da Meia-Noite
Mateus 25.6
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JUNHO DE 2006 • Ano 37 • Nº 6 • R$ 3,50
O Ecumenismo à Luz dos Acontecimentos dos
Tempos Finais A partir da pág. 5
A grande diferença entre o islã e o cristianismo Pág. 18
Chamada da Meia-Noite Publicação mensal Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil
Índice Prezados Amigos
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O Ecumenismo à Luz dos Acontecimentos dos Tempos Finais
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Preços (em R$): Assinatura anual ................................... 31,50 - semestral ............................ 19,00 Exemplar Avulso ..................................... 3,50 Exterior - Assin. anual (Via Aérea) US$ 28.00 Fundador: Dr. Wim Malgo (1922-1992) Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann
Do Nosso Campo Visual
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• A grande dierença entre o islã e o cristianismo - 16 • Uma paz “light” no Oriente Médio? - 18
INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial Edições Internacionais A revista “Chamada da Meia-Noite” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, italiano, holandês, francês, coreano, húngaro e cingalês. As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. “Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí ao seu encontro” (Mt 25.6). A “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é uma missão sem fins lucrativos, com o objetivo de anunciar a Bíblia inteira como infalível e eterna Palavra de Deus escrita, inspirada pelo Espírito Santo, sendo o guia seguro para a fé e conduta do cristão. A finalidade da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é: 1. chamar pessoas a Cristo em todos os lugares; 2. proclamar a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo; 3. preparar cristãos para Sua segunda vinda; 4. manter a fé e advertir a respeito de falsas doutrinas Todas as atividades da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” são mantidas através de ofertas voluntárias dos que desejam ter parte neste ministério.
Aconselhamento Bíblico • Por que não batizar imediatamente?
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Em restaurantes e prédios públicos muitas vezes existem placas alertando: “Atenção! Piso Molhado! Perigo de escorregar!” Asafe, um dos salmistas da Bíblia, não conhecia essas placas, mas quase escorregou, pois confessa: “quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que desviassem os meus passos. Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos” (Sl 73.2-3). Por olhar para a direção errada e por se comparar com as pessoas erradas, ele balançou e quase escorregou. Esse abençoado servo do Senhor, que era maestro do coral que ministrava no Templo na época do rei Davi e compôs 11 salmos (73 a 83), entrou em grande aflição: “...de contínuo sou afligido e cada manhã, castigado” (v.14). Muitas vezes, nos seus salmos, encontramos referências a si mesmo e às suas próprias ações: eu conservei, eu lavei, eu pensava, eu achei... “Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim”(v.16). Creio que cada um de nós conhece esse tipo de pensamento quando vê os maus aparentemente prosperando. Nos questionamos se é tudo em vão: nossas orações, nossa leitura bíblica, nosso esforço em andar pelo caminho estreito e viver de modo cristão, nosso sacrifício, nosso ministério na igreja. Quando essas dúvidas nos assaltam, nossos olhos focam somente no nível horizontal, e então vemos somente as aparentes vantagens dos ímpios e os prejuízos dos crentes. Asafe reconhece que, se pensasse assim, estaria traindo a geração de filhos de Deus anterior a ele: “Se eu pensava em falar tais palavras, já aí teria traído a geração de teus filhos” (v.15). Mas ele não ficou apenas com esse reconhecimento, pois deu um passo à frente e, em sua angústia, voltou-se para o Senhor: “até que entrei no santuário de Deus e atinei com o fim deles” (v.17). Mudando a direção de seu olhar, voltando sua atenção para o Senhor ele conseguiu antever o terrível futuro que espera pelos ímpios. Ele mudou sua perspectiva, e então compreendeu qual será o fim dos ímpios. Na segunda parte do Salmo ouvimos os lábios de Asafe confessando o que igualmente podemos reafirmar a cada novo dia: “Todavia, estou sempre contigo...” (v.23). A palavrinha “todavia” demonstra toda a sua fé, a sua decisão de ficar com o Senhor – apesar de tudo. E essa pode e deve ser também a nossa convicção – apesar de tudo!
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O coração de Asafe se firmou quando ele se deu conta de três preciosas certezas: 1. “Tu me seguras pela minha mão direita” (v.23). Apesar de suas dúvidas, apesar de quase ter resvalado, ele tinha certeza de que Deus o segurava. Apesar de quase ter naufragado em seu ministério, o Deus de Israel o segurou. Assim como um pai segura seu filho pela mão, Deus nosso Pai nos segura firmemente, pois sabe que somos fracos e necessitados. 2. Dessa primeira certeza nasce a segunda convicção de Asafe: “Tu me guias com o teu conselho” (v.24). Davi também tinha essa convicção, pois declarou: “Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome” (Sl 23.3). O Senhor conduz os Seus segundo o Seu próprio plano, passo a passo, mesmo que seja por caminhos árduos e pedregosos. Muitas vezes não reconhecemos de imediato que é o Senhor quem está nos dirigindo, mas, como Davi, no final de nossa vida poderemos testemunhar que “o caminho de Deus é perfeito.” Ele nos conduz, nos protege e nos leva em segurança até o alvo! 3. A terceira certeza fala do futuro e glorioso alvo: “...e depois me recebes na glória” (v.24). Asafe ainda complementa dizendo: “Deus é a minha herança para sempre” (v.26). De forma alguma somos capazes de sequer imaginar a indescritível glória que espera por nós, a glória que o Senhor Jesus prometeu a Seus discípulos: “Se alguém me serve, o Pai o honrará” (Jo 12.26). Asafe sabia acerca desse futuro maravilhoso junto a Deus, e se alegrava por ter comunhão com o Senhor ainda nesta vida aqui na terra: “Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no Senhor Deus ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos” (v.28). Certamente o Senhor concede a Sua graça a cada um de nós, a mim e a você, independente da situação em que nos encontramos no momento, de forma que possamos confessar de todo o coração: “todavia, estou sempre contigo!” Confiando nAquele que não deixa nossos pés escorregar, e unidos de coração, saúdo Fraternalmente,
Dieter Steiger
O Ecumenismo à Luz dos Acontecimentos dos
Tempos Finais Michael Urban
O ecumenismo contemporâneo é um fenômeno mundial inserido no processo de globalização. Este está criando as condições básicas para o cenário do final dos tempos delineado na Bíblia, que ainda não existiam nos séculos XVIII ou XIX. A idéia de um só mundo obriga os cidadãos da terra a uma completa reviravolta em sua maneira de ver a política, a economia, as questões sociais e a fé cristã. Essa alteração, por sua vez, favorece o surgimento do ambiente necessário e
propício ao domínio mundial e ao reinado do Anticristo. O Movimento Ecumênico é um elo de ligação entre as visões de futuro seculares e espirituais, ambas em busca de um honroso alvo comum: que o mundo volte a ser governável e que as pessoas possam conviver em paz umas com as outras. Seus anseios incluem a preservação da natureza e justiça para todos. Merece consideração o fato da Bíblia também apontar para esse alvo, formulando-o em palavras cla-
ras – nas profecias referentes ao Milênio. Mas a visão bíblica não é a do homem dirigindo o mundo através de um sistema global de poder e, sim, do Senhor Jesus Cristo reinando pessoalmente sobre a terra, com toda a plenitude de Seu ilimitado poder, depois de ter destruído o Anticristo “com o sopro de sua boca” (2 Ts 2.8). Os atuais esforços políticos, econômicos e ecumênicos encaminham-se para um domínio mundial exercido por um só homem, que não apenas se posicionará contra Jesus Cristo mas tomará para si, com violência, o domínio mundial, tentando usurpá-lo de Jesus e lançando Israel em angústia sem precedentes. Isso se dará em um tempo previsível, ainda antes do Milênio. Essa já é uma das razões que nos obriga, como filhos de Deus renascidos, a não tomarmos parte no
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processo ecumênico – ou será que queremos ser co-participantes na montagem do palco para o Anticristo? Analisemos cinco pontos que sinalizam esses preparativos: 1. Decisões políticas abrangentes não devem mais ser vistas apenas em seu contexto nacional, mas sempre em âmbito internacional. 2. A economia se orienta cada vez menos pelos princípios da economia de mercado (oferta e procura) para ser mais e mais regulamentada politicamente. 3. A sociedade está fascinada com a idéia de tolerância, seguindo a máxima de que não há verdade absoluta e que em tudo pode ser encontrada uma centelha de verdade. A “verdade absoluta” foi substituída por “realidades diversas”. 4. Grandes fusões de empresas e bancos acontecem com freqüência crescente, concentrando o poder decisório acerca dos rumos do futuro mundial nas mãos de um grupo cada vez menor de pessoas. 5. Quando a fé entra em questão, os cristãos fiéis à Bíblia estão sendo chamados de “fundamentalistas” com crescente freqüência, muitas vezes com a mesma conotação que o termo tem quando se fala dos grupos militantes e terroristas que fazem uso da violência para atingir seus alvos. E. Geldbach, por exemplo, lamenta que “muitos cristãos sejam suscetíveis (grifo do autor) a interpretações literais da Bíblia”. Esse é apenas um exemplo do que ocorre em larga escala nessa campanha de difamação e exclusão dos cristãos verdadeiros. Mas por que será que nas igrejas liberais a tão citada tolerância acaba justamente quando se trata de pessoas que seguem a Bíblia? Por que irmãos e irmãs que fazem da Palavra de Deus sua única norma de fé e prática são taxados de antiquados? Por que pastores protestantes
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consideram padres católicos como sendo irmãos de ministério, enquanto estes negam o reconhecimento a verdadeiros pregadores do Evangelho? Não é alarmante ver o aumento da tolerância dos evangélicos em relação à igreja católica, em oposição a uma tolerância cada vez menor com os irmãos que se firmam exclusivamente na Bíblia?
