Domínio FEI 24: Internet da coisas

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Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015


Editorial

Movimento rumo ao futuro Professora doutora Rivana Basso Fabbri Marino Vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias Centro Universitário FEI

Quando esta edição da Domínio FEI chegar às mãos de nossos leitores, uma campanha publicitária estará no ar para apresentar a nova logomarca do Centro Universitário FEI para o mercado. Mais do que contar que a FEI está atualizando a sua logomarca aos alunos, ex-alunos, educadores, empresários e sociedade em geral, nosso objetivo é apresentar nosso novo posicionamento como Instituição de ensino superior cada vez mais integrada às necessidades do mundo atual. O Centro Universitário FEI vem construindo, ao longo dos últimos 13 anos, uma base sólida e madura para a consolidação de seu novo posicionamento no meio universitário. A logomarca, escolhida depois de um longo e coletivo processo que reuniu gestores, professores, comunicadores e especialistas em branding, reúne a tradição da FEI e remete à modernidade e à visão de futuro que, hoje, são a marca da Instituição. A nova logomarca foi construída exatamente para ter esse significado: a partir de um passado sólido estamos prontos para o futuro. Neste processo de construção da nova logomarca fizemos uma riquíssima pesquisa com diferentes atores – alunos, egressos, formadores de opinião, empresas e até concorrentes – e tivemos a grata satisfação de saber que a FEI é reconhecida como um nome forte e com valor na formação, além de ter uma alma acolhedora e gerar orgulho em seus alunos, ex-alunos e colaboradores. Para nós, essa informação é de grande importância, pois, apesar de termos consciência da necessidade de avançar, tivemos a certeza de estar no caminho certo. Outra informação valiosa foi conhecer ainda melhor o perfil de nossos alunos. A pesquisa confirmou que os jovens que escolhem estudar na FEI são determinados, compenetrados e sérios, com um olhar mais maduro para o futuro e que sabem exatamente aonde querem chegar. E o aluno vem para a FEI em busca dessa seriedade na conduta, dessa solidez para a carreira e com a certeza de que sairá da Instituição preparado para ser o protagonista na sua vida. Esta edição da revista apresenta alguns dos frutos que temos colhido, resultado dos avanços institucionais a que me refiro. A participação em grupos de pesquisas e projetos internacionais, tendo como resultados a premiação do projeto de discentes no Fórum Partners­for the Advancement of Collaborative Engineering Education – Parceiros pelo Avanço da Educação da Engenharia (PACE), programa mundial liderado pela General Motors (GM), e a promoção do workshop sobre corredores verdes ilustram a maturidade de nossos pesquisadores e linhas de pesquisa e a competência de nossos discentes e seus orientadores. Os temas tratados na Semana da Qualidade, assim como os trabalhos apresentados por nossos docentes no Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia (Cobenge), demonstram o alinhamento de nossos docentes com o perfil dos jovens e o comprometimento da Instituição com a excelência do processo formativo. Este é o momento ideal para mostrar a todos o posicionamento da FEI por meio da nova logomarca, que representa a consolidação do avanço do Centro Universitário. E é para que a FEI assuma mais este protagonismo em sua história de sucesso que gestores, docentes e alunos se preparam neste momento. A logomarca já está pronta.

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Espaço do leitor Revista Domínio FEI Publicação do Centro Universitário da FEI

expediente

“Como ex-aluno e trabalhador na área, fi­quei muito contente em saber sobre a pós-graduação em Gestão de Produção Aeroespacial­que está sendo oferecida pela FEI. Sou piloto privado de aeronaves e, hoje, trabalho com con­ sultoria aeronáutica em uma empresa própria. Espero que o polo aeroespacial de que tanto se fala na região do ABC saia do papel logo e beneficie a região e a faculdade. Parabéns­ pela revista!” Francisco Pompeo Engenharia Mecânica – Turma 2009

“Tenho recebido todas as edições da Domínio­ FEI e acompanhado com muita atenção tudo que a revista nos traz, e parabenizo o grande trabalho feito pela equipe da redação. Hoje, atuo como representante comercial no segmento de material para construção e represento empresas de grande renome no segmento. Gostaria de saber mais sobre os professores e alunos desta turma e de outras, que participação estão tendo com o nosso mundo. Sei que o grande foco da Domínio FEI é a tecnologia, sobre a qual nos orgulhamos, mas gostaria de sugerir a possibilidade de a revista ter uma seção explorando assuntos voltados

ao mundo dos administradores de empresa, envolvendo as estratégias deste universo tão abrangente do mundo dos negócios, finanças e outros temas.” Alfredo Pacheco Pradelli Administração – ESAN – Turma 1982 “Sou engenheiro mecânico formado na primeira turma do noturno, em 2003. Primeiramente, parabenizo a iniciativa, a qualidade e o conteúdo das entrevistas e reportagens, especialmente com ex-alunos atuando no mercado de trabalho, que tenho lido com frequência na revista Domínio FEI. Já estou no mercado desde o ano 2000, ainda quando era estagiário de Engenharia. Nestes meus anos de experiência profissional reconheço o valor que o curso da FEI me trouxe, com uma formação acadêmica sensacional, especialmente as disciplinas de Resistência dos Materiais. Ficarei muito honrado e orgulhoso de fazer parte de uma futura matéria, expondo minha experiência, enaltecendo o nome da Instituição e, talvez, inspirando futuros engenheiros para a indús­tria aeronáuti­ca.” Haroldo Chacon Engenharia Mecânica – Turma 2003

Centro Universitário FEI Campus São Bernardo do Campo Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972 – Bairro Assunção São Bernardo do Campo – SP – Brasil CEP 09850-901 –­ Tel: 55 11 4353-2901 Telefax: 55 11 4109-5994 Campus São Paulo Rua Tamandaré, 688 – Liberdade São Paulo – SP – Brasil – CEP 01525-000 Telefax: 55 11 3274-5200 Presidente Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J. Reitor Prof. Dr. Fábio do Prado Vice-reitor de Ensino e Pesquisa Prof. Dr. Marcelo Pavanello Vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias Profª. Drª. Rivana Basso Fabbri Marino Conselho Editorial desta edição Professores doutores Flavio Tonidandel, Vagner Bernal Barbeta e Roberto Baginski Coordenação geral Andressa Fonseca Comunicação e Marketing da FEI Produção editorial e projeto gráfico Companhia de Imprensa Divisão Publicações Edição e coordenação de redação Adenilde Bringel (Mtb 16.649) Reportagem Adenilde Bringel, Elessandra Asevedo, Fabrício F. Bomfim (FEI) Fotos Arquivo FEI e Leonardo Britos

Fale com a redação A equipe da revista Domínio FEI quer saber a sua opinião sobre a publicação, assim como receber sugestões e comentários. Escreva para Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972, Bairro Assunção - S.B.Campo - SP CEP 09850-901, mande e-mail para redacao@fei.edu.br ou envie fax para o número (11) 4353-2901.

Programação visual Companhia de Imprensa - Divisão Publicações Estagiário Vitor Gitti Tiragem: 18,5 mil exemplares Impressão e distribuição: Edições Loyola

Em virtude do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mails recebidos. No entanto, nossa equipe agradece a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação. As matérias publicadas nesta edição poderão ser reproduzidas, total ou parcialmente, desde que citada a fonte. Solicitamos que as reproduções de matérias sejam comunicadas antecipadamente à redação pelo e-mail redacao@fei.edu.br. Instituição associada à ABRUC

www.fei.edu.br

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Sumário

28 ENTREVISTA O engenheiro eletrônico Renato Buselli assumiu a vice-presidência da Divisão Digital Factory, da Siemens, com o objetivo de ampliar a digitalização nas indústrias

32 O Centro Universitário FEI desenvolve pesquisas sobre Internet das Coisas, área que estuda a conexão entre objetos e é considerada a mais nova revolução tecnológica no planeta

istockphoto.com

Pesquisa & tecnologia

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DEstaques

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DEstaque jovem

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GESTÃO E INOVAÇÃO

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PÓS-GRADUAÇÃO

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ARTIGO

• FEI é destaque no maior evento de ensino de Engenharia do País • Aula inaugural da Administração aborda aspectos de cultura e fé • Centro Universitário é protagonista na Olimpíada de Robótica • Inova FEI no campus São Paulo premia os melhores trabalhos • Alunos de Engenharia ganham prêmio no 4º Fórum PACE da GM • Contexmod permite a troca de conhecimentos na área têxtil • Semana da Qualidade amplia debate sobre ensino superior • Professores da FEI escrevem capítulo em livro internacional • IPEI Infoco reúne especialistas de IoT no campus São Paulo • Diferentes turmas de Engenharia se reúnem depois de formadas • NIT da FEI faz parte da rede paulista de inovação INOVA-SP • Instituições católicas se encontram na 25ª edição da FIUC • Encontro internacional avalia possibilidades de corredores verdes • Recruta FEI é uma porta de entrada para o mercado de trabalho

• Engenheiro eletricista formado em 2006 desenvolveu projeto inédito e realizou o sonho de morar e trabalhar nos Estados Unidos

• Centro Universitário FEI apresenta a nova logomarca, criada para acompanhar a evolução pela qual vem passando nos últimos anos

• Novo curso de especialização em produtos têxteis tem foco no produto e visa atender à constante evolução do mercado

• O mercado aeroespacial no Brasil está em expansão e deve oferecer boas oportunidades para profissionais, inclusive no ABC

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Destaques

Docentes discutem o en Centro Universitário é um dos organizadores do maior evento sobre o assunto

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ma das perguntas mais frequentes entre educadores que se dedicam à formação de enge­nhei­ros é como estimular os alu­nos a aprenderem de forma colaborativa e proativa, para formar profissionais bem preparados e motivados a buscar a inovação, o desenvolvimento e o bem-estar da sociedade. Com o tema ‘Aprendizagem Ativa: engenheiros colaborativos para um mundo competitivo’, professores de diferentes instituições de ensino superior do País se reuniram para discutir este assun­to durante a 43a edição do Congresso­Brasileiro de Educação em Engenharia (Cobenge). O encontro foi or-

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ganizado por cinco instituições de ensino superior do Grande ABC, entre as quais o Centro Universitário FEI, e realizado no campus da Universidade Federal do ABC (UFABC). Preocupada com esta questão, a FEI tem estimulado o corpo docente a buscar iniciativas que possam ajudar a melhorar o aprendizado, especialmente dos alunos ingressantes. Com isso, diferentes propostas têm sido desenvolvidas e aplicadas e, destas, 10 foram selecionadas pela comissão científica do Cobenge para serem expostas ou apresentadas no encontro. As iniciativas envolvem o diagnóstico da percepção dos alunos sobre o aprendizado e algumas experiências de intervenções com novas metodologias.

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“A maioria das ações está relacionada ao ensino da Física e da Matemática, duas das áreas que mais geram apreensão por parte de estudantes nos primeiros semestres do curso”, explica o professor doutor Roberto Baginski Santos, do Departamento de Física, que esteve à frente da organização pela Instituição. O docente é autor do trabalho ‘Metodo­ logia Ativa de Aprendizagem para Física Básica em Cursos de Engenharia’ – em parceria com a professora doutora Eliane Chinaglia –, que consiste na implantação de uma nova metodologia para o ensino de Física nos primeiros ciclos do curso. Com essa nova metodologia, os alunos discutem questões propostas pelos docentes em sala de aula e resolvem os problemas em pequenos grupos. “Tradicionalmente, a aula é muito expositiva e o aluno assiste de forma passiva. Nossa proposta é trazer a tarefa de casa para a sala de aula. Se o estudante conseguir aprender bem a matéria nos primeiros ciclos ficará mais seguro e saberá estudar corretamente nos demais”, acredita o professor. Outro estudo do depar­tamen­ to­­envolve o uso pedagógico do efeito Hall, que permite determinar o sinal dos portadores de carga dentro de condutores e semicondutores. A experiência, denominada ‘Montagem Experimental para Determinação do Coeficiente Hall no Contexto das Metodologias Ativas’, de autoria do professor Gilberto Marcon Ferraz e do aluno de Engenharia Guilherme Nechar


sino da Engenharia Hernandes Ferreira, facilita o aprendizado porque permite ao aluno visualizar e desenvolver intuição sobre a condução elétrica, que ocorre dentro de um fio. O Departamento de Ciência da Compu­ ta­­ção levou dois trabalhos: ‘Ferramenta de Ensino Baseada em Game Engine pa­ra­­ o Estu­do e Simulação de Reações e Pro­ priedades­Físicas de Estruturas’, e o pro­ tótipo de mes­mo título apresentado na Mostra de Protótipos Acadêmicos (MPA), ambos de autoria de Gustavo Magalhães Tercete, Rodrigo Paes Pereira Corte Real e Rodrigo Filev Maia. Os dois trabalhos apresentam a construção de um ambiente de estudo de estruturas no qual os alunos podem experimentar a reação de estruturas treliçadas quando esforços são aplicados, além de o estudante poder construir suas próprias estruturas para estudo. Para a construção do ambiente e para a simulação das reações utilizou-se um game engine e bibliotecas de simulação física. O coordenador do Departamento de Engenharia Civil, professor doutor Kurt André Pereira Amann, apresentou um

O professor doutor Roberto Baginski Santos, ­ da FEI, participou da Comissão Organizadora

Da esq.: O reitor da FEI, Fábio do Prado (1º), representantes da Abenge e o reitor da UFABC, Klaus Capele (5º)

estudo de caso baseado em uma mudança de metodologia aplicada à disciplina de Fundações. O docente usou diversas estratégias ativas de aprendizagem, como PBL (Problem-Based Learning ou Aprendizagem Baseada em Problemas), Painel Integrado (Jigsaw), e uma breve simulação de jogo de empresas para estimular os alunos a serem mais proativos em aula. “Trabalhamos duas semanas em determinados temas e os alunos têm de atender a diferentes desafios em grupo. As mudanças são sempre desafiantes e os estudantes se incomodam de sair da zona de conforto, criada por décadas de aulas expositivas não interativas, mas nõs, docentes, também devemos sair da zona de conforto e ter a coragem de propô-las para formar adequadamente esses novos profissionais”, argumenta. O Departamento de Ciências Sociais e Jurídicas apresentou o estudo ‘Experiências e Práticas de Transformação: Engenharia na Escola’, que teve como objetivo

ressaltar a importância e a relevância da interação entre cursos de Engenharia e escolas de ensino médio para promover e despertar o interesse dos alunos para cursos das áreas de Ciências Exatas, em especial a Engenharia. Sob a coordenação da professora doutora Lania Stefanoni Ferreira, o projeto teve duração de 15 meses e foi realizado em parceria com a escola pública Nail Franco de Mello Boni, em São Bernardo do Campo. O estudo fez parte do programa Forma Engenharia (leia mais na página 8). O reitor do Centro Universitário, professor doutor Fábio do Prado, lembra que a FEI sempre esteve atenta às políticas de inovação e essa dezena de trabalhos de seus docentes comprova o interesse de buscar novas formas de ensinar. “A formação deve buscar cada vez mais bons gestores de projetos, sempre tirando o foco do modelo passivo da sala de aula e criando metodologias que estimulem a autonomia dos alunos”, reforça.

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Destaques

O valor da Matemática O Departamento de Matemática do Centro Universitário FEI levou cinco trabalhos ao Cobenge, dois deles vincu­lados ao Programa Forma Engenharia (leia quadro). Um dos estudos é ‘A construção de Mapas Conceituais: Uma Metodologia Ativa de Aprendizagem para o Cálculo Diferencial e Integral no curso de Engenharia’, dos professores doutores Fábio Gerab, chefe do Departamento de Matemática, e Paulo Henrique Trentin. Os docentes usam a construção de mapas conceituais como metodologia ativa de aprendizagem para que o estudante possa compreender as interações e conexões entre os componentes curriculares do curso e do ciclo em que realizam seus estudos. “A proposta metodológica exige uma quebra de paradigma para o estudante, bem como uma reorganização da instituição de ensino, que se compromete com a formação de seu corpo discente”, afirmam os autores. O chefe do departamento também participa do estudo ‘A transição do Ensi­no

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Médio – Ensino da Engenharia na Perspectiva do Aprendizado de Matemá­tica: um Diagnóstico sob a Ótica do Estudante’, em parceria com o professor doutor Elenilton Vieira Godoy. O trabalho envolve um projeto de pesquisa intitulado ‘Desafios do Ensino de Matemática nos Cursos de Engenharia no Século XXI’, que tem como objetivo investigar e propor ações

para facilitar a transição da educação básica para a educação superior, mais particularmente para os cursos de Engenharia. A pesquisa foi aplicada aos alunos dos 2º, 3º e 4º ciclos dos cursos de Engenharia da FEI, dos períodos diurno e noturno. Os professores doutores Tiago Estrela de Oliveira e Mônica Karrer apresentaram o estudo ‘Uma Proposta de Ensino de Vetores De­sen­volvida em um Ambiente de Geometria Dinâmica’. No trabalho, os autores demonstram os resultados da aplicação de parte de um experimento de ensino sobre vetores, conteúdo presente na disciplina de Geometria Analítica. O objetivo do estudo, que envolveu estudantes do ciclo básico, foi investigar as compreensões construídas pelos estudantes ao participarem do experimento. “Depois do trabalho experimental, os alunos validaram algebricamente as conjecturas levantadas no ambiente computacional, estabelecendo conversões entre os registros algébrico, gráfico e da língua natural”, explicam.

