BETH-SHALOM
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MAIO DE 2006 • Ano 28 • Nº 5 • R$ 3,50
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Prezados Amigos de Israel
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A Fé Inabalável de Calebe
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O Adeus de Josué
Notícias de
ISRAEL É uma publicação mensal da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” com licença da “Verein für Bibelstudium in Israel, Beth-Shalom” (Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel), da Suíça. Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil Fundador: Dr. Wim Malgo (1922 - 1992) Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann Assinatura - anual ............................ 31,50 - semestral ....................... 19,00 Exemplar Avulso ................................. 3,50 Exterior: Assin. anual (Via Aérea)... US$ 28.00
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HORIZONTE • Uma conspiração de bondade e silêncio - 11 • As diásporas sefaraditas - 15 • Pânico entre os cristãos na Faixa de Gaza - 17 • Unidos pelo ódio a Israel - 17 • A extinção do Estado judeu - 18 • A Al-Qaida diante da “porta” de Israel - 19
Edições Internacionais A revista “Notícias de Israel” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, holandês e francês. As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial O objetivo da Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel é despertar e fomentar entre os cristãos o amor pelo Estado de Israel e pelos judeus. Ela demonstra o amor de Jesus pelo Seu povo de maneira prática, através da realização de projetos sociais e de auxílio a Israel. Além disso, promove também Congressos sobre a Palavra Profética em Jerusalém e viagens, com a intenção de levar maior número possível de peregrinos cristãos a Israel, onde mantém a Casa de Hóspedes “Beth-Shalom” (no monte Carmelo, em Haifa).
Para muitos cristãos que amam Israel é difícil entender a política praticada pelo seu governo. Muitos simpatizantes acham que devem interferir no curso dos acontecimentos, orando ou tomando alguma atitude concreta em relação à Terra Prometida. Como editores desta revista, também somos solicitados freqüentemente a dar explicações sobre fatos que ocorrem em Israel e a respeito do que seu governo faz de certo ou errado. É óbvio que intercedemos pelo povo escolhido, mas, com confiança, devemos deixar nas mãos do Senhor o que acontece ou deixa de acontecer em Israel. No nono capítulo da Carta aos Romanos podemos ver de maneira única o quanto Paulo batalha pelo seu povo diante de Deus. Ele se dispôs a colocar em jogo sua própria salvação se isso redundasse em redenção para seus irmãos na carne, porém mesmo essa boa vontade não serviu para o que Paulo se propunha. Então ele tentou descobrir, analisando as Escrituras, por que Israel não usufruiu das promessas da graça divina. Nessa análise, nos versículos 30 a 33, ele chega à conclusão que Israel não agiu pela fé. No versículo 33 ele cita Isaías 28.16 (NVI): “Eis que assentei em Sião uma pedra, uma pedra já experimentada, uma preciosa pedra angular para alicerce seguro; aquele que confia, jamais será abalado”. Esse capítulo de Romanos mostra-nos que muitas vezes os pensamentos e sentimentos humanos sobre o que é certo ou errado são bem diferentes dos pensamentos de Deus. Assim como Paulo encontrou na Palavra de Deus a resposta para seus questionamentos acerca do povo de Israel, nesta revista tentamos não apenas trazer informações desse país tão relevante na profecia bíblica, mas nos empenhamos por respostas bíblicas a perguntas muitas vezes bastante difíceis e complexas. Naturalmente existem opiniões diversas sobre esse tema tão desafiador, mas no tempo dos apóstolos também já era assim. No que diz respeito a Israel e a tudo que tem alguma relação com essa nação, nosso parâmetro deve ser sempre a Palavra de Deus, e não nossas próprias 64 págs. • 13,5 x 19,5 cm idéias e desejos.
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Paulo diz em Romanos 9.4 que aos israelitas “pertence a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas”. No versículo 6 ele menciona que a Palavra de Deus não falhou. Mas nos versículos 7 e 8 ele também afirma que as promessas não valem automaticamente para todos os descendentes. A realidade das promessas de Deus terem validade eterna não exclui o fato dessas mesmas promessas imporem condições para quem as recebe. E isso é difícil de entender, principalmente em relação ao Israel de nossos dias. Paulo teve problemas com essa aparente contradição, e a Carta aos Romanos é a evidência de sua dificuldade em entendê-la. Mas nessa carta ele sempre chega à mesma conclusão: somente pela fé as promessas se cumprirão na vida de quem as recebe. Foi o que aconteceu com Abraão. Deus lhe fez promessas maravilhosas, mas somente depois que Abraão havia superado a prova de fé representada pelo não-consumado sacrifício de Isaque, Deus selou Suas promessas com um juramento. Abraão teve de esperar por muito tempo até que Deus cumpriu Sua Palavra e lhe deu a herança prometida. Somente quando a situação parecia humanamente impossível, Deus concretizou o que prometera. Mesmo que pareça que Israel está mais longe do que nunca de alcançar o cumprimento das promessas que Deus lhe fez, talvez Ele esteja justamente cumprindo o que prometeu. Unido com vocês nessa esperança e na certeza de que Deus sempre cumpre Sua Palavra, saúdo com um cordial Shalom!
r Fredi Winkle
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Quando o assunto era fé, Calebe e Josué eram almas gêmeas. Dos doze homens que Moisés enviou para espiar a terra, só esses dois creram que Deus entregaria Canaã nas mãos de Israel (Nm 13.26 a Nm 14.10). Calebe era filho de Jefoné (Nm 13.6) e, aos 40 anos, foi o espia escolhido para representar a tribo de Judá (Js 14.7). Ele também é chamado de filho de Quenaz (Jz 1.13), ou o quenezeu (Nm 32.12). Os quenezeus eram originários de Edom, o que significa que estavam fora das promessas da aliança de Deus com Israel. Os ancestrais de Calebe devem ter-se casado com alguém de uma das famílias de Judá, ou então se tornaram prosélitos antes de Israel ir para o Egito. Calebe era descendente de Hezrom, que descendia de Perez (1 Cr 2.5), o que o coloca na linhagem terrena de Cristo (Mt 1.3). Sua primeira mulher, Azuba, deu-lhe três filhos; sua segunda mulher, Efrata, deu-lhe um filho. Além disso, teve vários outros filhos com concubinas (1 Cr 2.1819,46,48). Calebe deve ter demonstrado espírito de liderança, coragem, confiança e convicção, pois alcançou posição de comando dentro da tribo
de Judá. Porém, mais importante do que isso era sua fé contagiante.
O Caráter de Calebe A Bíblia diz que em Calebe “houve outro [diferente] espírito” (Nm 14.24), em relação aos outros espias. Ele não acompanhou a maioria, mas pensou por si mesmo e resistiu aos que não creram nas promessas de Deus. Ele não vacilou em demonstrar a sua fé e obedecer ao Senhor. Ele tinha um coração sincero, grande integridade e nunca fazia concessões em seu compromisso com Deus. Calebe também tinha a coragem de defender suas convicções. Ele tentou corajosamente silenciar a voz dos rebeldes de Israel: “Eia! Subamos e possuamos a terra, [Canaã] porque, certamente, prevaleceremos contra ela” (Nm 13.30). E disse ainda: “Se o SENHOR se agradar de nós, então, nos fará entrar nessa terra e no-la dará, terra que mana leite e mel” (Nm 14.8). Quando Moisés escolheu Josué para ser seu substituto na liderança de Israel, Calebe jamais demonstrou qualquer rivalidade, ciúme ou inveja. Ele apoiou Josué de todo o coração e submeteu-se com toda a lealdade ao seu comando. Ele era
humilde e altruísta; não buscava glória pessoal, posição ou bens; e não era ávido por reconhecimento. Na verdade, esses são os atributos que a Bíblia constantemente exorta os cristãos a manifestarem em sua vida.