Ecumenismo e Bíblia
cães” e “porcos” devemos formar opiniões e emitir juízos. Precisamos discernir o que faz parte do que é “santo” e quem são os cães e os porcos dos quais fala o texto bíblico. Quando o apóstolo Paulo escreve, advertindo: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?” (2 Co 6.14) – não devemos primeiro identificar quem é crente e quem é incrédulo? Não devemos julgar o que é justiça e o que é iniqüidade? Não devemos traçar uma linha divisória entre luz e trevas? Não foi o próprio Deus quem separou as trevas da luz e fez distinção entre o proibido e o permitido? Na minha opinião, a ordem de não julgar significa não opinar sobre a posição de alguém diante de Deus. Esse relacionamento entre uma pessoa e o Deus vivo, bem co-
Quando observamos o processo ecumênico em curso na cristandade – em especial dentro do cristianismo evangelical, lamentavelmente constatamos que, em muitos aspectos, o espírito ecumênico contradiz a Bíblia, principalmente no seguinte: O espírito ecumênico rejeita a idéia de dividir, separar e discernir, de julgar e avaliar. O ecumenismo nos faz crer que cumprimos o mandamento de amor ao próximo, ordenado por Jesus, quando olhamos com simpatia e uma certa consideração para qualGrandes fusões de empresas e bancos acontecem com freqüência crescente, concentrando o poder quer postura ou opinião, decisório acerca dos rumos do futuro mundial nas por mais antibíblica que mãos de um grupo cada vez menor de pessoas. seja. A idéia é não julgar, não condenar, mas aceitar tudo e todos. Em defesa dessa tolerância geralmente é citada a passagem de Mateus 7.1: “Não julgueis, para que não sejais julgados”. Entretanto, devemos levar em consideração que o versículo 6 desse mesmo capítulo diz: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés, e, voltando-se, vos dilacerem”. Para distinguir o que é “santo” dos “-
mo suas conseqüências e seus efeitos, somente pode ser avaliado pelo próprio Pai celestial. Não nos cabe julgar a relação que alguém tem ou não tem com Deus. Mas o que podemos julgar e avaliar, o que devemos discernir e pesar, são atitudes, caminhos, posturas e opiniões. Precisamos chamar a atenção para mais uma realidade indiscutível: a diferença entre uma pessoa reconciliada com Deus através de Jesus Cristo e alguém que vive em pecado não pode ser nivelada nem anulada pelos esforços ecumênicos, por mais intensos que sejam. Igualmente as bases da Reforma, que estão alicerçadas na Bíblia – “somente a Escritura, somente pela fé, somente pela graça” – não podem ser revogadas pela tendência à tolerância, tão cara ao Movimento Ecumênico. “Os tempos mudaram!”, dizem muitos. Realmente, a concepção de certo e errado mudou perigosa e substancialmente, mas uma coisa continua sendo o que sempre foi: pecado é pecado, invariavelmente com profundas conseqüências! Se perguntássemos a Jesus “o que é pecado?”, Ele não nos forne-
ceria um extenso catálogo de maldades. Ele provavelmente nos responderia com as palavras de Jeremias 2.13: “Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas rotas, que não retêm as águas”. Quando o homem se coloca no centro e não reconhece a Deus como Soberano, torna-se pecador, e todos os seus atos vêm acompanhados do cheiro de morte. De nada lhe adiantará ser membro de alguma igreja ou ter nascido em lar cristão. Relevante é seu relacionamento com Deus. Quem procura seu alvo de vida dentro de si mesmo é como uma pessoa que esconde um tesouro no mar e sinaliza o local do esconderijo fazendo uma marca na borda de seu barco. Pecado, em sua essência, é o ser humano fazendo-se o centro do universo e buscando dentro de si a orientação para sua própria vida. Todo o resto é apenas resultado dessa situação de não reconhecer a Deus como Soberano. O homem, porém, não pode ser saudável de corpo, alma e espírito seguindo um programa elaborado por ele mesmo. Quem procura seu alvo de vida dentro de si mesmo é A ordem que como uma pessoa que esconde um tesouro no mar e atualmente rege o sinaliza o local do esconderijo fazendo uma marca na borda de seu barco. mundo e regula a vida em sociedade é caracterizada pelo pecado e pela impiedade. Nos últimos tempos aumentou a banalização do pecado, o que pode ser observado, por exemplo, na área da propaganda e da publicidade. Temas sagrados são banalizados, verdades seculares são ri-
dicularizadas e a derrubada de tabus é corriqueira. Corrupção, mentira e quebra de confiança marcam a cena política e prejudicam a economia. Grandes somas de dinheiro são levianamente manipuladas e postas a perder. Promessas de crescimento econômico são feitas em situações que, pela lógica e com um mínimo de bom-senso, trarão prejuízo garantido. Brutalidade, violência e racismo brotam nesse tipo de solo, e não há maldade impossível, tanto na Europa como em qualquer outro lugar do mundo. O pecado tem sérias conseqüências, e falar de um Deus bondoso não é um passe de mágica que anula todo o seu poder destrutivo. A atual situação do mundo não é fruto do acaso. É conseqüência do homem que se tornou e se torna cada vez mais pecador. Quando o Senhor Jesus diz: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra” (Jo 8.7), não está minimizando o pecado ou insinuando que “somos todos pecadores”. Ele igualmente não está dissolvendo a diferença que existe entre um pecador justificado e um pecador nãojustificado. O que Jesus fez na ocasião em que a mulher adúltera estava para ser apedrejada, e faz ainda hoje, é explicitar a triste verdade de que todos os pensamentos, todos os planos e anseios do coração humano são permeados pelo pecado. E isso não pode ser motivo de despreocupação por parte dEle! Não é válido agir, pensar e falar como se a situação contemporânea fosse o produto de circunstâncias infelizes e de lamentáveis acasos. Muitas condições são o triste resultado do afastamento do homem de Deus e da busca consciente de seus próprios alvos, ou seja, de “errar o alvo” (hamartia em grego). É por essa razão que a Bíblia afirma com
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toda a clareza qual a conseqüência final do pecado: a morte. Romanos 6.23 exprime com precisão que “o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Todas as obras, todos os pensamentos, todas as palavras de pessoas não-salvas têm cheiro de morte! Jamais podemos perder de vista essa última e terrível conseqüência do pecado quando lidamos com pessoas que ainda não receberam o perdão de seus pecados através de Jesus Cristo: elas são candidatas à morte, condenadas à morte eterna. Definir os caminhos e avaliar as atitudes dessas pessoas como se fossem legítimos filhos do Deus vivo é uma forma equivocada de amor.