Programa Forma está entre os estudos apresentados na área Dois estudos desenvolvidos por docentes do Departamento de Matemática, apresentados no Cobenge, fazem parte do programa Forma Engenharia, organizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e que envolveu vários docentes do Centro Universitário FEI. No trabalho ‘Despertando o Interesse pela Engenharia: o Ensino do Desenho Geométrico no Ensino Médio, com a Utilização de Software’, os professores Armando Pereira Loreto Junior e João

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José Rosa Junior desenvolveram uma experiência pedagógica em uma escola de ensino médio na cidade de Santos, litoral de São Paulo, com participação de alunos como multiplicadores. “O Desenho Geométrico é fundamental para uma boa aprendizagem da Geometria e, sem essa disciplina, os alunos não são estimulados suficientemente para trabalhar com a visão espacial”, acentuam os docentes. Com o título ‘Contribuição da Matemática no Ensino Médio para Despertar

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o Interesse pela Graduação em Engenharia’, o professor doutor Custódio Thomaz Kerry Martins coordenou um projeto em que foi construída uma relação de aproximadamente 50 problemas de aplicação de recursos de Matemática do ensino médio e fundamental em cenários que pudessem ser relacionados a situações de trabalho de Engenharia. Os problemas foram coletados por meio de material didático de uma escola de ensino médio, de avaliações ou de concursos, além de receber contribuições de engenheiros.


Destaques

O Padre José Tolentino Mendonça (2º à esq.) foi o professor convidado no campus São Paulo

Cultura e fé em debate Aula inaugural aborda a mesa como privilegiado espaço de partilha de ideias e de tomada de decisões

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resente na casa e no cotidiano de todas as pessoas, a mesa pode ter uma simbologia muito maior do que ser simplesmente um mobiliário. Considerada um lugar de construção do cristianismo, a mesa foi destaque na aula inaugural do ensaísta, poeta e especialista em estudos bíblicos Padre José Tolentino Mendonça, professor doutor da Universidade Católica de Portugal, realizada no início do semestre letivo do curso de Administração no campus São Paulo, em agosto. Com o tema ‘Fé e Cultura: o Diálogo com as Interrogações do Presente’, a apresentação reuniu educadores e alunos do Centro Universitário FEI. O professor convidado mostrou que, ao redor da mesa, é possível partilhar có-

digos simbólicos fundamentais e adquirir cultura. “É na mesa e durante as refeições que as famílias se encontram – mesmo que sejam momentos raros hoje em dia –, que os empresários discutem os negócios e que os amigos se divertem. Na mesa há a alimentação da palavra, é um momento cultural”, enfatiza. O ensaísta lembra como é difícil comer na frente de um estranho na mesma mesa por ser um dispositivo de comunicação, tanto nos dias atuais como no tempo de Jesus. De acordo com o Evangelho de Lucas, os fariseus tinham simpatia por Jesus e o convidaram para comer à mesa, em uma época na qual apenas os puros e perfeitos poderiam fazer isso. No entanto, três atos feitos pelo convidado mostravam que a mesa deveria ser um local de acolhimento. Primeiramente, uma mulher pecadora toca em Jesus, chora e é perdoada por estar arrependida do pecado – Maria Madalena; depois, Jesus convida um pobre para sentar-se junto a ele e, em um terceiro momento, cura um doente que é considerado impuro.

Segundo o Padre José Tolentino Mendonça, Jesus estabeleceu uma nova cultura a partir do momento em que aceitava que qualquer homem poderia sentar-se à sua mesa. “A questão é complicada e a mais forte pela qual foi sacrificado: por pensar e praticar uma mesa igualitária para todos. A mesa é uma máquina de construir pensamentos e cultura. E herdamos um estilo na medida em que nos alimentamos de Jesus, por meio da hospitalidade, do acolhimento e do amor. Em uma mesa, o diálogo está sempre aberto”, complementa o ensaísta. Após a palestra, o professor lançou o livro ‘A leitura infinita – A bíblia e a sua interpretação’, que aproxima o leitor do mistério da leitura dos textos pertencentes às Sagradas Escrituras, destacando uma série de elementos que caracterizam as tradições bíblicas: a qualidade poética, a linguagem metafórica, a capacidade de fazer uma leitura da pessoa humana e do mundo e o impulso de silenciar o homem, levando este último à contemplação do mistério e ao encontro com Deus.

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Destaques

A invasão dos robôs na

Professora doutora Esther Luna Colombini

FEI é protagonista no crescimento do número de estudantes na Olimpíada Brasileira de Robótica

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robótica e a automação são consideradas áreas estratégicas para o desenvolvimento do Brasil e precisam cada vez mais de recursos humanos. Esta realidade incentivou a criação, em 2007, de uma competição destinada a alunos do ensino fundamental e médio que, devido à importância para o desenvolvimento do País, passou a receber o apoio do governo federal a partir de 2008. Para despertar e estimular o interesse pela robótica e promover os conhecimentos básicos sobre o tema de forma lúdica, a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) foi criada como parte de uma iniciativa de pesquisadores na área

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de robótica de diversas instituições. Além do Centro Univer­­si­­­­­tá­rio­­ FEI, que possui importante expertise na área em nível nacional e é a Instituição coordenadora da competição desde 2013 – com gestão até 2016 –, fazem parte do grupo o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e a Universidade Federal de Rio Grande (FURG) que atuam de forma conjunta para difusão da robótica na sociedade brasileira. Atualmente, a coordenação está sob a responsabilidade­da professora doutora Esther Luna Co­lom­­bini, do Departamento de Engenharia Elétrica da FEI. A Olimpíada Brasileira de Robótica é composta de provas teórica e prática realizadas em todo o Brasil, que utilizam o conhecimento em robótica como temática. Na modalidade teórica, os estudantes

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respondem as questões de uma prova escrita preparada por uma comissão de professores da OBR, realizada em uma única fase e simultânea em todas as escolas participantes do País. Na modalidade prática, os alunos utilizam kits de robótica ou componentes eletrônicos em geral para construção de robôs e devem cumprir o desafio de construir e programar um robô que desempenhe uma função de resgate em um ambiente de desastre simulado, seguindo algumas regras específicas. O campeão garante vaga na competição internacional RoboCup, na categoria RoboCup Junior Rescue. “A robótica tende a se tornar uma das 10 maiores áreas de pesquisa na próxima década, mas o Brasil ainda tem se situado de forma marginal neste segmento, o que pode levar o País a perder um fator potencial para a geração de empregos, técnicas, tecnologias e produtos devido, principalmente, à falta de incentivo para a


OBR EM NUMEROS

educação formação de recursos humanos”, afirma o professor doutor Flavio Tonidandel, chefe do Departamento de Ciência da Computação da FEI e coordenador geral da OBR entre 2013 e 2014. O docente acentua que a OBR passou por uma reestruturação das representações estaduais, que agora contam com professores doutores de universidades locais e com uma nova organização geral, com manuais, apostilas, vídeos explicativos e orientações que permitiram melhor entendimento e visibilidade ao evento, além de aumentar o número de participantes na modalidade prática. Com isso, a competição viu o número de equipes saltar de 300, em 2012, para 800 em 2013. O crescimento continuou em 2014, com 1,8 mil equipes e mais de 68 mil estudantes inscritos na categoria teórica, o que transformou a OBR em uma das maiores olimpíadas científicas do País. “Com a RoboCup realizada no Brasil em 2014, em João Pessoa, na Paraíba, a visibilidade e o interesse aumentaram ainda

Ano

inscritos na modalidade teórica

equipes na modalidade prática

2015

93.000

2.533

2014

68.360

1.796

2013

51.147

828

2012

28.149

315

2011

23.670

430

2010

29.350

510

mais. Com isso, em 2015 atingimos 2,5 mil equipes, sendo 555 só em São Paulo”, comemora o professor, que é membro do Conselho Superior da OBR e representante estadual da competição. A edição 2015 teve 91,5 mil participantes de todos os estados brasileiros, atingindo 42% dos municípios, com crescimento de 35% em relação ao ano anterior.

Representatividade A modalidade prática da OBR tem a região Nordeste como a mais representativa, com 1.140 times, seguida pelo Sudeste com 793 e pelo Sul com 268 equipes. Entre os estados com maior representatividade estão São Paulo, com 555 grupos; Paraíba com 335; Pernambuco com 260 e Rio Grande do Norte com 200. “O Ceará é o Estado com maior participação na categoria teórica. Essa participação expressiva do Nordeste é fruto do investimento de políticas públicas que ocorrem na região em relação à robótica no ensino básico”, justifica

a professora Esther Luna Colombini.­Além do recorde de público, os organizadores também destacam a qualidade das provas e o crescimento do despertar pela área de Ciências voltadas para a Engenharia. Na última pesquisa, 57% dos alunos disseram que a OBR ajudou a definir a carreira e 99% dos que já participaram e fazem faculdade estão matriculados em alguma área da Engenharia. Os coor­denadores também afirmam que a multidisciplinaridade do evento desperta o interesse e a capacitação para o trabalho em grupo e a proatividade nos participantes. Neste ano, a prova teórica ocorreu em 21 de agosto e a modalidade prática está na fase regional e estadual. A etapa nacional vai ser realizada entre 28 de outubro e 1º de novembro em Uberlândia, Minas Gerais, com 84 equipes dos níveis fundamental e médio. O campeão de cada nível vai representar o Brasil na categoria RoboCup Junior Rescue Line, da RoboCup 2016, que acontecerá na Alemanha.

Copa internacional reúne os melhores A FEI participou novamente da mais importante competição de robótica do mundo, a RoboCup, realizada na China, em julho. A Instituição foi representada nas categorias Small Size e Humanoide Kid Size, compostas por alunos de graduação, mestrado e doutorado. Na categoria Small Size, a FEI participa pela sétima vez da RoboCup e coleciona títulos em competições nacionais e internacionais. O humanoide já participou da competição nacional duas vezes, mas, neste ano, estreou em solo internacional. Embora a Instituição não tenha garantido nenhum título na edição 2015, a participação neste grande evento científico é considerada muito importante, porque permite que estudantes, pesquisadores e especialistas compartilhem informações. “Disseminar a pesquisa é um dos objetivos da competição, por isso, todos os projetos ficam disponíveis aos participantes, que também tiram dúvidas entre si”, acrescenta o professor Flavio Tonidandel.

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Destaques

FEI ganha prêmio com protótipo de O projeto foi destaque no 4º Fórum Mundial PACE da General Motors, realizado pela primeira vez no Brasil

A

nualmente, inúmeras instituições de ensino de Engenharia participam do Fórum Partners­for the Advancement of Collaborative Engineering Education – Parceiros pelo Avanço da Educação da Engenharia (PACE), programa mundial liderado pela General Motors (GM) para o desenvolvimento da educação de Engenharia Automotiva. Neste ano, o fórum foi realizado pela primeira vez no Brasil, em julho, e reuniu 350 alunos e professores de importantes escolas de Design e Engenharia do mundo, entre elas o Centro Universitário FEI, que participou pela primeira vez e foi premiado pela inovação e pelo desenvolvimento do veículo REVO. O projeto foi vice-campeão na categoria Engenharia, terceiro colocado na categoria Manufatura e premiado com o exclusivo PLM Software, oferecido pela empresa Siemens como reconhecimento ao melhor desenho utilizando o software NX. O REVO foi desenvolvido por estudantes de Engenharia Mecânica, de Produção e Civil do Centro Universitário, em parceria com alunos da Universidade Iberoamericana (ITESM), da Universidade de Toluca, ambas no México, da Universidade de Porto Rico e do College for Creative Studies, nos Estados Unidos. O desafio dos estudantes era construir um veículo urbano direcionado para as megacidades do futuro e que fosse utilizado tanto para

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o transporte de cargas quanto de pessoas, além de atender às diferentes demandas de mobilidade, inclusive com a possibilidade de uso compartilhado. O veículo criado pelos alunos tem um mecanismo de alteração do volume interno e permite expandir a cabine e reconfigurar de acordo com a quantidade de passageiros ou de cargas transportados. Um aplicativo para dispositivos móveis avisa o local de retirada mais próximo do usuário, as rotas e se há alguém interessado em compartilhar o uso e dividir despesas durante o trajeto. “O grande diferencial do projeto da FEI é o foco na mobilidade, e os alunos tentaram criar uma opção mais versátil do que as convencionais, que fosse menor, reconfigurável e pudesse ser compartilhada. As responsabilidades foram compartilhadas entre as escolas participantes”, afirma o professor doutor Roberto Bortolussi, chefe do De­ par­tamento de Engenharia Mecânica e orientador do projeto, que também teve participação do professor Ricardo Bock, na orientação do grupo.

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Professor doutor Roberto Bortolussi: diferencial

Os alunos da FEI realizaram estudo de viabilidade, custo e processo de fabricação, e desenvolveram plano de negócios com pesquisa de mercado e manufatura, além de participarem da construção do protótipo, esculpido à mão em placas de poliuretano e apresentado em escala 1:3.


veículo inovador

Alunos envolvidos com o projeto do carro REVO comemoram premiação

“Trabalhamos duro e tivemos nosso esforço reconhecido. Estamos muito felizes com o resultado”, comemora a aluna de Engenharia Mecânica, Ana Lúcia Cox, que é a diretora da equipe da FEI. Para o professor Roberto Bortolussi, participar pela primeira vez e já ser premiado é muito representativo, pois amplia o processo de internacionalização da Instituição e permite aos alunos interagirem e conviverem com multiculturas. Além disso, abre possibilidades para novos desafios e permite que a FEI se alinhe com escolas de Engenharia de outros países. A segunda fase do projeto consiste na construção do carro, que será apresentado em julho de 2016 em Cincinatti, nos Estados Unidos. Com o tema ‘Rethinking Mobility’ (Repensando a Mobilidade), a 4ª edição do fórum incluiu palestras de executivos da GM e de empresas patrocinadoras do PACE, que ofereceram treinamento de software específico aos interessados.

Evento científico na área têxtil Há três anos, a Associação Brasileira de Tecnologia Têxtil, Confecção e Moda (ABTT) criou o Congresso Científico Têxtil e de Moda (Contexmod) com o objetivo de compartilhar as pesquisas científicas acadêmicas relacionadas com a cadeia produtiva têxtil e da moda. O encontro une diferentes profissionais do segmento têxtil e é uma oportunidade de as instituições de ensino demonstrarem seus estudos na área. O Centro Universitário FEI, que tem o curso pioneiro de Engenharia Têxtil do Brasil, atua de forma intensa no congresso e, neste ano, foi apoiador e coordenador do Comitê Científico de Tecnologia. O 3º Contexmod foi realizado em agosto, em Fortaleza, Ceará, e teve apresentações orais de trabalhos de pesquisa científica e tecnológica relacionados com os temas Tecnologia Têxtil, Moda e Gestão da Cadeia Têxtil e de Confecção. Cerca de 80 trabalhos de todo o País foram inscritos e 44 foram selecionados e apresentados para, posteriormente, serem publicados na Revista ABTT, veículo em formato eletrônico com publicações científicas. A professora doutora do Departamento de Engenharia Têxtil da FEI, Camilla Borelli, coordenadora do Comitê Científico de Tecnologia do congresso, afirma que o evento é uma grande oportunidade de discutir temas importantes e saber o que está sendo feito no País. “A participação da FEI no Contexmod é muito importante, por ser pioneira no ensino na área têxtil e referência em tecnologia”, enfatiza, ao lembrar que, no evento, é possível criar uma rede de colaboração e firmar parcerias com pesquisadores de outras instituições para alavancar a tecnologia nacional. O congresso da ABTT também teve a parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP).

Valor agregado O PACE envolve várias instituições de Engenharia e Desenho Industrial e gera incentivos entre empresas de software e escolas para que utilizem programas que a GM usa nas fábricas. “A maior parte desses programas já é tecnicamente consagrada e bastante utilizada, inclusive na FEI, com exceção do CAD High Level, que a montadora utiliza e foi instalado na Instituição para ser usado por todas as modalidades da Engenharia”, informa o professor Roberto Bortolussi. Em setembro de 2012, a FEI e a GM firmaram parceria para a inclusão da Instituição no PACE e, com isso, três laboratórios foram equipados com modernos software para desenho técnico no campus São Bernardo do Campo. O programa já beneficiou mais de mil estudantes de Engenharia Mecânica e de Produção, com treinamentos e aulas nos laboratórios.