A Terra Que Escolheu Josué e o sacerdote Eleazar dividiram a terra de Canaã entre as tribos por sorteio (Js 14.1). Quando chegou a vez de Judá receber sua porção, Calebe lembrou a Josué a promessa que Moisés tinha feito a ele: “Tu sabes o que o SENHOR falou a Moisés [...] em Cades-Barnéia, a respeito de mim e de ti. [...] Certamente, a terra em que puseste o pé será tua e de teus filhos, em herança perpetuamente [...] Agora, pois, dá-me este monte de que o SENHOR falou naquele dia” (Js 14.6,9,12; cf. Dt 1.36). A terra que Calebe havia espiado, e recebeu como promessa, era Quiriate-Arba, hoje Hebrom. Depois de abençoar Calebe, Josué lhe deu Hebrom por herança, como Moisés tinha prometido (Js 14.1315). Calebe esperou pacientemente o tempo de Deus para poder reclamar a posse da terra que desejava. Seria
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Sua Coragem
A terra que Calebe havia espiado, e recebeu como promessa, era Quiriate-Arba, hoje Hebrom. Depois de abençoar Calebe, Josué lhe deu Hebrom por herança, como Moisés tinha prometido (Js 14.13-15). Na foto: o Túmulo dos Patriarcas em Hebrom.
muito natural duvidar e desanimar diante das circunstâncias, principalmente aos oitenta e cinco anos de idade. Entretanto, ele nunca questionou, murmurou ou duvidou de Deus, durante os quarenta anos em que esperou por sua recompensa, enfrentando a dureza da vida no deserto, junto com os outros israelitas. Ele teve que ouvir seus compatriotas reclamando das dificuldades e criticando Moisés. Mas, ao contrário deles, que morreriam no deserto, ele iria receber uma herança na Terra Prometida. Não há nenhuma indicação de que a fé de Calebe tenha esmorecido com o passar dos anos. De fato, parece que ocorreu o contrário. Ele manteve os olhos fixos no Senhor e anteviu o dia em que entraria na posse de sua herança em Hebrom, o lugar que seus pés haviam pisado. Assim como Calebe, nós cristãos somos peregrinos na terra e precisa-
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mos atravessar o “deserto” desta vida antes de receber a herança eterna que Deus prometeu.
Conquistar Hebrom exigiu coragem e força. O próprio terreno estava localizado a quase mil metros acima do nível do mar, entre Berseba e Jerusalém. Além disso, os anaquins [que ali viviam – Js 14.12] eram gigantes cujas cidades eram grandes e bem fortificadas. Calebe poderia ter-se acovardado, sabendo que já estava velho, sem habilidade para a guerra e sem armas adequadas. Mas nenhum desses fatores fez com que ele deixasse de acreditar que podia conquistar aquela montanha: “O SENHOR, porventura, será comigo, para os desapossar, como prometeu” (Js 14.12). Cerca de quarenta anos antes, ele tinha dito algo semelhante: “Subamos e possuamos a terra, porque, certamente, prevaleceremos contra ela” (Nm 13.30). Aos oitenta e cinco anos, Calebe disse a Josué: “Já agora, sou de oitenta e cinco anos. Estou forte ainda hoje como no dia em que Moisés me enviou; qual
Não devemos nos concentrar nas “montanhas” que devem ser conquistadas, ou na nossa própria capacidade de derrotar o inimigo, ou nos “gigantes” que precisamos vencer. Em vez disso, devemos olhar para os recursos espirituais que o Senhor nos dá.
era a minha força naquele dia, tal ainda agora para o combate, tanto para sair a ele como para voltar” (Js 14.10-11). Calebe era talhado para aquela tarefa, não só espiritualmente, como mental e fisicamente. Que testemunho maravilhoso ele deu diante de Josué e da tribo de Judá! Ele não viu os obstáculos, e sim as oportunidades que o Senhor colocou diante dele. Com os olhos fixos em Deus, e não nos problemas, ele enfrentou a luta de sua vida com fé, visão espiritual, vigor físico e atitude valorosa. Calebe derrotou os gigantes e expulsou os três filhos de Anaque (Js 15.14). Ele venceu todos os obstáculos e tomou posse da terra que lhe tinha sido prometida. Na batalha espiritual da vida, os cristãos podem aprender uma lição com Calebe. Não devemos nos concentrar nas “montanhas” que devem ser conquistadas, ou na nossa própria capacidade de derrotar o inimigo, ou nos “gigantes” que precisamos vencer. Em vez disso, devemos olhar para os recursos espirituais que o Senhor nos dá. Na vida cristã, a vitória vem para aquele que confia na Palavra de Deus, descansa nas Suas promessas e mantém os olhos fixos no Senhor.
Seu Compromisso A razão do sucesso espiritual de Calebe não é nenhum segredo: ele entregou sua vida ao Senhor. A Bíblia diz cinco vezes que Calebe “perseverou em seguir ao SENHOR” (Nm 32.12; Dt 1.36; Js 14.8-9,14). E a decisão que Calebe tomou afetou toda a sua descendência nos anos que se seguiram. A entrega de Calebe foi total. Ele nunca deixou de acreditar que, se Deus havia prometido, Ele cumpriria a promessa. Todo cristão enfrenta momentos decisivos que determinam o rumo
Decisões tomadas sem estar inteiramente comprometido com o Senhor podem significar anos de sofrimento nos desertos da vida.
que sua vida tomará pelas décadas seguintes. Decisões tomadas sem estar inteiramente comprometido com o Senhor podem significar anos de sofrimento nos desertos da vida. Assim como fez Calebe, é importante que cada um de nós decida ser um homem ou uma mulher de fé, não importa o tipo ou o tamanho da oposição que teremos que enfrentar para realizar aquilo
que o Senhor nos chamou para fazer. (Israel My Glory)
David M. Levy é o diretor dos ministérios internacionais de The Friends of Israel.
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A Bíblia está repleta de mandamentos para a nossa vida. Os mais repetidos são amar o Senhor e obedecer à Sua Palavra. A obediência gera bênção. A desobediência gera castigo. Josué compreendeu muito bem esses princípios, e no fim da vida relembrou-os a Israel, exortando a nação a servir ao Senhor. Com 110 anos de idade (Js 24.29), Josué ainda se lembrava do dia em que atravessou o Mar Vermelho com Moisés. Ele tinha visto a água brotar de uma rocha, o maná cair do céu, e o sol parar. Ele havia testemunhado todas as maravilhas que o Deus Todo-Poderoso tinha feito por Seu povo, e sabia que era vital que a nova geração de israelitas não se esquecesse delas. Assim, quando já estava idoso, ele reuniu o povo para fazer sua despedida e dizer-lhe uma palavra de ânimo antes de morrer.