Nas próximas páginas, quando passarmos a analisar o Movimento Ecumênico a partir da perspectiva da profecia bíblica, dentro do que a Palavra de Deus prevê para os tempos finais, estaremos em primeira linha avaliando falsos rumos e não condenando pessoas induzidas ao erro ou que agem de maneira errada, pois muitos participam do Movimento Ecumênico com a melhor das intenções e de coração sincero.
Ecumenismo como sinal dos tempos finais
Tomando por base numerosos textos bíblicos, facilmente reconheceremos que o período que antecede a vinda de Jesus para buscar Sua Igreja e Sua volta em poder e glória para Seu povo Israel será um tempo caracterizado Nem mesmo depois do horror de 11 de setembro de por fenômenos especí2001 muitos líderes cristãos se dispuseram a ficos, que fascinarão a encarar o acontecimento como um claro sinal de que os tempos finais entravam em um novo estágio. humanidade. O Movimento Ecumênico está sendo edificado nessa base. Analisemos dois fenômenos:
O espírito de engano Em Seu Sermão Profético, Jesus falou de eventos próximos (a destruição do Templo em 70 d.C.) e de acontecimentos futuros, de profecias que se cumpririam no fim dos tempos. Antes de tudo, porém, Ele procurou responder à pergunta que Seus discípulos haviam feito: “Dize-nos quando sucederão estas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estive-
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rem para cumprir-se” (Mc 13.4). O resumo e o início de Sua resposta foi: “Vede que ninguém vos engane” (v.5). Ao ordenar cuidado em relação ao engano, Jesus não apenas está afirmando que eles existirão nos tempos finais, mas que um deles seria a falsa especulações sobre a data de Sua volta: “Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai. Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porque não sabeis quando será o tempo” (vv.32-33). Paulo também se ocupou com o assunto na Segunda Carta aos Tessalonicenses (capítulos 2 e 3). Cálculos ambíguos e suspeitos e especulações devem ser considerados inequivocamente como “engano”. Porém, deve ser igualmente considerado “engano” afirmar que Jesus ainda vai demorar muito para voltar, ou que a Escatologia (doutrina das últimas coisas) deve ser espiritualizada, ou seja, não considerada em seu sentido literal. É justamente o que ocorre de modo crescente dentro do ecumenismo. Até em igrejas bíblicas encontra-se incompreensão e hostilidade quando se diz que os acontecimentos catastróficos dos últimos 20 anos estão relacionados às profecias acerca dos tempos finais. Nem mesmo depois do horror de 11 de setembro de 2001 muitos líderes cristãos se dispuseram a encarar o acontecimento como um claro sinal de que os tempos finais entravam em um novo estágio. Apesar de todos os ataques terroristas perpetrados por muçulmanos, chamam a atenção os esforços e o empenho de muitos líderes cristãos tentando apresentar o Islã como uma religião pacífica! O culto ecumênico realizado em memória às vítimas dos ataques terroristas em Nova York demonstrou as possibilidades que existem no mundo de hoje, ao unir em oração líde-
res muçulmanos, cristãos, judeus, budistas e de outras religiões. Esse tipo de celebração reforça e insiste em advogar que todos nós cremos em um só Deus. O que teria acontecido nesse culto ecumênico se alguém tivesse ousado orar: “Vem logo, Senhor Jesus!”? Um manifesto intitulado “Diretrizes Multireligiosas”, publicado pela imprensa alemã, dizia: Católicos podem realizar celebrações religiosas conjuntas com judeus e muçulmanos. Apenas abdicam de textos comuns em suas orações e de preces feitas em conjunto. Essas são as regras estabelecidas pela Conferência Nacional de Bispos Alemães para cultos multireligiosos entre cristãos, judeus e muçulmanos.1 Existe, porventura, a possibilidade do cristianismo em geral se abster de participar desse desenvolvimento, uma vez que cultos ou celebrações religiosas depois de catástrofes internacionais têm criado quase que a obrigatoriedade de ações conjuntas? Nem fazemos idéia do quanto o engano já avançou nessa área, impulsionado pelos esforços do Movimento Ecumênico. Mais um elemento do conjunto de enganos: praticamente nenhum texto das agremiações ecumênicas nacionais e do Conselho Mundial de Igrejas têm, em seus veneráveis preâmbulos, alguma menção à volta de Jesus Cristo. E os esforços por encontrar a palavra “Arrebatamento” nos seus escritos serão vãos. A doutrina do Arrebatamento e da volta de Cristo não combina com o contexto ecumênico, uma vez que não são temas relevantes para as igrejas protestantes nem para a igreja católica romana. Um dos singelos, porém falsos, lemas do movimento é “Unidade no que é relevante, liberdade no que é secundário e, acima de tudo, o
amor”. Essa diretriz máxima de muitas organizações “supradenominacionais” já é, em si, um engano, mesmo que tenha sido cunhada por Agostinho nos primórdios da Igreja. O fato de experimentarmos incompreensão e escárnio, até em nossas próprias igrejas, quando falamos do provável e iminente Arrebatamento dos verdadeiros filhos de Deus, apenas prova a veracidade da Palavra Profética como, por exemplo, em 2 Pedro 3.3-4: “tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação”. Repetimos: vivemos nos últimos dias, e a prova é a falta de espaço, ou melhor, a completa inexistência, dentro desse movimento de unificação e união de todas as igrejas, para a mais gloriosa esperança que os filhos de Deus trazem em seus corações, que é a esperança do Arrebatamento. Este é um dos frutos do processo ecumênico: questões relativas às coisas do futuro, do fim dos tempos, quando mencionadas, fazem parte da categoria dos temas considerados “secundários”. O engano nos tempos finais é mencionado por outros textos bíblicos, por exemplo em Atos dos Apóstolos, quando Paulo se despede com muita emoção dos anciãos em Éfeso e lembra-os que a Igreja precisa ser protegida de homens que se levantarão falando coisas pervertidas e não pouparão o rebanho (At 20.29-30). Na Primeira e Segunda Cartas a Timóteo, Paulo menciona que virão homens ensinando heresias, inspirados por espíritos enganadores (1 Tm 4.1-4), e outros que ensinarão o que as pessoas gostam de ouvir (2 Tm 4.3-4).
Nesse sentido, os cultos “para distanciados da igreja” falam uma linguagem eloqüente. Disfarçar faz parte do repertório de táticas do Movimento Ecumênico. Principalmente em igrejas independentes o ecumenismo foi fortemente impulsionado nos últimos anos de maneira camuflada, e aos seus membros repetidamente foi garantido que “nossa denominação não tem qualquer relação com o ecumenismo”. As pessoas que freqüentam uma igreja, membros comuns, sem noção do que ocorre na cúpula de suas denominaçãos e em nível mundial, estão sendo enganadas e, sem saber, apóiam um movimento com o qual jamais estariam de acordo se estivessem informadas dos alvos e propósitos de unificação de todas as religiões, tão caros ao Movimento Ecumênico mundial. Ele se infiltra onde não é chamado e muito menos bem-vindo. Seus defensores gastam suas energias em busca de um alvo terreno, falso e enganoso enquanto almas preciosas se perdem eternamente. Paulo escreve em sua Segunda Carta aos Tessalonicenses: “É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça” (2 Ts 2.1112). A apostasia já se alastrou enormemente. Como podemos escapar dela? Rainer Wagner escreve: Uma vez que a confusão espiritual é o maior perigo que ronda a Igreja dos tempos do fim, precisamos provar e avaliar todas as pessoas em posições de liderança no mundo cristão, devemos pesar os seus atos e julgar todos os desenvolvimentos, movimentos e doutrinas à luz da inspirada Palavra de Deus. Quem rejeita esse exame por considerá-lo uma ofensa, pro-
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va que não tem raízes espirituais – pois o Espírito de Deus ordena que julguemos e se alegra quando os cristãos praticam aquilo que Ele pede em Sua Palavra, ou seja: provar. Somente entidades humanas e diabólicas, escondidas atrás de máscaras espirituais, temem o exame e se indignam quando questionadas porque temem ser desmascaradas.2
Anseio pela paz Paz verdadeira somente pode ser dada pelo próprio Deus: “o Senhor da paz, ele mesmo, vos dê continuamente a paz em todas as circunstâncias...” (2 Ts 3.16). Desde os primórdios da humanidade o anseio por paz sempre teve lugar cativo nos corações humanos. Paz e harmonia são necessidades humanas básicas. Paz é o alvo final de Deus para com a humanidade. Paz é uma característica da ação do Espírito de Deus. A paz é descrita tanto no Antigo como no Novo testamento como uma situação muito desejável. Assim lemos, por exemplo, em Isaías 52.7: “Quão formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que
Culto ecumênico após os atentados de 11 de setembro de 2001.
