de raios-X, levei as radiografias ao Dr. Giesta. Ao examiná-las notei, pela sua fisionomia, que o problema era seríssimo e não uma simples dor muscular como imaginávamos. Ao chegar em casa, toda a família já havia sido contactada por ele. Começou o processo de enfrentar e resolver, o mais rápido possível, o “Mieloma Múltiplo” diagnosticado. Pela primeira vez na minha vida ouvi este nome! Acho que nem deu tempo de cair na realidade, pois foi tudo muito rápido. Vinte e quatro horas após, operei o fêmur, devido à extensão da sua fragilidade.
Gisela Café
Após a cirurgia que correu muito bem, uma série de nomes de
oncologistas nos foi apresentado e Fernando, meu marido, junta-
O cabelo cresceu, enroladinho, as perucas, dei para pessoas que pre-
mente com meus filhos optaram pelo Dr. Daniel Tabak.
cisavam e que passavam pelo mesmo quadro pelo qual passei.
Durante 6 meses me submeti ao tratamento de quimioterapia. A
Agradeço a Deus todos os dias! O importante é ter fé e pensa-
cada mês “hospedava-me” de 10 a 12 dias no hospital, até que os
mento positivo perante as mais difíceis situações.
resultados dos exames de sangue se normalizassem para poder
Tudo na vida é passageiro, assim como a própria vida, tanto as
permitir voltar para casa.
tristezas como as alegrias... e o maravilhoso agora é poder ajudar
Graças a Deus minhas células puderam ser usadas para o auto-
a quem estiver vivendo estes momentos difíceis que com certeza
transplante. Foram retiradas, congeladas, e já no sétimo mês
passarão, principalmente com a orientação, sabedoria, carinho e
aconteceu o auto-transplante. Foi feito através de uma transfusão
competência do Dr. Daniel Tabak e toda sua dedicada equipe.
de sangue, na qual passei muito bem.
Desde o início do tratamento, tinha certeza que ficaria curada. A verdade é que, depois de tanto tempo, não lembro dos detalhes, só guardo comigo as demonstrações de carinho e amor do meu marido, filhos, amigos e a figura maravilhosa do Dr. Daniel Tabak. Os médicos que me atenderam naquele primeiro momento, suspeitaram ser um caso terminal, fato que Dr. Daniel Tabak negou enfaticamente, afirmando que teríamos uma luz no final do túnel!
vida
Após 8 meses voltei ao trabalho e
minha
normalizou totalmente.
Eliana Wrobel
26
Vida acumulada. Experiência de vida. Exemplo de vida. O Sami deu um show! A forma como ele encarou essa luta é um exemplo para todos que vivenciaram, de alguma forma, essa nossa história.
Ele foi um herói!
Toda vez que eu assistia aos depoimentos feitos por pessoas
Manteve a tranquilidade e a serenidade, mesmo nos momentos
da vida real, no final da novela “Páginas da Vida”, eu percebia
mais difíceis. Isso, sem falar na garra, na vontade de viver, na luta
que, em quase todos, havia uma mesma frase: “...quando o
constante por cada segundo a mais. Às vezes eu me perguntava
telefone tocou...”. Eu achava isso curioso, mas é assim mes-
de que adiantava tanta positividade, tanta força, tanta torcida e
mo que as coisas acontecem. Foi um telefonema recebido, no
tanto amor, se o cenário não era dos mais otimistas. Só que, hoje,
dia 14 de junho de 2006, que traçou um divisor de águas na
olhando para trás, eu vejo claramente que foi um somatório de
história da minha família. Do outro lado da linha veio o diag-
tudo isso que deu uma sobrevida ao Sami e que nos deu, a to-
nóstico de que meu marido, Sami Zajdenweber, estava com
dos, tempo para começar a entender que era hora de se fecharem
leucemia.
os ciclos. Como já disse em outras oportunidades, nada ficou
Impossível acreditar. Não com ele. Não com uma pessoa que,
pendente. Foi tudo vivido de forma madura e corajosa e, em
aos 52 anos na época, era um exemplo de vitalidade, saúde e
vários momentos, até com bom humor. Aliás, hoje, sei bem que,
jovialidade. Não com um cara que jogava futebol duas vezes por
mesmo nos momentos de maior escuridão, há beleza, há sor-
semana, surfava e tocava rock em uma banda. Não com um cara
risos, há humor. E isso, foi o Sami que nos ensinou.
que tinha um milhão de amigos, era hiper querido por todos e
Faço esse depoimento como um tributo a ele, homem que amei,
transmitia uma energia positiva tão contagiante. Mas aconteceu.
que me amou, e que me deu dois filhos maravilhosos (Laila e
Foram quase dois anos de muita luta, muito aprendizado e, acre-
Leo).
ditem,
vida.vivida.
muita
vida
Francis Waymberg, esposa de Sami Zajdenweber
Agradeço também por ter tido a oportunidade de passar momentos tão difíceis ao lado de pessoas tão especiais como minha família, amigos, amigos de trabalho e a todos que me acompanharam e me acompanham ate hoje na Centron. É possível ser feliz antes, até mesmo durante, e após o câncer, com toda certeza do mundo.
27
Tem momentos em nossas vidas que são capazes de fazer com que tudo que estava aparentemente tranquilo vire de cabeça para baixo.
Na verdade, tudo na vida tem sentido e se estamos passando ou passamos por momentos difíceis é por que precisamos aprender algo que só vamos conseguir descobrir o que é depois que tudo se acalmar. Foi assim comigo, embora estivesse muito segura de que ficaria curada de um Linfoma de Hodgkin, o medo e os motivos por estar passando por aquele momento, me deixavam cega. Mas com o passar do tempo tudo foi se acalmando e as coisas foram se esclarecendo. Hoje, após o término dos longos de 6 meses de tratamento, sou uma pessoa que acredito ter passado por momentos difíceis de maneira honrosa e que com certeza hoje sou muito melhor do que antes. Costumo dizer que a vida é muito melhor após o câncer, pois valorizamos infinitamente pequenos detalhes e momentos do dia-a-dia. Hoje agradeço diariamente a Deus por ter me dado a oportunidade de ver a vida de forma tão especial.
Ser feliz é o verdadeiro sentido
da vida.
