BETH-SHALOM
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Janeiro de 2008 • Ano 30 • Nº 1 • R$ 3,50
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Prezados Amigos de Israel
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Resolvendo o Problema do Pecado
Notícias de
ISRAEL É uma publicação mensal da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” com licença da “Verein für Bibelstudium in Israel, Beth-Shalom” (Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel), da Suíça. Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil Fundador: Dr. Wim Malgo (1922 - 1992) Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf
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A Remoção da Impureza de Israel
Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann Assinatura - anual ............................ 31,50 - semestral ....................... 19,00 Exemplar Avulso ................................. 3,50 Exterior: Assin. anual (Via Aérea)... US$ 35.00 Edições Internacionais A revista “Notícias de Israel” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, holandês e francês. As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial
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HORIZONTE • O legado otomano - 13 • Os judeus, os japoneses e a história do “Plano Fugu” - 17
O objetivo da Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel é despertar e fomentar entre os cristãos o amor pelo Estado de Israel e pelos judeus. Ela demonstra o amor de Jesus pelo Seu povo de maneira prática, através da realização de projetos sociais e de auxílio a Israel. Além disso, promove também Congressos sobre a Palavra Profética em Jerusalém e viagens, com a intenção de levar maior número possível de peregrinos cristãos a Israel, onde mantém a Casa de Hóspedes “Beth-Shalom” (no monte Carmelo, em Haifa).
No ano de 2008 Israel vai comemorar o jubileu dos 60 anos de existência do Estado judeu. No dia 29 de novembro de 2007 foi lembrada em Israel a decisão das Nações Unidas sobre a partilha da Palestina, em um território judeu e um território árabe. O Plano de Partilha foi aprovado por uma maioria de dois terços. Naquela época, esse foi considerado um milagre de Deus e a decisão abriu caminho para a fundação do Estado judeu que, entretanto, foi rejeitado pelos palestinos e vizinhos árabes. A vitória de Israel sobre os adversários árabes na Guerra da Independência foi outro numa seqüência de milagres que se estende até ao dia de hoje. Pelos acontecimentos em Israel podemos reconhecer que as promessas de Deus sobre o retorno dos judeus à sua terra se cumpriram. Por isso, para todos que amam a Palavra de Deus, Israel serve como fortalecimento da fé e, ao mesmo tempo, como advertência. Deus vela sobre a Sua Palavra, para cumpri-la. Ele fará acontecer tudo aquilo que prometeu. Ao mesmo tempo, Israel é um sinal de advertência, porque indica a proximidade da volta de Jesus. A rejeição de Israel pelas nações árabes já dura 60 anos. Com a nova iniciativa de paz através da Conferência de Annapolis, houve algo que não tinha ocorrido até agora. Pela primeira vez, a Liga Árabe saudou ativamente essa iniciativa de paz, e em torno de 20 países árabes participaram do encontro. As nações árabes mais ricas, com mais tendências pró-ocidentais, lideradas pela Arábia Saudita, sentem atualmente as ameaças do Irã e do islamismo radical, passando a seguir um rumo mais pró-ocidental e pró-americano. Vista a partir dessa perspectiva, a nova iniciativa de paz parece ter, pela primeira vez, chances reais de sucesso. Acrescenta-se, ainda, outro ponto: pela primeria vez Israel concordou com o papel de mediação ativa por parte dos EUA. Os americanos controlarão o cumprimento daquilo que foi prometido por ambos os lados, o palestino e o israelense, antes de se dar o passo seguinte. Aparentemente, Israel concordou com essa interferência ativa dos EUA porque necessita do apoio dos americanos diante da ameaça procedente do Irã. A palavra profética da Bíblia diz, porém, que justamente quando se estabelecer uma paz aparente, será maior o perigo de um ataque repentino a Israel.
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Em razão das muitas ameaças neste mundo, devemos ser gratos porque, em Jesus Cristo, temos uma paz que ninguém pode nos roubar. Por isso, podemos começar também este novo ano com confiança. Que nosso fiel Senhor os abençoe ricamente neste ano, especialmente pelo seu apoio à obra dEle que realizamos. Unidos em nosso Senhor Jesus e na gratidão ao nosso Senhor Jesus, saúdo com um sincero Shalom!
r Fredi Winkle
remos que pecado é tudo aquilo que não está de acordo com o caráter e com a natureza de Deus. Cremos que toda a humanidade pecou em Adão, o cabeça da raça humana, e que todo ser humano, além de possuir uma natureza pecaminosa, também pecou pessoalmente”. Assim está escrito na declaração de fé do nosso ministério (The Friends of Israel – “Os Amigos de Israel”). Embora o pecado tenha entrado no mundo através de Adão e Eva, o conhecimento do pecado veio através da Lei Mosaica, dada ao povo judeu no monte Sinai. Com o advento da Lei veio o tabernáculo e, mais tarde, o templo, onde as pessoas
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podiam oferecer sacrifícios para lidar com o problema de seus pecados. Hoje em dia, porém, não há mais tabernáculo nem templo. Em conseqüência disso, o conceito judaico de pecado mudou drasticamente. Os termos bíblicos originais traduzidos por “pecado” nas Escrituras são: chet em hebraico e hamartia em grego. Ambos transmitem a idéia de errar a “mosca” [i.e., a marca central] de um alvo. Em termos teológicos, o alvo proposto é a justiça de Deus. Se você não é tão bom e perfeito quanto Deus, você é um pecador. A Bíblia também descreve o comportamento que “erra o alvo” como transgressão, rebelião, erro, maldade, impiedade e ilegalidade. Na atualidade, a maioria do povo judeu não visualiza o pecado com tanta precisão. Enquanto muitos judeus ortodoxos consideram o pecado como uma mera es-
colha de transgredir a lei de Deus, os pensadores judeus mais “modernos” diriam que o pecado é a desobediência das leis civis. No entanto, muitos prontamente admitem a realidade do pecado e a necessidade de auxiliar as pessoas a lidarem com ele. O rabino Morris Kertzer escreveu: “Numa inscrição póstuma da vida de todo judeu, registrada na lápide de sua sepultura, devem constar as seguintes palavras: ‘Porque nunca viveu na terra um homem tão justo que não cometesse pecado”’.1
O Conceito de Kedushah A Torah (i.e., os cinco livros das Escrituras revelados a Moisés) deixa claro que Deus escolheu o povo judeu como Sua propriedade peculiar. Junto com tamanho privilégio veio também uma enorme responsabilidade. Ao contrário de Adão, a quem foi dado um único