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diz a Sião: O teu Deus reina!” No Novo Testamento encontramos o impressionante versículo: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Paz é mencionada como uma das partes do fruto do Espírito Santo (Gl 5.22). Profeticamente, o Messias que virá é chamado em Isaías 9.6 de “Príncipe da Paz”. Tanto o Antigo como o Novo Testamento estabelecem as condições para uma verdadeira vida de paz: “Para os perversos... não há paz, diz o Senhor” (Is 48.22). Ou: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). Paz só em Jesus! Para o ser humano não há paz profunda e perene sem um relacionamento com Deus, o Pai, e com nosso Senhor Jesus Cristo. Por ocasião do nascimento de Jesus essa verdade ficou particularmente clara: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lc 2.14). Aqui, a tão desejada paz na terra entre os homens está atrelada à glória que deve ser tributada ao Deus do céu. O mesmo se dá com Seu povo Israel: “Se andardes nos meus estatutos, guardardes os meus mandamentos e os cumprirdes, então, eu vos darei as vossas chuvas a seu tempo; e a terra dará a sua messe, e a árvore do campo, o seu fruto. A debulha se estenderá até à vindima, e a vindima,
até à sementeira; comereis o vosso pão a fartar e habitareis seguros na vossa terra. Estabelecerei paz na terra; deitar-vos-eis, e não haverá quem vos espante; farei cessar os animais nocivos da terra, e pela vossa terra não passará espada” (Lv 26.3-6). Não haverá paz na terra enquanto o Deus do céu for afrontado e os homens não tiverem encontrado sua própria paz em Jesus Cristo. Afinal, é possível haver paz? Sim! Mas não nas condições atuais da humanidade. Quando se fala de paz, pensa-se imediatamente na ausência de guerra. Com um empenho muito grande, talvez os homens consigam manter sob controle os focos de guerra que ardem na face da terra. Mas será que há paz real quando não há guerra? E as guerrinhas sem fim entre marido e mulher? Entre pais e filhos, jovens e velhos? E o que dizer da guerra espiritual entre os poderes das trevas e os poderes da luz? Por que existem tantas e reiteradas tentativas de nos fazer crer que haveria paz no mundo se as pessoas se unissem e, num esforço enorme e com muita energia, se irmanassem superando as barreiras? Enquanto a humanidade se encontrar em guerra com Deus, não poderá criar a paz! Antes, cumpre-se o que a Bíblia predisse para os tempos finais e a análise contemporânea que o profeta Jeremias fez do povo de Israel no cativeiro babilônico, mas igualmente como uma visão de futuro, ao proclamar: “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (Jr 6.14). Lemos a respeito de uma época futura, que Paulo descreveu com muita propriedade: “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição...” (1 Ts 5.3). Os tempos finais serão caracterizados por um grandioso movimento
pacifista, que acabará por unificar todas as pessoas, irmanando-as em uma só grande família humana. Jamais se viu tantas pessoas protestando mundialmente contra alguma guerra como durante a crise do Iraque. Nunca houve protestos tão veementes de praticamente todos os líderes eclesiásticos e jamais houve um movimento mundial tão maciço de oposição aos Estados Unidos e à Inglaterra como por ocasião do conflito no Iraque. Essa guerra passou mais e mais a ser definida como um embate de religiões, chegando ao extremo de, mesmo no meio evangélico, encurralar e demonizar o presidente democrático George W. Bush como se fosse membro de alguma seita fundamentalista adepta da violência, enquanto as simpatias muitas vezes pendiam para o lado do ditador e genocida Saddam Hussein. Esse processo é extremamente alarmante! Obviamente a guerra contra o Iraque foi uma situação problemática. Mas é alarmante a tendência de apresentar os países islâmicos como pacíficos e amantes da paz e, em contrapartida, estigmatizar nações marcantemente cristãs como fomentadoras de guerras motivadas por “fundamentalismo missionário”. Esse contra-senso mostra que a “paz a qualquer preço” está assustadoramente próxima, paz que acabará prejudicando seriamente a Israel. Em última análise, o Movimento Ecumênico é um movimento pacifista. O teólogo católico Dr. Hans Küng, que preside a Fundação Ethos Mundial, acertou o alvo quando declarou que “não há paz mundial sem paz religiosa”. Em 2002, ele recebeu o prêmio “Paz de Göttingen”. Desde 1998 existe essa premiação, patrocinada pela Fundação Dr. Roland Röhl, que homenageou a Fundação Ethos Mundial do Dr. Küng por ser “patrocinado-
ra da paz, suprareligiosa e agregadora de culturas”. Segundo os laureadores, ela teria se tornado um centro gravitacional restabelecedor da paz e mereceria os melhores votos de ocupar papel central na configuração de uma paz global no século XXI. Mas essa agremiação precisa ser vista com olhos muito críticos, pois o Dr. Hans Küng resumiu sua visão em quatro tópicos: – Nenhuma paz entre as nações sem paz entre as religiões. “Se andardes nos meus estatutos, guardardes os meus mandamentos e os cumprirdes, então, eu vos darei as – Nenhuma paz vossas chuvas a seu tempo; e a terra dará a sua messe, e entre as religiões a árvore do campo, o seu fruto. A debulha se estenderá até à vindima, e a vindima, até à sementeira; comereis o sem diálogo entre as vosso pão a fartar e habitareis seguros na vossa terra. religiões. Estabelecerei paz na terra; deitar-vos-eis, e não haverá – Nenhum diáloquem vos espante; farei cessar os animais nocivos da terra, e pela vossa terra não passará espada” (Lv 26.3-6). go entre as religiões sem parâmetros éticos globais. – Nenhuma sobrevivência de nosso globo sem uma mente haverá uma mescla entre as ética global, uma ética mundial. religiões e forças ateístas e humaA nova ordem mundial precisa nistas. de dois pilares essenciais: união reO rumo político tomado por Miligiosa e paz mundial, com a alme- khail Gorbachev também foi em dijada paz alavancando a unificação reção a essa iniciativa de paz polítiglobal. O falecido papa João Paulo co-religiosa. Sua abertura do Leste II declarou que a paz mundial so- para o Ocidente acelerou o fim da mente será alcançada quando os Guerra Fria. Não apenas a paz polícristãos trabalharem em conjunto tica entre o Oriente e o Ocidente com outras religiões. tornou-se repentinamente viável, Como se trata de um alvo políti- mas ao mesmo tempo Gorbachev co-religioso, os líderes da política e encontrou-se com o papa João Pauda religião precisam associar-se em lo II, deixando clara sua disposição prol dessa causa comum. Isso signi- de estabelecer a paz entre o ateísmo fica, por sua vez, que obrigatoria- e o catolicismo. A abertura política
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veio acompanhada de uma abertura religiosa, impensável até então. O muro de Berlim caiu, e de repente o relacionamento não era mais meramente diplomático, pois estabeleceu-se amizades entre os políticos dos dois lados, até então antagônicos. Um estadista após o outro compareceu diante do papa apresentando seus cumprimentos ao Vaticano. Wladimir Putin, presidente reeleito da Rússia, é membro da igreja ortodoxa russa e é assessorado por um sacerdote ortodoxo. Ele convidou o papa a visitar a Rússia e compartilhou com ele o interesse incondicional pela paz mundial. Em certos países árabes a população também demonstra uma crescente disposição à paz e procura destituir seus líderes despóticos. Mesmo que pequenos focos de violência continuem a arder em locais esparsos do globo, a aspiração generalizada é em prol de uma paz abrangente, e nesse processo os grandes líderes mundiais contribuem em larga escala. Não restam dúvidas de que os poderosos estão dispostos a juntar os habitantes da terra em uma grande família humana ao criar a “paz na terra”. Essa paz, porém, já
de antemão está fadada ao fracasso. Apenas quem aceita a Jesus Cristo como o caminho, a verdade e a vida terá algo substancial a contribuir para a paz no mundo, pois “ele é a nossa paz” (Ef 2.14). A “paz” do Movimento Ecumênico é construída às custas de significativos cortes na Palavra de Deus, e acabará conduzindo aos esforços pacifistas e às promessas de paz que serão feitas pelo Anticristo. Precisamos ter em mente uma coisa: será aceito como governante mundial apenas aquele que conduzir os povos, as culturas e as religiões à “paz”. Paralelamente, aos olhos desse movimento globalizante, os cristãos verdadeiros estarão se transformando de maneira crescente em perturbadores da ordem e empecilhos à paz, sendo colocados no mesmo nível dos grupos que militam com o terrorismo e a violência. Quem não participar do ecumenismo deverá contar com diversas restrições no desenvolvimento de sua vida pessoal. E quem alerta em relação ao envolvimento da igreja católica em programações conjuntas com denominações protestantes é duramente criticado. O engano e uma falsa concepção de paz são o solo fértil para a É alarmante a tendência de apresentar os países islâmicos como pacíficos e amantes da paz e, em vinda do reino anticriscontrapartida, estigmatizar nações marcantemente tão (Ap 13.11-14). O cristãs como fomentadoras de guerras motivadas por “fundamentalismo missionário”. Esse contra-senso Movimento Ecumênimostra que a “paz a qualquer preço” está co aduba esse solo, talassustadoramente próxima, paz que acabará prejudicando seriamente a Israel. vez sem que o saiba.