Fernanda Laidens
Óculos 7D Óculos de Re-Ver
s Despué como a la vida d o t o id r viv cer, de habe con Cán ir iv v a r prende ia, que rea e solitar d e v a u t d , a n n tiene de Escorpió pañera ierto no c m r o o c p e r qu i muje eriencia ida de m os. v la una exp e t n mis amig lme e a d u la ig y ió camb e los is nietos porque pesar d la de m a , s e o u ij q h is ntiene ncer es la de m sigo, co el kit cá n d o alma -, e c t n e a a intrig s que tr Lo mas itacione m li s la dos y , los mie s o. los de e r lo o d esperad ecir, ócu in d s is e d , in r D un b ulos 7 so tambien ar de óc p n u r es má e e c d n a á t c a r Se t l pacote amo que e g n lo sé. T o o p u N S . s r. o e re-v ara tod recido p a p an el s o n me ncuentr e s o d o si t poco sé
brilo. de usar e t r e u s los nen la dis y tie mis ócu n o c e u mis ir es q mente a edo dec a u r p la í c s r e e í ude v Lo qu igos, as cosas, p m s a a r n t a o t i s a mis n e much igos y a m a 7D, entr s y del s o v nue las cosa is e d m a d , a igos elativid vida. muy am -ver la r e r e para mi d u s p io D m ié e d ue mb ortancia tendí lo q n p como ta e , im D la 7 de s óculos además is nuevo m a tiempo, s ia uando , grac édico, c m i m inalmente , F ijo ra su h ntaba pa a c ê k a b a ue voc Rywka T digas q al! era niño: inho fin m a c o guindo está se .!” tamos.. s e í u q A
“Nunca
28 Antonio Muiño
9
2
Então, sentia como se os braços e pernas do espantalho criassem vida, começavam a se agitar, rijos, corajosos! O campo de trigo ia se firmando, enchendo-se de frutos e até umas minúsculas florezinhas apareciam pelo chão... O sol saía então, com mais coragem, inundando tudo, clareando o chão, as aves, os espectros dos espantalhos sem vida...
Sentia-me igual a um espantalho,
As almas iam se engrandecendo com as orações consoladoras
daqueles bem feios, exóticos, sem graça, quando veio a notícia...
das pessoas bondosas que se enterneciam com a nossa situação,
Sensação de impotência no ar desde que soubemos da
e a tarde aparecia, tranquila, serena sem ruídos, sem espantos
doença do nosso querido filho Victor.
dos espantalhos...
Veio como uma bomba, arrebatando tudo a nossa volta, e ele, o nosso menino homem, com sua bravura e coragem a nos dar o
Hoje, estamos mais serenos e temos a con-
exemplo...
vicção exata de que iremos
Por isso, nem tínhamos o direito de reclamar, só tentar, de todas as maneiras, suavizar sua dor, nossas preocupações! O espantalho, isto é,
EU, agia feito um autômato, cheio de dor
no coração, a tremular seus farrapos...
Vinha a chuva, o sol, e a luta continuava, mas a vontade férrea de vencer nos fortificava, nos alentava.
Vamos vencer as intempéries, eu gritava para mim mesma, para o pai, para a irmã, para os avós!
vencer!
Obrigada a todos que nos amparam, ao querido Dr. Daniel, QUE NOS DEVOLVEU A VIDA DO NOSSO AMADO VICTOR, obrigada a equipe profissionalíssima que o tratou no CENTRON, obrigada a todos pelas orações e carinho... Seremos agradecidos eternamente! Beijo carinhoso nosso,
Claudia Ghazi, mãe de Victor Ghazi
30
barbárie nazista da Alemanha de Hitler. Ao vê-lo entrar porta adentro, todos nós, que esperávamos aflitos o começo das provas, ficamos paralisados, perguntando-nos intimamente o que estaria acontecendo. Estranhamento, porquanto tudo para nós, novidade e excitação. Estávamos no limiar de um mundo novo, Conheci
a sensação. Adolfo, imperturbável, parou. Imponente, enfrentou
Adolfo nos
o silêncio absoluto da sala. Ninguém piscava. Ao acaso, enca-
turbulentos anos
rou-me fixo nos olhos. Disse, então, com carregado sotaque
quando intempestivamente entrou na sala do
vestibular, na Escola de Geologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, sobressaltando a todos: vestibulandos e professor. Adolfo, alquebrado, de idade indefinida en-
estrangeiro:
e “Calma paziencia ,
“
60, mais precisamente em janeiro de 1964,
moço .
tre os 50 e os 60 anos, era personagem estranho para quem o
Eu havia sido aleatoriamente o escolhido, mas a mensagem
visse pela primeira vez e desconhecesse sua história. Ele, talhe
era para todos. Diante daquela platéia estupefata, Adolfo vi-
esguio, com aproximadamente um metro e noventa de altura, ves-
rou as costas e, assim como entrara, saiu a passos largos, dei-
tia, mesmo para o tórrido calor do janeiro portoalegrense, sobretu-
xando aquela frase germinando em nossas mentes. Intuímos
do preto de lã que lhe caía até a metade da canela, dando-lhe um
que algo importante nos tinha sido revelado por aquele homem,
ar professoral e majestoso. Tinha os cabelos ralos e curtos, barba
testemunho vivo de superação, e que levaríamos suas palavras
cerrada por fazer, óculos pesados de armação escura pousados
pelo resto de nossas vidas como resposta aos momentos difíceis
no nariz adunco, recurvo como seu corpo. As mãos, longas, ex-
que, no futuro, certamente enfrentaríamos. Entendemos, ainda,
pressivas e falantes tanto quanto seu sofrido olhar. Soube mais
que ele sobrevivera, na flor de seus vinte anos, sabiamente ao
tarde que, egresso de campo de concentração, enfrentara, aos
inferno nazista com “calma e paziencia” – a grande lição.
vinte anos, o apogeu e a glória dos momentos mais atrozes da
Jorge Hausen
31
32
Quero agradecer a todos vocês pelo carinho
Começamos a nossa luta em busca de dias melhores...
especial que estão tendo conosco.
Moramos no município de Araruama, mais ou menos 2h e meia
O astral do Diego está incrivelmente bom,
de viagem, até a Clínica Centron. Na viagem, levamos para Nara-
ele está passando por essa doença como
iana travesseiro, água, suco e biscoitos. É o almoço, porque viajamos
eu nunca imaginei que fosse passar. Semana
de táxi. Quando o trânsito está engarrafado, chegamos em casa, de
passada ele ficou muito enjoado... foi difícil
volta, mais ou menos às 21hs. Mas tudo isto é feito com muito amor.
comer alguma coisa.