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A Obrigação de Israel
“E vós já tendes visto tudo quanto fez o SENHOR, vosso Deus, a todas estas nações por causa de vós, porque o SENHOR, vosso Deus, é o que pelejou por vós” (Js 23.3). Josué começou lembrando aos israelitas as vitórias que o Senhor lhes dera, incentivou-os a confiar nEle e a prosseguirem sua jornada com fé, para que pudessem conquistar toda a terra que Deus lhes tinha dado: “O SENHOR, vosso Deus, as afastará [as nações remanescentes] de vós e as expulsará de vossa presença; e vós possuireis a sua terra, como o SENHOR, vosso Deus, vos prometeu” (Js 23.5). Mas havia uma condição primordial. Eles deveriam permanecer absolutamente fiéis a Javé (Yahweh), e somente a Ele. Os filhos de Israel deveriam guardar e cumprir “tudo quanto está escrito no Livro da Lei de Moisés” e não se apartar dela
“nem para a direita nem para a esquerda” (v.6). O Senhor prometeu que eles teriam vitória, entrariam na posse da terra, viveriam seguros e teriam a presença do Senhor sempre com eles, se obedecessem à Sua Palavra. De fato, Deus sempre exigiu que o Seu povo, inclusive os cristãos de hoje, obedecessem às Suas Escrituras e andassem em Seus caminhos. Assim, Josué fez a seguinte recomendação a Israel: “Mas ao SENHOR, vosso Deus, vos apegareis” e “empenhai-vos em guardar a vossa alma, para amardes o SENHOR, vosso Deus” (Js 23.8,11). Os israelitas não deveriam servir a outros deuses (Êx 20.3) e deveriam ser inteiramente devotados a Javé, que os amou e os redimiu. Muitas pessoas, hoje em dia, acreditam que Deus já não ama mais o povo judeu porque este desobedeceu à lei. Mas o Senhor não
amou esse povo por causa de seus méritos. Ele o ama porque assim decidiu (Dt 7.7-8). E a Bíblia ensina que Deus não é inconstante como os homens. O Senhor não muda (Ml 3.6); “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” (Hb 13.8). O eterno Deus de Abraão, Isaque e Jacó é imutável. E o Seu amor por Israel é tão fiel e imutável hoje quanto era milhares de anos atrás. Porém, é preciso lembrar que o amor de Deus não anula, de forma alguma, a Sua disciplina.
A Advertência de Josué Do mesmo modo que Moisés havia feito com a geração anterior, Josué alertou os israelitas para que se afastassem dos cananeus. Não deveriam casar-se com eles, prestar culto junto com eles, assimilar sua cultura, nem unir-se a eles de forma alguma. Se desobedecessem, disse Josué: “Sabei, certamente, que o SENHOR, vosso Deus, não expulsará mais estas nações de vossa presença, mas vos serão por laço e rede, e açoite às vossas ilhargas, e espinhos aos vossos olhos, até que pereçais nesta boa terra que vos deu o SENHOR, vosso Deus” (Js 23.13). Desde o início dos tempos, “o Senhor corrige a quem ama” (Hb 12.6). Um dos aspectos mais difíceis de entender na história de Israel são seus freqüentes períodos de desobediência e abandono do Deus verdadeiro para servir a falsos deuses, diante de tudo o que Senhor havia feito por eles. Se Israel tivesse sido fiel a Deus, teria sido a principal nação do mundo, e toda a história da humanidade seria diferente. Mas, em vez disso, Israel foi castigado. Moisés tentou alertar seu povo em Deuteronômio 28-29:
Ruínas da cidade cananéia de Megido em Israel.
“Se atentamente ouvires a voz do SENHOR, teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que hoje te ordeno, o SENHOR, teu Deus, te exaltará sobre todas as nações da terra” (Dt 28.1). No entanto, de Deuteronômio 28.15 até 29.29 o Senhor enumera as terríveis tragédias que se abateriam sobre Seu povo amado, “se não deres ouvidos à voz do SENHOR, teu Deus” (Dt 28.15). Deus não queria castigar Israel, mas não teve escolha. Mais adiante, em Ezequiel 36, Deus diz que tirou o povo judeu de sua terra como castigo, porque “tive compaixão [zelo] do meu santo nome, que a casa de Israel profanou entre as nações [gentios] para onde foi” (Ez 36.21). Contudo, Ele nunca deixa de dizer que o trará de volta (Ez 37.21-22).
Limpem a Casa e Escolham Antes de morrer, Josué lembrou aos israelitas que Deus merecia sua
completa lealdade e devoção, porque Ele era fiel a Israel. Deus cumpriu tudo o que havia prometido: “Nem uma só promessa caiu de todas as boas palavras que falou de vós o SENHOR, vosso Deus; todas vos sobrevieram, nem uma delas falhou” (Js 23.14). Então, Josué reuniu as doze tribos de Israel em Siquém e “chamou os anciãos de Israel, os seus cabeças, os seus juízes e os seus oficiais; e eles se apresentaram diante de Deus” (Js 24.1). Ele tornou a narrar os acontecimentos iniciais da história de Israel e tudo o que Deus tinha feito pelos israelitas. Depois, colocou diante deles uma opção – que, na verdade, não lhes dava opção alguma: “Agora, pois, temei ao SENHOR e servi-o com integridade e com fidelidade; deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito e servi ao SENHOR. Porém, se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra ha-
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bitais. Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR” (Js 24.14-15). Eles poderiam optar entre servir aos falsos deuses que não podiam livrá-los de seus inimigos, ou servir ao Senhor, que era onipotente e já os havia livrado várias vezes. Infelizmente, a maioria das pessoas, hoje em dia, ainda serve aos ídolos. Algumas adoram objetos feitos pelo homem; outras, dedicam-se aos objetos do materialismo e do secularismo financeiro. Mas Deus disse: “Não vos conformeis com este século” (Rm 12.2). O mundo deseja estampar sua imagem em tudo o que lhe pertence. Porém, o povo de Deus não pertence ao mundo. Devemos ter a
imagem do Senhor estampada em nós. Assim como Moisés, Josué alertou os israelitas sobre as conseqüências de seguir o mundo. Da mesma forma que Deus cumpriria Sua promessa de fazer-lhes o bem, se eles fossem fiéis, Ele também cumpriria a promessa de castigálos, se não fossem. Naquele dia, o povo judeu fez uma aliança com seu líder: “e lha pôs por estatuto e direito em Siquém. Josué escreveu estas palavras no Livro da Lei de Deus; tomou uma grande pedra e a erigiu ali debaixo do carvalho que estava em lugar santo do SENHOR” (Js 24.25-26), como um memorial.
A Importância de Siquém Em hebraico, shechem (siquém) significa “ombro”, uma boa descrição para a localização da cidade no vale estreito entre o monte Gerizim e o monte Ebal, aproximadamente 65 quilômetros ao norte de Jerusalém. Atualmente, o mundo a chama de Nablus, uma cidade administrada pela Autoridade Palestina (AP), situada na chamada Margem Ocidental e destinada a se tornar judenrein, “livre de judeus”, num futuro Estado palestino. Mas Siquém já foi uma cidade verdadeiramente judaica, e não foi por acaso que, em sua despedida, o idoso Josué reuniu os israelitas ali para lhes rogar que seguissem a Deus (Josué 24). Josué levou Israel de volta às suas raízes, tanto físicas quanto históricas, numa eficaz lição prática que tinha o objetivo de reforçar os laços da nação com as gerações passadas e com tudo o que Deus havia feito.
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Os estudiosos Carl Keil e Franz Delitzsch comentaram a magnitude dessa reunião: “Para esse ato solene, ele [Josué] não escolheu Siló, o lugar do santuário nacional, [...] mas Siquém, um local santificado como nenhum outro para o propósito que ele tinha em mente, por causa das reminiscências sagradas dos tempos dos patriarcas”.1 Mas, por que Siquém era tão importante? Porque foi lá que Moisés disse ao povo judeu, muitos anos antes de Josué: “Hoje, vieste a ser povo do SENHOR, teu Deus. [...] estarão sobre o monte Gerizim, para abençoarem o povo, estes: Simeão, Levi, Judá, Issacar, José e Benja-
Assim, depois de uma vida inteira dedicada ao serviço do Senhor, morreu Josué, filho de Num, e foi sepultado “na sua própria herança, em Timnate-Sera, que está na região montanhosa de Efraim, para o norte do monte Gaás. Serviu, pois, Israel ao SENHOR todos os dias de Josué e todos os dias dos anciãos que ainda sobreviveram por muito tempo depois de Josué e que sabiam todas as obras feitas pelo SENHOR a Israel” (Js 24.30-31). (Israel My Glory)
Thomas C. Simcox é diretor de The Friends of Israel para os estados do Nordeste dos EUA.
mim. E estes, para amaldiçoar, estarão sobre o monte Ebal: Rúben, Gade, Aser, Zebulom, Dã e Naftali” (Dt 27.9,12-13). Assim, Josué levou o povo de volta ao lugar exato onde Deus o havia advertido de que deveria obedecer, ou seria castigado.
