da Meia-Noite
Mateus 25.6
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DEZEMBRO DE 2006 • Ano 37 • Nº 12 • R$ 3,50
a partir da pág. 5
Relatos do VIII Congresso Profético - Pág. 18
Chamada da Meia-Noite Publicação mensal Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil Preços (em R$): Assinatura anual ................................... 31,50 - semestral ............................ 19,00 Exemplar Avulso ..................................... 3,50 Exterior - Assin. anual (Via Aérea) US$ 28.00
Índice Prezados Amigos
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Por Que Celebramos o Natal?
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O Grande Engano
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Fundador: Dr. Wim Malgo (1922-1992) Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial Edições Internacionais A revista “Chamada da Meia-Noite” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, italiano, holandês, francês, coreano, húngaro e cingalês.
Afronta em Gibeá: Um Colapso Espiritual e Social
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Relatos do VIII Congresso
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Do Nosso Campo Visual
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As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. “Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí ao seu encontro” (Mt 25.6). A “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é uma missão sem fins lucrativos, com o objetivo de anunciar a Bíblia inteira como infalível e eterna Palavra de Deus escrita, inspirada pelo Espírito Santo, sendo o guia seguro para a fé e conduta do cristão. A finalidade da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é: 1. chamar pessoas a Cristo em todos os lugares; 2. proclamar a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo; 3. preparar cristãos para Sua segunda vinda; 4. manter a fé e advertir a respeito de falsas doutrinas
• A Palavra Profética - 20
Todas as atividades da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” são mantidas através de ofertas voluntárias dos que desejam ter parte neste ministério.
Aconselhamento Bíblico www.Chamada.com.br
• Por que para os outros sim e para mim não?
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Vivemos na era do pluralismo e virou moda nivelar o cristianismo com as demais religiões mundiais. Afirma-se que o cristianismo é apenas mais uma das religiões no globo terrestre, nem sequer tão antiga como algumas outras! Os críticos questionam os cristãos e perguntam se estes pretendem ser melhores que os outros. Já em 1979, o Dalai Lama declarou em Nova York que todas as religiões mundiais seriam, no fundo, a mesma coisa. Os apóstolos, porém, não compartilhavam dessa opinião contemporânea. A festa de Natal já demonstra a enorme diferença que existe entre as religiões e o seguir a Cristo. Paulo fala disso em sua carta a Timóteo: “Não há dúvida de que é grande o mistério da piedade: Deus foi manifestado em corpo (na carne)...” (1 Tm 3.16, NVI). Essa revelação é única, pois a iniciativa não partiu de pessoas religiosas, mas do próprio Deus; não da terra, pois foi o céu que se abriu... Deus foi manifestado na carne: isso é o Natal. E isso é o que torna único o cristianismo verdadeiro. A concretização do plano de Deus que havia sido concebido antes da fundação do mundo, o cumprimento de promessas milenares começou quando Deus enviou o anjo Gabriel a Nazaré, à virgem Maria, que estava noiva de José, da casa de Davi: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus” (Lc 1.31). Obviamente Maria também tinha conhecimento das promessas de um Messias divino, e se firmou no que o anjo disse: “não temas; porque achaste graça diante de Deus” (Lc 1.30). Podemos crer que Lucas ouviu de Tiago, irmão do Senhor, em Jerusalém (At 21.18), o relato dos detalhes do que aconteceu no primeiro Natal. Mas para José, o noivo de Maria, a situação era extremamente constrangedora. Ele não queria expô-la à vergonha, e por isso pretendia deixá-la secretamente. Mas enquanto se ocupava com esses pensamentos, um anjo do Senhor apareceu a ele em sonho e lhe disse: “não temas... Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.20-21). Como é fraco e indefeso um bebê! Mas Deus tornou-se bebê. A Carta aos Filipenses relata: “...a si mesmo se esvaziou... tornando-se em semelhança de homens; e reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou” (Fp 2.7-8).
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Essa criança recebeu o nome de Jesus, assim como fora ordenado por Deus, o Pai, através do anjo. O nome “Jesus” vem da forma grega e latina do hebraico “Yeshua” (Josué), que significa “o Senhor é salvação”, “porque ele salvará o seu povo dos pecados deles”. Jesus foi o nome dado a Ele por Seus pais, Jesus era o nome com que era chamado por seus irmãos, por seus vizinhos, parentes e amigos em Nazaré. Jesus, o filho de Maria e de seu pai adotivo José, o carpinteiro. O nome “Jesus” era comum naquela época, mas Jesus, o Deus-Homem, o Homem que é Deus, foi único, inconfundível e incomparável. A maravilhosa história de salvação contida no nome de Jesus começou no Natal. O apóstolo Pedro testemunhou diante dos judeus no Sinédrio: “Não há salvação em nenhum outro nome, porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12). E mais tarde ele testemunhou diante de gentios na casa de Cornélio: “Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados” (At 10.43). Quando o Senhor glorificado encontrou-se com Saulo diante de Damasco, falou a Ananias o que ele viria a ser “...para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (At 9.15). Foi assim que o nome de Jesus foi se tornando conhecido em todos os lugares, e um dia a maravilhosa mensagem de que Ele é o Salvador chegou também até nós. Por essa razão podemos e devemos celebrar o Natal com muita alegria, pois essa festa significa para nós, salvos por Ele, o direito à promessa do Salmo 91.14b: “...pô-loei a salvo, porque conhece o meu nome”. Feliz Natal!
Dieter Steiger
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A festa de Natal é uma das mais populares do mundo. Muitos aproveitam a oportunidade para dar e receber presentes, mas quem mais usufrui dessa data é o comércio, que a cada ano começa mais cedo com a decoração natalina e sugere presentes para todos os bolsos e gostos. Mas será que ainda se sabe a verdadeira razão do Natal? Quem conhece sua origem? Será que é apenas uma festa de família, um momento de celebrar laços de amor e amizade? Para muitos, o Natal significa estresse, para outros representa solidão e um tempo onde o vazio interior é percebido com mais intensidade. Será que essa festa perdeu todo o seu sentido? Vejamos porque devemos celebrar o Natal:
O Natal é a maior alegria que um ser humano pode encontrar Encontramos este testemunho em Mateus 2.10-11: “E, vendo eles [os magos] a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe...” Ainda antes do nascimento de Jesus, Maria já exclamou: “o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador” (Lc 1.47). E o anjo falou aos pastores de Belém: “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo” (Lc 2.10). A desgraça do pecado é imensa, mas a alegria pela salvação em Jesus é incomparavelmente maior. Quantas vezes já sentimos grande júbilo e profundo alívio quando superamos um fracasso! Mas quando nos achegamos a Jesus, nos livramos de toda a culpa e das nuvens escuras da desesperança que pairam sobre nossa vida. Quando recebemos a Jesus, os raios do amor divino nos alcançam trazendo júbilo e alegria maiores que qualquer sofrimento, culpa ou frustração. Jesus é a luz no fim do túnel, a liberta-
ção da escravidão do pecado e a única garantia de futuro. Quem encontra Jesus é alguém que andou errante e finalmente achou o caminho de volta ao lar. E isso é motivo de intensa alegria, da maior alegria!
O Natal é a maior ação de busca e salvamento da história da humanidade! Lemos no Evangelho de Mateus: “Ela [Maria] dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele [Jesus] salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21). E no Evangelho de Lucas está escrito que “hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). A maior catástrofe da humanidade foi sua queda em pecado. Ela foi tão terrível que não havia outra possibilidade de salvação a não ser Jesus Cristo tornar-se homem. Deus, o Criador, tornou-se homem em Jesus e morreu por nós. Ele deu Seu sangue e Sua vida para termos o perdão. A grandeza dessa operação de salvamento manifesta a enormi-
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Nos campos de Belém os anjos declararam: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lc 2.14).
