BETH-SHALOM
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FEVEREIRO DE 2006 • Ano 28 • Nº 2 • R$ 3,50
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Prezados Amigos de Israel
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Céu Vermelho Sobre o Monte do Templo
Notícias de
ISRAEL É uma publicação mensal da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” com licença da “Verein für Bibelstudium in Israel, Beth-Shalom” (Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel), da Suíça. Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil Fundador: Dr. Wim Malgo (1922 - 1992) Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf
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Qual o Tamanho do Seu Deus?
Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann Assinatura - anual ............................ 31,50 - semestral ....................... 19,00 Exemplar Avulso ................................. 3,50 Exterior: Assin. anual (Via Aérea)... US$ 28.00
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Uma Sepultura Para Israel?
Edições Internacionais A revista “Notícias de Israel” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, holandês e francês. As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial
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HORIZONTE • O legado de Simon Wiesenthal - 14 • Benjamin Netanyahu é o novo líder do Likud - 17 • O doce sabor do “sabra” - 17 • A Bíblia ou as tradições? - 19
O objetivo da Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel é despertar e fomentar entre os cristãos o amor pelo Estado de Israel e pelos judeus. Ela demonstra o amor de Jesus pelo Seu povo de maneira prática, através da realização de projetos sociais e de auxílio a Israel. Além disso, promove também Congressos sobre a Palavra Profética em Jerusalém e viagens, com a intenção de levar maior número possível de peregrinos cristãos a Israel, onde mantém a Casa de Hóspedes “Beth-Shalom” (no monte Carmelo, em Haifa).
Com sua exigência de que Israel, uma “mancha vergonhosa” conforme sua palavras, seja riscado do mapa, o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad apenas expressou o que muitos no mundo islâmico pensam, mas não dizem em voz alta. Além disso, suas afirmações confirmam como são justificados os temores israelenses com os planos do Irã de obter armas nucleares. Em Ezequiel 38, o Irã (a Pérsia) é citado em primeiro lugar entre os países que participarão do ataque a Israel sob a liderança de Gogue, da terra de Magogue. Essa é mais uma razão por que deveríamos acompanhar atentamente o que está acontecendo no Irã. Há anos o país realiza manobras militares que sempre têm como tema a libertação de Jerusalém do “inimigo sionista”. Além disso, o Irã espalha suas idéias no mundo islâmico com zelo missionário, principalmente nas ex-repúblicas soviéticas de maioria muçulmana. Através das profecias em Ezequiel 38 e 39 sabemos que Israel será atacado por uma aliança de países do Norte.* Entretanto, até recentemente não tinha ocorrido uma manifestação tão clara do desejo de aniquilar Israel como a do presidente iraniano. Para muitos chefes de Estado de países islâmicos essas declarações anti-semitas foram constrangedoras e alguns até protestaram contra elas. Através das afirmações de Ahmadinejad ficou claro para o mundo que um ataque de países islâmicos a Israel não é apenas uma ameaça latente, mas um perigo real. Houve até sugestões de expulsão do Irã da ONU. Isso mostra que, apesar de tudo, freqüentemente o mundo percebe que a ameaça à paz mundial não procede de Israel, mas do islamismo militante. O terrorismo islâmico também faz com que o mundo não-islâmico, principalmente o ocidental, se una mais e que o mundo islâmico fique isolado. Para isso contribuíram também os distúrbios na França. Provavelmente, esse isolamento autoimposto acabará levando os países islâmicos a atitudes irracionais. O futuro ataque a Israel,
* A respeito, não deixe de ler o artigo “Sombras Emergentes do Martelo e da Foice” na revista Chamada da Meia-Noite 2/05.
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conforme relatado na Bíblia, não será fruto de uma decisão racional, mas do ódio religioso cego do islã contra Israel. Deus anuncia em Ezequiel 39.8: “Eis que vem e se cumprirá, diz o Senhor Deus; este é o dia de que tenho falado”. Está certo que tudo acontecerá como disse o profeta. Para nós, a grande questão é: “Quão próximos estamos desses eventos?” Os acontecimentos no mundo islâmico e o terrorismo mundial procedente dele indicam que aproximamo-nos perceptivelmente do dia a que o Senhor se refere. Tudo isso, entretanto, deve ser um estímulo para nós, que cremos no Senhor Jesus e em Sua Palavra: vamos andar com maior determinação em Seu caminho, pois os tempos finais serão, como os dias de Noé, um período de descaso e de afastamento da fé. Fiquemos atentos aos sinais dos tempos! Saúdo com um sincero Shalom!
r Fredi Winkle
Quando escrevi o capítulo final de meu romance The Last Judgment (O Juízo Final) não tive nenhuma pretensão de profetizar (ainda não tenho). Tudo o que eu queria fazer era contar uma boa história, escrevendo mais um “suspense de tribunal”. Mas, assim como ocorreu com meus outros livros, de ficção ou não, me senti inspirado a seguir a advertência que Jesus faz em Mateus 16.2-3. Nessa passagem, quando Seus ouvintes pedem um “sinal”, Jesus chama a atenção para o fato de que eles conheciam e seguiam um antigo ditado sobre o tempo, que mais tarde seria traduzido como: “Céu vermelho ao amanhecer, marinheiro preocupado; céu vermelho ao entardecer, marinheiro está folgado”. “Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos?” (v. 3). Jesus também fez outra afirmação parecida, que está registrada em Lucas 12.54-56. Ao meditar nessas palavras, pensei: existe barômetro melhor para medir o clima da época em que vivemos do que a situação do Monte do Templo? Então, criei a história de um atentado que acontecia no Monte do Templo, com motivações religiosas, e que resultava num conflito judicial e geopolítico envolvendo Israel, a comunidade cristã e o Islã.
Imaginem só qual não foi minha surpresa quando, poucas semanas depois do lançamento do meu livro, surgiram notícias sobre uma suposta conspiração com o objetivo de assumir o controle do Monte do Templo. Em 17 de março de 2005, a agência internacional de notícias France Presse (AFP) comentou que, no dia anterior, o Canal 2 da televisão de Israel havia exibido um vídeo que mostrava supostos conspiradores judeus – entre eles rabinos e, nas palavras da AFP, “radicais da extrema-direita” – encontrando-se secretamente na Cidade Velha para planejar a tomada do Monte do Templo. Reforços policiais foram enviados para a área do platô do Monte do Templo. Imediatamente, o sheik Ibrahim Mudayris, falando a muçulmanos numa mesquita de Gaza, anunciou que “milhões” de muçulmanos iriam defender a mesquita de Al-Aqsa, que está situada no Monte. O primeiro-ministro da Autoridade Palestina (AP) juntou-se ao coro, alertando que a região “explodiria” se judeus tomassem qualquer atitude contra o local controlado pelos muçulmanos. A polêmica também coincidiu com a tentativa de uma organização popular judaica de levar cerca de 10.000 judeus ao Monte do Templo, na véspera do início do mês de nissan. O grupo queria chamar a atenção
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Ariel Sharon.
para a necessidade do controle israelense sobre o topo do Monte. À medida em que esse caldeirão ameaçava entrar em ebulição, um fato oculto foi ficando cada vez mais claro: por milhares de anos, o Monte do Templo em Jerusalém, tem sido o pedaço de terra mais ardorosamente disputado em todo o planeta. De acordo com as notícias, a suposta ocupação do Monte seria um protesto contra o plano do premiê israelense, Ariel Sharon, para a retirada unilateral de Israel da faixa de Gaza. Mas seja qual for o motivo, a situação prova que a última e mais
difícil questão a ser resolvida, em qualquer negociação de paz, será o Monte do Templo. Lançando um olhar para o futuro, podemos ver três tendências importantes e nefastas. Cada uma delas representa uma ameaça ao direito legítimo de Israel sobre o Monte do Templo. Mas, em conjunto, elas também apontam para eventos futuros que deveriam deixar sem fôlego todos os cristãos que crêem na Bíblia.
