Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 3

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da Meia-Noite

Mateus 25.6

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MARÇO DE 2006 • Ano 37 • Nº 3 • R$ 3,50



Chamada da Meia-Noite Publicação mensal Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil Preços (em R$): Assinatura anual ................................... 31,50 - semestral ............................ 19,00 Exemplar Avulso ..................................... 3,50 Exterior - Assin. anual (Via Aérea) US$ 28.00 Fundador: Dr. Wim Malgo (1922-1992)

Índice Prezados Amigos

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O Que Realmente Importa

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Um Milênio Literal - Como Ensinam as Escrituras (Parte 2)

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Fases do Desenvolvimento Ecumênico

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Do Nosso Campo Visual

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Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial Edições Internacionais A revista “Chamada da Meia-Noite” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, italiano, holandês, francês, coreano, húngaro e cingalês. As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. “Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí ao seu encontro” (Mt 25.6). A “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é uma missão sem fins lucrativos, com o objetivo de anunciar a Bíblia inteira como infalível e eterna Palavra de Deus escrita, inspirada pelo Espírito Santo, sendo o guia seguro para a fé e conduta do cristão. A finalidade da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é: 1. chamar pessoas a Cristo em todos os lugares; 2. proclamar a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo; 3. preparar cristãos para Sua segunda vinda; 4. manter a fé e advertir a respeito de falsas doutrinas

• Por que Deus faz coisas que não entendemos?

Todas as atividades da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” são mantidas através de ofertas voluntárias dos que desejam ter parte neste ministério.

Aconselhamento Bíblico www.Chamada.com.br

• Crescimento espiritual • Riqueza é pecado?

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“Como entender ‘salvo pela graça’, se cada um será julgado segundo suas obras?” Quando surgem tais perguntas durante a leitura bíblica, quando encontramos uma aparente contradição, sempre deveríamos lembrar que o apóstolo Paulo recomendou ao seu jovem colaborador Timóteo em sua última carta: “Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e QUE MANEJA CORRETAMENTE A PALAVRA DA VERDADE” (2 Tm 2.15 NVI). O que isso significa em nosso caso concreto? Talvez deveríamos consultar uma concordância bíblica, procurando pelas seguintes palavras: salvo, salvação, julgar, julgamento, juízo. Logo verificaremos que haverá diversos julgamentos, de vários grupos de pessoas, em épocas e locais totalmente diferentes. A Reforma voltou a dar destaque a esta verdade fundamental: o homem não é justificado diante de Deus pelas obras da lei, mas exclusivamente pela fé. Isso significa que nossa redenção acontece unicamente pela graça! Durante séculos, Israel trilhou o caminho da lei e falhou. Em contraste, os gentios ignorantes e pecadores seguraram a mão estendida de Deus e foram salvos: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” (Rm 3.28). Entretanto, Romanos 11 fala claramente que alguns judeus, individualmente, encontram a salvação em Cristo durante a era da Igreja, enquanto a conversão do povo judeu como um todo está reservada para um tempo futuro determinado. Mesmo assim nós, que somos justificados pela graça, passaremos por um julgamento, em que seremos avaliados segundo nossas obras. Enquanto o juízo sobre nossos pecados aconteceu no passado, quando nosso Senhor pagou a culpa em Seu próprio corpo sobre a cruz, e o Pai celestial aceitou o sacrifício vicário. Portanto, o juízo sobre nossos pecados foi executado há quase dois mil anos. No futuro, porém, ainda nos espera o julgamento sobre nossa vida, sobre o modo como vivemos aqui na terra desde nossa conversão. No caso, trata-se do “Tribunal de Cristo”. Nele, ninguém será condenado ao inferno, mas poderá sofrer dano (1 Co 3,14-15). Sem dúvida o Senhor Jesus gostaria de entregar uma coroa de vencedor a cada um de nós. Temos todas as condições para isso: “Seu divino poder nos deu tudo que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude. Dessa maneira, ele nos deu as

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suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina e fugissem da corrupção que há no mundo, causada pela cobiça” (2 Pe 1.3-4, NVI). Foi o que escreveu Pedro, que anteriormente havia dito ao seu Mestre: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei” (Mt 26.35). Resumindo: iremos para o céu exclusivamente pela graça, unicamente pela fé na obra de redenção consumada pelo Senhor. Pecadores foram transformados em filhos de Deus! Entretanto, além disso ainda nos aguarda uma gloriosa recompensa. O Novo Testamento fala de cinco diferente coroas: para os vencedores – a “coroa da justiça” (2 Tm 4.8); para os crentes perseverantes – a “coroa incorruptível” (1 Co 9.25-26); para os fiéis até a morte – a “coroa da vida” (Ap 2.10; Tg 1.12); para os obreiros dedicados – a “coroa da exultação” (1 Ts 2.19; cf. vv. 3-6; Fp 4.1); para os exemplos para o rebanho – a “coroa imarcescível” (1 Pe 5.3-4). Maranata, nosso Senhor vem!

Dieter Steiger


Costuma-se dizer: “Quem dorme não peca”. Isso pode até ser verdade, mas não na vida espiritual. Neste artigo vamos analisar diversos aspectos relacionados ao assunto.

“E aconteceu que, quase oito dias depois dessas palavras, tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar. E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e seu vestido ficou branco e mui resplandecente. E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém. E Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono; e, quando despertaram, viram a sua glória e daqueles dois varões que estavam com ele. E aconteceu que, quando aqueles se apartaram dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos três tendas, uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia. E, dizendo ele isso, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram. E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu ama-

do Filho; a ele ouvi. E, tendo soado aquela voz, Jesus foi achado só; e eles calaram-se, e por aqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto” (Lc 9.28-36, Ed. Revista e Corrigida).

Dois princípios espirituais Dois princípios espirituais podem ser extraídos dessa passagem bíblica: Em primeiro lugar aprendemos que, se buscarmos uma comunhão mais profunda com nosso Pai celestial, nos tornaremos “carta de Cristo” (2 Co 3.2) e “perfume de Cristo” (2 Co 2.15), pois nossa aparência será transformada e nosso rosto deixará transparecer nossa relação com o Pai. Depois de ter subido ao monte como homem e não apenas como Filho de Deus, e após ter começado a orar, “transfigurouse a aparência do seu rosto” (v.29).

O segundo princípio espiritual que podemos extrair dessa passagem é que Deus se volta para nós com grande amor quando procuramos Sua intimidade. Lemos que Jesus, imediatamente após ter buscado a comunhão com Seu pai no monte, passou pela seguinte experiência: “E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém” (vv.3031). Jesus, que tinha diante de si todo o pavor da cruz, foi agraciado com o consolo vindo diretamente do céu ao buscar a comunhão com Seu Pai celestial. Quem busca ao Senhor, quem procura Sua proximidade com um coração repleto de fé singela e com a confiança característica das crianças, não será apenas interiormente transformado, mas receberá um conforto tão grande que até os dias

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mais escuros perderão seu pavor. É disso que o autor do Salmo 84.5-7 fala: “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos aplanados, o qual, passando pelo vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o cobre a primeira chuva. Vão indo de força em força...”

Por que os discípulos adormeceram? Jesus Cristo, “tomando consigo a Pedro, João e a Tiago subiu ao monte a orar” (Lc 9.28). Enquanto Ele orava, “a aparência do seu rosto se transfigurou e as suas vestes resplandeceram de brancura” (v.29). Então apareceram Moisés e Elias e “falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém” (v.31, Ed. Revista e Corrigida).

Por que será que muitas vezes somos tomados de sono quando confrontados com verdades espirituais? Por que existem pessoas que adormecem durante o culto? Por que ficamos tão cansados durante a oração? Por que, às vezes, nossos olhos se fecham quando estamos lendo as Sagradas Escrituras?

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Mas o que fizeram os discípulos nesse momento solene? Eles ficaram “carregados de sono”! Nosso texto diz que os discípulos somente viram o Senhor glorificado, Moisés e Elias depois que acordaram: “E Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono; e, quando despertaram, viram a sua glória e aqueles dois varões que estavam com ele” (v.32). É curioso observar quantas vezes os crentes ficam sonolentos justamente nos momentos mais sagrados, nas ocasiões em que são confrontados com verdades espirituais mais profundas. Quando se trata do Senhor, de Sua presença e de Sua Palavra deveríamos estar bem acordados, despertos e atentos! Mas é nessas ocasiões que, muitas vezes, somos tomados de um sono irresistível. Isso não é novidade. Abraão passou por essa experiência. Deus havia se dirigido a ele, dizendo: “Eu sou o Senhor que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te por herança esta terra” (Gn 15.7). Quando Abraão Lhe respondeu: “Senhor Deus, como saberei que hei de possuí-la?” (v.8), Deus mostrou-lhe, de maneira ilustrada através dos animais partidos, como seria o futuro de sua descendência (veja Gn 15.9ss.). Essa ação de Deus era profundamente significativa para Abraão, inclusive o detalhe das aves de rapina tentando se apoderar da carne e Abraão conseguindo enxotá-las. Esse foi um encontro extraordinário entre o Deus Todo-Poderoso e Abraão, algo tão incomum que veio acompanhado de sinais exteriores. Mas, apesar disso, Abraão pegou no sono: “Ao pôr-do-sol, caiu profundo sono sobre Abraão, e grande pavor e cerradas trevas o acometeram” (v.12). Logicamente podemos tentar descobrir a causa desse sono repen-

tino. Mas atenhamo-nos aos fatos: Deus manifestou-se a Abraão de uma maneira especial, querendo mostrar-lhe simbolicamente coisas muito importantes – e Abraão adormeceu. O mesmo aconteceu com os discípulos no Getsêmani. Após Sua primeira oração, Jesus voltou para junto dos discípulos (que curiosamente eram os mesmos que estiveram com Jesus no monte da Transfiguração, Pedro, João e Tiago) e achou-os dormindo: “E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?” (Mt 26.40). Por que será que muitas vezes somos tomados de sono quando confrontados com verdades espirituais? Por que existem pessoas que adormecem durante o culto? Por que ficamos tão cansados durante a oração? Por que, às vezes, nossos olhos se fecham quando estamos lendo as Sagradas Escrituras?

