Centro Hospitalar Universitário do Algarve
Relatório de formação em serviço Unidade Hospitalar de Faro 2020 - 2021 NÚCLEO DE FORMAÇÃO E INVESTIGAÇÃO DE ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENSINO, INOVAÇÃO E INVESTIGAÇÃO
Centro Hospitalar Universitário do Algarve
Relatório de formação em serviço Unidade Hospitalar de Faro 2020 – 2021
Redação
Enf.ª Tânia Gonçalves
Revisão
Enf.ª Françoise Lopes
www.chualgarve.min-saude.pt
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Siglas, acrónimos e abreviaturas CHUA Centro Hospitalar Universitário do Algarve
CMFR Sul Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul
NFIE Núcleo de Formação e Investigação de Enfermagem
SUB Serviço de Urgência Básica
UH Faro Unidade Hospitalar de Faro
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Índice de tabelas Tabela 1: Enfermeiros gestores e enfermeiros responsáveis pela formação em serviço no ano de 2020 Pág. 13
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Índice de figuras Figura 1: N.º total de ações planeadas e executadas Pág. 14
Figura 2: N.º total de ações planeadas e executadas por serviço Pág. 15
Figura 3: N.º total de ações planeadas e extra plano por serviço Pág. 16
Figura 4: N.º total de ações realizadas por grupo de destinatários Pág. 18
Figura 5: Concretização dos objetivos definidos para a formação em serviço Pág. 20
Figura 6: Adequação dos métodos pedagógicos Pág. 20
Figura 7: Avaliação dos resultados das ações de formação em serviço Pág. 20
Figura 8: Correspondência às expectativas dos enfermeiros Pág. 21
Figura 9: Correspondência às expectativas dos assistentes operacionais 21
Figura 10: Correspondência às expectativas dos formadores 21
Figura 11: Em que medida a situação pandémica influenciou a formação em serviço 22
Figura 12: Guia de utilização do Microsoft Teams elaborado pelo NFIE 24
Figura 13: Vídeos explicativos da elaboração de questionários digitais e exportação de dados 25
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Figura 14: Modelo de revista digital e questionário online criado pelo NFIE 25
Figura 15: Adequação do apoio fornecido pelo NFIE 26
Figura 16: Modelos digitais de projeto e relatório da formação em serviço 26
Figura 17: Modelo digital de projeto de formação em serviço enquanto estratégia facilitadora 26
Figura 18: N.º de enfermeiros especialistas e de enfermeiros de cuidados gerais 30
Figura 19: N.º de enfermeiros por área de especialização 31
Figura 20: N.º de enfermeiros com mestrado numa área que não de especialização 32
Figura 21: N.º de enfermeiros por anos de experiência profissional no serviço/unidade 32
Figura 22: N.º de enfermeiros por serviço e por anos de experiência profissional no serviço 33
Figura 23: N.º de enfermeiros por anos de exercício profissional 34
Figura 24: N.º de enfermeiros por anos de exercício profissional e por serviço 35
Figura 25: Percentagem de ações planeadas por grupo de destinatários 36
Figura 26: N.º de ações planeadas por grupo de destinatários 36
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Índice 1. Nota preambular Pág. 8
2. Estado da arte: implicações da formação na qualidade do cuidado de enfermagem Pág. 10
3. Formação planeada versus executada Pág. 12
4. Destinatários Pág. 17
5. Objetivos, métodos pedagógicos, resultados e expectativas Pág. 19
6. Colaboração do NFIE, objetivos e modo de atuação Pág. 21
7. Dificuldades na concretização da formação em serviço no ano de 2020 Pág. 27
8. Ano de 2021: perspetiva atual Pág. 29
9. Considerações finais Pág. 37
10. Referências bibliográficas Pág. 39
11. Apêndices Pág. 41
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Nota preambular
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A formação tem um papel preponderante no desenvolvimento do saber saber (desenvolvimento de capacidades cognitivas e atualização de conhecimento geral e específico importante ao exercício de funções), saber fazer (desenvolvimento de competências que visem melhores resultados no contexto da prática clínica), saber transformar, saber ser e saber estar (desenvolvimento de atitudes adequadas ao âmbito de competências, às necessidades do cliente e da organização) (Gomes et al., 2008). No que à enfermagem se refere, a mobilização do conhecimento científico no contexto da prática clínica é fundamental. Neste sentido, salienta-se a preponderância de contextualizar o conhecimento teórico na resolução de problemas inscritos na prática clínica de enfermagem, nomeadamente através de processos de formação internos, reflexivos, que visem promover a autonomia dos enfermeiros, apoiar a tomada de decisão clínica, a melhoria da comunicação entre pares e do trabalho em equipa. De referir a intervenção do enfermeiro na formação de profissionais funcionalmente dependentes deste – assistentes operacionais – no sentido de assegurar as habilidades necessárias à delegação de tarefas sem incorrer em riscos à segurança e qualidade do cuidado de enfermagem. Por outro lado, também é de relevar a inclusão de outros profissionais da equipa multidisciplinar nos projetos de formação dos enfermeiros, uma vez que a transferibilidade do conhecimento e a partilha entre pares contribui para um cuidado global. Não obstante, a situação pandémica incitou reajustes frequentes, decorrentes da imprevisibilidade associada ao parco conhecimento científico e ao inerente aumento das necessidades em matéria de cuidados de saúde. Neste âmbito, a otimização de recursos humanos e a necessidade de restringir os contactos, constituíram variáveis que condicionaram o desenvolvimento da formação em serviço no ano transato. Face ao exposto, este relatório tem por mote a realização de uma análise ao processo de formação em serviço decorrido na Unidade Hospitalar de Faro (UH Faro) do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) no ano de 2020, a apresentação da caracterização dos enfermeiros em exercício de funções nesta Unidade no início do ano de 2021, assim como a explicitação da formação em serviço planeada para o corrente ano. Os dados apresentados foram extraídos dos relatórios de formação concernentes ao ano de 2020 e dos projetos de formação em serviço referentes ao ano de 2021, os quais foram endereçados pelo enfermeiro gestor e enfermeiro responsável pela formação em serviço através dos formulários criados na aplicação Microsoft Forms pelos enfermeiros do Núcleo de Formação e Investigação de Enfermagem (NFIE) (Apêndices 1 e 2). Estes documentos constituem ferramentas estratégicas de apoio à tomada de decisão e assumem o objetivo de melhorar continuamente as intervenções formativas, com impacte nas habilidades dos enfermeiros e, consequentemente, na qualidade do cuidado de enfermagem. No presente documento é efetuada uma primeira abordagem ao estado da arte, de modo a contextualizar as implicações da formação contínua em enfermagem na qualidade assistencial; segue-se uma análise dos resultados de execução no ano de 2020, considerando a formação em serviço planeada inicialmente no projeto anual; a posteriori, são apresentados dados relativos aos destinatários, assim como à avaliação dos objetivos, dos métodos pedagógicos, dos resultados objetivados e da correspondência às expectativas iniciais. Sequencialmente, é explanado o recurso à formação à distância, a colaboração dos enfermeiros do NFIE nos processos de formação em serviço, com concludente apresentação das dificuldades experienciadas. Ulteriormente elencamse os dados de caracterização dos enfermeiros e é explicitado o planeamento efetuado pelos enfermeiros no que ao ano de 2021 respeita. Por fim, é efetuada uma breve súmula dos principais conteúdos abordados.