O Natal é a maior esperança que alguém pode ter
Jesus é a luz no fim do túnel, a libertação da escravidão do pecado e a única garantia de futuro. Quem encontra Jesus é alguém que andou errante e finalmente achou o caminho de volta ao lar. E isso é motivo de intensa alegria, da maior alegria!
dade de nossa culpa e a grandiosidade do amor de Deus. Quem não consegue ou não quer crer nessa verdade é como alguém que se acidentou por sua própria culpa mas não quer aceitar ajuda de ninguém e permanece preso às ferragens do carro.
O Natal é a maior paz que podemos usufruir A base do Natal está alicerçada na misericórdia de Deus: “graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas, para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz” (Lc 1.78-79). Como clama por paz o nosso mundo! Os grandes e poderosos estão empenhados por ela, mas enquanto cada um, pessoalmente, não tiver paz dentro de si, o mundo continuará agitado. Trevas e som-
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bras de morte caracterizam a imagem dos nossos dias. Todas as guerras e revoltas, todos o conflitos familiares e interpessoais são expressões da inquietação que habita em nossos corações. O grande pintor Michelângelo já dizia: “Não é a pintura nem a escultura que saciam a alma sedenta”. Todo o empenho em edificar e construir a paz não trará ao mundo essa tão esperada dádiva. Levantar a bandeira da paz, fazer marchas, passeatas e demonstrações em prol da paz igualmente será em vão. Agostinho, um dos pais da Igreja, formulou de maneira muito adequada o que traz paz ao coração: “Nosso coração fica inquieto até encontrar a paz em Ti, Senhor!” Somente Jesus poderá dirigir nossos passos pelo caminho da paz. Quem encontrou a paz com Deus através de Jesus Cristo tem uma paz inigualável no coração, e os efeitos não se farão esperar, “porque ele é a nossa paz...” (Ef 2.14)
Segurando o menino Jesus em seus braços, o idoso Simeão louvou a Deus, dizendo: “porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel” (Lc 2.30-32). Ele tinha a esperança de ver o Salvador prometido, e teve o privilégio de segurá-lO em seus braços. Jesus é a esperança do mundo.
Levantar a bandeira da paz, fazer marchas, passeatas e demonstrações em prol da paz igualmente será em vão. Agostinho, um dos pais da Igreja, formulou de maneira muito adequada o que traz paz ao coração: “Nosso coração fica inquieto até encontrar a paz em Ti, Senhor!”
Jesus é o maior presente que alguém pode receber
Jesus é o Salvador de todos que O aceitam, e trouxe a luz da eterna esperança aos salvos. Através dEle a escuridão da alma se transforma em luz.
Por isso está escrito na Palavra de Deus: “Graças a Deus pelo seu dom [presente] inefável!” (2 Co 9.15). “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23). O Natal é a festa dos presentes. Gostamos de dar e de recebê-los. Mas todo presente precisa ser aceito. Ficamos decepcionados quando alguém rejeita o que preparamos e entregamos com muito amor e carinho. Não há presente maior que o amor de Deus, que vem ao nosso encontro na pessoa de Jesus. Não há esplendor maior, não há bem material, luxo terreno ou qualquer coisa que possa, de alguma forma, ser minima-
mente comparado ao que Jesus nos dá. Ele veio do céu à terra para nos presentear com a vida eterna. Você aceita esse presente? Ou prefere ficar enlaçado com coisas terrenas que com o tempo se vão? Você quer receber esse presente de Deus? O presente do perdão de todos os seus pecados, o presente da vida eterna? Se você o aceitar, Jesus Cristo transformará toda a sua vida – pois para Ele tudo é possível! O Natal pode começar a fazer sentido para você. Jesus quer se tornar a maior festa de sua vida. Ele lhe diz agora mesmo: “Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.10,13-14).
Não há presente maior que o amor de Deus, que vem ao nosso encontro na pessoa de Jesus.
Jesus é o Salvador de todos que O aceitam, e trouxe a luz da eterna esperança aos salvos. Através dEle a escuridão da alma se transforma em luz. Quando conhecemos Jesus, nossos olhos se abrem. Sua Palavra nos proporciona tesouros espirituais inimagináveis, que Ele adquiriu para nós ao ressuscitar: vida eterna nas mansões celestiais junto de Deus, o Pai; felicidade eterna sem jamais ficarmos tristes; harmonia eterna sem a existência de pecado ou conflito; o fim do medo, da angústia, do estresse, das dúvidas e inquietações. Quem deixa Jesus guiar sua vida também poderá ver as coisas desta vida terrena a partir de outra perspectiva, de um ângulo diferente, iluminado por Deus.
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Norbert Lieth
Palavras como disfarce, imitação ou cópia são conhecidas de todos. Também no cristianismo há pessoas que se dizem “cristãs”, mas no fundo não o são.
U
m automóvel parou ao meu lado em um espaço para descanso à margem de uma auto-estrada na Alemanha. Alguém me ofereceu os “melhores artigos de couro” por pouco dinheiro. Como fui totalmente surpreendido pela oferta e também tinha pouco tempo, comprei um objeto pequeno. Apenas mais tarde percebi o tipo de “artigo de couro” que havia adquirido: uma imitação barata, que desmontava só de olhar para ela. Há muitas coisas falsas, quase idênticas às verdadeiras, difíceis de distinguir das genuínas, como roupas, relógios, jóias, quadros, tapetes, etc. Precisamos de especialistas que consigam diferenciar entre o verdadeiro e o falso com base em detalhes mínimos.
Também no cristianismo há imitações, disfarces, cópias, cristãos que parecem verdadeiros e, no entanto, são falsos. Isso é ilustrado de forma clara na parábola das dez virgens (Mt 25.1ss): exteriormente, as cinco virgens néscias eram muito parecidas com as sábias, exceto pelo fato de que lhes faltava o óleo (um símbolo do Espírito Santo que habita nos salvos). Muitos vivem uma vida cristã porque são levados pela corrente do cristianismo que os cerca. Seu ambiente é cristão e por isso eles também o são. Não quero que esta mensagem roube a certeza da salvação de ninguém que tenha no coração essa convicção pelo testemunho do Espírito de Deus. Além disso, tenho certeza de que um cristão espiritualmente renascido não pode se perder (Hb 10.10,14). Mas também não quero que alguém ponha sua con-
fiança em uma falsa segurança, em algo que nem mesmo existe. Às vezes admiramo-nos quando pessoas, que eram consideradas cristãos autênticos, de repente se desviam da fé e não querem ouvir mais nada a respeito de Jesus e da obra que Ele realizou na cruz do Calvário, chegando até mesmo a negá-la. O apóstolo João também passou por essa experiência dolorosa, descrita em sua primeira carta: “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos” (1 Jo 2.19). A Bíblia não esconde o fato de que além do cristianismo verdadeiro, legítimo, renascido da “água e do espírito”, há também um cristianismo aparente, formado por “cris-
tãos” que não estão ligados a Jesus, não estão enraizados nEle, não vivem nEle e por Ele. Mesmo que tudo pareça legítimo, eles não passam de uma imitação. É desses “cristãos” que Paulo fala ao escrever a Timóteo, em sua segunda carta: “...tendo forma de piedade, negandolhe, entretanto, o poder. Foge também destes” (2 Tm 3.5). A Edição Revista e Corrigida diz: “...tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te”. Na Nova Versão Internacional lemos: “...tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se desses também”.