Só Deus é quem pode nos dar esta força para vencer e ter a glória
Na última sexta-feira foi a ultima dose de qui-
da vitória: A Cura da nossa filha a quem tanto amamos!
mioterapia e até domingo pela manhã ele ain-
Passamos dias de muita preocupação... Naraiana foi várias vezes
da estava enjoado. De segunda-feira para cá
internada no Hospital São Vicente de Paulo com pneumonia pois,
ele está bem.
por ser portadora da Síndrome de Down, está sujeita a deficiência
Tenho total confiança na equipe médica que
respiratória, etc. Mas quando isso ocorria, Dr. Daniel tomava os
está cuidando dele. Apesar disso, às vezes
cuidados relativos, tendo a atenção necessária pela equipe.
estou bem, às vezes estou nervosa... mas
Temos todo o cuidado, carinho e dedicação pela nossa filha Nara-
acho que é assim mesmo, né?
iana e quero agradecer ao Dr. Daniel, as enfermeiras, secretárias
Tenho certeza que Diego vai ficar bom! Se
enfim, todos os que nesta Clínica dão de si toda a força, atenção e
Deus me permite um pedido, gostaria que
carinho.
o sofrimento dele, fosse pequeno, o menor
Ao Centron não temos palavras para definir a sua potencialidade.
possível.
Pai, estou aqui para te pedir :
“Dá-me a coragem e a força para resistir , faz brotar em mim a
obrigada pelo carinho, Mais uma vez,
Maria Marta de Castro Rosas, mãe de Diego Rosa Marcondes.
paciência, reveste-me do teu amor”
E Deus agirá...
Judith Petrucci Braga, mãe de Naraiana Petrucci Braga
33
Meu pai, nos anos de 1940, antes de gerar a mim e aos
Minha História
Agradeço a vida que tenho, pois posso ser cuidado por
meus irmãos, teve um problema pulmonar grave, e como na
três mulheres maravilhosas e um filho-genro que me dão amor,
época não havia medicação e tratamento adequados, contraiu
carinho e compreensão.
uma tuberculose. Ficou muito próximo da morte. Conseguiu so-
breviver graças ao amor, carinho e dedicação de minha mãe. Por-
científicos e sei que muitas formas de câncer já têm cura e ou-
tanto, tive sorte de nascer e sobreviver!
tras apresentam uma sobrevida muito boa. Além disso, o amor, o
Sou, assim um ser humano que tinha pouca probabilidade de
carinho e a confiança são sentimentos indispensáveis para superar
vida. Nasci, cresci e hoje tenho tesouros: a minha esposa e as
os obstáculos que surgem na nossa caminhada.
minhas duas filhas..
Pessoa:
Quando soube que estava com câncer, pensei: talvez eu
morra disso, no entanto, retruquei, morrerei sim, mas não sei se será dessa doença.
Morrerei
estou
vivo!
porque
Não tenho medo dessa doença, acredito nos avanços
Tenho como lema da vida os versos do poeta Fernando
“Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena.” “Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.” Manoel Esteves
34
A vida não é medida pelo número de vezes que você respirou, mas pelos momentos em que você perdeu o fôlego... de tanto rir... de sur-
35
HOJE ESTOU CURADA Meu nome é Maria José da Silva Ferreira, tenho 50 anos e tive
uma experiência em 2009 que pensei que não iria suportar,
porém descobri que estava com linfoma no abdômen. A principio fiquei deprimida e desesperada, mas logo depois, com a ajuda da família, dos médicos (Drª Marta Colares Nogueira e
Drª Karen Santo Athié, da Clínica Centron) e principalmente de ¨Deus¨, fui aprendendo a lidar com a situação.
No meu tratamento foram feitas 8 seções de quimioterapia. Confesso que fiquei assustada e abatida, mas obtive forças e
presa... de êxtase...
acreditei que ia vencer esta batalha. Gostaria de dizer às pes-
soas que estão passando por isto que não desistam, confiem e
de felicidade!...
acreditem que para Deus nada é impossível.
No dia 14/09/2010, depois de 1 ano e 3 meses de tratamento,
Tenha
sempre
esperança. Moisés Ninio
recebi o diagnóstico de cura e hoje estou curada, e digo: ¨procurem ajuda e não deixem de sorrir e de acreditar¨
Maria José da Silva Ferreira
36
A dor de receber um diagnóstico de câncer é algo que não se pode pôr em palavras.
Tive Sorte. Não só de receber a vida como prêmio, mas de estar rodeada de pessoas incríveis. Todas elas foram responsáveis pelo sucesso da minha luta, da nossa luta Obrigada família e amigos. Também tive imenso prazer de conhecer pessoas muito A
especiais Centron
é
durante
esse
responsável
por
período isso.
da
minha
Médicos,
vida.
enfermei-
ras, ajudantes, secretárias, não importa. É sincero o sorriso de
EM SEGUNDOS TUDO MUDA.
cada um deles. É sincero o apoio entre pacientes, não há espaço para sentimentos negativos.
Você se depara com pensamentos novos, com ques-
Hoje faço parte de um grupo seleto de pessoas... Somos de ver-
tionamentos
dade, gente que se entrega e acredita na vida.
importantes,
se
transforma
em
alguém
descrente de tudo e entra em uma busca insana por uma resposta. E ela não virá...
Um cara muito especial me disse uma vez:
Com o tempo e com o amor e apoio da família e
“Hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas.”
amigos, a aceitação vem chegando.
E eu acredito nele toda vez que abro meus olhos pela manhã.
É hora de lutar. É hora de crescer, de aprender.
Obrigada.
Letícia de Castro Maia
37
Tudo ia correndo muito bem na minha vida. De repente, me deparei com um obstáculo horrível que, a meu ver, a princípio, não havia solução. Um nódulo no seio.
38 Mergulhei em minhas lembranças mais profundas, quiçá adormecidas, para reavivar uma fase muito importante e difícil da minha vida: o câncer.
Tudo começou em julho de 2002. Uma singela febre, de origem obscura, vinha dar sinais que alguma coisa não estava bem. Por
Fiquei muito assustada e o chão me faltou. Nada tinha mais importância. A depressão quis se manifestar, porém pude perceber que não estava só e não era apenas eu que sofria, minha família também estava sofrendo. Tratei de me acalmar e fui buscar recursos, senti a presença de Jesus em minha vida me amparando.
ter somente 19 anos, achei que era uma gripe e não dei muita
importância. Os meses se passaram e a febre foi aumentando.