Equívocos do Movimento Ecumênico avaliados pela Palavra de Deus Nas décadas passadas, o ecumenismo, que em seu início foi um movimento missio-
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nário em prol da evangelização mundial, passou a ser permeado por erros e equívocos, que acabaram possibilitando e acelerando sua ação niveladora e enganadora. Analisaremos apenas algumas dessas posições falsas, porém muito populares. Divisões na igreja são pecaminosas
Muitos comunicados que defendem o ecumenismo, por exemplo a Charta Oecumenica (que contém as diretrizes da Conferência de Igrejas Européias), afirmam que “conscientes de nossa culpa e dispostos à conversão, devemos nos empenhar em superar as cisões ainda existentes em nosso meio, para que juntos possamos proclamar com credibilidade a mensagem do Evangelho entre os povos”. Isso significa, na prática, que as diferenças entre as grandes denominações mundiais são consideradas pecaminosas, e que é preciso se arrepender devido a elas. Por conseqüência, a Reforma também foi um pecado, pois sua contribuição foi muito relevante para que a igreja católica e as denominações protestante desenvolvessem doutrinas completamente diferentes. Segundo essa lógica, a fundação de igrejas independentes também é pecado, pois elas levam muitas pessoas a abandonar conscientemente as grandes denominações e as igrejas atreladas ao Estado – ao menos essa é a avaliação da Charta Oecumenica. Dentro dessa análise, é aconselhável distinguir entre “divisão” e “separação”. A divisão é causada por pessoas que provocam desavenças em igrejas ou grupos de pessoas. Separação, por sua vez, acontece quando se leva a sério a Palavra de Deus e alguém se retira de um grupo ou igreja. A separação no sentido espiritual não está baseada
em sentimentos humanos, mas em fatos bíblicos. A opinião errônea de que a separação entre os crentes é pecaminosa deve ser confrontada com as seguintes passagens das Escrituras: “Visto que alguns deles se mostravam empedernidos e descrentes, falando mal do Caminho diante da multidão, Paulo, apartando-se deles, separou os discípulos, passando a discorrer diariamente na escola de Tirano” (At 19.9). “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (Gl 1.8). “Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei” (2 Co 6.17; veja também os versículos 14-16,18). “Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (Ap 18.4). “Porque, antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando vos reunis na igreja; e eu, em parte, o creio. Porque até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso meio” (1 Co 11.18-19). É incontestável: divisões não acontecem sem virem acompanhadas de pecado. Mas quando se abre mão de verdades e normas bíblicas, e quando se mistura o culto a Deus com métodos mundanos, tanto em igrejas denominacionais como em igrejas independentes, e esses fatos continuam sendo aceitos sem contestação, chegando ao cúmulo de haver oposição à disciplina com relação a doutrinas erradas, a Palavra de Deus exige separação. É a própria Palavra de Deus que separa (veja Hb 4.12), e muitas vezes é a palavra humana que divide. Ademais, o Movimento Ecumênico, tão
contrário a separações e divisões, deveria considerar que suas atividades causaram muitas divisões em igrejas e denominações. A igreja deve se adaptar às novas realidades sociais
minam toda a vida: a profissão que escolhemos, se temos trabalho ou não, se mantemos ou perdemos nosso emprego. Quase todos, principalmente nos países europeus, empenham-se por uma alimentação sadia e se perguntam como podem assegurar uma velhice tranqüila. Quem tem dinheiro se esforça ao máximo em aplicá-lo com o maior lucro possível. Os livros e jornais que lemos, o que nos interessa mais e o que nos interessa menos, qual é o nosso lazer, como vivemos em família – tudo é condicionado ou, ao menos, influenciado pelas leis da economia, da psicologia da propaganda e do marketing. É inevitável que essas leis, em algumas de suas formas, sejam aplicadas sempre mais na Igreja de Jesus para fazê-la cada vez mais atrativa. Mas o que é a Palavra de Deus em comparação às estratégias da economia e do mercado? O que é a Igreja de Jesus diante das leis humanísticas, éticas e sociológicas? Am Atos 10.36-44 encontramos um modelo de pregação do tempo da Igreja primitiva. Essa pregação
Confrontemos essa segunda idéia equivocada com a Palavra de Deus em Tiago 4.4: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. A Igreja de Jesus espalhada por todo o mundo é o santo povo de Deus da Nova Aliança. Santo significa separado, ainda hoje. Separado do caráter e do espírito do mundo para ser consagrado a Deus. Não podemos levar o Evangelho à frente se, ao mesmo tempo, o adaptarmos ao espírito profano que domina a terra. Igrejas cheias em cultos para distanciados ainda não são uma garantia de que ali está sendo edificada uma igreja nos moldes do Novo Testamento. Além do que, mesmo diante de uma pregação fiel à Bíblia, não existe garantia de que seus ouvintes realmente sigam o caminho da Escritura. Não podemos levar Os livros e jornais que lemos, o que nos interessa mais e o que nos interessa menos, qual é o nosso lazer, como o Espírito vivemos em família – tudo é condicionado ou, ao menos, influenSanto a agir ciado pelas leis da economia, da psicologia da propaganda e do marketing. se usarmos métodos mundanos. Ele e o espírito deste mundo são irreconciliáveis. Vivemos em uma época onde as questões de mercado, de oferta e procura, deter-
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contradiz todos os princípios da psicologia de publicidade e propaganda: “Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos. Vós conheceis a palavra que se divulgou por toda a Judéia, tendo começado desde a Galiléia, depois do batismo que João pregou, como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com ele; e nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém; ao qual também tiraram a vida, pendurando-o no madeiro. A este ressuscitou Deus no terceiro dia e concedeu que fosse manifesto, não a todo o povo, mas às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois de ressurgir dentre os mortos; e nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e mortos. Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados. Ainda Pedro falava estas coisas quando caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra”. Nesse sermão bíblico, que deveria ser o modelo para pastores e pregadores, não detectamos o uso de esperteza ou alguma “adaptação às necessidades dos ouvintes”. Podemos observar que eles são obrigados a companhar um giro pela história: Pedro começa com o início da salvação da humanidade em Israel, fala do caminho de sofrimento trilhado por Jesus, da pecaminosidade e perdição de toda a humanidade (inclusive da humanidade religiosa) e do juízo final, para citar apenas alguns tópicos. A pregação menciona os profetas, o pecado e Aquele que foi ressuscitado dentre