Vista aérea de Nablus (Siquém).
Ainda mais importante, segundo Keil e Delitzsch, era o fato de que Siquém foi o lugar onde Abraão recebeu a primeira promessa de Deus (Gn 12.6-7) e onde Jacó se fixou, ao retornar da Mesopotâmia: “e foi ali que ele purificou sua casa dos deuses estranhos, enterrando todos os seus ídolos debaixo de um carvalho” (Gn 35.2,4).2 Através de Josué, Deus trouxe Israel de volta às suas origens. Ele recontou a travessia de Abraão “dalém do rio” [Eufrates] (Js 24.3), centenas de anos antes, e sua chegada a Canaã. Conforme havia prometido, Deus multiplicou a semente de Abraão e deu-lhe um filho, Isaque. Mais tarde, Deus deu o monte Seir a Esaú, o irmão de Jacó: “porém Jacó e seus filhos desceram para o Egito” (v. 4). Então, veio Moisés e o milagroso Êxodo, que Josué vivenciou pessoalmente. Ele lembrou ao povo as incríveis vitórias militares que Deus tinha dado a seus antepassados e o modo como eles receberam cidades que não tinham edificado e “vinhas e [...]
olivais que não plantastes” (v. 13). E foi nos arredores de Siquém que a nação de Israel enterrou os ossos do patriarca José, dentro dos limites da terra que Deus havia Em outubro de 2000 os palestinos destruíram o túmulo [de José], prometido incendiaram tudo e construíram uma mesquita em seu lugar. aos filhos de Israel, “naquela parte do campo que Jacó comprara aos fi- de 2000 os palestinos destruíram o lhos de Hamor, pai de Siquém, por túmulo [de José], incendiaram tudo e cem peças de prata” (Js 24.32). construíram uma mesquita em seu luAtualmente, aquele lugar é cha- gar. (Thomas C. Simcox – Israel My mado, em hebraico, de Kever Yosef, Glory) “O Túmulo de José”. Trata-se de um lugar santo para os judeus e nele fun- Notas: cionava uma yeshiva (escola judai- 1. C. F.Keil e F. Delitzsch, Commentary on the Old Testament, trad. James Martin (ca). O local era visitado por milhares Grand Rapids: Eerdmans), p. 226. de judeus, anualmente. Em outubro 2. Ibid.
Holocausto
Uma conspiração de bondade e silêncio Em meio às montanhas do sul da França, a cidade de Le Chambonsur-Lignon se tornou, durante a Segunda Guerra Mundial, um abrigo seguro para os judeus. Sem disparar
um tiro sequer, os habitantes do povoado, liderados pelo pastor André Trocmé e sua esposa, Magda, salvaram a vida de cinco mil judeus, em sua maioria crianças.
Junho de 1940. A França capitula diante do exército alemão, assinando um armistício com a Alemanha de Hitler. O país é, então, dividido – o Norte e a costa do Atlântico ficam sob ocupação nazista, enquanto o Sul e o Sudeste passam a ter um governo leal à Alemanha, o Regime de Vichy, do Marechal Pétain. Le Chambon-sur-Lignon ficou sob jurisdição de Vichy, fato que seria de importância vital para o desenrolar dos acontecimentos.
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Horizonte
O pastor André Trocmé.
Na época da invasão alemã, viviam em território francês judeus vindos de todas as partes da Europa. Apavorados com a chegada das tropas de Hitler, milhares deles fugiram para o Sul do país, onde, contudo, não estavam a salvo. Vichy promulgara legislações anti-semitas e, a qualquer momento, os judeus podiam ser presos e enviados para a Alemanha. Uma cláusula do armistício obrigava as autoridades francesas a entregar aos nazistas quem quer que lhes fosse solicitado – e os judeus eram os primeiros da lista. Enquanto os colaboracionistas franceses entregaram aos nazistas, durante a ocupação, um total de 83 mil judeus, dentre os quais dez mil crianças, os habitantes de Le Chambon os enfrentaram. Quando confrontados com o dilema de aceitar refugiados em seu lar, ainda que colocando em risco a vida de sua família e do povoado inteiro, a população local optou por salvá-los. Jamais se recusaram a acolher um judeu, assim como abominavam a delação e a traição. Mesmo vivendo na pobreza, os chambonnais, como são chamados na França, tentavam suprir de todas as formas as necessidades dos refugiados. Escondiam-nos em seus lares e os alimentavam. Forjavam cartões de
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identidade e de racionamento. E, quando possível, ainda os ajudavam a fugir para a Suíça e a Espanha. Acolhiam e cuidavam de crianças órfãs ou de pais deportados, mantendo sete instituições especialmente para esse fim. Ademais, conseguiam vagas nas escolas para que todos os jovens pudessem continuar estudando. No vilarejo, ninguém falava abertamente sobre tais atividades, pois sabia-se que qualquer comentário poderia destruir a frágil teia de esperança que os envolvia. Essa verdadeira “conspiração de bondade e silêncio” conseguiu salvar 5 mil judeus, fato realmente extraordinário, considerando que, à época, o povoado não contava com mais de 3 mil pessoas. Apesar do reconhecimento do povo judeu e da comunidade internacional pela importância e nobreza de suas ações, os chamboneses nunca aceitaram a qualificação de “heróis”. Quando questionados sobre a razão para a ajuda a milhares de judeus, respondem: “Algo tinha que ser feito e quis o acaso que estivéssemos lá para fazê-lo. Foi a coisa mais natural do mundo ajudar essa gente”. Infelizmente, poucos na Europa pensavam da mesma forma. Segundo Elie Wiesel, Prêmio Nobel da Paz e sobrevivente do Holocausto, “uma das grandes tragédias da Shoá (Holocausto) foi o fato de os judeus terem sido abandonados por quase todos os que poderiam tê-los salvo. Os chamboneses foram uma das pouquíssimas exceções. Armados unicamente com suas convicções, enfrentaram as tropas nazistas e salvaram a vida de milhares de judeus”. Se houvesse mais pessoas como eles, talvez a história da Segunda Guerra Mundial tivesse tomado outro rumo...