1. A Rejei ªo da Hist ria
Toda abordagem do conflito entre israelenses e palestinos que omite o direito legítimo de Israel ao Monte do Templo baseia-se numa completa mentira. O Monte foi o local do Templo judaico construído por Salomão, do Templo reconstruído, descrito em Esdras, e do último Templo, construído na época de Herodes. Obviamente, alguns dos principais religiosos muçulmanos tentam contestar esses fatos históricos. Veja, por exemplo, o artigo de Jimmy DeYoung, O Monte Santo de Deus,1 que reproduz a surpreendente afirmação de um importante mufti, dizendo que não existe nenhuma Fiéis do Monte do Templo em uma manifestação pela evidência histórica construção do futuro templo. de presença israelita no Monte. Volumes e mais volumes de dados históricos e arqueológicos poderiam ser apresentados para derrubar esse mito. Mas o melhor argumento é o reconhecimento desse fato por parte do próprio Conselho Muçulmano que controlava o
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Monte. O Instituto do Templo e o Jerusalem Post mencionam a existência de um folheto turístico sobre o local, datado de 1930 e escrito por um muçulmano, intitulado Pequeno Guia do al-Haram al Sharif, que descreve o Monte do Templo, dizendo que “não há dúvida de que trata-se realmente do local do Templo de Salomão”. Qualquer discussão sobre o Monte do Templo que conteste a legitimidade da reivindicação de Israel padece de grosseira amnésia histórica.
2. A Seculariza ªo de Israel Bernard Avishai, professor de políticas públicas na Universidade Duke, é um exemplo típico das vozes que hoje defendem a completa secularização de Israel. Num artigo publicado no número de janeiro de 2005 da Harper’s Magazine, ele chega ao cúmulo de sugerir que a Lei de Retorno, que garante a cidadania israelense automática aos judeus, deve ser substituída. Na opinião dele, só uma democracia “secular” pode salvar Israel e dar-lhe um futuro viável. Mas esse ponto de vista ignora a Lei Básica de Israel,2 promulgada em 1992, e sua Declaração de Independência, que afirmam que os valores que permeiam as leis de Israel são, ao mesmo tempo, “judaicos e democráticos”. Aparentemente, Avishai e outros como ele desejam camuflar ou redefinir radicalmente o primeiro componente. Numa entrevista à revista Legal Affairs, Aharon Barak, presidente do Supremo Tribunal de Israel, manifestou sua opinião de que a conjunção e, na expressão judaicos e democráticos, significa que as normas legais deveriam ser compatibilizadas com o Judaísmo, se possível,
“proteção internacional” do Monte. Mas agora alguns líderes israelenses estão fazendo coro. Num artigo publicado na página de opinião do Wall Street Journal Online, em 22 de março de 2005, o viceprimeiro-miQualquer discussão sobre o Monte do Templo que conteste a legitimidade da reivindicação de Israel padece de grosseira nistro de Israel, amnésia histórica. Na foto: vista aérea do Monte do Templo. Shimon Peres, sugeriu que Israel, juntamente com um fumas não deveriam ser dominadas turo Estado palestino e com a Jorpor ele. dânia, fossem aceitos como Esse tipo de abordagem conci- membros da União Européia (UE). liatória pode comprometer seria- Peres afirmou que “a verdadeira mente qualquer futura alegação de grandeza” não está “num espaço Israel sobre seu direito superior ao geograficamente limitado”, mas sim Monte do Templo. “no domínio das idéias, que não tem fronteiras”; e apontou a UE como um exemplo dessa “visão” para o futuro de Israel. Para alguns, entretanto, essa “visão” parece mais um pesadelo. O professor Avishai também tem Imagine a perspectiva de ver Israel uma postura típica de muitos libe- tentando obter pleno reconhecirais, no que diz respeito a um outro mento, digamos, da França, da Aleaspecto. Em seu artigo, ele diz que manha ou da Turquia, que é candideseja que a comunidade interna- data a membro da UE. Além disso, cional administre os “locais sagra- o que há de errado em ter fronteidos” de Jerusalém. Por “locais sa- ras? Deus é geograficamente especígrados” entenda-se “Monte do fico quando se refere às fronteiras Templo”. Historicamente, os pales- de Israel (veja Deuteronômio 34.1tinos e os árabes muçulmanos têm 4; Josué 1.3-4). batido nessa mesma tecla. Em abril Quanto às Nações Unidas, o oude 2004, quando a polícia israelen- tro membro internacional do se entrou em choque com palesti- “quarteto” de negociadores da nos na mesquita de Al-Aqsa, no questão do Oriente Médio (formaMonte do Templo, a Organização do por EUA, UE, ONU e Rússia), da Conferência Islâmica (OIC) ela também não seria melhor que os pleiteou que a União Européia outros, no que se refere a reconhe(UE) e a ONU se encarregassem da cer a ligação da nação de Israel do
3. A Internacionaliza ªo do Conflito
Antigo Testamento com o Monte do Templo. A hostilidade da ONU em relação a Israel é notória. Basta rever todas as venenosas resoluções da ONU contra Israel para provar isso.
Conferindo o Tempo Existem inúmeros enredos possíveis envolvendo o Monte do Templo. Um deles seria o seguinte: a tendência de secularização reforça um crescente abandono da reivindicação do direito bíblico e histórico de Israel à posse do Monte. Conseqüentemente, as chances de Israel promover uma política oficial bemsucedida de controle do topo do Monte se tornam quase nulas. Esse cenário é coerente com a notícia veiculada em março de 2005 pela Israel National News de que uma pesquisa do Instituto Dahaf mostrava que somente 51 por cento dos judeus israelenses eram favoráveis ao controle exclusivo de Israel sobre o Monte do Templo. O próximo passo lógico seria o controle internacional do local. Entretanto, pela Convenção de Haia de 1954, administrada pela UNESCO (Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas), é proibido fazer escavações arqueológicas em “territórios ocupados”. Sem dúvida, a ONU e a UE consideram todos os territórios obtidos por Israel na guerra de 1967 (inclusive a Cidade Velha e o Monte do Templo) como “ocupados”. Assim, Israel seria impedido de realizar qualquer escavação que pudesse resolver definitivamente a intrigante questão quanto ao lugar exato do platô do Monte em que ficava o Templo de Herodes. Embora os arqueólogos venham discutindo essa questão há anos,
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sentido mais simbólico, mas desempenhar nesse grande drama. não foram usadas. Um professor de profecia bíblica Depois que Jesus saiu do me disse certa vez que, embora não Templo de Herodes e pre- possamos prever a hora exata no viu sua destruição (Mt grande relógio de Deus, certamente 24.1-2), Ele se sentou no podemos dizer de que modo o pênMonte das Oliveiras e dis- dulo está se movendo. E devemos correu longamente sobre o fazer isso com o máximo de energia final dos tempos. Ele disse a e compromisso para com a tarefa Seus discípulos que o “abo- que nos cabe. minável da desolação” preceAssim como fez Paulo, precisaderia a Grande Tribulação mos orar para que “Deus nos abra Haverá um futuro Templo judaico no Monte do que precisava ocorrer antes porta à palavra, a fim de falarmos do Templo? Muitos judeus ortodoxos oram e de Seu aparecimento glorio- mistério de Cristo” e nos capacite a esperam por ele, fazendo planos para que seja construído. Cristãos que crêem na Bíblia, como so (vv. 15,21). Todo mun- agirmos “com sabedoria para com os eu, que interpretam 2 Tessalonicenses 2.3-4 do concorda que já houve que são de fora”, aproveitando “as literalmente, também dizem que sim. Na foto: protótipos desse “abominá- oportunidades” (Cl 