O inimigo gosta de discípulos sonolentos O que é o sono? A enciclopédia o define assim: “Sono é uma redução da consciência através de periódicos estados de repouso. Caracteriza-se por uma redução na pressão sanguínea, na irrigação sanguínea do cérebro, por uma diminuição da freqüência respiratória e uma limitação das atividades do sistema nervoso”. Além do sono praticamente desligar nossa consciência, outras funções vitais do ser humano são reduzidas a um mínimo. É por isso que uma pessoa adormecida “desliga” por um certo tempo. É exatamente isso que o inimigo se empenha em fazer em nossas vidas quando nos encontramos na santa presença do Senhor orando, lendo Sua Palavra ou ouvindo uma


pregação. É nessas horas que ele tenta reduzir nossa atenção, deixando-nos cansados e desatentos. A Bíblia, através do profeta Isaías, fala dos vigias cegos: “Os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; sonhadores preguiçosos, gostam de dormir” (Is 56.10). Satanás sabe e se aproveita disso. Ele não quer que exerçamos nosso ministério de vigias, que influenciemos o mundo sendo “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt 5.13-14), e ele sabe muito bem que gostamos de dormir. O Diabo induz ao sono a muitos filhos de Deus nas horas mais gloriosas, de intimidade mais profunda com o Senhor. O inimigo literalmente faz recair sobre eles uma canseira tão grande que parece impossível resistir ao sono. É chegado o momento de darmos ouvidos à exortação de Provérbios 20.13: “Não ames o sono, para que não empobreças; abre os olhos e te fartarás do teu próprio pão”. Muitos filhos de Deus recebem pouco alimento espiritual porque permitem que o sono os domine bem na hora em que deveriam tomar para si o que o Senhor tem para lhes dizer através de Sua Palavra. Muitas vezes fiquei admirado ao ler Provérbios 19.24, onde está escrito: “O preguiçoso mete a mão no prato e não quer ter o trabalho de a levar à boca”. Será que existe uma preguiça tão grande a ponto de impedir que alguém leve a comida à boca? Talvez essa seja uma ilustração do comportamento de filhos de Deus que, nas horas mais sagradas, não têm mais forças para assimilar o alimento espiritual que estão recebendo! Quantas vezes nosso tempo com o Senhor foi interrompido porque de repente ficamos com muito sono!? Quantas vezes colocamos a Bíblia de lado porque as letras dança-

vam diante de nossos olhos, de tão cansados que estávamos? Quantas vezes não assimilamos nada ou muito pouco da pregação porque ficamos cochilando? Da boca do salmista ouvimos as palavras: “Não darei sono aos meus olhos, nem repouso às minhas pálpebras, até que eu encontre lugar para o Senhor, morada para o Poderoso de Jacó” (Sl 132.4-5). Essas palavras têm um significado específico dentro de seu contexto, porém hoje eu gostaria de aplicá-las assim: Satanás não quer que exerçamos nosso ministé“Não mais me permitirei rio de vigias, que influenciemos o mundo sendo dormir nas horas mais sole“sal da terra” e “luz do mundo” (Mt 5.13-14), e ele sabe muito bem que gostamos de dormir. nes, para que o Senhor possa achar morada em mim!” O fato de encontrarmos discípulos sonolentos no monte da Transfiguração também A definição de “sono” na encitem um significado espiritual e nos clopédia continua: “A profundidatraz uma lição pessoal, que é mais de do sono varia durante os difeprofunda do que imaginamos à pri- rentes períodos de repouso. Em fameira vista. Vejamos: ses de sono superficial acontece Hoje, mais do que nunca, o Dia- regularmente uma atividade cerebo derrama um espírito de sonolên- bral característica e manifestam-se cia sobre os “quase-cristãos” e sobre os sonhos”. Durante o sono imporos cristãos renascidos, e não são tantes funções são muito reduzidas poucas as vítimas. Observemos em enquanto aumenta certo tipo de atiprimeiro lugar os “quase-cristãos”: vidade cerebral incontrolável. Essas para mim esse termo designa pes- são também as conseqüências fatais soas que andam lado a lado com do sono espiritual, que hoje toma cristãos verdadeiros, congregam com conta de tantos “quase-cristãos”. eles mas não são parte integrante da Muitas pessoas encontram-se a caIgreja. João os descreve assim: “Eles minho de Jesus, mas o inimigo consaíram de nosso meio; entretanto, não segue anestesiar de tal forma seus eram dos nossos; porque, se tivessem si- sentidos que elas permanecem semdo dos nossos, teriam permanecido co- pre a apenas um passo da verdade nosco; todavia, eles se foram para que completa, a apenas um passo da ficasse manifesto que nenhum deles é conversão verdadeira. O que acondos nossos” (1 Jo 2.19). Esses “qua- tecerá com elas quando se apercese-cristãos” também podem ser cha- berem da verdade? Mateus 7.21-23 mados de “simpatizantes” ou “cris- nos dá a assustadora resposta: tãos nominais”. E justamente esses “Nem todo o que me diz: Senhor, Se“quase-cristãos” são um triste exem- nhor! entrará no reino dos céus, mas plo de como o sono espiritual pode aquele que faz a vontade de meu Pai, ser fatal. que está nos céus. Muitos, naquele dia,

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hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, eu lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”. Ou pensemos no que Jesus declarou acerca das cinco virgens néscias: “Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, Senhor, abre-nos a porta! Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço” (Mt 25.1112). Tanto essas virgens como os “quase-cristãos” descritos em Mateus 7 são uma figura das pessoas que passaram toda a sua vida dormindo espiritualmente. Elas conhecem a verdade, apropriaram-se de parte dela, mas mesmo assim nunca chegaram a Jesus Cristo de verdade. Portanto, no final o Senhor terá de lhes dizer: “nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”.

Na fronteira entre dois mundos No tempo do juiz Jefté aconteceu algo muito trágico em Israel: “Porém os gileaditas tomaram as vaus (trecho raso do rio, onde se pode atravessar a pé ou a cavalo) do Jordão que conduzem a Efraim; de sorte que, quando qualquer fugitivo de Efraim dizia: Quero passar; então, os homens de Gileade lhe perguntavam: És tu efraimita? Se respondia: Não; então lhe tornavam: Dize, pois, chibolete; quando dizia sibolete, não podendo exprimir bem a palavra, então, pegavam dele e o matavam nos vaus do Jordão. E caíram de Efraim, naquele tempo, quarenta e dois mil” (Jz 12.5-6). Todo aquele que quisesse atravessar o Jordão para chegar a Gileade precisava identificar-se pronunciando a palavra chibolete. Quando a pessoa dizia sibolete, os

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gileaditas sabiam que se tratava de um efraimita, considerado inimigo, que era imediatamente morto. Foi assim que 42.000 pessoas morreram naquela ocasião. Mas o que é ainda pior: hoje também existem os que vivem na ilusão de atravessar facilmente o Jordão e chegar à “Gileade celestial” sem problemas. Mas quando chegar a hora de passar o rio, eles verão que não conseguem pronunciar “chibolete”, e isso significará sua perdição eterna! Chibolete significa “corrente” ou “rio com correnteza”. Em Apocalipse 22.1 lemos: “Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro”. Quem não conseguir dizer claramente “chibolete”, “rio da água da vida”, ou seja, quem não puder testemunhar com toda a certeza que o sangue do Cordeiro o colocou em contato com essa água da vida, não poderá entrar no reino dos céus. A pessoa poderá chegar até diante das vaus do Jordão, mas não conseguirá passar! Imaginemos a cena: os efraimitas vêm fugindo e chegam às vaus do Jordão, vendo na margem oposta a salvadora Gileade, mas não conseguem passar para o outro lado. Isso acontecerá com os que, durante toda a sua vida, foram mantidos por Satanás em um profundo sono espiritual, na sua condição de “quase-crentes”. Essas pessoas sabem tudo sobre o Evangelho, e um dia estarão “nas vaus do Jordão” olhando para a “Gileade celestial”, imaginando toda a sua glória, mas jamais chegarão lá! Se você, que lê estas linhas, ainda é um “quase-cristão”, eu o conclamo: aproveite hoje, agora mesmo, a oportunidade de entregar sua vida totalmente a Jesus, e assim você terá a certeza de estar com Ele na glória eterna.

