Domínio FEI 21: Investimento na área de Defesa

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Editorial

União fundamental à sociedade Marcelo Antonio Pavanello Vice-reitor de Ensino e Pesquisa Centro Universitário da FEI

A tecnologia tem sido uma grande aliada da medicina há muito tempo, mas, nas últimas décadas, o casamento entre saúde e engenharia/tecnologia tem permitido avanços antes inimagináveis. De sistemas eletrônicos para marca-­passos mais longevos a equipamentos diagnósticos de última geração, essa integração traz benefícios a todo o conjunto da sociedade. Quando pensamos em tecnologia médica e diagnóstica, logo nos lembramos de equipamentos de grande complexidade, como ressonância e PET SCAN. No entanto, são as pequenas soluções tecnológicas que podem causar grande impacto na vida das pessoas – como testes portáteis de glicose e colesterol ou inoculadores de insulina, todos possíveis de carregar no bolso – que nos dão a exata dimensão da importância dessa parceria. As áreas de eletrônica, mecânica e materiais têm contribuído muito com uma infinidade de novidades que tendem a beneficiar a qualidade de vida e a saúde de muitos indivíduos com problemas crônicos. Um bom exemplo são as próteses inteligentes, os exoesqueletos e as cadeiras de rodas funcionais, equipamentos que oferecem mais autonomia a pessoas que sofreram lesões de medula ou perderam membros. Como imaginar, há alguns anos, que um indivíduo com duas próteses de membros inferiores conseguisse correr, como fazem os atletas das Paralimpíadas? Somente a tecnologia poderia nos possibilitar isso. Orgulha-nos saber que nossos professores, pesquisadores e alunos têm voltado seu olhar para a importância dessa união. Muitos dos projetos de pesquisa desenvolvidos no Centro Universitário da FEI nos últimos anos visam usar os conhecimentos da Engenharia a serviço do bem comum. Exemplos não faltam, inclusive de nossos alunos de graduação com seus trabalhos de conclusão de curso, além das pesquisas de nossos docentes, mestrandos e doutorandos. Nesta edição, alguns desses projetos estão sendo apresentados nas matérias de Pesquisa & Tecnologia e Responsabilidade Social. Todo pesquisador tem consciência de que, por estar na fronteira do conhecimento, nem sempre é possível encontrar respostas rápidas. Entretanto, quando há interface com a saúde os resultados podem ser perceptíveis em curto prazo. Diante do avanço das pesquisas em nanotecnologia, em processamento de sinais e inteligência artificial, entre tantas outras áreas, podemos vislumbrar, em um futuro próximo, que até mesmo os aparelhos celulares poderão ter uma importante função na saúde. Afinal, tudo é possível em termos de inovação e, quando o objetivo é nobre, vale todo o esforço de pesquisa. outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei

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espaço do leitor

Revista Domínio FEI Publicação do Centro Universitário da FEI

expediente “Primeiramente, parabéns pelas excelentes matérias publicadas no periódico Domínio FEI. Eu me formei na FEI em 2007, cursei Engenharia Elétrica com ênfase em Telecomunicações. Mesmo passando por dificuldades, me dediquei muito e fui o melhor aluno da turma, recebendo prêmio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA). Posso dizer que a escolha em cursar a FEI mudou minha vida, aprendi muito nesta época. Nasci no interior, juntei dinheiro (trabalhava como técnico em eletrônica), prestei o vestibular e fui morar na capital na ‘cara e coragem’. Atualmente, sou coordenador técnico na empresa Mectron, e um dos responsá­ veis pelo projeto de um míssil antirradar cuja tecnologia faz do Brasil ser o terceiro País no mundo a deter tal tecnologia. Minha equipe é composta por 14 engenheiros altamente qualificados, e acredito que a FEI, além de fornecer uma excelente bagagem técnica, me preparou para gerir uma equipe. Tenho muito orgulho de ter me formado na FEI.” Luiz Rubens Lencioni Engenharia Elétrica com ênfase em Telecomunicações – Turma 2007

“Sou da turma dos mecânicos 1966, a última da rua São Joaquim! A matéria ‘Fundamentais para a reciclagem’ (19ª edição), com entrevista do professor doutor Jacques Demajorovic, é de extrema importância, pois levanta um quadro entristecedor e preocupante da situação dos catadores de materiais recicláveis. Tenho uma sugestão: utilizar o livro/estudo do professor para elaborar uma proposta ao governo federal para inserir os catadores e demais trabalhadores da cadeia de reciclagem em uma legislação específica, para cuidar dos aspectos trabalhistas, de segurança no trabalho e saúde ocupacional, objetivando oferecer-lhes condição de vida adequada, segura, com dignidade. Seria uma enorme contribuição da nossa querida FEI com um alto propósito/motivação social. Desejo aplaudir o trabalho feito pelo digníssimo professor Jacques Demajorovic. A leitura trou­xe a oportunidade de me manifestar sobre uma enorme preocupação que está alojada em minha mente há bastante tempo. Parabéns a todos da equipe FEI.” Paulo Faria Engenharia Mecânica – Turma 1966

Fale com a redação A equipe da revista Domínio FEI quer saber a sua opinião sobre a publicação, assim como receber sugestões e comentários. Escreva para Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972, Bairro Assunção S.B.Campo - SP - CEP 09850-901, mande e-mail para redacao@fei.edu.br ou envie fax para o número (11) 4353-2901.

Centro Universitário da FEI Campus São Bernardo do Campo Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972 – Bairro Assunção São Bernardo do Campo – SP – Brasil CEP 09850-901 ­– Tel: 55 11 4353-2901 Telefax: 55 11 4109-5994 Campus São Paulo Rua Tamandaré, 688 – Liberdade São Paulo – SP – Brasil – CEP 01525-000 Telefax: 55 11 3274-5200 Presidente Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J. Reitor Prof. Dr. Fábio do Prado Vice-reitor de Ensino e Pesquisa Prof. Dr. Marcelo Pavanello Vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias Profª. Drª. Rivana Basso Fabbri Marino Conselho Editorial desta edição Professores doutores Carlos Eduardo Thomaz, Camila Borelli, Edmilson Alves Rodrigues e Rodrigo Magnabosco Coordenação geral Andressa Fonseca Comunicação e Marketing da FEI Produção editorial e projeto gráfico Companhia de Imprensa Divisão Publicações Edição e coordenação de redação Adenilde Bringel (Mtb 16.649) Reportagem Adenilde Bringel, Fernanda Ortiz, Elessandra Asevedo, Fabrício F. Bomfim (FEI) Fotos Arquivo FEI e Ilton Barbosa Programação visual Thiago Alves Tiragem: 18 mil exemplares

Em virtude do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mails recebidos. No entanto, nossa equipe agradece a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação. As matérias publicadas nesta edição poderão ser reproduzidas, total ou parcialmente, desde que citada a fonte. Solicitamos que as reproduções de matérias sejam comunicadas à redação pelo e-mail redacao@fei.edu.br.

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Centro Universitário da FEI Instituição associada à ABRUC

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Sumário

26 ENTREVISTA

Stefan Kalm/saabgroup.com

Engenheiro mecânico formado pela FEI em 1985, o executivo José Eduardo Luzzi, presidente da MWM International, conta como foi sua carreira e como está o mercado de motores diesel no Brasil e na América Latina

matéria de Capa

Centro Universitário da FEI participa de ações regionais que visam levar o Grande ABC a ser polo de pesquisa e inovação em diferentes áreas, com destaque para o setor de Defesa

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DEstaques

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DESTAQUE JOVEM

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Concurso Travessia desafia alunos a construir pontes FEI e Telefônica Vivo inauguram laboratório em parceria Semana da Administação, Ciência da Computação e Engenharia SICFEI apresenta 151 pesquisas de iniciação científica Feira de Empreendedorismo apresenta projetos de alunos Pesquisa de Engenharia de Materiais é destaque em congresso Grupo de alunos vence concurso na área de material composite Estudo de Engenharia Elétrica ganha prêmio no SFORUM Robótica e Inteligência Artificial em encontro internacional Alunos são beneficiados por programas educacionais Mapas Conceituais são usados no curso de Administração Pesquisadores do Grande ABC se reúnem em simpósio Dois encontros selam a amizade de ex-alunos da FEI Ideias sobre uso da água ganham prêmio da FIESP Projetos de estudantes são vitoriosos em várias competições

Engenheira têxtil formada em 2007 é gerente de produção em multinacional da área de artigos esportivos

PESQUISA & TECNOLOGIA

Processamento de sinais é tema de pesquisa desenvolvida por docentes e alunos de mestrado em Engenharia Elétrica Estimulador elétrico pretende auxiliar deficientes visuais a identificar sinais por meio de sensação eletrotátil

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responsabilidade social

Trabalhos de conclusão de curso dos estudantes do Centro Universitário também estão voltados à sociedade

ARTIGO

Criatividade e recursos de Engenharia podem tornar produtos diferenciados para consumo do cliente

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Resistência Concurso Travessia inclui fundações com pilar central para a construção das pontes

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setor da construção civil em­ prega mais de 3 milhões de tra­ balhadores no Brasil, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), e parte desse con­ tingente é formada por engenheiros civis. Embora as expectativas para o setor para os próximos anos ainda sejam incertas, o fato concreto é que a área tem crescido nos últimos anos e, para isso, necessita cada vez mais de profissionais. Com objetivo de estimular o gosto pela Enge­ nharia Civil, o Centro Universitário da FEI desenvolve, há seis anos, o Concurso Travessia. O foco é oferecer a estudantes do ensino médio, e da própria Instituição, uma oportunidade de vivenciarem um projeto de Engenharia completo, esti­ mulando novas habilidades e prevendo dificuldades. Para tanto, os estudantes são desafiados a construir uma ponte

Projetos apresentam Das quatro equipes de estudantes da FEI inscritas na categoria PRO, o time ‘Quinto Civil’ obteve a melhor pontuação com uma ponte que suportou 100 quilos. Para a estudante do 5º ciclo de Engenharia Civil e integrante da equipe, Gabriela Lilia Akemi Iha, a conquista do primeiro lugar reflete o desempenho do grupo. “Estávamos confiantes, pois a construção da ponte foi bem planejada e estruturada. Criamos o projeto, consertamos falhas, fizemos pesquisas e tivemos nossa dedicação recompensada com o primeiro lugar”, comemora a estudante. Na categoria ABC, a equipe ‘Soldados de Cesar’ participou do concurso. A categoria EMC, que integra alunos do

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com palitos de sorvete e cola

André Pereira Amann, coordenador do curso de Engenharia Civil da FEI e orga­ nizador do concurso. Para o docente, desta forma o desafio se torna ainda mais completo, pois exige mais pesquisa e planejamento para o desenvolvimento de uma fundação com melhor desempenho. Os alunos tiveram apenas quatro horas para a construção das pontes e 60 segundos para instalação das mesmas sobre a areia e o encaixe do pilar. A comissão técnica avaliadora, formada por professores da Instituição, julgou a resistência das pontes e critérios como

criatividade nas soluções, estética e rela­ tório técnico (específico para a categoria profissionalizante). “O concurso estimula o planejamento, a dedicação, o raciocínio, a criatividade, o trabalho em equipe e o cooperativismo dos estudantes”, enumera o professor Kurt Amann. Realizado nos dias 29 e 30 de setem­ bro, o Travessia teve participação de 60 equipes, compostas por estudantes de 33 escolas de ensino médio da Grande São Paulo e por alunos da FEI, inscritos nas categorias ABC: primeiro e segundo ciclos dos cursos de Ciência da Computação, Ad­ ministração e Engenharia, e PRO: terceiro ciclo em diante. O professor Kurt Amann afirma que é estimulante ver a dedicação dos estudantes no Concurso Travessia, porque, mesmo não alcançando os melho­ res resultados, todos são incentivados ao aprendizado. “Mais do que atração, o Tra­ vessia se destaca por despertar nos jovens um desafio de Engenharia, de desenvolver novas habilidades, adquirir conhecimen­ to, buscar soluções e estimular o interesse pela pesquisa. Essas ações favorecem a procura pela área, que necessita de novos talentos”, enfatiza.

Na cerimônia de premiação, realizada dia 21 de outubro, a equipe da categoria Ensino Médio foi contemplada com um computador para a escola e um tablet para o professor responsável pelo grupo. Além disso, outras equipes receberam menção honrosa nos quesitos cooperativismo, pôster, relatório técnico (obrigatório para a categoria profissionalizante), estética, criatividade, maior carga suportada e maior carga suportada na fundação. Duas equipes da Escola Estadual Profa. Therezinha Sartori, de Mauá, receberam menção honrosa em dois quesitos não obrigatórios: pôster e relatório técnico. Para a professora Débora Gomes, que

acompanhou as equipes, é um motivo de orgulho para a escola ver o empenho dos alunos, que já pensam no próximo desafio. “Não ficamos entre os melhores, mas o fato de ser a única escola do ensino médio a entregar o relatório técnico e ter o trabalho reconhecido foi uma grande motivação para nossos alunos, que pelo segundo ano participam do Concurso Travessia e se dedicam ao desenvolvimento de todo o projeto, do planejamento à montagem final”, ressalta. O segundo lugar ficou com a equipe Azarão, do Colégio da Polícia Militar de Santo André, e o terceiro colocado foi a equipe WoodBridge, do Colégio Barão de Mauá.

ETEC Professora Ermelinda Giannini Teixeira venceu na categoria Ensino Médio

apenas com palitos de sorvete, barbante, cola e clipes de papel. A grande novidade deste ano foi a inclu­ são do desafio de Geotecnia, que considera o solo como parte da obra. Assim, além de testar a resistência da estrutura por meio da aplicação de cargas, os alunos tiveram de construir pontes com fundações e pilar central. “Com a fundação sobre o tanque de areia temos, além do coeficiente de eficiên­ cia estrutural que relaciona a maior carga suportada com o peso da ponte, também a consideração da eficiência da fundação da ponte”, explica o professor doutor Kurt

bons resultados ensino médio, apresentou projetos interessantes e com estéticas inovadoras. Com 369 pontos, a equipe ‘Rocket’, da ETEC Professora Ermelinda Giannini Teixeira, de Santana do Parnaíba, conquistou o primeiro lugar. A professora de Química da escola, Marta Adelina Abad, atribui esse resultado à organização e ao comprometimento dos alunos com o desenvolvimento do projeto. “Já participamos de outras edições e por duas vezes ficamos entre os 10 melhores. Conquistar o primeiro lugar foi uma surpresa e um grande orgulho para nossos alunos, que ganham mais que um prêmio, pois adquirem conhecimento, novos horizontes e lições de trabalho em grupo, organização e criatividade”, comemora.

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Inovação em Internet das Coisas Laboratório recéminaugurado é fruto de parceria firmada entre a FEI e a Telefônica Vivo

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s parcerias entre instituições de ensino superior e o setor indus­ trial permitem o desenvolvimen­ to de projetos inovadores e a construção do conhecimento com foco na aplicação, o que proporciona inúmeros ganhos a todos os envolvidos, especialmente aos alunos. Com tradição na formação de profissionais voltados para o mercado de trabalho, o Centro Universitário da FEI acaba de inau­ gurar, em parceria com a Telefônica Vivo, um espaço destinado ao desenvolvimento de tecnologias digitais. O Centro de Inova­ ção Telefônica Vivo e FEI está instalado no campus São Bernardo do Campo e tem por meta incentivar os alunos a desenvolverem projetos sobre Internet das Coisas, usabi­ lidade de aplicativos, plataforma Firefox OS, interfaces adaptativas e estudo sobre perfis de usuários. O novo espaço destina-se a alunos dos cursos de Ciência da Computação, Engenharia de Automação e Controle e Engenharia Elétrica, com ênfase em Eletrônica, Computadores e Telecomuni­ cações. Para atender às necessidades dos estudantes, o laboratório foi equipado com computadores, aparelhos celulares, sensores, componentes de hardware e kits de Internet das Coisas desenvolvidos pela Telefônica Vivo. “O desenvolvi­ mento de laboratórios de pesquisa em cooperação com empresas qualificadas caracteriza o esforço da FEI em oferecer espaços privilegiados para a criação de novas ideias e para o alinhamento de in­ teresses entre a universidade e a socieda­ de. Estes são requisitos imprescindíveis para gerar inovação”, reforça o professor

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Novo espaço destina-se às áreas de Computação, Automação e Controle e Elétrica

doutor Fábio do Prado, reitor do Centro Universitário da FEI. A Instituição designou um professor de dedicação integral para o laboratório, e a Telefônica Vivo concedeu duas bolsas de estudos integrais para um aluno de mes­ trado e um de doutorado. Além de pesqui­ sas aplicadas, o Centro de Inovação será um espaço para palestras e discussões. “A interação que teremos com a FEI por meio desta parceria irá nos ajudar a aprofundar

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o conhecimento de temas e a impulsionar o desenvolvimento de projetos, que natu­ ralmente enriquecerão nosso ecossistema de inovação”, afirma Roberto Piazza, diretor-executivo de Negócios Digitais da Telefônica Vivo. Os alunos também terão a possibilidade de estudar, como parte da sua formação, esta área emergente que é a Internet das Coisas, agregando valor para o currículo e gerando conhecimento para a vida profissional.