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Destaques

Novas formas de avalia Processo de ensino e aprendizagem precisa testar o conhecimento dos estudantes

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avaliação dos alunos sempre foi um dos pilares do processo de ensino e aprendizagem, pois está relacionada às finalidades básicas da educação superior, às concepções de currículo vigentes, à pedagogia assumida pela instituição de ensino e ao desdobramento desses fundamentos na seleção de métodos e recursos para o trabalho em sala de aula. No entanto, em tempos de globalização da informação e de tecnologia ao alcance de todos, de inovação nos processos universitários e de necessidades prioritárias de transformação social, este processo avaliativo deve deixar de lado reproduções mecânicas e padronizadas do conhecimento e ter permanente preocupação em fortalecer a educação pautada na diversidade dos estudantes e seus diferentes tipos de

formação e aprendizado. Por ter uma constante preocupação com essa questão, o tema foi discutido durante a Semana de Qualidade no Ensino, na Pesquisa e Extensão do Centro Universitário FEI, no início do segundo semestre letivo, em agosto. Ao longo das apresentações, especialistas convidados e docentes mostraram os novos caminhos adotados para a avaliação. Para o professor doutor Fábio do Prado,­reitor da Instituição, a problemática trazida à discussão é bastante complexa e exige a disposição de todos os docentes em buscar formas de valorizar novas atitudes e comportamentos e, consequentemente, criar um ambiente saudável de aprendizagem ativa. Este processo também pode ser exercido por meio de uma análise crítica do insucesso, ao invés de reduzir a avaliação a medidas isoladas e pontuais, sem oferecer oportunidade de revisão de rumos e em um tempo adequado. “O desafio é grande quando pensamos em um contexto de educação em massa, mas é extremamente compensador quando refletimos os seus possíveis benefícios e avanços justamen-

Professora doutora Cristina Zukowsky Tavares

te para essa problemática. Este é o propósito deste debate: olharmos o futuro sob novas perspectivas, sair da condição de conforto e buscar novas soluções, algumas vezes para velhos e conhecidos problemas ainda não enfrentados com a devida ousadia”, acentua. Novas for mas de di álo go são necessárias­para que o aprendizado se concretize plenamente e esteja alinhado ao novo perfil dos estudantes, sem esque-

Professores e colaboradores da FEI participaram da Semana da Qualidade

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ção no ensino superior cer a qualidade do ensino. As mudanças no processo de avaliação da aprendizagem no ensino superior também devem passar pela ressignificação da visão do homem, do mundo e da educação. “A reestruturação da avaliação educacional é parte dos pilares da inovação curricular, junto com a formação do docente, os cenários educacionais e a gestão”, enfatiza a professora doutora Cristina Zukowsky Tavares, pesquisadora em avaliação educacional e coordenadora do curso de Pedagogia do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP). Para a especialista, os caminhos do ensino e da avaliação não podem ser separados, e diferentes métodos de ensino demandam diferentes instrumentos de avaliação. Cabe ao docente escolher o melhor caminho para desenvolver seu plano de ensino e suas aulas. Se os professores trabalharem a partir de um conceito de educação e avaliação mais abrangente poderão seguir planejando aulas mais ativas por meio da exposição dialogada, seminários, debates, palestras, trabalhos em campo e utilização de novos ambientes de aprendizagem por meio das tecnologias

Da esq.: O reitor Fábio do Prado (2º), o arcebispo metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Scherer (3º), representantes da reitoria da FEI e o presidente do Centro Universitário, Padre Theodoro Peters (último)

de informação e comunicação. “Os resultados do processo de avaliação da aprendizagem no ensino superior nos trarão indicadores de habilidades, atitudes e conhecimentos do aluno. Isso envolve juízos de qualidade e valor que geram uma nota, qualificando se o estudante está apto ou não a prosseguir ou receber determinada certificação”, orienta. Dentro das abordagens em avalia-

ção, o professor deve analisar se está comprometido com a aprendizagem do aluno e ter clareza do que espera que os estudantes aprendam. Para isso, precisa diversificar os instrumentos de avaliação, estabelecer vínculo de respeito e confiança com a turma, envolver os estudantes na gestão das aprendizagens e planejar reorientações individuais e coletivas de maneira participativa.

Educação católica como referência O arcebispo metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Scherer, foi o convidado da Semana da Qualidade no dia 30 de julho, quando abordou a universidade nascida no coração da igreja para lembrar o dia de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, comemorado no dia 31 de julho. O religioso citou os 25 anos de edição da Constituição Apostólica Ex Corde Ecclesiae, documento referência para a Igreja Católica na área da educação, e os 50 anos do Concílio Vaticano II, conferência que debateu diferentes temas relacionados à igreja. Segundo o arcebispo, a educação era responsabilidade da Igreja no período colonial – por meio dos jesuítas – e, embora hoje seja diferente, ainda é uma área entendida como missão católica de ensinar com qualidade e como um campo de exercício e espaço para transmissão da cultura cristã. “A presença do pensamento cristão é necessária na formação de pessoas com saber e com olhar humano

para assumir as responsabilidades sociais”, acentua. Dom Odilo Scherer enfatiza, ainda, que além da autonomia institucional para a liberdade acadêmica, as instituições católicas têm como objetivo assegurar a presença cristã no mundo, na sociedade, na cultura e na Ciência, abrindo espaço para o diálogo entre as culturas, a fé e a razão. O Padre Theodoro Peters, S.J., presidente da Fundação Educacional Inaciana Padre Saboia de Medeiros (FEI), mantenedora do Centro Universitário, lembra que a FEI assume sua identidade católica realizando com vocação a missão da universidade em busca da pesquisa e da verdade para encontrar as melhores soluções. “É missão de cada um dos professores desenvolver um plano de estudo e, por meio da disciplina, dar testemunho com valores, verdades, justiça e paz, oferecendo o trato adequado a cada pessoa e questão”, acrescenta.

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Destaques

Os docentes Ricardo Destro, Edson Coutinho, Renato Giacomini, Marcilei A. Guazzelli Silveira e Kurt André Pereira Amann: exemplos concretos

Experiências com bons resultados Docentes de diferentes áreas de ensino e pesquisa do Centro Universitário FEI vêm desenvolvendo formas alternativas e complementares para a avaliação dos alunos, com resultados considerados promissores. No ensino da Engenharia, por exemplo, os professores afirmam que o modelo adotado deve ser baseado no profissional que a Instituição quer formar e o conhecimento adquirido deve colaborar para solucionar problemas micros e macros de toda a sociedade. Na Administração, uma nova forma de avaliação induz o aluno a utilizar diferentes competências desenvolvidas em sala de aula na elaboração de um trabalho em grupo. Um dos exemplos de inovação na Engenharia vem do Departamento de Física. Para estimular os alunos buscando avaliar as diferentes competências que um enge­ nheiro deve adquirir em sua formação, a professora doutora Marcilei A. Guazzelli Silveira utiliza recursos multimídia e aulas práticas semanais no laboratório, além de disponibilizar conteúdo em ambiente e­-learning. “Após a atividade em sala de aula é promovida uma discussão em grupo e, ao

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término do experimento no laboratório, os alunos elaboram uma síntese sobre o tema e desenvolvem um projeto sobre o experimento, finalizando o curso com a apresentação oral do projeto. A nota final é a soma de provas, exercícios e a média do laboratório”, explica. Para o professor doutor Kurt André Pereira Amann, chefe do Departamento de Engenharia Civil, também é preciso respeitar o tempo de aprendizagem de cada aluno e mostrar que todos os processos de aprendizado, assim como as avaliações, são sacrificantes, mas têm significados. O chefe do Departamento de Engenharia Elétrica, professor doutor Renato Giacomini, acredita que para atingir os objetivos do projeto pedagógico institucional deve-se implicar o aluno no processo de aprendizado. “O estudante deve tratar o desconhecido com naturalidade, participar de problemas em grupo para o relacionamento social, apresentar e defender seus resultados, tomar decisões individualmente e negociar em grupo”, resume. Como alguns alunos sabem mais do que apresentam na sala de aula, muitas vezes

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por não conseguirem se expor ou externar seus conhecimentos, o professor Ricardo Destro, do Departamento de Engenharia Elétrica, apresenta problemas nos quais é necessário o raciocínio sistêmico. Para o docente, a prova é um mecanismo efetivo de avaliação. “No entanto, neste processo é necessário incentivar a discussão, deixar os alunos errarem, aproximar o objetivo do trabalho à realidade do estudante e reduzir as restrições do projeto de laboratório”, acentua. No curso de Administração, uma das iniciativas é do professor doutor Edson Coutinho, que utiliza como item de avaliação um trabalho integrador com mapas conceituais baseado em competências, em que os próprios estudantes criam o painel com o mapa e fazem a apresentação. A escolha dos alunos e a ordem que farão a apresentação são informadas minutos antes, assim, todos do grupo devem estar preparados. “Esse trabalho visa estimular o raciocínio analítico, crítico e lógico, bem como a visão de negócios e de mercado, comunicação, negociação, adaptabilidade e flexibilidade”, explica.


Destaques

Participação em livro FEI é a única do Brasil­a fazer parte de publicação internacional sobre soluções e padronização organizacional

O IPEI Infoco foi criado em 2013 pelo Instituto de Pesquisas e Estudos

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s relatórios­ de susten­ta­­­ bi­l ida­d e­ se transforma­ ram­e­ m prática comum e essencial para todas as organizações que procuram uma imagem sustentável, mas a qualidade das informações contidas nestes documentos pode não ser satisfatória e não envolver conteúdo suficiente. Com base nestes pontos, os professores doutores Hong Yuh Ching, coordenador do Departamento de Administração do campus São Bernardo do Campo, e Fábio Gerab, chefe do Departamento de Matemá­tica, têm desenvolvido vários estudos sobre o tema no Centro Universitário FEI. Os resultados de alguns desses estudos motivaram um convite para escreverem um capítulo em livro internacional que tem participação de pesquisadores de todo o mundo. Lançada neste ano, a publicação ‘Organizational Change and Global Standardization: Solutions to Standards and Norms Overwhelming Organizations’ é editada pelo renomado professor de Administração David M. Boje, da New Mexico State University (NMSU), dos Estados Unidos, e possui 16 capítulos distribuídos em 275 páginas. A FEI é a única instituição brasileira­ a participar, com o capítulo ‘Disclosure­ of Sustainability Information and the Evolution to a New Type of Report in a Tetranormalization­Context’. O texto abor-

IPEI Infoco discute Internet das Coisas

Os professores Fábio Gerab e Hong Yuh Ching são os autores do capítulo sobre relatórios de sustentabilidade nas empresas

da a divulgação do tema sustentabilidade e o novo tipo de relatório ao longo dos anos até 2010, citando a abordagem de forma social e ambiental, com uso das normas ISO 26000 e ISO 14000, respectivamente, e o fator econômico financeiro, abordando a padronização das demonstra­ções financeiras e com a proposta de um novo tipo de relatório que aborda a tetranormalização. O professor Fábio Gerab conta que o convite foi feito após a apresentação do artigo ‘Sustainability Reports of Brazilian Listed­ Companies: An Exploratory Study’ em um congresso na França, em 2013, no qual o desenvolvimento de uma metodologia de análise quali-quantitativa do conteúdo dos relatórios de sustentabilidade permitiu a sua avaliação com bases estatísticas. Desde então, o estudo foi ganhando mais informações para se encaixar no contexto­ das normas globais de padronização com foco na tetranormali­zação. “Agora, esta­ mos trabalhando na publicação de um ter­ ceiro artigo, chamado ‘An Analysis of the Sustainability Reports of Brazilian Listed Companies’, apresentado recentemente no 75th Annual Meeting of Academy of Management, em Vancouver, no Canadá, importante evento que reuniu 10 mil participantes”, diz o professor Hong Yuh Ching.

Industriais (IPEI), vinculado ao Centro Universitário FEI, com objetivo de ser um espaço de discussão de assuntos ligados à inovação, além de ser um fórum aberto para análise das questões relacionadas aos modelos de cooperação entre universidade e empresas, editais e sistema público de fomento, entre outros. Como parte das comemorações de 40 anos do IPEI, a 11ª edição do evento, realizada em 10 de setembro, ocorreu pela primeira vez no campus São Paulo. Com o tema ‘Conceitos Fundamentais da IoT, seus Desafios e Oportunidades’, especialistas trataram sobre Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), com palestra ministrada pelo engenheiro Gabriel Marão, ex-aluno da FEI formado há 44 anos e um dos fundadores do Fórum Brasileiro de IoT. Também foi realizada exposição de painéis contando a história do IPEI ao longo dos anos. Na apresentação, o engenheiro Gabriel Marão apresentou fundamentos de Internet das Coisas e casos em que o conceito tem sido utilizado de forma prática, como o uso em iluminação pública e em redes de produção, distribuição e consumo de energia (smart grids). Além disso, foram abordadas questões sensíveis relativas ao tema, como a segurança de dispositivos e informações, e a consequente importância de a sociedade como um todo participar dessa discussão. O professor doutor Vagner Bernal Barbeta, diretor do IPEI, conta que mais de 100 pessoas estiveram no evento, entre alunos de graduação, pós-graduação, docentes e convidados. “Devido ao forte interesse e como parte do trabalho de disseminação da cultura de inovação, o IPEI Infoco passará a ser realizado no campus São Paulo ao menos duas vezes ao ano”, adianta.

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Destaques

Turmas se reúnem décadas depois da Três reencontros foram realizados com ex-alunos de Engenharia de 1979, 1980, 1981, 1985 e 2010

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possibilidade de reencontrar colegas de faculdade após décadas de distância e revivenciar emoções que estavam guardadas, e até mesmo esquecidas, é algo cada vez mais frequente entre os ex-alunos da FEI, que se reúnem periodicamente em agradáveis encontros. Nos últimos meses, três desses encontros foram realizados com formandos dos cursos de Engenharia dos anos de 1979, 1980, 1981, 1985 e 2010. Em agosto, dois eventos reuniram turmas com mais de 30 anos de graduação. Formandos dos cursos de Engenharia Mecânica, Eletrônica e Eletroeletrônica de 1979, 1980 e 1981 realizaram um grande reencontro com cerca de 120 pessoas, entre ex-alunos e familiares, em um restaurante. O encontro ocorreu apenas

seis meses após a ideia inicial de reunir os engenheiros, graças aos contatos antigos e à internet, que permitiu a troca de e-mails e a busca dos colegas em redes sociais. Álvaro Airton Wagner Silva, formado em Engenharia Mecânica Plena em 1979 e um dos organizadores do encontro – junto com Flavio Cappelletti e Adolfo Costa –, lembra que a organização da visita à FEI, no dia 21 de agosto, e do encontro, dia

22, foram muito facilitados, porque hoje é possível manter contato pelas redes sociais, ao contrário de décadas passadas, quando era bem mais difícil acompanhar a vida profissional dos colegas e até mesmo a manutenção das amizades. Durante o evento, histórias de professo­ res, momentos alegres, superação de dificuldades daquela época, atividades realizadas internamente e o perfil dos alunos

Engenheiros de 1979, 1980 e 1981: encontro reuniu mais de 120 em restaurante

Formandos de 2010 voltam ao campus São Bernardo Com as redes sociais ficou mais fácil manter contato com amigos, familiares e pessoas que moram longe. Mas, mesmo com a tecnologia ao alcance de todos, marcar um encontro para conversar pessoalmente ainda é a melhor maneira de manter os laços de amizade. Por isso, os formandos de Engenharia Química de 2010 realizaram, em julho, um encontro no campus São Bernardo do Campo com ex-alunos e familiares, que permitiu relembrar as melhores histórias vividas durante a graduação e saber como está a carreira profissional de cada um. Muitos não se encontravam desde a formatura e, com o sucesso do reencontro, a ideia é que ocorram mais reuniões em intervalos menores de tempo. Embora alguns integrantes mantenham contato mais próximo, os ex-alunos de Engenharia Química de 2010 esperavam a oportunidade de encontrar todos os colegas novamente e, dos 21

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formandos, 13 compareceram. Como alguns moram no litoral e no interior de São Paulo, a organização levou cerca de seis meses para acertar o local e a data, e contou com a ajuda de uma rede social que permitiu maior interação e acompanhamento das etapas. Segundo Anderson Tadeu Silva Ramos, organizador do encontro, havia a dificuldade de achar um espaço que fosse neutro e que todos conhecessem, até que ficou sabendo que o Centro Universitário apoiava os reencontros dos ex-alunos e disponibilizava um local com churrasqueira. “Tivemos todo o suporte necessário do Departamento de Comunicação e Marketing e, com isso, conseguimos adiantar a data. Gostamos muito da recepção da Instituição, com faixa e brindes”, conta o engenheiro químico. Embora a formatura tenha acontecido há menos de cinco anos, alguns alunos não se viam desde


Destaques

formatura foram relembrados com a ajuda de fotos, cadernos, livros e até mesmo de um carnê de pagamento da primeira mensalidade, materias levados pelos convidados. “Muitos colegas não se viam desde a formatura, o que gerou muita emoção. Reencontrei até mesmo um colega que foi meu padrinho de casamento e com quem eu tinha perdido contato. Embora ele não tenha participado por estar morando nos Estados Unidos, foi muito bacana ter notícias dele”, comemora. Além do resgate da história das turmas, os reencontros permitem saber como está a carreira de cada um, descobrir quem mora no exterior ou viaja pelo mundo a trabalho, quem é dono do próprio negócio e mudou totalmente de área e aqueles que se dedicam à carreira acadêmica. “A reunião acabou tendo também um caráter profissional, uma vez que muitos colegas estão na área, o que permitiu aumentar nosso networking”, pontua o engenheiro mecânico Alvaro Camargo Prado, da turma de 1980, que é docente do Departamento de Engenharia Mecânica da FEI há 25 anos e, durante o encontro, ficou surpreso ao descobrir que lecionou para filhos de colegas de classe.