Símbolo de coragem e solidariedade O povoado de Le Chambon-surLignon está localizado em um planalto
rodeado por montanhas, a uns 120 quilômetros de Paris, não muito longe da fronteira com a Suíça. Desde o século XVI, seus habitantes se tornaram huguenotes, como são chamados os protestantes franceses. Minoria religiosa em meio a uma França católica, foram perseguidos até a Revolução Francesa. Fiéis a suas convicções, durante séculos resistiram a diferentes pressões. O sofrimento imposto por perseguições religiosas já era parte da memória coletiva daquela gente destemida. Foi a esse vilarejo empobrecido que, em 1934, chegou o pastor André Trocmé, acompanhado da mulher e dos filhos. Trocmé, nascido em 1901, descendia de uma linhagem de huguenotes. Profundamente religioso, era pacifista convicto e militante. Sua esposa, Magda, compartilhava de sua coragem e seus ideais. Rapidamente o pastor Trocmé passou a ser líder espiritual e ético da comunidade. Em 1938, para melhorar a situação econômica local, fundou uma escola internacional de alto nível: a Escola Cévenol. E, para ajudá-lo nessa missão, convidou o amigo, também pastor, Édouard Theis, que comungava das mesmas idéias de “resistência sem violência”. Com o crescimento do nazismo, a escola passou a atrair refugiados judeus de toda a Europa. Foi do púlpito da igreja de Le Chambon que Trocmé e Theis começam a pregar a santidade da vida humana e a resistência ao ódio e à destruição. Afirmavam ser obrigação de cada nação, assim como de cada indivíduo, posicionar-se de forma atuante contra o “mal”, pois a neutralidade era cúmplice desse mal. Assim que a Alemanha conquistou a França, a pregação deu lugar à ação. Depoimentos dos que viveram àquela época, únicos testemunhos do ocorrido em Le Chambon, revelam que tudo começou em uma noite de inverno, em 1940, quando Magda Trocmé
Horizonte abriu a porta de sua casa e se deparou com uma mulher faminta, enregelada, que lhe disse: “Sou judia alemã e estou fugindo dos nazistas, que se apossaram do Norte da França. Disseram-me que neste povoado eu encontraria ajuda. Posso entrar?”. E o que se iniciara como um gesto individual transformou-se rapidamente em uma corrente de inquebrantável solidariedade. Durante o período de 1940 a 1944, Trocmé e Theis foram os principais idealizadores da “resistência sem violência” e das ações de resgate empreendidas pelo vilarejo. Muitos outros participaram de forma ativa, inclusive Magda Trocmé. Mulher corajosa, nunca mediu perigos ou sacrifícios, tendo servido também de guia para inúmeros grupos que atravessavam as montanhas até a Suíça. Trocmé começou por contatar o representante da organização Quaker (American Friends Service Committee) em Marselha. Durante a Shoá (Holocausto), as igrejas da denominação Quaker e [a seita] Testemunhas de Jeová foram as únicas que incorporaram a ajuda aos judeus à sua política oficial. Na França de Vichy, os quakers haviam conseguido permissão para ajudar os internos nos campos de detenção e tinham grande preocupação com as crianças judias de pais deportados. Era difícil encontrar quem aceitasse hóspedes tão visados. Trocmé propôs abrigá-las em Chambon e os quakers, cientes da pobreza do vilarejo, comprometeram-se a enviar recursos. Rapidamente a operação se expandiu e se tornou mais complexa, pois passou a incluir não apenas crianças, mas todos que lá chegavam em busca de refúgio. Trocmé conseguiu também o apoio de outros 13 pastores, de habitantes da região e de outras organizações protestantes, assim como de membros do clero católico, da Cruz Vermelha e dos governos da Suécia e da Suíça.
O pastor era o cérebro e a alma 1942, quando nazistas ajudados pela de toda a operação. É verdade que polícia francesa deportaram 13 mil jununca teria conseguido realizar o que deus – dos quais 4 mil eram crianças alcançou sem a ajuda da esposa, de – Trocmé declarou: “A Igreja cristã deTheiss e de muitos outros. Mas era ele veria ajoelhar-se e pedir perdão a quem planejava, incentivava e fazia Deus pela incapacidade e covardia tudo acontecer. Era o único que co- que ora demonstra”. Em agosto daquele mesmo ano, nhecia todas as facetas da operação. Os demais grupos envolvidos e seus lí- quando as autoridades de Vichy foderes atuavam de forma independen- ram ao povoado exigir de Trocmé te. Esta era uma precaução necessária uma lista com o nome de todos os jupara salvaguardar a operação, pois, deus daquela região, ele se recusou, caso alguém fosse pego e submetido à categoricamente. Respondeu, como de tortura, era impossível prever o que vi- costume: “Não sabemos o que é um judeu; apenas conhecemos os seres ria à tona. As opiniões dos chamboneses não humanos, todos iguais entre si e diante eram segredo para as autoridades de de Deus”. Algumas semanas mais tarVichy, já que nunca as negaram. Pelo de, a polícia de Vichy foi para o vilacontrário, denunciavam e repudiavam rejo com três ônibus e uma missão abertamente a perseguição aos ju- sombria: prender e levar todos os judeus. O pastor Trocmé e seus congre- deus da região aos campos de detengantes começaram a sofrer pressões ção. Durante três semanas, os policiais para cessar toda a atividade pró-ju- andaram, em vão, por todo o vilarejo deus. Mas, fiéis à sua consciência, não e seus arredores, em busca dos refuse dobraram perante as ameaças. giados. Conseguiram encontrar, caMesmo quando o próprio líder das igrejas protestantes francesas pediu a Trocmé que desistisse de ajudar os refugiados, pois Adolf Hitler visita Paris com o arquiteto Albert Speer (à esquerda) em 23 de junho de 1940. podia prejudicar os franceses protestantes, Trocmé se recusou, determinado. Após a guerra, um dos habitantes da região revelou que sempre que alguma patrulha nazista despontava, “caçando” os refugiados, estes eram escondidos nos bosques. “Logo que os soldados alemães partiam, íamos à floresta e cantávamos uma determinada canção. Quando a ouviam, sabiam que podiam regressar, em segurança”. Corajoso, o pastor nunca se calou. Do púlpito de sua igreja, não cansava de exortar seus congregados a se manterem firmes e a “fazer a vontade de Deus, não a dos homens”. Em famoso sermão após os acontecimentos de Paris em julho de
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O profundo reconhecimento do mundo judaico à família Trocmé e aos chamboneses, de modo geral, está registrado no Yad Vashem – Museu do Holocausto, em Jerusalém.
sualmente, apenas um judeu, pois ninguém revelou o paradeiro de um refugiado sequer, mostrando terem sido inúteis as ameaças policiais de prisão. Em fevereiro de 1943, autoridades de Vichy voltaram a Chambon, desta vez para prender os próprios pastores, André Trocmé e Édouard Theiss, e o diretor da escola pública, Roger Darcissac. Este último era também o fotógrafo “oficial” de todos os documentos forjados. Os três líderes foram enviados a um campo de detenção onde ficaram presos por cinco semanas, até serem libertados. Durante esse tempo, ofereceram a Trocmé a opção de ser libertado mediante a assinatura de um documento comprometendo-se a seguir as determinações do governo de Vichy, especialmente no tocante aos judeus. Apesar da gravidade de sua situação, Trocmé manteve-se irredutível.
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Daniel Trocmé, primo do pastor e um dos líderes da operação, não teve a mesma sorte. Responsável por um dos sete abrigos para crianças judias, foi capturado pelos nazistas em 1943. Enviado ao campo de Maidanek, na Polônia, juntamente com “suas” crianças, Daniel morreu nas câmaras de gás, em 1944. Tiravam-lhe a vida – mas levava consigo tudo o que seus carrascos queriam saber.
Merecido reconhecimento O profundo reconhecimento do mundo judaico à família Trocmé e aos chamboneses, de modo geral, está registrado no Yad Vashem – Museu do Holocausto, em Jerusalém. Na ala dos “Justos Entre as Nações” foram plantadas três árvores – duas em nome do casal André e Magda Trocmé e uma em homenagem a seu primo, Daniel.