Sendo cristão sem ser cristão De acordo com pesquisas nos EUA, quase metade dos americanos se dizem cristãos renascidos. Mas uma
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análise mais aprofundada revelou que muitos confundem o novo nascimento com uma sensação positiva a respeito de Deus e de Jesus. Um levantamento estatístico entre os cristãos praticantes nos EUA apresenta resultados desanimadores, o que também é representativo em relação à Europa: > 20% nunca oram > 25% nunca lêem a Bíblia > 30% nunca vão à igreja > 40% não apóiam a “obra do Senhor” por meio de ofertas > 50% nunca vão à Escola Bíblica Dominical (de todas as faixas etárias) > 60% nunca vão a um culto vespertino > 70% nunca dão dinheiro para missões > 80% nunca freqüentam uma reunião de oração > 90% nunca realizam culto em família1 Se a situação já é assim na América marcada pela influência do puritanismo, quanto mais na superficial Europa. O próprio Senhor Jesus advertiu a respeito da confissão nominal, que carece de conteúdo verdadeiro, ou seja, que não está de acordo com o que vai no coração: “Nem to-
do o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mt 7.21-23). Com isso, o Senhor esclarece quatro pontos básicos: há duas coisas que não são de forma alguma suficientes para que alguém seja salvo, e outras duas são imprescindíveis para que alguém seja redimido. Duas coisas insuficientes para a salvação
Nem a simples confissão “Senhor, Senhor” (1) nem as obras em nome de Jesus (2) são suficientes para alcançar a salvação eterna. Em muitas igrejas, denominações e entidades cristãs as orações são meramente formais, os atos de caridade são feitos em nome de Jesus sem que aqueles que os realizam pertençam a Ele ou sejam filhos de Deus. Quantos indivíEste buquê de flores é verdadeiro ou não? Também no duos “cristãos” cristianismo há imitações, cristãos verdadeiros e falsos cristãos. realizam atos cristãos sem pertencerem a Cristo! É assustador que no fim Jesus até mesmo condena as suas ações como sendo iníquas: “Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”. Duas coisas imprescindíveis para a salvação
Precisamos fazer a vontade de Deus
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(1) e precisamos ser conhecidos por Deus (2). 1. Fazer a vontade do Pai celeste não é realizar muitas boas ações, pequenas e grandes, mas ter fé em Jesus Cristo, entregar conscientemente a vida a Ele e obedecer-Lhe na prática. O judaísmo da época de Jesus tinha “boas ações” para apresentar: muitos eram fanáticos em seguir a lei, lidavam com a Palavra de Deus, expulsavam maus espíritos e faziam milagres. Mas uma coisa eles não queriam: crer em Jesus Cristo e, assim, aceitar a misericórdia que recebemos por meio dEle. Pensavam que chegariam ao céu sem Ele, que Deus reconheceria as suas obras e lhes permitiria entrar. Porém, foi justamente nesse ponto que Jesus tratou de contrariar seus planos. Eles tinham de aprender e aceitar que a vontade de Deus era que reconhecessem sua própria falência espiritual e cressem em Jesus. Nós enfrentamos o mesmo problema hoje. “Cristãos” nascidos em um ambiente cristão pensam que conseguirão ir para o céu por meio de obras cristãs. Ao lhes dizermos que nada disso serve, que no fim das contas as suas ações são iniqüidades inaceitáveis aos olhos de Deus e que eles continuam perdidos, a grande maioria reage de forma irritada, por pensar que não precisam de Jesus pessoalmente. Quando Jesus foi questionado: “Que faremos para realizar as obras de Deus?”, Ele respondeu: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado” (Jo 6.28-29). 2. Precisamos ser conhecidos por Deus. Haverá pessoas das quais Jesus dirá naquele dia: “Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”. Não é suficiente crer em Jesus de forma superficial, reconhecê-lO, acreditar em Sua existência ou acei-
tá-lO até certo ponto. Não – é preciso que haja um encontro pessoal com Ele. Posso dizer: “Conheço o presidente do Brasil”. De onde o conheço? De suas aparições na mídia. Mas será que ele me conhece? Claro que não! No entanto, se eu fosse convidado a visitá-lo, teria a oportunidade de ser conhecido por ele. O Senhor Jesus convida cada ser humano, de forma pessoal, a entregar-se a Ele: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Quem aceita esse convite, quem se achega a Ele com todos os seus pecados, quem O aceita em seu coração e em sua vida e crê em Seu nome (Jo 1.12), esse é conhecido por Ele. Quem fez isso reconheceu o Pai e o Filho de Deus e entrará no céu: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).
“Tens nome de que vives... ...e estás morto” (Ap 3.1). Há muitos que se chamam de “cristãos”, mas o são apenas nominalmente. O Senhor Jesus falou de pessoas que imaginariam servir a Deus matando justamente Seus verdadeiros filhos: “Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus. Isto farão porque não conhecem o Pai, nem a mim” (Jo 16.2-3). Eles reivindicam autoridade teológica, pensam servir a Deus, mas não conhecem nem o Pai nem Jesus Cristo. Isso aconteceu, por exemplo, na época das Cruzadas e da Inquisição. Hoje também existe uma teologia que reivindica toda autoridade para si e rejeita os que se baseiam na Palavra de Deus. Basta
lembrar das muitas seitas e do islamismo, que afirmam que Deus não tem um Filho. Já no século VII antes de Cristo, na época do profeta Jeremias, havia dignitários religiosos meramente nominais. OuviEm muitas igrejas, denominações e entidades cristãs as mos o lamento orações são meramente formais, sem que aqueles que de Jeremias: “Os rezam pertençam a Jesus. sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheceÉ dito a respeito dos filhos de ram, os pastores prevaricaram contra Eli: “Eram, porém, os filhos de Eli fimim, os profetas profetizaram por lhos de Belial e não se importavam Baal e andaram atrás de coisas de ne- com o Senhor... Era, pois, mui grande nhum proveito” (Jr 2.8). o pecado destes moços perante o SeMesmo um cristão meramente nhor, porquanto eles desprezavam a nominal pode apostatar da fé. oferta do Senhor” (1 Sm 2.12,17). Quem com sua boca confessa ser Não reconheceram ao Senhor porcristão, mas não pratica o cristianis- que desprezaram o sacrifício. Enmo no dia-a-dia, precisa aceitar que quanto uma pessoa (por mais cristã outros lhe perguntem se não está que se considere) desprezar o sacrienganando a si mesmo. fício de Jesus pelo pecado, não reNão é exatamente isso que ve- conhecerá o Senhor. mos hoje? Muitos teólogos abandoTodos os israelitas saíram do naram a fé bíblica e correm atrás de Egito, mas da maior parte deles convicções que não servem para na- Deus não se agradou, motivo pelo da. Eles se abriram para religiões e qual tiveram de morrer no deserto correntes espirituais que não têm (veja 1 Co 10.1-12). absolutamente nada a ver com JeComo exemplo especial de alsus Cristo. Isso também já aconte- guém que era crente nominal e que ceu na época em que o povo de Is- realizava obras, mas que ainda asrael peregrinou pelo deserto. De- sim estava espiritualmente morto, pois de ter louvado a grandeza e a lembro de Balaão (veja Nm 22-24): soberania de Deus (Dt 32.3-4), • Ele era um homem a quem Moisés emendou uma declaração Deus se revelava, com quem sobre os infiéis: “Procederam corrupDeus falava (Nm 22.9). tamente contra ele, já não são seus fi• No começo ele foi obediente lhos, e sim suas manchas; é geração (Nm 22.12-14). perversa e deformada” (v.5). Portan• Ele afirmava conhecer o Seto, realmente é possível que aqueles nhor e O chamou de “meu Seque não são Seus filhos se tornem nhor” e “meu Deus” (Nm infiéis a Ele. 22.18).