Grupo de Engenharia Química de 1985 foi com familiares ao campus São Bernardo do Campo

Familiar A turma de Engenharia Química de 1985 teve a oportunidade de se reunir aos 25 anos de formatura, em 2010, mas o encontro aconteceu em um restaurante e houve pouca interação. Quando a ex-aluna Maria Adelina Pereira viu, em uma edição da revista Domínio FEI, que era possível fazer o encontro no campus São Bernardo do Campo, acionou a turma para uma reunião em agosto no espaço onde viveram por cerca de cinco anos. “Desde o encontro de 25 anos várias interações surgiram entre os colegas profissionalmente e isso reaproximou amizades eternas, mas, com o encontro de 30 anos, a alegria foi bem intensa, pois temos agora também a história de nossos filhos na faculdade, nossos acertos e erros de carreira, enfim, foram deliciosas horas de convivência e recordações”, enfatiza a engenheira química, organizadora do reen-

então e estavam ansiosos com a oportunidade do reencontro. “Valeu muito a pena participar. Éramos uma turma muito unida na graduação, e é interessante ver como, em tão pouco tempo, mudam as perspectivas em relação à vida e à profissão. Foi divertido ver também como as aparências mudaram nesses poucos anos que se passaram”, afirma a ex-­aluna Ramires Menezes da Silva Araújo, que atua como engenheira de processos. O ex-aluno Marcelo Sartori Ferreira, que atualmente exerce o cargo de engenheiro de administração contratual, ressalta que, depois de tantos anos, havia muito assunto para ser compartilhado com os colegas de turma. “Além de relembrar os bons e maus momentos na graduação e saber como todos estão, esse tipo de encontro é importante para aumentar nosso networking,

contro. A turma também levou objetos da época da graduação, como fotos, camisetas, lista de exercícios e até mesmo a prova do vestibular que fizeram. Além de retornar ao passado com as histórias e lembranças, os 17 ex-alunos e seus familiares foram recebidos pelo reitor da FEI, professor doutor Fábio do Prado, que passou números sobre o crescimento da Instituição, alunos e prédios. Os feianos também realizaram uma visita pelo campus e viram a transformação dos laboratórios antigos, que representaram muito na sua formação de engenheiros químicos. “Fiquei admirado pela infraestrutura de primeiro mundo; dá vontade de voltar a estudar. Rever o espaço da FEI e reencontrar os amigos resultou em uma experiência diferente, com carga emotiva muito forte”, complementa o ex-aluno José Gregório Fonzaghi Mazzucco.

já que agora somos profissionais e atuamos no mercado de trabalho”, complementa. Para relembrar as festas realizadas entre os estudantes na época da graduação, como amigo secreto e churrascos, o organizador do encontro levou um computador com centenas de fotos que contam muitos momentos de convivência. As viagens acadêmicas também estão registradas, como o torneio esportivo universitário Engenharíadas 2010, que aconteceu em Rio Claro, interior de São Paulo, e o Congresso Nacional dos Estudantes de Engenharia Química 2009 (Coneeq), realizado em Florianópolis, Santa Catarina. Com o sucesso do reencontro, a ideia é fazer um novo churrasco, ainda neste ano, para que dois ex-alunos da turma, que estão morando na França e nos Estados Unidos, também possam fazer parte.

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Destaques

Rede de inovação tecno NIT da FEI é um dos únicos de instituição privada a fazer parte da INOVA São Paulo

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ntre as regras estabelecidas pela Lei de Inovação Tecnológica, edi­tada pelo governo federal em 2004, está a obrigatoriedade de todas as universidades públicas brasileiras terem um Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT). Esses núcleos têm como função proteger a propriedade intelectual da instituição de ensino e de seus pesquisadores, fomentar a cultura da inovação e aproximar a universidade do setor produtivo por meio da transferência de tecnologia. Além de cuidar do patrimônio intelectual, o NIT acompanha os trâmites legais e avalia se a inovação pode ser patenteada e se vale a pena pedir a patente e, em uma segunda etapa, é responsável pela busca de interessados em desenvolver comercialmente a nova tecnologia. Embora seja opcional às instituições

Professor doutor Vagner Bernal Barbeta: incentivo

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particulares, o Centro Universitário FEI acaba de lançar seu Núcleo de Inovação Tecnológica. O NIT do Centro Universitário recebeu a denominação de Agência FEI de Inovação (AGFEI) e foi criado em agosto deste ano. No entanto, desde 2013 a Instituição já desenvolve uma série de atividades atribuídas ao núcleo de inovação por meio do seu Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais (IPEI), que teve, inclusive, um projeto selecionado para receber recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no fim do ano passado, para implantar uma estrutura interna de NIT. “Com o NIT, as possibilidades de parcerias com empresas aumentam muito”, assegura o diretor do IPEI, professor doutor Vagner Bernal Barbeta. Entre as responsabilidades do NIT da FEI também estão buscar oportunidades para os pesquisadores em editais de órgãos de fomento e empresas públicas e privadas, e abrir oportunidades de sinergia entre a Instituição e as empresas. A AGFEI terá como função, ainda, dar apoio aos pesquisadores

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na submissão de propostas, contratação, execução e prestação de contas de projetos com empresas e órgãos de fomento, assim como na preparação de documentos necessários e intermediação entre os responsáveis por aprovações de projetos e o Centro Universitário.

INOVA São Paulo A recém-criada AGFEI nasce inserida no sistema de inovação do Estado, já participando da rede INOVA São Paulo, que funciona como um canal para congregar esforços para o fortalecimento das iniciativas que visem a proteção da propriedade intelectual, padronização de procedimentos e formatação de políticas para a comercialização de tecnologias geradas pelas instituições de ensino e pesquisa. A FEI é a segunda instituição de ensino privado a fazer parte desa rede. Em julho


istockphoto.com/ alex-mit

Andrew Hobbs (Melbourne)

lógica

deste ano, o Centro Univesitário também foi recomendado, juntamente com outras 21 instituições, para fazer parte da Rede Paulista de Núcleos de Inovação Tecnológica (RPNIT). Criada por uma lei estadual de 2014 voltada a instituir e regulamentar o Sistema Paulista de Ambientes de Inovação, a RPNIT reúne diversos NITs do Estado e busca congregar esforços para o fortalecimento das ações dos NITs paulistas. Segundo o professor doutor Fábio do Prado, reitor do Centro Universitário, fazer parte dessas redes de inovação qualifica a FEI a participar de fóruns de discussão com as maiores universidades paulistas. Essas instituições, especialmente as públicas, alavancam o desenvolvimento tecnológico e a inovação. “Essa participação é de grande importância, porque nos dá visibilidade e fortalece as nossas ações para a consolidação da política de investimentos em ciência e tecnologia. Por meio dessas redes os nossos pesquisadores vão aprender e também levar referências a outros cientistas”, afirma.

FEI participa da FIUC A cada três anos, a Federação Internacional das Universidades Católicas (FIUC) realiza uma Assembleia Geral com reitores de instituições de ensino e delegados da entidade, com objetivo de discutir uma agenda de interesses da educação católica no mundo. A última edição do encontro, realizada na Universidade Católica da Austrália na cidade de Melbourne, entre os dias 13 e 17 de julho, teve como tema ‘Os tempos mudam. Os valores permanecem’, e deu a oportunidade de os educadores discutirem a ética no ensino e na pesquisa, a interdisciplinaridade dos programas, a internacionalização dos currículos, as novas tecnologias e o novo perfil da juventude, entre outros assuntos. O reitor do Centro Universitário FEI, professor doutor Fábio do Prado, que representou a Instituição na Assembleia, afirma que as discussões com um grupo de espectro social e cultural tão heterogêneo permite uma reflexão mais ampla do ensino e agrega referências importantes a respeito dessas diversas éticas. “O encontro é uma referência para analisarmos e fazermos uma autorreflexão da educação diante da diversidade cultural. Regressei para a FEI seguro de que as temáticas se repetem, mesmo em países e culturas tão diversas”, ressalta,

ao enfatizar que isso permite pensar em uma abordagem mais coletiva e em uma política universal para a educação católica. Ao final do encontro, a FIUC produziu um documento com algumas ações a serem tomadas pelos membros associados, entre as quais assumir o protagonismo no debate sobre a ética, elaborar uma plataforma online para a facilitação da discussão do tema e fortalecer o diálogo entre Igreja e universidades. “Face às oportunidades e ameaças da globalização, bem como do uso em massa das novas tecnologias, as universidades católicas têm de desenvolver uma política comum eficaz de cooperação, atenta à diversidade da cultura e aos diferentes contextos sociais”, argumenta o reitor. A 25ª edição da FIUC reuniu 216 representantes e, além das discussões e debates, reconduziu ao cargo de presidente o reitor da Universidade Católica de Pernambuco, Padre Pedro Rubens de Oliveira S.J., para o mandato 2015-2018. O educador brasileiro foi eleito para o primeiro mandato em 2012, quando a FEI sediou a Assembleia Geral da FIUC no campus São Bernardo do Campo, reunindo 280 representantes de 131 instituições católicas de educação superior de 45 países dos cinco continentes.

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Exemplos e perspectivas Encontro internacional avalia oportunidades e dificuldades para criar corredores verdes

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logística de transportes está entre as grandes dificuldades vivenciadas diariamente por empresas de todos os portes, na maioria dos países. E, no Brasil, com deficiências históricas de infraestrutura, o problema ganha proporções ainda maiores. A opção de utilizar essencialmente o transporte rodoviário, aliada à falta de investimentos em ferrovias e portos que sejam capazes de ajudar no escoamento da produção, coloca o Brasil entre os países que mais precisam investir em soluções para oferecer melhores condições para a distribuição de produtos. Uma das ações que permitiria um ganho de competitividade, com economia de custos e menor emissão de poluentes, seria o incremento do transporte intermodal utilizando rodovias, ferrovias e o modal aquaviário de forma integrada. Para discutir essa possibilidade, especialistas do Brasil e do exterior estiveram reunidos no Centro Universitário FEI, no dia 15 de setembro. O encontro, cujo tema foi ‘International Workshop on Green Corridors: European Experience and Brazilian Perspectives’, teve como objetivo promover a troca de conhecimentos sobre a implantação de corredores verdes com base na experiência do ‘Super Green Project’, que começou em 2011 na Europa e se concentra no desenvolvimento de soluções logísticas e um plano de ação para a implementação de corredores verdes em 13 países, sob a coordenação da National Technical University of Athens. O professor doutor Fábio do Prado, reitor do Centro Universitário, afirma que é muito importante receber este seminário para discutir um tema tão atual que reúne especialistas em soluções logísticas e apresenta as tendências do futuro para o transporte no mundo. “A população merece projetos inovadores que foquem na economia de energia e na menor emissão de poluentes, e o mercado necessita de soluções que permitam aumentar a competitividade”, afirma. A diretora do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), que organizou o evento, Alessandra Holmo, lembra que o papel do órgão é fazer essa articulação entre os dois países, permitindo que as partes envolvidas trabalhem juntas em prol de soluções eficientes e projetos inovadores . O professor doutor Rui Carlos Botter, coordenador do projeto ‘Proposição de Corredor Marítimo Verde para o Brasil’, desenvolvido pelo Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Por-

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Palestrantes e organizadores do encontro realizado no campus São Bernardo

tuária (CILIP) do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI/USP), CISB e Lindholmen Science Park, de Gotemburgo, na Suécia – com participação do Centro Universitário FEI, Universidade Federal do ABC (UFABC) e Universidade Federal do Maranhão (UFMA) –, ressalta que o foco do evento foi apresentar problemas e possíveis soluções. Representante da FEI no projeto do CILIP, o professor doutor Wilson Hilsdorf acrescenta que, embora o Brasil tenha muitos problemas a resolver para conseguir implantar o projeto de corredores verdes, esses desafios configuram oportunidades e, por isso, acabam sendo um estímulo aos pesquisadores e especialistas envolvidos no projeto. “Temos muito a fazer, mas, a boa notícia é que há bons projetos em andamento no Porto de Santos, o principal do País, e iniciativas inovadoras de empresas, como a Scania, que nos permitem acreditar que será possível mudar este cenário em médio prazo”, acredita.

Desafio diário Com o tema ‘Innovative Inbound Logistics for a Sustainable Transport’, o engenheiro Fábio Castello, vice-presidente de Logística da Scania para a América Latina, abordou as dificuldades que as empresas vivenciam diariamente para administrar a distribuição de seus produtos. “Temos muitos desafios, que envolvem a burocracia e a ineficiência que atinge todos os setores, mas é preciso enfrentar as dificuldades para melhorar a competitividade”, afirma. A Scania opera na América Latina com um universo de mais de 32 mil clientes, mais de 150 revendedores, 19 distribuidores e apro-


Destaques

para a sustentabilidade Expertise europeia como modelo O consultor sênior da Lindholmen Science Park, Jerker Sjögren, começou a trabalhar com o conceito de corredores verdes em 2007 e, desde 2012, participa do programa CLOSER para a eficiência do transporte na Europa, com a oferta de um ambiente de inovação para a colaboração entre indústria, academia e setor público. O foco do trabalho envolve a alta capacidade do transporte, o uso do transporte intermodal e a mobilidade urbana. “Esses são desafios globais da sociedade”, enfatiza. O especialista ressalta que os corredores verdes são soluções logísticas sustentáveis que envolvem conceitos de intermodalidade integrada, regulamentos específicos, concentração do tráfego de mercadorias em rotas de transporte longos, eficientes e estrategicamente programadas, além de infraestrutura de suporte e plata-

forma de pesquisa e desenvolvimento. Atualmente, há nove redes de corredores em cooperação na comunidade europeia e o maior deles é o Escandinavo-Mediterrâneo, que envolve sete países membros, 6,3 mil km de rede, 25 portos, 19 aeroportos, 44 terminais ferroviários e 18 modais urbanos. O consultor concorda que não é fácil fazer um projeto dessa magnitude, pelas dificuldades de implantação e regulação, mas considera fundamental ir nessa direção. “Precisamos definir como operar esses corredores e buscar as melhores soluções logísticas para implantá-los. Este desafio tem de envolver a iniciativa privada, a academia e os governos para sair do papel”, acentua. O projeto, que deverá custar 7 bilhões de euros, será financiado meio a meio pelos setores público e privado.

Soluções envolvem todos os setores O PhD George Panagakos, da Technical University of Denmark, afirma que a academia deve desenvolver projetos e pesquisas que possam ir além dos papers e que a indústria é fundamental para a transformação dos modelos de transporte existentes atualmente. Qual é a importância deste workshop no Brasil? A iniciativa é de grande importância. O maior objetivo de nossas pesquisas é oferecer uma prestação de serviços à comunidade. No final dos nossos estudos, vamos precisar de todos, mas acho que a indústria deve liderar este esforço. Uma vez que os empresários estejam convencidos de que encontraram novas maneiras de operar na área de transportes, vão poder colocar pressão sobre os políticos. No final, todo mundo tem de trabalhar em conjunto: a indústria, o governo, a academia e o público em geral. Este conjunto de projetos e estudos relacionados ao tema apresentados no workshop, tanto por parte

de acadêmicos quanto de especialistas, demonstra que é possível encontrar saídas para superar as dificuldades e consolidar projetos de transporte mais sustentáveis. O Brasil tem muitos problemas estruturais para resolver antes de conseguir implantar corredores verdes. O que o senhor pensa sobre isso? Na Europa temos problemas similares aos do Brasil em muitos países, e é muito importante buscar soluções conjuntas para conquistar esses objetivos. Certamente é possível. No meu país, a Grécia, por exemplo, temos problemas semelhantes. Mas devemos continuar tentando e começar a partir de pequenos projetos, de projetos-pilotos, para mostrar à comunidade que podemos fornecer soluções, que existem soluções. Precisamos convencer as pessoas de que os resultados das pesquisas acadêmicas podem ser colocados em prática e não são apenas para se colocar na estante.