4.3,5). Fiéis do Monte do Templo com uma maquete do futuro Templo. vel”. O mais conhecido foi Não é hora de desfalecer ou desAntíoco Epifânio que, em maiar, mas sim de estarmos cheios 167 a.C., saqueou o tesou- de gratidão. Afinal de contas, é imro, profanou o Templo e possível observar o céu sem olhar parece que a estimativa de Leen dedicou-o a Zeus. Entretanto, Jesus para cima. (Israel My Glory) Ritmeyer é a mais próxima do con- estava se referindo claramente a um senso científico. Ritmeyer, um es- evento vindouro, que envolvia um Craig L. Parshall é advogado de sucesso em Washington, DC (EUA) e autor de vários lipecialista no Monte do Templo, Templo futuro e que precederia vros. afirma que o local do Templo está imediatamente a Grande Tribuladebaixo do Domo da Rocha, e que ção e Seu retorno. o Altar do Sacrifício está por baixo Onde esse Templo seria cons- Notas: 1. Publicado na revista Notícias de Israel do atual Domo da Cadeia. truído? O interessante é que parece 1/06. Haverá um futuro Templo judai- haver espaço suficiente no platô de 2. A Lei Básica de Israel funciona como sua Constituição não-codificada, já que Israel co no Monte do Templo? Muitos 93.000 metros quadrados para abrinão tem uma constituição formal, principalmente por razões religiosas, para que o gojudeus ortodoxos oram e esperam gar um Templo sem perturbar as verno não tivesse nenhum documento ofipor ele, fazendo planos para que se- mesquitas nem o Domo da Rocha. cial que pudesse considerar superior em termos de autoridade aos textos religiosos. ja construído. Cristãos que crêem E isso seria coerente com a propos3. Dicionário Internacional de Teologia do Nona Bíblia, como eu, que interpretam ta de “propriedade coletiva” dos invo Testamento, 4v. (São Paulo: Edições Vi2 Tessalonicenses 2.3-4 literalmen- ternacionalistas. Por outro lado, poda Nova), “templo”, pp. 542-554. te, também dizem que sim. Nessa dem ocorrer eventos surpassagem está escrito que “o homem preendentes que dêem a da iniqüidade, o filho da perdição”, se Israel o poder de controRecomendamos os livros assentará “no santuário de Deus, os- lar aquele local e, assim, .: Jerusalém no Centro do Furacão .: Herança Explosiva – Haverá Paz na Terra Santa? e tentando-se como se fosse o próprio construir um Templo. .: Israel – Prova da Fidelidade de Deus. Deus”. Esse ato marcará o pronto Independentemente Pedidos: 0300 789.5152 retorno de Jesus Cristo. disso, nós devemos inO uso lingüístico da palavra tra- terpretar esses “sinais duzida como “santuário” no versí- dos tempos” tendo três culo 4 corresponde ao mesmo ter- coisas em mente: (1) mo utilizado no Antigo Testamento Deus e Sua Palavra são para denotar a edificação material e fiéis, verdadeiros e infalíconcreta do Templo de Jerusalém.3 veis; (2) a vontade de Diferentes palavras poderiam ter si- Deus é suprema; e (3) do empregadas para conotar um nós temos um papel a
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Peter Colón
Não há obstáculos para Deus
E
m maio de 1994, o barulho dos gritos de comemoração dos árabes ecoava por toda a cidade de Jericó. Representantes dos Estados Unidos, Rússia, Egito e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) estavam reunidos no Cairo, capital do Egito. Intimidado e coagido, Israel cedeu a Faixa de Gaza e Jericó. A cessão fazia parte de um “acordo de paz” para acalmar seus inimigos. Bastou apenas o movimento da pena de uma caneta para abrir mão de uma cidade que tinha sido um presente de Deus para Israel.
Jericó foi um presente que carregava uma mensagem eterna: o Deus que, no século XV a.C., capacitou os israelitas a superarem o obstáculo aparentemente intransponível representado por Jericó continua sendo grande o bastante para resolver os problemas de hoje. As antigas ruínas da cidade ensinam três lições vitais que podem ajudar cada um de nós a enfrentar nossos próprios Jericós. Em primeiro lugar, só o Deus da Bíblia é todo-poderoso. Em segundo lugar, devemos confiar sempre em Deus, até mesmo quando Seus planos não fazem sentido para nós. Finalmente, Deus é misericordioso e cheio de graça. Essa surpreendente combinação de misericórdia e graça garante descanso e paz verdadeiros a todos os que nEle crêem.
Conta-se a história de um astrônomo que, ao concluir sua palestra sobre a Via Láctea, foi abordado por uma senhora que lhe fez a seguinte pergunta: “Se o nosso mundo é tão pequeno e o Universo é tão grande, podemos acreditar que Deus presta alguma atenção em nós?” O astrônomo respondeu: “Minha senhora, isso depende inteiramente do tamanho do Deus em que a senhora acredita”.1 Jericó era uma fortaleza assustadora. Militarmente, ela representava a porta oriental para a conquista de Canaã. Se a cidade pudesse ser tomada, o exército israelita poderia avançar para oeste, a partir do vale do Jordão, e dividir o país. Uma vez dividido o território, os israelitas poderiam destruir as resistências do sul, e depois as do norte. Mais de três mil anos depois, em 1917, o brilhante general britânico Edmund H. Allenby chegou à mesma conclusão e aplicou essa antiga estratégia. O resultado foi a libertação da terra de Israel, na Primeira Guerra Mundial. Jericó era, de fato, um obstáculo intimidante. Mas não era páreo para o Deus de Israel. Enquanto Josué estava “ao pé de Jericó”, provavelmente avaliando a situação, um homem apareceu com uma espada na mão (Js 5.13). O homem apresentou-se como “príncipe do exército do SENHOR” (v. 14). Sua aparição foi uma cristofania, uma aparição pré-encarnada da Segunda Pessoa do Deus Triúno, Jesus Cristo. Essa aparição também é chamada de teofania, uma manifestação visível de Deus. Josué prostrou-se imediatamente com o rosto em terra e o adorou, e recebeu ordem de tirar
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Sete sacerdotes, cada um carregando e soprando seu shofar (trombeta de chifre de carneiro), iam à frente da Arca da Aliança. No sétimo dia, toda a procissão marchou sete vezes em torno da cidade. Então, os sacerdotes sopraram longamente seus shofares, avisando os israelitas de que deveriam gritar com toda a força.
as sandálias dos pés. Aquele chão tinha se tornado santo por causa da presença de Deus (cf. Êx 3.4-5). Essa manifestação singular tinha o objetivo de ensinar duas verdades a Josué. Em primeiro lugar, Deus era o seu Comandante Supremo; portanto, cabia exclusivamente a Ele elaborar o plano para a conquista de Jericó. Josué reconheceu claramente sua submissão, como indica a pergunta que fez: “Que diz meu senhor ao seu servo?” (v. 14). Em segundo lugar, Josué deveria crer no poder e nos recursos ilimitados de seu Comandante Supremo. Como “príncipe do exército do SENHOR” (v. 15), seu Comandante tinha um número ilimitado de anjos que poderia convocar para a batalha. Somente o Deus da Bíblia é chamado de El Shaddai, “Deus Todo-Poderoso”. Esse nome significa que Ele é onipotente e pode fazer qualquer coisa que se-
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ja coerente com Sua própria natureza. As muitas jericós que nos impedem de entrar na posse das promessas que Deus nos fez não podem resistir a esse Deus onipotente. Hoje, a espada do Espírito é a Palavra de Deus (Ef 6.17), e o nosso Comandante Supremo ainda é Deus, que veio em carne – Jesus Cristo. Somente a Ele foi entregue todo o poder (Mt 28.18). Portanto, nossa vitória já está assegurada. Só Ele salva e guarda (Hb 12.2). Jesus continua fazendo nos dias de hoje o que fez por Josué: “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” (Hb 13.8).