O pastor Édouard Theiss, sua esposa Mildred e Roger Darcissac também receberam o título de “Justos”, assim como outros 38 habitantes que participaram do salvamento dos judeus. E, em 1990, Le Chambon-sur-Lignon se tornou a primeira comunidade a ser incluída pelo Yad Vashem nessa alameda, com a inauguração de um jardim e uma placa em nome de sua população. O cineasta Pierre Sauvage, vencedor do Prêmio Emmy por seus documentários, é uma das centenas de crianças que sobreviveram ao Holocausto graças à população de Le Chambon-sur-Lignon. Nasceu na cidade, em 1944, quando grande parte de sua família já havia morrido nos campos de extermínio nazistas. Somente ao completar 18 anos soube que era judeu. A partir de então, abraçou ferreamente a missão de fazer com que o mundo jamais esqueça a Shoá. Tornou-se um dos maiores especialistas em identificar aqueles que ajudaram a salvar os membros de seu povo, tendo criado a Fundação Le Chambon. Sauvage narra a história de Le Chambon num documentário intitulado Weapons of the Spirit – Armas do Espírito. Em entrevista sobre o mesmo, declarou: “Histórias como a de Le Chambon servem de inspiração para os mais jovens, quando se vêem diante dos demônios do mundo. Se cada um de nós não puder sentir, bem no íntimo, o quanto de bondade existe em nossos semelhantes, teremos sempre o receio de olhar de frente para o grau de crueldade a que o ser humano pode chegar”. (extraído de www.morasha.com.br)
Bibliografia: – Hallie, Philip, Lest Innocent blood be Shed, Harper Perennial – Berenbaum, Michael, The World Must Know, Litlle, Brown and Co. – http://www.yadvashem.org/
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As diásporas sefaraditas Circunstâncias diversas levaram o povo judeu, mensageiro primeiro de uma fé monoteísta, a sofrer contínuas discriminações e perseguições que o forçaram a constantes fugas, fator determinante de sua presença nos mais antigos movimentos migratórios mundiais. Migrando dos antigos domínios gregos e romanos, os judeus estabeleceram-se em terras européias e asiáticas e nas do continente africano. Pode-se afirmar que, antes mesmo da destruição do Segundo Templo de Jerusalém, no ano 70 d.C., significativa parte do povo não mais se encontrava em terras do Oriente Médio. As históricas migrações do povo judeu passaram a ser conhecidas como Diásporas (Dispersões). De todas, a primeira, ocorrida em 586 a.C., decorrente da destruição do Templo de Jerusalém, foi a mais importante, pois na Babilônia – cidade do primeiro exílio – sábios, tomando consciência da realidade religiosa do seu povo, explicitaram a fé e sistematizaram os princípios básicos do judaísmo. Foi nos recintos da Grande Sinagoga do Iraque, na então Babilônia, que antigos sábios redigiram, no século V a.C., textos talmúdicos, comentando-os de forma completa, profunda, final. A milenar dispersão dos judeus por vários espaços geográficos, assimilando costumes e valores, produziu um povo de 16 grupos, culturalmente diferenciados. No conjunto, o asquenazita, utilizando-se do iídiche (idioma oriundo de palavras alemãs, eslavas, russas e hebraicas), seguido pelo sefaradita, proveniente da Península Ibérica, expressando-se em judezmo/español ou ladino (idioma composto de termos espanhóis, portugueses, árabes, turcos e franceses), o judeu-oriental, expressando-se em árabe, os judeus
da Itália de variada origem, os do Magrebe (Norte da África), os iraquianos, os sírios, os iemenitas, os persas, os de Bukhara do Uzbequistão, os falashas da Etiópia e outros poucos constituem exemplos da variada riqueza absorvida pelo povo judeu em diversos espaços culturais. Além de substituir o hebraico por outros idiomas, um judeu diferencia-se de outro pela aparência física, comportamento, vestimenta, gosto musical, culinária e mais características culturais absorvidas no Ocidente e no Oriente. A expulsão dos judeus da Espanha, em 1492, e a Conversão Forçada de 1497, em Portugal, produziram a “Diáspora Sefaradita”, levando judeus e cristãos-novos (judeus convertidos ao cristianismo por imposição – a maioria dos quais permaneceu secretamente fiel à sua religião original, criptojudeus. N.E.) a buscar refúgio em terras como as do Norte da África e as do extenso Império Otomano. No Mediterrâneo, os judeus ibéricos posicionaram-se em núcleos urbanos na Itália e nos Bálcãs, compondo formidável rede familiar de relações sócioeconômicas, que tornou válida a idéia do Mediterrâneo como o “Mar Sefaradita” ou o “Mare Nostrum Sephardicum”, expresso por alguns historiadores. Bayasid II e seus sucessores, a partir do século XV, acolheram os sefaraditas no domínio otomano e valeramse de seus préstimos e conhecimentos não só para a expansão e desenvolvimento do comércio regional e internacional, mas também para o incremento das finanças, diplomacia, negócios bancários, corretagem e ourivesaria. Os refugiados de origem ibérica foram designados pelos dirigentes otomanos a importantes cargos político-
administrativos, participando, inclusive, da estratégia de colonização de diversas áreas do vasto Império. Os positivos contatos mantidos entre sefaraditas e otomanos permitiram que laços de identidade se solidificassem com o tempo, em convivência de mútuo e duradouro respeito. O sistema político-administrativo otomano permitiu às minorias a preservação da religião, do idioma, das tradições e costumes. Em meados do século XVII, novas conquistas levaram os otomanos a ampliar seus domínios, colocando sob sua égide diferentes comunidades judaicas, além da dos moçárabes, hoje conhecidos como judeus orientais. Estes viviam nas terras árabe-muçulmanas conquistadas pelas “Guerras Santas”, iniciadas no século VII. A convivência de treze séculos entre judeus e árabes aproximou-os em larga medida, alimentando uma tradição judai-
Foi nos recintos da Grande Sinagoga do Iraque, na então Babilônia, que antigos sábios redigiram, no século V a.C., textos talmúdicos, comentando-os de forma completa, profunda, final.
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Os navios St.Charles e Peartree que levaram os primeiros imigrantes judeus a Nova Amsterdã (Nova Iorque), 1654.
co-islâmica paralela à judaico-cristã do mundo ocidental.1 Curioso foi o encontro cultural entre os sefaraditas e os diversos grupos de judeus do Oriente Médio. O orientalista Issachar Ben Ami, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, estudando a interação cultural produzida, assinalou que os contatos entre os sefaraditas e os judeus orientais seguiram três caminhos distintos: o da assimilação total dos exilados com os autóctones; o da preservação completa ou parcial da cultura dos exilados e o da influência direta e recíproca entre os dois grupos.2 Ben Ami acrescentou que os processos de interação dependeram da aproximação e do afastamento dos envolvidos, em função de sua realidade numérica e condições locais. Além das terras mediterrâneas e otomanas, os sefaraditas estabeleceram-se em cidades da Europa Ocidental e Central, entre as quais as da França, Países Baixos e Inglaterra. Na cidade de Viena, ponto de passagem dos judeus espanhóis para Istambul, capital do Império Otomano, religiosos sefaraditas passaram para o ladino algumas preces judaicas.3
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A decadência otomana e a ingerência do imperialismo europeu em terras do Oriente Médio levaram famílias de negociantes sefaraditas, procedentes de Istambul, Esmirna, Ilha de Rodes, Egito e de outras comunidades a buscar estabelecer-se em terras da Europa Ocidental, em diáspora a que chamamos de “Retorno ao Ocidente”. Em fins do século XV, judeus e cristãos-novos ligados à epopéia dos Grandes Descobrimentos Marítimos participaram da colonização das terras ibero-americanas, africanas e asiáticas. Em 1636, uma comunidade judaica de origem portuguesa fixou-se no Nordeste brasileiro, procedente de Amsterdã. Dezoito anos depois, expulsos dos domínios batavos no Brasil, os sefaraditas que não retornaram a Amsterdã criaram os primeiros centros judaicos da América Central e de Nova Amsterdã, núcleo comunitário inicial da atual cidade de Nova York. Em meados do século XIX, movimentos migratórios leste-oeste-sul intensificaram-se e a maioria dos povos buscou a América. No contexto, o judeu, mais do que qualquer outra etnia, esteve presente em todos eles: cerca de sete milhões de judeus, de uma
população total de doze milhões, passaram da Europa, Norte da África e Oriente Médio para a América. Além dos EUA, grande número de sefaraditas buscou o México, o Uruguai, o Chile e a Argentina, em especial por dominarem o ladino, idioma próximo do espanhol. Desconhecendo a proximidade do idioma materno com o português, poucas famílias sefaraditas vieram para o Brasil. Um dos movimentos migratórios sefaraditas foi o do retorno à Espanha. O político Angel Pullido, autor de “Espanhóis sem Pátria”,4 buscando reconciliar a Espanha com os sefaraditas, expulsos em 1492, conseguiu-lhes a cidadania espanhola, após terminada a II Guerra Mundial. Finalmente, em 31 de março de 1992, comemorando os 500 anos do Édito dos reis Fernando e Izabel, o rei Juan Carlos proclamou: “Si Sefarad desterró a sus judíos, ellos non desterraron a Sefarad ni de su corazón, ni de su mente”. (Rachel Mizrahi – extraído de www.morasha.com.br) Bibliografia: 1. Avigdor Levy. The Jews of the Ottoman Empire. N. Jersey: The Darwin Press, Inc., 1992. 2. Ben Ami Issachar. Sephardi and Oriental Jewish Heritage. Universidade Hebraica de Jerusalém, 1982. In, Identidade Sefaradi: Aculturação e Assimilação. Novinsky e Kuperman. Ibéria Judaica. Roteiros da Memória. São Paulo, EDUSP, 1996, p.343 e seg. 3. Anna Barki Bigio. Ladino e Hakitia: fontes, trajetórias e dichos. In: Confarad II, no prelo. 4. Obra publicada em Madrid, 1980.