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ximadamente 900 fornecedores. Para administrar a logística de recebimento de materiais nacionais, um time de profissionais trabalha diariamente criando as estratégias de rotas e coletas para o dia seguinte. Com este trabalho, a empresa conseguiu reduzir o número de viagens em 120 – em um ano – e economizou 114 mil quilômetros e 131 toneladas de emissão de CO2 no mesmo período. “Estes resultados demonstram que as iniciativas dependem das pessoas e da conectividade entre os fluxos de materiais e informações”, argumenta. A importância da conectividade também foi destacada pelo responsável pelo Desenvolvimento Powertrain da Scania Latin America, Häkan Sjödin, que apresentou as novas tecnologias da montadora sueca para caminhões, inclusive elétricos. Newton Narciso Pereira, do CILIP, destacou a importância de investir nos portos brasileiros para torná-los mais sustentáveis, inclusive economicamente, e apresentou a certificação AQUA Port, criada no Brasil em parceria com o CILIP e a Fundação Vanzolini e cujo objetivo é melhorar a qualidade dos portos no Brasil, por meio de boas práticas. O especialista informa que alguns portos operam com apenas 25% da capacidade e, entre os desafios, estão melhorar a idade dos caminhões, a conservação dos navios e a segurança, e diminuir as filas para carga e descarga. Além disso, o evento teve apresentações de Rogério de Abreu Menescal, superintendente de Performance, Desenvolvimento e Sustentabilidade da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), que abordou marcos legais e vantagens competitivas da navegação de cabotagem; Edson Dalton, da área de Transportes e Logística do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), que passou informações sobre investimentos; e Edilson Jun Kina, da Vale – unidade Carajás, no Norte do Pais, que apresentou a tecnologia empregada para operar locomotivas com gás natural e biodiesel à base de óleo de palma, com importante economia na operação.

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Destaques

De frente com o exigente

Da esq.: Estudantes visitam estandes do Recruta FEI; grupo da Globo que esteve no evento e o aluno Ronaldo Francisco Junior, que busca o primeiro estágio

Multinacionais apresentam programas de recrutamento e seleção em­­busca de futuros profissionais

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úmeros recentes do Censo INEP/ MEC apontam que o Brasil tem mais de 7 milhões de estudantes matriculados em cursos de graduação. Desses, somente 740 mil aproximadamente estão estagiando – 10,1% do total –, enquanto 89,9% não conseguem uma oportunidade de estágio, seja por opção do próprio estudante em se dedicar exclusivamente aos estudos ou pela escassa oferta do mercado. Independentemente da situação econômica do País, o Centro Universitário FEI tem buscado aproximar cada vez mais seus alunos do mercado de trabalho com iniciativas que vão além de um ensino de excelência. Uma das iniciativas é o Recruta FEI, evento organizado pela Junior FEI – empresa júnior de consultoria da Instituição – que tem como objetivo aproximar importantes corporações dos alunos para que conheçam e participem dos progra-

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mas de recrutamento das empresas que, por sua vez, têm a oportunidade de captar novos talentos. Mirele Filomeno, supervi­ sora de recrutamento para a América do Sul da Cummins – empresa que esteve no Recruta FEI –, afirma que a iniciativa é uma grande oportunidade para que os jovens conheçam melhor cada companhia, suas áreas de atuação e filosofias. “Para a Cummins, a FEI é um case de sucesso, pois muitos dos nossos profissionais bem-sucedidos vieram da Instituição”, destaca a executiva da multinacional da área de motores. Exclusivo para estudantes da Instituição, o evento é a porta de entrada para alunos que almejam uma oportunidade de iniciar a carreira profissional, a exemplo de Carolina Rauccio, do sexto semestre de Engenharia de Produção, que se inscreveu nos programas de recrutamento das empresas que participaram do Recruta FEI em 2012 e foi chamada para trabalhar na área de gestão de produtos e serviços do Banco Itaú. “Estou adorando o estágio. Tenho desafios constantes que estimulam meu desenvolvimento profissional, tudo isso graças ao Recruta FEI, que nos dá a oportunidade de conhecer melhor as

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empresas nas quais desejamos atuar”, comemora. Entre os muitos alunos que visitaram a edição deste ano do Recruta FEI em busca da primeira oportunidade de estágio está Ronaldo Francisco Junior, do terceiro ciclo de Engenharia Mecânica. Embora estivesse procurando oportunidades em montadoras de automóveis, conversando com empresas de outros segmentos descobriu como o universo de atuação da Engenharia é amplo. “Essa oportunidade de ter um tempo exclusivo com diversas empresas nacionais e multinacionais foi muito bom, pois abriu meu leque de opções por estágios e descobri que posso atuar em diversas áreas e organizações”, acentua. Mesmo para quem está prestes a pegar o diploma e já tem experiência em estágios, como Ane Monique Graci Alves, o Recruta FEI é uma boa oportu­ nidade para buscar novas e melhores oportunidades. “É bom para conhecer outras empresas, como e onde atuam e o que oferecem em termos de carreira, o que nos possibilita almejar um up grade na carreira”, comenta a aluna do oitavo ciclo de Engenharia Civil, que atualmente estagia em uma grande construtora.


mercado de trabalho

o outro lado Em todas as edições do Recruta FEI é normal encontrar alunos e ex-alunos da FEI representando empresas expositoras e compartilhando com os visitantes experiências profissionais. No estande da Cummins, por exemplo, profissionais que se formaram na FEI carregavam com orgulho um adesivo no peito com os dizeres: ‘Fui FEI. Hoje sou Cummins’, como forma de mostrar como a Instituição foi importante na conquista de uma oportunidade na multinacional. A aluna do sétimo semestre de Administração, Isabela Coelho dos Santos Oliveira, que atua na área de Recrutamento e Seleção da Faurencia – multinacional na área de peças automotivas – e estava representando a empresa, alerta os alunos sobre a importância de se especializar cada vez mais. “Hoje é quase obrigatório o candidato a uma vaga de trabalho ter fluência em mais de um idioma, principalmente o inglês. Além disso, o domínio em programas básicos do pacote Office, como Excel, por exemplo, são considerados um grande diferencial, pois esses programas são os mais usados, tanto na Engenharia como na Administração”, avisa.

Organização profissional realizada por empresa júnior Totalmente organizado por alunos que fazem parte da Junior FEI, o Recruta FEI é uma oportunidade importante também para os jovens que ajudam na realização do evento. O analista sênior da Junior FEI, Henrique Prado de Oliveira, destaca que são inúmeras as dificuldades encontradas durante a organização, mas todas se tornam aprendizados importantes. “Temos de aprender a negociar patrocínios e lidar com situações de última hora – como empresas que desistem de vir –, entre outras adversidades que qualquer profissional encontra no dia a dia, mas que, para nós, se transformam em aprendizados valiosos. Além disso, exercitamos a comunicação, o trabalho em equipe, a organização, liderança e determinação. É uma experiência riquíssima”, reforça. Por causa dos problemas econômicos que o País tem enfrentado, muitas empresas estão sendo obrigadas a diminuir o ritmo de contratações, o que poderia ser um problema para o êxito do evento. Mas, segundo Henrique de Oliveira, todas as metas do Recruta FEI deste ano foram atingidas. “Estipulamos a meta de 30 empresas, já prevendo a atual situação em que o mercado se encontra, mas conseguimos trazer 33 organizações que realmente querem os alunos da FEI entre seus colaboradores. Também conseguimos aumentar o número de inscritos nos programas de recrutamento, com 2,8 mil no total”, comemora. Segundo estimativas da Junior FEI, mais de 5 mil alunos passaram pelo evento, que também teve uma programação repleta de palestras informativas ministradas por profissionais de grandes empresas.

O professor doutor Fábio do Prado (5º­à esq.) com os alunos que compõem a Junior FEI


Destaque Jovem

Ex-aluno planejou e conquistou emprego nos Estados Unidos e é diretor em empresa do setor jurídico

Arquivo pessoal

Carreira construída fora

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oco e determinação foram alguns dos fatores que contribuíram para que o engenheiro eletricis­ta Esdras de Oliveira e Silva Fi­lho ocupasse, aos 32 anos, o cargo de diretor de Tecnologia da Informação na Centext Legal Services, uma prestadora de serviços jurídicos com base na Califórnia, Estados Unidos. Formado em 2006 em Engenharia Elétrica com ênfase em Computadores pelo Centro­Universitário­FEI, durante a graduação não fez estágios, pois se dedicou apenas aos estudos. Contudo, mesmo antes do fim do curso já buscava vagas de emprego como engenheiro de computadores, e o visto para trabalhar no exterior. Decidido a realizar seu sonho, meses antes da formatura o engenheiro passou a entrar em contato com algumas empresas norte-americanas do setor jurídico em busca de emprego. Para ter mais chances de sucesso, junto com currículo enviava um projeto particular desenvolvido para automatizar o download de arquivos de texto e converter em formato jurídico, com tecnologia para centralizar recursos de hardware formando, assim, uma linha de produção gráfica customizada especificamente para a área de gerenciamento de processos jurídicos na área pública e de justiça arbitral. Isso porque, em procedimentos jurídicos nos Estados Unidos, o recolhimento de provas e testemunhos é efetuado pela iniciativa privada. “Portanto, existe a necessidade de que empresas privadas estejam aptas em fornecer serviços como aqueles existentes nos fóruns

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de Justiça pública brasileiros”, explica Esdras Silva Filho. Estes servicos incluem o recolhimento de testemunhos, armazenamento de documentos e acesso físico e eletrônico a tais testemunhos e documentos. A determinação de trabalhar no exterior e a ideia do projeto deram resultado, e o engenheiro conseguiu iniciar sua tra­jetória profissional em outubro de 2007, aos 24 anos de idade, na Esquire Solutions, em Atlanta, no Estado

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da Georgia. A empresa é uma das líderes de mercado na área de suporte ao setor jurídico, com presença física em 15 estados norte-americanos e aproximadamente 40 escritórios, além de ser reconhecida pela capacidade de atender às necessidades dos maiores clientes corporativos da América do Norte. Inicialmente, o jovem foi contratado como engenheiro de software para desenvolver e implantar o sistema operacional interface oferecido. Com apenas alguns meses no cargo,

“Escolhi a FEI por ser a melhor faculdade privada”


do Brasil

Esdras Silva Filho obteve sucesso e entregou a versão beta do software, que inicialmente integrava-se a uma única impressora de grande volume. “Com o conceito provado e aprovado, fui promovido a diretor de Desenvolvimento de Software e tive um orçamento muito generoso para desenvolver uma versão do sistema específico para produção de documentos. A primeira versão do software foi lançada com sucesso em menos de um ano, atingindo a meta de 70% mais eficácia na produção de páginas impressas em variadas mídias, incluindo inúmeras versões digitais e armazenamento online dos mesmos volumes impressos”, acrescenta. Com a experiência e exposição na área

de tecnologia da informação aplicada ao gerenciamento, à produção e ao armazenamento de documentos legais e aplicativos jurídicos, o engenheiro foi convidado, em dezembro de 2011, para estabelecer uma nova empresa de prestação de serviços de suporte ao ramo jurídico, a Centext Legal Services, com sede em San Diego, no Estado da Califórnia. Esta nova empresa tem como foco clientes de alto padrão que exigem soluções customizadas como estenógrafos e tradutores juramentados, além de produção e armazenamento de documentos e evidências associadas a procedimentos jurídicos. Com o convite de emprego, o engenheiro passou a atuar como diretor de Tecnologia da Informação na empresa, que hoje já possui sete escritórios físicos e um virtual na Califórnia e, nos próximos seis meses, deverá abrir mais dois escritórios físicos, sendo um deles em Las Vegas, Estado de Nevada. Segundo o ex-aluno, trabalhando na Centext foi possível estabelecer novos sistemas sem a necessidade de integrar programas obsoletos e, assim, hoje atua com um sistema de produção tão eficaz como o utilizado pela líder de mercado, com a vantagem de poder ser customizado para cada cliente. “Com uma visão de negócios mais arrojada, implementei na empresa uma forma mais eficaz de administrar custos operacionais e terceirização de serviços. Como diretor de TI, planejo e gerencio empresas e parceiros comerciais que, por sua vez, têm a responsabilidade de escalar os times e as prioridades de acordo com a minha demanda”, informa. O engenheiro ressalta que está em uma ótima fase da carreira e que, embora o cargo que ocupa não permita galgar novos degraus – por fazer parte do primeiro escalão –, não tem planos de buscar um novo emprego ou empresa dentro dos próximos cinco anos.

Objetivo de longa data

A afinidade de Esdras Silva Filho com os Estados Unidos começou quando, ainda na adolescência, teve a oportunidade de fazer um intercâmbio estudantil patrocinado pelo Rotary Club Internacional, que permitiu concluir o último ano do ensino médio e conhecer as tradições e cotidiano daquele país. “Ao retornar ao Brasil, prestei vestibular na FEI e mais duas universidades em Santos, minha cidade natal. No entanto, já havia definido que faria FEI devido ao alto conceito que sempre teve no mercado, afinal, um bom currículo é essencial para abrir portas e galgar um espaço no mercado de trabalho. Além disso, nunca quis estudar em uma instituição pública devido à inconsistência do ensino”, ressalta. Esdras Silva Filho já havia se formado em Processamento de Dados em nível técnico, desenvolvido trabalhos como engenheiro de software e sabia que queria cursar Engenharia de Computadores, optando pelo curso de Engenharia Elétrica com ênfase em Computadores da FEI. Durante os anos de graduação, dedicou-se apenas aos estudos. O engenheiro acredita que o aprendizado passado pela FEI é muito mais que o ensinamento das matérias técnicas e se estende a uma lição de vida, pois o aluno aprende a se superar e procurar a solução para um problema existente, indo além do cálculo de fórmulas. “É uma Instituição difícil de entrar e mais ainda de sair, mas levamos os ensinamentos adquiridos na graduação para a vida pessoal e profissional”, reforça. O trabalho de conclusão de curso de Esdras Silva Filho e sua turma de projeto foi a prova de que os alunos não se importavam em sair da zona de conforto. Os formandos construíram um robô humanoide inspirado no pequeno robô R2D2, um dos principais personagens da saga Star Wars. “Comandado pelo computador, o protótipo foi totalmente construído por nós, da carcaça até os circuitos eletrônicos, pois não existia nada do gênero naquela época, o que chamou bastante atenção”, complementa. Esdras Silva Filho é casado há oito anos e reside em San Diego, Califórnia.

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Entrevista – Renato Buselli

A nova revolução indus

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mundo caminha a passos largos rumo a mais uma mudança fundamental para as indústrias, que está sendo chamada de quarta revolução industrial. O novo conceito, que vem sendo implantado em países como Estados Unidos e Alemanha, envolve a digitalização de processos de produção industrial, assim como concepção, desen­ volvimento e simulação do produto, pla­ ne­jamento, fabricação e serviços. Uma das empresas líderes neste segmento é a Siemens, por meio da Divisão Digital Factory, cujo vice-presidente sênior é o engenheiro Renato Buselli, formado pela Faculdade de Engenharia Industrial – hoje Centro Universitário FEI, em 1986. Qual é o principal negócio da Divisão Digital Factory?

A divisão é recente e nas­ceu de uma rees­truturação que a Siemens fez em 2014, depois de uma reanálise do planejamento estratégico de longo prazo. Nesse realinhamento percebemos três pilares estratégicos que per­meiam a sociedade e, por consequência, nossos negócios: eletri­ficação, automação e digitalização. A eletricidade está presente em todas as suas formas no mundo e é funda­mental em todos os setores da sociedade. A automação vem se fortalecendo desde a última revolução industrial. E a digitalização é um tema bastante amplo que se aplica, inclusive, na distribuição de energia. Digitalizar o ambiente industrial, no qual a minha área se insere, significa trazer o hardware e o software em termos de solução para o cliente, fazendo com que a indústria manufatureira, todo o design e a simulação do produto, a engenharia de pro­dução e a simulação da produção sejam feitas no mundo virtual com extrema fideli­dade ao real, com baixíssimo investimento e mui­to mais rapidez. A divisão é principalmente endereçada à automação e digitalização. Quais são os objetivos da digitalização nas empresas?

Aumentar a competitividade. Podemos

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fazer isso tanto por redução no consumo de insumos básicos, como energia elétrica, como pelo aumento da produtividade e um controle maior da qualidade. O mercado também demanda maior flexibilidade e capacidade de resposta às demandas do mercado. Por isso, um dos principais objetivos é a redução do time to market, permitindo que os processos que envolvem o lançamento de novos produtos sejam mais rápidos e assertivos. Na indústria automobilística, por exemplo, o lançamento de um automóvel, que demorava cerca de oito anos, hoje é feito em três. O segundo tema é a flexibili­zação da produção. Ainda no exemplo da indústria automobilística, isso significa montar mais de um tipo de carro na mesma linha, inclusive modelos de segmentos de mercado diferentes. Isso faz com que a indústria otimize sua produ­ção. A digitalização possibilita a interface cada vez maior do consumidor com o centro produtivo e também permite a customização a preços vendáveis, competitivos. Quanto as empresas podem economizar­ com digitalização?

Cada caso precisa ser analisado individualmente. Mas, pela nossa experiência, percebemos que só em Engenharia é possível reduzir 30% do custo, com a diminuição do time to market e o retorno mais rápido do investimento, tornando a empresa muito mais competitiva. Portanto, customização, redução de custos e flexibilização são os pontos principais da digitalização que traz competitividade às empresas. Como último tema, podemos citar o pós-venda ou serviços em suas várias dimensões. Se a empresa tiver tudo digitalizado será muito mais fácil fazer alterações, quando necessário. Imagine o projeto de um automóvel. Em determinado momento, depois que o carro está sendo produzido ou até mesmo rodando, alguém pode pensar que a fixação de determinado parafuso poderia ser feita em um ângulo diferente. Até recentemente, essa modificação obrigaria a montadora a transferir essa alteração para todo o

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processo, não só de produção, mas todos os desenhos atrelados – e são milhares e milhares de desenhos. Isso era feito um a um e gerava um volume de recursos brutal. Com todo o processo digitalizado, com um clique estará tudo modificado e o sistema também atualiza a máquina de produção, pois todas essas informações digitalizadas servem como inputs para a produção. De novo, a indústria tem redução de custo e agilidade na atualização. Como está tudo digitalizado, se der um problema em uma linha é muito mais rápido e fácil detectar e resolver, a linha fica menos tempo parada e, com isso, a empresa terá menos custo, mais produção, mais volume, mais dinheiro. Isso também vai gerar muito mais informação organizada...