Benefícios para todos Segundo o professor doutor Vagner Barbeta, diretor do Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais (IPEI), projetos como esse tentam preencher a dificuldade que as pesquisas científicas têm de sair da academia e chegar às empresas. O diretor afirma que há muita expectativa em relação ao laboratório e, por isso, deseja que esta seja uma experiência de sucesso. “Esta parceria serve para reforçar, mais uma vez, a relação que a FEI sempre teve com o setor industrial e o potencial para o desenvolvimento de projetos de tecnologia. Com o andamento das atividades do laboratório, acredito que em breve teremos importantes resultados sendo alcançados”, pontua, ao ressaltar que são acordos como esse que beneficiam a Instituição, a empresa, os pesquisadores e os alunos.


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Semana tem extensa programação Evento reúne palestras e minicursos para contribuir com a formação dos alunos

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om 166 palestras e 92 minicur­ sos ministrados por docentes e representantes de empresas reco­ nhecidas no mercado, como 3M, General Motors, Basf, Intel, Natura e Microsoft, a Semana da Administração, Ciência da Computação e Engenharia do campus São Bernardo do Campo da FEI apresentou uma programação extensa e diversifica­ da. A professora doutora Rivana Basso Fabbri Marino, vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias, afirma que as oportunidades oferecidas pela semana permitem ao aluno o exercício de autono­ mia para escolher o que quer assistir ou estudar, além de possibilitar uma abertura da visão e do conhecimento, exercendo a parcela de responsabilidade que tem pela própria formação. “Os palestrantes convidados forne­ cem informações do mundo empresarial e do mercado de trabalho. Trata-se de uma iniciativa inovadora, pois os temas são complementares aos tratados em sala de aula e isso diversifica o conhecimen­

to e a experiência dos nossos alunos”, ressalta o professor doutor Hong Ching, coordenador do curso de Administração no campus São Bernardo do Campo. Para o professor doutor Flavio Tonidandel, coordenador do curso de Ciência da Com­ putação, o evento permite ao estudante ter contato com o que há de novo e com as tendências no mercado de trabalho atual, o que é um diferencial em relação ao aluno que fica apenas em sala de aula. Os graduandos concordam com os benefícios de participar. Luiz Fernando Batista Lopes, do 9º ciclo de Engenharia­ Mecânica, pediu licença no estágio e participou de oito minicursos e três palestras. Para o jovem, o currículo dos profissionais e os títulos dos professores fazem com que as atividades tenham conteúdo e colaborem para a expansão do conhecimento. A estudante Tassiana Padeiro, do 7º ciclo de Engenharia de Produção, diz que é necessário vivenciar casos reais, bem como conhecer as dife­ rentes áreas de atuação e fazer network. “Participei de uma palestra ligada à área de meu interesse e aprendi mais sobre o desenvolvimento de um site otimiza­ do para vários tipos de computadores. Eventos como este deixam mais evidente para os estudantes o que o mercado de trabalho está buscando”, elogia Marcos

Alexandre de Santana Filho, do 5º ciclo de Ciência da Computação. O evento gerou comentários positivos também dos convidados. Segundo Manoel Bispo, gerente de excelência operacional da Solvay, a empresa procura identificar pro­ fissionais que tenham o entusiasmo pela profissão e, principalmente, pelo desejo de aprender e aplicar esses ensinamentos. “Não existe mais o profissional que resolve problemas ou tem boas ideias sozinho. Os melhores são aqueles que não têm vergo­ nha de dizer que não sabem, que têm a humildade de perguntar e solicitar ajuda, mas que, ao mesmo tempo, têm um grande foco no resultado a ser obtido”, acrescenta. Para Frederico Roldan, diretor de Supply Chain para a América do Sul da General Motors, a empresa entende que essa troca de conhecimentos é essencial para ambas as partes. “Iniciativas que aproximam a indústria do meio acadêmi­ co trazem benefícios para todos, pois ofe­ recem oportunidades para a aproximação de novos profissionais no mercado de trabalho”, afirma. O diretor de compras da montadora, Claudio Rodrigues Bello, reforça que a proximidade da área aca­ dêmica com o mercado de maneira mais perene permite que permaneçam alinha­ dos, atualizados e com acesso às melhores práticas para estimular a inovação.

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Simpósio registra aumento no número de pesquisas Avaliadores destacam qualidade dos estudos apresentados pelos estudantes no SICFEI

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or meio das pesquisas que rea­ lizam, os alunos de graduação do Centro Universitário da FEI mostram que é possível criar metodolo­ gias que ajudam a aumentar a qualidade de vida de pacientes, melhorar o trânsito das cidades, empregar corretamente ma­ teriais reciclados, projetar equipamentos eficientes e seguros, viabilizar medidas que maximizem lucros nas empresas, co­ laborar com grupos carentes e até mesmo desenvolver novas metodologias didáti­ cas dentro das universidades. Além de colaborar com o avanço do conhecimento e, consequentemente, com o desenvol­ vimento do País, o envolvimento do estudante em pesquisas gera habilidades

e competências que o torna um profissio­ nal altamente qualificado para o mercado de trabalho e para a pós-graduação. Na FEI, todos os alunos têm a opor­ tunidade de se aprofundar nas diversas áreas do conhecimento por meio da parti­ cipação em projetos apoiados pelas coor­ denações de Iniciação Científica (PBIC), Iniciação Didática (PRO-BID) e de Ações Sociais e Extensão (Pro-BASE). Esses trabalhos são apresentados anualmente no Simpósio de Iniciação Científica, Di­ dática e de Ações Sociais de Extensão da FEI (SICFEI) para que sejam avaliados por docentes da Instituição e por pesqui­ sadores convidados. Os destaques deste ano foram o crescimento expressivo no número de projetos inscritos – 151 –, a participação de alunos estrangeiros e a percepção de qualidade reportada pelos avaliadores. Segundo o professor doutor Gustavo Hen­r i­que Bolognesi Donato, membro do comitê organizador do SICFEI e

coordena­dor do Programa de Bolsas de Iniciação Científica, o aumento de 54% no número de trabalhos em relação ao ano anterior – em 2013 foram 98 – é re­ sultado do apoio crescente da Instituição ao programa, mas, principalmente, do aumento de consciência dos estudan­ tes de que o sucesso de longo prazo é fortemente favorecido, ainda durante a graduação, pela exposição a desafios mais profundos que os de sala de aula e que possam cultivar maior flexibilidade intelectual e autossuficiência na solução de problemas. Por meio de palestras para esclarecimento de dúvidas e atendimento personalizado para orientação específica aos estudantes na busca de projetos e orientadores, os programas têm conse­ guido aproximar os alunos de estudos que se adequem ao seu momento de vida e às suas expectativas profissionais. Para o docente, os alunos que par­ ticipam dos projetos ganham amadu­ recimento, melhoram as competências

Tecnologia aplicada e preocupação social Entre os trabalhos de Iniciação Científica, um dos destaques foi o estudo da aluna Tami Aline da Cruz, que ficou surpresa com o resultado frente a tantos projetos de qualidade apresentados no simpósio. Com o tema ‘Uso de cimento de aluminato de cálcio como ligante para a produção de emulsões cerâmicas’, a estudante do 6º ciclo de Engenharia Química visa estabelecer condições experimentais para avaliação do cimento por meio de medidas de viscosidade e condutividade ao longo do tempo. “O segredo da pesquisa é ir além e devemos tirar máximo proveito dessa oportunidade de iniciação científica, procurar aplicações

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industriais, comerciais, utilidades no dia a dia, entre outras, e não ficar apenas focado no que fazemos no laboratório”, pontua. O aluno Rodrygo Figueiredo Moço, do 10º ciclo de Engenharia Mecânica, recebeu o destaque pelo estudo ‘Potencial de Corpos de Prova Charpy Pré-Trincados (PCVN) na Determinação de Curvas de Propagação de Trinca à Fadiga de Aços Estruturais’, que teve como objetivo desenvolver uma metodologia para ensaiar a vida em fadiga de aços estruturais usando amostras em miniatura, cujos testes se mostraram viáveis, com pouco espalhamento experimental e boa repetibilidade. O estudante acredita que o fato de ter

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concluído dois projetos de iniciação científica colaborou para seu melhor desempenho durante a graduação. “Tornei-me um aluno mais motivado a estudar e, como consequência, acabei sendo agraciado com três menções honrosas como melhor aluno da Engenharia Mecânica do período diurno e com uma bolsa de estudos pela Tenaris Confab por meio do programa Roberto Rocca. Todo esforço empregado durante a graduação valeu a pena”, comemora. O aluno também foi agraciado, em 24 de outubro, com menção honrosa do VII Simpósio de Iniciação Científica da Universidade Federal do ABC (UFABC). Também considerada destaque no SICFEI,


Alunos vencedores da edição 2014 do Simpósio de Iniciação Científica, Didática e de Ações Sociais de Extensão

técnicas e, no geral, conquistam melhor rendimento acadêmico e maior estabili­ dade das notas ao longo dos semestres, já que são expostos à metodologia cien­ tí­f ica, a desafios mais aprofundados em­ relação àqueles que fazem parte da­grade curricular padrão e passam a estudar e resolver seus problemas de maneira estruturada e crítica. “Conse­ quentemente, os programas de iniciação oferecem valiosa diferenciação dentro

do processo de formação. Em relação aos trabalhos expostos no SICFEI, a qualidade surpreendeu os avaliadores e a média de notas ficou elevada”, destaca. O simpósio foi totalmente patrocinado pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e teve a participa­ ção de cinco alunos franceses que fazem intercâmbio na FEI. A comissão julgadora foi composta de 58 professores do Centro Universitário

e de instituições convidadas, que obser­ varam aspectos técnicos, organização do conteúdo, clareza e objetividade, assim como uso correto da língua portuguesa e relevância do trabalho no contexto da sociedade atual, entre outros quesitos. Dos 151 trabalhos relacionados a todos os departamentos de ensino da FEI, cinco foram considerados destaques: três de Ini­ ciação Científica, um de Iniciação Didática e um de Ações Sociais e de Extensão.

a pesquisa ‘Prontuário Eletrônico do Paciente com Estrutura Centralizada de Assinatura Eletrônica’, do aluno Gabriel Tamassia Martinez, do 8º ciclo de Ciência da Computação, avalia a aplicação de mecanismos de segurança da informação em imagens de prontuário digitalizados de pacientes, para utilização em sistemas gerenciadores de prontuários. “A conquista é fruto da parceria e ajuda de pessoas que sempre me apoiaram”, afirma o aluno, ao lembrar a citação de Isaac Newton: ‘Se vi mais longe foi por estar sobre os ombros de gigantes’. Na área de Iniciação Didática venceu o trabalho ‘Construção de material didático

dinâmico para ampliar as competências em Sociologia Organizacional’, da aluna Gabriela Cristina Costa da Costa, do 8º ciclo de Engenharia de Produção. O estudo tem como objetivo a elaboração de um material mais atual, dinâmico e que desperte o interesse dos alunos para a disciplina. “Para a execução do projeto foram utilizados artigos científicos e jornalísticos dos principais veículos de informação, trailers de filmes relacionados aos temas abordados na disciplina, fóruns de discussões e premiações. Também foram elaborados tutoriais com instruções gerais e um roteiro de estudo extraclasse”, explica. Já na área de Ações Sociais e de Extensão,

o destaque foi o projeto ‘Pelas mãos de Alice: a leitura como transposição do ser’, de autoria da estudante Gabriela da Silva Vieira, do 6º ciclo de Administração. O projeto de ação social apresenta a leitura a moradores de abrigos como caminho para resolução de seus problemas. “Ter meu projeto destacado mostrou que fiz a escolha certa, a de ser voluntária. Um mês antes do SICFEI apresentei meu trabalho para um adolescente do projeto e ele disse que eu iria ganhar, pois o trabalho foi desenvolvido sobre crianças maravilhosas e abençoadas. Ao ouvir meu nome, me emocionei lembrando da frase dele”, comenta.

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O despertar da iniciativa empreen

Feira de Empreendedorismo do campus São Paulo permite que alunos desenvolvam ideias de negócios

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ecente pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor, a GEM Brasil 2013, tem resultados favoráveis em relação ao empreendedorismo no País nos últimos 12 anos. Com o aumento da taxa de empreendedores iniciais estima-se que 40 milhões de brasileiros, entre 18 e 64 anos, estejam envolvidos com alguma atividade empreendedora. Embora os números sejam positivos, ainda falta aos empreendedores entenderem a importância de seus negócios para a geração de empregos, renda e tecnologia que colaboram com o desenvolvimento do País. O tema foi discutido no Centro Universitário da FEI durante a 16a Feira do Empreendedorismo, realizada dia 8 de novembro no campus São Paulo. O estudo indica dois perfis de empreendedor: aquele que ini­ cia o negócio autônomo por não possuir outra ocupação e pensa apenas na geração de renda para a família, e aquele que identifica uma chance de negócio e empreende mesmo tendo alternativa de renda. De acordo com a pesquisa, dos empreendedores iniciais, 71% teve a iniciativa por oportunidade e 28% por necessidade. Com esses números, o Brasil está à frente dos cinco países do grupo dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China). “Há 20 anos, este mercado era formado por empreendedores por necessidade e o novo cenário é muito positivo. No entanto, muitos ficam na zona de conforto e não evoluem por acharem que o rendimento

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e o retorno financeiro estão bons”, enfatiza Maria Rita Spina Bueno, diretora-executiva da Anjos do Brasil, entidade parceira da Feira de Empreendedorismo que fomenta o investimento semente (anjo). Segundo a executiva, que foi jurada na feira, é necessário ter uma visão mais ampla de empreendedorismo, pois o brasileiro é criativo e pode gerar grandes inovações para o País. Além disso, são os empreendedores que criam empregos, fator importante para o desenvolvimento. Para o especialista financeiro na Startup House e ex-aluno de Administração da FEI, Ayrton Motoyama, que também par­ ticipou como jurado da feira, no Brasil, os empreendedores são desencorajados devido à carga tributária pesada e à cultura de que é melhor ter um emprego em uma grande empresa ou ser concur­ sado em vez de ser um empreendedor. “Um artigo da doutora em política científica e tecnológica, Sabine Righetti, apresenta duas hipóteses para essa realidade: países de economia historicamente instável, como o Brasil, tendem a educar seus jovens para que arrisquem menos. A segunda hipótese é o desestímulo da própria família em relação a se arriscar para criar novos negócios e novas soluções”, complementa. Os especialistas acreditam que as universidades são funda­ mentais para despertar e capacitar os alunos para o empreen­ dedorismo. Maria Rita Spina Bueno garante que é um mito a história de que um indivíduo já nasce empreendedor, pois acredita na possibilidade de desenvolver e capacitar para empreender. Por isso, sugere que as instituições de ensino despertem nos alunos o interesse pelo tema, por meio de eventos e inserção do assunto em todas as disciplinas, não apenas em matérias com conhecimentos específicos. “A universidade faz a capacitação,


dedora na educação Primeiro contato A edição 2014 da Feira de Empreen­ dedorismo da FEI recebeu 16 trabalhos de alunos do curso de Administração, que podem ser colocados em prática por futuros empreendedores e contemplam diferentes segmentos de serviços e produtos. Entre as ideias apresentadas estão uma consultoria em projetos sociais, que faz intermedia­ ção entre voluntários e instituições; um sistema de pagamento digital utilizando as impressões digitais dos clientes no ponto de venda; e uma padaria com foco em produtos saudáveis e saborosos. Para o coordenador do evento, professor Luiz

Ojima Sakuda, do Departamento de Ad­ ministração, a feira é uma oportunidade de aplicar e integrar os conhecimentos adquiridos durante o curso e permite que os estudantes tenham as primeiras expe­ riências e conheçam melhor o mercado, além de interagir com profissionais da área e ter o retorno de potenciais clientes, forne­ cedores, colaboradores e investidores. “Essa oportunidade possibilita aos estudantes entenderem os desafios de empreender para se prepararem melhor como profis­ sionais. Este tipo de evento pode ajudar a aproximar a academia – alunos, docentes e pesquisadores –, empresários, investidores, gestores públicos e de órgãos de fomento e de apoio, consultores e outros profissio­ nais, o que é fundamental para o fortale­ cimento do ecossistema empreendedor e a difusão de modelos e boas práticas”, diz.