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Q u a n d o to dos Santos no interior do taberMoisés parou náculo e, posteriormente, do temdiante da sarça plo, o sábado e as “santas convocaardente, Deus ções” (i.e., festas). Esses elementos lhe disse para ti- foram reservados para o propósito rar as sandálias de Deus e, portanto, deviam ser sedos pés, porque parados, puros, limpos e sem mácuo lugar em que la. Qualquer indício de corrupção ele pisava era ou profanação os tornaria inaceitáterra santa (Êx veis diante de Deus. Os termos bíblicos originais traduzidos por “pecado” nas 3.5). A desobeDentre todas as separações, a seEscrituras são: chet em hebraico e hamartia em grego. diência de Moiparação de maiores proporções se Ambos transmitem a idéia de errar a “mosca” de um alvo. sés em ferir, ao consumou no pecado de Adão e invés de falar à Eva, custando-lhes a perda da corocha para obter munhão íntima com Deus e a vida mandamento, o povo juágua no deserto, acabou eterna na terra. A vida deles passou deu recebeu 613 ordenanpor separá-lo da promessa a se resumir numa jornada que iniças. As primeiras 365 são nede entrar naquela terra que ele ciou no pó da terra e cujo destino é gativas (i.e., marcadas por expres- conduzia o povo de Israel a tomar o pó da terra – ou seja, voltar ao sosões que proíbem a ação, como, por posse (cf. Nm 20.12). O lembrete lo do qual eles haviam sido formaexemplo: “Não...”), ao passo que as da separação está incluído na ora- dos (Gn 3.19). Ou, como o profeta 248 restantes são positivas (i.e., ção da kedushah (i.e., termo hebrai- Ezequiel escreveu: “...a alma que marcadas por expressões que reco- co que significa “santificação”): pecar, essa morrerá” (Ez 18.4). mendam a ação). “...serei santificado [i.e., tratado coOs mandamentos abrangem leis mo santo] no meio dos filhos de IsDo Templo à Oração referentes ao relacionamento do ho- rael...” (Lv 22.32). mem com Deus e ao relacionamenMuitos elementos na Bíblia são do Al Chet to entre seres humanos. A trans- denominados “santos” ou “santifi- Desde a outorga da Lei de Moisés até o ano 70 d.C., quando os romanos gressão ou desobediência de qual- cados”, entre os quais se indestruíram o segundo templo dos quer um dos mandamentos cluem a arca da aliança, as judeus em Jerusalém, a solução constitui um erro do alvo estabele- vestes sacerdotais, o Sancido pelo Deus santo. A desobediência de Adão e Eva resultou na sua separação da presença de Deus no jardim do Éden Torah (i.e., os cinco livros das Escrituras revelados a Moisés) deixa claro que Deus e, por fim, na morte deles. O ju- A escolheu o povo judeu como Sua propriedade peculiar. daísmo ortodoxo sustenta uma forte convicção sobre separação. O termo hebraico kadosh geralmente é traduzido por “santo”. Aí está a razão pela qual os judeus praticantes (de longe, a minoria da população judaica atual) dão importância à vida santa ou separada. A santidade de Deus é enfatizada; ela não tem comunhão com o pecado. O limpo e o imundo não podem conviver. Deus ordenou ao povo judeu: “Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2).
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Steve Herzig é diretor de The Friends of Israel nos EUA. Notas: 1. Rabbi Morris N. Kertzer, What is a Jew?, 4ª edição, Nova York: Collier Books, 1978, p. 11.
LIVRO
Tal história, apesar de não ser conhecida da maioria dos judeus, é a base que sustenta duas das crenças mais enganosas sobre o pecado: (1) a crença de que o pecado é uma escolha, não uma natureza; (2) a crença de que podemos acertar a nossa situação com Deus através de nossos próprios esforços. Esta última promove o falso ensino de que alguém pode praticar bastante mitzvot, ou seja, boas obras, para superar as obras más. Por mais que seja louvável passar horas em orações de confissão, em jejuns, bem como doar de seu tempo e dinheiro a outrem, nenhuma dessas práticas pode remover pecados. As Escrituras Hebraicas claramente declaram: “...e todas as nossas justiças [i.e., boas obras], [são] como Recomendamos: trapo da imundícia” (Is 64.6). De que maneira um Deus santo perdoa pecadores? A resposta se encontra em Levítico 17.11: “Porque a LIVRO
remediada para o pecado foi através de sacrifícios substitutivos com derramamento de sangue, conforme especificava a Torah. Na atualidade, durante o Rosh Hashanah (celebração do Ano Novo judeu) e o Yom Kippur (Dia da Expiação), muitos judeus passam o dia inteiro em oração, jejum (praticado no Yom Kippur) e em súplicas a Deus para que lhes perdoe os pecados. Ao recitar uma oração denominada Al Chet (i.e., “Pelos pecados que eu cometi”), a congregação, em uníssono, implora o perdão de Deus. A liturgia especifica alguns pecados, tais como a mentira, a defraudação, a traição, o suborno, a cobiça, a difamação e o orgulho. Essa mudança dos sacrifícios no templo para as orações de arrependimento é explicada resumidamente na Midrash Avot D’Rabbi Nathan 4:5 do Talmude: Certa feita, o rabino Yohanan ben Zakkai caminhava nas proximidades de Jerusalém com seu discípulo, o rabino Yehoshua, após a destruição do templo. O rabino Yehoshua contem-
vida da carne está no sangue. Eu volo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida”. Na ocasião da primeira Páscoa, ocorrida no Egito, Deus utilizou o sangue do cordeiro para impedir que o juízo da morte dos primogênitos recaísse sobre os lares judeus. Enquanto o templo ainda estava de pé, os sacerdotes sacrificavam bodes no dia do Yom Kippur e usavam o sangue para fazer expiação pelos pecados do sumo sacerdote e da nação. No devido tempo, Jesus, o Messias, resolveu para sempre o problema do pecado, quando se tornou o sacrifício definitivo – a expiação substitutiva – pelos nossos pecados. Ninguém consegue obedecer perfeitamente os 613 mandamentos, exceto o próprio Deus. Essa é a razão pela qual Deus veio ao mundo na pessoa de Jesus. Jesus nunca “errou o alvo” estabelecido por Deus; Ele obedeceu a todos os mandamentos por nossa causa e levou sobre si o castigo que nós merecemos por transgredi-los. Jesus ressuscitou dos mortos porque Ele é Deus e pode nos libertar: “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). (Israel My Glory)
CD
Muitos elementos na Bíblia são denominados “santos” ou “santificados”, entre os quais se incluem a arca da aliança.
plou as ruínas do templo e exclamou: “Ai de nós! O lugar onde se faz a expiação pelos pecados do povo de Israel se encontra em ruínas!” Então o rabino Yohanan ben Zakkai lhe disse estas palavras de conforto: “Não fique angustiado, meu filho. Existe uma outra maneira igualmente meritória de se obter a expiação cerimonial, mesmo que o templo esteja destruído. Ainda podemos obter a expiação cerimonial através das obras de misericórdia. Pois está escrito: “Misericórdia quero, e não sacrifício” (Os 6.6).