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• Ele adorava o Senhor (Nm 22.31). • Ele reconhecia a sua culpa (Nm 22.34). • Ele estava disposto a servir (Nm 22.38). • Deus colocou Suas próprias palavras na boca de Balaão (Nm 23.5). • Balaão abençoou Israel três vezes (Nm 23 e 24). • Ele testemunhou da sinceridade e da fidelidade de Deus (Nm 23.19). • Ele falou três vezes do Messias como Rei de Israel (Nm 23.21; Nm 24.7,17-19). • O Espírito Santo veio sobre ele (Nm 24.2). • Ele testemunhava ser um profeta de Deus (Nm 24.3-4). • Balaão confirmou a bênção e a maldição de Deus sobre os amigos e inimigos de Abraão (Nm 24.9, Gn 12.3). • Ele colocou o mandamento de Deus acima de bens materiais (Nm 24.13). • Ele falou profeticamente a respeito do futuro dos povos, sobre a chegada do Messias e chegou a mencionar o Império
Mundial Romano [Quitim] (Nm 24.14-24). Apesar de tudo isso, a Bíblia chama Balaão de falso profeta, vidente e sedutor (veja Nm 31.16; Js 13.22; Ne 13.1-3; 2 Pe 2.15-16; Jd 11; Ap 2.14-16). Por quê? Porque Balaão fazia concessões e aceitava comprometimentos, e levou o povo de Deus a se misturar com outros povos. Havia uma discrepância entre suas palavras e ações. “Habitando Israel em Sitim, começou o povo a prostituir-se com as filhas dos moabitas. Estas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu e inclinou-se aos deuses delas. Juntando-se Israel a Baal-Peor, a ira do SENHOR se acendeu contra Israel” (Nm 25.1-3). Balaão havia levado Israel a essa prostituição (Nm 31.16; Ne 13.1-3). Pedro chama Balaão de alguém que “amou o prêmio da injustiça”. Na Epístola de Judas ele é chamado até mesmo de enganador (“erro de Balaão”) e no Apocalipse ele é apresentado como alguém que “armou ciladas”. A Bíblia diz a respeito das pessoas nos últimos tempos que “os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (2 Tm 3.13). Quem tende a prostituir-se espiriQualquer planta precisa ter raízes para poder absorver água e alimentos. Assim, todo cristão também precisa tualmente ou a estar enraizado em Jesus Cristo. comprometer sua fé e suporta, permite e pratica essas coisas sem que sua consciência o acuse, tem motivo para crer que, apesar das aparências, não é um cristão verdadeiro. Com isso não estou
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me referindo à luta contra o pecado, que qualquer filho de Deus enfrenta. Não, aqui não se trata de “derrotas” na fé e na obediência, mas de lidarmos com o pecado de forma consciente e indiferente, de deliberadamente escolhermos a prática pecaminosa. Não somos salvos por nossas próprias obras, mas somente pela fé em Jesus Cristo, pela conversão a Ele. Só aqueles que O aceitam, ao Filho de Deus, em seu coração e em sua vida, com fé infantil, poderão realizar obras que testemunhem a veracidade de sua fé. Essa fé precisa estar “enraizada” na Palavra de Deus. Em Sua parábola sobre o semeador, Jesus diz que há pessoas que aceitam a Palavra de Deus com alegria, mas não criam raízes para ela e mais tarde a abandonam (Mt 13.20-21). A raiz liga a planta à terra, da qual ela vive, lhe dá firmeza, extrai alimento e o conduz à planta. A raiz é um símbolo do Espírito Santo, por meio do qual estamos enraizados em Deus. O Espírito Santo nos traz a vida em Deus, à medida que extrai alimento das Escrituras. Podemos aceitar a Palavra de Deus de forma superficial, podemos simpatizar com o Senhor, podemos acompanhar os cristãos durante algum tempo, mas depois nos afastar novamente, porque nunca nascemos realmente de novo e por isso nunca tivemos “raízes”. Jesus disse aos Seus discípulos, àqueles que O seguiam: “Contudo, há descrentes entre vós. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair” (Jo 6.64). De acordo com Hebreus 6.4-6, há pessoas que foram “iluminadas”, que “provaram o dom celestial”, e que até “se tornaram participantes do Espírito Santo” e ainda assim caíram. Por quê? • Porque foram iluminadas, mas elas mesmas nunca se tornaram luz.
A luz pode se refletir em mim, e então estou iluminado; mas é preciso mais para que eu mesmo seja luz. • Porque provaram, mas não comeram (aceitaram). Posso sentir o cheiro do pão, provar o seu sabor (assim como o enólogo, que toma um pouco de vinho na boca para testar seu aroma, mas depois o cospe fora). Mas é preciso que aconteça mais: precisamos comer o pão, ingeri-lo. Não basta “provar” Jesus, ou seja, experimentá-lO – precisamos aceitá-lO em nós (Jo 6.5356,63; Jo 1.12). • Porque participaram do efeito do Espírito Santo, mas nunca O receberam pessoalmente. Ao ler a Palavra de Deus, ao freqüentar um culto, posso participar do efeito do Espírito Santo. Mas isso não é suficiente. Não – é preciso que haja uma renovação espiritual real. É possível que pessoas assim imitem o cristianismo durante algum tempo, acompanhem e participem de uma igreja local. Mas um dia elas “cairão” e negarão a Jesus. Então muitos se perguntam espantados: “Como isso é possível?” Quando o Senhor Jesus falou de comer Sua carne e beber Seu sangue para ganhar a vida eterna (Jo 6.53-59), muitos de Seus discípulos disseram: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (v. 60) e se afastaram dEle (v. 66), apesar dEle ter lhe explicado de antemão o que isso significava: “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (v. 63).
Tornar-se cristão apesar de ser “cristão” Enganam-se a si mesmos os que pensam que todos são cristãos! Muitas vezes, quando questionei pessoas que davam a entender isso, a resposta era: “Meus pais são cris-
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tãos”, ou: “Minha família é cristã!” guém não nascer de novo, não pode Um conhecido evangelista costuma- ver o reino de Deus” (Jo 3.3). Preciva responder a essas afirmativas: samos nos converter mesmo que te“Se alguém nasce em uma garagem, nhamos sido batizados quando peisso não significa que seja um auto- quenos, freqüentado aulas de catemóvel! E quando alguém nasce em cismo ou participado de cultos. Se uma família cristã, ainda falta muito não nascermos de novo, continuapara que se torne cristão!” (extraído remos perdidos. de um livro de Wilhelm Busch). Mais tarde, quando o apóstolo Jesus disse a Pedro: “Eu, porém, Pedro se converteu e experimentou roguei por ti, para que a tua fé não o novo nascimento, ele escreveu em desfaleça; tu, pois, quando te converte- sua primeira carta: “Bendito o Deus res, fortalece os teus irmãos” (Lc e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, 22.32). Por um lado, o Senhor con- que, segundo a sua muita misericórdia, firmou a fé de Pedro. Por outro la- nos regenerou para uma viva espedo, porém, Ele falou da necessidade rança, mediante a ressurreição de Jede sua conversão futura. Pedro po- sus Cristo dentre os mortos, para uma deria ter retrucado: “Senhor, sou herança incorruptível, sem mácula, judeu, um filho de Abraão. Cum- imarcescível, reservada nos céus para pro os mandamentos, fui circunci- vós outros” (1 Pe 1.3-4). dado ao oitavo dia, guardo o sábaQuem carrega em si o testemudo, oro três vezes ao dia, celebro a nho do Espírito Santo a respeito de Páscoa e faço os sacrifícios. E já Te seu novo nascimento (Rm 8.16) desigo há três anos...” Mesmo assim, ve alegrar-se com essa certeza e ele ainda precisava converter-se. Da agradecer a Jesus Cristo por ela. mesma forma Paulo, o grande de- Mas quem não possui esse testemufensor da lei, precisou se converter, nho inconfundível do Espírito Sanassim como todos os outros apósto- to e ainda assim pensa ser cristão, los e discípulos. está sujeito a um grande engano. Toda pessoa precisa se converter Mas hoje esses “cristãos”, e qualse quiser ser salva – inclusive os quer pessoa que queira ser salva, “cristãos”, sejam eles membros da pode alcançar a certeza da salvação, igreja católica romana, protestantes, se converter-se de forma muito séevangélicos ou de uma família cris- ria a Jesus Cristo. Então, por que tã. Não são poucos os que nascem esperar mais? no cristianismo, da mesma forma como os judeus nascem no judaís- 1. Gemeindegründung nº 77/04 mo. Mas, não é esse nascimento que dá a Recomendamos os livros: salvação, alcançada somente através de um “novo nascimento”: “Em verdade, em verPedidos: 0300 789.5152 dade te digo www.Chamada.com.br que, se al-
Esculturas de deuses pagãos, originárias, principalmente, da antiga Ugarite, na Síria.