Estratégia para a batalha espiritual O ataque a Jericó não seria feito com as armas de guerra comuns, como aríetes e escadas. Em vez disso, por seis dias o exército marchou silenciosamente em volta da cidade, uma vez por dia. Sete sacerdotes, cada um carregando e soprando seu shofar (trombeta de chifre de carneiro), iam à frente da Arca da Aliança. No sétimo dia, toda a procissão marchou sete vezes em torno da cidade. Então, os sacerdotes sopraram longamente seus shofares, avisando os israelitas de que deveriam gritar com toda a força: “Gritou, pois, o povo, e os sacerdotes tocaram as trombetas. Tendo ouvido o povo o sonido da trombeta e levantado grande grito, ruíram as muralhas, e o povo subiu à cidade, cada qual em frente de si, e a tomaram” (Js 6.20). Essa foi uma estratégia estranha que jamais apareceria em nenhum manual militar. Mas ela reforçou a fé que Josué depositava em Deus. Para tornar mais fácil para Josué confiar nEle, Deus lhe disse: “Olha,
entreguei na tua mão Jericó, o seu rei e os seus valentes” (Js 6.2). Talvez Deus quisesse que Josué se lembrasse de outra ocasião, cerca de quarenta anos antes, quando Moisés estava de pé diante do Mar Vermelho e disse aos israelitas: “Não temais; aquietai-vos e vede o livramento do SENHOR que, hoje, vos fará; porque os egípcios, que hoje vedes, nunca mais os tornareis a ver. O SENHOR pelejará por vós, e vós vos calareis” (Êx 14.13-14). A batalha já estava ganha. Só era necessário crer nisso e marchar adiante com fé. A batalha espiritual não pode ser travada na carne. É preciso combater no poder do Espírito de Deus (Zc 4.6). Para vencermos, é preciso confiar no poder de Deus e depender de toda a armadura de Deus para podermos permanecer firmes (Ef 6.10-18). Esse princípio contraria a tendência natural do coração e da mente humana. Entretanto, Deus nos adverte para não nos apoiarmos no nosso próprio entendimento (Pv 3.5-6). Devemos confiar em Deus até mesmo quando Seus planos parecem não fazer sentido. A promessa é verdadeira. A vitória que vence as dificuldades deste mundo caótico começa em Jesus, o Filho de Deus, e na fé que temos nEle (1 Jo 5.4-5). “Pela fé, ruíram as muralhas de Jericó” (Hb 11.30). Um autor anônimo escreveu: Confia nEle quando a dúvida te assaltar, Confia nEle quando a força esmorecer, Confia nEle quando apenas confiar, For a coisa mais difícil de fazer. Confia nEle, pois fiel é a Sua luz, Confia nEle, pois bem isso te faz, Confia nEle, pois o coração de Jesus, É o teu único lugar de paz.
Uma demonstração de fidelidade Jericó foi uma vitrine para a fidelidade de Deus. O Senhor cumpre Suas promessas. Os antigos rabinos ensinavam: “Se Israel não tivesse pecado, só a Torá (os cinco livros de Moisés) e o livro de Josué teriam sido entregues por Deus” (Talmude, Nedarim 22b). Na visão deles, a Torá falava da promessa, e Josué do seu cumprimento. Entretanto, Israel não perseverou na fé que começou em Jericó. Porém, as ternas misericórdias de Deus estão sobre todas as suas obras (Sl 145.9). Existe ainda outro antigo ditado judaico que afirma: “O Todo-Misericordioso faz pender a balança do juízo para o lado da misericórdia” (Tosefta: Sinédrio, 13.3). Em meio ao juízo e à destruição, a mulher cananéia Raabe achou misericórdia. Na época do Antigo Testamento, o conceito de misericórdia de Deus era fonte de grande conforto (Sl 40.11; Sl 119.77). De fato, um dos refrões mais populares da antiga liturgia judaica era “porque a sua misericórdia dura para sempre” (Salmos 136). No Novo Testamento, o equivalente da misericórdia é a graça. Jesus Cristo veio para salvar os indivíduos do poder do pecado, dar-lhes a vida eterna e capacitar os crentes
A Arqueologia Confirma que as Muralhas Ruíram Em 1997, dois arqueólogos italianos contratados pelo Departamento de Arqueologia Palestino fizeram escavações na antiga cidade de Jericó durante um mês. As conclusões deles não causaram surpresa, considerando-se quem os havia contratado: não há nenhuma evi-
a viverem uma vida abundante (Jo 10.10). Somente nEle há verdadeira misericórdia e graça. A batalha em Jericó ensina que, embora possamos enfrentar algumas jericós na nossa vida pessoal, a vitória não depende da nossa própria força, mas sim do poder, da fé, da misericórdia e da graça de Deus. O mesmo Deus que capacitou os israelitas a vencerem o obstáculo aparentemente intransponível de Jericó continua operando através de Sua misericórdia e graça em nossa vida. Ele é grande o bastante para qualquer desafio: É bem melhor que Ele escolha Qual o caminho a trilhar; Se a Ele entregarmos a vida, Sem erro há de nos guiar. Em nossa cegueira profunda, Nunca iríamos escolher A senda escura e fatigante. Por isso, sempre devemos dizer: Para mim Deus é o bastante”.2 Acredita-se que Jericó seja uma das cidades mais antigas do mundo. Por ironia, Jericó, juntamente com a Faixa de Gaza, foi o primeiro território dado por Israel aos “palestinos”, como parte do acordo de paz de 1994. O falecido Yasser Arafat, então presidente da OLP, tinha uma casa na área de Jericó. É muito triste que Israel tenha sido forçado a entregar uma cidade
dência que corrobore a conquista de Jericó pelos judeus. Entretanto, informações reunidas em escavações anteriores não só contradizem essa afirmação como ainda comprovam a veracidade de Josué 6. Josué enviou dois espias para obter informações sobre a terra de Canaã – e sobre Jericó, em particular (Js 2.1). Ao retornarem, eles devem ter dito a Josué que Jericó esta-
com uma herança tão sagrada e cheia de simbolismo. Contudo, apesar das circunstâncias atuais, as lições de fé, certeza e confiança na misericórdia de Deus ainda emanam do antigo monte. As meditações de Samuel Rutherford, um sacerdote escocês do século XVII, são bastante úteis e práticas: Deveres são nossos; eventos são de Deus; quando a nossa fé começa a se intrometer nos eventos, a querer administrar a Providência Divina e a dizer: “Como Tu farás isso ou aquilo?”, perdemos terreno; isso não é da nossa conta; o que nos cabe é deixar o Todo-Poderoso fazer Seu trabalho e dirigir Seu reino; não há nada mais para nós fazermos, exceto ver como podemos ser aprovados por Ele, e como podemos lançar o peso de nossas fracas almas sobre Ele, que é o Deus Onipotente.3 (Israel My Glory) Peter Colón é o diretor de The Friends of Israel para os Estados do Sudeste dos EUA.