Os médicos não conseguiam descobrir o que eu tinha. Recordo que ao entrar no consultório da Dra. Marília Brandão, diante de toda a tensão em descobrir o que estava acontecendo comigo,
eu e minha família nos deparamos com os possíveis diagnósticos;
Precisei dessa experiência para perceber que a vida é muito mais preciosa do que eu pensava.
tuberculose ganglionar e linfoma. Como eu sabia que tuberculose era grave e não tinha noção do que era um linfoma, fiquei quieto e
torci para ser um linfoma. Parecia que eu estava fazendo um de-
Fiquei muito mais forte e confiante. Eu não tenho nada, não sou doente e não devo dar tanta importância a um nódulo que graças a Deus já foi retirado.
sejo de aniversário. Depois que me explicaram o que era o linfoma, eu até tentei trocar o “desejo”, mas era tarde demais. Em janeiro
de 2003 veio o resultado: Linfoma de Hodgkin, e para completar
eu estava no último estágio da doença. Um dos momentos mais
Nada poderá tirar minha alegria, pois eu creio que tudo o que eu já passei só veio para me trazer uma nova vida e a certeza de ter me tornado uma pessoa melhor. Continuo no tratamento, e na companhia do meu Senhor Jesus Cristo, sairei vencedora!
difíceis foi digerir essa notícia. Como eu poderia estar com câncer? O que eu tinha feito de errado? Milhões de questionamentos surgi-
ram. E tudo estava acontecendo tão rápido, que eu não tive tempo de respirar e já comecei a primeira quimio. Tive que trancar a fa-
culdade e ficar afastado do trabalho. Minha família estava doente
Maria Ismenia Fernandes Ferraço
comigo. Uma tia viu que o tratamento que eu estava tendo era dife-
rente do tratamento dado à filha de uma amiga e insistiu para que eu ouvisse uma segunda opinião, com o Dr. Daniel. Fiquei relutante no início, pois eu já tinha começado a quimio e não queria mudar de médico, mas acabei cedendo e fomos todos ao consultório do Dr. Daniel. A consulta mais parecia uma assembléia porque todos que me amavam estavam lá. Quando conheci o Dr. Daniel, pude perceber de cara que ele seria o médico que me salvaria. Fiquei impressionado com todo o cuidado e zelo que ele demonstrou e decidi mudar na hora. Umas das decisões mais sábias da minha vida. Passei por momentos difíceis, angustiantes, tensos. O tratamento foi pesado e eu fiquei muito debilitado. Mas eu enfrentei o câncer. Contei para todo mundo que estava doente. Brinquei
Câncer, 39
palavra pequenina e simples,
porém de “grande” conotação,
ou será que devo dizer de grande “CORAÇÃO”
Você escolhe.
em momentos sérios e sorri enquanto sentia dor. Por mais
A atitude é sua.
assustador que fosse, eu aceitei, encarei, enfrentei e vivi a
A consequência também.
doença. Consegui me tornar maior que ela, demonstrando que tudo aquilo passaria e que logo eu estaria curado. E a tão espe-
venci essa
rada cura chegou. Eu venci essa batalha.
eu
batalha.
Humberto Mandaro
EU SOU DO SIGNO DE CÂNCER.
EU TIVE CÂNCER. Essa foi a
MINHA atitude.
?
Qual é a SUA
Adriana Tofani
40
Fiz o meu trabalho procurando a vida continuar tive que tomar sucos e comer torradas quando o caseiro de Angra me ligou
O Berne
vem logo prá cá, porque as jabuticabas vão acabar
Estória hilariante de um linfoma
os macacos no seu pula-pula estão a chupá-las as melhores já se foram, e o chão coalhado está
Lá estava eu nas tantas voltas do meu mundo
na cidade de Natal, convivendo com o meu mal
O avião me levou pro Rio e o ônibus para Angra
quando o calor insuportável me levou para outro quarto
cheguei de noite no porto, na hora, do galo cantar
da janela eu olhei, lá embaixo comida podre, muitos gatos
mas fui ver as jabuticabas, senti a mosquitada
no calor insuportável não tive como dormir,
pela manhã eu fui chupá-las, que delícia...
não fosse abrindo as vidraças para o ar avançar
mas os mosquitos estavam por perto a zoar o galo já tinha cantado e eu no porto me deliciado
Tive que seguir para Brasília, largar os amigos por lá
de bengala, febre alta, desinteria sem parar,
De repente, no Rio tomou-me a febre forte
no hotel, um quarto, outro quarto, a dor a incomodar
uma coceira profunda na perna esquerda
que sacrifício, sucessivos e frequente mal-estar
a me incomodar, as unhas ficaram sem parar,
fui para a OAB trabalhar, pensar e pensar
o Tabak foi logo dizendo: é coisa prá não tocar
o ar quente do cerrado, não quis me abandonar
se mexer, uma hemorragia vai jorrar o tratamento do linfoma pode não funcionar,
Aguardei um tempo a esperar, meses crescia o volume vermelho a amedrontar na perna eu sentia a coceira borbulhar, comecei a apertar, hoje aqui, depois ali sem que adivinhasse se seria algo a calcificar até que um dia uma cabeça começou a brotar
Numa noite de muita coceira, e zueira apertei de cá, apertei de lá, aquele lugar um corpo branco se mostrou a amedrontar o olho mais parecia do bichano a cabeça aperta aqui, aperta ali, busca uma pinça puxa, sai um berne, duro, brancão, de arrepiar
41
“Faça do simples algo absolutamente especial”
Tirei, coloquei num vidro pro Tabak examinar afinal não houve cirurgia, nem hemorragia não é caso de quimioterapia, um berne diagnosticou: Não é coisa de oncologista, o seu linfoma vai sarar, vai curar mas desse bicho você vai sempre se lembrar.
Aurélio Wander Bastos
Cristina Lemos Lucidi
42
Sou mais um sobrevivente.
Amo a vida!
máximo Em 2000, fui acometido por uma neoplasia do sistema linfático
Amo de forma voraz! E sempre quis vivê-la
(câncer), denominada Doença de Hodgkin e tive, depois de andanças por vários consultórios, a graça de conhecer o Dr. Daniel Tabak, este “Ministro da Oncologia” no Brasil.