E os verdadeiros crentes – com que Satanás os induz ao sono? Cristãos renascidos igualmente podem ser levados a uma grande sonolência espiritual pelas artimanhas de Satanás. Examinemos esse assunto mais uma vez através do exemplo dos discípulos no monte da Transfiguração. Jesus subiu ao monte, “e, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e as suas vestes ficaram brancas e mui resplandecentes. E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória e falavam da sua morte, a qual havia de cumprirse em Jerusalém” (Lc 9.29-31). Os discípulos, porém, ficaram “carregados de sono”. Mas em seguida, “quando despertaram, viram a sua glória e daqueles dois varões que estavam com ele” (v.32). Mesmo tendo despertado em seguida, eles perderam o início desse acontecimento por terem pegado no sono. É uma tragédia que hoje muitos cristãos não vêem a glória do Senhor Jesus Cristo por se permitirem dormir espiritualmente. Não estou me referindo, em primeiro lugar, a pecados graves que se interpõem entre o cristão e seu Senhor, mesmo que estes tenham por conseqüência profundo sono espiritual, mas me refiro a algo bem diferente. Então, que meios o Diabo usa para levar os cristãos para um trilho errado? Como se chama o sonífero que ele receita para nos deixar sonolentos? Ele não oferece “drogas pesadas” para fazer-nos imediatamente cansados. O que ele prescreve é um remédio chamado “Especialmente para cristãos!” – “Indicado somente para crentes!” “Deve ser tomado exclusivamente por cristãos renascidos”. É um remédio bom de tomar. Cada um que o usa sente-se bem, relaxa e é tomado por


um sono gostoso. Mas, afinal, que remédio é esse? No decorrer dos séculos, e especialmente em nossos dias muitas doutrinas secundárias do cristianismo tornaram-se relevantes, adquirindo o status de “algo especial”. Existem, por exemplo, os “especialistas em arrependimento”. Esses pregadores ordenam constantemente às pessoas que se arrependam, impedindo que elas cheguem à plena liberdade dos filhos de Deus. Existem os “especialistas em dons”, que colocam os dons acima do próprio Doador. Existem os “especialistas em separação” ensinando um afastamento tão radical do mundo que é impossível de ser praticado no dia-a-dia. E há os “especialistas em anjos”, que atribuem a eles capacidades que somente o Senhor Jesus possui. E os “especialistas em Israel” falam mais de Israel que do maior filho de Israel, que é Jesus Cristo. E temos ainda os “especialistas em milagres e curas”, pregando que ficar doente é pecado e que temos de ser curados à força. Obviamente esses especialistas pregam muitas coisas boas e corretas. E a “sã doutrina” exige que se fale de todos esses assuntos, mas ai de nós se os enfatizarmos além da medida! Infelizmente esses “especialistas” e seus seguidores erram o alvo muitas vezes. É tempo de reconhecermos o que realmente importa: acordar do sono espiritual, deixando de nos interessar tanto por essas doutrinas “específicas”, concedendo-lhes apenas o espaço que realmente lhes cabe dentro do Plano de Salvação. Tudo, mas tudo mesmo, estará sendo prejudicial se roubar o lugar que pertence apenas a Jesus!

As tendas e seu significado Depois que Pedro e seus companheiros acordaram do sono e viram

o Senhor glorificado juntamente com Moisés e Elias, Pedro fez a proposta de montar três tendas. Penso que nesse momento a aparência glorificada de Jesus ainda era visível e Moisés e Elias estavam querendo deixá-los: “E aconteceu que, quando aqueles se apartaram dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui e façamos três tendas, uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias.” Mas enquanto Pedro falava “veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram. E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi”. Ou seja: “e, tendo soado aquela voz, Jesus foi achado só”. É interessante observar que, enquanto Pedro falava, aparentemente Jesus ainda estava em Seu estado glorificado diante dos discípulos, e Moisés e Elias ainda estavam presentes. Pedro queria, de todas as maneiras, perpetuar esse acontecimento tão relevante, pois está escrito que “quando aqueles se apartaram dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui e façamos três tendas, uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias.” Portanto, no momento em que Moisés e Elias queriam ir embora, Pedro se empenhou, tentando fazer perdurar essa situação tão maravilhosa. Ele queria segurar Moisés e Elias oferecendo-se para fazer tendas para eles e para Jesus. Você percebe a situação trágica de Pedro? Primeiro, ele perdeu parte desse encontro significativo com a glória celestial porque estava dormindo. A seguir, errou novamente ao tentar transformar algo secundário no centro de sua atenção. Ele realmente se empenhou com todas as suas forças tentando eternizar Jesus da maneira como se encontrava na sua frente naquele momento, e com Jesus também Moisés e Elias. Mas o Pai celestial rejeitou esse

projeto de maneira muito enérgica. Pois no mesmo instante em que do céu falou as majestosas palavras: “Este é o meu Filho amado; a ele ouvi”, nada mais se via de toda a glória que acabara de se manifestar; apenas Jesus se encontrava com eles: “E, tendo soado aquela voz, Jesus foi achado só”. Parece que Deus estava querendo dizer aos discípulos: “Fui eu que encenei tudo isso. Eu escolhi este monte. Fiz meu Filho resplandecer maravilhosamente. Fui eu que mandei Moisés e Elias. Mas agora basta! Agora vou mostrar a vocês o que realmente importa: somente Jesus, só Ele deve ser o centro das atenções!” Mas por que somente Jesus? Porque através da entrega de Sua vida na cruz do Calvário Ele realizou a Salvação que Deus queria (Jo 19.30) e porque “nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). Estou convicto de que hoje, mais do que nunca, é imprescindível que nos mantenhamos afastados de quaisquer “ensinos especiais”, que enfatizam apenas algum aspecto da verdade, pois são eles que nos embalam e nos levam a um sono que não é sadio e, no fim, nos afastam de Jesus Cristo, que deve ser o centro de nossa fé e de nossa vida. Por isso, examinemos tudo o que nos é oferecido nas igrejas, através de literatura, em programas de rádio e televisão, e tenhamos a coragem de nos posicionar ao lado da verdade única, que realmente importa, que é Jesus Cristo! A transfiguração no monte foi algo bom, maravilhoso, fantástico – e Deus não disse que não era assim. Mas diretamente do céu Ele disse que o maior era e continuaria sendo Seu Filho: “Este é o meu Filho amado; a ele ouvi”. É hora de acordar do sono espiritual, é hora de manter-nos bem despertos para podermos ver a glória do Senhor, para vermos “a Jesus somente!”

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No mês passado mostramos que “Milênio” e “era do reino” são termos sinônimos na Escritura. Como “milênio” significa literalmente um período de “mil anos”, a era do reino durará mil anos literais. Vimos que o Antigo Testamento diz muito a respeito do reino, mas somente o livro do Apocalipse menciona sua duração. O Dr. Arnold G. Fruchtenbaum, especialista em profecia bíblica, explica: Havia duas coisas sobre a era messiânica que não tinham sido reveladas no Antigo Testamento. A primeira era a sua duração. Embora os profetas do Antigo Testamento tivessem previsto um reino messiânico pacífico e duradouro, eles não revelaram quanto tempo ele iria durar. Para responder a essa pergunta, já vimos que o Apocalipse afirma [seis vezes] que será um reino de exatamente 1.000 anos. A segunda coisa que não tinha sido revelada pelos profetas do Antigo Testamento eram as circunstâncias pelas quais o reino chegaria ao fim e co-

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mo isso conduziria à Ordem Eterna. Isso também está revelado no Apocalipse. Esses dois itens são tudo o que Apocalipse 20 acrescentou ao conhecimento que já existia, revelado nas Escrituras, sobre a era messiânica. A crença num reino messiânico não se baseia nessa passagem mas nas inúmeras profecias do Antigo Testamento. Outra base para crer num reino vindouro são os quatro pactos que Deus fez com Israel, e que ainda não se cumpriram. Esses pactos são incondicionais e, portanto, dependem apenas de Deus para seu cumprimento. Como Deus sempre cumpre Suas promessas, esses pactos se realizarão no futuro, e eles só podem se cumprir dentro do quadro de uma era messiânica ou reino milenar. O primeiro desses pactos é a Aliança Abraâmica, em que Deus prometeu que a semente de Abraão se transformaria numa nação que possuiria a Terra Prometida vivendo dentro de fronteiras definidas. Embora a

nação de Israel tenha continuado a existir, jamais em toda a sua história chegou a ocupar todo o território que lhe foi prometido. Para que essa promessa se cumpra, é necessário que haja um reino no futuro. Além disso, a posse da terra não foi uma promessa feita meramente à semente de Abraão mas ao próprio Abraão quando Deus disse: “Dar-te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua”. Para que Deus cumpra a promessa feita a Abraão (e a Isaque e Jacó), terá que haver um reino futuro. O segundo pacto é a Aliança Palestina, segundo a qual os judeus espalhados pelo mundo inteiro seriam novamente reunidos e tornariam a possuir a terra de seus ancestrais. Embora a dispersão já tenha ocorrido e os judeus estejam espalhados por todo o mundo, a reunião de todos os dispersos e a plena restituição da posse da terra ainda não aconteceram. Isso também requer um reino futuro.