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“Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza. Acontecerá, naquele dia, diz o SENHOR dos Exércitos, que eliminarei da terra os nomes dos ídolos, e deles não haverá mais memória; e também removerei da terra os profetas e o espírito imundo. Quando alguém ainda profetizar, seu pai e sua mãe, que o geraram, lhe dirão: Não viverás, porque tens falado mentiras em nome do SENHOR; seu pai e sua mãe, que o geraram, o traspassarão quando profetizar. Naquele dia, se sentirão envergonhados os profetas, cada um da sua visão quando profetiza; nem mais se vestirão de manto de pêlos, para enganarem. Cada um, porém, dirá: Não sou profeta, sou lavrador da terra, porque fui comprado desde a minha mocidade. Se alguém lhe disser: Que feridas são essas nas tuas mãos?, responderá ele: São as feridas com que fui ferido na casa dos meus amigos. Desperta, ó espada, contra o meu pastor e contra o homem que é o meu companheiro, diz o SENHOR dos Exércitos; fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas; mas volverei a mão para os pequeninos. Em toda a terra, diz o SENHOR, dois terços dela serão eliminados e perecerão; mas a terceira parte restará nela. Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a purificarei como se purifica a prata, e a provarei como se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: é meu povo, e ela dirá: O SENHOR é meu Deus” (Zc 13.1-9).
Na edição passada, verificamos que Deus derramará Sua graça sobre Israel, o que resultará na redenção da nação, bem como na sua reconciliação com Deus e na renovação do relacionamento pactual com Ele. No capítulo 13 de seu livro, o profeta Zacarias revela a maneira pela qual o Espírito Santo produzirá uma purificação nacional no Israel redimido.
A Purificação de Israel Zacarias declara: “Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza” (Zc 13.1). A fonte da purificação é o sangue derramado do Messias traspassado (cf. Zc 12.10). Como uma fonte da qual jorra continuamente a provisão de água, assim o sangue do Messias se encontra disponível, desde o primeiro século, para purificar todas as pessoas de seu pecado, da culpa e da impureza moral. A palavra pecado, mencionada no versículo 1, significa “errar o alvo”, ou falhar em cumprir o justo padrão moral estabelecido por Deus. O termo impureza refere-se metaforicamente à impureza cerimonial relacionada com o ciclo menstrual da mulher. Ambos os termos retratam com muita propriedade a culpa e a
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A “casa de Davi” e “os habitantes de Jerusalém” são destacados como beneficiários. A purificação de Israel abrangerá a todos, desde a linhagem real de Davi até os cidadãos comuns. Na foto: vista de Jerusalém.
impureza de Israel no âmbito jurídico. Tal purificação acontecerá na ocasião do Segundo Advento do Messias. A “casa de Davi” e “os habitantes de Jerusalém” são destacados como beneficiários. A purificação de Israel abrangerá a todos, desde a linhagem real de Davi até os cidadãos comuns.
A Eliminação da Idolatria Quando o Messias voltar, Deus porá fim a toda a idolatria, chegando ao ponto de fazer desaparecer os nomes dos ídolos para que os mesmos nunca mais sejam lembrados: “Acontecerá, naquele dia, diz o SENHOR dos Exércitos, que eliminarei da terra os nomes dos ídolos, e deles não haverá mais memória; e também removerei da terra os profetas e o espírito imundo” (v. 2). Os espíritos imundos são agentes ou espíritos demoníacos que dão poder aos falsos profetas para proferirem e cometerem coisas malignas; eles também serão eliminados. Qualquer falso profeta que se recusar a dar ouvidos à advertência
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12.10, onde Deus declara: “olharão para mim, a quem traspassaram”. Sob ameaça de morte, os falsos profetas prontamente negarão o envolvimento em tais práticas malignas: “Naquele dia, se sentirão envergonhados os profetas, cada um da sua visão quando profetiza; nem mais se vestirão de manto de pêlos, para enganarem” (v. 4). A vergonha e o medo de ser morto compelirá todos eles a pararem de profetizar. O genuíno profeta geralmente vestia um “manto de pêlos” que o distinguia como profeta, um traje de acordo com seu estilo de vida sóbrio e seus graves pronunciamentos (cf. 1 Rs 19.13,19; 2 Rs 2.8,14; Mt 3.4). Com medo de ser descoberto, o profeta impostor retirará disfarçadamente o manto que usava para enganar as pessoas, a fim de encobrir suas atividades. Zacarias prediz a defesa fraudulenta e mentirosa de um falso profeta na seguinte descrição: “Cada um, porém, dirá: Não sou profeta, sou lavrador da terra, porque fui comprado desde a minha mocidade” (v. 5).