Certo homem vivia no cume de uma montanha muito alta. Por causa de um velho ferimento de guerra, ele precisava contratar alguém para descer e subir a montanha com sua filhinha todos os dias, para que ela pudesse ir à escola. Um número razoável de pessoas se candidatou ao emprego, e ele fazia uma única pergunta a cada um: “A que distância da beira da montanha você consegue chegar sem cair lá embaixo?” Um rapaz impetuoso respondeu: “Eu consigo chegar até trinta centímetros”. “Isso não é nada”, disse um outro. “Eu consigo chegar até quinze centímetros da borda do precipício”. Um terceiro se gabou: “Eu chego até três centímetros!” Durante esse tempo, um homem simples permanecia de pé, quieto no seu canto. Quando chegou sua vez, ele respondeu: “Eu não chego perto da borda de jeito nenhum. Vou ficar no caminho seguro, porque tenho amor à vida”. Ele conseguiu o emprego. Muitas pessoas acham que podem viver na beira do precipício da corrupção espiritual e cultural. Mas essa é uma ladeira perigosa e escorregadia para os seguidores de Cristo, pois conduz à apatia, ao pecado e à assimilação pelo mundo. A história chocante do levita e de sua concubina (Jz 19-21) alerta o povo de Deus contra essa ameaça. O conselho para o cristão é obedecer à Palavra de Deus e ficar firme no caminho que Ele traçou.
O Panorama da Desgraça “Porém os filhos de Benjamim não expulsaram os jebuseus que habitavam em Jerusalém; antes, os jebuseus habitam com os filhos de Benjamim em Jerusalém, até ao dia de hoje” (Jz 1.21). Um levita de Efraim tinha uma concubina de Belém. As concubinas eram esposas secundárias que, geralmente, tinham um status mais baixo dentro da estrutura conjugal. O antigo costume foi degenerando, embora houvesse leis para restringilo e regulá-lo (Êx 21.7-11; Lv 19.20-22; Dt 21.10-14). Jesus restaurou o plano original de Deus para o casamento (Mt 19.4-9). O concubinato, a poligamia e a manutenção de uma amante são pecados (1 Co 7.2). Aparentemente, a concubina do levita voltou para a casa de seu pai, em Belém. Quatro meses depois, o levita resolveu buscá-la de volta. Recebido por seu sogro conforme os típicos costumes orientais, o levita permaneceu ali por cinco dias. Na tarde do quinto dia, ele e sua concubina partiram de volta para casa, indo em direção a Jebus (a Jerusalém pré-israelita). Como já era tarde, seu servo sugeriu que eles passassem a noite na cidade dos jebuseus. Mas o levita não achou seguro pernoitarem num lugar onde não havia israelitas. Assim, eles percorreram mais oito quilômetros até a cidade benjamita de Gibeá. Em Gibeá, ninguém lhes deu abrigo pa-
ra passarem a noite. Essa foi uma atitude condenável dos gibeonitas, porque Deus ordenou que Seu povo praticasse a hospitalidade (Lv 19.33-34; Lv 25.35; Mt 25.35; Hb 13.2). Um homem idoso viu os viajantes descansando na praça da cidade e levou-os para sua casa, para que pudessem comer alguma coisa e se alojar até de manhã. Naquela noite, alguns homens degenerados da cidade cercaram a casa e começaram a esmurrar a porta, gritando: “Traze cá para fora o homem que entrou na tua casa, para que o conheçamos (abusemos dele)” (Jz 19.22). O velho saiu e disse: “Não, irmãos meus, não cometais semelhante maldade; visto que o homem já entrou em minha casa, não façais essa loucura” (v. 23). Ele chegou até a oferecer sua filha virgem e a concubina para que os homens se satisfizessem. Mas eles não queriam mulheres. Para livrar a própria pele, o levita empurrou sua concubina para fora. Durante toda a noite, ela foi brutalmente estuprada. Ao ser solta pela manhã, ela desmaiou na porta da casa. Quando seu marido abriu a porta para sair, viu-a caída de bruços, com as mãos na soleira da porta. Sem qualquer compaixão, ele lhe disse: “Levanta-te, e vamo-nos” (v. 28). Mas não houve resposta. Ela estava morta. A insensibilidade do levita para com sua concubina ilustra, infelizmente, alguns aspectos da sociedade moderna. A Bíblia afirma que,
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Um trípode de Ugarite (usado como apoio pela pitonisa ao proferir os oráculos), decorado com réplicas de romãs, símbolos da fertilidade.
nos últimos dias, o afeto natural se tornará escasso (2 Tm 3.1-5). Lamentavelmente, é isso que acontece em muitos casamentos de hoje. Nem mesmo a família da fé está imune a isso. Então, o levita amarrou no seu jumento o corpo sem vida da mulher e continuou a viagem. Chegando em casa, ele cortou o corpo dela em doze pedaços e enviou um a cada tribo de Israel. Revoltadas com aquela visão, as tribos de Israel exigiram justiça para o crime de Gibeá (v. 30). Foi convocada uma assembléia em Mispa, no território de Benjamim. Ali, o levita contou aos líderes o que tinha acontecido, distorcendo um pouco a história em seu próprio benefício. O que disse era verdade, mas ele não mencionou a crueldade com que empurrou sua concubina para as mãos do bando. Os anciãos exigiram que os benjamitas entregassem os agressores de Gibeá para que fossem punidos. Mas os filhos de Benjamim se recusaram. Sua tolerância para com a depravação tinha se transformado numa atitude de autodefesa alimentada pelo orgulho, e essa foi a sua ruína. “Da soberba só resulta a contenda, mas com os que se aconselham se acha a sabedoria” (Pv 13.10). Cega de raiva e irredutível em sua teimosia, a tribo se reuniu em
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Gibeá para lutar contra seus irmãos. Sessenta e cinco mil homens, incluindo vinte e cinco mil benjamitas, morreram em três grandes batalhas que quase aniquilaram a tribo de Benjamim. Somente 600 sobreviveram, escondendo-se durante quatro meses no deserto. Mas agora havia um novo problema. As outras tribos de Israel tinham jurado em Mispa que nunca deixariam suas filhas se casarem com um benjamita. Depois, porém, ficaram preocupadas com a possível extinção de toda uma tribo de Israel. Os israelitas choraram amargamente diante do Senhor (Jz 21.2,6). Então, elaboraram um plano: eles encontraram uma cidade, Jabes-Gileade, que não tinha participado da guerra e a castigaram, matando todos os seus homens e mulheres, exceto suas 400 virgens, que foram capturadas e entregues como esposas aos homens de Benjamim. Mas ainda faltavam 200 virgens. Os anciãos de Israel entraram em conluio e disseram aos benjamitas restantes que se escondessem nas vinhas de Siló. Quando as filhas de Siló saíssem para dançar na festa anual, cada homem deveria sair de seu esconderijo e raptar uma esposa para si. Os anciãos prometeram acalmar a ira dos pais e das famílias das moças. A Bíblia encerra esse triste episódio com estas palavras melancólicas: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto” (v. 25).