Sofri na época o baque de ser transformado de médico em pa-
ciente, mas me ancorei nas orações e na feliz receptividade oferecida pelo Centron.
Pude então contornar a situação e colaborar com o tratamento.
No início foi muito duro, pois a quimioterapia propicia a cura, mas também promove uma verdadeira tragédia biológica no organis-
lutando contra tudo e todos!
mo. A queda de cabelos, câimbras e pontadas pelo corpo, perda
Baseado neste princípio, me motivei, no limiar da minha senilidade, a
do paladar, perda do apetite e a consequente perda de peso são
escrever um livro, que passou a ser para mim mais importante que o
apenas um lado de uma gama de sentimentos e sensações tre-
câncer e assim caminhei para o restabelecimento.
mendamente desagradáveis.
Devo a minha história a esta força interior inabalável, a força ema-
Mas além de ser um Carvalho, tão sabiamente descrito no poema
nada pela minha família e fundamentalmente ao apoio valioso e
de Lídia Vasconcelos (“O Carvalho é impressionante. É uma árvore
certeiro de toda a equipe Centron.
forte demais: resiste ao tempo inconstante e não se abala com os vendavais!...”), também tenho outra característica singular:
Orlindo José
43
Quando eu tinha cinquenta e poucos anos um desastre terrível de avião aconteceu, na África, na Costa do Marfim, e nele estavam a
Apologia
- Minha tia, você está fazendo uma apologia ao câncer ?
rainha da minha vida, minha filha Lídia e seu marido Jorge. Dor sangrenta que parece cicatrizada, mas lança sangue sempre que é lembrada. Maurício, meu marido, não suportou o sofrimento e um ano e meio depois faleceu, foi ficar com ela. Naquele tempo não entendi, mas hoje aceito, porque acho que ela não podia ficar, onde
Esta foi a pergunta feita por uma sobrinha, encantadora, que eu tenho. Achei graça e pensando bem, parecia mesmo, tamanho foi o meu entusiasmo ao receber um e-mail, do Centron me convidando para um chá amigo, onde conversaríamos sobre a criação de um livro de depoimentos, poesias ou pensamentos. Que honra eu senti em poder trabalhar ao lado de nosso grande líder Dr. Tabak. Um ano atrás o resultado chegou: maligno... logo veio na minha cabeça: Dr. Tabak! Sim, sei do grande homem que ele é e seria a luz azul que acendeu na hora e a partir daí iluminou o meu novo caminho. Minha estrada já era longa, erros e acertos, alegria e tristezas.
estivesse, longe dos dois. Mas a minha estrada continuou, novas emoções, até alegrias que me fizeram brilhar os olhos outra vez. Mas nova chicotada surgiu – uma cirurgia cardíaca, seis pontes de safena, tropecei em outra pedra, na minha vida já dificil, novo terremoto. ¨E agora, José?¨ pensei eu. Nada a fazer a não ser segurar na mão de Deus, de meus dois filhos, tão queridos, minhas noras, meus netos, parentes, amigos, minha grande psicóloga e médicos fiéis. Até quando? O céu continuava azul, a lua brilhando (Lídia gostava tanto dela!), as viagens me entusiasmaram outra vez e a vida seguiu, anos e anos. Estamos nesse momento passando pela estrada, no ano de 2010, e o tumor apareceu, foi retirado, depois de anos e anos guar-
dado dentro de mim. Operada durante 5 horas, com meu anjo da guarda sempre a meu lado, saí desta ... Bem, voltando ao diagnóstico, eu só queria sobreviver, e aqui estou, fazendo meu tratamento neste grande Centron, austero, bonito e simples pois ele tem a personalidade rara, que mistura
44
A minha história aqui é muito longa, mais
vou resumir o máximo possível.
simplicidade com classe, coisa tão difícil.
Estou lutando contra este mal (câncer linfático) que me devora a
Aonde vou, só Deus sabe, porque Ele cuida de todos através de
alma há mais de vinte anos e tenho resistido a muitos reveses e
seus técnicos esplêndidos. Só sei que gosto imenso de ir lá, me
graças às forças de minha fé em Deus e meus santos protetores
preparo como se fosse ida a um evento; tomo meu cafezinho
tenho vencido todas as crises que o mal tem me causado.
lá embaixo, outro na sala de espera, tomo mensalmente minha
Contudo, não fosse a tenacidade de lutar pela vida, fortalecida
química e quando os anjos da quimio me falam que a injeção
pela dedicação, sinceridade, e capacidade de Dr. Daniel, com sua
vai doer, eu acho graça, pois em dor eu sou doutora e aquela
esplêndida equipe, aos quais sou penhoradamente agradecido,
injeção é um carinho!
por certo não estaria mais aqui para dar este testemunho e render o meu reconhecimento e eterna gratidão, pois por várias vezes
Tenho muito medo... mas sei lá...
estive à beira da partida para o Oriente Eterno, que é o destino de
estou hoje tão plena, tão confiante e segura que ouso dizer:
todos nós. –
Nascer, viver e morrer.
Reiterando minha sincera gratidão a todos.
meu caminho é de pedra MAS eu POSSO sonhar! Eliana Azeredo Augusto da Silva
Walter de Freitas
-irmã, enfermeira, que se chama Viviane Silvestre, através dela, Gostaria de poder colocar num pequeno texto a minha experiên-
conheci Dr. Bruno Nahoum, médico oncologista. Tenho muito
cia depois que fui diagnosticada com “CA de pulmão estágio IV”.
apreço pelos dois: Seres Humanos e profissionais de primeira.
Mas não é possível. Foram dias e noites (principalmente noites) muito difíceis no início.
Por extensão, meus agradecimentos a todos da clínica, sem-
E mesmo com o apoio da família e amigos me sentia, por vezes,
pre muito atenciosos, desde as recepcionistas, às simpáticas que
muito só.
servem o lanche e nos oferecem DVDs para nos distrair, passando
Mas a fé em Deus me salvou. Minha fé me fez buscar o único que
pelas enfermeiras e finalmente aos médicos.
poderia me tirar toda aquela angústia e tristeza e me dar esperança e conforto ao meu coração.