A Aliança Davídica é o terceiro pacto, que promete quatro coisas eternas: uma casa (dinastia) eterna, um trono eterno, um reino eterno e uma pessoa eterna. A dinastia tornou-se eterna porque culminou numa Pessoa eterna: Jesus, o Messias. Por essa razão, o trono e o reino também serão eternos. Mas Jesus jamais se assentou no trono de Davi para reinar sobre Israel. O restabelecimento do trono davídico e o reinado de Cristo ainda aguardam cumprimento, e isso exige um reino futuro. O último pacto é a Nova Aliança, que fala da restauração e salvação nacionais de Israel, englobando cada indivíduo judeu dessa nação. Isso também não se cumpriu plenamente, de modo que deverá haver um reino futuro. Portanto, as bases para crer num futuro reino messiânico são as numerosas escrituras proféticas e os quatro pactos citados e não um capítulo isolado de um livro altamente simbólico”.1

Em Seu discurso no Monte das Oliveiras, nosso Senhor deixou claro que haverá um reino nesta terra. Ele previu, inclusive, como seria o seu início: “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda; então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos fo-

rasteiro e te hospedamos? Ou nu e te cia”, onde os reis das nações servivestimos? E quando te vimos enfermo rão à vontade do Rei dos reis, Jesus ou preso e te fomos visitar? O Rei, res- Cristo. O anjo Gabriel disse a Maria: pondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um “Darás à luz um filho, a quem chamadestes meus pequeninos irmãos, a mim rás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíso fizestes” (Mt 25.31-40). Aparentemente, quando Cristo simo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono voltar com Sua Igreja, ao final dos de Davi, seu pai; ele reinará para sete anos da Grande Tribulação, sempre sobre a casa de Jacó, e o seu Ele convocará todas as nações da reinado não terá fim” (Lc 1.31-33). Nessa passagem há menção de seterra à Sua presença e separará os que estiverem à sua esquerda, “os te ações que ocorreriam no futuro. cabritos”, dos que estiverem à sua Quatro delas já se cumpriram, pois direita, “as ovelhas”. Ele chama as Maria deu à luz um “filho”, Ele receovelhas de “justos”. Essas pessoas beu o nome de “Jesus”, foi “grande” e demonstrarão que seus corações foi chamado “Filho do Altíssimo”. As realmente pertenciam a Deus pelo outras três ainda estão aguardando modo como terão tratado os filhos cumprimento – e se cumprirão.2 Daniel descreve esse acontecide Israel durante o tempo da terrível Tribulação, quando os judeus mento com estas palavras: “Eu estava olhando nas minhas serão perseguidos pelo Anticristo. Assim como a família holandesa de visões da noite, e eis que vinha com as Corrie Ten Boom desafiou Hitler e nuvens do céu um como o Filho do protegeu os judeus durante o Se- Homem, e dirigiu-se ao Ancião de gunda Guerra Mundial, alguns Dias, e o fizeram chegar até ele. Foidentre as nações serão pró-semitas lhe dado domínio, e glória, e o reino, e ajudarão os judeus perseguidos para que os povos, nações e homens de em seus países. Por causa disso, todas as línguas o servissem; o seu doeles receberão permissão para entrar no reino que “está preparado desde a Aparentemente, quando Cristo voltar com Sua Igreja, ao fundação do munfinal dos sete anos da Grande Tribulação, Ele convocará todas as nações da terra à Sua presença e separará os do”. É claro que que estiverem à sua esquerda, “os cabritos”, dos que haverá muitos juestiverem à sua direita, “as ovelhas”. Ele chama as ovelhas de “justos”. deus que entrarão nesse reino com seus corpos naturais, mas todos serão redimidos. Estes, assim como seus benfeitores (os gentios que os protegeram) terão filhos e darão início à extraordinária população do reino milenar. A era do reino será uma “teocra-

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mínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído” (Dn 7.13- 14). Você consegue imaginar um governo de justiça? Ele será liderado pelo Rei Justo Jesus que, com toda a autoridade, fará cumprir as Suas leis. Pense só nisto: nada de pornografia, de drogas, de abortos, de assassinatos, de jogo – a lista é interminável. De fato, as redes de televisão, ou o que quer que venha a ocupar o seu lugar, só transmitirão programas que glorifiquem a Deus e agradem ao Rei. As crianças não terão sua sensibilidade moral aviltada e as atrações lascivas de hoje não mais existirão. Que clima para que as pessoas sejam “salvas”! Sim, porque nascerão pessoas não-salvas que terão que invocar pessoalmente o nome do Senhor, mas Satanás não estará solto na terra para enganá-las. O mundo inteiro, sob o governo justo do Rei Jesus, será um ambiente propício a que os homens invoquem o nome do Senhor e sejam salvos. Será um tempo de justiça. Para nós, é difícil imaginar um sistema judicial que seja realmente justo. Por exemplo, um júri pode ser paralisado por causa de um ju-

rado indeciso que se recusa a considerar culpado um assassino apesar dele ter sido denunciado pelos comparsas. Quando o reino messiânico vier, todas as injustiças do poder judiciário serão coisa do passado, pois nosso Senhor Jesus será o Justo Juiz. Pela primeira vez na história da humanidade o governo será amigo do povo e não seu maior algoz.

Justiça Amilenista?

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Notas: 1. Arnold Fruchtenbaum, The Footsteps of the Messiah, Ariel Ministries Press, 1995. pp. 267-269. 2. Clarence Larkin, Dispensational Truth, (Philadelphia: Clarence Larkin Publishing, 1918), p. 92.

Uma das teses do amilenismo que beira o ridículo é a idéia de que Cristo voltou em 70 d.C., quando o templo e a cidade de Jerusalém foram destruídos. Outra das teses amilenistas Recomendamos os livros: afirma que já estamos vi> > Vem Depressa, Senhor Jesus, > > Perguntas Freqüentes Sobre as Profecias e vendo no reino milenar, > > Profecias de A a Z. que Satanás está preso e Pedidos: 0300 789.5152 que este é um tempo de justiça debaixo da Lei. Porém, se Cristo estivesse no controle do mundo, não haveria as brutais distorções da justiça a que assistimos todos os dias. Durante o Milênio Jesus, o Rei dos reis, será de fato um soberano bondoso,

A seguir transcrevemos algumas citações dos primórdios e da atualidade do Movimento Ecumênico para mostrar que essa agremiação passou por um enorme processo de mudanças, caracterizando o ecumenismo como um movimento em contínuo desenvolvimento e evolução. De início, manifestações de dentro do Movimento Ecumênico que merecem consideração: O Conselho Ecumênico Mundial, reunido em Amsterdã, saúda a todos os que pertencem a Jesus Cristo e a todos os

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detentor de todo o poder. O mundo tem sonhado em ter uma pessoa assim no comando de um governo mundial trazendo “justiça social” para os habitantes da terra. Mas isso só acontecerá quando o Senhor Jesus Cristo vier como Rei para estabelecer Seu reino de bondade, pois Ele combina amor compassivo com verdadeira justiça. (Pre-Trib Perspectives) [continua]

que estão dispostos a ouvir. Louvamos a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, por estar juntando os filhos de Deus dispersos e por nos reunir aqui em Amsterdã. Concordamos em reconhecê-lO como Deus e Salvador.1 Nos últimos anos as igrejas afiliadas pediram por novas diretrizes para o relacionamento e o diálogo entre as religiões, normas que sejam adequadas ao contexto atual. Mais do que nunca, cresce nosso anseio não apenas pelo diálogo com pessoas de outras crenças mas por um relacionamento autêntico com elas. A crescente conscientização do pluralis-


mo religioso, do papel que as religiões podem desempenhar nesse conflito e seu crescente significado na vida pública apresentam desafios prementes no sentido de promover uma maior compreensão mútua e exigem uma cooperação mais estreita entre as pessoas de crenças diferentes.2