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Estado da Arte: Implicações da formação na qualidade do cuidado de enfermagem
2 10
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Quando tecemos um olhar sobre o estado da arte, numa tentativa de depreender as implicações da formação na qualidade dos cuidados de enfermagem, deparamo-nos com evidência científica que elucida em que medida a formação se pode repercutir em indicadores de qualidade. A literatura, decorrente de investigação levada a cabo em vários países, evidencia que, independentemente do rácio enfermeiro/cliente, quanto maior for a formação dos enfermeiros, menor é a taxa de mortalidade (Van den Heede et al. 2010; Kutney-Lee, Sloane & Aiken, 2013; Aiken et al. 2014). Também McHugh e Ma (2013), na investigação que levaram a cabo, concluíram que uma maior formação dos enfermeiros está relacionada com um menor número de incidentes na preparação e administração de terapêutica, um menor número de infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS), bem como um menor número de reinternamentos devido a pneumonia. No que reporta à realidade nacional, num estudo efetuado por Gonçalves (2015), na região do Algarve, constatou-se que um aumento da formação dos enfermeiros estava associado a uma diminuição do número de reinternamentos, da demora média de internamento e do número de mortes. Não obstante, numa outra investigação, quando questionados sobre a sua satisfação profissional, mais de 50% dos enfermeiros, consideraram existir falta de apoio e de oportunidades, por parte das organizações, para melhorar a sua formação (Sveinsdóttir, Biering & Ramel 2006). Face ao exposto, as organizações devem ser promotoras de formação contínua que vise um constante desenvolvimento pessoal e profissional dos seus profissionais. Frequentemente, as dúvidas e questões surgem precisamente no contexto em que os cuidados decorrem, pelo que, emergem necessidades formativas que devem ser respondidas nessa proximidade com o seu exercício de funções. É precisamente a este nível que a formação em serviço adquire relevância, pelo seu carácter dinâmico, imersível no contexto e que se repercute na explicitação e resolução de problemas específicos identificados nos diferentes serviços.
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Formação planeadas versus formação executada
3 12
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Ao tecer uma análise em retrospetiva, na UH de Faro, depreende-se que foram elaborados 27 relatórios de formação em serviço, os quais reportam aos serviços/unidades enunciados na tabela que se segue: Serviço Bloco Operatório
Enfermeiro(a) Gestor(a)
Enfermeiro(a) Responsável pela Formação em Serviço
Vasco Lourenço
Gina Pereira
Fernando Gregório
Nuno Jordão
Ricardo Mestre
Joana Figueira
Jaime Ferreira
Andreia Silva
João Lopes
Antonino Costa
Maria Santiago
Graça Rainha
Glicinia Guerreiro
Sónia Camilo
Gastrenterologia
Célio Figueira
Sónia Fontinha
Ginecologia
Sara Mourão
Brígida Tomé
Medicina I
Paula Gomes
Nuno Santos
Maria Fonseca
Elsa José
Nefrologia
Ana Paula Barroso
Joana Fontes
Neurologia
Isabel Higino
Helga Martins
Acácio Rodrigues
Adriana Brito
Susana Drago
Rita Monteiro
Isaurinda Pescada
Ana Cabrita
Aníbal José Mendes
Helder Gomes
Celina Neto
Tânia Cardeira
Álvaro Júnior
Isabel Outeiro
Marcelino Correia
António Costa
Unidade de Cirurgia do Ambulatório
Jacinta Neves
Nelson Law
UCIP 1
Isabel Hubert
Liliana Pereira
Ana Nascimento
Ana do Nascimento
Antónia Nabais
Cátia Borges
Maria de Fátima Maia
José da Silva
Maria Manuel Vieira
Ana Agostinho
Mariana Martins
Maria Alexandrina Pimenta
Cardiologia Cirurgia 1 Nascente Cirurgia 1 Poente CMFR Sul Consulta Externa Consulta Externa de Pediatria
Medicina Intensiva Pediátrica e Neonatal
Ortopedia 1/Fisiatria Ortopedia/Neurocirurgia Pediatria 1 Pneumologia SUB de Vila Real de Santo António SUB Loulé Unidade de AVC
Unidade de Hospitalização Domiciliária Urgência de Ginecologia e Obstetrícia Urgência de Pediatria/Hospital de Dia de Pediatria Urgência Polivalente Hospital de Dia de Oncologia
Tabela 1: Enfermeiros gestores e enfermeiros responsáveis pela formação em serviço no ano de 2020
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No que ao serviço de Hospital de Dia de Oncologia se refere, o relatório foi submetido num formato diferente do formulário preconizado através da aplicação Microsoft Forms, o que dificulta a análise conjunta dos dados. Considerando que a apreciação do referido relatório já foi efetuada pelos enfermeiros do NFIE e submetida à Sr.ª Enfermeira Diretora, os resultados que se seguem não integrarão esse serviço. Todavia, importa referir que as atividades de formação em serviço do Hospital de Dia de Oncologia integraram a elaboração de uma norma de procedimento sobre a intervenção de enfermagem à pessoa com doença oncológica submetida a tratamento com antineoplásicos orais, oito folhetos informativos sobre capacitação do utente acerca da terapêutica medicamentosa, e a tradução para a Língua Inglesa de documentos elaborados previamente, destinados aos utentes. Cumulativamente, foram realizadas duas sessões extra plano, uma destinada a enfermeiros e outra destinada a assistentes operacionais. Da análise dos relatórios de formação em serviço que foram submetidos via Microsoft Forms, é possível epilogar que, do total de 214 ações planeadas, 65 foram executadas e 149 não foram realizadas. Não obstante, adicionalmente, foram efetuadas 35 ações de formação extra plano, decorrentes de necessidades formativas identificadas a posteriori no contexto da prática clínica. Apesar de terem sido efetuadas ações de formação extra plano, constata-se que o número de ações inicialmente planeadas, aquando da elaboração dos projetos de formação em serviço, é superior ao total de ações executadas. Subsequentemente, a taxa de execução global face ao planeamento é aproximadamente 46,26%.