Giselaine Suares Linhares
É por ele e por causa dele que estou de pé, firme, alegre e de bem com a vida. Quando me perguntam como consigo ser assim, a
45
única resposta possível é:
Deus me dá forças! Mesmo assim, e até por isso, gostaria de
agradecer a duas pessoas que me trouxeram até o Centron. Uma clínica em que sou tratada com muito carinho; a uma amiga
46
amigos dizem: - Ézio, como você está bem. Pele bonita. Rosto corado. Cabelos compridos. Sorridente. Então, eu aconselho a todos
um transplantezinho de medula óssea com o Dr. Tabak.
Completam, este fim de ano,
exatos dois anos de meu trans-
Nada melhor para rejuvenescer!
plante autólogo de medula óssea, feito com a equipe do
Sempre admirei os médicos, na sua luta incansável para entender
Centron, na clínica São Vicente, na Gávea. Alguns amigos me per-
este nosso corpo humano tão complexo, com essas doenças
guntam sempre que lembranças eu tenho dessa época do trans-
tão esquisitas. Digo sempre a minha filha, a Penélope, médica,
Ficam surpresos quando digo que tenho apenas boas lembranças. A maneira como a equipe
oncologista, que você conhece, Sandra. Sempre digo a ela que
do Centron encaminhou o meu transplante, o maravilhoso atendi-
um telefone vermelho, para contato direto com o Criador. Não há
mento de toda a equipe da Clínica São Vicente, somente me tra-
outra explicação.
zem boas lembranças. A competência do Dr. Tabak e toda a sua
Todas as noites rezo para que todos aqueles que precisem fazer
equipe, os cuidados carinhosos da Dra. Simone, da Dra. Joana,
um tratamento como o que fizemos, eu e outros tantos, que te-
que foi para os Estados Unidos, da Dra. Marta, do Dr. Renato, são
nham o sucesso e a recuperação maravilhosa como a que eu tive,
aquilo que guardo na memória. Guardo também a eficiência e o
graças à qualidade do trabalho da equipe comandada pelo Dr.
profissionalismo da Sandra.
Daniel Tabak.
Sempre fico impressionado com a minha recuperação, com a
Minha família e eu desejamos a todos vocês que fazem o Centron,
rapidez da minha recuperação. Um mês depois de sair da clíni-
médicos, psicólogos, enfermeiros, funcionários em geral, e, tam-
ca eu estava na minha sala da Universidade trabalhando. Saí
bém, os pacientes em tratamento, um sucesso pelo menos tão
da clínica nos últimos dias de dezembro, viajei para Recife no
bom como o nosso.
sábado dia sete de fevereiro, e comecei a trabalhar na segunda
plante.
alguns médicos, como esses da equipe do Dr. Daniel, possuem
Eternamente grato,
dia 9 de fevereiro. Até hoje. O restabelecimento físico foi gradual, constante e veloz. Hoje meus
Ézio da Rocha Araújo
Câncer,
7 4
Não tenho medo da palavra. Não me deixa triste. Não tenho medo de dizer que tive. Não tenho medo de dizer que mudou meu olhar e prioridades.
Sim, estou aqui e me sinto vencedora. Sim, eu quero ser feliz. Sim, quero ver meu filho crescer. Sim, ainda vou amar muito meu marido. Sim, eu tenho grandes sonhos e planos. Sim, estou aqui para lutar. Sim, vou tropeçar e levantar. Sim, vou estar na companhia dos meus amigos
e familiares.
Sim, aprendi muito com o câncer. Sim, eu tenho que agradecer a vocês:
48
Não acredito que haja nada mais impactante e doloroso na vida de
uma pessoa do que receber o diagnóstico de uma doença como
o câncer e, muitas vezes, seguido do óbito de um ente querido. Ao mesmo tempo nada é mais transformador no ser humano
que o sofrimento. Ele nos faz perceber o mundo de uma outra forma e, se temos fé, entendemos mais claramente qual o verdadeiro sentido da vida. Passar pelo tratamento de câncer com quimioterapia, radioterapia, transfusões, internações e medicações devastadoras não é nada simples, ainda mais quando convivemos com a incerteza da
chance de “cura” ou de uma maior sobrevida. Enfrentei todo esse sofrimento com o meu marido que, no ano de 2004 recebeu o diagnóstico de um linfoma não-Hodgkin, já em estágio bastante avançado e faleceu em julho de 2005, aos 51 anos, deixando muita saudade em mim e em nosso filho Rafael. Quando achei que as feridas cicatrizaram, tive uma nova surpresa.
Dr Tabak e toda equipe da Centron, Wlad, Francisco, Dorinha, Kátia, Sara,
Em 2009 fui surpreendida com o diagnóstico de um linfoma não-
Glauce, Wanda, Frida e David, Léo, Márcia, Claudinha, Cate e Sergio, Silvana
Hodgkin tipo MALT, ainda em estágio inicial. Comecei, então, o
e Lula, Ana Paula e Dario, Denise e Anselmo (Sá Pereira), Claudia Br., Angela
tratamento.
Maximiniano, Regina e Aymara.
Continuo minha vida, meu trabalho, o convívio com as amigas e a
Gaby Atherton
família, não desprezando os momentos prazerosos. Às vezes isso se torna difícil, principalmente quando me sinto mal, mas sempre creio que tudo passará com paciência, perseverança e, acima de tudo, fé em Deus.
49
Eu sempre cuidei da minha saúde, fazendo, periodicamente, exames preventivos. Em 2009 fui surpreendido com um linfoma na região periférica do pâncreas, felizmente não atingido. Durante os meus 78 anos de idade, nunca tive qualquer doença grave.
Sei que estou sendo tratada por excelentes médicos no Centron e que Deus não permitirá que nada me falte.
Aí Deus colocou em meu caminho o Dr. Daniel G. Tabak, essa referência em hematologia e oncologia.
O convívio diário com o meu filho Rafael me faz crer que, apesar de todo o sofrimento,
Quando da 1ª consulta com ele, meu astral estava abaixo de zero, pois uma notícia dessas abala qualquer um emocionalmente.
vida é uma grande bênção. a
“Não se morre de dor. Enquanto há dor, também temos as forças disponíveis para combatê-la e continuar a viver.” (J.D.Nasio)
Como Defensor Público, enfrentei várias dificuldades e as superei, estava ali diante do Dr. Daniel, triste, abatido e derrotado com a notícia. Mas o Dr. Daniel levantou meu ânimo e disse que eu tinha enorme chance de ficar bom. Realmente na 2ª sessão de quimioterapia o linfoma já havia desaparecido quase que totalmente e na 6ª e última, após exame feito, ficou comprovado que eu não tinha mais nada.