União dos cristãos A Conferência Mundial de Missões de 14 de junho de 1910, presidida pelo pregador metodista leigo John R. Mott, reuniu 1.355 delegados de todo o mundo. John Mott tinha um alvo bem definido ao realizar essa conferência: fazer Jesus Cristo conhecido para todos neste mundo. Com a intenção de alcançar esse alvo, ele buscava a união do maior número possível de cristãos para dar início a uma evangelização mundial abrangente. Com esse propósito e sua concretização, Mott se encontrava em terreno absolutamente bíblico. Anos depois da fundação, W. A.Visser’t Hooft, que foi secretáriogeral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) por muito tempo, alertava em relação a falsas expectativas: É um fato que muitos cristãos buscam a união das igrejas porque ela promete trazer paz, tranqüilidade e ordem ao mundo. Mas o papa não tem razão ao responder ao anseio dessas pessoas afirmando que o endereço certo para encontrar o que procuram é a igreja (católica – N.R.). Ao afirmar isso, ele prestou um desserviço à causa ecumênica. Que união de igrejas seria essa, surgida pela necessidade de união que o mundo afirma ter? A Europa somente estará bem servida com uma unificação que não tenha sido construída à força mas enraizada na obediência conjunta ao Senhor.3 Isso foi em 1941! No ano de 1948 ocorreu a fusão dos dois ór-

gãos executivos, a “Conferência Mundial para a Fé e a Constituição Eclesiástica” e a “Conferência Mundial Para a Prática Cristã”, formando o Conselho Mundial de Igrejas. Nos anos seguintes o CMI esteve animado com a idéia de construir o reino de Deus na terra. Ele perseguia esse alvo adotando uma direção política e voltada para o futuro. Para tanto, estabeleceu alguns princípios básicos: • acabar com a fome na terra • acabar com as guerras no mundo • buscar justiça social para todos. Ao estabelecer essas bases, o pensamento missionário de seus fundadores estava sendo desalojado para dar lugar a uma justiça cristã (?) mais que utópica para todos. É óbvio que a nova linha adotada pelo CMI despertou grande interesse, principalmente das nações que padeciam dos males que a agremiação se propunha a erradicar. Principalmente na Polônia, Bulgária, Romênia e Rússia, cuja igreja ortodoxa havia sido admitida em 1961 no CMI, teve forte ressonância a idéia de acabar com a fome, as guerras e a injustiça. Justiça social para todos passou a ser a divisa central do Conselho Mundial de Igrejas. Nascia o “evangelho social”, que foi empurrando o conteúdo espiritual das Escrituras mais e mais para a margem, dando lugar a uma mensagem social. Com crescente freqüência os líderes das igrejas citavam Karl Marx, lembrando que o movimento socialista era um movimento “bíblico”. A base alegada era Gálatas 6.10: “Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.” Ou

Atos 2.44-45: “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”. Essa época dentro do processo ecumênico deixou evidente que o aspecto espiritual da Igreja de Jesus era sufocado em todos os lugares onde a energia das igrejas se esgotava em engajamento sóciopolítico e cultural. A apresentação da Igreja de Jesus como um rebanho de pessoas chamadas por Jesus Cristo para propagar o Evangelho, que oferece em primeiro lugar o perdão da culpa e do pecado, passou a ser considerada uma visão diminuída e ultrapassada do real papel da Igreja no mundo. Nos púlpitos das igrejas oficiais e tradicionais falava-se muito de libertação e pouco sobre o poder destrutivo do pecado. A palavra “pecado” passou a ter o sentido de “socialização malconduzida”, significando educação deficiente. Paralelamente expandia-se nas universidades alemãs o movimento da APO (Oposição Extra-Parlamentar), que conduziu a uma liberalização de pensamento ainda maior. Mais tarde esse processo culminou, certamente sem a ajuda das igrejas, nas atividades assassinas da RAF (Facção do Exército Vermelho), que levou a política interna da Alemanha à beira de uma catástrofe. Até a década de 90, esse utopismo político das igrejas havia soterrado a verdadeira e real incumbência da Igreja de Jesus, e acabou restando como única profissão de fé para muitos cristãos. Em razão disso, passou a ser rotina em muitos grupos cristãos o apoio e o empenho em prol dos movimentos de libertação, da Teologia da Libertação, do femi-

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Em 1961 a Igreja Ortodoxa foi admitida no Conselho Mundial de Igrejas. Nascia o “evangelho social”, que foi desalojando mais e mais o conteúdo bíblico das igrejas. Marx passou a ser citado cada vez mais freqüentemente.

nismo e da homossexualidade. O clímax desse desenvolvimento foi visto em declarações do tipo: “É bom ouvir não apenas a voz de Deus mas também a voz das feministas”. É uma lástima ver que as bemintencionadas idéias da Conferência Mundial de Missões de 1910 não conduziram a uma propagação do Evangelho pelo mundo nem à mobilização de todas as forças e do potencial do cristianismo para salvar os perdidos. Ao contrário, elas levaram o cristianismo a adotar e propagar as idéias que o mundo tinha sobre como produzir justiça entre os homens. Essa fase do desenvolvimento ecumênico produziu uma união das igrejas cristãs; infelizmente, porém, a união era para alcançar alvos errados. Ser cristão significava engajamento social, ativismo pela paz e construção do reino de Deus neste mundo através de meios humanos.

Unificação das religiões Muitos cristãos não reconhecem que, durante anos, ocorreu dentro

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do Conselho Mundial de Igrejas uma migração mais ou menos evidente de um ecumenismo exclusivamente inter-igrejas para um ecumenismo multi-religioso. Já em 1966 Vissert’t Hooft, o secretáriogeral do CMI que estava deixando o cargo, expressou seu temor de que a mistura de religiões representasse uma ameaça mais perigosa para a Igreja de Jesus do que um ateísmo claramente definido. Constantemente ele exortava seus colegas a proclamar o Evangelho da forma mais clara e pura segundo a Palavra de Deus. Ele insistia que o verdadeiro Evangelho da Palavra de Deus não devia ser mesclado com as forças culturais, místicas e mágicas de outras religiões. Mas foi exatamente esse o caminho que começou a ser trilhado a partir da V Assembléia Geral do Conselho Mundial de Igrejas em Nairóbi (Quênia). Representantes de todas as religiões puderam falar e fazer propaganda de “aproximação” e de “ir em direção ao outro”. O conceito de “diálogo” é até hoje um elemento-chave, inclusive para os evangélicos quando justificam suas atividades ecumênicas. Ninguém sabe ao certo o que isso significa, mas todos parecem dizer sempre: “Minha fé é boa, sua fé também é boa. Cada um deve extrair da fé do outro aquilo que acha bom, e a paz chegou!” Quem seria tão ingênuo a ponto de defender essa idéia? Em Nairóbi, por exemplo, um dos oradores hinduístas fez propaganda do “Templo do Entendimento Mútuo”, entidade que seus fundadores consideram uma espécie de “Nações Unidas” espiritual. A finalidade dessa instituição é estabelecer uma rede conectando todas as grandes religiões mundiais. Isso significa aceitar automaticamente práticas ocultistas e

espíritas, como o culto vodu da América Central. Em 23 de abril de 1997, 200 representantes das mais variadas agremiações religiosas mundiais realizaram um encontro na Universidade de Stanford (EUA) sob a presidência do bispo Swing. Ficou estabelecido que em 26 de junho de 2000 seriam fundadas as “Nações Unidas Para Todas as Religiões”. Estando cientes desse desenvolvimento, é incompreensível ver iniciativas e atividades ecumênicas partindo de grupos considerados evangélicos. Por exemplo, Robert Schuller, que se considera mestre e pai [espiritual] de Bill Hybels (Willow Creek), declarou: ...o que me diferencia dos fundamentalistas é que eles querem converter todas as pessoas a crer naquilo de que eles mesmos estão convictos... Conhecemos o que pode levar as grandes religiões a se unir. Procuramos focar nosso olhar nas convicções comuns sem melindrar os que pensam de modo diferente.4 Somos obrigados a nos perguntar se aquilo em que há unanimidade em todas as religiões é realmente o mais importante. Por exemplo, pensemos apenas que a Bíblia diz que Jesus Cristo é o único caminho que conduz a Deus, o Pai (Jo 14.6)! Personalidades conhecidas aclamaram e acompanharam com simpatia esse caminho rumo ao sincretismo (mistura de religiões): Albert Schweizer, o Dalai Lama, madre Teresa, U. Thant, o então secretário-geral da ONU, e o papa João Paulo II. Allan Morrison detectou, na segunda fase do processo ecumênico, três erros fundamentais que estariam na base do desejo por uma unificação de todas as religiões do mundo: – Todas as religiões têm o mesmo Deus e os mesmos alvos


e aspirações. Esse engano se manteve até o terceiro milênio e é fomentado através de novas ações conjuntas e da constante publicação de artigos. É supérfluo dizer que esse erro é facilmente detectável. Precisamos apenas comparar a Bíblia, o Corão e os escritos do budismo. Além disso, nem o Corão nem o budismo iriam concordar com essa declaração e com todas as suas conseqüências práticas. – Todas as religiões querem paz duradoura e global bem como justiça para todos. Essa afirmação teria a concordância do cristianismo e, talvez, do budismo, mas o islã certamente não concordaria. Para o islã, paz duradoura significa o mundo inteiro, e principalmente Israel, a menina dos olhos de Deus, tornarem-se islâmicos. Uma entrevista da revista Time com Osama Bin Laden deixou isso bem claro: A Frente Islâmica Internacional Para a Jihad contra os EUA e Israel expediu, pela graça de Alá, uma fatwa (decreto religioso) clara e inequívoca, conclamando as nações islâmicas à jihad (guerra santa) para libertar nossos lugares sagrados. As nações de Maomé ouviram esse chamado. Se o apelo à guerra santa, que tem como alvo a luta contra os judeus e americanos, a libertação da mesquita de AlAqsa e da santa Caaba (santuários islâmicos em Jerusalém e na Arábia Saudita) é considerado um crime, então que a história seja minha testemunha de que sou um criminoso. Nossa tarefa é proclamar essa guerra, o que já temos feito pela graça de Alá, e pessoas específicas obedeceram a esse chamado.5 – O cristianismo fiel à Bíblia (fundamentalista) é um empecilho para a evolução e o crescimento espiritual. Quando evolução, progresso e crescimento espiritual se confundem com a construção de uma moderna torre