de Deus e não parar de profetizar, será executado pelos próprios pais, segundo está prescrito na Lei Mosaica. Seu pai e sua mãe lhe dirão: “Não viverás, porque tens falado mentiras em nome do SENHOR; seu pai e sua mãe, que o geraram, o traspassarão quando profetizar” (v. 3). Em outras palavras, a honra ao nome de Deus e o amor à verdade sobrepujarão os mais íntimos relacionamentos, até mesQuando o Messias voltar, Deus porá fim a toda a idolatria, mo o amor de pai chegando ao ponto de fazer desaparecer os nomes dos e mãe por um fiídolos para que os mesmos nunca mais sejam lembrados. lho. A Lei Mosaica ordenava que os pais matassem seus filhos perversos por apedrejamento, porém no Dia do Senhor tais filhos serão mortos por traspassamento. A palavra “traspassarão” (traduzida do termo hebraico daqar) é o mesmo verbo utilizado em Zacarias
Para esconder seu envolvimento, o falso profeta alegará ter sido vendido como escravo quando ainda era jovem e que fora ensinado a lavrar a terra pelo seu senhor e dono. Assim, tal homem declarará ser um escravo da classe mais baixa, que fora subjugado por seu dono e que nunca seria capaz de obter o conhecimento ou a habilidade necessária para ser um profeta. Indivíduos perspicazes que o conhecem descobrirão a mentira desse homem, pois as feridas no corpo dele o denunciarão. “Alguém lhe perguntará: Que são estas feridas entre os teus braços [i.e., no peito]? Então responderá ele: As com que fui ferido na casa dos meus amigos” (v. 6; na antiga Tradução Brasileira – TB). Alguns acreditam que a frase “ferido na casa dos meus amigos” seja uma profecia referente ao traspassamento das mãos do Messias. Contudo, esse ponto de vista é insustentável por várias razões. Em primeiro lugar, porque o Messias nunca foi ferido na casa de Seus amigos, mas sim por executores romanos que não tinham nenhuma afinidade com Ele. Em segundo lugar, porque Ele nunca foi ferido muitas vezes no peito, como sugere o versículo 6, pelo contrário, Ele foi ferido nas mãos. Em terceiro lugar, porque o Messias nunca foi e nunca alegou ter sido escravo de ninguém na Terra. Em quarto lugar, porque, depois de Sua ressurreição, o Messias nunca foi questionado pelas pessoas do mundo acerca de suas feridas. Em quinto lugar, porque o Messias era um carpinteiro, não um lavrador. Em sexto lugar, porque o Messias era um profeta e nunca negou tal fato. Em sétimo lugar, porque a seqüência de acontecimentos apresentada nesse capítulo não coincide com a época da crucificação do Messias.
Nesse capítulo 13, aqueles que interrogam o tal homem sabem que ele está mentindo. Além do mais, as feridas dele foram feitas por ele mesmo, causadas por autoflagelação enquanto praticava a idolatria. À semelhança dos profetas de Baal, ele fez cortes em seu corpo na esperança de propiciar ou aplacar falsos deuses (1 Rs 18.28). Esse tipo de lesão era típico de muitos homens idólatras naquele tempo, principalmente entre os cananeus. Em Israel, os sacerdotes e profetas foram continuamente advertidos contra tais práticas (Dt 14.1).
A Aflição de Cristo O enfoque do Senhor muda drasticamente das aflições do falso profeta para a aflição do verdadeiro Pastor que foi ferido pelos pecados do povo de Deus: “Desperta, ó espada, contra o meu pastor e contra o homem que é o meu companheiro, diz o SENHOR dos Exércitos; fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas; mas volverei a mão para os pequeninos” (Zc 13.7). Esse versículo abrange um longo período que vai desde a crucificação de Cristo até a Grande Tribulação. O PASTOR: O Messias é o Pastor justo. Deus, o Pai, chamou-O de “meu Pastor” e “meu Companheiro”. O termo pastor relaciona-se com a palavra usada em Zacarias 11.4-7 e se refere àquele que, conforme o texto de Zacarias 12.10, foi traspassado, a saber, Jesus, o Messias. O termo companheiro [do hebraico, amit] diz respeito a um ser humano que está vinculado a uma relação familiar; no contexto em questão, implica que ele tem uma íntima ligação ou relação com Deus, o Pai. Conclui-se, portanto, que se trata de um ser humano nu-
ma relação de igualdade com Deus. Tal palavra nitidamente se refere a Jesus, o Messias, Aquele que é tanto humano quanto divino. Essa verdade ao mesmo tempo causa assombro e admiração, demonstrando, com clareza a igualdade do Messias com Deus. A ESPADA: O Redentor é ferido: “Desperta, ó espada [...] fere o pastor”. O termo espada retrata um instrumento usado pela autoridade judicial para infligir morte e é um símbolo da ira divina. Não se trata da ira do homem desferida contra o Messias, mas sim da justa ira de Deus derramada sobre Aquele que levou sobre Si os pecados do mundo e derramou Seu sangue para a remissão do pecado. Deus, o Pai, ordenou que a espada se levantasse e executasse a justiça divina. A ordem dada é uma evidência de que era da vontade de Deus que Jesus fosse ferido. Embora homens perversos tenham assassinado Jesus, Sua morte foi predeterminada no plano e conselho do Deus Todo-Poderoso, Aquele que designara que o Messias morresse pelos pecados do mundo (At 2.23). A espada da justiça divina não recaiu sobre um homem perverso, mas sobre o justo Messias que é o Filho de Deus. Ele é o próprio Cordeiro de Deus que foi traspassado pelos pecados da humanidade (Zc 12.10; cf. Is 53.5). Isaías profetizou que foi do agrado de Deus, o Pai, moer o Messias e dar a alma dEle “como oferta pelo pecado” (Is 53.10). AS OVELHAS: As ovelhas que rejeitam o pastor ficam dispersas. Aquelas que fugiram do pastor ferido são uma alusão ao povo judeu na ocasião da crucificação de Jesus. O Senhor Jesus predisse que Seus discípulos fugiriam dEle naquele momento (Mt 26.31). Entretanto, a dispersão dos discípulos não foi o cumprimento integral dessa profe-
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cia, visto que a nação de Israel também está envolvida em tal predição. A dispersão da nação de Israel ocorreu no ano 70 d.C., quando os romanos infligiram a destruição de Jerusalém, e, ainda, no ano 135 d.C., quando as tropas de Roma sufocaram a revolta liderada por Bar Kokhba contra a ocupação e o domínio romano em Jerusalém. Depois dessa última revolta, o povo judeu foi espalhado pela face da Terra, num acontecimento que geralmente se denomina de a Diáspora. A frase “mas volverei a mão para os pequeninos”, tem sido interpretada de várias maneiras. Alguns defendem a posição de que Deus deixou Sua ira contra as ovelhas para mostrar-lhes misericórdia, amor e graça. Gostaríamos de adotar esse ponto de vista, porém, o contexto não apóia tal interpretação. A frase deve ser interpretada em sentido punitivo e não oferece nenhum indício de que Deus concederá misericórdia a um remanescente fiel do povo judeu. O povo judeu já enfrentou dois mil anos de perseguição e ainda se deparará com o maior holocausto de sua história
durante a Grande Tribulação (Jr 3.7; Ap 12.1-7): “Em toda a terra, diz o SENHOR, dois terços dela serão eliminados e perecerão; mas a terceira parte restará nela” (v. 8). Durante a Grande Tribulação, dois terços da população judaica perecerá. As razões de uma taxa de mortalidade tão elevada são as seguintes: (1) Porque Satanás tentará aniquilar Israel (Ap 12); (2) Porque o falso profeta matará os judeus que se recusarem a adorar o anticristo (Ap 13.15); e (3) Porque muitos morrerão durante a invasão de Jerusalém (Zc 14.1-3). Entretanto, esse capítulo 13 de Zacarias termina com uma gloriosa predição: “Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a purificarei como se purifica a prata, e a provarei como se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: é meu povo, e ela dirá: O SENHOR é meu Deus” (v. 9). Zacarias previu a redenção de um remanescente justo de Israel que sobreviverá à fornalha depuradora da Grande Tribulação. Assim como a prata e o ouro são purificados no fogo, também a Grande Tri-
bulação expurgará toda a iniqüidade de Israel. Tal remanescente arrependido sairá livre do pecado ao fim dessa experiência depuradora. Quando seu sofrimento passar, Israel será estabelecido na sua terra para desfrutar de todas as bênçãos prometidas por Deus na Nova Aliança (Ez 36.25-38). Tanto o profeta Oséias quanto o apóstolo Paulo também previram esse grandioso dia (Os 2.23; Rm 11.26-27). Deus reconhecerá o remanescente redimido e refinado, quando disser: “é meu povo”; ao que o povo responderá: “O SENHOR é meu Deus” (v. 9). Que dia maravilhoso espera por Israel, quando o Messias levar um remanescente redimido e purificado à completa salvação! (Israel My Glory)
David M. Levy é diretor dos ministérios internacionais de The Friends of Israel.