Rachel Mizrahi é autora de A Inquisição no Brasil: Miguel Telles da Costa, O capitão judaizante de Paraty. (2ª Ed., no prelo) e Imigrantes no Brasil: Os judeus. São Paulo: Lazuli/Ed. Nacional, 2005
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Pânico entre os cristãos na Faixa de Gaza As igrejas cristãs são as que mais sofrem sob o novo governo do Hamas. Em Gaza, palestinos armados distribuíram panfletos e ameaçaram explodir o prédio onde funciona a loja da Sociedade Bíblica Palestina. Ela recebeu um prazo para encerrar suas atividades na Faixa de Gaza. Anteriormente uma carga explosiva já havia sido detonada na entrada da livraria da Sociedade. A Sociedade Bíblica é acusada de “disseminar doutrinas antiislâmicas” e
de realizar uma “cruzada evangelística” com o apoio dos “cruzados” do Ocidente, denunciam os folhetos. Até agora não se sabe quem está por trás das ameaças. Os obreiros da Sociedade Bíblica informaram as forças de segurança palestinas bem como o gabinete do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas. Os moradores do prédio entraram em pânico. O proprietário exigiu que a livraria e a So-
A segurança de Israel está fragilizada
Unidos pelo ódio a Israel Até recentemente, as agências de informações e os órgãos de segurança israelenses eram unânimes na avaliação de que a situação estratégica do país era relativamente boa. Os israelenses haviam chegado a essa conclusão por diversas razões, dentre elas a queda do regime de Saddam Hussein no Iraque e a luta das forças americanas contra a AlQaida no Afeganistão. A fragilização da posição do presidente sírio Bashar el-Assad, a retirada das tropas sírias do Líbano e a morte de Yasser Arafat, chefe da OLP, também influíram nesse cálculo otimista. Na época, com base nesses fatos, era forte a opinião de que a situação estratégica de Israel havia melhorado consideravelmente. Mas, entrementes, as condições mudaram. Hoje os peritos militares e os analistas em segurança nacional falam de uma “ameaça à existência de Israel”. Essa troca de perspectiva deve-
se a um novo “eixo do mal” no Oriente Médio. Desse eixo fazem parte o Irã, a
ciedade fechem temporariamente suas portas. Já foram registrados diversos ataques a instituições cristãs nos territórios palestinos. Por exemplo, em novembro do ano passado o centro da Sociedade Bíblica Palestina “Living Stones” (Pedras Vivas) em Bir-Zeit, próximo a Ramallah, foi incendiado. No meio evangélico palestino há temor pela própria existência e quanto ao futuro. A vitória eleitoral da organização islâmica Hamas é vista com grande preocupação pelos cristãos palestinos, mesmo que na aldeia de Beth Sahour (próxima a Belém), que é exclusivamente cristã, 700 eleitores tenham votado no Hamas. (US/AN)
milícia libanesa Hezbollah (Partido de Alá), a Síria, a organização terrorista Al-Qaida e, recentemente, o Hamas como partido governante dos territórios da Autoridade Palestina. Esse “eixo do mal” apresenta como denominador comum uma ideologia is-
A ameaça a Israel é cada vez mais intensa. Na foto: manifestação de palestinos em Jerusalém.
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Horizonte lâmica radical, que tem se tornado uma grande ameaça. Além disso, um profundo ódio pelo Estado de Israel une todos os seus integrantes, que gostariam imensamente de vê-lo aniquilado. Os parceiros dessa aliança de difícil compreensão não se dão bem, em virtude de suas grandes diferenças religiosas. Porém, o ódio por Israel os une. Enquanto muçulmanos sunitas e xiitas travam sangrentas batalhas no Iraque, esses mesmos rivais são unânimes quando se trata de condenar Israel. Diante desse pano de fundo, o Irã xiita coopera com o Hamas, que é sunita, e ambos são cortejados pelo regime alawita da Síria que, por sua vez, oprime os sunitas em seu próprio território. Sem dúvida essa “aliança” representa um perigo para Israel. Até agora se supunha que a existência do Estado judeu fosse ameaçada exclusivamente por países árabes não-vizinhos
de Israel. Mas com vitória do Hamas nos territórios palestinos autônomos, essa ameaça adquiriu uma força nova e explosiva. (Zvi Lidar)
Esse fato mostra que o ódio a Israel faz esquecer todas as rivalidades e nos lembra que, por ocasião da prisão de Jesus, dois arquiinimigos, Herodes e Pilatos, se tornaram amigos (veja Lucas 23.12). Se as pessoas soubessem o mal que fazem a si próprias quando tocam em Israel, certamente começariam a pensar de maneira diferente sobre sua postura. Mas o ódio cego a Israel desativa o raciocínio. Quem odeia Israel também odeia a Deus e a Seu Filho Jesus Cristo. Em Zacarias 2.8 está escrito: “...aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho”. Quando alguém é contra Jesus, rejeita igualmente a obra de
Um alvo comum
A extinção do Estado judeu “Israel subirá e se manterá de pé até que o islã o aniquile, assim como aniquilou seus antecessores”. Com essas palavras começa a Carta do Hamas, votada em 18 de agosto de 1988, data em que essa organização surgiu na cena do Oriente Médio. É sabido que nas últimas eleições parlamentares os palestinos transformaram o Hamas no maior partido da Autoridade Palestina (AP). O general Moshe Ya’alon, ex-comandante do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, declarou: “A vitória do Hamas nas eleições da AP e a retirada de Israel da Faixa de Gaza são vistos pelos islâmicos radicais como mais um passo em direção à destruição de Israel. Para eles, esses eventos representam vitórias sobre o Ocidente”.
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salvação que Ele realizou na cruz do Calvário e está perdido eternamente. Não se pode separar Jesus de Israel. Por isso, filhos de Deus renascidos são amigos de Israel. Os que odeiam Israel sempre acabam prejudicados. Toda a história mundial confirma essa constatação de maneira impressionante, pois basta olhar o destino dos que tentaram aniquilar os judeus. Como exemplos claros temos Hamã e Hitler. Somente um mundo completamente apóstata é que terá condições de se unir em seu ódio contra Israel. Pelas Escrituras sabemos, porém, que, mais uma vez, o Senhor intervirá, pois voltará para Israel (veja Zacarias 12 e 14 e Apocalipse 12, onde a mulher é um símbolo de Israel). (Conno Malgo)
disse ao “Washington Post”: “O Hamas avaliará se está disposto a se envolver em diversos estágios de um processo de paz se os israelenses estiverem dispostos a se retirar até as fronteiras de 1967”. Essas afirmações soaram tão negativa-
Uma vitória assim também é o alvo declarado do Hamas, que repetidamente declarou não reconhecer o direito à existência do EsIsmail Haniya, líder do Hamas – o mais recente tado de Israel, nem problema de Israel. sequer está disposto a manter conversações sobre o assunto. Diante de jornalistas ocidentais, com quem o Hamas queria somar pontos, seus membros se mostraram pouco cooperativos. O líder do Hamas e novo chefe de governo da AP, Ismail Haniya,
Horizonte mente até em seu círculo mais próximo que Haniya imediatamente desmentiu ter pronunciado a palavra “paz”. Depois das eleições o Hamas se apressou em estabelecer um claro rumo político. O presidente em exercício do Hamas na Jordânia, Haled Mashal, viajou a Teerã e foi recebido como chefe de Estado. Depois de um encontro entre Mashal e o presidente iraniano, o Irã declarou-se disposto a liberar 250 milhões de dólares para que a AP possa continuar com “sua luta contra Israel”.