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os mortos. Todo esse conteúdo não pode ser lançado sobre alguém que esteja ouvindo o Evangelho pela primeira vez, dizem os defensores de um evangelho adaptado ao gosto do freguês. E isso que ainda não se falou no escândalo da cruz! Essa pregação não soa muito convidativa para pessoas em busca de Deus, e parece até meio repugnante para distanciados da igreja – diriam os defensores de um evangelho adequado à nossa época. – O resumo da mensagem da salvação em poucas palavras é o exemplo que a Bíblia nos fornece. Se alguém tivesse a coragem de falar dessa forma nas atuais igrejas que oferecem “entretenimento”, seria considerado mentalmente são? Podemos fazer uma pregação assim em um supermercado? Será que não deveríamos ajudar e assessorar Pedro, dando-lhe um empurrãozinho para transformar sua curta pregação em um sermão que enchesse igrejas, um sermão mais adequado, que agradasse aos afastados do Evangelho, fazendo-o merecer aplausos no final? Pessoalmente, estou convicto de que grande parte dos problemas que existem em nossas igrejas e denominações é o fato de não termos mais a coragem de crer que a pregação pura e exclusiva da Palavra de Deus tenha sucesso espiritual, ou seja, tenha poder de fazer, sozinha, a obra para a qual o Senhor a predestinou. Quantas tentativas foram feitas no sentido de coroar de êxito a aparentemente impotente Palavra de Deus tomando-se emprestados os recursos da filosofia, da psicologia e de tendências da moda! Pode-se fazer teatro, mostrar filmes, apresentar imagens, adaptar o texto e oferecer hinos em ritmo de rock; podese modificar a linguagem e o conteúdo da Bíblia, tudo para encher as igrejas. De fato, com isso
talvez a igreja, como invólucro, torne-se mais atraente, mas deixará de ter a Palavra de Deus como núcleo central. A força da Palavra de Deus é que ela fala por si mesma e age por seu próprio poder. Demonstramos uma grande desconfiança em relação a Deus e a Jesus Cristo quando cremos que precisamos melhorar a Palavra de Deus com nossos métodos e nossos recursos. O Senhor disse de Sua própria Palavra: “Não é a minha palavra fogo, diz o Senhor, e martelo que esmiúça a penha?” (Jr 23.29). A Bíblia não precisa de auxílio; ela também não se presta para o entretenimento dos ouvintes. O que ela faz é nos desafiar e nos apresentar reivindicações. A Escritura não é uma informação dentre muitas. Ela é a informação por excelência – vinda da eternidade para dentro do tempo e do espaço em que vivemos. O que não deve ser negado: muitas vezes a Palavra de Deus não combina com muitas de nossas idéias e desejos, atrapalha nossos planos e confunde a ideologia de muita gente, e por vezes contradiz nossa necessidade de harmonia, inclusive nossa idéia do que seja paz real. Realmente, nos púlpitos há muitos sonhadores que adaptam a Palavra de Deus às suas próprias concepções de paz, amor e justiça. Sonham que a grande igreja mundialmente unida em breve trará a tão almejada paz religiosa – mesmo que a Palavra de Deus afirme o contrário. Muitos desses sonhadores imaginam que estamos vivenciando um grande avivamento carismático, que se estenderá sobre todo o globo terrestre – ainda que a Palavra de Deus afirme algo bem diferente para os tempos do fim. Outros acham que haveria paz em Israel se os políticos apenas se esforçassem mais e se Jerusalém fosse internacionalizada – contrariando o
continuará sendo pequena, pois seu alvo é o Reino de Deus e não uma grandeza global. Seu poder não é político. Sua autoridade é espiritual, exercida de forma tranqüila e modesta. Nos púlpitos há muitos sonhadores que adaptam a Os métodos seculares de Palavra de Deus às suas próprias concepções de paz, amor e justiça. Acham que haveria paz em Israel se exercer liderança não os políticos apenas se esforçassem mais e se devem ser assimilados Jerusalém fosse internacionalizada – contrariando o que a Bíblia diz a esse respeito. pela Igreja. Por exemplo, sua adaptação aos métodos democráticos que a Bíblia diz a esse respeito. En- de decisão em questões espirituais contramos essas falsas profecias e já produziu muitos resultados fatíessas projeções do desejo humano dicos e desencadeou desenvolviem todos os lugares, e poderemos mentos falhos em diversas situaconfrontá-las de uma única forma: ções. com a Palavra de Deus, que precisa A unidade de todos os crentes estar gravada em nossos corações. renascidos jamais produzirá reconhecimento por parte da sociedade A unidade da Igreja produz ou lhes dará poder diante do muninfluência política do. Ao contrário, principalmente na Essa terceira opinião errada última fase dos tempos finais, a igualmente deve ser comparada Igreja está predestinada ao sofricom o que a Bíblia diz: “Então, ele mento, justamente por não aderir me disse: A minha graça te basta, por- aos movimentos e programas que se que o poder se aperfeiçoa na fraqueza. opõem à inspirada Palavra de Deus. De boa vontade, pois, mais me gloriaA união de todas as religiões rei nas fraquezas, para que sobre mim trará a paz ao mundo repouse o poder de Cristo. Pelo que sinEm 1 Tessalonicenses 5.3 podeto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas mos ver o quanto é falsa essa quarta angústias, por amor de Cristo. Porque, idéia do Movimento Ecumênico: quando sou fraco, então, é que sou for- “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentite” (2 Co 12.9-10). À Igreja de Jesus não compete na destruição...” querer representar grandeza, imponência, organização e ativismo em alto estilo diante do mundo. Ela Recomendamos os livros: continua em posição de submissão, debaixo da cruz, que é o símbolo de escândalo. Assim como Jesus assumiu a forma de servo, Seus seguidores devem fazer o mesmo, pois o servo não está acima de seu mestre. A influência do “corpo de Cristo” (veja Ef 1.22-23; Cl 1.18) Pedidos: 0300 789.5152 sobre a sociedade e sobre os desdowww.Chamada.com.br bramentos políticos neste mundo
A paz final na terra, desenvolvida por esforços humanos será uma falsa paz, e por isso mesmo terá conseqüências funestas (Dn 9.27). As repetidas menções de uma renovação da sociedade, abdicando da mensagem bíblica que fala da renovação do ser humano a partir de seu coração transformado, é mais um sinal da catastrófica apostasia da humanidade e de seu distanciamento dos valores e ensinamentos bíblicos. Quando o homem passa a ser a esperança do homem, e quando igrejas agem movidas por interesses econômicos e participam do programa de criação de uma sociedade mundialmente unificada, não podem reivindicar para si a designação de serem o “corpo de Cristo”. Encerro estes pensamentos citando Theophil Rehse, profundo conhecedor do Movimento Ecumênico: Envolver-se com o Movimento Ecumênico, com seus programas e seus “alvos comuns”, não é possível para quem “tiver ouvidos para ouvir o que o Espírito diz às igrejas”. A Igreja de Jesus dificilmente representará uma grandeza visível diante do mundo. Ela sempre terá o caráter de serva, sob a cruz, símbolo de escárnio”.3 Notas: 1. Jornal Zollernalbkurier, 1/3/2003. 2. Rainer Wagner, Alle in einem Boot, CLVVerlag, p. 9. 3. Theophil Rehse, Ökumene auf dem Weg zur Weltkirche?, p. 143.