Reflexões em Administração

Arquivo pessoal

Os alunos de Administração do campus São Paulo também discutiram assuntos extracurriculares e tiveram contato com profissionais da área durante a Semana da Administração, em outubro. Sete palestras foram ministradas por professores e convidados que abordaram temas como finanças pessoais, impacto das políticas públicas, cenários econômicos, ­business cases – Motorola e Inovação, Varig e Governança Corporativa – e negócios sociais. Os alunos participaram, ainda, de jogos interclasses com partidas de futebol de salão e handebol feminino. “O evento possibilitou aos estudantes receberem informações do mercado de trabalho por meio de depoimentos e debates com profissionais renomados da Administração e áreas interligadas. Com isso, tiveram contato com casos reais e práticos que não são normalmente apresentados em salas de aula”, explica o professor doutor William Sampaio Francini, coordenador do curso de Administração do campus São Paulo.

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por isso, é necessário que seja mais ativa e crie oportunidades para que os alunos empreendam na prática e participem de estágios em startups”, acredita.

Reconhecimento de trabalho de especialização

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Um trabalho que avalia propriedades protetivas de revestimentos orgânicos aplicados em módulos fotovoltaicos, produzido no Centro Universitário da FEI, foi apresentado no XIII Encontro da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat), realizado em João Pessoa, na Paraíba. O estudo ‘Evaluation of water uptake of encapsulants materials used for photovoltaics modules’ é de autoria da aluna de especialização Célia Regina Tomachuk dos Santos Catuogno­, com orientação do professor doutor William Maluf Filho, coordenador do curso de especialização em Gestão e Tecnologia em Projeto de Produto do Departamento de Engenharia Mecânica da FEI. “Com a participação, solidificamos nossa contribuição técnico-científica em uma valiosa área do conhecimento. Além da direta contribuição que o trabalho tem com a ampliação das fronteiras do conhecimento, a publicação de uma pesquisa oriunda da especialização em Gestão e Tecnologia em Projeto de Produto serve de estímulo para os alunos que estão cursando, além de mostrar que é bastante útil e promove o aprimoramento”, comemora o docente.

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FEI vence desafio internacional Concurso foi oportunidade para desenvolvimento de projeto e fabricação de material composite

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ma equipe do curso de Engenharia de Materiais e Engenharia Mecânica do Centro Universitário da FEI foi a vencedora do 1º Desafio Acadêmico Internacional de Composites. Promovido pela Sociedade para o Avanço de Materiais e Engenharia de Processos (SAMPE), o desafio foi realizado em conjunto com a Feira e Congresso Internacionais de Composites, Poliuretano e Plásticos de Engenharia, em no­ vembro, em São Paulo. O concurso tem como objetivo dar uma oportunidade para os estudantes aprenderem e expandirem suas habilidades para projeto e fabricação de componentes em material composites. A equipe, formada pelos alunos Gabriel Prosofsky de Araujo, Henrique Egidio Seabra, Pedro Henrique Cicolo Lacaze, Pyetro Curvelo e Víctor Zacarin Merino, venceu na categoria A: Perfil I com fibra de carbono para 10.000 lbf (44,5 kN), que consiste na

construção de uma ponte feita com fibra de carbono no formato em I que pudesse suportar uma carga de até 10 mil libras. “O desafio nos proporcionou a oportunidade de ampliar o conhe­ cimento sobre materiais compósitos, tanto na teoria quanto na prática, e nos permitiu interagir com diferentes cursos da FEI. Além disso, tivemos oportunidade de manter contato com pro­ fissionais da área com grande experiência no ramo de compósitos e de participar de experiências para a elaboração do projeto com as demais faculdades participantes”, destaca Victor Merino. Para o professor doutor William Naville, do Departamento de Engenharia de Materiais da FEI e um dos orientadores dos alunos, conquistar o desafio foi excelente, porém, a importância vai mais além, pois essa vitória dá motivação aos alunos para colocarem em prática seus conhecimentos e fazerem a conexão entre a teoria e a prática por meio de um objetivo bem defini­ do. “O sucesso da equipe está relacionado aos conhecimentos acumulados pelos alunos e ao desenvolvimento do projeto, com a construção de um protótipo e a realização de ensaios e simulações numéricas que permitiram aperfeiçoar o processo de fabricação e aprimorar o dimensionamento da ponte (viga I)”, acrescenta a docente Gigliola Salerno.

Na frente: Os professores doutores William Naville e Gigliola Salerno foram os orientadores do grupo de alunos de Engenharia de Materiais e Engenharia Mecânica

Prêmio em microeletrônica Com o artigo ‘Behavior Investigation of Trench-Gate and Vertical Diffusion Power Mosfet’, o estudante Jefferson Willians Moreira Santia­ go, do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário da FEI, foi premiado como o melhor paper durante o Chip in Aracaju – 14th Microelectronics Student Forum (SFORUM), realizado em setembro. Este trabalho apresenta uma análise do transistor de potência MOSFET feita em duas topologias diferentes, difusão vertical (VD-MOSFET) e porta em trincheira (U-MOSFET). “Observou-se que os dispositivos U-MOSFET apresentaram uma redução na resistência do canal e uma capacitância de porta maior, melhor transcondutância e tensão de ruptura maior. O impacto do tempo de vida dos portadores na tensão de ruptura também foi analisado, indicando a redução da tensão de ruptura com o aumento deste parâmetro”, informa a professora doutora Michele Rodrigues, orientadora do estudo. O evento é o mais importante na área de micro e nanoeletrônica realizado no Brasil e recebeu diversos especialistas de países como Alemanha, Israel, França, Estados Unidos, Canadá e Holanda para apresentação de produtos, ferramentas e projetos.

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MEC reconhece Centro Universitário como Instituição Comunitária FEI consolida a vocação e o compromisso de prestar serviços de interesse público

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Secretaria de Regulação e Su­ pervisão da Educação Superior (Seres), unidade do Ministério da Educação (MEC) reconheceu o Centro Universitário da FEI como Instituição Comunitária de Ensino Superior (ICES), de acordo com a portaria nº 678, divul­ gada em 12 de novembro. A certificação confirma a qualificação da FEI como instituição pública não estatal que desen­ volve ações educacionais de excelência no ensino, na pesquisa e na extensão e que, a partir desta titulação, é convidada, pelas características institucionais que possui, a participar mais efetivamente de inicia­ tivas do governo federal para fomento de projetos de interesse público dirigidos à comunidade. Entre os projetos está o Programa Pró-Equipamentos, que destina recursos para aquisição de equipamentos que irão compor a estrutura de pesquisa dos pro­ gramas de pós-graduação recomendados

pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal (Capes), e o Edital Proext – Pro­ grama de Extensão Universitária MEC/ SESU, que abrange programas e projetos de extensão universitária com ênfase na formação dos alunos e na inclusão social. Segundo o reitor da Instituição, pro­ fessor doutor Fábio do Prado, a FEI foi qualificada como Instituição Comunitá­ ria porque cumpriu requisitos expressos em lei, tais como ser uma organização

da sociedade civil constituída na forma de associação ou fundação, com perso­ nalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos e que possui transparência administrativa. “Estamos diante de um marco em nossa história. É o reconhe­ cimento de que, nos seus 70 anos de serviços prestados à educação brasileira, a FEI realizou um trabalho de qualidade, diferenciado e voltado para o bem públi­ co”, afirma.

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Instituição é uma das organizadoras de encontro internacional e campeã com robôs

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om objetivo de reunir, em um único espaço, competições e en­ contros científicos nas áreas de robótica e sistemas inteligentes, a Joint Conference on Robotics and Intelligente Systems (JCRIS) 2014, realizada em outu­ bro em São Carlos, interior de São Paulo, envolveu um conjunto de 12 eventos. Com a participação de mais de 3 mil pessoas e a presença de importantes nomes mundiais da área, a Joint Conference promoveu encontro científico nas áreas de robótica e sistemas inteligentes autônomos, unindo pesquisadores e estudantes de Ciência da Computação, Engenharia Elétrica, Enge­ nharia de Automação e Controle e áreas afins. O Centro Universitário da FEI teve participação intensa na conferência, com dois papers apresentados, presença em sete eventos (do total de 12) e vitória em duas

Fotos: Gabriela Fanzão/Estúdio Foto Síntese

Sucesso em inteligência artificial

Humanoides desenvolvidos no Centro Universitário foram destaques na competição

categorias da competição de robôs, o que coloca a Instituição entre as mais impor­ tantes na área da robótica e inteligência artificial no País. Uma das atividades reuniu o Brazilian Conference on Intelligent Systems e o En­ contro Nacional de Inteligência Artificial e Computacional (BRACIS/ENIAC) e teve como program chair o professor doutor Paulo Eduardo Santos, do Departamento de Engenharia Elétrica da FEI. O BRA­ CIS é uma combinação dos dois eventos científicos mais importantes do País em

inteligência artificial e computacional: o Simpósio Brasileiro de Inteligência Artificial (SBIA) e o Simpósio Brasileiro de Redes Neurais (SBRN). Já o ENIAC é um fórum nacional para pesquisadores, profissionais, educadores e estudantes que visa apresentar e discutir inovações, ten­ dências, experiências, desenvolvimentos e trabalhos em curso. A área de robótica e automação foi representada no 11º Latin American e 2º Brazilian Robotics Symposium (LARS/ SBR), que objetivam promover um encon­

Pentacampeã nacional na categoria Small Size Parte da programação da JCRIS 2014 foi composta por mostras e competições que, além do público acadêmico, foram abertas para todos os alunos do ensino fundamental, médio e técnico. A FEI participou da Latin American Robotics Competition (LARC) e da Competição Brasileira de Robótica (CBR), consideradas as principais competições de robótica autônoma da América Latina e do Brasil. Nesses eventos, robôs competem entre si em jogos de futebol, sem nenhum controle humano, em diversas categorias. O Centro Universitário foi pentacampeão nacional e tricampeão latino-americano de robótica na categoria Small Size, com a equipe RoboFEI, cujo robôs têm tamanho reduzido, e campeã nacional e latino-americana na categoria Humanoides, com robôs que têm similaridade com os humanos. O professor doutor Flavio Tonidandel, coordenador do curso de Ciência da Computação da FEI, afirma que

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as vitórias refletem a dedicação e o trabalho dos alunos de graduação e pós-graduação. “Os nossos robôs, assim como os das demais instituições, estão em constante evolução. Antes, vencíamos com folga, agora o resultado fica apertado”, informa. A conferência também abrigou a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), cuja edição foi considerada a maior já organizada no País desde a criação do evento, em 2007, com a participação de 1,7 mil equipes de todo o Brasil. “A final teve 80 equipes, sendo 40 do ensino fundamental e 40 do ensino médio. Nesta etapa inovamos no sistema de pontuação, que foi feito por meio de tablets e permitia acompanhamento em tempo real dos resultados no placar. Os melhores grupos da olimpíada se classificaram para competir na RoboCup 2015, que será na China”, explica o professor Flavio Tonidandel, que é organizador da OBR em nível nacional.


Em novembro, um aplicativo desenvolvi­ do por um aluno do Centro Universitário da FEI foi finalista no Prêmio Santander Empreendedorismo. O estudante Gesiel José dos Santos, do 7º ciclo de Adminis­ tração, chegou à final com o projeto in­ titulado ‘Whatsoffer’, um aplicativo para mobiles que oferece solução voltada para dispositivos móveis usando tecnologia GPS. “O aplicativo traz uma nova solução­ para os usuários e estabelecimentos cre­ denciados que buscam produtos (bens e serviços), vantagens, valor percebido e voucher de desconto, e é voltado para produtos como higiene, padarias, pape­ larias, posto de gasolina, cabeleireiros, entre outros produtos que não exijam inspeção física”, explica o aluno, que foi orientado pela professora doutora Melby Karina Zuniga Huertas.

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tro científico abrangente na área de inte­ ligência robótica com pesquisadores e es­ tudantes de graduação e pós-graduação. O simpósio permitiu, por meio de sessões técnicas, a apresentação oral de artigos completos, artigos curtos com pôsteres e palestras. O professor doutor Reinaldo Bianchi, do Departamento de Engenharia Elétrica da FEI, apresentou dois artigos no encontro, que também serão publica­ dos no site do Institute of Electrical and Electronics­Engineers (IEEE). O texto ‘Hardware and Software Aspects of the Design and Assembly of a New Humanoid Robot for RoboCup Soccer’ descreve como o robô humanoi­ de que joga futebol foi desenvolvido na FEI, e o artigo ‘A Single Camera Vision System For Humanoid Robots Acting At Robocup Kid-size Soccer League’ aborda o sistema de visão do robô para enxergar os demais jogadores, a bola e o gol. “Os textos foram desenvolvidos com a cola­ boração de todos os alunos de graduação e pós-graduação que trabalham com os humanoides, cujo projeto tem três anos e é resultado do trabalho duro dos estu­ dantes”, enfatiza o docente.

Aluno chega à final em premiação

Gesiel José dos Santos foi finalista

Estudantes e docente em intercâmbio Arquivo pessoal

e robótica

As estudantes Iris Jared Silva e Jaqueline Dias Santos participam do programa Top España, na Universidad de Salamanca

Em agosto, duas alunas e o professor doutor William Francini, coordenador do curso de Administração no campus São Paulo da FEI, foram selecionados para fazer um intercâmbio na Europa com o programa Top España do Santander Universidades. O programa tem como objetivo incentivar o aprimoramento dos conhecimentos no idioma espanhol e na cultura espanhola, por meio de um curso de

três semanas em uma das instituições mais tradicionais da Europa, a Universidad de Sa­ lamanca. O projeto selecionou 180 estudantes­ de todo o País com melhor desempenho aca­ dê­mico. As alunas Jaqueline Dias Santos e Iris Jared Silva, do 8º ciclo de Administração, foram premiadas com o intercâmbio e uma bolsa integral. No final do curso os participan­ tes receberam um diploma.

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Conceitos e ideias organizados em Juliana Nunes/Fevereiro de 2008

FEI traz palestrante internacional para Conferência sobre Mapas Conceituais

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ealizada a cada dois anos e diri­ gida a pesquisadores, professores e alunos, a Conferência Interna­ cional sobre Mapeamento Conceitual (CMC) reúne especialistas de diversas áreas para discutir o uso da metodologia pedagógica Mapa Conceitual, idealiza­ da pelo pesquisador norte-americano Joseph Novak na década de 1970. Com origem no ensino de ciências, os mapas conceituais se caracterizam como estru­ turas esquemáticas que representam conjuntos de ideias e conceitos organi­ zados em rede, de modo a apresentar o conhecimento e organizá-lo de acordo com a compreensão intelectual do seu idealizador. Utilizada nas disciplinas do curso de Administração do Centro Universitário da FEI desde o começo de 2014, a ferra­ menta tem gerado bons frutos e ampliado o vínculo entre professores e alunos, assim como a ligação entre disciplinas.

Devido a essa importância, o Centro Universitário foi um dos apoiadores da sexta edição da CMC, realizada na cidade de Santos, em setembro. No evento, que reuniu cerca de 150 participantes, foram apresentadas inúmeras alternativas do uso dos mapas conceituais. Graças ao apoio da FEI, foi possível trazer ao Brasil o professor Alberto Cañas, diretor asso­ ciado e pesquisador sênior do Institute for Human and Machine Cognition, dos Estados Unidos. Pela primeira vez na CMC, o Centro Universitário apresentou os trabalhos

Encontro com representantes da FEI e o professor Alberto Cañas (4o da dir. para esq.)