Notas: 1. Paul Lee Tan, ed., “1986: How Big a God You Have?” Encyclopedia of 7.700 Illustrations (Rockville, Md.: Assurance Publishers, 1979), p. 505. 2. Tan, “6933: The God Who is Enough”, 1, 526. 3. Samuel Rutherford, citado por Ruth Bell Graham em Prodigals and Those Who Love Them (Colorado Springs: Focus on the Family Publishing, 1991), p. 106.
va situada no centro de um amplo e belo bosque de palmeiras que cobria cerca de trinta e cinco mil metros quadrados. Uma enorme barragem de terra, cuja base tinha imensos muros de contenção feitos de pedra, cercava a cidade inteira. Em cima do aterro, erguia-se uma colossal muralha de tijolos de barro com cerca de quinze metros de altura. As casas eram,
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de fato, construídas sobre essas espessas muralhas maciças. Foram feitas descobertas arqueológicas extraordinárias em Jericó. A Bíblia diz que as muralhas “ruíram” (Js 6.20. Lemos em outra versão: “caiu o muro rente com o chão”). Em 1997, foram encontradas pilhas de tijolos de barro da muralha, confirmando que os muros da cidade não foram destruídos por um aríete, mas desmoronaram. A Bíblia também diz que a cidade e tudo o que havia nela foram queimados (v. 24). Uma camada de cinzas de quase um metro de espessura, contendo restos de madeira queimada e escombros, foi encontrada. O mais interessante para os escavadores é que Jericó não mostrava sinais de ter sido saqueada. Os israelitas tinham ordens expressas de não tomar nada da cidade (v. 18). Em meio às ruínas das construções foram encontrados muitos
jarros grandes cheios de cereais chamuscados. Normalmente, os conquistadores da Antigüidade levavam os cereais como presa de guerra. Mas não em Jericó. A presença daqueles grãos também indicava que a cidade não esteve sitiada por muito tempo. Se isso tivesse acontecido, os cereais teriam acabado. Entretanto, a descoberta mais extraordinária estava no lado norte da cidade. A muralha e as casas construídas junto dela estavam preservadas. Quando os espias chegaram à cidade, uma prostituta cananéia chamada Raabe os escondeu (Josué 2). Em contrapartida, ela pediu para ser poupada, juntamente com sua família. Foi dito a Raabe que reunisse sua família e ficasse dentro de casa durante o ataque. Os israelitas a resgataram e sua casa foi poupada. Será que sua casa estava localizada no lado norte?
A pomba selvagem tem seu ninho – A raposa seu covil – O homem, seu país – Israel, somente o túmulo. –Lord Byron, “Oh! Weep for Those”, em Hebrew Melodies.
Diante da situação no Oriente Médio, as palavras do poeta são assombrosamente proféticas. Elas não apenas repetem refrões dos antigos profetas de Israel, como também ecoam o Holocausto, os pogroms* e o perpétuo anti-semitismo que leva legiões alucinadas a buscarem a aniquilação de Israel e do povo judeu. Os políticos podem discutir acaloradamente a futura dimensão, forma e distribuição do Estado de Israel, mas poucos se dão conta da magnitude
* Movimentos populares de violência contra os judeus.
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Todos esses dados revelados pelas pás dos escavadores confirmam a veracidade do relato bíblico. (Peter Colón) Fortificação em Jericó com trincheira atravessando a muralha.
das concessões que estão dispostos a fazer em troca daquilo que entendem como paz. Na realidade, Israel só tem dois caminhos viáveis: a sobrevivência, tendo determinação e força suficientes para repelir os ataques que certamente virão, ou a rendição, que significaria ter que vagar novamente como um povo despojado e disperso num ambiente internacional cada vez mais hostil. Se você acha essa análise muito dramática ou pessimista, veja só o que dizem os inimigos de Israel. Num sermão pregado em maio de 2005 e transmitido pela televisão nacional palestina, o imã Ibrahim Mudayris afirmou que os judeus são tão maus que não podem ser subjugados como os cristãos. Sendo assim, eles têm de ser mortos: Israel é um câncer que se espalha no corpo da nação islâmica; porque os judeus são um vírus semelhante à AIDS, do qual todo o mundo está sofrendo [...]. Chegará o dia em que dominaremos a América, a Grã-Bretanha, dominaremos o mundo inteiro, menos os judeus [...]. As pedras e as árvores exigirão que os muçulmanos dêem cabo de todos os judeus.1 A virulência de Mudayris é típica dos “parceiros” palestinos de Israel no processo de “paz”. É inconcebível que existam líderes ocidentais que pensam que podem transformar terroristas ainda empenhados na destruição de Israel em respeitáveis ativistas políticos nãoviolentos. É como se as folhas corridas do Hamas, da Jihad Islâmica e da Brigada dos Mártires de Al-Aqsa não significassem nada. Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, trabalhou durante muito tempo para conseguir que esses terroristas dissessem as coisas certas. Não importa que eles se recusem a depor as armas e a parar com as ameaças de mandar pelos ares todo o processo de paz, ca-
so não fiquem satisfeitos com o grande número de concessões feitas a eles. Não importa que eles continuem aumentando seu estoque de armamentos, não parem de lançar mísseis e mantenham as missões suicidas. Num ambiente global cheio de retórica, vazio de memória e negligente na hora de pesar as conseqüências, fazer promessas sem ter a intenção de cumpri-las parece ser uma prioridade. Todo negociador deveria refletir sobre as conseqüências de sacrificar uma possibilidade futura para obter um resultado imediato. Se as concessões imprudentes e as soluções paliativas falharem e acabarem servindo para encorajar os inimigos de Israel a continuarem com seus ataques, os frustrados políticos internacionais podem ir embora sem sofrer as conseqüências. Mas os israelenses terão que conviver com elas. Israel não pode se fiar em estrangeiros para encontrar soluções eficientes e duradouras para seus problemas. Entretanto, pode contar com a animosidade constante de seus inimigos, com seu fanatismo político-religioso e com sua convicção obsessiva de que a aniquilação do povo judeu e de seu Estado é o supremo ato de devoção a Alá. Você poderia perguntar por que as pessoas que detêm o poder de decisão no mundo da política secular parecem não entender, ou preferem ignorar, o papel fundamental que a religião desempenha nesse conflito. Talvez um dos motivos seja o fato de que a fé não tem papel dominante no pensamento dessas pessoas, pelo menos no que se refere a questões internacionais. A secularização remodelou de tal maneira a vida pública que ignorar o óbvio é a atitude mais natural e politicamente correta. Por essa razão, é indispensável que indivíduos com uma visão mais
abrangente da realidade global participem do processo de paz. Quando se trata de Israel e do Islã, nenhum outro grupo, além dos próprios israelitas e da comunidade judaica conservadora, tem melhor compreensão da realidade do que os cristãos evangélicos sionistas. Entretanto, os secularistas liberais fazem de tudo para eliminar os pontos de vista dos evangélicos e para ridicularizar a própria idéia de sua participação no processo de paz. Os evangélicos engajados compreendem o que está em jogo e sabem as razões ocultas que tornam inaceitáveis as concessões envolvendo assuntos essenciais, como, por exemplo, a garantia de condições de defesa das fronteiras. A sobrevivência de Israel não é opcional. Israel não tem, nem jamais terá “somente o túmulo”. As palavras ditas pelo filósofo Eric Hoffer, em 1968, ainda são verdadeiras: Tenho uma premonição que não me deixa: o que acontecer com Israel, ocorrerá conosco. Se Israel perecer, o holocausto virá sobre nós. Os evangélicos que conhecem a Bíblia e a história sabem que Hoffer tinha razão. (Israel My Glory) Nota: 1. “Oprah’s Mag Misses the Mark”. Disponível em: www.honestreporting.com/articles/45884 734/critiques/Oprahs–Mag–Misses–the–Mark.asp.