Essa é uma característica crucial da cha­mada revolução industrial. Dados preci­sam ge­rar informações que agregam competitividade na medida em que forem utilizadas para atender às necessidades do cliente. Como temos cada vez mais li­ nhas­digitalizadas e monitoradas, temos cada vez mais dados. Se forem tratados da forma analítica adequada, esses dados serão vistos como informações, vendáveis ou não. Por exemplo, hoje, quem presta serviço de manutenção para a indústria automobilística recebe o chamado depois que a peça queimou. Com a digitalização, poderá receber um chamado avisando que uma peça vai queimar ou ter falha em deter­ minado momento, e poderá programar a parada da linha. Outra ação possível é avaliar quantas vezes a peça foi trocada no mesmo lugar para entender melhor onde estão os problemas e ter oportunidade de resolver a origem desses problemas. Essas não são situações vendáveis, mas vão para o custo das empresas. Como exemplo de situações vendáveis podemos citar uma empresa que produz máquinas, prensas ou injetoras e, hoje, compete no mercado vendendo seus produtos. Se usar um sistema digitalizado e monitorar essas máquinas posteriormente, o empresário poderá ter


trial um parque de máquinas monitoradas com milhares e milhares de informações. Assim, as informações podem ser utilizadas para, por exemplo, oferecer uma consultoria para aumentar a produtividade da máquina. A digitalização atende todo tipo de indústria?

Quanto tempo leva para preparar todo esse processo de digitalização?

Depende do produto. E também pode­ mos fazer a digitalização somente em par­tes do processo e, conforme o cliente vai solicitando, vamos digitalizando mais partes até que tenhamos tudo integrado e digitalizado. Havia um tabu, muito tempo atrás, de que digitalização não se aplicava a produtos manufaturados de forma não maciça, ou seja, artigos fabricados por produção artesanal. Quebramos este tabu. A Maserati tem produção artesanal e, hoje, temos um case desenvolvido para a Maserati para um determinado tipo de carro, que foi totalmente desenvolvido de forma digitalizada: software, Engenharia do produto, simulação do produto, simulação da linha de produção. A digitalização é um caminho sem volta para a modernização do mercado?

Esse é o caminho, embora a maior parte do mundo ainda esteja apoiada na manufa­tu­ra tradicional e muitos países ainda tenham muitos gaps com relação à indústria 3.0, que é a automação. A indústria tradicional é baseada em custo de mão de obra e só vence quem tem custo

Fábio Tierri

O que o desenvolvimento de carros de Fórmula 1, os parques da Disney, a produção de foguetes e o planejamento de uma nova linha de produção têm em comum? A resposta é simples: a integração entre o virtual e o real, em um processo que cha­ma­ mos de digitalização. E isso não está restrito a um ou outro segmento. Uma pesquisa global da PriceWaterhouseCoopers, com 235 empresas, mostrou que o investimento em tecnolo­gias digitais resultou em um aumento médio da eficiência de 20%.

“Customização, redução de custos e flexibilização são os pontos principais da digitalização, que traz competitividade às empresas.” baixo. Se avaliarmos de 1990 a 2011, quem conseguiu captar a maior quantidade de valor agregado de manufatu­ra mundial foram os países emergentes, mas, dentro dos emergentes, foi a China, por causa do baixo custo de produção, tão baixo a ponto de compensar o custo logístico. Na Europa Ocidental, quem se deu bem fazendo a mesma­coisa foram República Tcheca e Polônia, porque têm mão de obra baixíssima e custo de logística baixo pela proximidade com centros consumidores. Esses países tiveram um crescimento do PIB industrial substancial neste período. Em compensação, França, Reino Unido e Itália, por exemplo, caíram violentamente. A Alemanha cresceu por uso intensivo de novas tecnologias. Se neste período a China

foi o grande ven­cedor, os grandes perdedores foram Estados Unidos, Europa e Brasil. A Europa, de 1990 a 2011, perdeu 15% do valor agregado em manufatura mundial e, no Brasil, a indústria manufatureira vai terminar este ano com aproximadamente 9,5% do PIB, o que é muito baixo para um país em desenvolvimento. Essa nova revolução industrial tem como meta melhorar esses índices?

Sim. A Europa Ocidental e os Estados Unidos têm como meta retomar parte do valor agregado mundial da produção. Para isso, os Estados Unidos têm a indústria renaissance e a Europa tem a indústria 4.0, que nada mais são que investimento intensivo em tecnologia na produção.

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Entrevista – Renato Buselli Está provado que se a empresa investir em tecnologia terá melhor retorno sobre o investimento em função do ganho de produtividade. E esses países, capitaneados­ pe­la Alemanha, na Europa, e pelos Estados­ Unidos, estão aplicando tecnologia altamente desenvolvi­da,­tendo como base a indústria 3.0, que é a automação, e agregando a digitalização de forma a dar um salto tecnológico e de competitividade. Estão digitalizando toda a cadeia de valor da indústria para aproveitar os benefícios da digitalização, que são flexibilização, melhora na eficiência dos processos e redução do time to market sempre com foco no aumento da competitividade. E estão fazendo isso porque sabem que é uma questão de tempo para a China chegar à indústria 3.0. A China consome mais de 50% de toda a automação vendida no mundo, é um dos países que mais investem em cen­tros de inovação e caminha rapidamente para fechar, em parte, o ciclo da indústria 3.0. E, para ser uma excelência em indústria 4.0, primeiro é preciso ter uma base de automação e de conhecimento. Isso traz uma mudança brutal na configuração e nas forças do mundo. Em que estágio está a indústria brasileira em relação a essa revolução?

Na área industrial, que gera o maior valor agregado e gera serviço como efeito secundário, o Brasil tem de escolher qual é seu caminho. Já existem empresas em diversos segmentos altamente digitaliza­ das – automotivas, alimentícias –, mas o País precisa escolher, na minha visão, um projeto, primeiro, para saber aonde queremos ser inseridos. E acho que temos de ficar com a parte nobre também, que significa ter conhecimento, porque o tripé da indústria 4.0 é base de automação forte, PIB industrial razoavelmente forte e conhecimento. Temos de avançar para a automação, temos de ter um projeto do governo brasileiro, apoiado pelo BNDES e outros órgãos de financiamento, para que a indústria possa­ganhar produtividade nos processos com base em automação, investindo na abertura de pequenas e médias empresas de integração para suportar o processo de modernização. Estamos em um momento chave da nossa história, que oferece riscos e oportunidades. Temos a

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“A digitalização traz mais competitividade, gera maior circulação de produtos e de impostos, e alimenta outros setores...” oportunidade de pular etapas e atingir rapidamente um nível de excelência como nunca visto em nosso desenvolvimento.­ Por outro lado, caso não estejamos atentos, podemos perder esta janela de oportunidade que será oferecida pela nova revolução industrial e ficar irremediavelmente para trás na competição por uma participação expressiva na cadeia de valor mundial. Qual segmento está mais atrasado?

O setor de bens de capital é o que mais sofre. Hoje, temos grandes empresas de má­quinas levando suas produções para fora do Brasil, para vender para o mundo e também para cá, por falta de competitividade. Temos uma série de coisas para fazer neste sentido, mas, de qualquer forma, a venda de automação no Brasil cresceu brutalmente nos últimos anos em múltiplos do crescimento médio do PIB, o que indica uma clara preocupação do empresário bra­si­leiro de, pelo menos, buscar melhorar a produtividade perdida nos últimos anos. Mas ainda há muito que fazer neste sentido. O Brasil hoje produz 11 USD/hora trabalhada de PIB, enquanto Alemanha gera 57 USD/hora e Estados Unidos geram 67 USD/hora, para ter uma dimensão da nossa baixa produtividade. Como essa nova revolução industrial vai tratar o emprego?

A digitalização traz mais competitivida­ de, gera maior circulação de produtos e de impostos, e alimenta outros setores, criando novas oportunidades e ocupações diretas e indiretas. Uma indústria que se enfraquece e perde competitividade ter­mi­ na por eliminar empregos diretos e impacta

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negativamente a economia, gerando indiretamente mais desemprego. Por mais que a robótica esteja presente nas empresas, o robô não tem as qualidades do ser humano. O que precisamos é pre­parar as pessoas para uma mudança grande de mentalidade e também dar maior ênfase para a educação e a formação. Quando fala­mos educação, queremos também dizer que é necessário estimular nas crianças e nos jovens o gosto pela inovação, pela curiosidade. Além disso, precisamos valori­zar a formação técnica. Um dos grandes se­gredos do sucesso ale­ mão está no fato de que a formação e a car­reira técnica são altamente valorizadas e motivo de orgulho. No Brasil, tivemos grandes avanços no acesso ao ensino supe­ rior, mas descuidamos do lado técnico. Isso foi um erro! Precisamos ter pessoas capazes de trabalhar em um mundo menos analógico, cada vez mais digital, que valoriza o conhecimento técnico. Como estão os negócios da sua divisão?­

A Siemens neste ano comemora 110 anos de Brasil e tem mais de 150 anos no mundo. Estamos inseridos como empresa dentro desse mundo da eletroeletrônica, temos um portfólio muito vasto e adequamos a estrutura e o foco da empresa em função de objetivos estratégicos. Temos orgulho de participar ativamente dessa transformação que ocorre na manufatura e na infra­estrutura em todo o mundo. Estamos envolvidos nesses processos na Alemanha, nos Estados Unidos, na China, entre outros países, inclusive no Brasil. A Siemens foi a única que teve a coragem de chamar essa área de Digital Factory, porque tem exatamente esse foco no futuro, porque é a visão desses dois mundos, a convergência do virtual com o real. Quanto ao negócio, temos crescido consistentemente e, neste ano, vamos crescer de novo em valores reais, acima da inflação. Como foi a sua trajetória de carreira?

Sou engenheiro eletrônico formado em 1986, que foi chamada de década perdida para a Engenharia. O principal filme na minha época era ‘O engenheiro que virou suco’. Era terrível aquela época. Lembro das filas para preencher ficha em busca de vaga. No quarto ano da faculdade, procurando por oportunidades, descobri a Siemens.


Entrei como estagiário em uma filial de ven­das de São Paulo. Eu fazia orçamentos de painéis de baixa tensão. Em 1988, ofere­ ci­uma ideia para a Siemens: como havia um boom de novos shoppings centers no País, sugeri que focássemos no segmento e criamos uma estrutura voltada para vendas e soluções para shoppings e hospitais, incluindo automação. Em 1991 fui chamado para abrir uma filial no interior de São Paulo, onde fiquei até 1995 como gerente de ven­das, e a unidade de produtos de baixa tensão se tornou a segunda maior filial da Siemens do Brasil. Em 1995 fui para a Alemanha para ficar dois anos, mas, um ano e pouco depois, recebi um chamado do Brasil para reestruturar uma área voltada para a construção civil. Produzíamos e ven­díamos disjuntores e interruptores de to­madas. Naquela época, os disjuntores aqui eram de padrão americano (NEMA). Por meio de um trabalho conjunto com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Comitê Brasileiro Eletricidade Eletrônica Iluminação (COBEI) ajudamos a mudar o padrão para obter aderência à norma de instalações NBR 5410. Trouxemos muito inves­timento em novas linhas de produção. Em 2003 fui convidado para ser o CEO da Siemens Building Technology, uma junção de várias empresas que tinham sido compradas mun­dial­mente no segmento de automação, segurança e proteção predial. No Brasil, ha­víamos adquirido uma empresa de monitoramento e fui para lá integrar essas atividades para a Siemens. Após dois anos de trabalho fui chamado para assumir a área de eletromedicina. Fizemos um projeto muito interessante e conquistamos a liderança do mercado chamado in vivo. Depois, a Siemens comprou três empresas mundiais de reagentes e começamos a vender reagentes para a área médica, no mercado in vitro. Ainda na atividade de eletromedicina tive oportunidade de liderar a equipe da Siemens na América Latina até dezembro de 2011. Em janeiro de 2012 voltei para o segmento industrial para, junto com meu time atual, fazer a reestruturação e preparar a empresa para enfrentar os dias atuais de forma competitiva. O sucesso na carreira se deve também à sua formação?­­­­ ­­­­

Sem dúvida. A Siemens é uma empresa

para mim e acho que foi uma combinação muito feliz. Tenho muitos amigos que se formaram na FEI, tenho ex-chefes que se formaram na FEI, indico muita gente e tenho vários colaboradores que são da FEI. Quais são suas melhores lembranças daquela época?

“Aprendi na FEI a ter resiliência e que dá para mudar as coisas, para atingir o objetivo.” de engenheiros e minha entrada aqui, sem dúvida, foi por causa da Engenharia. Além de conhecer a parte técnica, o que nos ajuda muito é aprender a ter esse raciocínio lógico. Outra vantagem vem da faculdade. A FEI, além de ser excelente em termos de estudo, é uma excelente faculdade de vida. Sou de Limeira e morei em república, e isso também foi muito importante para a minha formação. A FEI é uma faculdade muito difícil e acho isso bacana, porque a vida é muito difícil. Tenho dois filhos e falo para eles: “se acham que seu pai, às vezes, é difícil, esperem até encontrarem seu chefe, aí vocês vão ver como a vida é difícil.” Mas acho que isso foi muito bom. Também aprendi na FEI a ter resiliência e que dá para mudar as coisas, dá para atingir o objetivo. E o que é interessante lá é que precisamos aprender através de outros, as conexões são importantes. A faculdade acabou forjando muito meu ca­rá­ter e a forma como vejo e encaro o dia a dia dos negócios. Depois, acabei deixando a Engenharia de lado, indo para o gerenciamento, fazendo outras especializações. A Siemens foi outra faculdade

Acho que tenho todas as melhores lem­branças! Peguei a fase em que a FEI estava sendo construída, aquilo foi uma boa lembrança. Era uma fase difícil, porque­não tínhamos quadra, não tínhamos campo, não tínhamos nada! Brigávamos muito pa­ra ter, mas a melhor lembrança é que éramos muito unidos. E o que me deixava feliz era que a faculdade dava visão muito cla­ra de onde eu ia chegar. Quando conversava com dirigentes, com professores, isso era muito claro pa­ra mim. Outra coisa que aprendi lá foi ter responsabilidade com a otimização de recursos. Além disso, como era importante ter professores abertos para o mundo, porque muitos trabalhavam na in­dústria, tinham uma grande proximidade com a realidade da indústria. Havia até um diretor da Siemens que dava aulas de Telecomunicações. Isso me deixava fe­­­­­­­­liz, porque eu não estava descolado da rea­lidade.­­­­­­­­­­ O senhor acredita no Brasil?

Vivemos um momento chave na histó­ ria do Brasil e, por trás das dificuldades, te­ mos uma oportunidade de acer­tar o passo. Todos passamos por reavaliações na vida e o Brasil está passando por um momen­to desses. Acho que é o momento de aprendermos com os erros, entendermos, mais uma vez, onde estão as oportunidades. Pre­cisamos traçar, de maneira clara e obje­tiva, onde quere­mos chegar e focar na implementação das nossas estratégias. Se fizermos isso estaremos bem, porque o Brasil é uma das maiores economias do mundo, um dos maiores potenciais de consumo do mundo, o maior celeiro de exportação do mundo e tem um potencial brutal. Temos grandes defeitos, problemas, barreiras e desafios, mas o Brasil tem recursos naturais, não temos grandes discussões com países vizinhos, somos um País pacífico. Se tivermos transparência nos nossos objetivos e conseguirmos ter a capacidade de garantir uma estabilidade de longo prazo nos contratos, o capital vem.