214
99
Total de ações planeadas (executadas e não executadas)
Total de ações executadas (planeadas e extra plano)
Figura 1: N.º total de ações planeadas e executadas
14
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Dos serviços que reportaram dados de execução através da elaboração do relatório anual da formação em serviço, verifica-se que o serviço de Cirurgia 1 Nascente foi aquele que planeou mais ações de formação (16), seguindo-se o Serviço de Urgência Básica (SUB) de Loulé (15) e o Bloco Operatório (14). No entanto, a taxa de execução nestes três serviços, foi de 56,25%, 20% e 64,29% respetivamente. 18 16
16
15
14
13
14 11
12 10
9 9
9
11
10 8
8 6 3
4 2
1
13 11
4
9 7
6 4
5
6
9 7 5
5 4
2
6
4 2
1
2
3
4
7 7 5
8
6
3 1
8 7
9
2
2
0
Total de ações planeadas (executadas e não executadas)
Total de ações executadas (planeadas e extra plano)
Figura 2: N.º total de ações planeadas e executadas por serviço
Neste sentido, se tecermos uma análise sobre a taxa de execução por serviço, objetiva-se que os serviços que apresentam um maior valor, atendendo ao planeamento, são os serviços de Ginecologia, Neurologia e a Unidade de Cirurgia do Ambulatório. Porém, estes serviços são os que inicialmente planearam um menor número de ações formativas, pelo que, este valor deve-se ao facto do número de ações extra plano levadas a cabo ser superior ao número de ações planeadas. Por sua vez, se considerarmos unicamente os serviços que planearam mais do que 10 ações de formação, os serviços que apresentam maior taxa de execução são Gastrenterologia (84,61%), Bloco Operatório (64,29%) e Cirurgia 1 Nascente (56,25%). Adicionalmente, para além das ações planeadas e executadas, em todos estes serviços foram também efetuadas ações extra plano: uma ação nos serviços de Bloco Operatório e Cirurgia 1 Nascente e 6 ações de formação extra plano no serviço de Gastrenterologia. Nos serviços de Ortopedia/Neurocirurgia e Pediatria 1 não foram planeadas ações de formação em serviço, contudo no serviço de Pediatria 1 foram efetuadas 4 ações de formação em serviço extra plano.
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O gráfico que se segue explicita os dados supra elencados, para além de clarificar o total de ações planeadas e o total de ações executadas, possibilita depreender quais os serviços em que foram efetuadas ações de formação em serviço extra plano, assim como analisar se a maioria das ações executadas tinham sido previamente planeadas ou se foram efetuadas extra plano. Neste sentido, o serviço onde foram efetuadas mais ações de formação extra plano reporta ao serviço de Gastrenterologia (6 ações extra plano), seguindo-se o serviço de Pediatria 1 (4 ações extra plano). Nos serviços de Cirurgia 1 Poente e Consulta Externa de Pediatria, apesar de terem sido planeadas 11 e 7 ações de formação respetivamente, a taxa de execução foi de 0%.
Urgência Polivalente
2
Urgência de Pediatria/Hospital de Dia de Pediatria
7
1
Urgência de Ginecologia e Obstetrícia
2
Unidade de Hospitalização Domiciliária
1
Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente 1
1
1
SUB de Vila Real de Santo António
1 1
Pneumologia
1
6
Total de ações planeadas e não executadas
4 4
2
SUB Loulé
Total de ações planeadas e executadas
5
1
Unidade de AVC
6
2 3
Unidade de Cirurgia do Ambulatório
Total de ações realizadas extra plano no ano de 2020.
7
2
13 12
6 4
Pediatria 1 Ortopedia/Neurocirurgia Ortopedia 1/Fisiatria
2
9
1
Neurologia
4 2
Nefrologia
3
6
3 3
Medicina Intensiva Pediátrica e Neonatal 1 1
Medicina I
4 2
Ginecologia
6
4
Gastrenterologia
5
6 8
Consulta Externa de Pediatria
7
Consulta Externa
3
1
7 3
CMFR Sul
10
Cirurgia 1 Poente
11
Cirurgia 1 Nascente
1
Cardiologia
1
Bloco Operatório
1
8 8 8 8
6 0
2
4
6
8
10
12
14
Figura 3: N.º total de ações planeadas e extra plano por serviço
16
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Destinatários
4 17
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A formação em serviço desenvolvida pelos enfermeiros deve contribuir, em primeira instância, para o aperfeiçoamento profissional dos enfermeiros, e, em segunda instância, para o desenvolvimento de outros elementos que integram a equipa multidisciplinar. Através de um adequado diagnóstico de necessidades formativas, o enfermeiro gestor e o enfermeiro responsável pela formação em serviço delineiam um plano formativo promotor da reflexão sobre a prática clínica, da interação entre pares, entre estes e o contexto profissional, impulsionador de modificações individuais e sistémicas, subsidiadas na evidência científica, que visam a melhoria contínua da qualidade do cuidado de enfermagem. Considerando que os assistentes operacionais são funcionalmente dependentes do enfermeiro, a realização de sessões de formação destinadas a este grupo profissional é primordial, na garantia da segurança das tarefas que lhe são delegadas. Por conseguinte, do total de ações de formação em serviço realizadas, 82 incluíram nos destinatários enfermeiros e 15 incluíram assistentes operacionais. O gráfico que se segue explicita que em 13 serviços, nenhuma das ações de formação executadas foram dirigidas a assistentes operacionais. Não obstante, em 11 serviços foram realizadas ações de formação que incluíram assistentes operacionais nos destinatários. Urgência Polivalente 1
Urgência de Pediatria/Hospital de Dia de Pediatria Urgência de Ginecologia e Obstetrícia
22 6
7
22
Unidade de Hospitalização Domiciliária
11
Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente 1
33 3
Unidade de Cirurgia do Ambulatório 1 1
Unidade de AVC
77 4
SUB Loulé
Total de ações realizadas que integraram nos destinatários Assistentes Operacionais
33
SUB de Vila Real de Santo António
1
Pneumologia
2
11 1
Pediatria 1
44
0
Ortopedia/Neurocirurgia Ortopedia 1/Fisiatria
Total de ações realizadas que integraram nos destinatários Enfermeiros Total de ações executadas (planeadas e extra plano)
22
Neurologia
55
1
Nefrologia
4
Medicina Intensiva Pediátrica e Neonatal
5
4
Medicina I
6
22
Ginecologia
66
Gastrenterologia
11 11
Consulta Externa de Pediatria 1
Consulta Externa
3 22
CMFR Sul
4
3
Cirurgia 1 Poente Cirurgia 1 Nascente
1
Cardiologia
1 1
7 3
Bloco Operatório 0
2
9
5 4
9 6
8
10
12
Figura 4: N.º total de ações realizadas por grupo de destinatários
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Objetivos, métodos pedagógicos, resultados e expectativas
5 19
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Quanto aos objetivos da formação em serviço definidos no início do ano de 2020, em 65% dos serviços considerou-se que os mesmos não foram alcançados ou foram alcançados em “pouco” ou “muito pouco”. Dos remanescentes 9 serviços, em 6 constatou-se que os objetivos foram “moderadamente” alcançados e 3 no nível “muito”.