A experiência vivida modificou muito minha vida, passando a dar mais valor às coisas simples, aumentar ainda mais a minha humildade, valorizar mais minha família, que me apoiou incondicionalmente. Assim, aproveito a oportunidade para agradecer mais uma vez ao
Soraia B. Ferme
Dr. Daniel Tabak e sua equipe, pela competência e dedicação ao meu caso.
Lino Romano
50
Dar meu depoimento por escrito não é tarefa fácil, pois sei
Por fim, dedico este depoimento ao meu grande amor, meu mari-
que sempre faltará um pouquinho a dizer...
do Sérgio, que me apoiou e apóia em todos os momentos, afir-
Penso que todos estes anos, já são 13 anos juntos, foram impor-
mando em alto e bom tom que, sem ele, nada seria possível.
tantes para que eu desenvolvesse uma grande amizade com o
Obrigada, meu amor!
meu câncer. Tratei de seguir todas as ordens e instruções que recebi, desde o tratamento em si, até pequenos detalhes da minha vida cotidiana. Vir para Centron sempre foi um prazer... eu dizia
Francis
para mim mesma: “Estou indo para um encontro com meus amigos e amigas, para tomar um chá”. Encarei cada obstáculo, superando um por um e encarando cada batalha ganha como prova
Espelhando-me na sua tenacidade, coragem e garra, venci vários
de que minha cura está chegando. Dessa forma, passei a gostar
problemas que encontrei durante a minha vida. E os ultrapassei,
e admirar todos, desde as meninas da limpeza até os grandes
um a um, sem deixar nada para trás, tendo sempre comigo minha
profissionais como o inigualável Dr. Daniel Tabak, nosso grande
querida esposa e companheira.
médico e cientista e a Dra Adriana Thomaz, que nos dá suporte
Hoje, peço, imploro à misericórdia divina pela sua saúde para
para superar as dores do corpo e da alma, com todo o carinho
que possamos caminhar sempre lado a lado pela estrada da
e amor. Acredito que está nesse acolhimento, oferecido também
nossa vida.
pela equipe de enfermagem, a razão da melhora de todos os pacientes. Fica aqui também o agradecimento à Bete, à Sandra e à Mônica, que através dos congraçamentos que têm criado, nos torna cada vez mais unidos na verdadeira amizade entre pacientes e funcionários.
Obrigado meu amor por você existir! Sérgio, marido de Francis
51
Tenho Linfoma e com essa doença consegui encontrar uma estrela brilhante, que é Dr. Da-
Após consulta com Dr. Daniel Tabak, em março de 2001, o diagnóstico Linfoma Não-Hodgkin me levou instintivamente a lhe perguntar quanto tempo de vida eu poderia ter, ao que me respondeu confortadoramente “que eram grandes as chances de cura com tratamento quimioterápico e que a medicina tinha progredido muito nos últimos anos, com excelentes resultados no combate ao Câncer”. A confiança que depositamos no médico e a segurança que ele nos transmite é muito importante para mantermos nossa fé e auto-estima elevadas, estimulando-nos a vencer qualquer resistência da doença.
52
Hoje, com a doença debelada, desejo expressar minha
niel Tabak. Pelo seu talento, transformou o meu drama em bonança. Sabemos que o que você faz é por amor ao ser humano.
AS SUAS VITÓRIAS E CONQUISTAS SÃO CONTADAS PELOS SORRISOS NOS ROSTOS DAQUELES QUE RECUPERAM O PRAZER
DA VIDA!
Sua sabedoria me deu muita fé.
gratidão
Nenhum dever é mais importante do que a
ao hematologista e oncologista Dr. Daniel Tabak e também à sua
vidas, mas sim as pessoas que têm o dom de
gratidão. Não são as coisas bonitas que marcam nossas
louvável equipe, pelo sucesso de meu tratamento e recuperação.
Geni Sihman
jamais serem esquecidas! Com carinho,
Márcia Oliveira dos Santos Galvão
53
Hoje é um dia muito especial para mim, pois tenho a oportunidade de agradecer a toda equipe, principalmente à Dra Simone Maradei, que é uma pessoa espetacular. Nossa luta começou quando minha mãe foi diagnosticada com
54
Agradeço Dr. Daniel (do CENTRON) por tudo: pelo carinho, atenção, dedicação e competência, para isso
estou VIVA!!!!!
O CENTRON para mim é um excelente ponto de
Mieloma Múltiplo. A médica, na época, não pode atendê-la e nos
referência em saúde, procedimentos e dedicação a
deu algumas opções de profissionais. Graças a Deus fomos para o
todos. Obrigada por vocês existirem.
Centron. No início foi muito difícil, pois minha mãe é muito sensível a medicamentos e passava mal além da conta. Foram internações,
Beijos
Katia Pimenta José
infartos, operações, enfim parecia que ela nunca ficaria bem. Nessa época meu pai também foi diagnosticado com câncer de boca e teve que fazer uma cirurgia e radioterapia depois. Foram tempos difíceis, mas nunca perdemos a esperança e a vontade de lutar pela vida. Nessa maravilhosa clínica conhecemos pessoas incríveis, que se ajudavam e se apoiavam na sala de espera.
ISSO É CARINHO. ISSO É AMOR.
55
Toda cura é possível quando se está nas mãos de Deus e de Dr. Daniel.
A nós, cabe ter coragem e muita esperança. No meu caso, consigo aquietar meu coração rezando pelo Centron, por sua equipe e por seus pacientes,
Hoje, os dois estão bem. Ele com 80 anos e ela com 77 anos. Os
pois creio que rezando pelos outros, Deus também
dois escolheram viver. Eles continuam se cuidando e se amando.
me abençoará.
Ana Maria Martino, filha de Luigina Martino
Um abraço,
Maria Elisa Casaes Mendes Pimentel
56
Acabei minha quimioterapia - foram 4 me-
ses num protocolo bem tóxico. Foi um câncer de
mama meio grande (7,5 cm), durante um tempo confundido
com um cisto aquoso, como vários que eu tenho normalmente. Enfim, foi uma quimioterapia dura, com todos os efeitos colaterais a que tive direito. Mas, ao todo, passei muito bem. E graças, lógico, ao apoio maravilhoso da minha família e amigos (dei um BIG susto em todos), mas muito importante - foi a atenção e o
Não sou doida, é lógico que prefiro a minha caminha e
depois os meus passeios - mas quando você está precisando de cuidados, sentir-se bem cuidada, é muito bom!