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Pesquisa & Tecnologia

A Internet das Coisas permite a conexão entre máquinas sem intervenção humana

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m um futuro muito próximo, o que era ficção científica nas telas de cinema deverá estar presente no dia a dia de milhares de pessoas ao redor do planeta. Imagine ter eletrodomésticos que ‘conversem’ entre si, geladeira que faz lista de compras, carro que anda sem motorista, lixeira que separa os resíduos, computador que atende a um comando de voz, termostato que controla a temperatura da casa, pulseira que registra os movimentos do usuário, mesa que reconhece o comportamento do dono e até fechadura inteligente que transforma o smartphone em chave para abrir a porta. Pois esses são apenas alguns exemplos de uma realidade que já está ao alcance das mãos graças à Internet das Coisas (do inglês Internet of Things – IoT). Considerada a mais promissora revolução tecnológica desde

O professor doutor Rodrigo Filev coordena os estudos na área na FEI

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A era dos objetos com

o advento da própria internet, a IoT começou a ser projetada em 1991, quando Bill Joy, cofundador da Sun Microsystems – fabricante de computadores, semicondutores e software com sede na Califórnia –, começou a discutir sobre a conexão entre os objetos. Mas foi somente em 1999 que Kevin Ashton, cofundador da Auto-ID Center do tradicional Massachusetts Institute of Technology (MIT), também nos Estados Unidos, propôs a denominação para essa nova tendência mundial. Estimativas indicam que a Internet das Coisas vai movimentar, até 2030, US$ 11,4 trilhões, com mais de 100 bilhões de dispositivos ativados no mundo. O Centro Universitário FEI também investe neste segmento e já desenvolve algumas linhas de pesquisa. Os projetos tiveram início em outubro de 2014, quando foi firmado um acordo de cooperação entre a Instituição e a Telefônica Vivo para criação de um espaço que permitisse estudos na área, a fim de garantir inovações e usabilidade para os ambientes digital e mobile. O laboratório atende os cursos de Ciência da Computação, Enge-


vida própria nharia Elétrica e Engenharia Têxtil, com a oferta de recursos e bolsas de estudo para a realização de pesquisas. Por ser um assunto multidisciplinar e que envolve conceitos de diversas áreas do saber, o laboratório IoT procura manter o conceito de ‘Open Lab’, no qual os pesquisadores e profissionais de diferentes áreas interagem para o desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa. “O laboratório instalado pela Te­ lefônica Vivo na FEI para desenvolvimento de tecnologias relacionadas à Internet das Coisas segue a tendência de modelos de parceria entre a academia e a indústria, encontrados na Europa e nos Estados Unidos, de forma a promover a pesquisa e o desenvolvimento”, explica o professor doutor Rodrigo Filev, do Departamento de Ciência da Computação da FEI e coordenador dos projetos de IoT na Instituição. O laboratório também é usado para discussão e contribui­ção no desenvolvimento de padrões abertos para padronização da IoT, com foco em interações entre sistemas heterogêneos. No momento, 11 alunos de graduação desenvolvem trabalhos de conclusão de curso e três estudantes do Programa de Iniciação Científica participam de pesquisas na área, além de um aluno de mestrado. Ainda neste ano, outros estudos devem ser iniciados envolvendo mais seis alunos de graduação

SUCESSO O primeiro trabalho já concluído é uma lixeira que detecta o tipo de resíduo que recebe. Desenvolvido pelo aluno de

O aluno Yuri Marinho Olivatti desenvolveu lixeira que detecta os resíduos que recebe

Ciência da Computação Yuri Marinho Olivatti, que tem bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o protótipo foi apresentado em agosto e tem como objetivo a educação ambiental para a reciclagem adequada de dejetos. “A ideia é mostrar quanto um indivíduo produz de resíduo daquilo que está consumindo, sendo uma forma de alertar para o consumo consciente”, explica o professor Rodrigo Filev, orientador do trabalho. Como o sentido da preservação ainda é muito abstrato e, para a maioria da população, é difícil entender o impacto que isso causa e seu papel nesse contexto, a ideia dos pesquisadores é que a lixeira possa ajudar neste entendimento. A meta do departamento é dar sequência ao projeto, agregando valores relevantes que possam ampliar o uso, inclusive, para o segmento industrial. Outro projeto se insere no contexto das Smart Cities e avalia áreas de risco

nas cidades. O trabalho de conclusão de curso, que vem sendo desenvolvido pelos alunos Francisco Maresca, João Urtiga Jr, Igor Urias e Yuri Marinho Olivatti, usa alguns modelos de deslocamento de solos e mecanismos de detecção de áreas de alagamento para identificar se sensores conseguiriam detectar situações de risco para informar os órgãos competentes e avisar a população sobre rotas de fuga. A ideia dos alunos é saber se é possível detectar a movimentação do solo antes que o risco ocorra e sem intervenção humana. “Essa tecnologia já existe, mas estamos avaliando uma forma de aplicação. Temos feito um esforço em pequenos projetos para mapear os cenários possíveis de serem trabalhados de maneira mais efetiva. A expertise nesses projetos iniciais nos ajuda a entender melhor as possibilidades de uso desta ferramenta”, diz o professor Guilherme Wachs Lopes, também do Departamento de Ciência da Computação.

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Mestrando pesquisa desempenho de atletas O profissional de Ciência da Computação, Wesley Dal Col Von Doelinger, formado na FEI em 2013, está desenvolvendo um trabalho de mestrado que visa identificar perfis de atletas baseados em dados que serão coletados durante os exercícios, como batimentos cardíacos, respiração, temperatura e velocidade. A pesquisa, que recebe o apoio do Departamento de Engenharia Têxtil da FEI, usa o princípio da Internet das Coisas para coletar os dados por meio de um conjunto de sensores, que se comunicam com outros dispositivos para fazer o processamento e entender o significado das informações. Esses dados podem adicionar informa­ ções inteligentes que permitam aos treinadores, por exemplo, traçar o perfil do atleta para aplicar treinamentos específicos que visam um melhor desempenho, e ajudar os próprios atletas a obter um feedback­do treino. “Nossa ideia é desenvolver um sistema que permita separar perfis de atletas para que o treinamento seja mais direcionado. Hoje, todos os atletas de um time de futebol treinam da mesma maneira, com exceção dos goleiros”, exemplifica. O autor do estudo lembra que já existe um experimento do gênero feito com jogadores no Paraná para tentar encontrar esses perfis e separar quem precisa de mais treino de velocidade, de força, de resistência e outros parâmetros importantes. Wesley Doelinger, que pretende concluir o estudo em abril de 2016, está avaliando algoritmos para utilizar na identificação dos perfis. O passo seguinte é detectar momentos em que o atleta esteja sob esforço exagerado, em nível de estafa, para saber se está indo além do próprio limite, tanto para eliminar o risco de uma possível lesão quanto para maximizar a eficácia do treinamento, melhorando o desempenho.

Wesley Doelinger: feedback para treinadores

“Se conseguirmos dar significado a esses sinais que vêm dos sensores e encontrar esses perfis, poderemos mensurar valores que indiquem cansaço, risco e outros fatores”, acentua. O professor Rodrigo Filev lembra que esta é mais uma das aplicações da Internet das Coisas, quando a máquina interage com o atleta e permite que o treinador tenha mais informações sobre seu desempenho e sua condição física no momento em que esteja realizando o exercício. Ao término do estudo, a intenção do mestrando é testar os parâmetros, primeiramente, com voluntários atletas e não atletas e, na segunda etapa, com diferentes tipos de atletas para identificar a eficácia dos algoritmos propostos. Para o estudo, o mestrando recebe a ajuda de alunas de graduação em Ciência da Computação e Engenharia Têxtil, que desenvolvem um hardware e respectivo software para aquisição de dados. Já o aluno de Ciência da Computação Caio Yutaka Hirose Haraguchi, bolsista de iniciação científica do CNPq, avalia o canal de comunicação entre a roupa e o sistema que computará os dados coletados.


Pesquisa & Tecnologia

Estudo avalia arquiteturas de IoT A Internet das Coisas gera uma grande quantidade de dados sobre ambientes, interação, pessoas e sistemas e, por isso, é necessário criar ferramentas que permitam analisar o que esses dados significam e de que forma podem ser utilizados. Essa é mais uma das linhas de pesquisa do Centro Universitário FEI e um dos estudos de engenharia de sistemas está sendo desenvolvido pelo aluno de iniciação científica Leandro Duque Mussio, do 4º ciclo de Ciência da Computação. O estudante está avaliando alguns modelos já existentes de arquiteturas para saber como pode ser feita a captura da informação, por meio de sensores e aplicativos, e de que maneira essa informação será enviada para o usuário final. “Já existem alguns modelos dessa arquitetura, cada qual com algumas características de destaque, mas estamos propondo um novo modelo de avaliação”, explica. O professor Guilherme Wachs Lopes, orientador da pesquisa, informa que o objetivo é fazer estudos empíricos, propondo um problema genérico relacionado à IoT para ser solucionado com três arquiteturas diferentes, para verificar qual oferece menor tempo de resposta. Após a conclusão do levantamento, os pesquisadores vão utilizar um modelo

O estudante do 4º ciclo de Ciência da Computação, Leandro Duque Mussio, pretende propor um novo modelo de avaliação

proposto de análise de arquitetura de sistemas chamado ‘BRICS Mosaic Model for IoT Feasibility Barriers’, de autoria do professor Rodrigo Filev em parceria com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), para verificar as barreiras e os detalhes de cada elemento envolvido, como negócios, políticas, técnicas, fatores humanos e segurança. No estudo ‘BRICS Mosaic Model for IoT Feasibility Barriers’, os pesquisadores propõem fatores para mapear a complexidade dos sistemas da Internet das Coisas com abordagem holística, considerando­

se as pessoas, a tecnologia e as relações entre elas. “Para modelar sistemas da IoT desenvolvemos um modelo sócio-técnico que permite representar interpretações do conhecimento que estão presentes no contexto do sistema”, explica o professor Rodrigo Filev. Com base em planos de análise, além da própria tecnologia, fatores humanos e ambientais, redes de acesso, aplicações, tecnologia, segurança, plano de gerenciamento e de controle e regulações estão entre os principais itens a ser analisados para implementação de projetos que contemplem a IoT.

Pesquisas com olhar social Um estudo com vertente social e que se insere em uma linha de forte tendência na Europa envolve a Internet das Coisas voltada à tecnologia assistiva. Neste segmento, a FEI está desenvolvendo um protótipo de pulseira que detecta queda, indicada para idosos ou indivíduos com dificuldades de mobilidade, especialmente aqueles que moram sozinhos. A pulseira avisa um familiar por SMS de que o usuário sofreu uma queda e possibilita um atendimento imediato. O protótipo, desenvolvido pelo aluno de graduação Vitor Cali sob a orientação do professor Rodrigo Filev, é uma das tentativas dos pesquisadores da FEI para desenvolver projetos de casas inteligentes e, segundo o docente, dá uma noção do que é possível fazer com a Internet das Coisas.

O aluno do 3º ciclo de Ciência da Computação, Mateus Gonçalves de Macedo Carvalho, também do Programa de Iniciação Científica, utiliza um módulo de IoT para propor um sistema de identificação de pessoas em ambientes fechados. O estudo se insere no contexto da domótica, tecnologia que permite o uso de dispositivos para automatizar rotinas e tarefas de uma casa, como controle de temperatura do ambiente, iluminação e som, e para o reconhecimento de pessoas. “A ideia é que a Internet das Coisas possa ser usada, em um futuro não muito distante, para reconhecer os moradores de uma casa, interagindo de forma transparente e com segurança por meio de câmeras e sistemas integrados”, enfatiza o professor Guilherme Wachs Lopes.

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Pesquisa & Tecnologia

Como as fronteiras tradicionais dos sistemas não existem quando se trata de Internet das Coisas, uma das grandes preocupações dos pesquisadores de IoT é fazer com que a comunicação e o tratamento de dados sejam seguros. Entre as questões a serem respondidas nesta área estão como distri­buir uma estrutura de dados sem expor os indivíduos,­ como a arquitetura de IoT poderá funcionar em uma grande cidade provendo qualidade de serviços, segurança e robustez na aplicação, e até que ponto vale a pena abrir as informações pessoais e profissionais para ter acesso a esses benefícios. Pesquisadores da FEI trabalham para responder pelo menos parte dessas perguntas. O professor Guilherme Wachs Lopes informa que o objetivo de envolver alunos de iniciação científica nesses projetos é inserir esses estudantes no contexto atual e despertar o interesse e o conhecimento nesta nova modalidade, que vai crescer muito nas próximas décadas. “Tudo envolve segurança e lógica, e podemos gerar valor ou criar um grande risco para os envolvidos se não usarmos as informações da forma correta”, orienta.Os pesquisadores trabalham para que a Internet das Coisas seja o mais segura possível e, para isso, usam arquiteturas baseadas em Cloud Computing e entrega de serviço de forma confiável. Este é o tema de um estudo que foi apresentado recentemente na Suécia, por intermédio do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), que permitiu a aproximação de três instituições de ensino e pesquisa interessadas no

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Segurança é um desafio atual

tema, entre elas a FEI. O trabalho, que foi considerado elegível na Europa, participa da chamada da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e é inédito no Brasil. “Esta aproximação pode resultar em parceria com o próprio CISB, que apoia e auxilia nas discussões”, conta o professor Rodrigo Filev. O objetivo do projeto é

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realizar pesquisas sobre conceitos inova­ dores relacionados com a computação em nuvem, serviços seguros heterogênos e distribuídos e outras tecnologias, além de projetar, desenvolver e colocar em operação um sistema para vários serviços eletrônicos e de e-commerce em grandes áreas urbanas.

O professor Guilherme Wachs Lopes orienta alguns dos trabalhos


Gestão & Inovação

A força de uma marca Evolução do logotipo da FEI ajuda a contar parte dos mais de 70 anos de história da Instituição

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m sete décadas de existência, a FEI construiu uma reputação de Instituição forte na formação, com excelência técnica e humanista, expertise em áreas tecnológicas e grande reconhecimento no mercado. A inovação e a tecnologia presentes no ensino e na pesquisa nas áreas de Administração, Ciência da Computação e Engenharia também colaboram para a evolução da Instituição, que se relaciona com diferentes setores em busca de soluções concretas para os problemas que afligem a sociedade. Neste momento em que se prepara para assumir sua responsabilidade como universidade, projeto que percorre um caminho seguro e deverá ser consolidado nos próximos anos, a Instituição apresenta seu novo logotipo, criado para acompanhar a evolução pela qual vem passando nos últimos anos. Para criar o novo logotipo do Centro Universitário, a empresa TroianoBranding desenvolveu um abrangente projeto que teve como principais resultados o direcionamento estratégico das ações da marca FEI e a revisão de sua identidade visual. O processo incluiu uma ampla pesquisa com estudantes, docentes, funcionários e ex-­alunos­­do Centro Universitário, além de profissionais de mercado e especialistas em Recursos Humanos, que destacaram a tradição, a formação prática, o sucesso no mercado de trabalho e a exigência com o ensino como alguns dos pontos fortes da Instituição. A solução gráfica encontrada para o logotipo dá um peso expressivo para o

nome FEI, a exemplo das marcas usadas por grandes universidades ao redor do mundo, e reúne uma combinação de força, credibilidade, inovação, desenvolvimento, movimento e avanço em direção ao futuro. A professora doutora Rivana Basso Fabbri Marino, vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias, afirma que o logotipo pontua o início de uma nova fase na FEI, que se renova a cada ano para oferecer mais possibilidades aos alunos de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado. “Parte de nosso compromisso institucional é com a inovação, a geração e a difusão de conhecimentos e a proposta para o novo logotipo é representar todos esses atributos da marca FEI, com destaque para a própria sigla”, ressalta. O logotipo também foi construído com objetivo de refletir a personalidade, a potencialidade e a reputação que a FEI tem junto ao mercado, aos egressos e aos próprios alunos. “A FEI, historicamente, adquiriu uma forma de reconhecimento e reputação, no seu mercado, que não era

bem representada pelo conjunto das suas formas de expressão. A evolução ocorreu em uma velocidade tal que as formas de expressão gráfica e visuais usadas pela Instituição não eram mais capazes de acompanhar esse crescimento”, resume o engenheiro Jaime Troiano, diretor da TroianoBranding. O especialista acrescenta que estilos gráficos podem ser considerados esteticamente mais bonitos ou mais feios, no entanto, o novo logotipo da FEI foi criado com muita racionalidade e, para chegar ao resultado, a equipe teve de estudar graficamente e racionalmente durante bastante tempo até que pudesse ter a forma de representar a FEI como a Instituição que é. “Começamos com um trabalho de natureza muito racional para criar uma identidade gráfica, que não é apenas o momento de bom gosto de um designer. A solução que chegamos é fruto de um trabalho extremamente racional de investigação que desemboca em uma solução gráfica inteligente”, acentua.