Mas a cooperação entre o Hamas e o Irã não se resume a questões financeiras. Segundo informações em poder do serviço secreto israelense, políticos do Hamas são treinados no Irã, onde aprendem como dirigir um Estado verdadeiramente islâmico, segundo os moldes do próprio Irã. Além de dinheiro e religião, ações militares concretas também fazem parte do envolvimento entre o Hamas e o Irã. Com a ajuda do Irã e da Síria, o
Os inimigos cercam a Terra Santa
A Al-Qaida diante da “porta” de Israel Especialistas em segurança israelenses são unânimes em dizer que a Al-Qaida desenvolve planos concretos com relação a Israel. Provavelmente essa organização terrorista internacional tem como alvo coroar sua guerra santa (jihad) em 2006 com um ataque a Israel. Pelo visto, a Al-Qaida tenta estabelecer cabeças-de-ponte em países vizinhos a Israel. É fato conhecido que a Al-Qaida mantém uma base terrorista no Sinai. As agências de informações também sabem que ela está empenhada em se estabelecer nos campos de refugiados palestinos na Jordânia e no Líbano. Apesar disso, é quase certo que esses terroristas, dos mais radicais entre os islâmicos, ainda não escolheram um alvo concreto em Israel. Mas isso não significa que a Al-Qaida não esteja indo em frente com seus planos. Notícias recentes oriundas dos serviços de segurança indicam que esses terroristas islâmicos estão estabelecendo contatos na Faixa de Gaza e na Margem Ocidental. Até o líder da Autori-
dade Palestina se manifestou a respeito em uma entrevista na televisão. Ele se mostrou apreensivo, mas declarou que tem plena confiança no trabalho dos serviços secretos. Ele afirmou textualmente: “Temos informações preliminares de que a Al-Qaida tenta avançar na Faixa de Gaza e na Margem Ocidental. Esse desenvolvimento envolve sérios perigos. Caso a organização tenha sucesso e consiga estabelecer ali suas bases secretas de apoio ao terrorismo, haverá sérias conseqüências em toda a região”. Até agora prevalecia a idéia de que Israel era um alvo apenas secundário para as organizações terroristas internacionais, especialmente para a Al-Qaida. Mas parece ter havido uma completa reviravolta, que leva à conclusão de que ocorreram mudanças no quadro de pessoal e na ideologia nas fileiras da Al-Qaida. O super-terrorista Abu Mussab alZarqawi, ainda operante no Iraque, parece ter voltado as costas para a AlQaida. Aparentemente ele fundou
Hamas está expandindo continuamente seu poderio militar, principalmente a fabricação de mísseis Kassam na Faixa de Gaza. Existe um interesse especial no aperfeiçoamento desse tipo de míssil, que com um alcance maior poderia atingir mais alvos em Israel. É evidente que são principalmente as ações do Hamas – tanto nos territórios “ocupados” como no Líbano – que contribuem para a fragilização da posição estratégica atual de Israel. (Zvi Lidar)
uma espécie de associação de cúpula terrorista. No momento, ele parece confundir aliados e inimigos, mas recentemente afirmou várias vezes em público que seus seguidores planejam um ataque em Israel. Especialistas sugerem que a influência de Bin Laden na Al-Qaida está diminuindo. Pelo visto, entrementes seu vice-líder Ayman al-Zawahiri é o homem forte que estabelece as diretrizes da organização. O egípcio, que antigamente fazia parte da proscrita Irmandade Muçulmana, parece estar planejando uma revolução islâmica, que pretende implantar primeiro na Jordânia e no Egito. Diante desse quadro, o serviço secreto israelense discutiu a questão da estabilidade da coroa jordaniana, como deram a entender dois dos mais graduados oficiais israelenses. O general Yair Naveh, comandante-geral da região central do país, declarou em público que Abdullah I provavelmente será o último monarca jordaniano e que o Hamas também tomará o poder nesse país. O general Kaplinsky falou abertamente sobre a instável estrutura de poder no Egito. As duas manifestações foram discutidas exaustivamente na mídia israelense. Na Jordânia e no Egito houve reações irritadas. Os dois militares foram advertidos pelo chefe do Estado-Maior e estão proibidos de fazer
Notícias de Israel, maio de 2006
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Horizonte está fácil para Israel. Por um lado há o Hamas, que manda e desmanda na Faixa de Gaza e na Margem Ocidental e cujo alvo é a destruição de Israel. Por outro lado, quase todos os dias Israel é atacado por mísseis palestinos, se bem que estes não causaram prejuízos consideráveis até agora. Além disso, o Estado judeu está exposto a uma ameaça atômica por parte do Irã. É evidente que o Irã usará sua bomba contra Israel assim que a tiver. Mesmo assim podemos estar certos de que Deus mantém tudo sob controle. Até os inimigos acaO super-terrorista Abu Mussab bam fazendo o que Ele quer, e a al-Zarqawi e seus companheiros situação atual em Israel também planejam um ataque a Israel. acabará por contribuir para o seu bem. Muitas vezes Deus usa ataques dos inimigos – contra pesdeclarações públicas sobre o assunto. soas ou contra o Estado de Israel Mas em Israel há a convicção de que – para serem uma bênção. Na Esessas afirmações de seus militares, ba- critura temos muitos exemplos seadas em dados do serviço secreto, desse mal que se transforma em traduzem a realidade dos fatos. Tudo bem. Vejamos dois casos: 1. José disse a seus irmãos: leva a crer que mais uma vez está começando uma nova era no Oriente “Vós, na verdade, intentastes Médio, e que não apenas Israel mas o o mal contra mim; porém mundo todo está diante de tempos tur- Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que bulentos. (Zvi Lidar) Observando a cena no Oriente se conserve muita gente em viMédio, vemos que a situação não da” (Gn 50.20). O Senhor sempre é Aquele que atua, mesO Hamas tem como alvo a destruição de Israel. Na foto: uma mo que não paparada de carros do Hamas no ex-assentamento israelense reça, e mesmo de Kfar Darom na Faixa de Gaza. que aparentemente os adversários estejam prevalecendo e os planos dEle estejam sendo frustrados. Mas isso acontece apenas na aparência. Deus dirige os fatos, tanto na sua quanto na minha vida, como
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também na história do mundo e no Plano de Salvação. 2. Era da vontade de Deus que Seu amado Filho morresse na cruz: “ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar...” (Is 53.10). Deus o fez, para que cada um que crê em Jesus seja salvo. No final de grandes tribulações, para Israel e para nós, vemos o quanto essas provações foram abençoadas. Mesmo diante das recentes ameaças de morte vindas do Irã e da Faixa de Gaza, Israel será vencedor. Dentro desse contexto merece consideração um exemplo da história recente de Israel. Se o rei Hussein (pai de Abdullah I) não tivesse participado da guerra contra Israel em 1967, Israel não teria conseguido tomar posse de Jerusalém Oriental. Quando a nossa existência é sacudida por fortes tempestades, podemos estar certos de que tempos de bênçãos virão. Deus alcançará Seu alvo também com Israel! Por isso, confiemos no Senhor em todas as situações, por mais ameaçadoras que sejam, para Israel e para nós, pois Deus pode transformar maldição em bênção! (Conno Malgo)
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