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‘O Papel dos Mapas Conceituais no De­ senvolvimento do Projeto Pedagógico do Curso de Administração de Empresas’, desenvolvido pelos professores douto­ res Paulo Henrique Trentin, Hong Yuh Ching, coordenador do curso de Adminis­ tração campus São Bernardo­do Campo, e Fabio Gerab, chefe do Departamento de Matemática, e ‘Mapas Conceituais: Modelos de Avaliação para Educadores’, de autoria do professor doutor Edson Coutinho, do Departamento de Admi­ nistração. O primeiro estudo retrata a aplicação da metodologia no primeiro semestre de 2014 nas disciplinas do curso de Administração da FEI, e o segundo apresenta um estudo comparativo e de análise dos modelos de avaliação de mapas conceituais de diversos autores. Durante o evento foram apresentadas várias aplicações da ferramenta, em espe­ cial na área de educação, onde ganha cada vez mais espaço, desde a escola básica até projetos de pesquisa multidisciplinares. “Certamente, a participação nos abre horizontes, nos faz discutir e avaliar uma nova abordagem de pesquisa, pensando em estabelecer algumas análises de bancos de dados, assim como consolida a ideia de mapas conceituais dentro dos


nossos cursos”, comenta o professor doutor Hong Yuh Ching, ao afirmar que o mapa conceitual é um caminho viável, tendo em vista as experiências positivas apresentadas na conferência. Modelo inovador Dispostos a incentivar novas metodologias de aprendizagem, os departamentos de Mate­ mática e Administração do Centro Universitário da FEI têm buscado o uso dos mapas conceituais como alternativa para inserir o aluno de forma mais ativa no processo de aprendizagem. Segun­ do o professor doutor Fabio Gerab, tal metodo­ logia possui estrutura lógica bem estabelecida e identifica conceitos que são hierarquizados e interconectados por estruturas de ligação. “Com os mapas conceituais conseguimos estabelecer conexões com diferentes áreas do conhecimen­ to, campos afins e intersecções entre aspectos distintos de um mesmo conceito, o que orga­ niza o conhecimento segundo a ótica de cada um”, descreve. Para o coordenador do curso de Matemática da FEI, trata-se de uma leitura individual e personalizada, que especifica as in­ terconexões entre conhecimento e seus usos, e a maior importância da ferramenta é o processo de construção de forma contínua. Para sanar dúvidas, destacar os pontos positivos e avaliar se o uso da ferramenta tem sido aplicado da maneira correta, o professor Alberto Cañas participou de um encontro na FEI com representantes da Reitoria e dos de­ partamentos de Administração, Matemática, Ciências Sociais e Jurídicas e Engenharia Civil. “Foi incrível recebê­-lo e poder discutir sobre o uso da metodologia, com questões bem direcionadas, objetivando resolver determi­ nadas questões específicas, além de avaliar e mensurar os benefícios diretos, estabelecer critérios comparativos, os ajustes que preci­ sam ser feitos e se a metodologia deve ou não ser usada de forma avaliativa. Tivemos uma atenção específica ao uso que a FEI tem feito da ferramenta a partir da visão de um grande especialista”, avalia o professor Fabio Gerab.

Encontro envolve pesquisadores de sete instituições do Grande ABC Bruno Carvalho/UFABC

rede

A quarta edição do Simpósio de Pesquisa do Grande ABC, realizada em outubro, teve como principal objetivo repensar a estrutura original da inicia­ tiva criada em 2010 por sete institui­ ções de ensino superior da região. Essas instituições, que possuem programas de pós-graduação em nível de mestrado e/ou de doutorado e desenvolvem pes­ quisas relevantes em diversas áreas do conhecimento, trabalham no sentido de desenvolver ações práticas mais intensas entre seus pesquisadores. Durante o encontro, que foi dividi­ do em quatro eixos temáticos principais que contemplam as áreas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Saúde e Biológicas, Exatas e Engenharias e Edu­cação, representantes de agências de fomento informaram sobre as opor­tunidades de cooperação entre a academia e o setor produtivo. Além disso, as instituições de ensino superior

mostraram seu potencial nas diversas áreas do conhecimento e os pesquisa­ dores apresentaram resumos de seus trabalhos, em forma de pôster, visan­ do uma maior interação nos diversos temas de pesquisa. “A principal virtude dessa iniciativa é que cada instituição percebeu que pode atuar de forma complementar e aditiva às demais, ampliando o aspecto social e tecnológico das pesquisas de­ senvolvidas na região”, afirma o profes­ sor doutor Marcelo Antonio Pavanello, vice-reitor de Ensino e Pesquisa do Centro Universitário da FEI. O Simpó­ sio reúne FEI, Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia, Centro Universitário Fundação Santo André (FSA), Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e Universidade Mu­ nicipal de São Caetano do Sul (USCS).

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Décadas de amizade depois da fa Fotos: Arquivo pessoal

Ex-alunos formados em 1976 e 1984 mantêm a tradição de fazer encontros periódicos desde que se formaram

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a neblina característica de São Bernardo do Campo, passando pelas salas de aula e pelos laboratórios – bem diferentes dos atuais – até os pontos de encontro para estudar, bater papo e se divertir, lá se foram mais de 40 anos. De cursos diferentes, mas frequentadores da mesma república, a ‘Manga Felpa’, esses feianos, todos moradores da Baixada Santista, dividem mais que histórias de aulas e de professores, pois compartilham relações de amizade que só se estreitaram ao longo dos anos e se multiplicam com suas famílias. Ingressos da FEI em 1971 e formados em 1976, os 22 ex­ alunos começaram a construir uma relação de amizade que não acabou após a formatura. “No começo não nos encontrávamos com frequência, mas, de uns anos para cá, passamos a fazer de duas a quatro reuniões por ano, fora os encontros casuais que, certamente, são sempre muito divertidos”, garante o engenheiro têxtil Arlindo Passos Navarro Filho, responsável pela captação de negócios em uma empresa de construção civil. O ex-aluno acrescenta que as muitas histórias dos tempos de FEI são sem­ pre lembradas, mas outras lembranças têm sido construídas ao longo desses 40 anos e, por isso, assunto é o que não falta. O último encontro, realizado dia 30 de agosto na cidade de Santos, reuniu os amigos e suas famílias e foi regado a muitas histórias, risadas e fotos para registrar mais um ano de amizade. “Churrasco, jantar, passeio de lancha, não importa para onde, sem­ pre conseguimos manter o grupo unido. Quando completamos 40 anos de amizade fizemos um cruzeiro até Búzios, com nossas famílias, com direito a camiseta comemorativa. Foi espetacular”, lembra o engenheiro eletrônico Piramo Menon, diretor de­uma empresa de construção civil e um dos organizadores do grupo. Saudoso, o ex-aluno comenta que, no decorrer dos anos, o grupo sofreu quatro perdas que são sempre lembradas com muito carinho, mas os demais estão presentes em todas as oportunidades. “A escolha pela Engenharia nos colocou na FEI e a convivência na república, talvez mais do que em sala de aula, já que éramos de cursos diferentes, nos tornou amigos”, sim­ plifica Arlindo Passos Navarro Filho, ao traduzir o sentimento de todo o grupo. Os feianos lembram com muito carinho dos anos de estudo, das dependências do Centro Universitário, de alguns professores e, principalmente, das amizades que levam para toda a vida.

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Engenheiros de diferentes cursos se reuniram em restaurante

Grupo graduado em Engenharia Elétrica volta ao campus da FEI

Reencontro Para comemorar 30 anos de formatura, a turma de 1984 do curso de Engenharia Elétrica se reuniu no dia 16 de agosto, no campus São Bernardo do Campo, para reencontrar colegas, relem­ brar histórias e conferir todas as melhorias e investimentos que foram implementados ao longo de três décadas na Instituição. Devido às agendas profissionais, com compromissos até fora do Brasil, reunir todo o grupo foi quase uma missão impossível. Dos cerca de 20 alunos que se formaram juntos, apenas oito estiveram presentes neste encontro histórico. “Reencontrar os amigos é sempre muito bacana. Saber o que cada um tem feito na vida pessoal e profissional, dar boas risadas relembrando algumas


culdade das muitas passagens dentro da FEI, recordar as dificuldades em sala de aula, as reuniões para o trabalho de conclusão de curso, enfim, resgatar um pouco do que foram esses anos de universidade foi muito especial”, afirma o ex-aluno Carlos Antonio Pizo, hoje professor do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e um dos organizadores do encontro. O ex-aluno comenta que, apesar de o grupo manter contato por telefone ou e-mail, nem sempre consegue se reunir. No entanto, desde 2009 tenta se encon­ trar ao menos uma vez por ano. Resgatar histórias em um encontro no campus da FEI, onde a maioria não retornava há muitos anos, também foi marcante para André Bifulco. “Claro que rever os amigos, colocar a conversa em dia e lembrar um tempo tão bom é o prin­ cipal, mas fazer isso dentro do campus onde passamos tanto tempo, visitando os laboratórios e as salas de aula que frequentamos, foi mais que nostálgico, foi inesquecível”, comemora. O engenheiro, que é diretor executi­ vo­de uma empresa automotiva, ficou feliz e impressionado ao ver como o campus cresceu e que, mesmo com todo o progresso, a FEI não perdeu sua essência e manteve a filosofia de investir em no­ vas tecnologias com foco em pesquisas. Após a visita ao Centro Universitário, o grupo se reuniu em um jantar, junto com as famílias, para dar continuidade às comemorações. Segundo Carlos An­ tonio Pizo, a ideia dos amigos é realizar um grande evento para festejar os 35 anos de formatura, em 2019. “Claro que os encontros anuais continuam, mas, se hoje fizemos algo especial retornando à FEI, quem sabe para os 35 anos não con­ seguimos localizar todo o grupo e fazer um encontro memorável”, programa.

Prêmio para ideias sobre uso da água Em tempos de falta de chuva e água, iniciativas que visam estimular as melhores contri­ buições e propostas inovadoras para a solução de problemas relacionados ao uso e tratamento da água pela indústria são bem-vistas e devem assumir uma perspectiva de longo prazo. Para incentivar os estudos e despertar neles o interesse sobre o assunto, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) criou o concurso ‘Água Ideias Inovadoras – So­ luções Sustentáveis’ e premiou, em setembro, os três melhores trabalhos de 11 instituições de ensino, entre elas o Centro Universitário da FEI. A FEI recebeu cerca de 20 trabalhos, que foram julgados pelos professores da Instituição para chegar aos três primeiros colocados. O tema do trabalho vencedor da FEI foi o ‘Uso Sus­ tentável de Água em uma Empresa do Ramo de Molas’, dos alunos Jhony Guimarães Lopes, Kaique de Lima Onofre e Robson dos Reis, de Engenharia Mecânica. A proposta dos alunos é fazer um plano de conservação e reuso da água em uma empresa do setor de molas helicoidais, feixes de molas e acessórios para suspensões automotivas, com base no tripé econômico, social e ambiental. O segundo lugar ficou com o projeto ‘Green Booklet’, das alunas Beatris Dulce Fátima Martins e Natália Cerqueira Pereira de Souza, que tem como objetivo oferecer uma proposta para auxiliar na sensibilização da população para o uso consciente da água, sob coordenação da professora Eryka Fernandes, do curso de Administração. O terceiro colocado foi o trabalho ‘Proposta para Uso Sustentável da Água em uma Em­ presa de Embalagens’, dos estudantes de Engenharia Mecânica Jéssica Miranda Leal, Luis Henrique Batista Arantes, Victor Leonardo Seixas e Walter Luiz Feriotti Jr. A solenidade de premiação teve a presença do presidente da FIESP, Benjamin Steinbruch, que elogiou a iniciativa da premiação. Os grupos selecionados em primeiro e terceiro lugares foram coor­ denados pelo professor Ailton Pinto Alves Filho, dos departamentos de Ciências Sociais e Administração – campus São Paulo da FEI.

Acima: O professor Ailton Pinto Alves Filho (ao centro) com os alunos premiados em primeiro e terceiro lugares. Ao lado: a professora Eryka Fernandes (ao centro) com as alunas premiadas com o projeto Green Booklet

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Projetos vitoriosos em Baja é tetracampeão nos Estados Unidos, Fórmula investe no motor elétrico e alunos da Civil se destacam em concursos do setor

O

s projetos extracurriculares dos vários departamentos de ensino do Centro Universitário­ da FEI têm conquistado resultados im­ por­tantes ao longo das duas últimas dé­ cadas, fruto de um trabalho de motivação por parte de docentes que estimulam os estudantes a se dedicarem para além da sala de aula. Entre os destaques estão as equipes de Engenharia Civil, que vence­ ram concursos na área; os projetos do Departamento de Engenharia Mecânica Baja FEI e Fórmula­FEI, que colecionam títulos e são respeitados nas disputas universitá­rias nacionais e internacionais, e o Aerodesign, que também fez boni­to­

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em competição em outubro; e o time de Futebol de Robôs, que ganhou mais títu­ los nas últimas disputas (leia reportagens nas páginas 16 e 39). As conquistas incluem o tetracampeo­ nato do Baja SAE Kansas 2014, realizado em maio, em Pittsburgh, nos Estados Unidos, com mais de 100 equipes de estudantes de Engenharia de todo o mundo. Por causa do resulta­do, a equipe foi convidada a participar do Commercial Vehicle Engineering Congress­(Comvec),

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realizado em outubro nos Estados Uni­ dos, que reúne profissionais de monta­ doras de veículos e empresas de compo­ nentes, estudantes e executivos da área da mobilidade. “A experiência foi muito importante como aprendizado, porque conhecemos as tendências mundiais e muitas inovações”, afirma o estudante Raul Luís Grosso Mascarenhas, do 10º ciclo de Engenharia Mecânica com ênfase em Automobilística da FEI. O aluno, que foi capitão de uma das equipes Baja FEI até julho deste ano, re­ presentou o Centro Universitário com outros dois colegas da equipe, que foi home­ nageada no encontro pela SAE Internatio­ nal. Além disso, em setembro foi realizada a etapa Sudeste do Baja SAE Brasil, quando o carro da FEI ficou em segundo lugar, entre 27 compe­ tidores. O


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capitão da equipe, Enzio Simão Bianchi­ ni, do 6º ciclo de Engenharia Mecânica, afirma que foi uma competição difícil devido à qualidade dos projetos e porque algumas regras foram alteradas, como a proibição do abastecimento durante o enduro. “Foi um teste importante para a equipe, que está renovada, mas sabemos que o carro está bom e pode ficar ainda melhor”, argumenta. Também em setembro, o Fórmula FEI Elétrico conquistou o segundo lugar na competição nacional. O carro construído pela equipe, que participa há três anos da competição, ainda está passando por melhorias. Segundo o professor doutor Roberto Bortolussi, coordenador do curso de Engenharia Mecânica da FEI, por ser uma tecnologia nova, o motor elétrico será revisto para o próximo ano. “Queremos trabalhar para ter um carro com motor mais competitivo e ganhar em 2015”, prevê. O docente, que é o coordenador dos projetos, lembra que o objetivo é ampliar a formação dos alunos, de forma a torná-los ainda mais bem preparados para o mercado de trabalho.