Recomendamos: As ovelhas que rejeitam o pastor ficam dispersas. Aquelas que fugiram do pastor ferido são uma alusão ao povo judeu na ocasião da crucificação de Jesus.
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O legado otomano Nos dias atuais, o povo judeu está na Terra Prometida graças ao decreto divino e a muito sangue, suor e lágrimas. Apesar da propaganda árabe alegar que os judeus “roubaram” a terra dos palestinos, a verdade dos fatos mostra que os judeus, além de não roubarem a terra, compraram-na legalmente dos proprietários muçulmanos que não davam valor à terra nem a queriam mais. Os turco-otomanos saquearam e pilharam a terra, mas os pioneiros judeus lhe restauraram a vida. A história comprova que aquela terra só floresce e frutifica quando o povo de Deus está de posse dela. O Império Otomano se estabeleceu no século XIII e sua influência se estendeu sobre a Terra Santa em 1516, quando o Império Turco, sob o comando do sultão Salim al-Yavuz derrotou e ex-
pulsou os mamelucos que dominavam aquele território e o Egito desde 1270.1 Os otomanos, que apesar de não serem árabes professavam a fé islâmica, dividiram aquele território recentemente anexado ao seu império em quatro sanjaks (termo turco que significa “estandarte” ou “bandeira”).2 Eram eles: Jerusalém, Gaza, Nablus e Safed. Cada sanjak se constituía numa entidade organizacional, militar, econômica e jurídica.3 Contudo, aquela terra viveu em estado de miséria sob o governo otomano. Os primeiros três séculos de domínio otomano isolaram a Palestina da influência externa [...] O sistema tributário otomano foi nocivo e muito contribuiu para que a terra continuasse subdesenvolvida e sua população permanecesse pequena. Quando [o historiador] Alexander W. Kinglake atra-
Nos dias atuais, o povo judeu está na Terra Prometida graças ao decreto divino e a muito sangue, suor e lágrimas.
vessou o rio Jordão nos idos de 18341835, utilizou a única ponte que havia sobre o Jordão, uma antiguidade romana que sobreviveu.4
No entanto, apesar de toda sorte de privações, um remanescente do povo judeu sempre permaneceu na terra. Mesmo depois da destruição do Estado judeu pelos romanos, comunidades judaicas continuavam a existir. Vez por outra, todos os governos subseqüentes tentaram eliminar os judeus, porém nenhum deles conseguiu, segundo comprovam vários relatos no decorrer dos séculos. No século XIX, quando iniciaram o atual “retorno” à Eretz Yisrael [N. do T.: do hebraico “Terra de Israel”], os sionistas se juntaram aos judeus que nunca deixaram a terra.5
Os judeus foram perseguidos impiedosamente pelos turcos e tiveram que pagar tributos conforme índices que equivaliam à extorsão. Em seu extraordinário livro, intitulado From Time Immemorial [i.e., “Desde Tempos Imemoriais”], Joan Peters citou frases de alguns cristãos que visitaram a importante cidade judaica de Safed no século XVII. Eles declararam: “os judeus pagam pelo próprio ar que respiram”.6 Contudo, a senhora Peters escreveu: “na virada do século, a população judaica aumentara de 8-10 mil (em 1555) para algo entre 20-30 mil habitantes”.7 Entretanto, a situação deles era trágica pelo fato de que todos os não-muçulmanos eram oficialmente tolerados (num status de segunda classe denominado dhimmi), mas não eram considerados iguais perante a lei. Desse modo, o povo judeu não tinha direitos nem proteção sob a lei islâmica. E
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Horizonte Eles [i.e., o povo judeu] não têm nenhuma proteção e estão à mercê de policiais e paxás (título dos governadores de províncias do Império Otomano) que os tratam do jeito que bem entendem [...] as suas propriedades [i.e., dos judeus] não estão à disposição deles e eles não ousam reclamar de algum dano sofrido por temerem a vingança dos árabes. A vida deles é precária e todos os dias correm o risco de morrer.9
Uma “Vastidão Deplorável”
Mustafá Kemal Ataturk, o herói nacional da Turquia. Ele fundou a atual República Turca a partir das cinzas do Império Otomano.