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O legado de Simon Wiesenthal
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m homem dedicado a décadas de luta e responsável por uma herança indelével na história, Simon Wiesenthal, morto em setembro de 2005, aos 96 anos, dedicou sua vida à busca por justiça e à defesa dos direitos e da dignidade humana. Sua fama de “caçador de nazistas” percorreu o planeta, assim como sua mensagem universal para o futuro, sobre a importância de preservar a memória do Holocausto, combater o ódio e evitar novos genocídios no mundo. Com o falecimento de Wiesenthal, um sobrevivente do Holocausto, foi-se um símbolo e um porta-voz da batalha por não esquecer horrores do passado e por impedir sua repetição no futuro. “Eu me lembro intensamente de quando conheci Simon Wiesenthal em maio de 1997, em Viena, bem no começo de meu primeiro mandato como secretário-geral [da ONU]”, relatou Kofi Annan em seu discurso, numa homenagem em Nova York, dias depois da morte do “caçador de nazistas”. “Embora ele tivesse uma idade bastante avançada, fiquei marcado pela tremenda energia com que levava adiante seu trabalho. Impressionou-me também sua capacidade de manter em sua mente, ao mesmo tempo, memórias de um passado terrível e esperanças por um futuro melhor”. As palavras de Kofi Annan me soaram muito familiares. Também me lembro claramente do momento em que ouvi, pela primeira vez, a voz de Wiesenthal. Falávamos ao telefone,
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quando ele me perguntou: “Você consegue chegar a Viena na quinta-feira?”. Respondi sim, de imediato. Corria o ano de 1992 e eu morava em Moscou, onde trabalhava como correspondente da Folha [de São Paulo]. Obtive o telefone do Centro de Documentação Judaica, quartel-general da luta de Wiesenthal na capital austríaca, e disquei o número. Uma secretária atenciosa, depois de eu me apresentar, passou o telefone ao “caçador de nazistas”. Sua proposta de nos reunirmos na Áustria, dentro de poucos dias, soou como música para mim. Mal desliguei, passei a arrumar a mala e a preparar a logística da viagem. Em meio à intensa cobertura da desintegração do império soviético, decidi tentar entrevistar Wiesenthal. Fui guiado não apenas pela sensibilidade jornalística. Não tinha dúvidas sobre o interesse que a conversa despertaria e sobre o espaço que esta obteria no jornal. Ganhou uma página inteira na nobre edição dominical. Queria conversar com Wiesenthal para ter sua orientação e, sobretudo, inspiração para como lidar pessoalmente com uma sensação inédita para mim: a proximidade, muito intensa e concreta, de lembranças do Holocausto e da II Guerra Mundial, por conta de minha vivência em Moscou e em regiões da Europa oriental. Claro que tinha uma forte noção dessa tragédia histórica, por meio de relatos familia-
res e de estudos, mas era diferente entrar em contato mais direto com as marcas do passado naquele cenário europeu. Pude, por exemplo, ter acesso e manusear os livros de registro de prisioneiros de Auschwitz, que estavam em arquivos soviéticos recém-abertos. Era impressionante e horripilante ver a maneira metódica como os nazistas tratavam suas vítimas. Em outra reportagem, acabei conhecendo – e me tornando amigo pessoal – do general Vassily Petrenko, um dos comandantes do Exército Vermelho que libertaram o campo de extermínio de Auschwitz. Visitei também Babi Yar, uma ravina em Kiev, capital da Ucrânia, onde os nazistas assassinaram milhares de judeus. Conviver com os russos de idade mais avançada significava ouvir as experiências trágicas impostas pela II Guerra Mundial. Também fui envolto por reminiscências daquele período quando realizei uma viagem por exrepúblicas soviéticas, em busca de in-
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Horizonte formações sobre meus antepassados, e para conhecer terras de onde vieram meus avós. Em solo bielorrusso, mais precisamente na região de Pinsk, localizei a casa onde, durante a guerra, havia morado um primo de meu avô, que se instalou posteriormente em Israel. Naquela construção humilde, vivem hoje camponeses cristãos que, de início, receberam a mim e a meus pais com muita desconfiança. Quebrado o gelo inicial, demonstraram hospitalidade. Um de meus anfitriões levou-me para dar uma volta pelo vilarejo e, quando passávamos por um terreno bastante irregular, ele me avisou: “Caminhe com mais cuidado, estamos sobre uma vala comum onde os nazistas enterravam suas vítimas”. Todas essas experiências intensificaram em mim a já existente sensação de comprometimento com os esforços para preservar a memória do Holo-
Um grupo de crianças em Auschwitz.
causto e de comprometimento, também, com as iniciativas por justiça e por combate ao ódio e a genocídios. Conhecer Wiesenthal se tornou imperioso. Entrei no acanhado Centro de Documentação Judaica de Viena e logo fiquei impressionado com as pilhas de livros e documentos que dominavam aquelas três salas. O espaço escasso era ainda dividido por Wiesenthal e uma equipe de três funcionários. Na rua, o quartel-general era denunciado apenas pela presença de um policial armado à porta do prédio. A proteção era conseqüência de uma bomba que havia explodido em junho de 1982 à porta da casa de Wiesenthal. O autor do ataque, um alemão, acabou preso e condenado a cinco anos de prisão. Também foram detidos vários neonazistas austríacos envolvidos no atentado. Quando ouvi as palavras de Kofi Annan sobre Wiesenthal, lembrei que eu havia guardado a mesma impressão do “caçador de nazistas”: um dínamo de vitalidade e de lucidez, apesar da idade avançada. Mesmo depois de ter completado 90 anos, Wiesenthal freqüentava seu local de trabalho diariamente, com uma impecável pontualidade. O trabalho, no entanto, havia mudado. Em vez de mergulhar nas investigações que o mobilizaram durante décadas e resultaram na prisão de mais de mil criminosos de guerra, Wiesenthal passou a se dedicar, num sinal dos tempos, a passar seu rico e vasto arquivo para o computador. Wiesenthal nasceu em 31 de dezembro de 1908, em Buczacz, na região da cidade de Lvov, hoje parte ocidental da Ucrânia. O anti-semitismo modelou muitos momentos de sua juventude, como quando tentou ingressar no Instituto Politécnico
de Lvov. Foi barrado por conta das cotas impostas a estudantes judeus. Mas conseguiu se formar engenheiro pela Universidade Técnica de Praga, em 1932. Quatro anos mais tarde, casouse com Cyla Mueller e passou a trabalhar num escritório de arquitetura, em Lvov. A cidade, um importante pólo da vida judaica na Europa oriental, foi ocupada pelos soviéticos em 1939, após Hitler e Stalin, por meio de um pacto de não-agressão, decidirem dividir a Polônia de então. Com a chegada dos comunistas, começaram os expurgos de “elementos burgueses e contra-revolucionários”. O padrasto e o irmão de Wiesenthal foram vítimas da perseguição. O jovem arquiteto teve de fechar seu negócio e trabalhar numa fábrica. Conseguiu escapar da deportação para a Sibéria, junto com sua mulher e mãe, ao subornar um comissário da NKVD, antecessora da famigerada KGB. Em 1941, após Hitler romper o pacto de não-agressão com a URSS, os nazistas chegaram a Lvov. Um novo pesadelo se abateu sobre os Wiesenthal. A mãe de Simon, em agosto de 1942, foi enviada ao campo de extermínio de Belzec. Já em setembro daquele ano, uma trágica constatação: os nazistas haviam assassinado a maioria dos familiares de Simon e de sua mulher. No total, 89 integrantes da família foram massacrados. Cyla sobreviveu graças a um acordo de Simon com a resistência polonesa. O arquiteto fez e entregou mapas, úteis para operações de sabotagem, dos entroncamentos das estradas de ferro. Em troca, sua mulher recebeu documentos falsos, transformando-a na polonesa “Irene Kowalska”, que viveu em Varsóvia dois anos, depois de ser retirada do campo de concentração com ajuda da resistência. Simon Wiesenthal passou por diversos campos de concentração. Foi libertado em 5 de maio de 1944, quan-