Da esq.: Equipe Fórmula FEI Elétrico conquistou o segundo lugar em outubro e capitães do Baja FEI representaram a equipe em congresso da SAE International

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várias áreas

Grupo que participou das competições durante o Congresso Brasileiro do Concreto

Engenharia Civil é vencedora Mais de 1,2 mil profissionais e estudantes de Engenharia Civil estiveram reunidos em Natal, no Rio Grande do Norte, para participar do 56º Congresso Brasileiro do Concreto. O evento, realizado em outubro, foi composto de palestras, apresentações e concursos estudantis que envolveram métodos construtivos, ensaios e análises de materiais e pesquisa científica para concreto e estruturas. Estu­dantes do Centro Universitário da FEI par­ticiparam de três concursos diferentes no mesmo evento e foram os vencedores do concurso Aparato de Proteção ao Ovo (APO), no qual constroem um pórtico de concreto armado de alto desempenho – cinco vezes mais resistente que o concreto convencional – que tem de proteger um ovo de um impacto de 15 quilos lançado de alturas crescentes. “O que se avalia é a resistência desse

pórtico ao impacto. O ovo cozido íntegro serve para identificar que aquela estrutura resistiu bem; se quebrar a casca, finaliza-se o ensaio”, explica o professor doutor Kurt André Pereira Amann, chefe do Departamento de Engenharia Civil da Instituição. No concurso Concrebol, no qual a FEI conquistou o terceiro lugar, o desafio é construir uma esfera de concreto leve o mais resistente possível, com materiais e dimensões previamente estabelecidos, que seja capaz de rolar em uma trajetória retilínea até acertar um gol. Já o concurso Cocar tem como proposta a construção de uma peça de concreto colorido com mistura de corante, cimento e outros materiais, que obtenha alta resistência e coloração mais uniforme e nítida possí­vel. Neste desafio, a FEI ficou entre os 10 melhores.

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destaque jovem

Profissional ligada aos Engenheira têxtil formada no Centro Universitário da FEI em 2007 é gerente de produção na área de vestuário em multinacional de artigos esportivos

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oucos são os privilegiados que conseguem unir o hobby com a profissão, garantindo satisfação ao trabalhar e transformando as metas em algo prazeroso de se alcançar. A engenheira têxtil Camila Roseane Kolososki, de 29 anos, faz parte do seleto grupo de profissionais que têm a oportunidade de se dedicar integralmente à área que admira, e ainda pode colocar em prática todos os conhecimentos adquiridos durante a graduação. Apaixonada por diferentes modalidades esportivas, a ex-aluna do Centro Universitário da FEI é gerente de produção na área de vestuário da Decathlon, rede multinacional varejista de artigos esportivos. Formada em Engenharia Têxtil em 2007, Camila Kolososki é responsável pelo gerenciamento dos fornecedores de artigos de vestuário da empresa. Coordenadora de uma equipe formada por 16 profissionais, a engenheira faz acompanhamento de todas as etapas produtivas, que incluem a escolha dos fornecedores, preparação para auditorias, negociação de preços e gestão das entregas. “Temos 20 marcas exclusivas, que são a força da nossa empresa e representam 70% do volume de vendas, e trabalho para viabilizar a produção no Brasil, garantindo que os produtos tenham o melhor custo-benefício do mercado. Além disso, temos a loja virtual, 15 unidades físicas espalhadas pelo País e mais duas que serão inauguradas ainda neste ano, o que significa o aumento no volume de produção”, explica. Embora seja ainda muito jovem, a

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carreira decolou porque a engenheira sempre trabalhou muito, de forma responsável e cumprindo metas profissionais e pessoais. Camila Kolososki entrou na FEI em 2003 com o objetivo de cursar Engenharia Química, mas, durante o ciclo básico, ao conversar com os professores, fazer pesquisas sobre a área e assistir algumas aulas, conheceu e optou pela Engenharia Têxtil. “Trata-se de uma área cujo mercado é desafiador e ainda com poucos profissionais, mas com boas oportunidades e empresas em atuação. Como sempre gostei de esportes, logo pensei que seria interessante construir uma carreira dentro da área de vestuário esportivo”, ressalta. A jovem conta que gostou do curso desde a primeira aula, na qual já teve contato com diferentes tipos de fios e tecidos, e que a área a cativou bastante porque envolve muitas atividades que gosta, como mecânica, química e vestuário. A vontade de aliar o hobby com o trabalho aconteceu logo que a jovem começou a participar dos processos seletivos e foi chamada para fazer estágio na Decathlon, em fevereiro de 2006, no departamento de produção. Durante um ano, trabalhou na área de qualidade e, embora não tivesse experiência, se destacou por colocar em prática as ferramentas e o ensino que a FEI propiciava. Como a empresa incentiva a autonomia do colaborador, no início de 2007, ainda no departamento de produção, Camila Kolososki foi para a área de desenvolvimento de produto, na qual auxiliava a engenheira responsável no gerenciamento dos fornecedores.

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Camila Roseane Kolososki coordena uma equipe

Ao finalizar o curso, foi convidada para permanecer na área e ser responsável pela produção de meias e artigos sintéticos, onde ficou por­dois anos e meio. Em março de 2010 recebeu o convite para assumir a área de vestuário do departamento de


esportes Evolução contínua

formada por 16 profissionais na Decathlon

produção e o cargo de gerente. “Fiquei bem­surpresa, porque tinha apenas 24 anos e assumi uma grande responsabilidade. Mas era uma oportunidade única. Acredito que o que colaborou muito com a minha trajetória foi o fato de poder unir

a cultura da empresa com minhas caracte­ rísticas pessoais, ou seja, o dinamismo e os esportes”, enfatiza, ao reforçar que também dominava o idioma inglês e estudava francês, o que ajudou na escolha da empresa.

O período em que estudou na FEI também colaborou para que Camila Kolososki obtivesse uma série de respostas às suas questões, propiciando experiências que hoje são colocadas em prática na vida profissional. Além de atuar na Atlética e participar de todos os campeonatos esportivos representando o Centro Universitário, a então aluna participou de um projeto de iniciação científica – que, coincidentemente, era sobre meias – com a professora Toshiko Watanabe,­ realizou viagens organizadas pelo Departamento de Engenharia Têxtil da FEI para visitar fábricas e recebeu todo o suporte necessário do corpo docente do curso, que está sempre preocupado com a evolução dos alunos. A paixão pelo compartilhamento do conhecimento despertou, ainda, a vontade de seguir a carreira acadêmica, por isso, Camila fez mestrado em Engenharia Mecânica na FEI, na área de Produção, em 2010, e pretende, em um futuro próximo, cursar o doutorado. “Dar aulas é algo que quero realizar paralelamente à minha carreira na empresa. Além disso, dentro da Decathlon espero ter a oportunidade de assumir mais responsabilidades e ter experiência no exterior, já que a organização onde trabalho está presente em 20 países. Claro que todos esses projetos têm de envolver a Engenharia Têxtil”, pontua.

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Entrevista – José eduardo Luzzi

Especialista em motores

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ormado em 1985 na antiga Faculdade de Engenharia Industrial – hoje parte do Centro Universitário da FEI – o engenheiro mecânico José Eduardo Luzzi construiu toda a sua carreira pautada na área técnica e, desde 2010, preside a MWM International, líder no segmento de motores diesel no Brasil, com responsabilidades por todo o Mercosul. Nesta entrevista exclusiva, o executivo conta como está o mercado atual de motores a diesel, as expectativas para o futuro e como utiliza o conhecimento técnico na sua prática diária.

O senhor construiu toda a sua vida profissional na MWM, onde está há 29 anos. Como foi essa trajetória?

Eu entrei na empresa como estagiário de Engenharia no dia 11 de fevereiro de 1985. Tinha acabado de iniciar o 5º ciclo da FEI. Anteriormente, eu havia feito estágio em uma fábrica que a Alpargatas tinha na Mooca, que fazia jeans. Mas foi curiosa a forma como entrei na MWM e a FEI tem tudo a ver com o fato. Na época, a FEI tinha um convênio com uma empresa chamada Perkins, que também é fabricante de motor diesel e é concorrente da MWM até hoje. Grupo inglês que tem fábrica no Brasil, a Perkins na época era em São Bernardo do Campo e tinha um convênio com a FEI, por meio do qual dava um curso de uma semana sobre motores para os alunos de Engenharia. E, no meu 4º ano da faculdade, quando estagiava na Alpargatas, eu fiz esse treinamento, que se chamava convênio FEI-Perkins, e fiquei apaixonado por motor. Até então, eu não sabia exatamente o que queria fazer, mas, como gostei muito do negócio de motor, fui fazer uma pesquisa de quem fabricava motores no Brasil além da Perkins. Assim, descobri que tinha também a MWM em Santo Amaro e a Cummins, que fica em

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Guarulhos. Acabei optando pela MWM. A empresa está no Brasil há 61 anos e per­tencia a um acionista alemão até 2005, quando foi vendida para a Navistar, um grupo norte-americano que fabrica caminhões, ônibus e motores. Por que seu interesse pela empresa?

Primeiro, porque como era – e ainda é – em São Paulo, estava mais próximo da minha casa. Segundo porque, daquilo que pesquisei na época, a empresa me atraiu pela tradição, pela marca, pela tecnologia. Isso foi no fim de 1984. Peguei uma máquina de escrever emprestada, liguei para cá para descobrir quem era o diretor de RH, que era um alemão, e escrevi uma cartinha me apresentando. Eu tinha 23 anos. Coloquei a carta no correio e, depois de algumas semanas, toca o telefone da minha casa e era a empresa me chamando para uma entrevista. Fiz as entrevistas de praxe e, pelo fato de estar na FEI, também fiz a entrevista com o diretor de Engenharia, que era outro alemão. E, assim, fui escolhido para entrar como estagiário na área de Engenharia, mais precisamente Desenvolvimento de Produto. Entrei na empresa como estagiário no comecinho de 1985, me formei no fim do mesmo ano e fui efetivado no dia 6 de janeiro de 1986, como engenheiro trainee. O senhor foi ousado ao buscar um estágio na MWM. Sua carreira seguiu baseada em ousadias?

Bom, desde o começo eu adorei a empresa e até hoje eu gosto demais de traba­ lhar aqui. Não é à toa que faço 30 anos de MWM em janeiro de 2015. Comecei na área de Engenharia. Trabalhei nas áreas de Desenvolvimento do Produto e de Engenharia de Aplicações, fui engenheiro residente dentro do campo de provas da Ford, que era cliente da MWM na época e,

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em determinado momento, por ter muito contato com os clientes, recebi o convite para mudar para a área de vendas. Como o nosso produto é muito técnico, como a venda é técnica, é fundamental conhecer e saber o produto que estamos vendendo. Por isso, o engenheiro nesse tipo de empresa faz muita diferença trabalhando na área de vendas. Afinal, o produto que fabricamos não é vendido para um diretor de compras, mas para um diretor de Engenharia do cliente. Se o diretor de Engenharia do cliente comprar a ideia tecnicamente de que o produto é adequado, o próximo passo é fechar o preço com o diretor de compras. O passo fundamental é o diretor técnico da empresa cliente estar convencido sobre o valor do produto, então, quando se tem engenheiros trabalhando na área de vendas, isso facilita muito. Assim, depois de 10 anos na Engenharia, fiz carreira na área de vendas até chegar a ser diretor de vendas e marketing, em 1998. No final do terceiro ano em vendas assumi a diretoria de vendas e marketing e aí a carreira naturalmente deslanchou. Sua carreira sempre foi no Brasil?

Em 2009, a Navistar criou uma Divisão de Negócios Globais, a Global Business, e eu fui convidado para assumir a vice-presidência dessa unidade. Embora minha base continuasse sendo o Brasil, eu ficava três semanas por mês no exterior. Em Chicago, onde é a matriz, ou viajando o mundo inteiro. Eu desenvolvi joint venture na China, joint venture na Índia, clientes na Coreia, na Turquia, praticamente não parava no Brasil. Em meados de 2010, a Navistar fez uma reorganização das operações no Brasil e me convidou para assumir a presidência da MWM. Estou nessa função desde agosto de 2010, baseado aqui no Brasil, e sou o responsável pelo Mercosul. Temos essa fábrica de São Paulo, uma fábrica em Ca-


“Trabalhamos com uma que­bra de paradigma, pois, além de vender nossos motores, podemos produzir e vender um motor exclusivo...” noas, no Rio Grande do Sul, e uma fábrica na Argentina, e sou responsável pelas três operações. Chegar à presidência aos 49 anos de idade era uma das suas metas?

Não, a minha meta no início era trabalhar com tecnologia. Quando entrei na MWM, meu objetivo era desenvolver uma carreira na área técnica. Não me passava pela cabeça ir para a área de vendas e, no fundo, essa migração da área técnica para a área de vendas é que acabou alavancando o resto da carreira. O seu maior desafio é manter a MWM líder do mercado de motores?

A MWM vende motores para as montadoras de veículos, para fabricantes de tratores, colheitadeiras, máquinas de construção, ônibus, caminhões, picapes. E as grandes montadoras desse segmento estão se verticalizando. No passado, as montadoras compravam motores de fabricantes independentes e, hoje, a tendência global é que esses fabricantes tenham seu próprio motor. Isso faz, naturalmente, com que as oportunidades de negócios diminuam com essas grandes montadoras. Portanto, o maior desafio da MWM é descobrir como

continuar crescendo em um ambiente no qual as grandes montadoras, que concentram a maior parte do volume, estão desenvolvendo e produzindo seu próprio motor. Esse é o grande desafio. E como a empresa está trabalhando para vencer esse desafio?

Primeiro, estamos convencendo as montadoras de que a MWM pode ser o parceiro ideal para produzir e fabricar­os motores. Trabalhamos com uma que­bra de paradigma, pois, além de vender nossos motores, podemos produzir e vender um motor exclusivo de uma montadora. Usamos de toda a expertise que a empresa tem, de toda a base industrial que a empresa tem no Brasil, os 61 anos de conhecimento no Brasil, para fazer com que as montadoras deixem de investir em fábricas para fazer motor e confiem na MWM para produzir esse motor. Essa estratégia já está dando bons resultados?

Sim. Temos um contrato muito interes­ sante com a General Motors, de longa duração, e temos um contrato com a MAN Latin America, antiga Volkswagen Caminhões e Ônibus, localizada em Resende,

no Rio de Janeiro. Hoje, produzimos um motor GM e um motor MAN. Isso é flexibilidade, é fazer do limão a limonada, do risco uma oportunidade. Outro pilar que trabalhamos é a diversificação. Não estamos restritos a segmentos que estão sendo verticalizados, porque vendemos motor para barco, para grupo gerador, irrigação, trator, para pulverizador e para outros tantos segmentos nos quais essa característica de verticalização não existe. O terceiro ponto é a exportação, porque a MWM é uma empresa que tem a exportação no seu DNA e, independentemente do momento favorável ou não para exportação – estou me referindo à cotação do dólar –, a empresa investe muito em abrir novos mercados e isso tem um pouco a ver com a minha formação também. Como fui vice-presidente de Negócios Globais, me envolvi muito com o mercado exterior e investimos muito na exportação, em abrir mercados e conquistar clientes. O quarto pilar é o mercado de reposição. A MWM já produziu 4 milhões de motores em 61 anos de Brasil, dos quais 2,3 milhões ainda estão rodando, e esta frota requer manutenção, portanto, peças de reposição. Somos muito fortes no mercado de reposição. Hoje, a

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Entrevista – José eduardo Luzzi MWM tem quase 500 dealers (revendedores) no Brasil, a maioria vendendo peças de reposição e fazendo serviços de reparo, que é a assistência técnica. A MWM nunca mudou de nome e, mesmo quando o Grupo Navistar comprou a empresa, optou por manter a marca MWM justamente pelo poder que essa marca tem. Temos 500 dealers espalhados pelo Brasil atendendo uma frota de 2,4 milhões de motores. O negócio de peças de reposição é muito forte e fundamental para a MWM. O senhor disse em 2013 que estava otimista com o crescimento do mercado nacional. Esse otimismo continua?

É muito mais fácil responder essa pergunta para você do que para os acionistas da Navistar porque, assim como a maioria dos executivos de multinacional com filial no Brasil, eu também vendi otimismo e falei para acreditarem no Brasil. Estive em Chicago há três ou quatro anos e vendi otimismo para os acionistas. Afirmei que o Brasil ia crescer, porque teríamos Copa do Mundo, Olimpíadas, PAC I, PAC II, PAC III... Disse a eles: “o Brasil está carente em infraestrutura, por isso, tem muito investimento em infraestrutura; os fundamentos da economia brasileira são sólidos, o País vai crescer de 2% a 3%, no mínimo, todos os anos.” Enfim, pedi que acreditassem no Brasil e eles acreditaram. Agora, imagina eu voltando lá para dizer: “Olha, o segmento de caminhões neste ano vai cair 23%, o segmento de ônibus vai cair 18%, máquinas agrícolas vai cair 7%, tratores vai cair...” Eles vão olhar para mim e perguntar o que mudou. Bem, eu continuo otimista sim, acho que o que está acontecendo no Brasil é transitório. Vou completar 30 anos de empresa e já passei por pelo menos umas 10 crises e o Brasil sempre saiu fortalecido e a empresa também saiu fortalecida. O Brasil é o quarto maior mercado de caminhões do mundo. Neste ano serão produzidos 130 mil caminhões no País, enquanto há 10 anos eram 60 mil. É verdade que o mercado brasileiro de caminhão já chegou a 150 mil/ano, mas ainda é o quarto mercado do mundo

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“O Brasil é o quarto maior mercado de caminhões do mundo” e praticamente dobrou de tamanho em 10 anos. A MWM já produziu 4 milhões de motores a diesel, mas esse mercado no Mercosul é em torno de 350 a 400 mil por ano. Portanto, o Brasil é o grande líder. Deveria haver um estímulo do governo para renovação dessa frota?