A experiência deste câncer foi/está sendo muito interes-
sante - preferia não ter tido, claro, mas já que aconteceu, eu quero que isso me deixe alguma coisa boa, alguma mudança positiva. Estou buscando muito isso. É curioso ver tantas mudanças no nosso corpo - e depois espero que tudo mude de volta. Dizem que sim. Vamos ver.
Eu gostaria muito de ouvir o que as outras pessoas têm a
dizer. Acho que quem lutou/luta com esta doença tem muita coisa em comum. Sou católica e sempre fui ligada à religião, tentando viver de acordo com ela. Mas, óbvio, passei a rezar e conversar mais com Jesus e meus santos amigos: pedindo, conversando você pede, você confia, você acredita que vai acontecer.
carinho do pessoal da clínica. A gente chega aqui para a quimio cansada (eu, pelo menos, porque eu vivia cansada), às vezes com dor de cabeça, etc e só encontra gente bem humorada, sem fazer barulho, chamando você carinhosamente pelo nome, perguntando como você está. As enfermeiras Débora e Fernanda, então - carinhosas. Eu costumava dizer para elas que eu adorava estar ali: era tão bom ir para lá.
Éa
FÉ!
Faz uma diferença ...
Um abraço,
Teresa Nunes Ferreira
Não é uma busca, é um encontro. Às vezes temos que enfrentar as mudanças de rumo e então percebemos que os momentos difíceis se diluem com o passar do tempo”
Cláudia Ryfer
“Às vezes, nossa vida é colocada de cabeça para baixo,
“Quando sento para escrever, preciso escavar minha alma.
5
57
para que possamos aprender a viver de cabeça para cima.”
8
Lucia Zarur
59
De penteado novo!
colocá-la, repousei-a sobre minha cabeça de forma errada, pouco torta e fui ajeitando aos poucos, quando descobri, ao olhar para o interior da peruca, que a etiqueta estava na parte superior interna da cabeça, quando na verdade deveria estar embaixo, perto do pescoço. Mudei a posição novamente e ela voltou a ficar
Tomei banho normalmente e lavei minha peruca com cuidado,
mais clara e mais curta como antes...
shampoo cheirosinho e tudo! Após secá-la com o secador, per-
Olha!! Haja mudanças, ora mais bela, ora menos ajeitadinha, e eu
cebi que ela estava mais comprida... e perguntei a meu marido se
indo assim mesmo...
ele também assim achava. Meu marido disse que parecia que sim
A peruca de cabeça para baixo me fez perceber que precisamos,
e que, além do tamanho, a cor da peruca também havia mudado.
vez ou outra, estarmos ao contrário, com a “etiqueta” para baixo,
Pensei: o que está havendo??? Saí para o Centron e, surpreendente-
para descobrir as coisas sob uma nova perspectiva e, assim, per-
mente, ouvi da Mônica que a peruca repicada estava mais moderna.
ceber que
Eu disse: – Nossa, não fiz nada, só lavei e a peruca cresceu e mudou de cor! No dia seguinte, em casa, ao acordar, meu marido disse que tinha uma ponta na parte de trás do cabelo. Então, desci logo para resolver isso no salão. Pedi que fosse cortada só a pontinha, porque era uma peruca, e assim foi feito. Resolvi, quatro dias depois, dar outra lavada na peruca e secá-la novamente, como de costume. Nesse momento de secar e ao
a grande verdade é encontrada quando
estamos de bem com a gente e
com a
vida.
Meu agradecimento a familiares, amigos e à clínica que me assistiu: Queridos, O meu obrigada é singular, diminuto, diante dos sorrisos, da delicadeza e, sobretudo, da eficiência e do zelo recebi dos pela equipe Centron! Venci a primeira batalha, recebendo, é claro, tanto carinho...!! Veremo-nos nos ensaios, para festejar. Beijos com carinho em todos!
Em tempo: À minha família, aos médicos parceiros e aos amigos, sempre por perto de alguma forma, e da melhor forma!! Filhona, mãe, irmãos, tios, marido: meu amor, companheiro!! Estamos aí.
Love you!!!
Felícia Beatriz de C. Sampaio Rachel Martins Jordan
Trabalhar com o câncer
Equipe Centron 2010
Estamos todos na luta e o nosso dia-a-dia é uma correria, um
Adriana Thomaz, Alberto Wasserman, Alexandre Mello, Bete
olhar, um apoio, um sorriso, uma lágrima, um incentivo, uma
Wasserman, Bruno de Freitas, Bruno Nahoum, Claudia Waym-
brincadeira, um canto, uma dança, um momento que pode ser
berg, Daniel Tabak, David Pires, Debora Ramos, Eva Vilma, Fer-
curto ou longo, esperar o inesperado, um sonho, a realidade, rezar
nanda Lemos, Flavio Aguiar, Gilson Ferreira, Gisela Campos, Isa-
sempre...
bela Pereira, Janaina Leaubon, Jane Landin, Jane Marques, Jorge
Estamos todos na luta e são tantos amigos, tantas histórias, momentos de dor, alegria, impotência, vitórias, frustração, paciência, lutas constantes e inconstantes, desequilíbrio, equilíbrio, perdas e ganhos... Estamos todos na luta,
no mesmo barco,
remando na mesma direção, nos apoiando, nos consolando, nos erguendo, nos ajudando, somos tantos e somos um...
Sancho, Juscelino Teixeira, Karen Athié, Karla Cristina, Keyla Nodari, Leonardo Javier, Luanna Amaral, Luciana Lopes, Luciana Malta, Luciene Souza, Luis Olivatto, Luiz Gustavo, Marcelo Nazar, Márcia Simões, Marcia Schramm, Maria de Lourdes da Silveira, Marta Colares, Michel Malta, Mônica Rodrigues, Sandra Falcão, Silvio Cabral, Simone Maciel, Simone Maradei,Viviane Rodrigues
Estamos tod na luta! Sandra Falcão
LOGO CENTRON
Compromisso com a vida
Impresso com miolo em reciclato 90 gr e capa em kraft 300 gr
Compromisso com a Vida