23%
Moderadamente
23%
Muito 12%
19% 23%
Muito Pouco Nada Pouco
Figura 5: Concretização dos objetivos definidos para a formação em serviço
Os métodos pedagógicos utilizados foram considerados “muito” ou “moderadamente” adequados na esmagadora maioria dos serviços (81%). Não obstante, em 8 serviços os métodos pedagógicos utilizados no decurso da formação em serviço foram classificados de “nada” adequados. 4% 4% 11%
35%
Moderadamente Muito
46%
Muito Pouco Nada Pouco
Figura 6: Adequação dos métodos pedagógicos
Os resultados das ações de formação foram classificados como sendo “moderadamente” avaliados em 9 serviços e “muito” avaliados em 7 serviços, o que perfaz 62% das respostas. Contudo, constatou-se que em 5 serviços os resultados foram avaliados em “nada” e em 3 em “muito pouco”. A este nível a definição de indicadores que possibilitem avaliar o impacte da formação em serviço na qualidade assistencial reveste-se de particular relevância, possibilitando escortinar de que modo uma prática baseada na evidência se repercute nos resultados para os clientes, profissionais e organização, definir estratégias de melhoria contínua, e, promover a autonomia profissional. Moderadamente
8% 19%
35%
11%
Muito Muito Pouco
27%
Nada Pouco
Figura 7: Avaliação dos resultados das ações de formação em serviço
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No que concerne às expectativas dos enfermeiros relativamente à formação em serviço, em 8 serviços foram classificadas como “muito” correspondidas e em 7 serviços como “nada” correspondidas. O principal fator enunciado nos relatórios de formação em serviço que subsidia este resultado remete para o modo como situação pandémica incorreu em alterações estruturais e de recursos humanos que condicionaram o desenvolvimento do que tinha sido planeado em matéria de formação em serviço.
4%
Moderadamente
31%
27%
Muito
7%
Muito Pouco
31%
Nada Pouco
Figura 8: Correspondência às expectativas dos enfermeiros
Por sua vez, no que se refere às expectativas dos assistentes operacionais em relação à formação em serviço, em metade dos serviços (13) este aspeto foi classificado como “nada” correspondido. Em 4 serviços, considerou-se que estas expectativas foram “muito correspondidas”, tendo-se verificado em todos estes serviços a realização de ações de formação em serviço destinada a assistentes operacionais.
12%
Moderadamente
15% 15% 8%
50%
Muito Muito Pouco Nada Pouco
Figura 9: Correspondência às expectativas dos assistentes operacionais
Considerando que o envolvimento dos formadores é indispensável à prossecução dos objetivos formativos, o formulário do relatório anual da formação em serviço contemplou este aspeto, verificando-se que, em 8 serviços, foram “moderadamente” correspondidas as expectativas dos formadores; em 7 serviços “muito” e em 6 “nada”.
8%
31%
23% 11%
Moderadamente Muito Muito Pouco
27%
Nada Pouco
Figura 10: Correspondência às expectativas dos formadores
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Quando questionados os enfermeiros gestores e os enfermeiros responsáveis pela formação em serviço sobre em que medida a situação pandémica influenciou os processos formativos, em 77% dos serviços foi considerado que este fator condicionou em “muito” a atividade formativa. A este nível, a orientação de suspensão da formação contínua (Circular Normativa N.º 08/2020 de 12/03/2020), decretada pelo Conselho de Administração do CHUA em fevereiro do ano de 2020, assim como a reestruturação das equipas e a indubitável exigência de resposta no que aos cuidados de enfermagem reporta, constituem aspetos que determinaram a redefinição da formação em serviço e que contribuíram para que, em 65% dos serviços, os objetivos definidos não tenham sido alcançados, e em 7% não se tenha verificado uma correspondência à expectativa dos enfermeiros. Estas condicionantes incorrem na taxa de execução global face ao planeamento já mencionada: aproximadamente 46,26%.