Existe um programa de renovação de frota, do qual a MWM faz parte. Naturalmente, a frota brasileira precisa ser renovada, porque a idade média da frota de caminhões no Brasil é de 17 anos. Quando olhamos para a carência total que o País tem de infraestrutura pensamos que, em algum momento, esses investimentos do PAC vão ter de chegar na ponta, da forma como têm de chegar. O Brasil é um País de altos e baixos, e o que os executivos têm de fazer é o que fazemos aqui: aproveitar o momento de baixa para fazer uma profunda reflexão interna e reinventar a empresa, descobrindo como podemos ser mais produtivos, mais eficientes, o que temos de fazer em termos de investimento, de novas tecnologias. É em momentos de baixa que conseguimos fazer isso. Desde 2013, estamos fazendo um programa de Lean Manufacturing para aumento de eficiência produtiva, justamente aproveitando esse momento de baixa, e já conseguimos aumentar em quase 35% a eficiência do nosso processo produtivo. A MWM também desenvolve tecnologia no Brasil?

Embora a MWM pertencesse a um acionista alemão, era a única fábrica de motores desse acionista, que é o proprietário

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da Freios Knorr, líder mundial na produção de freios. E, como a MWM não tinha uma matriz fora do Brasil que pudesse prover tecnologia, sempre desenvolveu a própria tecnologia aqui mesmo. Esse foi o ponto que me atraiu na MWM, voltando para a sua primeira pergunta. Era uma empresa que desenvolvia sua própria tecnologia ao invés de importar tecnologia e, para um engenheiro que está acabando de se formar, nada melhor. Temos um Centro de Desenvolvimento Tecnológico com 230 pessoas trabalhando na área de Engenharia. Em 2005, quando a Navistar adquiriu a MWM, a empresa tinha planos, como de fato executou, de expansão global, só que os motores que são produzidos nos Estados Unidos não são os mesmos utilizados fora daquele país. Isso ocorre porque o norte-americano tem um gosto particular em relação a motores, que é diferente do que é utilizado no resto do mundo. Até hoje, o mercado norte-americano utiliza motores em V, enquanto no resto do mundo utiliza motores em linha. Os motores norte-americanos têm um padrão de atendimento de emissões que é específico para os Estados Unidos, enquanto que o resto do mundo utiliza um padrão europeu, inclusive o Brasil. Quando compraram a MWM e tinham planos de expansão global, se deram conta de que os produtos da MWM eram muito mais adequados para o resto do mundo do que os norte­ americanos, então, decidiram continuar investindo na tecnologia brasileira, na Engenharia brasileira e adotar os produtos brasileiros para a expansão global. A Navistar já teve uma joint venture na Índia para produzir motores brasileiros, fez uma joint venture na China para produzir motores brasileiros, e isso deu uma dose extra de energia e motivação de investimentos para essa operação no Brasil. O que mudou em termos de tecnologia de motores nos últimos 20 anos?

Muito. Em primeiro lugar, mudou a necessidade de atender normas de emissões de poluentes existentes na Europa, no Japão, no Brasil e em todos os países


praticamente e que, a cada quatro anos, se renovam e são cada vez mais exigentes. Hoje, na Europa, com o padrão Euro 6, o gás que sai do escapamento do caminhão é mais limpo do que o ar que entrou no motor. O Brasil está no Euro 5, um estágio atrás. Para conseguir atender a esses níveis de emissões precisamos de muita tecnologia. O segundo drive é o consumo de combustível. Cada vez mais, o conceito que se utiliza é do custo total para o proprietário, que envolve não quanto ele vai pagar pelo caminhão, mas o custo que terá ao longo do ciclo de vida desse caminhão, o que inclui manutenção mais barata, manutenção mais fácil e consumo de combustível. Reduzir consumo de combus­tível e, ao mesmo tempo, atender a índices de emissões cada vez mais rigorosos é tecno­ logia pura. Quando entrei na MWM os motores eram todos mecânicos; hoje, os motores são eletrônicos, gerenciados por uma central eletrônica, a centralina, que é o cérebro do motor. E não só a eletrônica, mas também a área de materiais passou por uma evolução extraordinária, entre outras. O processo produtivo também evoluiu demais e, hoje, o parque industrial da MWM é formado por máqui­nas computadorizadas com altíssima precisão. Que perfil deve ter o profissional que interessa à MWM?

Isso também mudou na última década. Hoje, não precisamos apenas de engenheiro mecânico, mas também de engenheiro eletrônico e de mecatrônica, porque cada vez mais a eletrônica está associada com a mecânica para aumento de eficiência, produtividade, redução de consumo. Inglês fluente é uma condição para todos, inclusive os estagiários, porque hoje o mundo é globalizado. Também se privilegia aquele profissional que tem o conceito mais generalista, porque não adianta ser só expert em tecnologia; o profissional tem de ter noções de gestão, de velocidade, de agilidade, precisa ser um engenheiro que entende o que o cliente precisa, o que o cliente está falando, a linguagem do cliente. Esse perfil mais generalista é fundamental também.

e não raro eu ia direto para a praia surfar. Com isso, peguei nove DPs. Quando voltei para fazer de novo o primeiro semestre, coloquei na minha cabeça que tinha de me formar o quanto antes e da melhor maneira possível e nunca mais peguei nenhuma DP. Lembro as semanas de provas, as P1 e P2 porque, modéstia à parte, eu raramente ia para a P3. Montava um cronograma de estudo, pegava duas semanas antes do início das provas e estudava. O senhor é um presidente mais engenheiro ou mais gestor?

Sou um presidente engenheiro que também faz a gestão. O diretor técnico da empresa se reporta a mim, o diretor de manufatura se reporta a mim, participo das reuniões de tecnologia, das reuniões de Engenharia. Estou envolvido com toda a estratégia de manufatura, compra de máquinas, enfim, uso muito meu conhecimento técnico. Lógico que hoje tem um equilíbrio grande entre a área técnica, de negócios e a gestão de pessoas.

“...cada vez mais a eletrônica está associada com a mecânica para aumento de eficiência...”

O senhor ainda usa o surfe para manter o corpo e a mente mais saudáveis? Por que o senhor optou pela Engenharia Mecânica na FEI?

Eu morava em Florianópolis, embora seja de São Paulo, e prestei vestibular para a Universidade Federal de Santa Catarina no final de 1978, mas não passei. Aí, em 1979, comecei a fazer cursinho para prestar o vestibular de novo. A FEI era uma das poucas escolas de Engenharia que tinha vestibular no meio do ano e, por isso, resolvi prestar em julho e entrei. Lembro até do meu número: 29202. Eu sabia da tradição da FEI e acho que foi uma boa escolha. No meu primeiro semes­tre peguei nove dependências, de um total de 11 matérias. Eu tinha acabado de chegar de Florianópolis e gostava – e ainda gosto – de surfar. Entrei na FEI e levei um choque. Em São Bernardo só chovia e fazia muito frio. Cheguei a pensar: “Meu Deus, o que eu estou fazendo aqui?” Então, no primeiro semestre eu costumava colocar a prancha dentro do carro para ir para a FEI,

Comecei a surfar com 12 anos de idade e surfo até hoje. Tenho três pranchas e, sempre que dá, desço a serra. É um hobby. Surfar dá uma sensação de liberdade, de contato direto com a natureza, é a natureza pura ali, é um esporte fantástico. Mas adoro esporte de forma geral. Sou sócio da mesma academia há 13 anos e treino três vezes por semana. Também gosto de correr nos fins de semana e adoro jogar futebol. Faço esporte por uma questão de saúde e para me ajudar a tocar o dia a dia, porque oxigena o cérebro, dá energia e disposição, e isso é fundamental, pois a rotina diária é bem exaustiva. O trabalho também dá prazer?

Muito, adoro o que eu faço, gosto muito dessa empresa, gosto das pessoas. É por isso que fiz uma carreira inteira na MWM. Esse querer bem, essa identificação com a empresa é fundamental e isso só é possível se você faz o seu trabalho com alegria.

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pesquisa & tecnologia

Inovações com foco no Estudos na área de processamento de sinais visam melhorar o dia a dia da sociedade

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campo de pesquisas na área de processamento digital de sinais e voz é de grande importância para diversos setores, como medicina, segurança e telecomunicações. Dentre outras aplicações, a tecnologia permite o desenvolvimento de implantes cocleares bilaterais ou binaurais que possibilitam às pessoas com deficiência auditiva comunicarem-se de maneira mais fácil e natural, e a localização de fontes sonoras, como o disparo de armas de fogo, ajudando a garantir a segurança de indivíduos em zonas de guerra ou guerrilha. O processamento é realizado com o uso de uma arquitetura de multicanais de aquisição de sinais aliada a algoritmos, chamados de beamformers, que permitem melhorar a relação sinal/ ruído de uma determinada direção ou azimute. Mas, para que estes algoritmos

funcionem corretamente, é necessário que a aquisição dos sinais nos diversos canais seja simultânea. Por meio da tecnologia empregada no processamento de sinais, alunos e professores do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário da FEI trabalham em projetos que visam melhorar o desempenho de equipamentos presentes no cotidiano da sociedade, como telefonia celular, consoles para jogos e dispositivos médicos e militares. Um dos projetos envolve o desenvolvimento de um sistema de aquisição simultânea multicanal para processamento digital de sinais e voz, que pode ser utilizado em equipamentos com arranjo de microfones. Com a dissertação ‘Proposta de Hardware para Aquisição Simultânea Multicanal e sua Aplicação na Localização de Fontes Sonoras’, o engenheiro Marcelo Costa, aluno de mestrado em Engenharia Elétrica, está desenvolvendo uma arquitetura de captura e conversão analógico/ digital (A/D) simultânea de oito canais de microfones que possua um razoável custo x benefício e que se conecta a um notebook ou desktop padrão de mercado. Segundo o mestrando, os arranjos

Marcelo Costa é autor do estudo de mestrado com orientação do docente Ivandro Sanches

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de microfones (microphone arrays) têm a forte tendência para estar cada vez mais presentes em elementos da vida cotidiana, como aparelhos de telefonia celular, que usam esses microfones para o cancelamento do ruído ambiente permitindo uma conversa mais clara. “Consoles de jogos como Xbox já utilizam arranjo de microfones em seus kits kinect e os implantes ou aparelhos auditivos com arranjo dão ao paciente a sensação de direção da fonte sonora e do espaço à sua volta. Já no campo militar, arranjos de microfones podem ser utilizados como um radar na localização de disparos de armas, principalmente de snippers. Com a evolução dos microprocessadores e do tamanho dos arranjos, os resultados estão mais eficientes e precisos, o que possibilita a redução do tamanho dos equipamentos, tornando-os possíveis de incorporação em drones e de serem carregados em mochilas”, pontua. O professor doutor Ivandro Sanches, do Departamento de Engenharia Elétrica, informa que o estudo objetiva a criação de uma placa com um hardware específico de aquisição simultânea do áudio capturado em todos os microfones – neste caso são oito canais – e desenvolvimento de algoritmo que analisa e detecta a direção específica do som. “Com a possibilidade de capturar simultaneamente diversos canais e de colocar os microfones em diferentes posições relativas, até mesmo de forma tridimensional, será possível, com o desenvolvimento dos algoritmos adequados, não só identificar a direção da fonte sonora, mas também a redução de ruído de fontes sonoras fora da direção de interesse”, acrescenta. Para o desenvolvimento da pesquisa, o primeiro passo foi o levantamento dos requisitos do projeto, pois hardware e software deveriam atender a algumas especificações simples, mas


cotidiano

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importantes, para a utilização do processamento digital. Posteriormente foi realizado um estudo inicial sobre métodos de detecção da estimativa de atraso de sinais e como aplicá-los neste estudo. “O trabalho não é inédito, mas os existentes são muito caros e a ideia é dominar a técnica para produzir e reduzir o custo na obtenção desse tipo específico de hardware. Além disso, os produtos comercializados no mercado possuem microfones fixos, enquanto o sistema elaborado na FEI dará mais liberdade em relação à escolha do tipo do microfone e do seu posicionamento”, explica o docente que orienta o estudo. Para a produção de um hardware que tenha um bom custo x benefício, sem prejuízo dos resultados, foi necessária a escolha de uma arquitetura Analog-to­-Digital Converter (ADC) e de subsistemas para suprirem os pré-requisitos exigidos, que dependem da destinação dada ao produto final e de sua resolução, seja como cancelador de ruído ou geolocalizador. Já existem fabricantes deste tipo de hardware no mercado, no entanto, os custos elevados restringem uma maior difusão dos produtos, o que impacta negativamente na produção de conhecimento científico e acadêmico. Até o momento, 80% da proposta está concluída, o protótipo funcional do hardware está pronto e as simulações de algoritmos de estimativa de tempo de atraso foram realizadas com sucesso. “Neste momento, estou trabalhando no software de aquisição em tempo real e, em seguida, serão realizadas aquisições de amostras para criação de novos bancos de dados. Diversas aplicações acadêmicas podem derivar deste trabalho, que pretendo dar continuidade no meu doutorado”, enfatiza Marcelo Costa.