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Horizonte ram para o Instituto Yad Vashem, em Jerusalém. No entanto, no ano anterior, Wiesenthal havia recebido uma informação sobre o paradeiro de Adolf Eichmann, o coordenador da “Solução Final”. Ele vivia, sob nome falso, em Buenos Aires, e não em Damasco, Adolf Eichmann durante seu julgamento em Jerusalém. como muitos acreditavam. O “caçador de nazistas” passou a informado as tropas norte-americanas chega- ção a Israel. Agentes israelenses capram a Mauthausen, na Áustria. Sua turaram Eichmann em solo argentino, saúde era extremamente precária. Es- em 1960, e levaram-no a julgamento tava à beira da morte. em Israel. Foi enforcado em 31 de No final de 1945, Simon e Cyla se maio de 1961. reencontraram. Ambos achavam que “Busco justiça, não vingança”, coso outro cônjuge tinha morrido. No ano tumava dizer Wiesenthal. Sobre sua seguinte, nasceu Pauline, filha do ca- motivação, ele afirmava: “Quando a sal. Saúde restaurada e família rees- história olhar para trás, quero que as truturada, Simon Wiesenthal mergu- pessoas saibam que os nazistas não lhou na tarefa de recolher provas so- puderam matar milhões de pessoas e bre as atrocidades nazistas para ficar impunes”. Ele também escreveu serem usadas nos julgamentos de cri- o seguinte: “Sobreviver é um priviléminosos de guerra. Também se dedi- gio que significa obrigações. Estou cou a ajudar sobreviventes e refugia- sempre perguntando a mim o que dos em solo europeu. posso fazer por aqueles que não soEm 1947, após encerrar sua cola- breviveram. A resposta que achei paboração com os norte-americanos, ra mim (e que não precisa necessaWiesenthal e mais 30 voluntários cria- riamente ser a mesma para todo soram o Centro de Documentação Histó- brevivente): eu quero ser seu rica Judaica em Linz, na Áustria, tam- porta-voz; quero manter sua memóbém com o intuito de recolher evidên- ria viva e assegurar que os mortos cias e informações sobre o nazismo e sobrevivam naquela memória”. seus seguidores. O trabalho incansáEncorajado pela captura de Eichvel daqueles idealistas foi duramente mann, Simon Wiesenthal decidiu reagolpeado pelo acirramento da Guerra brir o Centro de Documentação JudaiFria, já que Washington e Moscou, ca, agora em Viena. Na lista dos quamobilizadas na sua disputa, demons- se 1,1 mil criminosos de guerra que travam cada vez menos interesse em ele levou à Justiça, está, por exemplo, perseguir criminosos de guerra. O Karl Silberbauer, responsável pela pricentro de Linz acabou fechando, em são da menina holandesa, Anne 1954, quando seus arquivos migra- Frank. Em 1963, quando localizado, o
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ex-homem da Gestapo trabalhava na polícia austríaca. Os tentáculos de Wiesenthal chegaram ao Brasil, com a captura de Franz Stangl, que foi comandante dos campos de concentração de Sobibor e Treblinka, na Polônia. A investigação durou três anos. Stangl foi extraditado para a Alemanha em 1967 e, condenado à prisão perpétua, morreu no cárcere. Outro caso célebre ocorreu em solo norte-americano. Certa feita, Wiesenthal foi aos Estados Unidos para divulgar o lançamento de seu livro de memórias. Na viagem, anunciou ter localizado, em Nova York, Hermine Ryan, que supervisionou a matança de centenas de crianças no campo de Majdanek. Extraditada para a Alemanha em 1973, foi julgada e condenada à prisão perpétua. Em 1977, foi criado o Centro Simon Wiesenthal, organização judaica que se transformou em referência internacional nos esforços para preservar a memória do Holocausto, defender direitos humanos e promover ações contra racismo, anti-semitismo, genocídio e terrorismo. Conta com mais de 400 mil famílias como filiados, mantém sua sede em Los Angeles e escritórios em Nova York, Toronto, Miami, Jerusalém, Paris e Buenos Aires. A obra de Wiesenthal, portanto, continua. Prosseguem buscas por criminosos de guerra. Reforçam-se as iniciativas por organizar e divulgar informações relativas às causas que modelaram a ação de uma das figuras mais marcantes das últimas décadas. Simon Wiesenthal morreu em 20 de setembro de 2005, enquanto dormia em seu lar, em Viena, e foi enterrado em Herzlya, Israel. (Jaime Spitzcovsky – extraído de www.morasha.com.br)
O jornalista Jaime Spitzcovsky é editor do site www.primapagina.com.br. Foi editor internacional e correspondente em Moscou e em Pequim.
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Horizonte
Benjamin Netanyahu é o novo líder do Likud Benjamin “Bibi” Netanyahu tornouse o novo líder do Likud, após a saída de Ariel Sharon. Netanyahu, de 56 anos, foi primeiro-ministro de Israel entre 1996 e 1999. Ironicamente, seu governo caiu devido a elementos da direita israelense que hoje esperam elegê-lo. Os que tiraram Netanyahu da liderança do país fizeram isso em represália por causa de acordos que assinou com o então líder palestino, Yasser Arafat. Após sua derrota eleitoral em 1999 para o trabalhista Ehud Barak, Netanyahu renunciou imediatamente ao cargo e deixou a presidência do Likud nas mãos de Ariel Sharon. Este derrotou Ehud Barak e se tornou um dos mais populares líderes na história do Estado de Israel. Analistas políticos consideram que Netanyahu cometeu, na época, o maior erro de sua carreira política, pois desde sua renúncia, ele nunca – apesar de ter tentando várias vezes – conseguiu recuperar espaço diante da popularidade e experiência política de Sharon. Netanyahu é hoje, novamente, o líder do Likud, mas as pesquisas em Israel não mais favorecem seu partido. A maioria da população – incluindo eleitores tradicionais dos parti-
dos Likud e Trabalhista – apóiam Ariel Sharon e seu novo partido, o “Kadima”, que inclui o veterano trabalhista Shimon Peres. Netanyahu se declara um verdadeiro representante da direita política de Israel. Afirma também que Ariel Sharon tomou posições políticas que se assemelham às dos trabalhistas. O ex-primeiro-ministro promete que não dará os territórios da Judéia e Samaria (Cisjordânia) aos palestinos e que não haverá um Estado palestino enquanto houver terrorismo contra Israel. Netanyahu foi ministro das Finanças no governo de Sharon, mas renunciou, devido a sua oposição ao plano de desligamento da Faixa de Gaza e do norte da Cisjordânia. Muitos consideram isso um segundo grave erro político de Netanyahu, pois a maioria da população israelense apoiava o plano de Sharon. O ex-primeiro-ministro foi deputado no Parlamento israelense pelo Likud durante quatro mandatos. Foi também porta-voz da delegação israelense na Conferência de Madri (1991), onde suas habilidades comunicativas o ajudaram a se tornar mais proeminente dentro de seu partido. Netanyahu é
O doce sabor do “sabra” O termo “sabra” costuma ser utilizado para definir os indivíduos nascidos em Israel. No entanto, é também o nome, em hebraico, de uma fruta da família das cactáceas, abundante no Go-
lã, assim como no resto de Israel. E, por ser espinhosa por fora e muito doce por dentro, tornou-se a metáfora perfeita para definir o caráter do israelense: áspero e resistente em seu exterior, mas ex-
um grande orador, fala a língua inglesa perfeitamente e é freqüentemente convidado para participar de “talkshows” nos Estados Unidos, principalmente no programa Larry King Live da CNN, transmitido para inúmeros países. Além de primeiro-ministro, Netanyahu foi também embaixador de Israel em Washington (1984-1988), vice-ministro das Relações Exteriores (19881991), vice-ministro no Escritório do Primeiro-Ministro (1991-1992) e presidente do Likud e da oposição (19921996). Após um intervalo de três anos a partir de 1999, Netanyahu voltou à vida política no final de 2002 como ministro das Relações Exteriores de Sharon. Em 2003, tornou-se ministro das Finanças. Fez um trabalho brilhante, ajudando a tirar Israel da pior crise econômica de sua história. (extraído de www.morasha.com.br)
Benjamin “Bibi” Netanyahu.
tremamente terno em seu coração. Nas décadas de 1930 e 1940, na então Palestina, o termo “sabra” passou a ser usado para indicar todos os nascidos ou criados nos kibutzim sionistas. Seu uso foi popularizado pelo jornalista Uri Kesari, no ensaio “Somos as Folhas do Sabra” (1931). Um ano após a publicação do texto, a pa-
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Horizonte e criativos. E, como as plantas do sabra que crescem de maneira selvagem, são fortes, resistentes e vigorosas – assim eram os pioneiros de outrora e os “sabras” deste início de século XXI. Foi justamente na Terra de Israel que o “velho judeu” da Diáspora européia, despojado à força de suas raízes, escorraçado e fragilizado, transformou-se no “novo judeu”, saudável, forte, prepa-
Sabra é uma fruta da família das cactáceas, abundante no Golã, assim como no resto de Israel. E, por ser espinhosa por fora e muito doce por dentro, tornou-se a metáfora perfeita para definir o caráter do israelense: áspero e resistente em seu exterior, mas extremamente terno em seu coração.