Pouco
1
Muito Pouco
1
20
Muito
Moderadamente
4
Figura 11: Em que medida a situação pandémica influenciou a formação em serviço
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Colaboração do NFIE: objetivos e modo de atuação
6 23
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O NFIE integra um elemento de apoio à formação em serviço, cuja atuação visa uma maior proximidade entre esta estrutura e o enfermeiro gestor, o enfermeiro responsável pela formação em serviço, e os enfermeiros que desenvolvem e organizam a formação em serviço. Por conseguinte, na garantia da continuidade dos processos formativos, apesar da atual situação pandémica, em março de 2020, foi dirigida à Sr.ª Enfermeira Diretora autorização para a continuidade dos processos de formação em serviço, na modalidade de formação à distância, tendo sido obtida autorização por parte do Conselho de Administração do CHUA. Concludentemente, foram realizados quatro vídeos elucidativos dos procedimentos inerentes à formação à distância e criados instrumentos que facilitam a recolha e análise dos dados inerentes, nomeadamente a criação de questionário online de avaliação da satisfação da formação em serviço e de vídeo elucidativo do procedimento inerente à elaboração do mesmo na aplicação Microsoft Forms, assim como à extração dos dados. Para além deste apoio, foi efetuado apoio presencial, quer nas instalações do CFIC, quer nos próprios serviços, através da presença do elemento do NFIE, com o objetivo de conferir resposta às necessidades dos enfermeiros. - Vídeo 1 (início de sessão na aplicação Microsoft Teams e modo de ingressar na ação de formação): https://1drv.ms/v/s!Anh0CI3Y8bvMhFxFA8aGN4nnlqVt?e=457m5M
- Vídeo 2 (interação durante a formação - aceder aos ficheiros partilhados, indicação de intervenção, partilha de tela, consulta das notas do formador): https://1drv.ms/v/s!Anh0CI3Y8bvMhF0em6BmJGTJF6__?e=ni1yux
- Vídeos 3 e 4 – destinados ao organizador da formação – geralmente o enfermeiro gestor ou enfermeiro responsável pela formação em serviço: Criação da sessão de formação e definição dos participantes: https://1drv.ms/v/s!Anh0CI3Y8bvMhhPJzqxmRThoYbgR?e=AF6wrg
Extração de folha de presenças e permissão de acesso ou restrição dos participantes a algumas funcionalidades: https://1drv.ms/v/s!Anh0CI3Y8bvMhHxP7ukW-yYO_0uf?e=a0JRSg
Figura 12: Guia de utilização do Microsoft Teams elaborado pelo NFIE
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- Vídeos 5 a 10 – explicitação dos procedimentos para criação de questionários online e exportação de dados: https://forms.office.com/Pages/ResponsePage.aspx?id=DQSIkWdsW0yxEjajBLZtrQAAAAAAAAAAAAYA AA4_VZ5UQUJWRjMxSldFTU43Q080QVhDTjNKTDE0Ri4u
Figura 13: Vídeos explicativos da elaboração de questionários digitais e exportação de dados
- Hiperligação de acesso a modelo de questionário online: https://forms.office.com/Pages/ResponsePage.aspx?id=DQSIkWdsW0yxEjajBLZtrQAAAAAAAAAAAAYAAA4 _VZ5UQUJWRjMxSldFTU43Q080QVhDTjNKTDE0Ri4u
Concomitantemente, no âmbito da formação contínua, foi criada uma revista digital que visa divulgar informação sobre o percurso profissional do formador e as inerentes competências; os fundamentos que justificam a realização da formação; os objetivos da mesma; os conteúdos programáticos; assim como aspetos relacionados com a certificação e a avaliação.
Figura 14: Modelo de revista digital e questionário online criado pelo NFIE
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Por conseguinte, considerando o apoio fornecido pelo NFIE na formação à distância, em 55% dos serviços nos quais se recorreu a formação em serviço à distância, os enfermeiros gestores e os enfermeiros responsáveis “concordaram” que esse apoio foi adequado e 27% “concordaram totalmente”. (em branco)
1
Discordo totalmente
1
3
Concordo totalmente
6
Concordo 0
1
2
3
4
5
6
Figura 15: Adequação do apoio fornecido pelo NFIE
Visando facilitar o reporte e a análise dos dados sobre formação em serviço, para além do formulário online do relatório de formação em serviço - 2020, foi criado também um formulário online para submissão do projeto de formação em serviço – 2021.
Figura 16: Modelos digitais de projeto e relatório da formação em serviço
Quando nos debruçamos sobre a satisfação dos enfermeiros relativamente a estes instrumentos, dos 27 serviços que remeteram relatórios de formação em serviço – 2020, em 100% considerouse que este novo modelo digital é facilitador do reporte da análise à Formação em Serviço. Por sua vez, dos 29 serviços em que foi efetuada submissão do projeto de formação em serviço 2021, em 27 considerou-se que este modelo é facilitador do reporte do diagnóstico das necessidades formativas e das estratégias planeadas no âmbito da formação em serviço Não
Sim
7%
93%
Figura 17: Modelo digital de projeto de formação em serviço enquanto estratégia facilitadora
26
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Dificuldades na concretização da formação em serviço no ano de 2020
7 27
Centro Hospitalar Universitário do Algarve
Num contexto pandémico, a reestruturação hospitalar é fundamental, através do planeamento organizacional de forma célere e adaptada às necessidades locais, nomeadamente, em matéria de recursos materiais e humanos, readaptação de processos, intervenções integradas e criação de planos de ação para fazer face à situação de contingência. Os enfermeiros foram cruciais neste processo. Na UH de Faro constatou-se uma reformulação do serviço de Urgência Polivalente, mas também de diversos serviços de internamento e de medicina intensiva, o que, por sua vez, culminou na reorganização das equipas e dos cuidados de enfermagem. A necessidade de resposta a essas novas e prementes necessidades condicionou o cumprimento do plano de formação em serviço definido no início do ano, assim como a execução de ações formativas extra plano. De igual modo, no cumprimento pelas recomendações da Direção Geral de Saúde, as alterações estruturais e a suspensão da atividade formativa presencialmente, enquanto estratégia preventiva, também influenciaram a menor taxa de execução da formação em serviço.
28
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Ano de 2021: perspetiva atual
8 29
Centro Hospitalar Universitário do Algarve
7.1.
FORMAÇÃO ACADÉMICA DOS ENFERMEIROS
No que se refere ao número de enfermeiros por área de especialização e por serviço, constatamos que o serviço com maior percentagem de enfermeiros especialistas do total de enfermeiros desse serviço é o serviço de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia (67%), seguindo-se o serviço de Pediatria 1 (65%). O serviço que apresenta a menor proporção de enfermeiros especialistas é o SUB de Vila Real de Santo António.
Hospitalização Domiciliária
2
8
Neurocirurgia
5
Consulta Externa de Pediatria
5
26
5
Consulta Externa
13
UCIP
18
Nefrologia
3
Ginecologia
3
Saúde Ocupacional Hospital de Dia de Oncologia
Nº de enfermeiros de cuidados gerais
2
15 11
3
69 15
6
27
SUB Albufeira 2 Blovo Operatório
15 7
Pediatria 1
45
11
Obstetrícia 1
3
Ortopedia 1
4
SUB Loulé
Nº enfermeiros especialistas
13
4 3
Cardiologia
Neurologia
41 20
Urgência Polivalente
Cirurgia de Ambulatório
38
6 21 25
3 6 2
17
SUB VRSA
19
DPSM
8
Cirurgia 1 Nascente
31
5
Urgência de Pediatria
31 16
Cirurgia 1
16
5
30
CMFRSul 1
37
UAVC 1 4 UCInt 1 Gastrenterologia
3
Urgência de Ginecologia e Obstetrícia
16 21 30
0
15 20
40
60
80
100
Figura 18: N.º de enfermeiros especialistas e de enfermeiros de cuidados gerais
30
Centro Hospitalar Universitário do Algarve
Quanto ao número de enfermeiros por área de especialização, verifica-se que o serviço de Urgência de Pediatria é aquele onde o número de enfermeiros especialistas em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria é maior (16), seguindo-se o serviço de Pediatria 1 (10). Na área de especialização de Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, o maior número de enfermeiros especialistas exerce funções no serviço de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia (29), seguindose a Consulta Externa (4). Os enfermeiros com especialização em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria estão em maior número no Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental (4). Por sua vez, o maior número de enfermeiros especialistas em Enfermagem Comunitária encontram-se na Consulta Externa (7), seguindo-se a Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente (UCIP) (5). No que respeita aos enfermeiros especialistas em Enfermagem Médico-cirúrgica, exercem funções maioritariamente na UCIP (13), perseguindo-se os serviços de Urgência Polivalente (6) e Bloco Operatório (6). Os enfermeiros especialistas em Enfermagem de Reabilitação estão maioritariamente no serviço de Neurocirurgia (4) e de Hospitalização Domiciliária (2).