A Única Solução Antes de morrer, Josué alertou os israelitas para que obedecessem ao Senhor. Ele recordou-lhes as vitórias do Senhor sobre seus inimigos (Js 23), recapitulou a fidelidade e a bondade de Deus (Js 24) e advertiu-os para que dessem ouvidos ao Senhor,
sempre fossem fiéis a Javé e não se associassem com os pagãos. Entretanto, “foi também congregada a seus pais toda aquela geração; e outra geração após eles se levantou, que não conhecia o SENHOR, nem tampouco as obras que fizera a Israel. Então, fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o SENHOR; pois serviram aos baalins. Deixaram o SENHOR, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e os adoraram, e provocaram o SENHOR à ira” (Jz 2.10-12). O levita não achou uma boa idéia passar a noite em Jebus. Por quê? A cidade pertencia aos cananeus. Ele sentiu que seria melhor ficar em Gibeá. O que ele não sabia é que Gibeá tinha se “canaanizado”. A assustadora história do levita e de sua concubina é um retrato vívido da degradação. Israel decaiu espiritualmente porque misturou os ritos idólatras dos cananeus com o culto ao Senhor. Os israelitas decaíram como nação porque negligenciaram a guerra permanente contra os cananeus. A cidade dos jebuseus deveria ter sido conquistada. Sua existência permitiu que a traiçoeira cultura cananéia se espalhasse. Além disso, tornando-se prisioneiros dessa cultura, Gibeá e os benjamitas perderam a visão de Deus. A morte de Josué e dos outros líderes daquela época deixou um vazio na liderança espiritual da nação. É evidente que a falta de líderes tementes a Deus leva a sociedade a fazer o que há de pior. O rei Davi declarou: “Socorro, SENHOR! Porque já não há homens piedosos; desaparecem os fiéis entre os filhos dos homens” (Sl 12.1). Os crentes deveriam influenciar a sociedade através de sua separação e comportamento santo. “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educan-
do-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tt 2.11-12). O caminho escorregadio que conduz à apatia, ao pecado e à identificação com o mundo é real. O grau em que as pessoas se deixam escravizar pela cultura mundana pode variar, mas a batalha sem tréguas entre o Evangelho e os valores e comportamentos do mundo é universal. “Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Rm 13.14). (Israel My Glory) Peter Colón é o diretor de The Friends of Israel para os estados do Sudeste dos EUA.
Cuidado Com os Cananeus de Hoje Em 1929, uma fantástica descoberta arqueológica foi feita na antiga cidade portuária de Ugarite, na costa da Síria. Foram encontradas centenas de antigos tabletes de barro, fornecendo uma enorme riqueza de informações sobre a cultura cananéia. Eles revelaram que a religião cananéia enfatizava a guerra, a prostituição religiosa e a sensualidade pessoal como forma de culto. Sendo uma religião de conveniência, não havia necessidade de um santuário central. A torpeza podia ser praticada em qualquer lugar. A adoração ao Baal dos cananeus era atraente para os israelitas porque não fazia exigências morais. Não havia Dez Mandamentos na cultura cananéia. Foi fácil para Israel entrelaçar o sexo cultual com as Escrituras e considerar o resultado como uma expressão religiosa normal. A depravação se desenvolve quando o povo de Deus permite que influências malignas permaneçam em seu meio. Hoje em dia, também há pessoas “canaanizadas”, inclusive crentes. Podemos observar uma atitude cananéia no modo como a sociedade aceita a promiscuidade escancarada. Assim como ocorria no antigo Israel, muitas pessoas, inclusive cristãos, não se separaram das más influências do mundo. Deus nos or-
dena: “Retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor” (2 Co 6.17). C. I. Scofield, um erudito estudioso da Bíblia, escreveu: “A separação, na Bíblia, é dupla: (a) [afastando-se] de tudo o que é contrário à mente de Deus; e (b) [voltandose] para o próprio Deus. O princípio subjacente é que no universo moral é impossível que Deus abençoe e use plenamente Seus filhos quando têm compromisso ou cumplicidade com o mal”.1 O cristianismo bíblico condena toda forma de impureza sexual: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição” (1 Ts 4.3). “Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos” (Ef 5.3). O livro de Juízes mostra que a geração posterior a Josué não conhecia o Senhor. Por isso, o pecado reinava. Esta é a triste situação que vivemos hoje no mundo. A geração posterior a Josué não valorizava as obras que o Senhor tinha realizado no passado, em benefício de Israel. A Bíblia nos adverte: “Lembrate dos dias da antiguidade, atenta para os anos de gerações e gerações; pergunta a teu pai, e ele te informará, aos teus anciãos, e eles to dirão” (Dt 32.7). O conselho bíblico é que cada indivíduo se lembre e guarde o testemunho de Deus, e o ensine à geração seguinte. “Grandes são as obras do SENHOR, consideradas por todos os que nelas se
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comprazem. Em suas obras há glória e majestade, e a sua justiça permanece para sempre. Ele fez memoráveis as suas maravilhas; benigno e misericordioso é o SENHOR” (Sl 111.2-4). A geração posterior a Josué não dava valor às obras de seu Senhor. Ela preferiu fazer o que era mau e rejeitou o chamado de Deus para que fosse santa: “Ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Lv 20.26). Os crentes devem se abster de toda forma de mal (1 Ts 5.22). Só pelo conhecimento firme da Palavra de Deus é que podemos discernir a verdade do engano (2 Tm 2.15). O dever de cada indivíduo é lembrar-se de Deus e dar-Lhe glória e louvor. Assim, teremos forças para enfrentar as tentações da vida. O grande erudito inglês F. E. March disse: “Quando estamos passando por dificuldades, às vezes nos esquecemos da fidelidade que Deus demonstrou para conosco no passado. Só vemos os desvios e o caminho perigoso. Mas, se olharmos para trás, veremos também a alegria da vitória, o desafio da subida, e a presença de nosso Companheiro de viagem, que prometeu que nunca nos deixaria nem abandonaria”. (Peter Colón) Nota: 1. C. I. Scofield, Bíblia de Estudo de Scofield, p. 1187.
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diente à Sua Palavra, mais santificada em Cristo Jesus. (Edicléia – Curitiba/PR) • A Obra Missionária Chamada da Meia-Noite e o Congresso me deixaram mudada espiritualmente. Em primeiro lugar devo tudo isso ao Senhor Jesus e depois à literatura e às palestras da Obra que têm me ajudado. (Cecília – Cambé/PR) • Para mim é fascinante ouvir sobre Israel, principalmente as profecias cumpridas ou por se cumprirem. Conhecer Israel, as profecias, em suma, a Palavra [Profética], é crescer na graça e no conhecimento de Jesus. Aprendi muito. (Elza – São Paulo/SP) • O Congresso representou para mim uma mudança de pensamento e atitude a respeito de Israel, uma maior perspectiva sobre a Volta de Cristo, e um maior comprometimento com a Palavra Profética, no sentido de anunciar e propagar com mais intensidade o Evangelho. (Thiago – Paracambi/RJ) • Volto para casa muito abastecida espiritualmente, crescendo cada
VIII Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética . : Poços de Caldas/MG - 18 a 21/10/2006 : .