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pesquisa & tecnologia

Estudo direcionado a deficientes visuais Pesquisadores desenvolvem estimulador elétrico para auxiliar na identificação de sensação tátil

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formações visuais, no­caso palavras, pelo sentido tátil”, detalha Kauê Cruz Guillen que, atualmente, cursa o mestrado na California State ­University Northridge, nos Estados Unidos. Para concluir o estudo, o ex-aluno recebeu o apoio de colegas que participaram do trabalho de conclusão de curso (TCC) de Engenharia Elétrica com ênfase em Eletrônica, no primeiro semestre de 2014. O protótipo do estimulador de­sen­ vol­­vi­­do tem três partes principais: um gerador com saída em corrente, responsável por gerar o sinal de estimulação; um circuito seletor que ativa o par de eletrodos deseja­do e a matriz de eletrodos. O símbolo a ser­escrito na pele é desenhado de forma se­quencial, como se um dedo passasse pe­la pele e, para este fim, é montada uma se­quência de ativação de pares de eletrodos que estimula as células de percepção tátil ordenadamente, possibili-

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tando ao usuário perceber esta sequência e identificar o símbolo escrito. Ambas as partes eletrônicas são controladas por um microcontrolador, e uma fonte chaveada flyback gera os níveis de tensão desejados a partir de uma bateria. “Para a execução deste projeto, indo além dos objetivos iniciais, foi desenvolvido o módulo de entrada externo que realiza a captação de imagem e se comunica com o protótipo do estimulador. Entretanto, este protótipo pode ser acoplado a qualquer dispositivo de aquisição de dados que informe os símbolos a serem escritos na pele, bastando seguir o protocolo de comunicação”, enfatiza Kauê Cruz Guillen. As ideias sobre estimuladores eletrotáteis começaram no fim da década de 1970 e, embora tenham sido realizados alguns estudos, não foi um campo extensamente explorado. Por isso, para elaborar seu projeto, o ex-aluno da FEI executou Arquivo pessoal

A

Engenharia e a Medicina são duas importantes ciências que possuem papel fundamental na sociedade e, quando unidas, são capazes de criar equipamentos, métodos e procedimentos que melhoram a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas. O Centro Universitário da FEI, com a expertise e estrutura que possui, tem colaborado por meio de projetos que envolvem a aplicação da tecnologia na saúde. Essa parceria, com a participação de professores e alunos, tem gerado resultados satisfatórios. Um bom exemplo é o projeto de iniciação cien­ tífica de Engenharia Elétrica, de autoria do ex-­aluno Kauê Cruz Guillen, que resultou em protótipo de um estimulador eletrotátil para auxiliar deficientes visuais. O projeto, intitulado ‘Desenvolvimento­ de Estimulador Elétrico para a Percepção Tá­til’, visa criar um protótipo de estimula­ dor eletrotátil para auxiliar deficientes vi­suais a identificarem símbolos por meio da evocação artificial de uma sensação tá­til. O protótipo é constituído por dois módulos e um canal de radiofrequência que permite a interação entre eles. “Em um módulo (módulo de entrada), um software controla uma câmera, que tira a foto de uma palavra qualquer, identifica e ordena as letras das palavras contidas na fo­to e, através de um transmissor, as envia pe­lo canal de comunicação wireless­ para o outro módulo, chamado de estimulador ele­trotátil. O estimulador está acoplado à pele do usuário e desenha nela as letras identificadas, uma a uma, construindo no fim a palavra original. Assim, o usuário consegue identificar in-

A professora doutora Maria Claudia Ferrari de Castro orientou o estudo de Kauê Cruz Guillen


jklune/istockphoto.com

uma extensa revisão bibliográfica na qual foram levantados todos os estudos já desenvolvidos sobre este tema em diversas universidades do mundo. “A aplicação do trabalho foi uma forma de mostrar a viabilidade de se utilizar o estímulo elétrico convertido em sensação tátil para passar informações visuais, que podem ser palavras de um texto ou um teclado, já que a forma de entrada da informação pode ser diversa. O sistema foi baseado em um sistema de implante de retina”, explica a orientadora do projeto de iniciação científica, professora doutora­ Maria Claudia Ferrari de Castro, do Departamento de Engenharia Elétrica, que desenvolve estudos sobre o tema na FEI

desde 2001 (leia quadro). A docente conta que os resultados atingidos pelo projeto ficaram acima dos objetivos iniciais estipulados, uma vez que, no começo, o foco era desenvolver um estimulador eletrotátil que projetaria apenas desenhos de formas, como quadrados, triângulos e círculos. No entanto, foi possível finalizar o trabalho com um canal de comunicação e com um módulo de entrada capaz de fazer algumas análises de imagens e, também, de estimular palavras inteiras. A estimulação de palavras consecutivas possibilita a formação de frases, assim, com o devido treino, o usuário poderá ‘ler’ grandes textos com o uso do estimulador. “O protótipo ainda não está pronto para

o usuário final, pois algumas melhorias devem ser feitas, principalmente com relação ao módulo de entrada”, pontua o engenheiro, ao ressaltar que são necessários mais estudos em diversas áreas, como em Engenharia Eletrônica, para miniaturizar os circuitos; em Biomédica e Têxtil, para a confecção de uma matriz de eletrodos de melhor usabilidade; e em Inteligência Artificial para interpretar as mais complexas imagens do dia a dia. O artigo do estudo fez parte do XXIV Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica, principal evento nacional da área, realizado em outubro em Uberlândia, Minas Gerais.

Docente trabalha com o tema há 13 anos A professora Maria Claudia Ferrari de Castro trabalha há 13 anos com estimuladores, principalmente para restaurar artificialmente movimentos e, atualmente, tem como linha de pesquisa a utilização de sinais musculares e cerebrais para a criação de interfaces homem-máquina, o que envolve uma série de abordagens, como a aquisição e o processamento desses potenciais, desenvolvimento da interface e análise da interação. Isso permite que qualquer pessoa use sinais gerados no próprio corpo para controlar qualquer sistema eletrônico. Atualmente, os sistemas conhecidos como BCI (Brain Computer ­Interface ou Interface Cérebro Computador) têm obtido grande interesse por parte da comunidade científica. Nos meses de junho

e julho deste ano, a professora foi convidada para participar de um intercâmbio e integrar o grupo de biossinais do Royal Melbourne Institute of Technology (RMIT), na Austrália, coordenado pelo professor Dinesh K. Kumar. Durante a experiência, a docente trabalhou com processamento de sinais musculares para controle de próteses e deu continuidade a estudos iniciados no Brasil. O intercâmbio resultou em dois artigos que foram submetidos a revistas internacionais. No segundo semestre, a docente da FEI também firmou parceria com o professor doutor Alberto Cliquet Júnior, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que trabalha com estimulação elétrica para restaurar o movimento das mãos e a marcha em lesados medulares. Parte do trabalho

visa avaliar o efeito da estimulação elétrica na velocidade de condução muscular e a utilização do sinal muscular e/ou cerebral como sinal de controle, ao invés da voz, bem como comparar o sinal obtido com voluntários sem lesão. “Após o doutorado, com a orientação do professor Cliquet, só trabalhei com pessoas sem deficiência e, com o acordo, terei contato novamente com pacientes com lesão medular. Será um trabalho assistencial junto com a pesquisa, que permitirá comparar os resultados com estudos anteriores”, afirma a professora. Além disso, durante o XXIV Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica, a professora encontrou outros pesquisadores da área e espera que, em um futuro próximo, novas parcerias possam ser efetivadas.

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Aeronaves: Stefan Kalm/saabgroup.com

gestão & inovação

APL para o desenvolvi FEI participa de iniciativas que visam levar o ABC a ser polo ­­ de pesquisas e inovação na área da Defesa

O

conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL) ou Sistema Produtivo Local (SPL) foi criado devido às experiências desenvolvidas na década de 1980, marcada pelo declínio da competitividade da indústria norte-­ americana, pela emergência de uma nova indústria asiática, encabeçada pelos japoneses, e pelas experiências regionais provenientes de países da Europa, como Itália e Alemanha. Estes países apontavam o ressurgimento da pequena empresa com influência enraizada em determinadas regiões e dependente de culturas locais, onde micro e pequenos empresários se uniam para trabalhar por meio de associações e passavam a produzir e exportar com experiências de sucesso internacional. Essa discussão de distritos industriais começou, no entanto, com os distritos marshallianos – teoria criada pelo economista britânico Alfred Marshall em 1890 – nos quais se previam que as empresas que operavam geograficamente próximas

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obtinham ganhos de externalidade dinâmica. O conceito de distrito industrial foi revitalizado por Giacomo Beccatini em 1979, com seus estudos sobre províncias italianas que tinham como marca o forte laço cultural e de confiança no qual as empresas desenvolviam parceria de produção, eficiência coletiva, projetos colaborativos de design e exportação, com apoio das instituições locais. Foi então que a ideia de arranjo produtivo local passou a ganhar relevância e importância como uma forma alternativa de desenvolvimento nacional e regional. “O empreendedorismo contemporâneo também nasce dessas experiências, pois, até então, não se falava com tanto entusiasmo na atividade empreendedora. A ideia de um empresário empreendedor alavancando o desenvolvimento econômico, por meio de lançamento de produtos e processos inovadores, é do economista Joseph Alois Schumpeter, no início do século 20”, explica o professor doutor Roberto Bernardes, do Departamento de Administração do Centro Universitário da FEI. Como os APLs são um esforço local direcionado à interação e cooperação para aprendizado e eficiência coletiva visando o mercado externo, sua existência pode ser importante para a economia do Brasil, que tem um mercado de consumo interno bas-

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tante exuberante e vantajoso. Outra visão é a questão da circulação dos sistemas regionais de inovação, que devem conversar com os sistemas setoriais e nacionais de inovação. Isso inclui trabalhar e interagir com universidades e instituições de pesquisas, prefeituras, governos estaduais e federal e indústrias da área. “Um valor básico dos APLs é a questão da confiança, que tem valor subjetivo, mas absolutamente fundamental. Ao definir a identidade das regiões e entender o que representam existe uma propensão maior de colaboração”, acentua o docente da FEI. No Brasil, essa discussão se consolida em 2000. A partir daí, as instituições de fomento do País começaram a considerar o conceito como algo relevante e fundamental para o desenvolvimento econômico e passaram a estabelecer políticas de desenvolvimento e institucionalizar esses APLs em determinadas regiões com métricas de avaliação e desempenho. Uma das regiões envolvidas com os arranjos produtivos locais é o Grande ABC, que possui notoriedade como um dos principais polos industriais do País e está aproveitando seu potencial regional para criar essas parcerias. Na região, por exemplo, já foram desenvolvidos 12 APLs, entre eles Defesa, Ferramentaria e Moveleiro, para reduzir a forte dependência em


Fundo: AlinaMD/istockphoto.com

mento regional relação à indústria automotiva, aproveitar todo o potencial produtivo já instalado e diversificar a produção. O objetivo é elevar a taxa de empregos qualificados e a possibilidade de pesquisa e desenvolvimento tecnológico avançado na região. Com isso, as empresas envolvidas, as universidades, os centros de pesquisas e os próprios municípios se beneficiariam da dinamização da atividade econômica. No segundo semestre deste ano, o APL de Defesa do Grande ABC – que envolve algumas cidades da região –, juntamente com outros APLs coordenados ou estimulados pela prefeitura de São Bernardo do Campo, conquistou o reconhecimento pelo Observatório Brasileiro de Arranjos Produtivos Locais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Este fato possibilita que cada arranjo consiga um convênio específico com a Caixa Econômica Federal com vistas ao fornecimento de linhas de crédito com taxas de juros mais baixas e prazos de pagamento mais favoráveis para as empresas participantes. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (SDET) de São Bernardo do Campo, Jefferson José da Conceição, ressalta que as instituições de ensino superior são parceiras indispensáveis para tratar de diversos

Professor doutor Roberto Bernardes: desafio

O professor Willian Naville participa do APL

assuntos situados no foco dos APLs. Um deles é a formação e qualificação da mão de obra, seja em nível técnico, superior ou de pós-graduação. “Essas instituições também são indispensáveis no que se refere à pesquisa aplicada para a solução de problemas tecnológicos das empresas. Além disso, cursos de especialização específicos são temas de interesse dos APLs, que têm nas empresas o principal interlocutor”, complementa. O Centro Universitário da FEI, loca­ li­zado no município, possui docentes in­terlocutores em todos os arranjos. Para o professor William Naville, do Departa-

mento de Engenharia de Materiais e representante da Instituição no APL de Defesa, as universidades têm um caráter importante no desenvolvimento de tecnologias e acesso à informação, colaborando para os desafios que se apresentam. Segundo o docente, os projetos e as parcerias de desenvolvimento podem gerar conhecimentos que são transferidos aos cursos por meio dos projetos de iniciação científica, mestrado e doutorado. “Ao trazer negócios e desenvolvimento para a região é possível gerar mais empregos e as possibilidades de os alunos participarem de projetos e serem mais reconhecidos”, reforça.

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gestão & inovação

rivetti/istockphoto.com

Investimentos e ações A constituição do APL de Defesa no Grande ABC, no início de 2013, representa uma iniciativa de buscar a diversificação parcial da indústria local. O caminho para isso é a reconversão de linhas de produção e prestação de serviços especializados a um segmento que recebe forte impulso do governo federal. Enquanto a indústria de Defesa representa importante mercado em expansão, com características complementares à estrutura produtiva da região, as universidades e centros de pesquisa têm importante papel a desempenhar nesse processo de reconversão e no desenvolvimento de pesquisa aplicada ao setor. Os investimentos no Grande ABC estão relacionados ao fornecimento de peças, vestuários e serviços tecnológicos. “Embora este APL ainda esteja em fase embrionária, vem recebendo esforços reais e significativos por parte das instituições locais, como a FEI, e tem uma manifestação importante do Ministério da Defesa que, junto com as Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica e Exército) já declarou oficialmente que pretende desconcentrar os investimentos e criar aglomerados no País, sendo um deles na região”, pontua o professor Roberto Bernardes. No entanto, o docente acredita que o sucesso do APL dependerá do foco dos investimentos que devem ser feitos em ciência e conhecimento, na organização do sistema regional de inovação e na criação de capacidades de assimilação de alta tecnologia de fluxos de conhecimento intangíveis, e não exclusivamente em produção de peças e manufaturas, já que neste setor a escala de produção é muito baixa e geralmente os fornecedores dependem de políticas de compra com muitas especificidades. Para o êxito da iniciativa será preciso desenvolver competências para participar de projetos globais e articular os esforços junto com

o sistema regional e com outros parques, como de São José dos Campos e São Carlos, no interior de São Paulo, e Itajubá, em Minas Gerais, além dos internacionais. “A capacidade de colaboração das universidades deverá ser maior na área de inteligência. As instituições não vão colaborar apenas com a Engenharia, mas com a área de Ciência da Computação­e também Administração, com capacitação­ em gestão de compe­tências pa­ra o desenvolvi­mento de projetos tecnológi­cos­ globais, assimi­lação de fluxos de conhecimento e novos negócios internacionais. O investimento da FEI é importante,

Visita técnica para troca de conhecimento A prefeitura de São Bernardo do Campo e o Business Sweden, organismo de negócios sueco, convidaram universidades e empresas do município para participarem de uma missão técnica na Suécia, com o objetivo de estreitar relações com o país europeu, especialmente nas regiões como Linköping, cidade onde está a sede da empresa de sistemas de defesa aeroespacial SAAB, e com universidades renomadas de Gotemburgo, Linköping e Estocolmo. O Centro Universitário da FEI

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foi representado na visita pelo professor doutor Fábio do Prado, reitor da Instituição, e pelo professor doutor Vagner Barbeta, diretor do Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais (IPEI). A agenda de atividades, que durou cinco dias, incluiu visitas a universidades, empresas e parques tecnológicos, que permitiram conhecer os diferentes aspectos do sistema­ de inovação da Suécia. “A FEI possuía um conjunto de interesses em diferentes áreas, como em materiais, nanotecnologia,

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nanociência e nanoeletrônica, dispositivos irradiados, sistemas de mobilidade e química. Essas visitas permitiram conversar com profissionais e acadêmicos que podem se tornar parceiros da nossa Instituição. Além disso, facilitarão os trâmites no momento de firmar um convênio ou um processo de cooperação, pois esses contatos pessoais ajudam a estreitar os laços entre as instituições”, enumera o diretor do IPEI. Em Gotemburgo, a comitiva visitou a Chalmers University of Technology, que


combinadas

tem dois parques tecnológicos, sendo um muito parecido com o que será construído em São Bernardo do Campo. No parque de Linköping, cuja área foi constituída pela Linköping University e que possui um mix de empresas e parcerias, a FEI assinou um convênio representando o reconhecimento que ambas as instituições têm em relação às suas competências e demonstrando o interesse em desenvolver projetos de cooperação envolvendo alunos de graduação e pós-graduação.

aeroestruturas no município, pela empresa Saab, cuja matriz é na Suécia, escolhida na licitação federal dos caças. O modelo Gripen NG terá parte de sua fabricação realizada na região e isso estimulará o desenvolvimento de uma cadeia de fornecedores e supridores de bens e serviços. Estruturação Na busca pela maior participação do Grande ABC na base industrial de Defesa e em outras áreas em ascensão está sendo desenvolvida a Associação Parque Tecnológico de São Bernardo do Campo, que deverá concentrar suas atividades em cinco áreas de pesquisa: Defesa, Petróleo e Gás, Automotiva, Design e Ferramentaria. Essa associação civil terá um espaço territorial, ainda não divulgado, para reunir entidades empresariais, sindicatos, universidades e poder público, com o objetivo de buscar soluções tecnológicas para os participantes por meio das equipes de pesquisa e desenvolvimento. O parque tecnológico está sendo criado com apoio da prefeitura e terá universidades e empresas no conceito de preencher o ‘vale da morte’, assim chamada a dificuldade que os projetos científicos têm de chegar às empresas. “É um trabalho que se desenvolve com a ideia de a empresa se aproximar das instituições de ensino com foco não apenas no produto, mas no desenvolvimento de projetos de pesquisa. O setor público também é importante nesta interação, formando a tripla hélice”, explica o professor doutor Vagner Barbeta, diretor do Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais (IPEI) da FEI e presidente do Conselho Técnico Científico da Associação Parque Tecnológico de São Bernardo do Campo.