de Babel, essa afirmação pode ser verdadeira. Nós, os cristãos renascidos, ainda somos um empecilho para a decadência total e a plena revelação do mal no mundo (2 Ts 2). Como membros do corpo de Cristo não devemos crer na mentira de que podemos melhorar este mundo se rompermos as barreiras e derrubarmos os muros que existem entre as religiões e culturas às custas de um Evangelho cada vez mais aguado. O papa João Paulo II, e esta é uma observação que faço à margem, parecia desconhecer completamente a verdadeira situação espiritual quando declarou: No sacramento da eucaristia o Salvador, que há 2.000 anos tornou-se homem do ventre de Maria, apresenta-se à humanidade como fonte de vida. A dimensão ecumênica e universal do ano do Jubileu será devidamente destacada através de um encontro pan-cristão ... a partir de uma postura de cooperação irmanada com cristãos de outras confissões e tradições bem como a partir de uma abertura bemvinda em relação a todas as religiões.6 Já em 1986 ele havia convidado os líderes das doze maiores religiões mundiais para um encontro na cidade italiana de Assis. Feiticeiros e adoradores do fogo oraram em sua presença, o que provocou o comentário do papa: “O desafio de conseguir a paz deve ser colocado acima de todas as diferenças religiosas”.7 Desde então outros encontros “pan-religiosos” tiveram lugar em Assis – inclusive com a participação de representantes de igrejas evangélicas independentes.

União das pessoas de todo o mundo União dos cristãos, unificação das religiões, unidade das pessoas – essas são as etapas do plano de pre-

paração do palco para o Anticristo. Nesta última etapa parte-se da unificação religiosa para chegar à fraternidade entre todos os homens. A Nona Sinfonia de Beethoven reflete bem esse anseio utópico: “Alegria, centelha de imortal chama, filha do Eliseu! Ébrios de fogo, deusa celestial, invadimos teu santuário! Deixa que a tua magia reúna todos os que as leis da terra dividem; todos os homens serão irmãos, sob as tuas ternas e amplas asas”.8 No ano de 1978 o significado do conceito “ecumênico” foi modificado pelo Conselho Mundial de Igrejas para passar a definir não apenas a comunhão de todas as agremiações religiosas mas a irmanação de toda a humanidade. Agora não se busca mais apenas o menor denominador comum, a base comum de todas as denominações religiosas, mas se vai além, até a imagem de um núcleo comum da Criação. Busca-se a fraternidade de todas as pessoas e não mais a unidade do Corpo de Cristo. Muitos crentes não perceberam o perigo oculto nesse processo de mudanças. Ultimamente o movimento ecumênico ensina que em cada ser humano – sem pré-requisitos – habita uma centelha divina que pode ser inflamada até tornarse uma labareda. Para isso bastaria praticar certas técnicas místicas que podem ser encontradas em todos os sistemas religiosos do mundo.9 Assim está sendo claramente repelida a reivindicação absoluta de Jesus: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Pessoas do mundo todo, univos! – Essa terceira fase do movimento ecumênico tem naturalmente uma dimensão profundamente política: a ONU afixou em sua sala de meditação a inscrição: “O altar de pedra magnetizada da sala de meditação é consagrado a Deus,

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que diferentes pessoas adoram sob diversos nomes e em muitas formas”.10 Se acompanharmos atentamente o que a mídia publica diariamente, com freqüência cada vez maior iremos nos deparar com conceitos do tipo “comunhão mundial”, “nova ordem mundial”, “um só mundo” e semelhantes. A UNESCO resume seu programa mundial de educação da seguinte forma: “Educação para viver em comunidade global”.11 A doutrina de que todos os homens são irmãos não é bíblica e omite o fato de que existe e continuará existindo um reino de luz e um reino das trevas no campo espiritual. Além disso, os membros do corpo de Cristo devem se separar clara e decididamente de tudo o que a Bíblia chama de “mundo”. Essa expressão não diz respeito ao globo terrestre, mas define uma postura em que o ser humano insiste em permanecer como um descendente não-salvo do primeiro Adão. “Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou” (Jo 17.14). Na última fase do desenvolvimento ecumênico, em que já nos encontramos, a política e religião se fundem, e sua influência passou a ser um fator de poder difícil de ser superado. Os esforços são em prol de um governo mundial e de uma igreja mundial. O palco para o Anticristo e seu reino está preparado! Como discípulos de Jesus Cristo temos de escolher, de maneira mais convicta do que nunca, se queremos trabalhar na destrutiva unidade mundial ou se apoiamos de maneira construtiva a separação entre a Igreja e esse sistema temporal e secular que procura tornar o mundo inteiro um só. Nos próximos tempos – que o Senhor venha nos buscar em breve! – distanciar-nos de

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maneira convicta do ecumenismo não nos trará muitas alegrias. Pelo contrário, perderemos amigos e talvez amargaremos prejuízos concretos se nos propusermos a manter distância desse movimento. Pode ser que a opinião pública nos empurre mais e mais para o rol das seitas e para junto dos que são considerados empecilhos à paz. Hoje os “cristãos fundamentalistas” já são um incômodo para muitos evangélicos. Mas uma coisa deve ser do maior interesse de todos aqueles que anseiam pelo Arrebatamento iminente: de forma alguma devemos trabalhar e cooperar em atividades ou agremiações que preparam o terreno para o Anticristo. Que o Senhor conceda a cada leitor a força e a autoridade espiritual para resistir às pressões e para se posicionar ao lado da verdade.

A influência da igreja católica romana sobre o movimento ecumênico Durante muitos anos a igreja católica não participou dos trabalhos do Conselho Mundial de Igrejas pois, se o fizesse, estaria contradizendo a si mesma e abdicando de sua reivindicação de ser a única igreja que salva. Isso se aplica também à reivindicação do papa, que afirma ser o único representante de Cristo na terra. Mas não passou despercebido ao Vaticano que o CMI estava se tornando um forte poder político-religioso com grande influência no pensamento dos fiéis. Por essa razão, em 1961 houve pela primeira vez “observadores” católicos presentes na assembléia geral do CMI em Nova Déli (Índia). Sua participação e, com ela, sua influência sobre o Conselho e sobre suas decisões tornou-se ano após ano mais forte e evidente. Conseqüentemente, o papa Paulo VI declarou

em seu Decreto Sobre o Ecumenismo, que a igreja católica romana estaria desejando mudar sua postura diante das outras denominações e religiões. Nesse decreto ele disse que “a ajuda universal para a salvação pode ser obtida em toda a sua plenitude apenas através da igreja católica”.12 Ele admitiu, porém, que existiam os assim chamados irmãos desgarrados fora do rebanho de Roma. Em 1968 foi criado um grupo comum de trabalho com a incumbência de manter o contato entre o Vaticano e o Conselho Mundial de Igrejas. Sob o papa João Paulo II e com a cooperação do Movimento Carismático, o pensamento ecumênico se alastrou de maneira explosiva dentro da igreja católica. Uma mola-mestra para o crescimento do Movimento Carismático foi ter suas raízes profundamente plantadas dentro da igreja católica. As cenas mais grandiosas de irmanação entre católicos e protestantes tiveram lugar no cenário carismático. A razão para isso encontra-se, segundo meu entendimento, no significado bíblico de 2 Coríntios 6.14-16: tanto o movimento carismático como o movimento ecumênico recebem sua força da mistura entre crentes e incrédulos, da falta de diferenciação entre quem é e quem não é salvo por Jesus. Arnold Bittlinger escreveu com razão: “Não deve ser subestimada a função ecumênica do falar em línguas... Os cultos de oração carismáticos dos dias de hoje têm um caráter ecumênico. O dom de línguas cria uma experiência compartilhada que é mais forte do que todas as barreiras confessionais e denominacionais”.13 Hoje, mais do que nunca, a igreja católica se empenha em ganhar a supremacia também no movimento ecumênico mundial. O papa João Paulo II declarou sem subterfúgios


que, para garantir a paz no mundo, os cristãos devem trabalhar lado a lado com todas as outras religiões e que a igreja católica estaria disposta a fomentar e incentivar essa cooperação. De maneira quase ingênua muitos cristãos ignoram que, na medida em que a igreja católica adquirir influência no processo ecumênico, poderá impor mais e mais sua doutrina às outras religiões. A igreja católica encontrou uma das muitas possibilidades de exercer sua influência no “Dia Mundial de Oração Para as Mulheres”, celebrado em 2002, apoiando-se na “espiritualidade romena”. Foi natural que todas as mulheres, inclusive as que vinham de igrejas evangélicas, fizessem o sinal da cruz e fossem aspergidas com água benta. Todas elas acharam o ritual um pouco estranho mas não deixaram de participar! Não nos entreguemos à ilusão de que uma igreja independente possa manter ou defender sua doutrina baseada na Bíblia quando começa a participar de atividades ecumênicas. Isso pode ser visto em Gálatas 5.9: “Um pouco de fermento leveda toda a massa”. Qualquer caminho errado começa com um primeiro passo errado. E aquilo que está acontecendo hoje no meio evangélico (que são os que pretendem ser fiéis à Bíblia), em termos de atividades e de idéias ecumênicas entrando nas igrejas, era inimaginável há dez anos. Nenhum líder de uma igreja deveria afirmar: “Se o ecumenismo passar dos limites, nós nos afastaremos dele”, pois essa é uma receita que jamais funcionou. Quem está dentro do ônibus errado chega ao destino errado! Hoje, mais do que em qualquer outra época, a igreja católica trava negociações com as mais variadas denominações: igreja ortodoxas, igrejas anglicanas, Aliança Luterana