Hospitalização Domiciliária
2
Neurocirurgia
1
4
Consulta Externa de Pediatria
4
Consulta Externa
4
UCIP
1 7
2
5
Nefrologia
1
2
Ginecologia
1
2
Saúde Ocupacional
1
2
Hospital de Dia de Oncologia
13
1
N.º de enfermeiros especialistas em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica
1 1
Urgência Polivalente
1
Cirurgia de Ambulatório
4 2
Cardiologia
1
SUB Albufeira
6
N.º de enfermeiros especialistas em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica
1 2
2
1
N.º de enfermeiros especialistas em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica
2
Blovo Operatório
1
6
Pediatria 1
10
Obstetrícia 1
1
Ortopedia 1
2 2
Neurologia
1
SUB Loulé
N.º de enfermeiros especialistas em Enfermagem Comunitária
1
N.º de enfermeiros especialistas em Enfermagem Médico Cirúrgica
2 2
N.º especialistas em Enfermagem de Reabilitação
2
SUB VRSA DPSM
7
Cirurgia 1 Nascente
1
2
1
2
Urgência de Pediatria
16
Cirurgia 1
1 1
CMFRSul
1
UAVC
1
UCInt
1
Gastrenterologia
1
2
1
2
Urgência de Ginecologia e Obstetrícia
29
0
5
10
15
1
20
25
30
35
Figura 19: N.º de enfermeiros por área de especialização
31
Centro Hospitalar Universitário do Algarve
Dando continuidade à apresentação de dados sobre a formação académica dos enfermeiros, nos 29 serviços que submeteram o projeto de formação em serviço para o ano de 2021, denota-se que existem 16 enfermeiros com Mestrado em outras áreas, para além das que contemplam a Especialização em Enfermagem.
2
2
1
0
0
0
0
2
2
2
1
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
Urgência de Ginecologia e Obstetrícia Gastrenterologia UCInt UAVC CMFRSul Cirurgia 1 Urgência de Pediatria Cirurgia 1 Nascente DPSM SUB VRSA SUB Loulé Neurologia Ortopedia 1 Obstetrícia 1 Pediatria 1 Blovo Operatório SUB Albufeira Cardiologia Cirurgia de Ambulatório Urgência Polivalente Hospital de Dia de Oncologia Saúde Ocupacional Ginecologia Nefrologia UCIP Consulta Externa Consulta Externa de Pediatria Neurocirurgia Hospitalização Domiciliária
0
2
Figura 20: N.º de enfermeiros com mestrado numa área que não de especialização
7.2. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL DOS CONTEXTO DE EXERCÍCIO DE FUNÇÕES
ENFERMEIROS:
GLOBAL
E
NO
Se considerarmos os anos de experiência dos enfermeiros, objetiva-se que a maioria dos enfermeiros exerce funções no seu atual contexto de prática clínica há mais de 5 anos. De acordo com o modelo de desenvolvimento de competências de Patrícia Benner (2001), um maior número de enfermeiros (35%) peritos na sua área de intervenção, ao passo que 25% são iniciados. N.º de enfermeiros com experiência profissional no serviço inferior a 2 anos 23%
35% 19%
23%
N.º de enfermeiros com experiência profissional no serviço entre 2 e 5 anos N.º de enfermeiros com experiência profissional no serviço entre 5 e 10 anos N.º de enfermeiros com experiência profissional no serviço superior a 10 anos
Figura 21: N.º de enfermeiros por anos de experiência profissional no serviço/unidade
32
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Se esta mesma análise for efetuada por serviço, verifica-se que os serviços nos quais a maior proporção de enfermeiros exercem funções há mais de 10 anos são: Urgência de Ginecologia e Obstetrícia; Gastrenterologia, Urgência de Pediatria, Pediatria 1, Bloco Operatório, Cardiologia, Cirurgia de Ambulatório, Urgência Polivalente, Hospital de Dia de Oncologia, Nefrologia, UCIP, Consulta Externa e Neurocirurgia. Em cotejo, os serviços onde a maioria dos enfermeiros exercem funções, nesse contexto, há menos de 2 anos são: Cirurgia 1 Nascente, Obstetricia 1, Ginecologia e Hospitalização Domiciliária (aquando da elaboração do projeto de formação em serviço para o ano de 2021, o serviço de Hospitalização Domiciliária tinha sido inaugurado há menos de 2 anos, pelo que, 100% da equipa detém um tempo de experiência inferior a este período). No serviço de Cirurgia 1 Poente, a distribuição do número de enfermeiros por experiência profissional nesse contexto da prática clínica, aponta para uma maior percentagem, 29%, quer no grupo com mais de 10 anos de experiência, quer no grupo com menos de 2 anos de experiência. Hospitalização Domiciliária
10
Neurocirurgia
7
6
Consulta Externa de Pediatria 1 4
4 1
Consulta Externa
8
7
Ginecologia
6
Saúde Ocupacional
21
Hospital de Dia de Oncologia
25
10
5
2
5
12
4 1 4
9
8
23 2
Cardiologia
7
6
SUB Albufeira
3
Bloco Operatório
4
Pediatria 1
8
7
3
7
8
6
Ortopedia 1
7
9
Neurologia
2 4 3
SUB Loulé
9
Cirurgia 1 Nascente
6
6
4
Cirurgia 1
N.º de enfermeiros com experiência profissional no serviço superior a 10 anos
5
3
22 10
6
10
CMFRSul
N.º de enfermeiros com experiência profissional no serviço entre 5 e 10 anos
4
8
N.º de enfermeiros com experiência profissional no serviço entre 2 e 5 anos
8
3
6
13
Urgência de Pediatria
N.º de enfermeiros com experiência profissional no serviço inferior a 2 anos
4 5
7
7
29
8
Obstetrícia 1
25
3
13
6
12
17
6
3 4 2
DPSM
14
1
6
2
21
2 3
Urgência Polivalente
UAVC
10
16
Nefrologia
SUB VRSA
12
8
UCIP
Cirurgia de Ambulatório
8
10 14
9
6
15
10 18
1 4
2 21
UCInt
4
Gastrenterologia
4
7
3 3 3
Urgência de Ginecologia e…
7 0
2 15
7 10
10 20
19 30
40
50
60
70
80
Figura 22: N.º de enfermeiros por serviço e por anos de experiência profissional no serviço
33