Arquivo pessoal

pois não se trata de uma questão da área bélica, mas sim do conhecimento dual que tem po­ tencial pa­ra aplicação m i­l i t a r e ci­vil, replicado em diferentes setores”, com­ plementa o­ professor Roberto Bernardes. O programa FX-2 da Força Aérea Brasileira (FAB), iniciado em 2001 e com um custo estimado de ­US$ 6­bilhões, prevê a aquisição de 36 aeronaves de caça Gripen NG com transferência de tecnologia para o Brasil. Os novos caças substituirão os Mirage 2000, que serão desativados. Segundo a prefeitura de São Bernardo do Campo, já foi anunciada a implantação de uma fábrica de

Da dir.: Os professores doutores Fábio do Prado (2º) e Vagner Barbeta (5º) estiveram na Suécia com representantes brasileiros

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gestão & inovação

As Águas Jurisdicionais Brasileiras, com quase 4,5 milhões de km², equivalem a mais de 50% da extensão territorial do Brasil. Por sua vastidão e riqueza, essa área é chamada de Amazônia Azul e abriga um patrimônio inestimável, como 80% do petróleo e as grandes reservas de gás natural, além da diversidade biológica. Para proteger essa área e garantir a soberania brasileira no mar, a Marinha do Brasil tem investido na expansão da sua força naval e no desenvolvimento da indústria de Defesa por meio do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), que viabilizará a produção do primeiro submarino brasileiro de propulsão nuclear e de mais quatro submarinos convencionais diesel elétrico. Durante o evento IPEI InFoco, realizado no dia 10 de setembro no campus São Bernardo do Campo, o contra-almirante e engenheiro naval Alan Paes Leme Arthou ministrou a palestra ‘O Programa de Desenvolvimento do Submarino com Propulsão Nuclear Brasileiro (PROSUB)’ para uma plateia formada por professores, alunos e representantes do governo e de empresas da região. Com o PROSUB, parte da pesquisa e todo o projeto, produção fabril, montagem e manutenção será brasileiro, reforçando a nacionalização que acarreta em transferência de tecnologia e deverá gerar empregos.

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O contra-almirante e engenheiro naval Alan Paes Leme Arthou ministrou palestra

Para o PROSUB será necessário cons­ truir um grande complexo militar, formado por um estaleiro, uma moderna base naval e uma unidade industrial para fabricação de partes dos submarinos. A nacionalização da parte do estaleiro e Base Naval envolveu 600 empresas brasileiras e 90% dos equipamentos usados para a construção foram nacionais, e uma parte

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dessa produção nacional já é desenvolvida pela empresa Termomecânica, instalada em São Bernardo do Campo. “Para a construção de um submarino são necessárias 950 mil peças, enquanto um boeing possui 130 mil e um carro 3 mil”, compara o palestrante, ressaltando a complexidade logística do empreendimento. Além da parte técnica, o contra-almirante reforçou a importância da construção de submarinos para a proteção das águas brasileiras, pois tem capacidade de ocultação, de detecção do que está acontecendo em seu entorno, poder de destruição, mobilidade tridimensional e relativa independência dos problemas ambientais, ou seja, não sente fenômenos como furação. Já o submarino nuclear vai além graças à propulsão com energia proveniente de um reator nuclear. O modelo não precisa ir à superfície, pois conta com gerador de oxigênio e eliminador do dióxido de carbono, proporcionando capacidade ilimitada de submersão. Na questão da defesa, também se destaca pela grande mobilidade, elevada velocidade e capacidade de cobrir grandes áreas geográficas. “Quando falamos em energia nuclear logo se pensa no perigo, mas, reforçamos que todos os cuidados são tomados e os riscos estudados. A probabilidade de acontecer um acidente é baixa, menor do que a de um avião cair”, enfatiza.

uatp2/istockphoto.com

Submarinos brasileiros


Sergio Fujiki

Projeto Aerodesign envolve Engenharia Aeronáutica Embora o Centro Universitário da FEI não possua em sua grade curricular o curso de Engenharia Aeronáutica, desde 2002 os alunos têm a oportunidade de participar do projeto AeroDesign, que trabalha os conceitos da área e é voltado ao desenvolvimento do estudante no ramo aeronáutico por meio do projeto e da construção de aeronaves controladas por rádio. Além de colaborar com conhecimento e complementação no currículo acadêmico dos alunos, todos os aviões participam do campeonato SAE Brasil Aerodesign, que envolve protótipos criados em cursos de Engenharia do Brasil e exterior. Assim como os demais projetos extracurriculares desenvolvidos na FEI, o AeroDesign possibilita aos alunos adquirirem conhecimentos que vão além dos ensinados em sala de aula, e permite o aprofundamento no setor aeronáutico por meio da aplicação das técnicas e conhecimentos da Engenharia Aeronáutica. “O projeto envolve as áreas aerodinâmica, estrutural, elétrica e da dinâmica de voo, e os integrantes da equipe usam toda teoria aeronáutica com foco na construção de peças cada vez mais modernas e competitivas”, explica o professor doutor Cyro Albuquerque, orientador do AeroDesign. Para a atividade extracurricular, a FEI mantém uma oficina completa dentro do Centro de Laboratórios Mecânicos e os

alunos também utilizam os laboratórios de Materiais para obtenção das propriedades mecânicas de alguns itens. Nos últimos anos, a equipe firmou parceria com o Centro Meteorológico do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para análises no túnel de vento. “Na área de projeto utilizamos ferramentas de análise de elementos finitos para estudo das estruturas do avião, aerodinâmica e estabilidade por meio de software utilizados na indústria de ponta, como a aeronáutica e a Fórmula 1. Outro software também nos auxilia nas análises de otimização multidisciplinar (MDO), além do uso de programas mais específicos de cálculo aeronáutico”, explica o capitão Victor Cunha Zoni, estudante do 9º ciclo de Engenharia Mecânica. Para o campeonato SAE Brasil Aerodesign, o grupo formado por 13 alunos desenvolveu e construiu quatro aeronaves que competiram na categoria regular, que impõe restrições geométricas e delimita as dimensões máximas das aeronaves, que devem ser capazes de decolar a uma distância máxima delimitada. O principal mérito da equipe neste ano foi conseguir fazer uma aeronave leve, confiável e com sistema de retirada rápida de carga. Cada peça construída pelos estudantes pesa menos de dois quilos, carrega cerca de nove quilos e chega a até 85 km/h. Nesta edição, a FEI competiu com 64 equipes e ficou em quarto lugar. outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei

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responsabilidade social

Engenheiros voltados Formandos de 2014 desenvolvem projetos inovadores e focados na saúde humana

C

ada vez mais, a Medicina e a Engenharia caminham juntas em busca de soluções que garantam­ mais qualidade de vida a pacientes com doenças crônicas e que propiciem o desenvolvimento de equipamentos de

diagnóstico e tratamento mais eficientes, entre outras iniciativas que têm como foco o bem-estar da sociedade. O Centro Universitário da FEI sempre reforçou a necessidade de os alunos terem um olhar voltado para o social. O resultado dessa formação focada nas necessidades da sociedade está cada vez mais presente nos trabalhos de conclusão de curso que, semestralmente, são apresentados por formandos de todas as áreas. No segundo semestre de 2014, parte desses projetos voltados à área da saúde foi desenvolvida por formandos de En­ genharia Elétrica. Um dos projetos é um protótipo eletrônico que visa auxiliar deficientes visuais a identificarem símbolos por

meio do sentido tátil. “O equipamento consiste basicamente em uma matriz de eletrodos circulares acoplada à pele, que transmite sinais elétricos estimulando as células responsáveis por enviar a sensação de toque ao cérebro”, conta Filipe Costa Feitosa, um dos idealizadores do projeto. Para a execução do trabalho também foi desenvolvido um módulo de captação de imagem, que se comunica com o protótipo através de radiofrequência. Outro grupo de Engenharia Elétrica desenvolveu um monitor de eletrocardio­ grama portátil que tem como objetivo observar a atividade cardíaca por meio da captação das derivações dos sinais elétricos, responsáveis pela contração e re­ laxamento dos músculos do coração. Estes sinais podem fornecer informações sobre o funcionamento do órgão, auxiliando de forma eficiente o diagnóstico clínico e, em casos extremos, ajudando a salvar a vida do paciente. Atentos às dificuldades de portadores do Mal de Alzheimer, doença

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AndreyPopov/istockphoto.com

Combate ao estres Tubos plásticos descartáveis ou feitos de aço cirúrgico para utilização permanente, os trocateres estão presentes em cada corte realizado em um procedimento por videolaparoscopia em todas as partes do mundo. É por meio desses cortes que os cirurgiões conseguem introduzir pinças, tesouras e outros equipamentos para a realização de procedimentos. Atentos à importância desses equipamentos, formandos de Engenharia Mecânica Plena desenvolveram um equipamento pré-operatório visando à complementação do trocater. O projeto consiste em facilitar­ a inserção do instrumento no corpo, porque, quando o médico punciona, tem de fazer controle de força e de direção para


ao bem-estar degenerativa cerebral que causa perda de memória e torna difícil a autonomia, formandos do curso também desenvol­ veram um kit doméstico de cuidados para indivíduos com a doença. A ideia do grupo é monitorar alguns parâmetros e desenvolver dispositivos para ajudar os pacientes a terem uma vida mais segura e independente. “O aparelho avisa a hora certa de tomar remédios e informa para não atender a porta para pes­ soas estranhas e não sair da cama durante a noite, além de verificar a temperatura do ambiente e possíveis vazamentos de gás”, explica o engenheiro Rodrigo Costa Rodrigues, um dos integrantes do grupo. O equipamento é de manuseio simples, o que permite ao próprio cuidador progra­ mar funções de acordo com as necessida­ des do paciente. O coordenador do Departamento de Engenharia Elétrica da FEI, professor doutor Renato Giacomini, explica que é importante que projetos de tecnologia as­

Alunos de Engenharia Elétrica desenvolveram monitor de eletrocardio­grama portátil

sistiva, saúde, inclusão e bem-estar social estejam presentes nos projetos de forma­ tura. “Considero natural o interesse dos alunos por essa área, pois trata-se de um reflexo de sua formação na FEI”, afirma. O docente informa que grande parte dos

projetos criados por formandos pode ser aproveitada pela indústria e, nessa área de projetos com fim social, a FEI já teve alguns casos de empresas que procuraram a Instituição porque tinham interesse em desenvolver produtos.

se e proteção nas cirurgias inserir o instrumento. O equipamento foi desenvolvido para que o médico pudesse trabalhar com o trocater sobre a região abdominal do paciente, e consiste de uma alavanca e um parafuso regulador de altura. A alavanca é o mecanismo por onde o médico cirurgião consegue aplicar, em sua extremidade, uma força equivalente à metade da força necessária para inserir o instrumento dentro do corpo do paciente. O parafuso regulador auxilia no controle e na altura do deslocamento do instrumento perfurocortante no início da cirurgia. “Com esse equipamento, esperamos trazer mais segurança ao paciente que está submetido ao processo cirúrgico, pois reduz os riscos de acidentes por lesões em algum órgão interno pela lâmina, e maior controle de inserção do trocater pelo médico”, explica

o engenheiro Diego Dagys Franco, um dos integrantes do grupo. O projeto foi escolhido pelos estudantes depois de avaliarem dados estatísticos da literatura médica que indicam lesões sérias causadas em pacientes submetidos ao trocater. Observando os mecanismos de uma furadeira de bancada, os alunos perceberam que conseguiriam fazer esse controle de deslocamento e força nesse instrumento para reduzir o risco. “Com o equipamento, tentamos encontrar uma solução para reduzir o número de casos e para que os médicos tivessem maior controle ao usar o trocater. Voltamos os olhos para a saúde, porque identificamos essa necessidade e quisemos desenvolver um equipamento que pudesse auxiliar a Medicina”, sinaliza o engenheiro.

Os formandos da FEI encontraram solução até para relaxar o corpo de maneira saudável. Pesquisando diferentes tipos de massagem, assim como equipamentos encontrados no mercado nacional e internacional, os alunos de Engenharia Mecânica Plena desenvolveram uma poltrona de massagem indicada para aliviar o estresse e melhorar a circulação sanguínea, oferecendo aos usuários melhor qualidade de vida. Segundo Alexandre Gomes de Jesus Seixas, um dos integrantes do grupo, a ideia surgiu para aliviar o que está sendo chamado de ‘mal do século’. “A massagem, além de combater o estresse, tem a capacidade de aumentar a imunidade, a flexibilidade, melhorar a circulação sanguínea e aliviar dores, graças à liberação de endorfina”, justifica.

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artigo

Diferenciação torna produto mais atraente

C William Maluf é professor doutor do Departamento de Engenharia Mecânica e coordenador do curso de pós-graduação em Gestão e Tecnologia em Projeto de Produto do Centro Universitário da FEI

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om criatividade, inventividade e recursos da Engenharia é possível agregar valor a qualquer produto para torná-lo diferenciado, aumentando o interesse, o apelo e a necessidade de consumo do cliente. Sabe­-se que o custo é um aspecto fundamental para o sucesso do negócio, sendo mandatória a sua apreciação. Entretanto, a eventual diminuição do preço pode não ser a melhor estratégia para o aumento das vendas. É certo que, em alguns casos, é mais difícil agregar valor ao produto, mas a própria história da humanidade,­recheada de inovações e progressos, mostra que sempre é possível promover mudanças e torná-lo diferenciado. Existem técnicas de resolução de problemas, ferramentas para aprimoramento de qualidade e melhoria de valor de produtos descritas pela Engenharia. Contudo, é imprescindível saber empregá-las. Profissionais capacitados e com experiência podem contribuir decisivamente para a melhoria do desempenho global das empre­sas. Técnicas simples de criatividade já foram utilizadas para desenvolver produtos e agregar funções e utilidades antes não previstas, e uma delas baseia-se em adicionar/subtrair características ao produto. Um exemplo dessa técnica parece ter sido empregado para aprimoramento do celular. Acredita-se que diversas pessoas foram reu­ ni­das e questionadas sobre o que removeriam do celular. Tal método deve ser aplicado sempre em um ambiente propício e sem qualquer tipo de interrupção ou cerceamento da participação dos entrevistados. As respostas costumam ser dadas de maneira espontânea, sem grandes reflexões prévias, e não devem sequer ser julgadas em ter­mos de mérito. De uma dinâmica como essa, sugestões como a remoção dos números, do valor da conta, dos botões, da antena, entre outras, certamente foram apresentadas. Naturalmente, alguém deve ter achado hilária a ideia de eliminar a conta, uma vez que seria muito interessante usar o celular de graça. Creio que, ao submeter tais comentários para apreciação da direção

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da empresa, deve ter surgido a ideia do celular pré-pago (sem conta). Outro resultado provável pode ter sido o de remover a antena. Outra inovação para a época foi a remoção dos botões. Essa mesma estratégia poderia ser facilmente utilizada em outros objetos. Recentemente, fui questionado sobre o que poderia ser acrescido a um produto simples como clipes. Cor, textura e cheiro foram algumas de minhas respostas. Isso daria um diferencial ao produto e chamaria a atenção do cliente. Evidentemente, a publicidade e o marketing devem ser igualmente considerados na intenção de incrementar a quantidade de vendas, pois fazem com que os consumidores saibam que o produto existe e o comprem pela primeira vez. E se o produto (ou serviço) tiver qualidade, e o atendimento, seja antes, durante ou depois da compra, for bom, aumenta muito a chance de ser adquirido novamente. Atualmente, existem maneiras de se fazer marketing com custo muito reduzido. As redes sociais são exemplos claros disso. A diferença reside em como as empresas usam as ferramentas disponíveis. E, invariavelmente, desembocamos nos profissionais que trabalham nas empresas e na capacidade que os responsáveis têm de gerir o negócio de maneira lucrativa. Por isso, a relevância da educação em Engenharia e da criatividade dos gestores. Vale ressaltar que, para a sobrevivência das empresas, é importante o cuidado especial com a área de recursos humanos. O resultado final de uma organização é fruto do trabalho de pessoas, e a qualidade e competência dos funcionários influenciam diretamente no resultado final. Além desses aspectos técnicos, costumo recomendar três virtudes fundamentais para comandantes e comandados: perseverança, disciplina e determinação. Acredito que essa combinação de fatores pode culminar em excelentes resultados. Tem uma frase usada na área de qualidade que afirma: “se você não fizer algo diferente, os resultados provavelmente serão os mesmos”.


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