mais, eles estavam sujeitos a pagar tributos exorbitantes, a serem humilhados e, até mesmo, mortos – como a maioria deles foi – pelos cruéis muçulmanos. Em 1660, por exemplo, os judeus de Safed foram massacrados e a cidade foi destruída, apesar das aviltantes taxas e tributos que o povo judeu pagava. A senhora Peters escreveu que em 1674, “os judeus de Jerusalém foram igualmente empobrecidos pela opressão do regime turcomuçulmano”. Ela citou as seguintes palavras do padre jesuíta Michael Naud: “Eles [i.e., os judeus] preferem ser prisioneiros em Jerusalém a desfrutarem da liberdade que poderiam ter em outro lugar [...] O amor dos judeus pela Terra Santa [...] é inacreditável”.8 Um judeu que visitou a terra de Israel em 1847 escreveu o seguinte:
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Quando Mark Twain, o famoso escritor e humorista americano, visitou aquela terra em 1869, a descrição que fez da terra, então governada pelos muçulmanos turco-otomanos, estava muito distante de uma “terra que mana leite e mel”: Nós atravessamos algumas milhas de um território abandonado cujo solo é bastante rico, mas que estava completamente entregue às ervas daninhas – uma vastidão deplorável e silenciosa [...] lagartos cinzentos, que se tornaram os herdeiros das ruínas, dos sepulcros e da desolação, entravam e saíam por entre as rochas ou paravam quietos para tomar sol. Onde a prosperidade reinou e sucumbiu; onde a glória resplandeceu e desvaneceu; onde a beleza habitou e foi embora; onde havia alegria e agora há tristeza; onde o esplendor da vida estava presente, onde silêncio e morte jaziam nos lugares altos, lá esse réptil faz a sua morada e zomba da vaidade humana.10
Em outro capítulo, Twain escreveu o seguinte: Não há um único vilarejo em toda a sua extensão – nada num raio de trinta milhas em qualquer direção. Existem dois ou três agrupamentos de tendas de beduínos, mas não há sequer uma habitação permanente. Uma
pessoa pode cavalgar dez milhas pelas redondezas sem conseguir ver dez seres humanos. Uma das profecias se aplica a essa região: “Assolarei a terra, e se espantarão disso os vossos inimigos que nela morarem. Espalhar-vos-ei por entre as nações e desembainharei a espada atrás de vós; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas” (Lv 26.32-33). Nenhum ser humano que esteja aqui nas proximidades da deserta Ain Mellahah pode dizer que a profecia não se cumpriu.11
De fato, a desobediência do povo de Israel na Antiguidade trouxe desolação. Porém, a terra nem sempre foi assim. A Bíblia descreve a terra dada a Abraão, Isaque e Jacó como “uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel” (Êx 3.8). Deus prometera a Seu povo que eles seriam abençoados na seguinte condição: “Se atentamente ouvires a voz do SENHOR, teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que hoje te ordeno...” (Dt 28.1). Além disso, Deus advertiu que a desobediência deles lhes causaria o afastamento da Terra Prometida e que a própria terra ficaria desolada. Entretanto, Deus também prometeu uma restauração: “Dias virão em que Jacó lançará raízes, florescerá e brotará Israel, e encherão de fruto o mundo” (Is 27.6). A Palavra de Deus é categórica: a terra de Israel só gerará o fruto recompensador quando o povo que biblicamente lhe faz jus ao título e a quem pertence, estiver de posse dela. Do contrário, ficará sem cultivo, vazia e desolada. Na realidade, o povo judeu alimenta dentro de si um anseio natural e intenso pela terra de Israel e por Jerusalém, sua amada cidade. O salmista compreendeu esse
Horizonte desejo singular, quase inexplicável, quando escreveu: “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita” (Salmo 137.5). Por outro lado, os conquistadores muçulmanos não tinham nenhum interesse nem amor pela terra que dominavam. A senhora Peters escreveu que embora aquele território tenha se tornado propriedade islâmica, os árabes que lá viviam “não tinham vontade nem experiência no trabalho agrícola; eles não tinham nenhum interesse ‘no trabalho duro’ nem no cultivo do solo”’.12 Hal Lindsey, em seu livro intitulado Everlasting Hatred [i.e., “Ódio Perpétuo”], fez a seguinte descrição da Terra Prometida sob o domínio dos turcos-otomanos:
a antiga Terra Prometida – novamente o seu lar. Golda Meir, que junto com seu marido foi uma das pioneiras a chegar àquela terra em 1921 e que, posteriormente, se tornou primeira-ministra de Israel, escreveu:
A Terra Santa sofreu mais assolações nos quatrocentos anos de domínio turco-otomano do que nos mil e quinhentos anos anteriores. Por volta do século XIX, o antigo canal e os sistemas de irrigação foram destruídos. A terra estava estéril e cheia de brejos infestados de transmissores de malária. Os morros estavam completamente devastados, sem árvores e sem mata, de modo que toda a camada superior e arável do solo, bem como os terraços, já tinham sofrido erosão, restando somente a camada pedregosa.13
À medida que o povo judeu continuou na prática do aliyah (i.e, um termo hebraico que significa “subir”; imigração) a Israel, ficou evidente o seu amor pela terra. Eles adquiriram áreas estéreis assoladas e instalaram sistemas de irrigação; roçaram o terreno, retiraram as pedras e fizeram o plantio do solo. Além disso, drenaram vales pantanosos, brejos infestados de mosquitos, e os transformaram em terra fértil cultivada. Há 40 anos atrás, quando os israelenses começaram a se mudar para a região de Gush Katif na Faixa de Gaza, os árabes lhes disseram que a terra era amaldiçoada e que nada podia ser colhido daquele solo. Contudo, recentemente, quando os israelenses foram obrigados a deixar aquele território em virtude da política gover-
As coisas estavam tão ruins que a maioria dos muçulmanos ficou feliz por vender sua terra a qualquer pessoa que pudesse pagar os pesados impostos. Em 1901 foi instituído o Jewish National Fund [i.e., Fundo Nacional Judaico]. Esse fundo começou com a coleta de dinheiro no mundo todo, a fim de comprar a terra que estava nas mãos dos usurpadores muçulmanos e torná-la acessível à população judaica nativa e a muitos imigrantes judeus que quisessem fazer da Palestina –
As únicas pessoas que talvez pudessem se encarregar do serviço de drenagem da região pantanosa do Emek [i.e., o vale de Jezreel] eram os pioneiros altamente motivados do movimento Sionistas Trabalhistas, que estavam preparados para recuperar a terra a despeito da dificuldade das circunstâncias e apesar do risco para a vida humana. Além do mais, eles estavam prontos a realizar aquela obra por si mesmos, em vez de empreendêla através da contratação de trabalhadores árabes supervisionados por administradores agrícolas judeus.14
namental de retirada da Faixa de Gaza, eles já tinham transformado Gush Katif no celeiro de cereais de Israel. Na realidade, esses judeus conseguiram fazer ali o que sempre fizeram: levar o deserto a florescer. Os turco-otomanos muçulmanos deixaram um legado de desolação. Porém, Deus prometera que a terra ficaria desolada até que Seu povo – os filhos de Abraão, Isaque e Jacó – retornassem a ela: “Portanto, profetiza e dize: Assim diz o SENHOR Deus: Visto que vos assolaram e procuraram abocar-vos de todos os lados, para que fôsseis posses-
“Já estou muito cansada de ouvir alegações de que os judeus ‘roubaram’ a terra dos árabes na Palestina. A verdade dos fatos é bem diferente. Muito dinheiro de boa procedência foi dado em pagamento pela terra e a realidade é que muitos árabes ficaram riquíssimos. Naturalmente houve outras organizações [além do Jewish National Fund (JNF) – “Fundo Nacional Judaico”] e inúmeros indivíduos que também compraram extensões de terra. Entretanto, no ano de 1947, só o JNF – com o dinheiro arrecadado em milhões das famosas ‘caixas azuis’ que se enchiam – já havia comprado mais da metade de todas as propriedades rurais judaicas naquele país. Portanto, acabem ao menos com essa calúnia”. – Golda Meir, no livro My Life.