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Se, ao invés de analisar a experiência profissional dos enfermeiros no serviço onde exercem atualmente funções, tecermos uma análise sobre a experiência profissional em qualquer contexto, verifica-se que o maior grupo (255 enfermeiros) exercem funções há 10 a 20 anos. Ao passo que o menor grupo (92 enfermeiros) exercem funções há mais de 30 anos. N.º de enfermeiros com experiência profissional (anos totais de exercício profissional, independentemente de ser no serviço ou não) inferior a 5 anos
12%
Número de enfermeiros com experiência profissional (anos totais de exercício profissional, independentemente de ser no serviço ou não) entre a 5 a 10 anos
18%
18% 20% 32%
Número de enfermeiros com experiência profissional (anos totais de exercício profissional, independentemente de ser no serviço ou não) entre a 10 a 20 anos Número de enfermeiros com experiência profissional (anos totais de exercício profissional, independentemente de ser no serviço ou não) entre a 20 a 30 anos Número de enfermeiros com experiência profissional (anos totais de exercício profissional, independentemente de ser no serviço ou não) superior a 30 anos
Figura 23: N.º de enfermeiros por anos de exercício profissional
Após uma análise destes dados por serviço, conclui-se que o serviço onde se regista a maior percentagem de enfermeiros (face ao total de enfermeiros desse serviço) com menos de 5 anos de experiência profissional global é o Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul (CMFR Sul) (58% dos enfermeiros da equipa); por sua vez, os serviços em que regista o menor número de enfermeiros (0%) com menos de 5 anos de experiência são o Bloco Operatório, a Cirurgia de Ambulatório, Hospital de Dia de Oncologia, Saúde Ocupacional, Consulta Externa, Consulta Externa de Pediatria e Hospitalização Domiciliária. Quanto ao número de enfermeiros com experiência profissional superior a 5 anos e inferior ou igual a 10 anos, o serviço que detém a maior percentagem é o serviço de Hospitalização Domiciliária (60%); não obstante, os serviços com menor proporção deste grupo de profissionais (0%) são os serviços de Saúde Ocupacional, Consulta Externa e Consulta Externa de Pediatria. No que reporta aos enfermeiros com experiência profissional superior a 10 anos e inferior ou igual a 20 anos, o serviço que apresenta a maior percentagem é o serviço de Saúde Ocupacional (57%); ao invés, o serviço com menor proporção deste grupo de profissionais (10%) é a Consulta Externa de Pediatria. A maior proporção de enfermeiros com experiência profissional superior a 20 anos e inferior ou igual a 30 anos exerce funções na Consulta Externa de Pediatria (50%). A menor proporção deste grupo de enfermeiros (0%) exerce funções nos serviços de Hospitalização Domiciliária, Neurologia e Cirurgia 1 Poente.
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No que respeita aos enfermeiros com experiência profissional superior a 30 anos, o serviço que apresenta maior proporção destes profissionais é o serviço de Consulta Externa (53%), sendo os serviços que apresentam menor percentagem (0%) os serviços de Hospitalização Domiciliária, Ortopedia 1, Cirurgia 1 Nascente, Unidade de AVC, Unidade de Cuidados Intermédios do Serviço de Urgência e CMFR Sul do Sul.
Hospitalização Domiciliária
6
Neurocirurgia
7
4 11
Consulta Externa de Pediatria 1 5 Consulta Externa
8
16
6
Nefrologia
6
2 2 11
Ginecologia
5
4
Saúde Ocupacional
27
12
4
21
16
4
3
4 12 2
6
6
Urgência Polivalente
3
20
Cirurgia de Ambulatório 1
8
Cardiologia SUB Albufeira
21
4
UCIP
Hospital de Dia de Oncologia
11
6
9 2
Bloco Operatório
22
9
4
Obstetrícia 1
4
8
5
9
9
Neurologia
3 2 31
SUB Loulé 1
6
SUB VRSA 1
7
7
Urgência de Pediatria
6
Cirurgia 1
7
10
N.º de enfermeiros com experiência profissional (anos totais de exercício profissional, independentemente de ser no serviço ou não) inferior a 5 anos
2
Número de enfermeiros com experiência profissional (anos totais de exercício profissional, independentemente de ser no serviço ou não) entre a 5 a 10 anos
2 3 8
21
16
10
16 5 11
CMFRSul
6
4 2
10
4 1
Cirurgia 1 Nascente
19
21
5
Ortopedia 1
DPSM
6
23
4 2
Número de enfermeiros com experiência profissional (anos totais de exercício profissional, independentemente de ser no serviço ou não) entre a 10 a 20 anos
8 12
11
8
11
10
22
1 2
Número de enfermeiros com experiência profissional (anos totais de exercício profissional, independentemente de ser no serviço ou não) entre a 20 a 30 anos
3
6
8
2
Número de enfermeiros com experiência profissional (anos totais de exercício profissional, independentemente de ser no serviço ou não) superior a 30 anos
UAVC 1 2 11 UCInt 1 Gastrenterologia
6 4
Urgência de Ginecologia e Obstetrícia
7 0
8 3
5 6 10
3
4 1
5
Pediatria 1
7
3
4
6
22
2 8
2 12 20
10
9
30
40
50
60
70
80
Figura 24: N.º de enfermeiros por anos de exercício profissional e por serviço
35
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7.3. OS ENFERMEIROS E OS ASSISTENTES OPERACIONAIS ENQUANTO DESTINATÁRIOS
Nos 29 serviços cujo projeto de formação em serviço nos foi remetido via Microsoft Forms foram planeadas 227 sessões de formação em serviço, das quais 157 destinam-se exclusivamente a enfermeiros e 31 exclusivamente a assistentes operacionais. As restantes 39 são destinadas a enfermeiros e outros elementos da equipa multidisciplinar.