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A grande diferença entre o islã e o cristianismo Os protestos do mundo islâmico desencadeados pela publicação das caricaturas de Maomé na imprensa dinamarquesa foram uma demonstração da enorme influência do islã na vida de multidões. Eles foram também uma amostra do caráter da religião islâmica, cujas diretrizes foram lançadas pelo próprio “profeta” há muito tempo. O islã é uma religião de intolerância, de violência e desamor. Originalmente foram publicadas doze caricaturas de Maomé pelo jornal “Jyllands Posten”. Essas eram inofensivas
e pouco agressivas. Um grupo de líderes islâmicos dinamarqueses, em visita ao Oriente Médio, acrescentou mais três desenhos grosseiros a elas, para “reforçar a idéia da atmosfera carregada de ódio dos dinamarqueses contra os muçulmanos”, conforme admitiu Akhmad Akkari, porta-voz das organizações islâmicas da Dinamarca. Akkari alegou não conhecer a origem das três charges acrescentadas. Elas teriam sido enviadas de forma anônima a muçulmanos dinamarqueses. Entretanto, ele negou-se a identificar os destinatários. Muitos jornais e canais de televisão em todo o mundo se abstivePrincipalmente a Dinamarca sentiu a força do ram de mostrar as charfanatismo islâmico. Na foto: muçulmanos queimam ges, mas diversos sites uma bandeira dinamarquesa (observe que nela é na internet apresentarepresentada a cruz). ram todas elas. Grande parte dos muçulmanos nem chegou a vê-las – eles apenas ouviram falar delas e foram protestar nas ruas. Essa foi uma demonstração da força do islamismo (hoje com 1,3 bilhões de fiéis) e, principalmente, do seu ódio contra tudo o que não é islâmico. Sua fúria destruidora assustou o mundo. O aiatolá iraniano Ali Kamenei culpou Israel pelas caricaturas, dizendo que se tratava de mais uma “conspiração judaica” engendrada em virtude de sua
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raiva pela vitória do Hamas nas eleições palestinas. Falou-se de “guerra de culturas” e os contrastes entre as religiões foram amplamente debatidos. Os políticos deram suas opiniões e o Vaticano exortou à moderação. Em meio à celeuma, os dinamarqueses, na verdade simpáticos e tolerantes, sofreram reprovações e ameaças.
Realmente não se deveria ofender nenhuma religião. Qualquer povo ou cultura merece o devido respeito. Isso vale para os jornalistas dinamarqueses, mas não seria igualmente válido para os manifestantes e para o mundo islâmico que os apoiou? Será que nas nações maometanas se exerce a tolerância e o respeito pelos que não são muçulmanos? Enquanto algumas caricaturas inofensivas desencadearam uma verdadeira tempestade contra o mundo ocidental, o cristianismo e o judaísmo são difamados diariamente nos países islâmicos. Os insultos, as perseguições e os maus-tratos são constantes, mas ninguém protesta! Enquanto o islã não apenas é respeitado em Israel e nos demais países ocidentais, mas até subsidiado por muitos governos e agraciado com todas as liberdades, a mídia árabe continuamente traz representações horrorosas do judaísmo e do sionismo, Bíblias são queimadas, cristãos são executados e a cruz é proibida. A revista jordaniana “Al-Shihan” foi o primeiro órgão de imprensa do mundo islâmico a publicar algumas das caricaturas, o que levou à demissão de seu redator-chefe. Ele tinha escrito em seu comentário: “Quem insulta mais o islã? Um estrangeiro que tenta representar o profeta da forma co-
Do Nosso Campo Visual mo ele é descrito por seus seguidores em todo o mundo, ou um muçulmano munido de um cinturão de explosivos que se detona em plena festa de casamento em Amã ou em qualquer outro lugar?” As caricaturas de Maomé não são bonitas, porém estraçalhar milhares de inocentes não somente é feio, mas uma monstruosidade absolutamente desprezível. São principalmente os terroristas islâmicos que têm praticado os seqüestros e atentados dos últimos anos em todo o mundo. E quase ninguém protesta! Não é zombar da humanidade quando se permite que crianças pequenas sejam vestidas com uniformes militares, recebam imitações de granadas e metralhadoras e aprendam lemas destilando ódio contra outras religiões? O mundo inteiro se alvoroçou com o episódio das caricaturas, mas o que os muçulmanos fazem contra o povo de Israel não merece uma única palavra – a atitude é de reserva. Todo esse ódio contra Israel e o mundo não-islâmico origina-se no fundador do islã, pois é fato conhecido que Maomé sempre fez uso da espada. Seus discípulos apenas seguem seu exemplo e obedecem às suas ordens. Quando se zombou de Jesus Cristo, Ele não reagiu. Não gritou com Seus acusadores, não os xingou nem protestou contra o tratamento injusto que recebeu. Calado como um cordeiro levado ao matadouro, Ele foi conduzido à cruz (Is 53.7). Quando foi crucificado (Lc 23.33), Ele orou pelos Seus algozes: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (v.34). Jesus era absolutamente inocente, enquanto todas as demais pessoas são pecadoras. Ele, que
poderia ter solicitado o socorro de Senhor, queres que mandemos legiões de anjos (Mt 26.53), cuja descer fogo do céu para os palavra bastava para curar os en- consumir? Jesus, porém, volfermos e afugentar os inimigos tando-se os repreendeu e dis(Mt 8.3,8,13; Jo 18.6) – deixou se: Vós não sabeis de que espíque zombassem e escarnecessem rito sois. Pois o Filho do HodEle. Jesus não protestou, não mem não veio para destruir as odiou, nem teve pensamentos de almas dos homens, mas para vingança, mas somente de amor! salvá-las. E seguiram para ouQuando Pedro tentou defendê-lO tra aldeia” (Lc 9.54-56). Durante séculos os filhos de e cortou a orelha do soldado, Jesus o repreendeu e curou o ho- Deus foram perseguidos sem piedade no mundo inteiro por difemem (Lc 22.50-51; Jo 18.10-11). Em sua primeira carta, Pedro rentes religiões, ideologias e sisteescreveu em relação ao Senhor Je- mas políticos. Mas eles não reagisus: “o qual não conheceu pe- ram. Ao contrário, obedeceram às cado, nem dolo algum se palavras de Jesus e dos apóstolos: achou em sua boca; pois ele, “bendizei aos que vos maldiquando ultrajado, não revidou zem, orai pelos que vos calucom ultraje; quando maltrata- niam” (Lc 6.28). “Não pagando, não fazia ameaças, mas do mal com mal ou injúria por entregava-se àquele que julga injúria; antes, pelo contrário, retamente, carregando ele bendizendo, pois para isto mesmo em seu corpo, sobre o mesmo fostes chamados, a fim madeiro, os nossos pecados, de receberdes bênção por hepara que nós, mortos para os rança” (1 Pe 3.9). Segundo a tradição, onze dos pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sa- apóstolos morreram como mártires, rados. Porque estáveis desgar- sem oferecer resistência. João, o dérados como ovelhas; agora, cimo-segundo, foi desterrado para a porém, vos convertestes ao ilha de Patmos, e não protestou, Pastor e Bispo da vossa alma” pois a Bíblia não registra nenhum (1 Pe 2.22-25). É o que Jesus espera dos Seus seguidores! Quando dois dos Crianças palestinas queimam uma bandeira israelense. discípulos queriam que caísse fogo do céu sobre algumas pessoas que se negaram a receber Jesus, Ele os proibiu e perguntou se sabiam de que espírito eram. O evangelista Lucas descreveu o fato da seguinte maneira: “Vendo isto, os discípulos Tiago e João perguntaram:
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Uma paz “light” no Oriente Médio? Muitos nutricionistas, baseados em pesquisas médicas, têm chegado à conclusão de que freqüentemente os produtos “light” não são a solução, mas a causa da obesidade. Eles alegam que é preferível comer produtos normais moderadamente, ao invés de fazer dieta comendo alimentos “light”, que apenas sugeririam ao corpo algo que não existe. Essa situação de “enganar a fome” acabaria produzindo ataques de fome que, no final, causariam mais dano do que uma alimentação balanceada. O produto da busca pela paz no Oriente Médio é uma versão “light” que não satisfaz a verdadeira fome pela verdade. A Bíblia diz em Jeremias 6.14: “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz”. Até agora, praticamente todas as iniciativas de paz falharam ou produziram o contrário do que propunham. O ex-primeiro-ministro Rabin tentou concretizar a paz
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com a promessa de entregar terras aos inimigos. Era uma proposta atraente, até que ele morreu assassinado e toda a situação se complicou de uma hora para outra. Então, surgiu em cena o linhadura Ariel Sharon, o “trator”, que passou a ser considerado a garantia de paz no Oriente Médio. Mas sua saída repentina da cena política, devido à sua enfermidade, mais uma vez modificou completamente a situação política na região. Parece que aquilo que se conseguiu com muito esforço, que consumiu muita energia e empenho, de repente passou a ser um novo problema. Além disso, o grupo radical Hamas assumiu o poder nos territórios palestinos. O jornalista alemão Peter Scholl-Latour escreveu: “A ausência de Sharon... é uma grande perda. A situação na região tornou-se mais instável do que já era”.1 Por quê? Porque a questão da paz é tratada de forma “light”, superficial e levianamente!