T e s t e m u n h o s
d e
• Este Congresso, assim como os anteriores, veio trazer-me conhecimentos incomparáveis sobre o tema que mais tenho sede de conhecer, a Volta de Cristo e as Profecias dos tempos finais. ...vou contando os meses para chegar outubro novamente. (Maria Magdalena – Poços de Caldas/MG) • O Congresso revitalizou a minha fé e a minha esperança de que Jesus Cristo voltará logo. (Lázaro – Belo Horizonte/MG) • Meu coração se enche de alegria nos dias do Congresso, pois adquiro mais co-
P a r t i c i p a n t e s
nhecimento da Palavra Profética do que em todos os outros dias do ano. (Maria Auxiliadora – Rio de Janeiro/RJ) • Este Congresso é sempre um renovo espiritual. Nos sentimos mais próximos do Deus Criador quando estudamos Sua Palavra Profética. É um fortalecimento para a nossa fé. (Leonardo – Rio de Janeiro/RJ) • Aprender sobre profecias, ouvir sobre a esperança do Arrebatamento mudou minha pespectiva, fez com que eu queira ser mais pura aos olhos de Deus, mais obe2
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Legendas: 1) Abertura do VIII Congresso. 2) Congressistas na livraria. 3) Ana Lúcia Abdalla ao teclado. 4) Equipe da Chamada filmando as palestras. 5) Norbert Lieth e Ingo Haake. 6) André Paganelli. 7) Dave Hunt autografando seus livros. 8) Jamil Abdalla Filho. 9) Equipe da Chamada cuidando da cobertura online. 10) Verbus, o Ônibus da Palavra.
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sas espirituais e eternas. (Walkyria – São Paulo/SP) • A cada ano que participo enriqueço mais com o descortinar que os preletores trazem da Palavra Profética. Desde o primeiro Congresso, quando retorno para minha casa, já sigo orando pelo próximo Congresso. E com certeza Deus é fiel. (Maria Teresa – Niterói/RJ) • Para mim as mensagens são sempre edificantes e nos animam a aguardar com esperança a hora do Arrebatamento. (Júnia – São Sebastião/SP) • Estamos completando a nossa presença pela sexta vez. A cada Congresso, eu e minha esposa temos adquirido mais conhecimento da Palavra de Deus. (Israel – Rio de Janeiro/RJ)
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• Este Congresso representou para mim algo como um rico tesouro, não material, mas espiritual. Senti com mais intensidade o quanto Deus me ama, e fui lembrada de quanto preciso ser grata a Ele. (Darci – Valença/BA)
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Fotos: Josely Mendes
vez mais na fé e na bendita esperança da volta do Senhor. (Rodymeire – Santa Bárbara d’Oeste/SP) • O Congresso me deu uma clara visão do rumo a dar à minha vida a partir de agora. Deus me ajude a trabalhar a santificação a cada novo dia que Ele me conceder. (Irene – Barra Bonita/SP) • Sei que depois de ouvir tantas coisas minha vida está mais alicerçada na Palavra de Deus, minha fé foi renovada e o desejo de estar preparada para a volta de Jesus foi aumentado. (Elisabete – Volta Redonda/RJ) • É meu quarto Congresso. Sempre sou exortada... a colocar as coisas em melhor perspectiva, investindo mais em coi-
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Legendas: 1) Dave Hunt sendo traduzido por Eros Pasquini, Jr. 2) Arno Froese pregando. 3) Reinhold Federolf. 4) Dieter Steiger e Norbert Lieth com congressistas. 5) Ernesto Kraft e Norbert Lieth. 6) Crianças em atividade realizada pela APEC. 7) Vista geral do auditório. 8) Vista da livraria. 9) Markus Steiger. 10) Congressistas. 11) Ouvintes atentos durante uma palestra.
Reserve em sua agenda as datas dos próximos Congressos:
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• Sudeste: 17/10 a 20/10/2007 • Nordeste: 22/10 a 25/10/2007
Congresso Profético 2006
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A Palavra Profética “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la...” (2 Pe 1.19). A Bíblia toda sublinha o poder da profecia divina e enfatiza o quanto ela é confiável, assim como Pedro o faz na passagem acima. Ele acrescenta ainda que a Palavra tem sua origem em Deus e não na capacidade humana: “porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.21). Por isso, devemos receber a Palavra como um tesouro precioso e um guia insubstituível. Obviamente é importante a maneira como essa Palavra é interpretada. Críticos de nossa forma de explanar a Palavra Profética nos censuram dizendo que lidamos de forma muito seletiva com a mensagem das profecias e que nos apressamos em estabelecer conexões com o tempo em que vivemos. “Será que a profecia bíblica é tão simples assim? A Bíblia pode ser lida paralelamente com o jornal diário em busca do cumprimento de profecias?” Será que estamos forçando a Bíblia dentro de um esquema pré-estabelecido? Quando falamos em profecias que se cumprem hoje, naturalmente nos referimos principalmente àquelas que dizem respeito ao retorno dos judeus da Diáspora (Dispersão) e à restauração de Israel e de tudo o que está relacionado com esses fatos. A seguir, tentarei apresentar resumidamente a forma com que lidamos com esse assunto.
das espiritualmente. Isso significa que, de forma geral, partia-se da premissa de que tudo girava em torno da Igreja e que a salvação divina deveria ser interpretada “espiritualmente”. Israel desapareceu de cena completamente. Não precisa ser explicado mais a fundo que por trás disso havia a chamada “teologia da substituição”. Segundo ela, a Igreja substituiu Israel e agora é detentora de todas as promessas de Deus. Uma terra às margens do Mar Mediterrâneo, uma cidade onde houve um templo algum dia, um povo judeu que ainda invoca e serve ao Deus de Abraão – do ponto de vista cristão nada havia a declarar sobre isso. Essa terra e essa cidade eram parte do Antigo Testamento, e o povo judeu nem deveria mais existir desde que surgiu a Igreja. Resumindo: era uma interpretação substancialmente antijudaica das profecias. Através dos séculos, a Igreja “roubou” as promessas e se apropriou de forma exclusiva das garantias de salvação destinadas a Israel. Muitos comentários bíblicos ainda sustentam essa forma de ler as profecias, mas aos poucos percebe-se uma mudança na forma de pensar. Ou estarei sendo muito otimista? A “mentalidade de substituição” parece estar profundamente arraigada em nosso ser “cristão”. Porém, um tom diferente já se faz ouvir em nossa época. Creio que, em certas igrejas, o Espírito Santo está realizando uma reviravolta na maneira de encarar a posição de Israel.
Interpretação antijudaica
Como ler as profecias
Na Igreja, durante séculos as profecias foram quase sempre interpreta-
A questão é: Como lemos as profecias? Permitam que eu tente responder
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essa pergunta focando três possibilidades: 1. Em primeiro lugar, é indispensável ver o contexto em que foi feita a profecia. Será que alguma parte já se cumpriu concretamente? 2. Em segundo lugar, surge a questão sobre aquilo que se costuma chamar de “parte ainda não-cumprida” da profecia. Como cristãos neotestamentários, sabemos que todas as promessas de Deus têm o sim e o amém de Cristo (veja 1 Coríntios 1.20)... e muitas das promessas proféticas falam do retorno e da restauração de Israel. 3. Em terceiro lugar, penso que, de forma geral, qualquer profecia pode ser aplicada espiritualmente. De inúmeras passagens bíblicas podemos extrair uma mensagem adequada à nossa situação pessoal ou da Igreja.