Mundial, Comitê de Igrejas Cristãs, Conselho Mundial Metodista, igrejas pentecostais. Mesmo os Batistas do Sul dos EUA publicaram um documento em conjunto com a igreja católica em 1999 (posteriormente houve um movimento de separação, principalmente pela postura liberal e tolerante dos batistas europeus). É um enigma a razão dos protestantes terem um anseio tão forte por realizações conjuntas com a igreja católica e por fazerem qualquer coisa para receber seu reconhecimento. Mesmo membros de igrejas independentes estão sacrificando sua herança espiritual em favor de uma filosofia comum com a igreja católica. Falam de seus “correligionários católicos”, celebram casamentos ecumênicos e participaram do primeiro Dia Ecumênico da Igreja realizado na Alemanha em 2003. Billy Graham chamou o papa João Paulo II de “maior líder espiritual da atualidade” e teve uma audiência particular com ele. Isso demonstra que vivemos em uma época em que não devemos nortear nosso próprio comportamento pelo que fazem os chamados “líderes cristãos”, mas seguir unicamente a Jesus Cristo e Sua Palavra revelada. Antes de trabalharmos em conjunto com quaisquer denominações, precisamos ter clareza sobre o que é ensinado em suas igrejas. De forma alguma podemos participar de atividades com pessoas que cultuam os mortos, veneram Maria ou ensinam a infalibilidade do papa. A hora é de separar-nos decididamente de quaisquer heresias e de tudo que é anticristão, pois estamos vendo a intensidade com que a influência da igreja católico-romana já se faz sentir dentro do movimento ecumênico. É característica da era do engano minimizar o perigo que o movimento ecumênico representa. As igrejas independentes, que deve-

riam saber o que é certo, negam ou calam sobre o perigo da interdependência com o movimento ecumênico. Quem é membro de uma igreja filiada a certas denominações tornase automaticamente membro do Movimento Ecumênico, quer queira, quer não. E segundo o princípio do corpo de Cristo, ninguém pode fugir da responsabilidade advinda de uma participação direta ou indireta no processo ecumênico. Quem de nós, sendo absolutamente contra o aborto, se filiaria a um partido que o defende? Talvez este artigo tenha sido muito teórico, mas é extremamente importante conhecer os bastidores do Movimento Ecumênico para tratarmos, numa próxima parte, sobre “O Ecumenismo à Luz dos Acontecimentos dos Tempos Finais”, avaliando biblicamente esse movimento. Desejamos que estes esclarecimentos conduzam a um relacionamento mais profundo com Jesus e a uma espera mais ansiosa por Ele! Notas: 1. Declaração da primeira Assembléia Geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) em 23/08/1948 em Amsterdã. Trezentos e cinqüenta e um delegados de 47 países e 147 igrejas unificaram os dois movimentos “Cristianismo Prático” e “Fé e Constituição”, formando o Conselho Mundial de Igrejas. 2. Comitê Central do CMI – Diretrizes Para o Diálogo e as Relações com Pessoas de Outras Religiões, Genebra, 28/07 a 03/09/2002. 3. V.A.Visser’t Hooft, Balanço Ecumênico, pp. 24-25 4. USA Today, 23/3/1989, citado por Dave Hunt em Globaler Friede und Aufstieg des Antichristen, p. 166, (não disponível em português). 5. Revista Time, 1999 6. Tertio Millenio Adveniente, Bonn, 10/10/1994, p. 43. 7. Los Angeles Times, 28/10/1986. 8. Ode à Alegria, texto de Friedrich von Schiller. 9. A. Morrison, Ökumene – Das Trojanische Pferd in der Gemeinde, p. 41. 10. ibid, p. 44 11. Ev. Soziallexikon, verbete Unesco. 12. W.A.Elwell, Ev. Lexikon der Theologie, p. 341. 13. Arnold Bittlinger, Glossolalia, p. 52.

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Por que Deus faz coisas que não entendemos? Sempre que surge um problema inesperado ou vemos a morte face a face, somos confrontados com questões existenciais: “Como Deus pode permitir uma coisa dessas?” “Onde estava Deus quando isso aconteceu?” “Por que justamente comigo? Por que em meu país?” Fui convidado a visitar o Paraguai, e de 13 de agosto a 8 de setembro de 2004 realizei diversas palestras nesse país. Pouco antes, em 1 de agosto, um inferno de fogo se abatera sobre um shopping center em Assunção, a capital, matando muitas pessoas. Esse terrível acontecimento tornou as perguntas acima muito presentes na mente de todos nós. Sempre que ouvimos a mídia relatar catástrofes em alguma parte do mundo, não prestamos muita atenção ou procuramos ignorar as tragédias. Como elas acontecem longe de nós, imediatamente nos voltamos para a rotina do dia-a-dia e esquecemos os sofrimentos dos outros. Mas quando uma tragédia acontece na nossa própria cidade, quando conhecemos alguém que foi atingido pelo desastre, ficamos profundamente chocados. Pois, por pouco nós também poderíamos ter sido atingidos! Deus nos poupou mais uma vez. Será isso porque somos melhores que os outros, que morreram ou ficaram feridos? No tempo de Jesus, quando a torre de Siloé caiu soterrando dezoito pessoas (Lc 13.1-5), os porquês surgiram imediatamente. Jesus declarou aos consternados ouvintes: “...cuidais que aqueles dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou eram mais culpados que todos os outros

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habitantes de Jerusalém? Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis”. Com isso, Jesus está nos ensinando duas coisas básicas: (1) os que morreram não eram pecadores piores que os sobreviventes, e (2) a catástrofe é um chamado ao arrependimento para os que ficaram e, por extensão, também para nós. Mais um pensamento que nos ajuda a entender melhor as tragédias aparece em Amós 3.6: “Sucederá algum mal à cidade, sem que o Senhor o tenha feito?” Num primeiro momento essa declaração pode nos chocar: Deus não apenas está permitindo mas até fazendo o mal, causando a tragédia, como diz Sua Palavra. Isso não cabe em nosso raciocínio, em nossa concepção meiga de um “Deus queridinho”. Mas lembremos que o mesmo Deus enviou o dilúvio que matou milhões de pessoas, declarou juízo sobre os amalequitas decretando sua extinção completa (1 Sm 15.2-3) e profere sentença de juízo sobre os ímpios (Ap 21.8). Mesmo assim, esse Deus é o amor em pessoa (1 Jo 4.16). Ele é o mesmo Deus que enviou “seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele” (1 Jo 4.9). O incêndio em Assunção custou a vida de mais de 400 pessoas. O horror tomou conta de todo o país. Imaginemos essas mesmas 400 pessoas morrendo uma por vez, discretamente, durante um ano – umas de câncer, outras por meio de um acidente, etc. Excluindo os amigos e familiares mais chegados, pouca gente teria se impor-

tado com sua morte. Mas a concentração do sofrimento em um único evento cria um clamor por respostas, inclusive respostas em relação à interferência de Deus nos fatos. Será que os paraguaios entenderam a tragédia como um chamado divino ao arrependimento? Recebi a resposta através de uma experiência pessoal: Durante minha permanência no Paraguai também realizei algumas palestras na Universidade Nacional de Assunção. Em todas as reuniões havia uma abertura muito grande entre os estudantes, um interesse tão incomum pelo Evangelho, que raramente encontrei em outras escolas de ensino superior. Por exemplo, certa noite havia mais de 200 alunos assistindo à palestra “A Origem da Vida do Ponto de Vista da Informação”. O assunto era mais científico que espiritual. No final da palestra mencionei que esse Deus também pode ser encontrado e conhecido pessoalmente. Quem quisesse dar esse passo poderia permanecer na sala ao final da reunião. Imaginem minha surpresa quando vi mais de 50 rapazes e moças se convertendo a Jesus Cristo! Eu me pergunto: será que essa receptividade para a mensagem da Salvação, essa abertura para o Evangelho seria a mesma se não tivesse acabado de acontecer aquela tragédia na cidade? O amor de Deus deseja nos conceder o céu sem que tenhamos de passar por tragédias. Mas nosso coração duro como pedra somente começa a se preocupar com o Senhor quando alguma coisa extraordinária nos acorda de nossa sonolência. Dois fatos relacionados com o evento que relatei, que dizem respeito à conversão, são tão significativos para mim que gostaria de mencioná-los: 1. Quando explico como uma pessoa se converte a Jesus, costumo usar o versículo de 1 João 1.9: “Se confes-