A falecida primeira-ministra de Israel, Golda Meir.
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Horizonte são do resto das nações e andais em lábios paroleiros e na infâmia do povo [...] Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Certamente, no fogo do meu zelo, falei contra o resto das nações e contra todo o Edom. Eles se apropriaram da minha terra, com alegria de todo o coração e com menosprezo de alma, para despovoá-la e saqueá-la. Portanto, profetiza sobre a terra de Israel e dize aos montes e aos outeiros, às correntes e aos vales: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que falei no meu zelo e no meu furor, porque levastes sobre vós o opróbrio das nações. Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Levantando eu a mão, jurei que as nações que estão ao redor de vós levem o seu opróbrio sobre si mesmas. Mas vós, ó montes de Israel, vós produzireis os vossos ramos e dareis o vosso fruto para o meu povo de Israel, o qual está prestes a vir” (Ez 36.3,5-8). Apesar da opinião do mundo acerca de Israel ser predominantemente anti-semita, a Escritura Sagrada é muito clara: o Deus sobera-
no do universo criou os céus e a terra (Gn 1.1). Ele também criou o povo judeu, como uma nação constituída que nunca existira anteriormente. Além disso, Ele prometeu aos judeus um bem imóvel [i.e., um território] que se localiza literalmente no centro do mundo. Israel é uma Terra Prometida a um Povo Escolhido. O relacionamento entre a terra e o povo é simbiótico, ou seja, eles podem existir como entidades distintas, mas somente juntos são capazes de cumprir plenamente tudo o que o Senhor Deus prometeu. (Israel My Glory) Thomas C. Simcox é o diretor de The Friends of Israel no Nordeste dos Estados Unidos. Notas: 1. Hal Lindsey, The Everlasting Hatred: The Roots of Jihad, Murrieta, CA: Oracle House, 2002, p. 163. 2. “Sanjak”, publicado no site http://en.wikipedia.org/wiki/Sanjak 3.Haim Z’ew Hirschberg, “Israel, Land of: History”, publicado na Encyclopaedia Judaica, edição em CD-ROM, 1997. 4.“Early History, Palestine History”, publicado no site www.palestinefacts.org/pf–early–palestine–brief–history.php 5.Ibid. 6.Joan Peters, From Time Immemorial (1984); reimpressão, Chicago: J. Kap Publishing, 1993, p. 178. 7.Ibid. 8.Ibid., p. 178-179. 9.Ibid., p. 190-191.
O povo judeu alimenta dentro de si um anseio natural e intenso pela terra de Israel e por Jerusalém, sua amada cidade. O salmista compreendeu esse desejo singular, quase inexplicável, quando escreveu: “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita” (Salmo 137.5).
“Mas vós, ó montes de Israel, vós produzireis os vossos ramos e dareis o vosso fruto para o meu povo de Israel, o qual está prestes a vir” (Ez 36.8).
10. Mark Twain, Innocents Abroad, Electronic Text Center, Biblioteca da Universidade de Virginia, cap. 47, acessado pelo site etext.lib.virginia.edu /etcbin/toccernew2?id=Twalnno.sgm&images=images/modeng&data=/texts/english/modeng/parsed&tag=public&part=47&division=div1, p. 489. 11. Twain, cap. 46, acessado pelo site etext.lib.virginia.edu/etcbin/toccernew2?id=TwaInno.sgm&images=images/modeng&data=/texts/english/modeng/parsed&tag=public&part=46&division=div1, p. 485. 12. Ibid., p. 151. 13. Lindsey, p. 167. 14. Golda Meir, My Life, Londres: Futura Publications, 1976, p. 63.
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Os judeus, os japoneses e a história do “Plano Fugu” Nos anos 1930, militares e funcionários do governo japonês imaginaram um projeto para colonizar áreas da China ocupada com judeus que fugiam da perseguição na Europa. A idéia ficou conhecida, informalmente, como “Plano Fugu”, numa referência a um peixe venenoso, que, não preparado adequadamente, pode matar quem o consome. O projeto foi descrito num livro de autoria dos norte-americanos Marvin Tokayer, um rabino, e Mary Swartz. Segundo os japoneses idealizadores do “Plano Fugu”, a criação dessas colônias de judeus na Manchúria, região ao nordeste da China, poderia representar um impulso econômico nas áreas ocupadas e significar uma aproximação com a comunidade judaica norte-americana. Por conseqüência, melhoraria a imagem do Japão em países ocidentais. Mas os defensores do projeto também viam um lado perigoso na idéia, pois acreditavam em teorias conspiratórias e anti-semitas, o que resultava na crença de que judeus instalados em áreas controladas pelo militarismo japonês poderiam acabar “influenciando e dominando o próprio governo em Tóquio”. Nas décadas de 1920 e 1930, surgiram no Japão os chamados “especialistas em questões judaicas”, alguns dos quais acabaram arquitetando o “Plano Fugu”. Foram influenciados por panfletos anti-semitas, como o infame “Protocolos dos Sábios de Sião”, que fala de uma suposta conspiração judaica para “controlar o mundo”. A origem exata dessa peça é motivo de polêmica, mas sabe-se que ganhou notoriedade quando publicada na Rússia czarista, no começo do século 20.
No início da década de 1920, o panfleto anti-semita chegou ao Japão. Uma série de publicações, em 1921, sob o título “O Perigo Judaico” mostrava a influência dos “Protocolos dos Sábios de Sião”, conforme relatou David Goodman, especialista em estudos japoneses da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Autor do livro “Judeus na Mente Japonesa: a história e os usos de um estereótipo cultural”, o professor Goodman descreveu a maneira como se deu o acesso a esse tipo de texto anti-semita, por meio do contato de soldados enviados por Tóquio para combater na Guerra Civil Russa, ao lado dos inimigos da Revolução Bolchevique. O panfleto “Os Protocolos dos Sábios de Sião” circulava entre as “tropas brancas”, anticomunistas, que combateram o Exército Vermelho de 1918 a 1921. O Japão imperial, com medo da ameaça oriunda da Rússia, enviou mais de 70 mil militares à Sibéria, onde seus soldados entraram em contato com adeptos do antigo regime czarista. O grupo de “especialistas em questões judaicas” que concebeu o “Plano Fugu” incluía, por exemplo, os capitães Koreshige Inuzuka e Norihiro Yasue, que, em 1922, voltaram de sua missão em território siberiano. Junto com outros militares e funcionários do governo, eles alimentaram a idéia de criar, na década de 1930, colônias judaicas na China ocupada, com a intenção de atrair know-how em áreas como indústria e infra-estrutura e também atrair investimentos de judeus de outros países, que, na visão de Inuzuka e Yasue, estariam dispostos a financiar o projeto.