A segunda opção Examinemos mais detalhadamente a segunda forma de “ler” a profecia bíblica. Muitos intérpretes limitam as promessas proféticas que falam do retorno dos judeus à Terra Santa à volta do cativeiro babilônico. Eles afirmam que o profeta tinha uma mensagem para sua época – e ponto final. Mas isso não é correto. Muitas profecias falam de um retorno dos judeus vindos de todas as partes do mundo (portanto, não apenas da Babilônia!), uma volta que sobrepuja em muito as centenas de milhares de judeus cativos do século VI a.C. Além disso, alguns séculos depois do retorno dos judeus do cativeiro babilônico houve um cativeiro ainda maior: após a dispersão dos judeus pelos romanos em 70 d.C. Algumas profecias também falam de uma restauração de todo o Israel e não apenas de Judá. A tradicional espiritualização das promessas divinas aplica essas profe-
Do Nosso Campo Visual
Jesus nos ensinou que devemos prestar atenção aos sinais dos tempos. Um desses grandes sinais é a restauração de Israel.
cias ao crescimento da Igreja no mundo gentio. Rejeitamos veementemente essa posição.
Sinais dos tempos Já que Deus não deixa cair por terra nenhuma de Suas palavras, po-
demos esperar uma restauração lite- do da Bíblia. Eu não saberia como enral das doze tribos de Israel. Portan- tender o tempo atual sem a Palavra to, a atual imigração do povo judeu Profética. para a Terra Santa não teria alguJesus já censurou as pessoas de ma relação com as profecias? Será Sua época por serem capazes de preque esse retorno é um mero acaso dizer com exatidão as condições mehistórico? teorológicas mas não terem sensibiliJesus nos ensinou que devemos dade para os sinais dos tempos (veja prestar atenção aos sinais dos tempos. Mateus 16.3). Não sejamos como Um desses grandes sinais é a restaura- elas. (Pr. Jaap de Vreugd – extraído ção de Israel. Somos uma geração pri- de Israel Heute) vilegiada, pois vivemos em uma époPara se manter informado sobre Israel e o cumprimento ca em que das profecias, assine nossa revista Notícias de Israel. profecias de Receba-a mensalmente Deus estão em sua casa. começando a se cumprir. Pedidos: Na verdade, 0300 789.5152 é obrigação www.Chamada.com.br nossa ler os jornais ao la-
Por que para os outros sim e para mim não? Pergunta: “Sou filha de Deus e sirvo ao meu Senhor em minha igreja conforme os dons que Ele me deu. Meu marido e eu somos pessoas trabalhadoras e juntos procuramos ser econômicos e prudentes com as finanças. Mesmo assim, todos os meses precisamos cuidar com os gastos para sobreviver com nossos filhos. Duas coisas me preocupam: no Antigo Testamento, a prosperidade material significava bênção, e a pobreza era o oposto. Também me incomoda ver outros crentes vivendo de modo superficial, mas recebendo tudo de mão beijada. Será que Deus me ama menos que essas pessoas, mesmo que eu esteja vivendo de forma conscientemente entregue a Ele? Esse problema envolvendo a inveja me aflige muito!”
Resposta: Sua carta nos alegrou muito, mas por uma razão que você não imagina. Suas palavras revelam que o Senhor tem trabalhado em sua vida – e isso é algo infinitamente precioso! No final de sua carta você menciona o âmago da questão: a inveja. Esse sentimento oferece uma área aberta ao ataque do inimigo, e ele se aproveita dela sem piedade, chegando a semear dúvidas em seu coração, a ponto de você se questionar se Deus realmente ainda a ama. Portanto, o diagnóstico já está feito. Por essa razão posso lhe garantir com grande alegria que a cura para seu problema também está à vista! O Senhor não expõe problemas para fazer as pessoas sofrerem ou para deixá-las tristes. Quando Ele põe o dedo numa ferida, é porque quer dar perdão, libertação e alegria! “Como?”, você pergunta. Se você confessar-Lhe o seu pecado e pe-
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termina com as palavras: “Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus” (vv.20-21). Isso não significa que é pecado ser rico. A questão é como lidar com a riqueza, e a grande pergunta é se somos ricos para com Deus. Paulo escreve acerca da riqueza interior: “Sempre dou graças a meu Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus; porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento” (1 Co 1.4-5). E: “iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos” (Ef 1.18). Talvez ele estivesse pensando em pessoas que vivem na margem da miséria, que têm apenas o essencial para sobreviver. Filhos de Deus podem ser pobres, podem ser perseguidos, podem ser torturados, mas apesar disso são ricos em seu Deus, pois: – têm o perdão dos seus pecados pelo precioso sangue do Cordeiro “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, (Ef 1.7). pela oração e pela súplica, com ações de graças” (Fp 4.6). – sabem que Jesus os ama e têm a certeza de que o próprio Pai os ama (Jo 15.9; 16.27). – têm um intercessor quando pecam (1 Jo 2.1), que está à direita de Deus e intercede por eles (Rm 8.34). – têm o Espírito Santo, que os auxidir Seu perdão. A libertação vem como na travessia de um rio: colocando o pé numa pedra, depois na outra, e mais outra... Pisando numa nova pedra simbolicamente, você poderá começar a orar de forma confiante, como fazem as crianças, pedindo que o Senhor abençoe a pessoa que você inveja, que Ele abençoe seus filhos, seus negócios, e que os atraia para perto de Seu coração paterno. Quando estiver fazendo isso, você verá que as dúvidas e os pensamentos negativos se afastarão pouco a pouco, dando lugar à paz de Deus em seu coração. E a paz de Deus excede todo o entendimento (Fp 4.7). De fato a prosperidade material era um sinal da bênção divina para o povo de Israel no Antigo Testamento. Porém, no Novo Testamento os bens imateriais, as riquezas espirituais, são a prova da verdadeira bênção. Em relação à bênção material, por favor, leia atentamente a parábola do rico avarento em Lucas 12.16-21, que
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lia em sua fraqueza, quando estão prostrados e não sabem como orar (Rm 8.26). – têm uma firme âncora para suas almas (Hb 6.19). – têm um Pai de misericórdia e Deus de toda consolação quando passam por sofrimentos (2 Co 1.3). – têm uma esperança que não confunde (Rm 5.5). – são herdeiros do Reino, que Ele prometeu aos que O amam (Tg 2.5). Eles têm... eles têm... eles são... A lista poderia ser ainda muito ampliada. Agora troque todas as palavras “eles têm” por “eu tenho”, e você perceberá a grandeza dos tesouros que tem em Cristo, que são riquezas insondáveis (Ef 3.8), pois Jesus se fez pobre por amor a nós e foi à cruz em nosso lugar (2 Co 8.9). Peço a Deus de todo o coração que Ele abra seus olhos para que você consiga ver a riqueza imensurável que tem em Jesus, mesmo que no final do mês o dinheiro esteja novamente curto, e que você se alegre por ser uma filha desse Senhor maravilhoso. Ele lhe diz através de Sua Palavra: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” (Fp 4.6). Por favor, leia também o Salmo 73. Asafe, o autor desse Salmo, tinha problemas com a prosperidade de seus contemporâneos ímpios. Ele se preocupava com o assunto. Sua conclusão se encontra no versículo 17. E, no final ele declara triunfalmente: “Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no Senhor Deus ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos” (Sl 73.28). (Elsbeth Vetsch)