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Somente o Senhor Jesus pode (Ap 19.16). Que Ele volte em trazer a verdadeira paz ao nosso breve! (Norbert Lieth) mundo! Apenas o Seu reino vai perdurar! SoRecomendamos: mente Ele é a esperança para o futuro, pois Deus “o exaltou sobremaneira e lhe deu um nome que está acima de todo nome” (Fp 2.9). “Tem no seu manto e na sua coxa um nome Pedidos: 0300 789.5152 inscrito: Rei dos Reis e www.Chamada.com.br Senhor dos Senhores” d v d
lamento de sua parte. Se devemos dar ouvidos a alguma “religião”, então unicamente à fundada por Jesus Cristo. Sua vida e a vida dos Seus verdadeiros seguidores atestam a veracidade do Evangelho. Se toda a humanidade obedecesse às exigências de Maomé, assassinatos, ditaduras, opressão e medo dominariam o mundo. Mas se a humanidade seguisse os ensinamentos e aos mandamentos de Jesus, a paz e o amor regeriam a terra.
Em Jeremias 6.14 é revelada a característica básica da miséria de Israel: a maneira superficial de tratar seu problema espiritual, que era bem mais profundo. Quando um problema é resolvido de forma descuidada ou um reparo é feito apenas superficialmente, no final os danos serão maiores do que antes. Uma mancha de ferrugem na lataria de um automóvel não some com uma demão de tinta. Para tratar de um ferimento profundo não basta aplicar um curativo simples. Se um dente precisa de tratamento de canal, o dentista não fica polindo sua superfície. Assim, também não é suficiente Israel entregar terras em troca de uma paz duradoura com os palestinos e com seus vizinhos. A ferida real de Israel, seu maior problema, é não experimentar a verdadeira cura de suas mazelas espirituais porque elas são “tratadas” apenas superficialmente, de uma forma “light”: “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz”. O pecado dos líderes e pregadores da época em que essa passagem foi escrita era fornecer ao povo de Israel um consolo passagei-
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Um curativo superficial não fará sarar as profundas feridas de Israel.
ro, de curta duração, proclamando paz e esperança quando a situação era bem outra. Na ocasião, os inimigos já se encontravam às portas de Jerusalém (Jr 6.23,26). Em breve, o que Israel terá não é paz, pois enfrentará a Tribulação. Os inimigos estão às portas. O problema de Israel foi que o povo não quis ouvir a Palavra de Deus nem se arrepender dos seus pecados (Jr 6.15-17). Sabemos muito bem que essa situação se repetirá no fim dos dias, pois lemos: “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão” (1 Ts 5.3). Também nós, juntamente com todos os que amam e apóiam Israel, não devemos lidar com seus problemas de forma pouco profunda e leviana. Precisamos examinar se nossa postura e nosso ministério em favor de Israel é apenas superficial. Será que estamos nos empenhando pelo povo de Deus da maneira correta? Não devemos nos iludir, esperando pela paz, quando sabemos muito bem que sem Jesus Cristo ela não existe. Não podemos pedir cega-
mente por uma bênção mossexuais palestinos “se refugiaquando estamos em peca- ram” do lado israelense porque ali do e sabemos que Deus não estariam sujeitos a ameaças leva o pecado muito a sé- de perseguição, uma vez que Isrio. E não devemos fazer rael tolera a homossexualidade. de conta que existe outra Segundo o jornal, em termos de salvação para Israel além moral sexual, Israel é o país mais do Evangelho. Jesus não liberal de todo o Oriente Médio.3 falou em vão: “Ide por Apesar de tudo, o Senhor contodo o mundo e pregai tinua fiel: Ele não rejeitou Seu poo evangelho...” (Mc vo (Rm 11.2). Com toda a certeza 16.15). Essa pregação co- Ele alcançará Seu alvo com o remeçou em Israel. Quando manescente de Israel: “E, assim, o alto oficial etíope ia re- todo Israel será salvo, como tornando de mãos vazias está escrito: Virá de Sião o Lipara sua terra, ele estava lendo bertador e ele apartará de Jacó Isaías 53 sem entender o conteú- as impiedades” (Rm 11.26). do do texto. Aí o evangelista FiliÉ importante nos posicionarpe subiu em seu carro e o acom- mos em relação ao povo de Israel panhou: “Então, Filipe expli- de maneira certa, apoiando-o em cou; e, começando por esta palavras e ações, mas sem tentar passagem da Escritura, anun- ser mais dedicados que Deus. É ciou-lhe a Jesus” (At 8.35). primordial ajudar os irmãos juNão devemos minimizar, ate- deus que crêem em Jesus, o Mesnuar ou interpretar de forma erra- sias. Consolemos Israel, mas sem da a situação espiritual de Israel, entrar em desacordo com a verdamuito menos tratar apenas super- de bíblica. (Norbert Lieth) ficialmente de suas feridas. De forma alguma podemos encarar a questão com desleixo, uma vez Notas: 1. Berliner Zeitung, 06/01/2006 que ela é muito séria. Por exem- 2. Idea Spektrum, 01/2006 plo, quando 300 judeus ortodoxos 3. Neue Zürcher Zeitung, 22/01/2006 perturbaram um culto de batismo de uma igreja messiânica, derrubando mesas e bancos, batendo violentamente em judeus crentes em Jesus,2 esse delito não é menos grave do que se tivesse sido praticado em algum outro país por comunistas ateus ou por muçulmanos. Outro exemPara se manter informado sobre os plo das feridas de Isacontecimentos em Israel e seu significado rael: um grande jorprofético, leia mensalmente a revista Notícias nal suíço publicou a de Israel. Faça JÁ a sua assinatura! notícia de que hoPedidos: 0300 789.5152 www.Chamada.com.br
Por que não batizar imediatamente? Pergunta: “Sou cristão, e ao ler a Bíblia verifiquei que os apóstolos sempre batizavam imediatamente os novos convertidos. Foi o que ocorreu, por exemplo, com o alto oficial etíope (At 8) e o centurião Cornélio (At 10). Por que nossas igrejas exigem um tempo de prova, em que o candidato é avaliado? Por que alguém deveria esperar pelo batismo mesmo estando disposto a obedecer imediatamente a essa ordenança de Jesus?”
Resposta: Você está certo. A prática do batismo no tempo dos apóstolos era clara: quando alguém se convertia, era logo batizado. Hoje muitas igrejas são mais reserva-
das nessa questão. Essa reserva tem seus motivos. No tempo da igreja primitiva, quando alguém se convertia, sabia muito bem o que isso significava: exclusão social, perseguição e martírio. A decisão de se batizar podia representar sérias e graves conseqüências, como acontece ainda hoje em muitos países. No passado, quando alguém era batizado, estava testemunhando publicamente sua disposição de seguir a Cristo e sua prontidão em sofrer por Ele, se necessário. Hoje é freqüentemente proclamado um Evangelho abreviado, do tipo: “Venha a Jesus e você estará salvo!” A mensagem de que Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados
“Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Rm 6.5).
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Chamada da Meia-Noite, junho de 2006
é maravilhosa (Rm 5.6), mas igualmente maravilhosa, verdadeira e séria é a mensagem de que Jesus espera por nossa entrega total a Ele. Isso é justamente o que aprendemos na doutrina do batismo em Romanos 6, onde está escrito: “Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Rm 6.5). “Unidos com ele na semelhança da sua morte” significa: “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20). Para expressar essa idéia mais concretamente, leiamos o testemunho de Paulo: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo” (Gl 6.14). Pela seriedade do ato do batismo, os anciãos de uma igreja fazem bem ao esperar e avaliar a maturidade espiritual e também em estabelecer uma idade mínima para quem quer se batizar. Em certas circunstâncias, isso pode significar que um jovem de 15 anos ainda não pode se batizar, mesmo sendo mais maduro espiritualmente do que outro de 17 anos. Se o jovem respeitar as ordens dos anciãos, terá paciência e esperará até atingir a idade estipulada por sua igreja. Entretanto, ao rebelar-se contra essa norma, estará provando que ainda lhe falta a necessária maturidade. O batismo não salva, mas é um ato de obediência a uma ordem clara do Senhor – e sobre toda obediência repousa uma bênção especial dEle! (Elsbeth Vetsch)