Segundo o professor David Goodman, Koreshige Inuzuka escreveu vários artigos baseados no panfleto “Os Protocolos dos Sábios do Sião”, mas, em vez de propor a perseguição aos judeus, o militar defendeu que o Japão usasse o suposto “poder judaico” em seu benefício. Em 1931, um ataque do expansionismo japonês atingiu a Manchúria, e foi anunciada, então, a criação do Manchukuo, um estado-fantoche. O território, com sua importância estratégica por conta da localização próxima à URSS e reservas de matérias-primas como carvão e ferro, atraía estrategistas e militares do Japão que, após a conquista, se deram conta da dificuldade para levantar investimentos que viabilizassem a exploração econômica da área sob ocupação. Militares como Inuzuka e Yasue passaram a receber apoio de empresários japoneses que acreditaram na possibilidade de atrair investimentos de judeus, em particular dos Estados Unidos. Planos para as colônias passaram a ser rascunhados, escolhendo locais na Manchúria e até mesmo em áreas próximas a Xangai, onde já havia uma presença judaica. Os idealizadores do “Plano Fugu” sustentavam que essas comunidades teriam “liberdade de religião e autonomia cultural e educacional”, mas “precisariam ser controladas” para evitar que, de acordo com as teorias conspiratórias, se tornassem uma “ameaça” ao governo japonês. Segundo o livro do rabino Marvin Tokayer e de Mary Swartz, o Plano Fugu nasceu em 1934 e, em 1938, chegou a ser discutido na “Conferência dos Cinco Ministros”, quando alguns dos principais personagens do governo japonês mergulharam no debate sobre o projeto. Os críticos da idéia apontavam como prioridade a aliança com a Alemanha nazista, que se fortalecia às vésperas da 2ª Guerra Mundial. O fluxo de judeus rumo ao
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Horizonte ra. Cônsul japonês na cidade de pação japonesa na China, ou sobre Kaunas, na Lituânia, entre no- experiências de vida em outros rincões vembro de 1939 e setembro de da distante Ásia. Marvin Tokayer, que 1940, ele salvou mais de 6 mil também tinha morado na Coréia do judeus ao ignorar ordens de Tó- Sul, decidiu começar a colher depoiquio e emitir vistos de trânsito mentos sobre a vida judaica no univerpara que eles pudessem seguir so asiático. No começo dos anos viagem pela URSS, rumo ao Ex- 1970, chegaram às suas mãos os chatremo Oriente, fugindo do Holo- mados “Documentos Kogan”, uma sécausto. rie de cópias de textos do Ministério Chiune Sugihara, com a aju- das Relações Exteriores, encontrados da de sua mulher, emitiu milha- num “sebo” em Tóquio, para serem res de vistos de 31 de julho a em seguida levados a Michael Kogan, 28 de agosto de 1940, o que um integrante da comunidade judaica permitiu fugas para o Japão, da capital japonesa. China e outros destinos. Tokayer Kogan mostrou os documentos, que perguntou a Sugihara se ele sa- falavam de “colônias judaicas na bia do “Plano Fugu”. “Soube Manchúria”, ao rabino. Começava enapenas quando você me contou. tão a pesquisa que resultaria na publiSe eu soubesse, teria sido muito cação, em 1979, do livro “O Plano mais fácil para mim. Eu não te- Fugu”, em co-autoria com Mary Chiune Sugihara, cônsul japonês na cidade de ria sentido sozinho o fardo da Swartz. E, com a publicação, a históKaunas, na Lituânia, entre novembro de 1939 e setembro de 1940, salvou mais de 6 mil judeus responsabilidade de emitir os ria finalmente chegou ao grande púao ignorar ordens de Tóquio e emitir vistos de vistos”. A conversa prosseguiu. blico. (Jaime Spitzcovsky, extraído de trânsito para que eles pudessem seguir viagem O rabino Tokayer quis saber os www.morasha.com.br) pela URSS, rumo ao Extremo Oriente, fugindo motivos que levaram Sugihara a do Holocausto. Na foto: Chiune e sua esposa. assumir aquela opção heróica e arriscada. “Fiz apenas o que os seres humanos devem fazer”, respondeu. Sugihara foi afastaExtremo Oriente, em especial a Xan- do do serviço diplomático japonês em gai, também prosseguia, num trajeto 1945 e morreu em 1986. para escapar da perseguição em solo Um ano antes de sua morte, Sugi- O jornalista Jaime Spitzcovsky é editor do site Foi editor internaeuropeu hara foi homenageado por Israel. O www.primapagina.com.br. cional e correspondente em Moscou e em PeEm 1939, o ataque nazista contra rabino Tokayer entrevistou o responsá- quim. a Polônia marcou o início da Segunda vel por salvar milhares de Guerra Mundial e, em 1940, o “Plano judeus em meio ao seu inFugu” estava completamente descarta- tenso trabalho de pesquisa A viúva de Chiune Sugihara, Yukiko Sugihara, do. O alinhamento de Tóquio a Ber- no Japão. Ele relata que a recebendo um prêmio em reconhecimento lim, com a assinatura do tratado tri- história de sua investigação à coragem de seu marido. partite (Alemanha, Itália e Japão), eli- começou em 1968, quando minava o projeto. E, em dezembro de de sua mudança a Tóquio, 1941, foi a vez de o militarismo japo- para trabalhar com a penês, que cometia atrocidades e levava quena comunidade judaica violência a diversos pontos da Ásia, local, que ele descreveu cogolpear os Estados Unidos, com o ata- mo um grupo de “livros faque a Pearl Harbour. lantes”. O norte-americano O rabino Tokayer, em seu livro, re- se disse impressionado com lata conversas de seu trabalho de pes- as histórias que lhe contaquisa, com destaque especial para o vam, sobre a vida no gueto encontro que teve com Chiune Sugiha- de Xangai, durante a ocu-
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