Do Nosso Campo Visual

Profundo sofrimento após o incêndio de um shopping center em Assunção (Paraguai).

sarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. Valorizo muito essa passagem porque ela exprime coisas fundamentais sobre o início da vida de fé. Como a conversão é o momento em que Jesus nos liberta de todos os pecados do passado, existe um problema: como posso “confessar” pecados que já esqueci há muito tempo? Para esclarecer esse aspecto, escolho sempre um voluntário, alguém que se mostrou disposto a se converter, e pergunto que pecados cometeu há exatamente um ano atrás. Dessa vez fiz o mesmo. Olhei para uma aluna na primeira fila e perguntei: “Você ainda sabe com toda a certeza o que fez no dia 6 de setembro de 2003, exatamente há um ano?” Minha experiência de muitos anos de ministério me ensinou que normalmente a pessoa questionada apenas sacode os ombros, demonstrando que não se recorda. Já que ninguém sabe, continuo explicando: “Ninguém de nós sabe com certeza, e se retrocedermos mais no tempo a lembrança ficará cada vez mais fraca”. Foi por isso que Davi orou: “Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas” (Sl 19.12). Podemos fazer o mesmo ainda hoje. Diante do Senhor, somos como um livro aberto e Ele conhece cada um dos pecados que cometemos em nossa vida. É por isso que pedimos que Ele apague todo o registro de nossos pecados, como está escrito em 1 João 1.9. Em Assunção passei por uma experiência inédita: pela primeira vez, a

aluna que eu escolhera aleatoriamente me respondeu cheia de convicção: “Eu sei exatamente!” Tentei contornar a situação, pois o que ela afirmara não combinava com a lógica do que eu estava dizendo. No final da reunião de aconselhamento com os novos convertidos, essa aluna que tinha acabado de nascer de novo veio a mim e disse: “Ainda sei muito bem o pecado que cometi no dia 6 de setembro de 2003. Eu estava em um hotel e roubei uma Bíblia dos Gideões que estava na mesinha de cabeceira”. 2. Gostaria de relatar mais um fato ocorrido nesse dia: ao acabar com todas as explicações e depois de confiar a vida dos decididos ao Senhor Jesus em oração, considero importante que os novos convertidos recebam clareza acerca de sua posição diante de Deus. Ilustrações e imagens costumam ser mais eficientes e se fixam melhor na memória do que longas explicações teóricas. Por isso, tentei explicar aos estudantes sua nova situação usando o exemplo do nosso casamento civil: num certo dia do ano de 1966 fui com minha noiva ao cartório da cidade de Hannover. Estávamos vestidos festivamente. Subimos uma escada, o escrivão fez algumas perguntas, e nós dois assinamos alguns documentos. Depois descemos a mesma escada e tiramos fotos maravilhosas. Qual era a diferença entre antes e depois? Na realidade, nenhuma, pois usávamos as mesmas roupas e nossos penteados não se haviam modificado. Tudo o que era exterior e visível continuava exatamente igual, mas o status de nosso relacionamento havia mudado radicalmente. Marion, ao meu lado, agora não era mais uma pessoa qualquer, pois há poucos minutos tornara-se minha esposa. Nesse ponto da narrativa, a estudante que roubara a Bíblia no hotel pediu a palavra e, com as duas mãos, puxou os cantos de sua boca para cima mostrando um sorriso no rosto, de-

monstrando que ao descermos a escada alguma coisa havia mudado perceptivelmente na nossa vida: a alegria pela felicidade que acabáramos de encontrar. Como ela tinha razão! Uso a ilustração de nosso casamento civil para explicar aos estudantes sua nova condição diante de Deus: “Assim é com vocês agora. Vocês fizeram uma aliança com Deus. Ao crerem em Jesus Cristo, vocês se tornaram filhos de Deus (Jo 1.12). Antes, vocês não o eram. Mas de peregrinos e estrangeiros vocês passaram a ser da família de Deus (Ef 2.19). Hoje vocês não foram inscritos no livro da genealogia de uma família qualquer em um cartório terreno, mas no Livro da Vida. No juízo final, a única coisa realmente decisiva será termos ou não nosso nome inscrito nesse livro tão importante (Ap 20.15). A estudante chamara a atenção para a alegria que sentimos quando nos casamos. Uma alegria ainda maior passa a ser realidade para cada um que nasce na família de Deus, pois inscrever nosso nome no Livro da Vida nos traz imensa felicidade. Jesus diz em Lucas 15.10: “Eu vos afirmo que... há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende”. Hoje é dia de grande alegria no céu – por causa de vocês!” (Dr. Werner Gitt) Werner Gitt nasceu em 1937. Formou-se na Universidade Técnica de Hannover (Alemanha) e concluiu seu doutorado em Engenharia em 1971. Dirigiu o Departamento de Tecnologia da Informação do Instituto Federal de Física e Tecnologia de Braunschweig de 1972 a 2002, onde foi nomeado professor catedrático em 1978. É autor de diversos livros sobre a Bíblia e a Ciência.

Em português, oferecemos seu livro Perguntas Que Sempre São Feitas e diversas palestras em DVD e CD.

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Crescimento espiritual Pergunta: “Já li quase todos as publicações de vocês e agradeço a Deus por elas. Mas quando as recomendo aos meus familiares, eles dizem que não gostam de ler ‘esse tipo de livros’... Apesar do meu filho e da minha filha terem se convertido, falta-lhes o desejo de crescer em sua vida de fé”.

Resposta: Se seus filhos realmente se converteram de todo o coração, o Senhor continuará agindo na vida deles. Você pode confiar nisso, pois Jesus Cristo é o Autor e Consumador da fé (veja Hb 12.2)! Infelizmente, entretanto, é verdade

que muitas vezes sentimos falta de maior crescimento espiritual em nossos familiares. Porém, isso não deve nos desanimar! O Senhor nos deu uma arma de que podemos fazer uso: a oração! O apóstolo Paulo também deve ter percebido certas falhas de crescimento entre os filipenses, mas escreveu-lhes cheio de confiança: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6). Quanto à literatura, realmente trata-se de uma das melhores formas de divulgar a mensagem bíblica e de aprofundar os crentes no conhecimento da Palavra de Deus.

Riqueza é pecado? Pergunta: “Na edição de fevereiro de 2005 li o artigo ‘Tesouros acumulastes nos últimos dias’. No final, o autor perguntava: ‘Mas, não se pode ser rico?’ A resposta, de que a riqueza em si não é pecado, não me satisfez completamente. No Novo Testamento está escrito que Jesus disse que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus. Ao jovem rico o Senhor recomendou que vendesse tudo e O seguisse. Portanto, a riqueza não é realmente pecado?”

Resposta: Não, riqueza não é pecado. Entretanto, infelizmente, muitos que são abastados prendem seu coração nos bens – e isso é pecado. Esse foi, evidentemente, o caso do jovem rico. Nosso Senhor Jesus viu esse pecado oculto e o trouxe à luz. A Bíblia adverte em

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Provérbios 11.28: “Quem confia nas suas riquezas cairá, mas os justos reverdecerão como a folhagem”. Paulo escreve em 1 Timóteo 6.17: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento”. A Edição Revista e Corrigida diz: “...mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos.” Portanto, o ser humano pode gozar daquilo que Deus lhe confiou. No momento, porém, em que começar a prender seu coração no que possui, ele peca. Além disso, um dia o Senhor certamente exigirá a prestação de contas dos abastados, perguntando-lhes o que fizeram com os bens que Ele lhes confiou. O Senhor exorta Seus fi-

Recebemos muitos testemunhos de pessoas que foram ajudadas decisivamente em sua vida de fé através da leitura de nossos livros. É importante selecionar bem as publicações, verificando se têm firme fundamento bíblico, pois muitas que são oferecidas atualmente no “meio evangélico” não correspondem à “sã doutrina”. Gostaríamos de animá-lo a continuar recomendando nossas publicações. Mesmo quando, num primeiro momento, as pessoas não demonstrarem interesse, vale a pena insistir, pois posteriormente muitas perceberão a utilidade da leitura. (Marcel Malgo)

lhos: “Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação...” (Hb 13.16). Por outro lado, aqueles que examinam os ricos com olhos de águia, para verificar se estão aplicando corretamente suas riquezas, não deveriam esquecer que a inveja não é um bom padrão de comportamento. (Marcel Malgo) “Quem confia nas suas riquezas cairá...”.



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