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Processo envolveu

A Árvore de Valor é um conceito criado pela TroianoBranding

Para analisar o cenário da marca e da categoria sob as perspectivas dos públicos interno e externo, definir o modelo de arquitetura e construir o posicionamento mais adequado, o projeto de criação do novo logotipo foi estruturado em três etapas que incluíram diagnóstico qualitativo e quantitativo, desenvolvimento para rever o atual posicionamento da FEI e a arquitetura da marca, e difusão. O diagnóstico qualitativo envolveu entrevistas em profundidade com membros da liderança e com embaixadores da marca; discussões em grupo com alunos, coordenadores, docentes, funcionários e público externo, como ex-alunos, estudantes do ensino médio e cursinho e alunos da concorrência; bem como pesquisas em publicações e material informativo, proporcionando uma visão interna e externa do Centro Universitário FEI. Já o diagnóstico quantitativo foi realizado por meio de 250 entrevistas online com alunos de graduação e pós­ graduação da FEI e de outras instituições. Como resultado, os especialistas­identificaram sete pilares associados à FEI: confiável, DNA tecnológico, humana (valores Inacianos), atualizada, inovadora, moderna e exigente. Do ponto de vista externo, são pontuadas a força e a personalidade. A avaliação geral mostrou que todos acreditam que o logotipo poderia sofrer uma alteração e representar de forma mais plena o prestígio e a credibilidade da FEI. ”Queríamos fazer um diagnóstico completo dessa marca, como é percebida e o que precisaria ser feito para que fosse cada vez mais poderosa na sua categoria”, informa Renata Natacci, diretora da TroianoBranding que coordenou o projeto da FEI. Com base nos dados apurados, os elementos de representação gráfica existentes foram submetidos a uma profunda revisão após a definição do posicionamento da FEI por meio da ‘Árvore de Valor’, que reúne todos os elementos a

Evolução das logomarcas ao longo do tempo Década de 1940 O primeiro logotipo da Escola Superior de Administração e Negócios (ESAN), precursora do Centro Universitário FEI, é formado por um brasão heráldico com fundo vermelho dividido por uma cruz em amarelo, com quatro campos preenchidos por um desenho e com a inscrição em latim Quod deesr me torquet, que significa ‘Aquilo que falta me atormenta’ em referência à privação de conhecimento. A palavra Escola é representada pelo livro (método, estudo) e pela tocha (luz do saber). A Administração é simbolizada por sete elementos: seis alvéolos, curva estatística, esquadro, pirâmide, círculo de elos, bastão e gráfico estatístico, em demonstração das funções técnica, comercial, financeira e administrativa, previsão, planejamento, organização, coordenação, comando e controle, respectivamente. A palavra Negócios é representada pela engrenagem, em referência à indústria; por asas, em relação ao comércio; ramos de café e algodão, que simbolizam a agricultura; e por uma flor-de-liz, representação da nobreza e da ética profissional.

1950 O primeiro logotipo da Fundação de Ciências Aplicadas (FCA), instituição mantenedora da ESAN e da FEI naquele período, é composto por um brasão heráldico dourado com moldura prateada. No centro há um triângulo equilátero azul, que representava a Santíssima Trindade, já que a FCA era um centro de ensino ligado à Companhia de Jesus, tendo ao centro uma torquês, ferramenta que representava o trabalho operário que os profissionais de Engenharia deveriam orientar. Cinco abelhas de asas abertas representavam o trabalho árduo e relevante dos engenheiros, A inscrição em latim Spiritus est Qui vivificat significa ‘É o espírito que dá vida’.


Gestão & Inovação

pesquisas com diferentes públicos partir dos quais se desenvolvem a mensagem central e as ações que materializam essa mensagem junto aos públicos. Com isso, o desenvolvimento do novo logotipo buscou manter a força e, ao mesmo tempo, ressignificar o nome FEI, por tratar-se de uma Instituição com atributos positivos, como formação de excelência e grande reconhecimento de mercado. “Não poderíamos ter na marca da FEI o uso de uma letrinha frágil ou uma forma gráfica muito tímida. O peso da palavra FEI escrita tem de ser o mesmo que a Instituição tem, e a FEI é sólida, integrada. Por causa disso, as letras F, E e I ocupam todo o espaço, assim como uma instituição que tem raízes”, analisa Jaime Troiano. Outros pontos ressaltados são a infraestrutura disponível em dois campi, a busca pela projeção externa nacional ou internacional, e presença da tecnologia no DNA da FEI, ao mesmo tempo que há uma ligação com a Companhia de Jesus, tornando a Instituição mais humana e enxergando os indivíduos em sua totalidade. Como resultado, com um símbolo único e forte, o novo logotipo transmite a unidade da Instituição e reflete a modernidade por meio dos cantos arredondados, enquanto a solidez e tradição são expressas na união com os ângulos retos. A tipografia única remete ao movimento, ao crescimento e à inovação de forma acolhedora e tem a cor azul mais tecnológica, forte e madura. “A ideia é que, cada vez mais, a FEI se torne esse nome forte, esquecendo essas outras significações de engenharia industrial ou Fundação Educacional Inaciana, que é o nome da mantenedora”, diz Renata Natacci.

Importância A marca é a suprema ferramenta de negócios de uma empresa ou instituição, e a identidade visual da marca é tão importante que

1950 O primeiro logoti­ po da Faculdade de Enge­nharia Industrial (FEI) foi desenvolvido pelo então aluno Jorge Wilson Hilsdorf após um concurso e era composto por uma engrenagem azul sobreposta a uma chaminé vermelha que simbolizam os cursos oferecidos na época: Engenharia Química e Engenharia Mecânica. Dentro da engrenagem há a inscrição ‘Faculdade de Engenharia Industrial’ adornada pelo busto de Minerva, deusa greco-­romana que representa a sabedoria e as artes.

1970 Após um novo concurso com participação de professores e alunos, com comissão avaliadora formada por docentes de Desenho Técnico, a FEI ganha nova identidade, formada por um retângulo com contorno em cor escura e fundo branco e quatro circunferências alternadas nas cores branca, preta e vermelha, que complementam a inscrição FEI grafada em preto.

deve ser renovada a cada 5 a 8 anos, desde que a essência não seja perdida. Esse processo de adaptação e renovação deve ser gradual e desenvolvido por especialistas em branding, pois, se o logotipo mudar muito, violenta a marca; e, se não mudar nada, a marca fica esclerosada. “Não podemos jogar fora o bebê junto com a água do banho”, exemplifica Jaime Troiano, ao afirmar que essa é a chave do bom processo de gestão, especialmente de uma instituição como a FEI, que tem uma história a ser preservada. Para o especialista, o nome de uma empresa ou instituição, com o passar do tempo, fica muito maior do que o significado original ou literal que poderia ter, e é isso que garante que a marca possa abrigar novos desenvolvimentos e novas áreas de serviços e negócios, como é o caso da FEI. Jaime Troiano afirma que, quando se administra uma marca, a ideia chave é preservar o essencial na busca do novo, porque não se pode permanecer eternamente com a mesma identidade e nem violentar a história e esquecer quem se é. O professor doutor José Mauro da Costa Hernandez, do Departamento de Administração da FEI, concorda que os logotipos devem ser atualizados. Para empresas ou instituições que têm público jovem como principal consumidor, a atualização é ainda mais importante, pois as opiniões e preferências dos jovens costumam mudar conforme a geração e dão prioridade ao que parece novo. Além disso, na medida em que uma organização passa a oferecer novos serviços, o logotipo deve representar adequadamente essa nova oferta de produtos. “No caso da FEI, o principal público-alvo são jovens que dão preferência aos símbolos, pois falam mais diretamente com a sua geração. A FEI também está crescendo e se modernizando, e é necessário que o logotipo dialogue com esses novos públicos e comunique adequadamente esta evolução”, avalia.

2002 Com a criação do Centro Universitário, um novo logotipo foi desenvolvido para abrigar todas as instituições. A logomarca, utilizada até 2015, tem a letra ‘F’ envolvida por um traçado que indica movimento rumo ao futuro e remete à força e à ciência. 1990 A Fundação de Ciências Aplicadas ganha uma nova identidade visual e um desenho padrão é incorporado a todos os órgãos de ensino da Fundação. O novo modelo de logotipo é formado por um retângulo negro de cantos arredondados, com cinco linhas paralelas na cor branca . No centro, as siglas FCA, FEI e ESAN ficam inscritas na cor branca, em fonte arial com negrito itálico.


Pós-graduação

Especialização tem foco Pós-graduação lato sensu pretende atender a atual demanda do mercado, que visa variedade de matérias-primas para diferentes aplicações

O

s cursos de pós-graduação para a área têxtil existentes no mercado são voltados predominantemente à moda e estilo ou a negócios da moda, com muito pouca conceituação na área de produto têxtil. Além disso, as amplas possibilidades técnicas e a necessidade de atender critérios de sustentabilidade tem tornado o desenvolvimento de produtos têxteis cada vez mais desafiador. Diante desta realidade, há algum tempo a cadeia têxtil reivindica um curso com foco em produto, voltado para profissionais que trabalham na área e não possuem uma formação técnica na mesma. Para atender a essas necessidades, o Centro Universitário FEI criou um novo curso de pós-graduação em Produtos Têxteis, pioneiro no Brasil, que terá início no primeiro semestre de 2016. A nova especialização é uma evolução do curso de Processos e Produtos Têxteis que a FEI oferecia e que teve turmas regulares até 2012. Segundo o coordenador do novo curso, professor doutor Paulo Pedro Maria Alfieri, do Departamento de Engenharia Têxtil, o mercado de trabalho não se resume à indústria de transformação – o que inclui vestuário, casa, esportivo, automobilístico, têxteis técnicos –, mas estende-se também às grandes redes de varejo, às marcas esportivas e a representantes de máquinas, produtos e acessórios têxteis. “O foco em desenvolvimento de produto do novo curso é inovador, pois não existe nada do gênero no Brasil”, enfatiza. Com foco no produto, a nova especialização visa atender às necessidades provocadas pela evolução da tecnologia têxtil, com matérias­

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nos produtos têxteis dos, principalmente nesta última década, que colocou no mercado uma grande variedade de artigos têxteis. O docente ressalta que existe um grande público do segmento, em particular no Estado de São Paulo que, com aproximadamente 55% da indústria têxtil, abriga a sede de importantes marcas mundiais.

O professor Paulo Pedro Maria Alfieri: coordenador

primas de maior potencial técnico e acabamentos especiais visando os mais variados ramos de aplicação, como as áreas médica, civil, automotiva e agroindustrial. Outro objetivo é atender ao aumento crescente do fluxo de importa-

Conhecimento aprofundado A pós-graduação em Produtos Têxteis permite ao profissional atuar em várias áreas do setor, como desenvolvimento de produtos, controle de qualidade e desenvolvimento de fornecedores, além de se especializar em ramos específicos como, por exemplo, têxteis técnicos de proteção, têxteis para a indústria automotiva e ves­tuário esportivo. As aulas serão ministradas por docentes com experiência de mercado, que têm abordagem prática e teórica sobre os temas para dar ao aluno uma atualizada bagagem técnica, científica e mercadológica. Do total de 15 docen-

tes, sete fazem parte do quadro da FEI e oito são convidados. O curso também está disponível para grupos in company, com turmas fechadas para colaboradores de empresas. “A vantagem neste caso é que as empresas podem customizar a especialização dentro das suas necessidades específicas, de modo a torná-la ainda mais objetiva”, acentua o coordenador. Dividido em três semestres, o curso tem disciplinas que seguem uma sequência lógica da cadeia têxtil (fibra, fio, tecido, malha, beneficiamento e confecção), com foco especialmente voltado para o produto final têxtil, seu desenvolvimento e suas características e propriedades nas diversas áreas de aplicação. As aulas teóricas serão oferecidas no campus São Paulo duas vezes por semana, no período noturno, e complementadas com aulas práticas oferecidas mensalmente aos sábados nos laboratórios e oficinas do campus de São Bernardo do Campo. As turmas devem ter entre 25 e 30 participantes.

Objetivos – Atender à nova demanda de mercado por profissionais com conhecimentos de produtos têxteis, e permitir ao profissional que trabalha na área adquirir um conhecimento técnico mais aprofundado sobre os materiais têxteis, visando o desenvolvimento e a gestão do portfólio de novos produtos.

Público-alvo

– Profissionais que atuam na área têxtil ou áreas afins e não possuem formação em Engenharia Têxtil. Fazem parte desse universo empresários, executivos em cargos de gerência e supervisão, engenheiros que atuam nas empresas têxteis ou afins, profissionais que atuam em vendas técnicas, administradores de empresas, economistas e outros profissionais com interesse em adquirir conhecimentos de produtos têxteis.

Pré-requisitos – Graduação em Engenharia, Tecnologia, Economia ou Administração de Empresas e análise de currículo. Informações – Campus São Paulo (11) 3274-5200 e campus São Bernardo do Campo (11) 4353-2909. Envio de currículos para análise: iecat@fei.edu.br.

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Artigo

O promissor mercado aeroespacial brasileiro

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Professor José Tavares Coordenador Pós-graduação Gestão de Produção Aeroespacial Centro Universitário FEI

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s oportunidades profissionais na área de produção da indústria aeroespacial são promissoras, principalmente no desenvolvimento e na produção de veículos aeroespaciais no Estado de São Paulo, região que concentra o maior polo aeroespacial da América Latina. O Brasil tem, atualmente, 136 estabelecimentos instalados para fabricação de aeronaves, 99 em São Paulo. O Estado responde por 73% das unidades locais, 95% do pessoal ocupado e 96% do Valor da Transformação Industrial (VTI) da indústria aeronáutica nacional (IBGE/2011). O número de profissionais contratados nesse setor deve aumentar substancialmente nos próximos anos devido, sobretudo, ao programa FX-2 de reequipamento e modernização da frota de aeronaves militares supersônicas da Força Aérea Brasileira (FAB). A previsão é que, em 20 anos, o número de aviões duplique com substituições e compras de aeronaves, chegando a uma frota de 120 até 2030. E mais: conforme dados da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), a indústria aeroespacial brasileira é a maior do Hemisfério Sul. Quando comparada às indústrias líderes percebe-se que apresentou, em 2010, 4,9% da receita da indústria europeia e 3,3% da norte-americana. A cidade de São Bernardo do Campo está sendo incluída nesse próspero mercado, a partir do projeto FX-2, pois será instalado na cidade um importante polo de fabricação de peças de fuselagem para aeronaves Gripen NG. O governo brasileiro adquiriu 36 caças Grippen NG da empresa Saab, da Suécia, e 15 serão totalmente fabricados aqui. Para atender a essa demanda deverão ser contratados novos profissionais, especialmente os especializados na gestão da produção. Destacam-se, também, as oportunidades que devem se abrir com a fabricação do KC-390, maior avião já construído pela indústria aeronáutica brasileira. Estudo de mercado feito pela Embraer indica um potencial de vendas de 728 unidades para 77 países, o que representa negócios da ordem de US$ 50 bilhões nos próximos 10 anos. O futuro é imediato para o profissional dessa área, atrelado ao crescimento da indústria aeroespacial no Brasil, que tem a Embraer como integradora e centenas de fornecedores na cadeia de produção. Uma das líderes mundiais, a Embraer registrou volume de 87% de exportações em 2010, mais da metade deste montante para Estados Unidos e Europa. O avanço da participação da Embraer no mercado mundial, nos setores comercial, executivo e de defesa, é um forte indício da necessidade de explorar os negócios com fornecedores locais daqui para frente. O segmento aeronáutico oferece uma variada gama de produtos, tais como aviões, helicópteros, seus conjuntos e partes estruturais, motores e seus componentes e peças, equipamentos de radiocomunicação e navegação, sistemas e equipamentos embarcados e para controle do tráfego aéreo. Também são oferecidos serviços de manutenção, reparo e revisão geral de aeronaves de diversos portes, motores, componentes e equipamentos de sistemas de bordo, além de projeto, engenharia e serviços industriais relacionados. Enfim, trata-se de um setor em franco crescimento no País. A Embraer está fechando muitos contratos, com total potencial para expandir. E as empresas precisam de profissionais para gerir a produção. A pós-graduação em Gestão de Produção Aeroespacial, recentemente lançada pela FEI, visa suprir essa demanda e preparar profissionais especializados, particularmente na gestão da produção de aeronaves, voltados para liderança. O curso destina-se a quem já fez Engenharia, Administração, Tecnologia ou áreas correlatadas, mas é desejável ter experiência em produção. As disciplinas abordam processos, gestão, projetos e qualidade, e o conhecimento que o curso transmitirá será peça-chave para empresas produtoras do segmento. Embora ainda haja muito a ser trabalhado para que o Brasil alcance o patamar desejado, a avaliação do País no setor aeroespacial é considerada positiva e significativa. Ainda que a indústria aeroespacial brasileira se encontre em um processo de evolução, é tratada com especial atenção na estrutura produtiva do País por ser de alta tecnologia, possuir destaque e competir – mesmo que em menor posição – com as líderes mundiais. Então, é hora de aproveitar para formar pessoal com expertise, ajudar o mercado a crescer e o Brasil a evoluir nessa área.

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CADA PESSOA LIDA COM O DINHEIRO DE UM JEITO. COMO É O SEU?

Existem vários jeitos de lidar com o dinheiro. Por isso, o Santander, em parceria com a It’s Noon, lançou o Conta Pra Mim, um espaço para as pessoas contarem como se relacionam com o dinheiro. Quem ouve as histórias aprende novas formas de realizar seus objetivos. Quem conta, além de usar sua vivência para ajudar outras pessoas, ainda pode ser remunerado por isso.

Participe: acesse contapramim.com.br, entre na página Missões e grave seu vídeo. Sua história pode render muito. Central de Atendimento Santander: 4004-3535 (regiões metropolitanas); 0800-702-3535 (demais localidades); 0800-723-5007 (atendimento a pessoas com deficiência auditiva e de fala). SAC: 0800-762-7777; Ouvidoria: 0800-726-0322 (ambos atendem também pessoas com deficiência auditiva e de fala).

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contapramim .com . br


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