Ações de formação planeadas e destinadas exclusivamente a enfermeiros
17% 14%
Ações de formação planeadas e destinadas exclusivamente a assistentes operacionais
69%
Ações de formação planeadas e destinadas a profissionais de vários grupos
Figura 25: Percentagem de ações planeadas por grupo de destinatários
Se esta análise for efetuada por serviço, depreende-se que o serviço que planeou mais ações de formação para o corrente ano corresponde ao Hospital de Dia de Oncologia (16 sessões), seguindo-se o serviço de Urgência de Pediatria (15 sessões). Todas as ações planeadas nos serviços de Hospitalização Domiciliária, Neurologia, Saúde Ocupacional, SUB de Albufeira e Unidade de AVC destinam-se exclusivamente a enfermeiros. De relevar que no serviço de Saúde Ocupacional não exercem funções assistentes operacionais, pelo que, o plano de formação em serviço não contempla formação destinada a estes profissionais. Os serviços onde se regista uma maior proporção de ações de formação em serviço planeadas, destinadas exclusivamente a assistentes operacionais, são os serviços de Cardiologia e Urgência Polivalente (50% do total de ações). 18
16 15
15
16
13
14 12 10 8
10
9
8
6
6 4 2
10 10 10
3
6 6 4 4 4 2 2
6 4 5
7 4 1
3
10
6
3 1
10
7 5 4 3 4 1
8 5
10 8
6
1
6 6
6 6
2
4 21 1 1
7 7 6 6
5
7
1
7
6 4
5
3 3
9
1
1
1
4
6 6 6 3
1
0
N.º total de ações de formação planeadas para o corrente ano Nº de ações de formação planeadas e destinadas exclusivamente a enfermeiros Nº de ações de formação planeadas e destinadas exclusivamente a assistentes operacionais
Figura 26: N.º de ações planeadas por grupo de destinatários
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Considerações finais
9 37
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O presente relatório explicita que a formação em serviço dos enfermeiros continua a ser desenvolvida no CHUA, refletindo o esforço efetuado pelos enfermeiros que, apesar da situação de contingência vivenciada no ano de 2020, conseguiram dar continuidade à prossecução dos objetivos formativos, indispensáveis ao aperfeiçoamento profissional e à resolução de problemas inscritos no contexto clínico. É indiscutível o impacte que a pandemia teve no desenvolvimento da formação em serviço, particularmente devido a frequentes alterações na constituição das equipas de enfermagem, fruto da alocação premente de recursos, assim como na estrutura de alguns serviços, que foram alvo de modificações significativas de espaço, mas também de objetivos. De salientar, as estratégias mobilizadas pelos enfermeiros, nomeadamente a redefinição dos planos de formação em serviço, de modo a privilegiar a resposta a necessidades prementes de prestação direta de cuidados de enfermagem, e a assegurar cumulativamente, dentro das potencialidades e limitações de cada contexto, a manutenção da formação em serviço. Não obstante, não podemos menosprezar o modo como esta situação condicionou a formação dos enfermeiros, espelhada numa taxa de execução global de 46,26%, contrariamente ao que se verificou em anos anteriores, valor sobejamente superior a 50%. Ainda assim, apesar da taxa de execução de formação planeada no projeto anual ser de 30,37%, constata-se um acréscimo de 15,89%, correspondente a ações de formação executadas extra plano, o que seria expectável dada a imprevisibilidade associada à situação pandémica e à intrínseca evolução do conhecimento científico nesse âmbito. De forma substancial, verifica-se que, independentemente dos constrangimentos do ano transato, os enfermeiros valorizam a formação que decorre de necessidades/problemas identificados no contexto clínico, motivo pelo qual planearam para o ano de 2021, 227 sessões de formação em serviço, um número aproximado ao total de sessões planeadas para o ano de 2020 (214). Destas, 69% são destinadas exclusivamente a enfermeiros e 14% destinadas exclusivamente a assistentes operacionais. Em suma, a formação em serviço proporciona a criação de valor, constituindo uma forma de excelência para o enfermeiro interiorizar conhecimento, aprofundá-lo e mobilizá-lo no contexto, à medida que reflete com os pares sobre a tomada de decisão clínica.
38
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Referências bibliográficas
10 39
Centro Hospitalar Universitário do Algarve
Aiken, L.H. et al., 2014. Nurse staffing and education and hospital mortality in nine European countries: a retrospective observational study. Lancet (London, England), 383(9931), pp.1824–30. Available at: http://www.thelancet.com/article/S0140673613626318/fulltext [Accessed 10/10/2019]. Benner, P., 2001. From novice to expert: excellence and power in clinical nursing practice. Commemorative Edition: New Jersey: Prentice Hall. CHUA, 2020. Circular Normativa N.º 08/2020 de 12/03/2020. Gomes, J. et al., 2008. Manual de Gestão de Pessoas e de Capital Humano. Lisboa: Edições Sílabo. Gonçalves, T.S.M., 2015. Dotações de Enfermagem: impacte nos resultados em saúde. Dissertação de Mestrado em Guestão de Unidades de Saúde, Universidade do Algarve, Faculdade de Economia. Acedido a 10 de Outubro de 2019. Kutney-Lee, A., Lake, E.T. & Aiken, L.H., 2009. Development of the Hospital Nurse Surveillance Capacity Profile. Research in nursing & health, 32(2), pp.217–28. Available at: http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=2906760&tool=pmcentrez&renderty pe=abstract [Accessed 10/10/, 2019]. McHugh, M.D. & Ma, C., 2013. Hospital nursing and 30-day readmissions among Medicare patients with heart failure, acute myocardial infarction, and pneumonia. Medical care, 51(1), pp.52–9. Available at: http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=3593602&tool=pmcentrez&renderty pe=abstract [Accessed 10/10/2019]. Sveinsdóttir, H., Biering, P. & Ramel, A., 2006. Occupational stress, job satisfaction, and working environment among Icelandic nurses: a cross-sectional questionnaire survey. International journal of nursing studies, 43(7), pp.875–89. Van den Heede, K. et al., 2010. Increasing nurse staffing levels in Belgian cardiac surgery centres: a costeffective patient safety intervention? Journal of advanced nursing, 66(6), pp.1291–6. Available at: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20546363 [Accessed 10/10/2019].
40
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Apêndices
11 41
Apêndice 1: Modelo de relatório de formação em serviço
Apêndice 2: Modelo de projeto de formação em serviço
Formação: um compromisso… uma ação
NÚCLEO DE FORMAÇÃO E INVESTIGAÇÃO DE ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENSINO, INOVAÇÃO E INVESTIGAÇÃO