lavra já estava na boca de todos, adotada por inúmeras comunidades locais e na Diáspora. Com a criação do Estado de Israel, o termo passou a ser usado como um adjetivo pátrio “mais coloquial” para identificar todos os nascidos no Estado Judeu. É facil entender por que “sabra” é uma metáfora adequada para descrever os pioneiros das primeiras aliot (imigrações). Idealistas, destemidos e determinados, prontos a enfrentar as maiores dificuldades em favor do sonho, eles eram protegidos por um exterior duro, resiliente e resistente, que lhes permitia sobreviver apesar das difíceis condições na então Palestina. Mas eram, no âmago, doces, sensíveis
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rado para se defender e, acima de tudo, profundamente arraigado na Terra, há milênios prometida a seus ancestrais. Ao contrário do que se possa imaginar, apesar de serem muito comuns em Israel, as figueiras-da-índia – ou tzabar matsui – não são plantas originárias de Israel nem do Oriente Médio. Nativas das áreas semi-desérticas do México, foram levadas para a Eu-
ropa pelos exploradores espanhóis e, em seguida, para a África pelos mouros, espalhando-se pelo Império Otomano no século XIX. Chamado de tzabar em árabe – o termo foi incorporado ao hebraico pelo pioneiros – o opuntia ficus-indica cresce geralmente em zonas planas e, devido à sua capacidade de sobreviver em clima árido e semi-árido, por suas amplas reservas de água no caule, adaptou-se com facilidade às condições climáticas de Israel e do Mediterrâneo, sendo atualmente uma das espécies mais comuns na região. De fácil identificação por seu caule grosso com grandes abas, ele floresce em uma enorme variedade de cores. Seus frutos deliciosos, mas cheios de espinhos, são também conhecidos como “pera espinhosa” ou “pera-cacto”. Durante anos, essas cactáceas foram usadas como cercas naturais. Atualmente, são um importante produto da pauta de exportações agrícolas de Israel, tendo sido desenvolvidas novas espécies, livres de espinhos. A fruta é muito apreciada não apenas nesse país, mas também no mercado internacional, principalmente o europeu. Possui baixo teor de gordura, é pouco calórica e rica em fibras e carboidratos. A planta, útil no combate à desertificação, possui grande potencial como ração alimentar. Suas propriedades medicinais também são variadas. É utilizada na redução de inflamações prostáticas e no controle do diabetes e do colesterol. Sua seiva, usada como cicatrizante, tem eficácia comprovada em queimaduras. Já no século XVII, médicos judeus atribuíam grande valor medicinal à planta. Rabi Chaim Vital (1543-1620) – importante discípulo do mestre cabalista Rabi Isaac Luria – incluía o sabra entre as drogas medicinais de seu tempo e o prescrevia para combater dores ciáticas. Os judeus do Iêmen, por exemplo, usavam-no para tratar dores lombares. (extraído de www.morasha.com.br)
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Horizonte
A Bíblia ou as tradições? Há algum tempo recebi uma agradável visita de quatro homens que se consideravam muito piedosos. Eles criam que lutavam pela justiça e pela honra e, por onde passavam, distribuíam folhetos entitulados “A Luta”. Contra quem eles estavam lutando? Contra nós! Eles vieram à minha residência não porque sabiam quem eu era, mas porque iam de casa em casa, advertindo as pessoas para que não tivessem contato com os judeus que crêem em Cristo. Nossa moradia está aberta a todos. Recebemos bondosamente as pessoas da forma mais amigável que podemos, mesmo quando sabemos que os visitantes não simpatizam conosco. Oferecemos-lhes alguma coisa para comer e beber e os tratamos com muito carinho. Essa hospitalidade é o que o Senhor espera de nós e ensina na Sua Palavra. Por isso os convidamos com prazer para que entrassem. Depois que terminaram de desfrutar do lanche, um deles me perguntou: “Poderíamos ter uma conversa agradável?” Eu já havia visto seus folhetos e, portanto, sabia sobre o que eles queriam falar. Na realidade, estava esperando pacientemente que começassem essa discussão. Não é todo dia que se
Zvi (à esquerda) no local do campo de concentração de Treblinka.
tem a oportunidade de conversar com pessoas assim e, principalmente, na comodidade da própria casa. “Nós estamos lutando pela santificação do santo nome”, explicou-me um deles. “Como pode dizer que você é santo?”, perguntei, “se vocês estão ensinando o ódio contra os que não crêem como vocês? Nós sabemos que no Senhor não há ódio, somente amor. Está escrito claramente que devemos servir uns aos outros com amor, e não com ódio”. Agora começaram a olhar-me de maneira diferente. “De onde você aprendeu todas essas lindas palavras?”, perguntaram-me. “Creiam-me, eu não as aprendi nos muitos comentários que vocês lêem. Estou falando sobre fé. Mas se vocês não têm fé na Palavra de Deus, então devem viver pela espada. E é assim que vocês estão vivendo”, respondi. “Então”, objetou um deles, “onde aprendeu tudo isso?”. Chegamos ao ponto mais importante. Eu também estava esperando por essa oportunidade. No início da conversa não pude dizer que cria em Cristo, porque eles iriam aborrecer-se comigo, e teriam ido embora. Para pessoas assim devese falar a verdade lentamente, passo a passo. Agora pude observar que eles estavam interessados em me ouvir. E, portanto, era hora de começar! “Como sei tudo isso?”, perguntei. “Sei, porque leio a Bíblia. E nunca boicotei nenhuma porção do que foi escrito nela pelo Espírito Santo de Deus, como vocês fazem”. “Como pode dizer que fazemos semelhante coisa?”, um deles me perguntou. Havia chegado a hora de dizer toda a verdade. Era importante que soubessem, porque passaram toda a sua vida estudando somente os comentários. Assim, li o capítulo de Isaías 53.
Sempre que começo a ler esse capítulo, nunca preciso dizer às pessoas de quem se trata. Essa passagem bíblica diz tudo e elas O identificam imediatamente. Depois da leitura, um deles me falou: “Agora sabemos em quem você crê. Sabemos com quem estamos lidando nesta casa”. Eles começaram a fazer inúmeras perguntas: “Como você pôde trocar sua fé? Você era judeu e agora é um cristão”. Dessa vez respondi: “Olhem bem para mim e questionem-se. Vocês vieram à minha casa com uma pilha de livros. Vocês estão em quatro e nenhum trouxe a Bíblia consigo. Observem o que estou lendo. Tudo que tenho é uma Bíblia. Nela não encontrarão as tradições rabínicas que vocês seguem tão cuidadosamente. Aqui estão escritas as Palavras de Deus que falam da verdadeira fé no Senhor, nosso Deus”. Li também todo o capítulo 6 de Deuteronômio, que inclui o “Shemá” hebraico, que é um dos mais importantes versículos do judaísmo: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.” (vv. 4-5). Ali também está escrito: “O SENHOR, teu Deus, temerás, a ele servirás” (v. 13). “A quem vocês estão servindo?”, perguntei. “Vocês não estão servindo ao Senhor”. Finalmente ouviram o suficiente, mas saíram com expressões amigáveis, com muito o que pensar a respeito. (Zvi, Israel My Glory) Zvi nasceu na Polônia, é sobrevivente do Holocausto e desde 1948 vive em Israel. Lá aceitou Jesus, o Messias, como seu Salvador pessoal.
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